A M O N T O A D O M O N T O E I R O M U T U E I R O A M O N T O E I R O
: : a chave a fenda a isca a cifra o vão : : escritura pétrea riscado arcaico inscrição cuneiforme cavoucada pelo tempo lava magma forjada : :
montes de pedras retiradas dos rios desgarrados de leitos originários dada mudanças de rotas em regos de córregos de rios despovoados na garimpagem graúda feita pelas peneiras e mãos e costas e nervos e sol e água evaporada dos regos que não arregam e agarram pedras reluzentes e é o que se vê na paragem da paisagem onde tal qual tais fendas indiciam a passagem da forja da força da forca do garimpeiro tudo espalhado esparramado aos montes pela região sem religião modulando a medida do tamanho que já foi Igatu antes água boa agora o leito de peito aberto seco que diz e dizem que já era comunidade de nove mil pessoas muradas circulantes nas rotas do XVIII escalada para o velho mundo de números que variam na escuta do que se fez e tudo o que escrevivente é de orelhada assim ouvir como entoa o som do que se fala de tanto na terra de fabulações dos avistamentos de perdas invultadas de crianças negras desavisadas ocultadas nas grunas de corredores baixos aviltando a condição da escravidão presente no presente arrepia e só sei que se sabe sabemos que até agora não sei direito o nome certo destes montes de pedras auscultuadas nas dívidas e olvidas pelas dúvidas das dicções e não existe a palavra ou similar no dicionárioXXI como se o braço peitoral do minério não existisse
montes de pedras retiradas dos rios desgarrados de leitos originários dada mudanças de rotas em regos de córregos de rios despovoados na garimpagem graúda feita pelas peneiras e mãos e costas e nervos e sol e água evaporada dos regos que não arregam e agarram pedras reluzentes e é o que se vê na paragem da paisagem onde tal qual tais fendas indiciam a passagem da forja da força da forca do garimpeiro tudo espalhado esparramado aos montes pela região sem religião modulando a medida do tamanho que já foi Igatu antes água boa agora o leito de peito aberto seco que diz e dizem que já era comunidade de nove mil pessoas muradas circulantes nas rotas do XVIII escalada para o velho mundo de números que variam na escuta do que se fez e tudo o que escrevivente é de orelhada assim ouvir como entoa o som do que se fala de tanto na terra de fabulações dos avistamentos de perdas invultadas de crianças negras desavisadas ocultadas nas grunas de corredores baixos aviltando a condição da escravidão presente no presente arrepia e só sei que se sabe sabemos que até agora não sei direito o nome certo destes montes de pedras auscultuadas nas dívidas e olvidas pelas dúvidas das dicções e não existe a palavra ou similar no dicionárioXXI como se o braço peitoral do minério não existisse
no Caminho da Forca>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>
pequenas práticas lições da linha bordadura sólida fiação urdida rasura pétrea ensaio de paisagem desígnios do brilho sintaxe diamantina leitura do garimpo escritura do chão pura miragem
corpo isca linha da pedra traduz a dureza do território: áspero riscante pontiagudo tropeçante sólido abafado seco descontínuo rolante pesado silencioso rugoso lento lento lento
linha contínua contígua encasula acopla amalgama encapsula pedra na pedra pedra rejeito pedra rejeita pedra resíduo aconchega uma pedra na pedra o que sobra da espera da perda uma na outra pedra como se antes nunca tivessem sido partícipes de um mesmo corpo ou como se agora pudessem se reconhecer na diferença antes indiferente à pedra das pedras na pedra agora fragmentada num pedaço sólido de luz miragem desta paisagem - dejeto como se assim pudesse haver alguma salvação pós apocalypse now confronto e dedicação são sinais persistentes teimantes dos tempos clics acordam memória das águas do jorro da água tombando nos declives em estado de cachoeira como se a pedra as pedras pudessem tirar de seu leite jorrado pelos desvios feitos para efeito do garimpo no defeito dos regos dos rios canalizados secando a água da terra fantasma a sensação plena de membro cortado do corpo que atesta sua presença sem rota nem passagem com paragens na paisagem pétrea paisagem p e d r a miragem delirante de luz opaca
linha contínua contígua encasula acopla amalgama encapsula pedra na pedra pedra rejeito pedra rejeita pedra resíduo aconchega uma pedra na pedra o que sobra da espera da perda uma na outra pedra como se antes nunca tivessem sido partícipes de um mesmo corpo ou como se agora pudessem se reconhecer na diferença antes indiferente à pedra das pedras na pedra agora fragmentada num pedaço sólido de luz miragem desta paisagem - dejeto como se assim pudesse haver alguma salvação pós apocalypse now confronto e dedicação são sinais persistentes teimantes dos tempos clics acordam memória das águas do jorro da água tombando nos declives em estado de cachoeira como se a pedra as pedras pudessem tirar de seu leite jorrado pelos desvios feitos para efeito do garimpo no defeito dos regos dos rios canalizados secando a água da terra fantasma a sensação plena de membro cortado do corpo que atesta sua presença sem rota nem passagem com paragens na paisagem pétrea paisagem p e d r a miragem delirante de luz opaca
reviravolta revoltavira reviravolta revoltavira reviravolta revoltavira reviravolta revoltavira reviravolta revoltavira reviravolta revoltavira reviravolta revoltavira reviravolta revoltavira reviravolta revoltavira reviravolta revoltavira reviravolta revoltavira reviravolta
bordar uma pedra tecer uma pedra enrolar uma pedra crochetear um pedra tramar uma pedra modular uma pedra uma perda qualquer entre centenas de outras vestir a pele da pedra
até a pedra virar luz
pedra
pedra
pedra lascada: a linha descobre na superfície da pedra umas certas ranhuras entranhas estranhas externas se agarra feito o feitiço de planta trepadeira que insistentemente ascende e acende a vertical
lições de geometria orgânica lógica interna de um corpo mineral as quinas do sólido que já foi lava as dobras do discurso que já foi líquido a sombra e o seu avesso casulos esparramados de manta mortalha lente de aumento para o garimpo território cavoucado de ondes e quandos emana a força da forca das mãos e dos pés e do intestino e do fígado e da pele e do baço e da voz a dor da paisagem não é nada isenta pequenas práticas do pouco a pouco cena em busca de um título à maneira de Pirandello
manejo de vetores no destino de cada linha estendida: fiação suspende tempos erráticos e um dia Tuninha me disse: " hoje meu destino é caminhar“ e este hoje de sempre hoje se atualiza na corrida corrente dos segundos ainda porque sempre ainda atesta o sentido do presente imemorial rasurado: a vida é um palimpsesto infinito na ampulheta feito grão de grãos vitais sobreviventes de terra árida no elo do destino conduzido moldado formatado modelado blablabla pela linha que (per)segue modulações intensivas do que naquele micro nano segundo gera e gira e revira sentidos para um urdume alado refeito feito sísifo em eterna ebulição instável ao subir descer ir voltar mutar escutar a urgência do silêncio da fratura das almas
notações coreográficas gesto de contorno linha vetorial atenção:
ou montoeiro ou amontoado ou resíduo curado ou destino mutilado ou cápsula concentrada ou esforço sobrehumano ou desígnio de lastros plurais
Edith Derdyk_2022 em residência Mirante Xique Xique Igatu_Chapada Diamantina