EXCLUSIVO
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MARIA THEREZA GOULART a primeira-dama do golpe revive os momentos dramáticos de 64: “um capitão disse que não aconteceria nada. mas aconteceu tudo”
MARCELO TAS O líder multimídia do CQC indica livros para Joaquim Barbosa, Dilma Rousseff e Gisele Bündchen
COMO O SELFIE AJUDA?
COM A PALAVRA, BLOGUEIRAS E O FILÓSOFO RENATO JANINE RIBEIRO
JOACHIM KOEPER
O CHEF PORTUGUÊS CONTA QUE A MESA DE DILMA NO ELEVEN VIROU PONTO TURÍSTICO
MARIANA XIMENES
MARIANA XIMENES aos 33 anos, ela pede tempo
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CAPA
Tempo, Tempo, Tempo.. É o que pede o relógio de Mariana Ximenes. Com 15 anos de carreira e no ar como a vedete Aurora, em Joia Rara, a atriz não anda muito para a agitação. Nesse tempo de procura, de novas facetas, ela está mais madura e serena. “A chegada dos 30 anos me fez querer ter mais tempo para mim” por Simone BlaneS / FoToS HenRiQUe GenDRe Edição dE moda lUiS FioD / minT / BElEza laU neveS/ CaPa mGT
Compositor de destinos/ tambor de todos os ritmos/ Tempo, tempo, tempo, tempo/Entro num acordo contigo... Meio distraída, Mariana Ximenes cantarola “Oração ao Tempo”, canção de 1979 de Caetano Veloso. A atriz, que experimenta um outro tempo na pele da vedete Aurora Lincoln da novela de época Joia Rara, esperava a montagem de luz para estas fotos. “Essa música me emociona porque o tempo sempre mexeu comigo”, ela comenta. Tempo é coisa seríssima para Marixi, apelido inventado por amigos e com o qual batizou seu instagram de 131 mil seguidores . Tudo começa com sua primeira batalha contra o tempo para vir ao mundo. Quase uma questão de vida ou morte. Foram 36 horas de trabalho de parto da mãe, a fonoaudióloga Fátima Ximenes Nuzzi. “Minha mãe sofreu à beça. Lutei muito para viver, mas resisti.” Da mãe, Mariana também aprendeu sua primeira lição de vida: tudo tem seu tempo. “Quando pequena vi um filme, e perguntei: ‘Mãe, quando vou poder beijar?’” Fátima respondeu sugerindo que ela mordesse uma goiaba que estava na fruteira. Mariana recusou: “Não, mãe, está verde”. Sua mãe finalmente explicou: “Você está como essa frutinha: verde. Quando amadurecer, vai poder beijar”, conta. “Me lembro sempre desse simbolismo da goiaba verde. E da hora certa para tudo acontecer. Em vez de me dizer simplesmente não pode, ela ensinou de uma forma poética”. E atemporal. Assim ela desata a narrar a maior parte das suas histórias. Desde a fase de ter demorado a engatinhar – Istoé Gente | 69
Jaqueta Gloria Coelho, o queFrancesca lhe rendeu o apelido colar Romana Dianade Minhoca dado pelo pai, o
advogado José Nuzzi Neto – até sobre sua forte e conhecida ligação com as artes. Para Mariana, tudo tem a ver com o tempo das coisas. Como uma imagem de artes visuais que ela nunca esqueceu. “Tinha 15 anos em 1997 e fui a uma exposição, Arte Cidade, em São Paulo. Fui de trem da Estação da Luz até uma antiga fábrica de açúcar dos Matarazzo. Quando cheguei, vi uma instalação que tinha muita areia e um microfuro. Desci no andar de baixo e vi uma grande ampulheta. Aquela imagem do passar do tempo mexeu tanto comigo”, conta. Dezessete anos depois, Mariana teve uma surpresa. “No ano passado, quando fui à Rio Arte com a Camila Pitanga, ela falava da Laura Vinci, cenógrafa da peça que ela fazia, e tinha um livro na exposição. Quando abri o livro, lá estava a ampulheta. Era dela”, descreve, emocionada. Mas é o tempo ou a arte que emocionam Mariana Ximenes? “Os dois. A arte nos ajuda a olhar para a vida de uma maneira poética, mais profunda. Ao mesmo tempo é questionadora, provocativa”, diz ela. “Não acho que tenha que entender. Basta sentir. Lida com a simplicidade da vida e te ajuda a viver melhor. É terapêutico.” A arte de conduzir o tempo, agora mais do que nunca, é o que pontua seu momento. Da resolução de questões práticas até a concentração necessária para entrar e sair de um personagem. No fundo, no fundo, seus desejos podiam ser resumidos em um apenas: ter mais tempo. Ela atribui essa busca a uma fase mais introspectiva. “De seis meses para cá, estou em um processo de autoconhecimento bem curioso. A conclusão é ter mais foco em mim. Ficar quieta em casa, sem ninguém”, define a atriz. Embora deseje a convivência com a família e com os inúmeros amigos “de todas as idades e áreas”, assume: quer estar mais recolhida. “Preciso desse tempo. Para ler, arrumar a casa. Jogar coisas fora, organizar. É uma limpeza de energia. Agora consigo até meditar, o que eu tinha dificuldade.” Depois dos 30 anos, isso veio mais forte. “Sempre fui espoleta. Trabalho muito, faço várias coisas ao mesmo tempo e nunca recusei nada. Gosto de me aventurar, mas estou definitivamente mais seletiva", diz a atriz, que completa 33 anos em 26 de abril. É o que define como"troca de pele”. “Estou precisando ficar em silêncio, quietinha, no meu refúgio. Fiquei nove anos casada (com Pedro Buarque de Hollanda). E agora estou solteira. Estou comigo. Até para encontrar um companheiro, antes tenho que estar conectada comigo mesma.” Mariana Ximenes quer mais tempo até para não ser Mariana Ximenes. “Quando coloco figurino de uma personagem, entro naquele universo e me concentro naquilo que estou fazendo. Por isso, demoro para responder a e-mails. As pessoas reclamam, mas eu desligo tudo porque não sou mais a Mariana. Não é um processo lógico. É subjetivo”, conta. Nos últimos meses ela encarnou, ao mesmo tempo, personagens tão distintas como a vedete Aurora, da novela, e Josie, do filme Um Homem Só, de
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“preciso desse Tempo. para ler, arrumar a casa. Jogar coisas fora, organizar. É Uma limPeza De eneRGia. aGoRa ConSiGo aTÉ meDiTaR, o que eu Tinha dificuldade” mariana Ximenes
Claudia Jouvin. “Imagina que a Aurora é lânguida, afetada e sinuosa. Uma vedete dos anos 40, que veio de Paris. Já a Josie é rude. Não tem vida social. Trabalha num cemitério de cachorros. São muito diferentes. E ainda tem a Mariana. Preciso de uma construção física e psicológica e isso leva tempo.”
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TIME DE BASQUETE Sim, tudo leva tempo. Para começar sua carreira de atriz, por exemplo. Ela demorou para convencer os pais de que daria ouvidos à certeza que tinha desde criança. “Eles até apoiavam, mas achavam que ia passar.” Mariana insistia para participar das peças da escola e para a mãe levá-la aos testes de publicidade. “Eu gostava de histórias. De contá-las. Especialmente as do Monteiro Lobato. Emília, Narizinho, são todos personagens lindos.” A arte falou mais alto, mas Mariana poderia ter seguido um outro caminho: o do esporte. “Tinha dois ídolos: Fernanda Montenegro e Hortência. Tanto que eu fazia parte do time de basquete da escola. Joguei dos 8 aos 16 anos como ar-
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“esTou precisando ficar em silêncio, quieTinha, no meu refúgio. fiquei nove anos casada. aGoRa eSToU ComiGo” mariana Ximenes Parca Neon – sob consulta, calça Osklen R$ 267 Coordenação de Moda e Estilo Bianca Zaramella Coordenação de Produção Simone Blanes Coordenação de Produção Executiva Zeca Ziembik (MINT) Assistentes de produção de moda Nathália Carvalho, Eduardo Seemann e Raphael Almeida Assistentes de fotografia Rodolfo Goudinho e Igor Testa Tratamento de Imagem Factory Retouch Manicure Jane Camareira Genite Bedim Catering Estúdio Luzia
madora. Era forte e ágil. Mas minha paixão para interpretar era maior. Óbvio que os desejos das crianças são diversos e nem sempre permanecem. Mas o meu permaneceu.” De garota-propaganda, passou ao curso de teatro Célia Helena. E logo entrou no elenco da novela Fascinação, no SBT. Mas a primeira a reconhecer verdadeiramente o talento de Mariana foi Amora Mautner. Era, na época, assistente de direção. Hoje Amora é diretora da novela Joia Rara. “Ela fez o meu teste para a novela Andando nas Nuvens. Eu tinha 17 anos, e ela foi carinhosa e certeira comigo. Depois, nunca mais trabalhamos juntas. Joia Rara marca o nosso reencontro.” Mariana cresceu aos olhos do público. E muitas de suas novas experiências de vida começaram no Projac. Como aprender a dirigir, por exemplo. "Como eu era menor de idade, a Globo me deu um motorista. E eu o convenci a me ensinar a dirigir. Dizia que era meu maior sonho. Então, às vezes, ele me deixava pegar um pouquinho no carro, em ruas mais desertas", conta. "Minha glória foi fazer 18 anos e passar no teste da autoescola. Treinava baliza até a mão ficar em carne viva. “Foi uma conquista ligar para a mãe e contar que tinha uma carteira de motorista. Mais recentemente, a dramaturgia lhe pôs diante do desafio de cantar. Era desejo esquecido nas memórias infantis. “O pai da Maila, minha melhor amiga do jardim de infância, cantava. Sempre tinha roda de violão na minha casa. Eu ficava olhando a cantoria no quintal pela janela do meu quarto”, lembra. “Agora estou me arriscando a cantar. Comecei nessa novela com “La Vie en Rose”, de Edith Piaf, imagina só. Mas, confesso, admiro quem canta. É muito difícil.” Hoje, são 15 anos de carreira. E com uma Mariana bem mais tranquila em dar tempo ao tempo. Até para questões que não tem muito como programar, como o desejo de ter filhos. “Quero muito. Ainda vou ser mãe nesta vida.” Ou, ainda, aprender a lidar com seus receios. “Tenho medo de lidar com a morte. Não de morrer, mas das perdas. Ainda não tive uma perda tão próxima. É difícil pensar em como me adequar nisso. Nem sei como vou reagir. Sou espiritualista e tenho essa busca.” Mas Mariana ensina: o importante é ter fé. E, mais uma vez, pensar que o tempo resolve tudo.
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BAÚ EXCLUSIVO
1964 - 50 Anos
Ae obelA golpe Maria Thereza Goulart, a mulher de 23 anos que estava no epicentro do poder no dia em que o Brasil foi tomado pelos militares, revive os momentos dramáticos de 50 anos atrás. Gente entrevistou a ex- primeira-dama, que saiu de casa levando apenas duas peças do seu guarda-roupa. Em 31 tópicos, ela narra o antes e o depois do dia 31 de março de 1964: “Não deu tempo de absolutamente nada”
“Jango me falou: ‘Olha, Teca, nós vamos fazer esse comício, mas tenho a sensação de que vai ser o estopim de toda a história” Maria Thereza Goulart Maria Thereza e Jango no comício da Central do Brasil, em 13 de março de 1964, no RJ
Maria Thereza tinha apenas 17 anos quando se casou com João Goulart, um dos políticos mais influentes do País. Aos 21, o marido foi eleito presidente e ela virou primeira-dama. A mais elegante da história deste país. Mas foram apenas dois anos e sete meses perto do poder. Ela tinha 23 anos quando Jango foi deposto e a família, expulsa do País. Maria Thereza era considerada a Jacqueline Kennedy dos trópicos, embora não goste da comparação com a americana. Mas a brasileira ganhou manchete em jornais e revistas internacionais por ser jovem, bonita, chique e a mulher do presidente da República. Hoje, aos 73 anos, mãe de dois filhos e avó de oito netos, a testemunha ocular de um dos períodos mais marcantes da história é uma dona de casa bem-humorada, que ri dos boatos que ainda a perseguem. Vaidosa, é capaz de fazer uma visita surpresa esperar na sala se não estiver maquiada. É uma mulher do nosso tempo que teve forças para desenterrar o passado. Agora, Maria Thereza só deseja saber a verdade sobre a morte do marido para, talvez, silenciar. Ela se programou para passar o 31 de março em Porto Alegre, terra de onde partiu para o exílio.
Foto Arquivo Folhapress / CPDOCJB
POR LIVIA CALMON
A beleza de Maria Thereza chamou a atenção de revistas e jornais internacionais, em 1963
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O dia do golpe
“Eu estava ouvindo rádio e escutei uma notícia sobre Minas Gerais (foi em Juiz de Fora, Minas Gerais, de onde partiram as tropas militares em direção ao Rio de Janeiro, no dia 31 de março). Eu recebi a notícia do golpe por Tancredo Neves (então ministro de Jango) por telefone. Ele disse: dona Maria Thereza, aguarde aí na Granja do Torto novas ordens porque está tudo muito confuso. Acho que dr. Jango (que estava no Rio) vai para Porto Alegre e deve passar por Brasília, mas a confusão está generalizada.”
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Os passos seguintes
“Eu tive algumas horas para sair da Granja. Tancredo ligou umas sete da noite e eu não tinha arrumado nada porque não sabia para onde ia. O Exército já tinha dado a ordem: ninguém entra, ninguém sai (a Granja do Torto estava cercada). Só com a autorização do capitão que comandava a tropa. Ele dizia: ‘Estou cuidando da família, não precisa se preocupar, não vai acontecer nada.’ Mas aí aconteceu tudo.”
3 A saída da Granja do Torto
“Fui escoltada pelos militares até Porto Alegre e não sabia o que fazer. Um mensageiro de Jango me mandou ir para nossa fazenda Rancho Grande, em São Borja (RS). Foi o momento mais difícil para mim, porque eu não sabia onde estava Jango. Achava que ele estava em reunião com o pessoal do Brizola. Quando cheguei, estava amanhecendo. Foi triste. Me bateu uma solidão. Uma coisa horrível. Me senti uma estranha no ninho.”
4 O figurino escolhido
para a fuga do País
“Eu estava com uma saia preta e uma camisa de seda.”
5 A fuga
“Não deu tempo de nada. Nada, absolutamente nada. Eu peguei uma saia de couro que eu gostava muito e uma blusa de seda preta que tinha um laço amarrado na frente. Nunca imaginei que fosse embora e não voltasse para minha casa. Eu achei que iria para um lugar encontrar com o Jango e que depois eu voltaria.
6 A primeira noite fora de casa
Foto Arquivo Folhapress
“Na fazenda tinha tudo, menos as roupas da gente. No outro dia os militares me deram 24 horas para sair ou seria presa com meus filhos porque não poderia permanecer em território nacional. À tarde o avião de Jango chegou e nos levou para o Uruguai.”
7 O reencontro com Jango
“Fiquei uns quatro dias sem falar com Jango. Ele demorou para chegar ao Uruguai. Fui a primeira exilada a pisar no país e fui recebida por amigos dele. Istoé Gente | 91
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Ninguém sabe o paradeiro do que ficou para trás
“Jamais soube onde tudo foi parar. Eu fiquei com um vestido do Dener de renda bege que eu tenho até hoje guardado como relíquia. Esse vestido estava numa costureira, em Brasília, e uma amiga minha resgatou. Nunca mais tive notícia das minhas roupas, dos meus perfumes, meus quadros, minhas coisas pessoais, até meus bichinhos. Nunca mais eu soube de nada.”
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A imagem que ficou na cabeça, 50 anos após o golpe
“O comício da Central do Brasil (13 de março, pretexto para o golpe) foi muito marcante na minha vida. Era um clima muito tenso. Hoje, quando fazem essas comemorações, eu ainda vejo aquele momento, em cima daquele palanque. Aquele discurso do Jango foi maravilhoso. Realmente é emocionante. Só que eu nunca pensei que, 50 anos depois, estivesse aqui para me lembrar.”
10 Antes do golpe, o pressentimento
“Eu sentia e ele também. Ele me falou: ‘Olha, Teca, nós vamos fazer esse comício. Mas eu tenho a sensação de que esse vai ser o estopim de toda a história.’ E realmente foi. O comício foi o que culminou com todo o movimento. Desde que Jango assumiu com aquele colegiado, achei que era um prenúncio de que tudo não ia terminar bem.”
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Quando recebeu a notícia da posse de Jango, Maria Thereza estava na Espanha
“Eu fiquei na expectativa (Jango assumiu o poder 13 dias após a renúncia de Jânio Quadros). O pessoal no hotel me aplaudindo e eu perguntando: ‘O que é isso?’ Eu fiquei realmente muito apreensiva porque comecei a ler as notícias de que Jango estava chegando ao Brasil e não queriam que ele tomasse posse.”
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Para voltar ao Brasil como primeira- dama, teve de improvisar o look
“Antes de viajar para a Espanha, eu fiz uma roupa com Dener, que foi a que usei na chegada ao Brasil. Um tailleur que parecia uma roupa de linho, uma saia justinha cor areia, bem clarinha, com uma blusa colorida com decote em V, uma roupa bem simples.”
13 A elegância da ex-primeira-dama tinha nome: Dener Pamplona de Abreu
“Eu conheci o Dener quando Jango era vice-presidente. Tempos depois, em São Paulo, quando ele estava começando a ter fama, meus amigos me levaram ao
ateliê dele. Quando Jango se tornou presidente eu procurei Dener. Eu provava tudo em Brasília e dizia: ‘Essa aqui eu quero. Essa aqui tem muito bordado.’ Mas ele sempre acertava comigo.”
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Na era Jango, o poder e a beleza andavam juntos
“Quando a gente tem 20 e poucos anos, em geral todo mundo é bonito. Eu me achava bonita. Era importante porque meu marido também era muito bonito. Eu sempre achei que a beleza tinha muita influência naquele momento. Gente jovem. Ele muito jovem. Uma política jovem. Bossa nova.”
15 Maria Thereza Goulart, a Jacqueline Kennedy brasileira. Todo mundo achava, menos ela
Foto Arquivo Folhapress / Alexandre Campbell
Quando reencontrei Jango ele estava bem e perguntou: ‘Como foi a viagem?’ Eu disse: ‘Péssima. Eu espero voltar logo.’ Ele estava preocupado conosco. Nunca soube por que ele demorou tanto.”
“De maneira nenhuma. Eu acho que a comparação com Jackie Kennedy não tinha muito a ver. Ela era uma pessoa muito especial, mas para os EUA. Eu era muito brasileira. Era muito gaúcha, muito aqui para o Brasil. Eu não me espelhava nela.”
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A carta de Sinatra
“As pessoas diziam assim: essa carta não é do Frank Sinatra. Eu via que não era de assessor. Ele dizia que tinha lido uma entrevista minha na revista Times, que acompanhava a minha história, admirava a beleza da primeira-dama. Nessa entrevista falei que adorava, aliás, adoro as músicas dele. Ele enviou uma coleção de discos, inclusive dois, três que não tinham sido lançados.”
17 Liguem as sirenes, a primeira-dama chegou
“Eu adorava. O Jango não gostava. Quando a gente chegava ao Rio, eu ficava no palácio ou no apartamento na avenida Atlântica e mandava ligar as sirenes. As pessoas paravam, abanavam, pediam autógrafo. O Jango ficava danado comigo.”
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O ciúme do marido
“Logo que casei, fiquei grávida. O meu marido saía muito, ele era assediado. Mas, depois que eu tive meus filhos, fiquei mais calminha porque Jango sempre voltava para casa. Ele tinha paixão pelo filho. Então isso aí melhorou também a minha parte.”
Maria Thereza tem hoje 73 anos
“Agora eu vou ver o que vai dar esse negócio da exumação porque eu ainda tenho dúvidas. As pessoas dizem tantas coisas, tantas declarações falando de remédio, disso e daquilo. A cabeça da gente fica confusa” Maria Thereza Goulart
“Os militares me deram 24 horas para sair ou seria presa com meus filhos, porque não poderia permanecer em território nacional”
19 As críticas
“Falavam que eu não gostava de comparecer aos eventos oficiais. Mas não é verdade. Fui a todos os encontros com os presidentes que ele recebeu e trabalhei na LBA, um trabalho que eu amava. Criticam todo mundo e eu não sou dinheiro para todo mundo gostar de mim.”
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Jô, amor à primeira vista
“Eu conheci Jango com 15 anos. Aos 17 casei. Fiquei meio confusa. Ele era famoso, muito popular, um homem rico. Eu era de família classe média, do interior de São Borja. Então para mim foi uma surpresa ele chegar para o meu pai e dizer que queria casar comigo. Eram 20 anos de diferença de idade.”
21 A primeira cuba libre,
a primeira balada ela não esquece
“Com Jango tomei a minha primeira cuba libre... (gargalha). Eu nunca tinha bebido na minha vida e nós fomos a uma festa em Porto Alegre. Ele disse: ‘Quer tomar uma cuba libre?’ Eu disse: ‘Quero’. Foi ele também quem me levou à primeira boate, no Rio de Janeiro, a Casablanca. Era uma boate do Carlos Machado, tinha umas mulheres lindíssimas que o paqueravam. Eu tinha 16 anos, mas com ele eu entrava. Ele foi meu primeiro amor, primeiro tudo.”
22 As traições na piada de Chico Anysio
“O coronel Limoeiro tinha a Maria Thereza que o traía. Muitos diziam que esse personagem era relacionado com o Jango. Uma vez eu falei com Chico e ele disse que não tinha nada a ver.”
23 E a fofoca continua...
“Eu acabei de ler um livro de um jornalista de Porto Alegre e fiquei injuriada. Ele afirma que eu tinha um caso com o piloto do Jango. Não sei quem é. Quando você é casada com o presidente da República, que tem segurança para tudo que é lado, você tem que ter uma conduta impecável.”
Foto Arquivo Folhapress
Maria Thereza Goulart
Maria Thereza e os filhos, Denise e João Vicente, em abril de 1964
24 Os bons momentos no exílio
28 O charme das primeiras-damas
25 A frustração por não ter estudado
29 A política no sangue
“Parece incrível, mas eu sinto muita saudade do meu tempo no Uruguai. Os meninos eram muito pequenininhos. Foi o momento em que eu pude levá-los ao colégio, o pai também tinha essa rotina. Uma vida bem familiar. Acho que esse tempo foi de muito valor para mim. Mesmo sendo o exílio.”
“Uma das coisas que eu sinto muito é não ter seguido uma carreira. Eu saí do colégio com 17 anos. Então eu não tive oportunidade de avançar meus estudos. Eu falo aqui em casa: ‘Eu invejo vocês, tão sabidos, eu fiquei para trás.”
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Amores depois de Jango
“Tive relacionamentos importantes depois que fiquei viúva com 37 anos. Aos 40 tive o primeiro com um gaúcho muito legal. Depois eu conheci um rapaz que trabalhava no Banco de Boston, muito, muito lindo. Eu estava com 43. Ele com 35. Pessoas interessantes, maravilhosas. O terceiro foi um advogado, durou pouco. Não posso dar nomes. Cada um tem sua vida agora.”
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As receitas de beleza aos 73
“Eu faço muita ginástica, me trato com medicina ortomolecular com um médico de Porto Alegre. Sou magra, mas gosto de comer. Sou muito inquieta. Não sou uma pessoa que fica vendo televisão, assistindo filme em casa. Eu adoro ir ao cinema, ao teatro. Comer pipoca. Eu gosto muito de andar. Calço o tênis e vou.”
“Não tenho muita preocupação de ficar observando. Mas há pessoas bem interessantes. Dona Ruth, por exemplo. Dona Marisa também. Simples, mas sempre acompanhando o marido. Eu acho que isso também é válido. São pessoas mais velhas, mas que têm muita classe, muita categoria. Cada uma tem uma personalidade.”
“O Christopher, que nasceu em Londres, dois meses antes de Jango falecer, é vereador em Porto Alegre. Gosto porque é o sonho dele e ele é o primeiro neto. Ele ficou muito junto comigo desde que o Jango faleceu. Eu praticamente o criei. Tenho paixão por todos os meus netos, mas esse realmente é minha bandeira.”
30 A exumação: um ponto final na história
“Agora eu vou ver o que vai dar esse negócio da exumação porque eu ainda tenho dúvidas. As pessoas dizem tantas coisas, tantas declarações falando de remédio, disso e daquilo. A cabeça da gente fica confusa. Fico pensando foi isso, foi aquilo. Então é melhor que aconteça o que tem de acontecer agora. Vamos tirar a dúvida.”
31 O futuro bate à porta
“Acho que eu vivi muita coisa muito cedo na minha vida, então eu acho que rancor é uma coisa que não existe no meu coração, eu perdi muita coisa de minha família. Acho que tudo passa, a gente tem de tratar de ser feliz e que tudo aconteça com muita paz.”
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ENTREVISTA
MARCELO TAS
Q
UM C C DE PROFESSOR O apresentador mais multimídia do País confessa que sua vocação é ensinar, narra sua conversa quase esotérica com Dilma Rousseff, indica livros para inspirar a presidente, Joaquim Barbosa e Gisele Bündchen e diz que há uma revolução dentro das pessoas muito além do mundo digital POR Gisele VitÓria / FOTOS GustaVo rampini
Marcelo Tas pergunta: quem se lembra do primeiro dia de aula? Depois de ver dezenas de sorrisos se abrirem, ele mostra no telão o seu retrato em preto e branco quando criança. Formal, uniformizado e quase intimidado, partia para sua estreia na escola em Ituverava (SP). Na sequência, Tas exibe a foto colorida do primeiro dia de aula do seu filho, fantasiado de Drácula, cheio de atitude e tranquilidade. Assim, numa viagem pelo tempo e pelas memórias afetivas, começa sua palestra sobre mídias digitais no CEO’s Family do Lide (Grupo de Líderes Empresariais). No palco, o comandante do programa CQC, sucesso da tevê na Band, multimídia de carteirinha, o jornalista e apresentador fala para uma plateia de empresários, executivos e gente influente como Viviane Senna. Certo, mas o que o primeiro dia de aula tem a ver com mídias digitais? Tas recorre à infância de cada um, a fase em que todos se reconhecem genuinamente, para dizer, simples assim: “A revolução não é só tecnológica. Ela está dentro das pessoas.” Nós mudamos.
Gente – Você diz que temos nas redes uma molecada interessante, exigente e sem medo de errar. Mas é comum ouvir que o debate na rede é pobre, que é uma selva desinteressante. Como “editaria” essa geração?
Marcelo Tas – Percebi que esse é o meu modelo de negócio: dizer para essa molecada o que acho relevante. Discuto com eles. Desde que o homem começou a se comunicar, a gente só faz 5% de coisa boa. Esse número nunca muda muito. Filmes, livros, revistas, a televisão, o que a gente produz. O que é bom mesmo é 5%. A internet também é assim. Essa molecada não tem medo de errar. Isso é bom. Eles vêm até mim, me questionam às vezes até de um jeito cruel. Falo muito nos encontros sobre educação. E dou ênfase para os livros. No meu site, uma das perguntas mais frequentes que recebo é: “Como faço para ficar famoso?” Para provocá-los, eu digo: “Para ficar famoso, leia um bom livro. E depois leia outro, e outro. Você vai ficar muito famoso.” O que significa um livro? Você pensa melhor, fala melhor, escreve e se comunica melhor. Aí eles me rebatem: “Você, que é tão espertalhão ao dar essa resposta, dá uma lista de livros.” Criei o meu blog, o Tasômetro. Ali dou minhas referências do que acho legal. Gente – Que livros indica? Tas – Gosto de indicar livros de filosofia. Voltaire é muito fácil de ler. As pessoas têm medo, mas é um cara divertidíssimo, mesmo sendo um filósofo do século 18. Fernando Pessoa tem livros que você pode abrir em qualquer página.
Tas indica para Dilma a leitura do Dicionário Filosófico, de Voltaire: “A presidente poderia escolher as palavras nas quais quer se aprofundar. Tem lá amor, traição, morte”
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Gente – Este seu modelo de negócio tem um Q de professor, ou, para brincar, um CQC de professor. É isso? Tas – É engraçado. Isso é resultado de uma psicanálise profissional. Minha vocação é ser professor. O Varella (personagem da TV Gazeta em 1983) tentava explicar o mundo. O professor Tibúrcio (do Castelo Rá-Tim-Bum, da TV Cultura, entre 1989 e 1992) era bandeira total. E o CQC tenta entender as notícias da semana. Tem uma didática. Um Brasil melhor começa quando os meninos tiverem vontade de ser professor. Hoje, o professor é um ser envergonhado. Ou humilhado. É um ser tão maltratado que tem vergonha de dizer o que é. Eu disse isso à presidente Dilma num papo informal que tivemos no ano passado no Palácio do Planalto. Disse a ela: “Se, ao fim do seu mandato, a senhora tiver despertado nas crianças o desejo de ser professor, dou parabéns.” Mas estamos longe disso. Gente – Como vê Dilma hoje? Tas – Vou dizer um paradoxo. Percebo que é uma mulher com uma grande capacidade de comunicação até. Mas que vive de uma maneira muito contraída quando aparece publicamente. Até comentei com ela: “Por que você não é assim quando aparece na televisão?” Ela morreu de rir. Para o desespero dos assessores dela, a gente ficou uma hora conversando. Gente – Como foi esse encontro? Tas – Foi por conta da campanha “Não Foi Acidente”, que o CQC apoia para aumentar a penalização de quem bebe e dirige. Fomos convidados a participar de uma solenidade no palácio. Eu fui, o Emerson Fittipaldi, a Cissa Guimarães. Na reunião conosco, Dilma falou (ele emposta a voz): “Essa campanha tem que ser diferente das outras.” Quando chegou a minha vez de falar, eu disse: “Presidente, se a senhora tem alguma dúvida que essa campanha já começou diferente, olhe para mim: eu estou aqui dentro do seu gabinete. A sua segurança já falhou.” Todos descontraíram. Aí fomos para o evento. Dilma vai para o microfone e diz: “Se vocês tiverem alguma dúvida que essa campanha é diferente, olha ali: o CQC está do nosso lado.” Foi aquela risada. Ela usou minha piada. Achei aquilo tão legal. Muito inteligente e eficiente da parte dela. E ela brincou comigo no final. Pediu uma foto. E eu falei: “Posso pedir uma coisa? Assine nossa petição.” E pronto: virou uma confusão. O jurídico dela disse: “Presidente, a senhora não pode assinar.” E ela respondeu: “Eu vou assinar o negócio do CQC!” Gente – E foi nessa hora que conversaram a sós? Tas – Sim. Voltei para o gabinete sozinho. Chego lá, a assessoria jurídica queria me matar. Veio um assessor, e, longe dela, sussurrou que eu não podia fazer aquilo.
“O Joaquim Barbosa está numa crise existencial. Sugiro a ele o Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa”, diz Tas
Eu respondi: “Você está tenso? Fala para a presidente. É ela que quer assinar.” Dilma perguntou onde estava o ministro da Justiça: “Cadê o Zé Eduardo? Ele está ainda no palácio? Chama o Zé Eduardo!” O negócio virou uma loucura. O ministro chegou e reafirmou: “Presidente, sinto muito, a senhora realmente não pode assinar.” E eu ali na frente. De repente, Dilma me sugere: “Ô Tas, você não é criativo? Descobre um jeito de eu demonstrar minha simpatia pro CQC.” Foi aí que o Zé Eduardo diz a única frase que ele não poderia ter dito: “Presidente, a sua simpatia não tem nenhum efeito jurídico.” Ficou um climão. E eu salvei o Zé Eduardo, com a minha resposta: “Ministro Zéeeeeduaaardo... a simpatia da presidente tem um valor inestimaaaável para o CQC.” Foi uma gargalhada geral. Ela sorriu, mas olhou torto para ele. Sugeri gravarmos, explicando que ela não poderia assinar, mas que apoiava a campanha. E aí todos saíram e eu fiquei mais uma hora sozinho com ela, conversando sobre tudo: saúde e o quanto os dias andam difíceis para todos. Falamos sobre meditação. Ela já praticou.
Eu pratico há 20 anos. Ela pediu dicas. Falamos de quanto a gente é vulnerável. Um papo quase esotérico e muito franco.
Gente – Vulnerável em que sentido? Tas – Dilma já teve problemas de saúde. É uma mulher que enfrentou a tortura, um câncer. No gabinete, havia aparelhos para deixar o ar do Cerrado mais úmido. Falei do quanto ela vive numa cadeira que não traz coisas saudáveis para a rotina: a pressão. O jogo. O poder. Foi legal. Aí Helena Chagas (então ministra da Comunicação) chega de repente. Estava todo mundo desesperado com o horário. O presidente do Banco Central estava esperando. Havia oito pessoas para ela receber, sem almoço. E a Helena comentou: “Eles continuam sem almoço.” E a Dilma: “Tá bom! Tá bom!” Esperaram mais 15 minutos. Chegou uma hora que tive que dizer: “Presidente, acho que agora eu tenho que ir.” A minha conversa com ela era entre duas pessoas. Achei aquilo digno. Porque nós somos duas pessoas. E quase da mesma idade. Tenho 54 anos. Talvez eu me divirta mais.
“Se GiSele começar a fazer humor, essa mulher conquista o planeta” A Dilma me deu uns tapões nas costas: “Ei Helena (Chagas), quem diria que esse CQC era tudo isso, heim?” Acho que ela gostou de mim.
Gente – Da sua lista de livros para os internautas, recomendaria Voltaire para Dilma? Tas – Olha, pode ser. Voltaire tem um livro que se chama Dicionário Filosófico. Ele fez um dicionário com as palavras que julgava importantes. As outras você não precisa saber. É genial esse livro. Então, a presidente poderia escolher as palavras nas quais ela quer se aprofundar. Aí tem lá amor, traição, morte. Aliás, uma coisa que os políticos não têm é a consciência de que eles vão morrer. Se eles tivessem, talvez quisessem deixar um legado em vez de ficar só fazendo aliança com o PMDB. Estou falando de todos. Nenhum deles fez nada relevante para a educação. FHC não fez. Lula não fez. Os anteriores fizeram menos ainda. E a Dilma, infelizmente, depois de quatro anos, também não fez. Se eles ouvem isso, vão dar aqueles números: o Fundeb, o fom-fom, o fum-fum... Mas tem muito dinheiro na educação mal aplicado. Gente – Que livro indicaria ao ministro Joaquim Barbosa? Tas – Ahhh, o Joaquim Barbosa está numa crise existencial. Vou sugerir o Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa. O desassossego, que é o que imagino que ele esteja vivendo, é uma situação criativa. Você não está satisfeito com o que está fazendo. Eu o respeito muito. Mas creio que o tom que ele deu, a maneira como ele conduziu as coisas como presidente do STF não foi com a temperança da Justiça. Mesmo que ele tenha tentado ser justo. Mas você não consegue ser justo no grito. Em algumas coisas eu inclusive concordava com ele, mas não concordo com quem quer ganhar no grito. Quando ele começou assim, eu parei de... “segui-lo no Twitter” (risos). Parei de admirá-lo. Eu o admirava pela coragem. Como relator do julgamento do mensalão, ele tinha uma posição mais agressiva pela natureza da função. Quando teve a mesma atitude como presidente do tribunal, eu digo, com todo o carinho e humildade, que ele errou. Gente – Como definiria o CQC em uma frase? Tas – O CQC tenta entender melhor as notícias. “Melhor” quer dizer através do humor. Com esses óculos escuros, a gente tenta entender através da lente
do humor. O humor é uma lente torta. Mas tenho uma tese de que a realidade está tão distorcida que a lente torta do humor deixa a realidade da maneira como a gente tem que enxergar mesmo. A coisa está tão estranha, deformada, que, se você tenta enxergar numa lente torta, fica tudo certo. O mundo está caótico, para usar uma palavra carinhosa. Está destemperado, intolerante, fundamentalista, bipolar. Tem uma cegueira rolando. É Deus ou o Diabo. Ou você é do PT ou do PSDB. Ou é católico ou é muçulmano. Ou é corintiano ou palmeirense. Essas bipolaridades geram morte! Se um cara tem uma camisa diferente num campo de futebol, é morto a pauladas. Isso no século 21 é chocante.
Gente – E o humor nas relações afetivas? Tas – O humor é a porta para o romance. Se você faz uma mulher rir, é onde abre a porta. E o que significa fazer rir? É você desarmar o coração. A gente é contraído. O humor descontrai. Abre para o entendimento de assuntos pesados, como a política. Gente – Essa eleição será mais cyber? Tas – Não tenha dúvida. Aécio Neves, por exemplo, começou mal essa campanha. Contratou advogados para tentar limitar o nome dele em buscas no Google e perdeu a ação. Nós estamos no século 21. Aécio, que respeito, deveria repensar esse mau passo. Se eu tivesse cacife para ser assessor do Aecinho, diria que ele deveria publicar no Twitter dele a informação incorreta e dar visibilidade. É o que faço diariamente. Gente – Como enxerga a dupla Eduardo Campos e Marina Silva? Tas – Tenho dificuldade de olhar para essa dupla. Me parecem duas coisas que não se misturam. É engraçado. Eduardo Campos parece sensato. Conheço pouco. Marina é uma pessoa que respeito profundamente. É a única que me liga quando há algum ruído. Ela pratica transparência. Os outros políticos são
todos blindados. Renan (Calheiros), (José) Sarney, esses caras vivem numa blindagem que nem os sobrinhos conseguem chegar perto deles. Nem os netos. Vivem em outra maionese. Não têm contato com a realidade. Isso os deixa pessoas tristes e feias. O Renan parece, sei lá... um fofão.
Gente – Blogueiras de moda com mais de um milhão de seguidores. Como vê esses fenômenos? De Uberlândia ao Recife, elas viraram referência. Tas – Tem a ver com essa geração que vai atrás da informação. Quem é relevante tem audiência. É fascinante. O Porta dos Fundos, por exemplo, tem dois milhões de seguidores em Portugal. Gente – O que é relevância hoje? Tas – A porcaria às vezes tem picos. É um anão dançando em cima de uma cabrita. É a Luiza que está no Canadá. Cadê a Luiza? Foi relevante e sumiu. Mas, para ter relevância, siga William Shakespeare: você tem que tocar o coração. Surpreender as pessoas. Shakespeare é bom nisso. Tem seguidores até hoje. Os filmes têm público. Tem as comédias, as tragédias. Se tocar o coração, é relevante. A blogueira da moda talvez esteja sabendo tocar o coração dessas seguidoras. Antes essa menina de Uberlândia ficaria para sempre em Uberlândia. Como eu ficaria para sempre em Ituverava. Gente – Para fechar, que livro indicaria para a maior RP do Brasil, Gisele Bündchen? Tas – Recomendo qualquer livro do Millôr Fernandes... Para Gisele, que mora nos Estados Unidos, sugiro The Call Went to the Swamp (a vaca foi pro brejo). São traduções que o Millôr fez para ditados populares brasileiros. Ela vai adorar. Sou fã da Gisele. Eu e todo mundo. Mas talvez tenha uma coisa que ela precise desenvolver melhor, que é o humor. Percebo que ela gosta. Se essa mulher começar a fazer humor, ela conquista o planeta.
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Foto Marcelo Navarro / Ag.IstoÉ
A maquiadora Vanessa Rozan apresenta seu apartamento cheio de estilo
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Design
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Garimpo
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Arte em casa
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A IMAGEM da dona
A maquiadora, professora e empresária Vanessa Rozan é uma cidadã do mundo. Mas escolheu a capital paulista como porto seguro. Em meio a palmeiras, montou um lar aconchegante e cheio de simbolismo POR LIVIA CALMON / FOTOS MARCELO NAVARRO / Ag.IstOÉ
Na sala de estar as cadeiras do designer Sergio Rodrigues em harmonia com o bufê comprado em um site de móveis antigos. Ao lado, o “cantinho da bagunça” é o lugar preferido da pequena Pina
IstoĂŠ Gente | 115
No final do corredor uma homenagem ao cineasta Alfred Hitchcock – o letreiro foi inspirado no filme Psicose. À dir., o biombo japonês incrustado de pedras foi transformado em cabeceira da cama do casal.
É como estar numa ilha no meio da cidade de concreto. Um apartamento de 100 metros quadrados esparramados na região central da cidade de São Paulo. Em cada canto a assinatura da dona, que não pediu “help” nem a um arquiteto nem a um decorador, fez tudo por intuição e curiosidade. “Eu sou autodidata.” Ela é o que se pode chamar de “fuçadora de antiquários e de feirinhas de antiguidades” e “desbravadora dos sites de decoração”. Sabe comprar, barganha, e não erra. Foi assim que um bufê da década de 50 aterissou na sala de estar onde o ar tem cheiro de angélica, a flor preferida de Vanessa. A menina que nasceu em Jales, interior de SP, estudou comunicação social e trabalhou como publicitária por seis anos, até descobrir que a dela era outra. Enxergou-se no espelho depois que fez um curso de cabelo e maquiagem, no Senac. Nascia uma das mais talentosas make-up artist do País. Porta-voz da M.A.C Cosmetics por seis anos, viajou os quatro cantos do planeta participando das semanas de moda: “Foi meu MBA.” Hoje é a bambambã da Maybelline e sócia do Liceu de Maquiagem, uma escola que oferece cursos de automaquiagem, prepara iniciantes para o mercado e aprimora aqueles que já estão aí. Ela também faz trabalhos avulsos para editorias e campanhas de moda, integra a equipe do programa “Esquadrão da Moda”, no SBT, e ainda acha tempo para ser mãe e dona de casa. Com a agenda sempre lotada, as 24 horas do dia ficam apertadas para Vanessa, que se desdobra desde que Pina nasceu há um ano e oito meses. Adepta do budismo, a profissional e suas várias faces só descansam quando a porta do apartamento se abre. “A casa é um refúgio, tem de acolher com amor todos os moradores.”
Na coleção de bichos empalhados, o pavão é o destaque
“A CAsA É uM REfúgIO, tem de acolher com amor todos os moradores” Vanessa rozan Ao lado, sobre a cadeira Geraldo de Barros, a imagem do Buda/Samurai comprada na loja “Teu É o Mundo” do artista Frank Dezeuxis. Os colares são do acervo de Vanessa
Vanessa faz aulas de balé para exercitar o corpo, sessões de ioga para acalmar o espírito e crochê para aquietar a mente. Sim, ela é uma bordadeira de mão cheia, aprendeu com a mãe, dona Vânia. “O crochê é um pequeno prazer, miniférias dentro de um dia, dentro de uma semana. Assim vou encontrando os espaços de paz.” A nossa conversa foi na sala de jantar, onde ela almoça com a pequena Pina sempre que pode e de onde gosta de observar a filha brincando, no espaço que chama de “cantinho da bagunça”. O ambiente, que também serve de escritório, é cercado de lembranças e de mimos como a coleção de máquinas fotográficas. A fotografia é um hobby que quase virou profissão. “Sempre fui apaixonada pela luz da fotografia, pela revelação, eu queria seguir essa carreira”, diz com carinho. Vanessa também é fá da taxidermia, a arte de empalhar animais, e exibe uma bela coleção, com destaque para o colorido pavão, que dá as boas-vindas aos visitantes. Essa canceriana de 33 anos é observadora, detalhista e guiada pelo amor. Seja na vida profissional, seja em casa, ela está sempre em busca de novidades. Por isso decidiu se especializar em semiótica psicanalítica, curso que desenvolve a capacidade crítica e criativa e oferece a oportunidade de reflexão sobre as complexidades da vida contemporânea. É por essa inquietação que Vanessa está sempre em metamorfose. “Gosto de mudar tudo de lugar, dar livros, trocar os móveis de posição.” E acredite: ela já está pensando em mudar de endereço!
Istoé Gente | 117
GENTE EXPLORA
Voilà St. Barth! Um pedaço de terra cercado de natureza e de luxo por todos os lados. Maythe Birman visitou pela primeira vez St. Barth, com a família, e concluiu: o lugar é a mais perfeita tradução de paraíso por Luciane angeLo
Fotos Arquivo Pessoal
O mar azul-turquesa é inspirador. A natureza e a gastronomia, predominantemente francesa, são grandes atrativos na região. A capital, Gustavia, possui um mix de lojas de luxo com tendas de artefatos locais
Istoé Gente | 119
Com apenas 25 quilômetros de extensão, a pequena St. Barth se torna um destino inesquecível para quem a visita. E não foi diferente para o empresário e dono do grupo Arezzo, Anderson Birman, a mulher, Maythe, e os filhos André e Augusto. No ano passado, a família conheceu a ilha caribenha e se encantou com a paisagem e o conforto que o lugar oferece. O território francês em pleno mar caribenho, com suas águas na cor turquesa, reserva uma natureza e uma gastronomia impecáveis. “É um dos destinos mais lindos do planeta, com natureza privilegiada, clima perfeito e energia rara”, conta Maythe. Reduto de jet-setters do mundo inteiro, o destino tem como habitués o magnata russo Roman Abramovich, a cantora Beyoncé, a top Kate Moss, o ex-jogador Ronaldo e muitos outros poderosos que garantem seus dias de dolce far niente sob o sol da ilha. E o que esse paraíso tem que atrai tanta gente? “É um conjunto: natureza, hotéis, restaurantes, lojas, ruas, praias. Tudo é impecável e charmoso”, garante Maythe. No clima de família, eles escolheram se hospedar no Hotel Saint-Barth Isle de France, cinco-estrelas recém-adquirido pelo conglomerado de luxo LVMH, em Baie des Flamands. “Ficamos nas Villas, dentro do hotel, onde você tem a privacidade de uma casa com piscina e ainda todo o serviço que o local possui. Foi bem tranquilo, um sossego só!” E para quem acha que o
destino é somente romântico, engana-se. As crianças se divertem bastante também. “Escolhemos o roteiro achando que o programa seria mais para mim e o Anderson, porém meus filhos amaram a praia e fizemos até uma pescaria improvisada em alto-mar”, diverte-se. Entre as atrações, as praias se destacam. Uma boa pedida é conhecer Shell Beach. A praia é pequena, com águas calmas e há muitas conchas na areia, onde os pais levam bastante os filhos para brincar. Saline possui um visual mais bucólico e sossegado. E, por último, Gouverneur, considerada a praia mais bonita de St. Barth, é cercada por morros, com areia branca e água clara, que muda do verde para o azul. Depois da praia, um bom passeio é conhecer Gustavia, a capital da ilha. Lá você vai encontrar lojas como Cartier e Louis Vuitton e também o comércio com artigos locais. Já que a língua oficial é o francês, a gastronomia acompanha o idioma. E, por incrível que pareça, você pode comer um belo croissant fresquinho e legítimo de café da manhã nas boulangeries Choisy ou La Petite Colombe, considerada a melhor de St. Barth. Tudo é importado da França e dos Estados Unidos diariamente. Passar dias por lá é ter o privilégio de mergulhar em um mar turquesa sob o sol caribenho e apreciar as delícias de la cuisine française. Pode-se dizer que a ilha é um pedacinho do paraíso, sim...
“É um dos destinos mais Lindos do pLaneta, com natureza privilegiada, clima perfeito e energia rara” maythe Birman
DICAS De mAythe Para comer O restaurante Bonito tem uma vista maravilhosa para Gustavia. Ele fica bem no alto da ilha. Há um DJ que faz uma seleção de músicas toda noite e o local é bom para um simples drinque ou mesmo para um jantar mais refinado. ilovebonito.com
onde ficar O Hotel Saint-Barth Isle de France, cinco-estrelas recém-adquirido pelo conglomerado de luxo LVMH, fica em Baie des Flamands. É um refúgio com uma decoração impecável, restaurantes, spas; tudo com os pés na areia. isle-de-france.com
Passeio imPerdível Vá de barco para outras praias da ilha. Há lugares lindos e não tão explorados. A praia Colombier é um exemplo. Vale a ida!
não Perca Gustavia no final da tarde. Além de visitar lojas, você vai apreciar um pôr do sol lindo.
o que levar na mala Uma coleção de rasteirinhas!
As praias mais conhecidas pelos turistas são a Gouverneur, cercada por morros; a Shell Beach, de águas calmas; e a Saline, com um visual mais bucólico. Não tem como errar: uma mais linda que a outra
Fotos Arquivo Pessoal
Viagem em família: o casal Anderson e Maythe aproveitou a viagem com os filhos André e Augusto
GASTRONOMIA
À mesa com a presidente O chef alemão Joachim Koerper já cozinhou para dezenas de autoridades, do presidente francês, Nicolas Sarckozy, ao príncipe de Mônaco, Albert II. Mas nenhuma lhe rendeu tanta dor de cabeça quanto a presidente Dilma Rousseff. Não exatamente durante o jantar no seu restaurante Eleven, em Lisboa, onde Dilma esteve numa noite fria de sábado acompanhada de uma comitiva, em janeiro deste ano. Ali, na sala reservada, a presidente só fez uma exigência ao chef: queria provar comida portuguesa. Mas, no dia seguinte, a polêmica em torno da visita presidencial deixou traumas em Koerper. “A página do Eleven no Facebook recebeu mais de 3 mil mensagens em 24 horas, gente dizendo coisas horríveis”, conta o chef. O conteúdo, em geral, era carregado de ódio, e muitos sugeriam que o restaurante fosse boicotado por ter recebido a presidente. E o Eleven foi tratado pelos jornais como “um dos mais caros de Portugal”, o que está longe de ser verdade, a despeito de a casa ostentar uma estrela Michelin. “Ganhamos esta má fama. A conta do jantar foi menos de 85 euros por pessoa (cerca de R$ 270)”, revela Koerper, pela primeira vez. Entre os pratos servi- dos, estavam brandade de bacalhau, rolinhos de presunto alentejano, cavala defumada, porco preto do Alentejo com legumes de inverno e queijos portugueses. “Os vinhos foram cortesia e cada um pagou do seu bolso, nem nota fiscal pediram”, diz.
O chef alemão Joachim Koerper, que serviu o polêmico jantar de Dilma em Lisboa, é dono de uma estrela Michelin e tem dois restaurantes no Rio, de gastronomia mediterrânea Por iNÊS garÇoNi / FOTOS EDUarDo ZaPPia Além do Eleven, o chef comanda mais dois restaurantes de gastronomia mediterrânea moderna no Rio: o Enotria, na Barra, e o Enoteca, no Centro. Ele passa 45 dias no Brasil e 45 dias na Europa. Na rotina de viagens, “que une trabalho e diversão”, tem a companhia de Cíntia, paraense com quem se casou há sete anos. “Se não fosse ela, seria impossível manter os restaurantes no Brasil. Ela me ajuda com as diferenças culturais”, diz o chef, que saiu da Alemanha aos 23 anos, morou e trabalhou na Suíça, Grécia, Áustria, Itália, França, Espanha, Portugal e, há dois anos e meio, no Brasil. Nunca mais voltou definitivamente à terra natal. De lá, guarda o sotaque e a paixão pela seleção alemã e seu time de coração, o Colônia. Koerper ama futebol, e até já escolheu seus clubes fora de casa: em Portugal, o Benfica, e no Brasil, o Flamengo. “Quero passar a Copa no Rio. Só fico triste porque vocês vão perder para a Alemanha na final”, brinca. O futebol é uma paixão tão grande que, quando o cerimonial do Palácio do Planalto pediu sigilo absoluto sobre a ida de Dilma, o chef, obrigado a avisar a equipe de que receberiam alguém muito importante, não titubeou. “Eu falei: Pessoal, o Cristiano Ronaldo vem amanhã”, conta. “Ainda não o recebi, mas já tive o prazer de cozinhar para o Juninho Pernambucano, Léo Moura, Felipe Massa, Ronaldo, Zagalo...”, enumera, sorridente. Apesar da polêmica, a clientela de brazucas no Eleven praticamente dobrou de janeiro para cá: “Cerca de 30% dos nossos clientes eram brasileiros. Hoje, depois da visita dela, subiu para quase 70%. Eles querem sentar à mesa que Dilma sentou, provar os mesmos pratos, tirar foto comigo...!”
BacalHau conFitaDo com crosta De coentro, FeiJÃo manteiGuinHa De santarÉm e molHo De vinHo tinto Do restaurante Enoteca
Para o bacalhau: 4 postas de bacalhau dessalgado; 1 litro de azeite; 200 g de feijão manteiguinha de Santarém (pode substituir por feijão-fradinho); cozinhar em água e sal até ficar macio. Temperar com azeite. Reservar Para a crosta: 100 g de farinha de pão; 50 g de manteiga; 2 colheres (de sopa) de coentro picado; 1 ovo; Sal e pimenta-do-reino a gosto; 50 g de muçarela ralada Para o molho de vinho tinto: 300 ml de vinho tinto 100 g de cebola picada 1 folha de louro 1 dente de alho com a casca 150 g de manteiga 1 colher (de sopa) de açúcar Confitar o bacalhau no azeite a 45 graus durante 12 minutos. Reservar Prepare a crosta misturando todos os ingredientes até obter uma massa pastosa. Com auxílio de uma espátula cubra apenas a parte de cima das postas de bacalhau e leve ao forno a 200 gaus para gratinar durante um minuto ou até dourar. Faça o molho de vinho tinto Em uma panela leve o vinho, cebola, louro, alho, açúcar e 50 gramas de manteiga. Reduza até 1/3 da quantidade. Retire do fogo e acrescente a manteiga. Mexa até obter um molho brilhante e espesso . Coe. Acerte o sal a gosto. Monte o prato: Disponha o molho de vinho tinto no centro do prato. Com auxílio de um aro monte o feijão manteiguinha e em cima do feijão o bacalhau. Regue com azeite e sirva.
"os clientes querem sentar à mesa que Dilma sentou, provar os mesmos pratos, tirar foto comigo.. ” Joachim Koerper
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MARCELO TAS O líder multimídia do CQC indica livros para Joaquim Barbosa, Dilma Rousseff e Gisele Bündchen
COMO O SELFIE AJUDA?
COM A PALAVRA, BLOGUEIRAS E O FILÓSOFO RENATO JANINE RIBEIRO
JOACHIM KOEPER
O CHEF PORTUGUÊS CONTA QUE A MESA DE DILMA NO ELEVEN VIROU PONTO TURÍSTICO
MARIANA XIMENES
MARIANA XIMENES aos 33 anos, ela pede tempo
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MARIANA XIMENES FOTOGRAFADA POR HENRIQUE GENDRE
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