COMO A FÉ MOTIVOU REYNALDO GIANECCHINI A VISITAR CRIANÇAS COM CÂNCER E SE ENGAJAR NA LUTA CONTRA A DOENÇA
EXCLUSIVO
Rodrigo Santoro
Ao lado, Vera na sexta-feira 30, no Rio de Janeiro
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DOIS MESES DEPOIS DE COMEÇAR A BATALHA CONTRA O ÁLCOOL E AS DROGAS, A ATRIZ RECEBE ALTA DA CLÍNICA DE REABILITAÇÃO, PLANEJA O TERCEIRO LIVRO E QUER RETORNAR ÀS NOVELAS EM 2012
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A volta de Vera Fischer
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O ator recebe Gente e fala sobre seu novo filme, Meu País, Jennifer Lopez, carreira e fama: "Já houve momentos em que pirei"
I S SN
MARCELO DE CARVALHO NA COZINHA: SÓCIO DA REDE TV! FAZ ALMOÇO PARA FESTEJAR OS 30 ANOS DE CARREIRA DE ROBERTO JUSTUS
"Não sou galã. Sou um homem"
10/OUT/2011 ANO 13 N° 630
R$ 9,90
Entrevista - Capa
“Já houve momentos
em que eu pirei” dez anos depois do filme Bicho de sete caBeças, RodRigo santoRo estRela meu país e fala à Gente soBRe fama, jennifeR lopez e a imagem de homem Bonito Aina Pinto fotos Pedro Dias/Ag. IstoÉ
enquanto posa para fotos, rodrigo santoro olha para fora da janela e assovia uma música de Cartola – “o Mundo é um Moinho”. Diz que está cansado. nos exatos 20 minutos de entrevista à Gente, a única revista do segmento com a qual conversou individualmente, em nenhum instante o ator parece disperso ou desinteressado. É um entrevistado que gosta de observar o interlocutor. ao identificar uma tatuagem que reproduz no meu braço direito uma partitura, puxa assunto sobre música. “tenho o gosto eclético, tive uma fase jazz e tenho ouvido muita ópera italiana. Comecei por causa deste filme. Meu personagem vive na Itália. Ópera não é só música. tem o clima do lugar.” santoro fala sobre seu novo trabalho, Meus País, que entra em cartaz na sexta-feira 7. responde perguntas sobre carreira, família, saudades e boatos sobre o romance com Jennifer Lopez, tudo sem mudar o humor – nem mesmo quando se dá conta de que poderia estar assistindo aos shows do rock in rio, em vez de trancado em um quarto de hotel em são paulo dando entrevistas. esse comprometimento com a profissão explica muito de como ele conseguiu ter uma das carreiras mais bem-sucedidas entre os artistas brasileiros, nacional e internacionalmente. e explica também a solteirice. “a coisa mais complicada é a falta de previsão”, diz ele, sobre a rotina de viagens mundo afora. em Meu País, santoro é Marcos, que volta da Itália para reencontrar suas origens e lidar com a família: o irmão inconsequente, tiago (Cauã reymond), e a irmã com problemas mentais, Manoela (Débora falabella). ele conta que uma das razões para aceitar o trabalho foi o fato de precisar aprender a falar italiano, já que seus avós são italianos. outra razão foi o fato de, como Marcos, santoro ter de lidar com a distância e a manutenção dos laços afetivos. o filme chega dez anos depois de Bicho de Sete Cabeças, seu primeiro filme como protagonista e pelo qual ganhou um prêmio de melhor ator no festival de Brasília – e foi vaiado por ser, então, apenas um ator de novelas. “Vai ser uma volta simbólica”, diz ele, que esteve no festival no fim de semana e tem pela frente dois projetos para televisão: Homens de Bem, um telefilme de Jorge furtado, e a série As Brasileiras.
Entrevista - Capa
Você disse que, para onde quer que vá, sua casa está sempre dentro de você. Que casa é essa? a casa é o meu mundo interno, minha vida, meus amigos, minha família, meu lugar. por mais que eu esteja fora, tenho dentro de mim a sensação de como é estar na minha casa, no rio de Janeiro, na praia. são sensações internas. essa é a metáfora do Meu País: é tudo o que a gente leva, independentemente de para onde se vá.
‘‘Sei que existem coisas que incomodam as pessoas e talvez isso (a beleza) seja uma delas’’
Por que optou por fazer um filme que expõe uma experiência que, imagina-se, seja a sua, de ser estrangeiro em todos os lugares? Mas o Marcos não tem nada a ver comigo. o único paralelo é a relação entre distância e afeto. e há essa questão de estar longe do país físico. a diferença é que ele fez essa opção, rompeu laços e foi. eu fui porque o trabalho chamou, continuo trabalhando, dando meu jeito. nesse sentido, não me identifico. Mas eu entendo a relação entre distância e afeto, da minha forma. tenho de lidar com isso, com saudade, falta de algumas coisas, das pessoas. estar longe e perto. eu vejo meu sobrinho (Frederico, de 5 anos) uma vez e, quando vou encontrá-lo de novo, ele cresceu. Mas vou alimentando essa relação. a internet me coloca em contato com eles, estou sempre conversando. e sempre que termino um trabalho eu volto para casa. Você é uma pessoa muito discreta, não costuma fazer aparições públicas que não sejam relacionadas ao trabalho. Poderia estar no Rock in Rio, por exemplo. eu iria, mas não pude, porque estou aqui. adoraria estar lá. eu costumo sair, sim. ainda mais para shows, que eu amo. queria ver Coldplay, stevie Wonder, Jamiroquai. nem me fale mais disso porque vou chorar! adoraria estar lá, curtindo com meus amigos. Nisso, então, você se parece com o personagem, um cara que assume responsabilidades e deixa a diversão para depois. sim. eu comecei a ter responsabilidade cedo. não sou precoce, mas com 18 anos já tinha meu contrato, pagava minhas contas. eu poderia ter dito que faria divulgação em apenas algumas cidades, mas vou fazer em todas porque tenho de fazer e porque tenho prazer de estar aqui fazendo isso. não é um calvário. Gosto de falar do filme. O personagem tem um relacionamento difícil com os irmãos. Como é o seu com sua irmã? tenho uma irmã, flávia. sou mais velho três anos. quando era mais novo, implicava muito com ela, coisa de irmão. agora nós nos damos superbem. sou muito próximo dela, ainda mais com essa coisa de viajar muito, com meu sobrinho. ele é o único, mas tenho primo pra caramba, um monte de criança, a família da minha mãe é enorme. Graças a Deus tem essa galera toda. É pelo fato de estar sempre viajando, sempre mudando, que você está solteiro? Não pensa em parar, em se casar? Não se sente sozinho? agora, não. estou bem como estou.
‘‘Estou bem como estou’’ Sobre a solteirice
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Entrevista - Capa
‘‘A coisa mais complicada é a falta de previsão. Não posso planejar nada. Não consigo nem marcar uma consulta no dentista, porque sempre há a possibilidade de eu viajar, e ter de arrumar o visto, é tudo uma correria’’
Santoro, em nove histórias Explode Coração (1993) Foi a primeira novela em que ele teve destaque. Antes, havia feito pequenos papéis, iniciando a carreira na tevê em Olho no Olho (1993)
Hilda Furacão
Hilda Furacão (1998) Foi o primeiro trabalho a lhe trazer reconhecimento, não apenas de público, mas de um colega de elenco especial: Paulo Autran foi a primeira pessoa a elogiar o trabalho do ator Bicho de Sete Cabeças (2001) O difícil papel de Neto, o jovem internado em um hospício, porque foi flagrado pelos pais fumando maconha, rendeu ao ator prêmios nos festivais de Brasília, do Recife e Rio de Janeiro
Bicho de Sete Cabeças
Mas a carreira internacional prejudica seus relacionamentos? É difícil de conciliar a vida pessoal, não só um relacionamento, mas a própria família. É difícil conciliar tudo. Minha irmã trabalha, é arquiteta. no domingo 2, ela tem um evento na Casa Cor. É um momento importante para ela e seria bom se eu estivesse lá. Mas eu estarei em Brasília. não é fácil. a coisa mais complicada é a falta de previsão. eu não consigo nem marcar uma consulta no dentista. sempre há possibilidade de eu viajar, e aí tem de correr atrás de visto, arrumar tudo, é uma correria. não consigo nem planejar férias. eu estava pensando nisso quando chegou o roteiro de Meu País e eu adiei o descanso. Bicho de Sete Cabeças faz dez anos... É? então, uma volta simbólica a Brasília, onde o filme foi lançado. Dez anos? nossa...
Carandiru (2003) Já nessa época, ele já havia alcançado um status que lhe dava poder de escolher seus papéis, optando pelos mais difíceis, como a travesti Lady Di, do filme de Hector Babenco
Carandiru
As Panteras Detonando (2003) O primeiro trabalho internacional de Santoro foi uma aparição no filme estrelado por Cameron Diaz, Drew Barrymore e Lucy Liu Mulheres Apaixonadas (2003) Ao mesmo tempo que iniciava a carreira internacional, fazia sua última novela vivendo Diogo, apaixonado pela prima Luciana (Camila Pitanga)
As Panteras Detonando
300 (2006) Na primeira superprodução de sua carreira, Santoro viveu o rei persa Xerxes, indicado ao MTV Movie Awards como o melhor vilão daquele ano no cinema Che (2008) O filme em duas partes de Steven Soderbergh teve o ator no papel de Raúl Castro, irmão de Fidel, interpretado por Benício del Toro
300
O Golpista do Ano (2009) Santoro emagreceu 11 quilos para interpretar um namorado do personagem de Jim Carrey que morria de Aids. O filme rendeu uma amizade com Carrey, que, quando veio ao Brasil este ano, pediu para encontrar o ator
Fotos DIVULGAÇÃO
O Golpista do Ano
Que balanço faz desses dez anos de carreira no cinema? O que significou o Bicho? antes dele, houve um trabalho que já havia me dado reconhecimento, que foi a minissérie Hilda Furacão. a Laís (Bodanzky) queria chamar o paulo autran para fazer o pai no filme. ele não pôde fazer, mas me indicou a ela. era uma época em que fazer cinema era um luxo, um sonho para qualquer ator. eu sempre adorei ver filme, desde criança e de qualquer tipo, fosse desenho animado ou ação. aí, fui publicitário, queria ser médico, até que virei ator. Um crítico de cinema apontou que não lhe deram prêmio de melhor ator no Festival de Paulínia, em que Meu País foi exibido, porque você é um galã, com carreira internacional, e há quem não goste disso. Você acredita nisso? Que um homem bonito não precisa de outro prêmio que não a própria beleza? É uma questão... sei lá o que acham... sei que existem coisas que incomodam as pessoas e talvez isso (a beleza) seja uma delas. não me considero um galã. sou um homem, o rodrigo. o que faço é atuar. esse é meu trabalho. o pedreiro constrói casas, eu conto histórias. não fico atrás dessa coisa da fama, porque ela engole, devora. eu já saquei isso há muito tempo. É muito perigoso comprar esse barato de ser importante, porque a gente fica perdido num mundo de faz de conta. amanhã, decidem não olhar quando você entra e você vai ficar deprimido, porque vive através do que o outro pensa. sempre tive muita cautela, desde que comecei a ver como era. não que isso seja um problema, um demônio, é só a estrutura da história, a falta de privacidade, as coisas que falam de você. 57
Entrevista - Capa
Agora estão dizendo que você está namorando a Jennifer Lopez, com quem filmou O Que Esperar Quando se Está Esperando? pois é. eu rio. Isso é muito previsível. ela acabou de terminar um casamento e já apontam que está me namorando, está namorando o cara que fez o clipe com ela, e mais não sei quem. Hoje em dia eu dou gargalhadas. Mas já houve momentos em que eu pirei, fiquei preocupado. quando não entendemos, começamos a achar que somos a imagem que fazem de nós. tudo fica confuso, o que é normal. É a famosa crise de identidade. por isso se veem artistas que querem aparecer o tempo todo, ou que se acabam. eu prefiro focar no meu trabalho, sair com meus amigos, ficar com a minha família, fazer as coisas de gente normal, o que eu sou.
‘‘Já houve momentos em que fiquei preocupado. Quando não entendemos (a indústria da fama), começamos a achar que somos a imagem que fazem de nós. Tudo fica confuso, o que é normal. É a famosa crise de identidade’’
Ensaio
Princesa
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do século
Ela divide apartamento e dá expediente como designer em um ateliê paulistano. Monarquista que votou no PT nas últimas eleições presidenciais, ela mora com o namorado sem ter se casado no papel. PAOLA DE ORLEANS E BRAGANÇA é princesa por direito – e moderna por princípio Bela Megale fotos André Passos
se a imagem de princesa moderna que o mundo conhece é a de Kate middleton – a duquesa de cambridge, recém-casada com o príncipe William, que faz compras no mercado e o cabelo no salão da moda em Londres –, isso é porque o mundo não conhece paola de orleans e Bragança. ok, descontado todo o exagero na comparação, o fato é que a princesa que o Brasil tem (ela é tataraneta do imperador dom pedro ii), essa sim, é pura modernidade. aos 28 anos, paola – que já foi modelo – trabalha duro: dá expediente no ateliê de joias que abriu em são paulo com duas amigas. “Às vezes, ser princesa é interpretado aqui de uma forma diferente da qual deveria ser. falam ‘paola, a princesa’, como se fosse minha profissão. eu sou designer”, esbraveja. tem mais. paola deixou o castelo onde fora criada em petrópolis (rJ) – o palácio do grão pará, residência construída junto ao antigo palácio imperial de Verão de pedro ii – para dividir um apê há um ano no bairro de Higienópolis, na capital paulista, com o namorado. e atenção: eles não são casados nem fazem menção de. o eleito é o fotógrafo belga tinko czetwertynski, filho de diplomata que já morou no país e que ela conheceu em paris. a ideia de entrar na igreja de véu e grinalda, porém, não está descartada. “Quem não tem esse sonho? além disso, é importante para minha família. acredito em envelhecer ao lado de alguém para sempre. só não sei escrever o nome dele, é muito difícil. precisaria de uma cola na hora”, brinca ela.
Vestido Ghetz, calรงa Tufi Duek e sapatos Schutz
Look Reinaldo Lourenço com sapatos acervo The Library
‘‘Às vezes, ser princesa é interpretado, aqui, de uma forma diferente da qual deveria ser. Falam ‘Paola, a princesa’, como se fosse minha profissão. Eu sou designer’’
Sem protocolo
paola também tem um lado aventureiro atípico. as sócias no ateliê, dani cury e dedé Bevilaqua, lembram de uma viagem que as três fizeram até o rio grande do norte. detalhe: de carro. “exploramos a Br toda quase. fomos sem programação, desbravando as praias. a paola é muito aberta a isso”, conta dani. a mãe da princesa confirma a personalidade da filha. “ela é alegre, comunicativa e muito criativa desde pequena. Viajar, passear e conversar com ela é um prazer. não nos cansamos nunca de estarmos juntas, quando é possível”, diz cristina de Bourbon e Bragança. Quando criança, paola lembra das cerimônias no palácio, quando a família recebia chefes de estado e autoridades do governo. “na época da votação do plebiscito sempre havia muita gente na casa. até o ex-presidente fernando Henrique cardoso esteve lá. eu tinha 7 anos, não tinha noção de quem era quem”, recorda. em tempo, paola, que defende a monarquia parlamentarista, tal como é na espanha, assume que votou no pt – Lula e dilma – nas últimas eleições presidenciais. na escola, mesmo reconhecida por sua origem, tinha tratamento igual aos demais. em 1989, porém, ela precisou se disfarçar ainda mais como uma cidadã comum para se proteger. Um primo seu fora sequestrado e ela optou por trocar o sobrenome para sapieha. somente anos mais tarde, já durante a carreira de modelo, que ela retomou sua assinatura mais nobre. enfim, uma princesa monarquista que votou no partido mais popular do país e que precisou 'esconder' seu sobrenome para não virar alvo de ladrões. tem coisa mais moderna e... brasileira? reaLiZaÇÃo The Library BeLeZa Cecilia Macedo assistente de moda Ana Carolina Barbieri assistente fotografia Ivan Pires
Ensaio
top Pedro Lourenรงo, calรงa Carina Duek e sapatos Christian Louboutin
Diversão & Arte
AVALIA ★★★★★ INDISPENSÁVEL ★★★★ MUITO BOM ★★★ BOM ★★ REGULAR FRACO
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teatro
Edson Celulari contracena com o sobrinho, Pedro Garcia Netto, na montagem de Nem um Dia se Passa sem Notícias Suas
Edson Celulari
Trabalho
em família
ROBERTO TEIXEIRA / AG.NEWS
Na pág. ao lado, em cena com o sobrinho
NA VIDA REAL, ELES são tio e sobrinho. Na peça, ora irmãos, ora pai e filho. Pela primeira vez, Edson Celulari contracena com alguém de sua família de sangue, o ator Pedro Garcia Netto. Ambos dividem o palco na montagem assinada por Gilberto Gawronski para Nem um Dia se Passa sem Notícias Suas, texto de Daniela Pereira de Carvalho centrado na relação entre Joaquim, o irmão Juliano e o filho Miguel. As lembranças se agigantam diante desses personagens, confrontados com a morte do pai de Joaquim. Celulari conta ter aceito participar da peça porque ela fala sobre superação, algo que tem a ver com seu momento pessoal, em que está se encontrando após o fim do casamento de 17 anos com Claudia Raia. O paulista de Bauru acompanhou o processo de criação da peça, que apresenta num momento de efervescência na carreira. Afinal, já tem dois projetos engatilhados na televisão (uma novela de João Emanuel Carneiro e o remake de Guerra dos Sexos) e um no teatro (a retomada da parceria com Miguel Falabella, agora em Memórias de um Gigolô).
CAMILLA COUTINHO
‘‘(Quis falar sobre superação) porque depois de 17 anos de relacionamento, eu me individualizei. É um momento de perceber como encaixar meus valores de maneira nova” Qual o elemento que mais o atraiu no texto? O fato de falar de superação, família e perdas, mas fornecendo também uma injeção de ânimo. Por que você quis falar sobre superação neste momento? Porque depois de 17 anos de relacionamento (o casamento com a atriz Claudia Raia), eu me individualizei. É um momento de perceber como encaixar meus valores de maneira nova. Mas Daniela (Pereira de Carvalho) não escreveu a peça pensando nisso. Os vínculos entre as trajetórias pessoais e os trabalhos são mais sutis. Fui ver agora Viver sem Tempos Mortos, monólogo de Fernanda Montenegro sobre Simone de Beauvoir. No final do espetáculo, ela prestou uma homenagem a Dulcina de Moraes, uma figura importantíssima do nosso teatro. E era Fernanda falando, ela que também batalhou tanto, que perdeu Fernando (Torres). Havia ali um viver sem tempos mortos, uma trajetória de superação dela. Como está sendo contracenar com o seu sobrinho interpretando o irmão dele? Na minha família não há nenhum outro artista além de mim. Pedro, que hoje está com pouco mais de 30 anos, morou durante algum tempo comigo. De repente, estava fazendo teatro amador e estudando na CAL. Depois, passou a produzir seus espetáculos. É algo que me causa orgulho. Nunca me senti tão em casa quanto nesse trabalho. Não é à toa: pela primeira vez, contraceno com um parente de sangue. Além de irmãos, fazemos pai e filho na peça. Você citou Fernanda Montenegro. Como foi trabalhar com ela em Fedra? Ela e Fernando me convidaram para Fedra. A força da Fernanda em cena é impressionante. Naquela ocasião surgiu uma amizade bacana entre nós. Lembro que, quando ela fez 80 anos, me disse: “Edson, de repente 80”. Espero que ela viva mais uns 50. Tenho em Fernanda uma referência muito grande.
Você vem trabalhando bastante com Silvio de Abreu. Levei-o para o teatro. Contei para ele uma história que tinha pensado e pedi para desenvolver uma sinopse. A partir daí, cogitei chamar pessoas para escrever o texto. Até que sugeri que ele escrevesse. Silvio viajou e, na volta, trouxe a peça pronta. Era Capital Estrangeiro. Ficamos em cartaz durante quase quatro anos. Agora ele me chamou para participar do remake de Guerra dos Sexos. E farei a novela do João Emanuel Carneiro. Como vem sendo produzir os próprios espetáculos? Não gosto muito. Foi ótimo participar de Hairspray como ator convidado. Queria só estudar convites. Mas não dá, porque não existe mercado que dê consistência a isso. É difícil contar com convites como os de Miguel Falabella e Hector Babenco (que o dirigiu na montagem de Loucos de Amor, de Sam Shepard). Muitas vezes recebo convites que não me parecem interessantes. Como foi fazer Hairspray? Uma festa. Nunca vi uma manifestação tão grande de plateia. O tema, centrado em marginalizados, era especialmente feliz. Eu fazia uma personagem relevante, mas quem cantava a maior parte das músicas – e muito bem – era Simone Gutierrez. Agora, Miguel me chamou para a versão musical de Memórias de um Gigolô (de Marcos Rey), que ele irá encenar. Quero fazer. Só precisamos ajustar agendas. Tem projetos para cinema? Comentam que farei Silvio Santos no cinema. A vida dele é muito interessante, mas nunca fui chamado para esse projeto. Gosto bastante de fazer cinema. As experiências de Inocência, Asa Branca e Ópera do Malandro foram ótimas. (14 anos) Daniel Schenker Teatro do Leblon – r. Conde Bernadotte, 26, Rio, tel. (21) 2529-7700. Até 30/10. 91
Gesto do bem Em tratamento para combater um tipo raro de câncer, REynaldo GianEcchini visita instituição que cuida de crianças vítimas da mesma doença e emociona com seu alto-astral
Thaís Botelho 34
IstoÉGente 10/10/2011 – 630
A rotinA de um certo grupo de crianças de São José dos Campos, cidade do interior paulista, foi alterada na quarta-feira 28 – e, por isso mesmo, tornou o dia inesquecível. meninos e meninas internadas no Grupo de Apoio à Criança com Câncer (GACC), acostumadas a passar o dia entre tratamentos e atividades recreativas, receberam a visita do ator reynaldo Gianecchini, também vítima da doença – um linfoma não-Hodgkin, diagnosticado em agosto. o ator, de 39 anos, surgiu de cabeça raspada e circulou por todas as alas do hospital da instituição, conversando com as crianças animadamente.
Solidariedade
‘‘Ele é um cara de muita fé, simples e de bom coração’’ disse o médium João Berbel
“ter o Gianecchini no hospital foi uma experiência inesquecível. Ver um grande artista, ainda mais num momento em que sua saúde está tão debilitada, se preocupar em ajudar o próximo com tanto amor e carinho, foi um grande exemplo de vida e de verdadeira solidariedade”, disse, emocionada, rosemary Sanz, presidente da associação. A ideia da visita surgiu por dois motivos. Primeiro, Giane, que apoia a entidade desde 2003, recebera no início do mês de setembro uma carta de um ex-paciente do GACC, matheus Henrique, de 14 anos – assinada também por outras crianças do hospital – com mensagens de incentivo ao ator no combate a sua doença. Vestindo jeans e camiseta, Giane passou cerca de três horas no local. A pedido do ator, sua privacidade foi mantida e a instituição disponibilizou seis seguranças que ficaram a postos na entrada. o outro motivo é o momento de fé em que o ator se encontra. Católico e movido por uma crença inabalável, Giane tem enfrentado o tratamento quimioterápico com surpreendente alto-astral. não raro, é visto passeando à pé pelas alamedas do bairro onde mora, os Jardins, em São Paulo. disposto, ele tem ido às sessões de quimio no Hospital Sírio-Libanês usando táxi e sempre é flagrado com um sorriso no rosto. “ele é um cara de muita fé, simples e de bom coração”, contou o médium João Berbel, que tem feito tratamentos espirituais para o ator à distância. Ainda que tenham se falado apenas no hospital, semanalmente Gianecchini recebe as preces de um grupo do centro de Berbel. É nele que os tios do ator, Fausto e roberta igualmente buscam apoio.
Gianecchini em meio as crianças do GACC, na quartafeira 28: alto-astral que cura
Fotos Fabio machado/ divulgação
Ajuda mútua
Giane também visitou o hospital do Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (Graacc) há três meses, onde participou da abertura do programa de licenciamento da marca “Sou Fã de Criança”, e tirou fotos exclusivas para a divulgação da linha de camisetas licenciadas pela malwee para a marca, cuja renda é destinada à instituição. Segundo uma amiga do ator, a visita às crianças no dia 28 fez muito bem a Giane. e, pelo que se viu no semblante dos pequenos pacientes, o bem-estar foi mútuo. “Foi lindo ver o sorriso e a alegria das crianças e jovens que receberam tanta atenção do Gianecchini. estavam animados e eufóricos”, complementou rosemary. 35
Carreira
“Gosto de ter
liberdade”
Sérgio Marone recusa rótulos e limitações. galã que já foi gordinho, ator respeitado que quase virou advogado, ele crê num futuro imprevisível e prefere curtir o hoje. inclusive em seu namoro com a bela Débora bloch Gustavo Autran fOtOS Rodrigo Picorelli/Ag. IstoÉ
Na iNfâNcia, Sérgio Marone nunca foi de jogar bola com os amigos de sua idade quando viajava de férias com a família para o Guarujá, no litoral de São Paulo. Em vez disso, preferia disputar um lugar nas rodas de carteado com os adultos e participar das conversas de “gente grande”. Para o ator de 30 anos, que interpreta o romântico Marcos de Morde & Assopra, esse traço de sua personalidade explica, em parte, sua queda por mulheres mais velhas. Desde agosto do ano passado, ele está namorando a atriz Débora Bloch, 48 anos, que esteve no ar em Cordel Encantado, até setembro. antes dela, o ator já tinha vivido affairs com Maitê Proença e a top model inglesa Naomi campbell. Discreto, ele só deixou o namoro atual vir a público durante uma temporada romântica em Nova York – três meses depois de ter trocado beijos pela primeira vez com Débora. a relação, aliás, está ótima. “O maior problema que eu tenho com ela é ter de decidir entre peixe ou carne na hora do jantar. Esse foi o nosso maior nível de discussão até agora”, revela Sérgio, que prefere morar em casa separada e confessa que ainda não se sente pronto para ser pai. Quando o assunto é relacionamento, o mais importante para o ator é viver intensamente cada momento. “Estamos pensando no agora, nunca pensando no futuro. acho que essa é a melhor maneira de viver uma relação, estando no presente”, explica. fora o namoro, Marone também tem planos de produzir um filme baseado no livro Jesus Kid, do escritor paulista Lourenço Mutarelli. Na entrevista que concedeu à Gente, ele lembra dos tempos em que pesava 110 kg e revela a sua mais nova paixão: nadar na orla do Leblon ouvindo Billie Holiday em seu MP3 à prova d’água, comprado nos Estados Unidos.
Galã, eu?
“Não gosto de nada que me limite. Gosto de ter liberdade. Então não busco essa coisa de ser galã, mas entendo que isso é consequência dos personagens que tenho feito na tevê. fixou essa imagem no inconsciente coletivo.” 38
IstoÉGente 10/10/2011 – 630
‘‘Se fosse uma traição só de desejo, eu até perdoaria. Mas uma traição em que você percebe um envolvimento emocional, aí, já acho deslealdade’’ Sobre infidelidade
Carreira Produção no cinema
“Estou planejando coproduzir um filme e atuar nele também, baseado no livro Jesus Kid, o mais pop do (escritor) Lourenço Mutarelli, feito por encomenda do (diretor) Heitor Dhalia. É um romance cult mas com pegada pop... meio tarantino. Durante esses 11 anos de carreira fiquei muito acomodado. acho que o filme vem numa boa hora de tentar conduzir mais a minha carreira e escolher com quem trabalhar.”
Conflito e depressão
“Meu pai queria que eu fizesse uma coisa mais ‘séria’ do que ser ator, tinha medo da instabilidade da carreira. Uma vez, vi um filme chamado As Duas Faces de um Crime, em que Richard Gere faz um advogado fantástico. Pensei: ‘pô, o advogado é um ator’, porque tem que convencer um júri, argumentar bem... achei que pudesse suprir a necessidade de me expressar através do direito. Mas comecei a perceber que o direito não é tão direito. Resolvi largar a faculdade e meu pai ficou p... ! fui trabalhar em uma loja no Shopping iguatemi, mas só durei um mês. fiquei deprimido e engordei 5 kg.”
De gordinho a galã de tevê
“aos 13, cheguei a pesar 110 kg. Era gordo mesmo... Na escola, ficava ouvindo piadinha, mas sempre fui bem-humorado e popular. Eu tenho problemas de peso na família. Quando viajava para o Guarujá, minha mãe comprava sacos gigantes de salgadinhos para eu comer no carro. Mas ela e minha irmã fizeram um tratamento de reabilitação alimentar e comecei a ir também. Paralelamente, passei a jogar basquete e emagrecia 1,5 kg por semana. Eu comia muito e adorava doce.”
Horta em casa
“Não sou vegetariano, mas evito glúten e planto também o que eu como. tenho uma hortinha em casa, uma cobertura na Gávea, onde tenho alface, rúcula, agrião e todos os temperos possíveis. Estou fazendo uma laje, uma espécie de jardim suspenso onde quero pôr um gramado. Quando ficar pronto, vou transferir toda a minha horta para lá. tenho pés de limão, tangerina e laranja-lima.”
Billie Holiday debaixo d’água
“Nado bastante. Uso a piscina da academia ou dou as minhas braçadas no mar do Leblon, às nove da manhã. Deixo minhas coisas num quiosque da praia e caio na água por uns 20 minutos. tenho um MP3 à prova d’água que trouxe, baratinho, dos Estados Unidos e nado ouvindo Billie Holiday.”
Mulheres maduras
“acho que a experiência de vida só agrega, desde que a pessoa saiba como tirar proveito disso. Em uma mulher como a Débora, linda, incrível, talentosa, a idade é o que menos importa. Só soma. É muito chato quando você vai jantar com uma menina e tem de ficar propondo assunto o tempo inteiro.”
Casas separadas
“acho que morar junto pode sufocar a relação. Estou descobrindo o quanto é bom você ter uma relação ao mesmo tempo intensa e de respeito à individualidade do outro. É possível você ter uma relação gostosa, confortável e continuar tendo uma certa liberdade.”
Ciúme, jamais!
“Nunca me relacionei com mulheres muito possessivas. Se você está numa relação é para viver o que ela tem de melhor. Não tem por que insistir numa relação, se você vai ficar inseguro. O maior problema que eu tenho com a Débora é quando a gente tem que decidir quando sai para jantar se vai comer peixe ou carne. Eu adoro carne, mas ela come mais peixe. Esse foi o nosso maior nível de discussão até agora, em todo o tempo de relacionamento. Estamos juntos porque a gente quer, ninguém está obrigando.”
A traição perdoável
“a gente está o tempo inteiro exposto a tentações. cabe a você optar se vale a pena avançar e deixar para trás toda a parceria e cumplicidade com a pessoa, ou se é melhor parar. cada caso é um caso. Se fosse uma traição só de desejo, eu até perdoaria. Mas uma traição em que você percebe um envolvimento emocional, aí já acho deslealdade. a gente é carne, está sujeito a essas coisas, tem carência... mas tem que saber o limite.” EDiçãO DE MODa Marco Antonio Ferraz PRODUçãO Priscilla Leal 40
IstoÉGente 10/10/2011 – 630
‘‘Numa mulher como a Débora, linda, incrível, talentosa, a idade é o que menos importa. Só soma’’
ESTILO CASA por Silviane Neno
O armário “mariage”, arrematado num leilão, é original, feito à mão pelo pai da noiva, que guardava ali o seu enxoval. Costume nas famílias provençais do século XVIII
SEGREDOS
de família
Tendo ao fundo a bela paisagem da Lagoa Rodrigo de Freitas, o apartamento da empresária Bettina Archemont imprimiu no décor um recorte da França provençal. Tudo herança dos tempos em que morou na terra natal do marido, Pierre, descendente dos Le Marie d’Archemont, um clã de antiquários da região de Marselha REPORTAGEM Ana Cora Lima fOTOs Felipe Varanda
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ESTILO CASA
Na foto maior, cadeira da Secrets de Famille, estilo século XIX. A Torre Eiffel é um relógio antigo dos anos 30. Baú chinês e caixa de madeira da Normandia. Os pássaros são esculturas feitas de argamassa
No hall, as poltronas estilo Luís XVI foram forradas com um tecido listrado, um tipo de tapete de tribos da Patagônia. Console do século XVIII. O quadro foi pintado por um amigo de Paul Gauguin, comprado na região de Marselha. Arandelas em madeiras entalhadas do século XIX. Embaixo do console, adorno de madeira do século XVIII 68
IstoÉGente 10/10/2011 – 630
Malas Louis Vuitton eram da família de Pierre, de 1910. O cachorro de madeira foi comprado no Brasil
A hisTóRiA dE BETTinA ARchEMOnT com seu apartamento carioca de ares franceses começou lá atrás, exatamente no dia em que foi ao consulado da frança providenciar os documentos para uma temporada de estudos em Paris. Ali ela conheceu Pierre. O jovem que a ajudou era do Exército francês e ali trabalhava como voluntário. como num conto de fadas, o rapaz também tinha título de nobreza, era conde d’Archemont. casados, os dois moraram na frança durante 15 anos e tiveram duas filhas. Um dos programas preferidos de Bettina nos fins de semana era acompanhar os sogros em visitas a antiquários e leilões de arte: “comecei a prestar atenção, entender, gostar da época, das peças, das madeiras, dos entalhes e aí meio que sem perceber fui incorporando esse estilo francês de decorar”, conta ela. de volta ao Brasil, Bettina já sabia que essa seria a atmosfera de sua nova morada. O apartamento, num prédio dos anos 50 meio côncavo, tinha o espaço necessário (200 metros quadrados) para o casal e as filhas. Além disso, havia outros atrativos como o pé-direito alto e a luz natural o dia todo.
Bettina preferiu manter o projeto quase todo original, inclusive o piso de tacos. Era tudo perfeito para receber móveis e objetos acumulados na temporada de bons garimpos na frança. O décor é o exemplo do provençal francês do século XViii. “O provençal perdura no tempo, eu considero atemporal. É simples e chique”, diz ela. A dona da casa é tão apaixonada pelo estilo que fez dele seu grande negócio. Ela é dona das lojas secrets de famille, no Rio e em são Paulo. “Meu objetivo é trazer um pedaço da frança para o Brasil. seus costumes, sua nobreza, história, seus móveis, seus castelos, seu romantismo.” Olhando ao redor, há bons exemplos dessa herança cultural. na sala de jantar, o armário de madeira pintado de branco é um dos típicos “mariage”. são chamados assim porque eram feitos à mão pelos pais da moça que, desde menina, já começava a guardar ali o seu enxoval perfumado com lavanda. “Quando casava, a noiva levava o armário. É uma história linda e esse armário é original. Um pai fez para uma filha e eu, felizmente, comprei em um leilão na região de Avignon, no sul da frança. há 12 anos”, conta ela. Para não criar um showroom da própria loja, ela misturou peças modernas como a mesa de centro de vidro e pés com rodízios. Poltronas e sofás foram revestidos de cru e as cores aparecem suaves em almofadas e tapeçarias. As malas Louis Vuitton de 1910 são herança de família, como o quadro de borboletas. Mas nem mesmo o flerte com o moderno põe em risco a legítima atmosfera francesa daquela casa com côté de morada classuda. É como se a frança do século XViii estivesse ali, sendo que, da janela, se vê o corcovado. 69
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