EDIÇÃO #7 MILENA TOSCANO
POMPOARISMO FOMOS À TAILÂNDIA CONHECER AS RAINHAS DA MILENAR ARTE DO SEXO
PEDE PRA SAIR! O EX-POLICIAL DO BOPE ACUSADO DE SER UM DOS MAIORES TRAFICANTES DE ARMAS DO RIO DE JANEIRO TUDO PELA ARTE A ATRIZ QUE FICOU NUA PARA FINANCIAR UM FILME INACABADO EXEMPLAR DE
ANO 1 EDIÇÃO #7 NOVEMBRO 2011 R$ 14,90
> ASSINANTE VENDA
PROIBIDA
AMAURY JR.: “PERDI A VIRGINDADE COM A EMPREGADA”
NOVEMBRO 2011
AMAZÔNIA EM CHAMAS A INCRÍVEL BRIGADA DE INCÊNDIO DOS ÍNDIOS DO XINGU
A JOIA DO PIEMONTE ROGÉRIO FASANO ACABA COM OS MITOS DA TRUFA BRANCA E MAIS: MARIO BERNARDO GARNERO ENTREVISTA O MIDAS DE HOLLYWOOD, OS ZOOLÓGICOS DOS CARTÉIS MEXICANOS, O FILME QUE REVOLUCIONOU O SNOWBOARD E AS DJS MAIS GATAS DO BRASIL
A FINA ESTAMPA DE
MILENA TOSCANO
A ATRAÇÃO FATAL DA SEDUTORA WANESSA DA NOVELA DAS NOVE
Editorial Conselho Colaboradores Entrevista Zoológico do tráfico Lá em casa Chave de cadeia O Midas de Hollywood Moda Ícones de estilo Pratos exclusivos Vinhos Toys for boys Beleza Corpo e mente Ao ar livre Depois do expediente Vivi Mascaro Pornopopeia Flashback
08 15 18 60 74 88 100 102 106 112 118 120 124 130 132 136 138 150 152 154
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EDIÇÃO #7 MILENA TOSCANO
POMPOARISMO FOMOS À TAILÂNDIA CONHECER AS RAINHAS DA MILENAR ARTE DO SEXO
PEDE PRA SAIR! O EX-POLICIAL DO BOPE ACUSADO DE SER UM DOS MAIORES TRAFICANTES DE ARMAS DO RIO DE JANEIRO TUDO PELA ARTE A ATRIZ QUE FICOU NUA PARA FINANCIAR UM FILME INACABADO EXEMPLAR DE
ANO 1 EDIÇÃO #7 NOVEMBRO 2011 R$ 14,90
> ASSINANTE VENDA
PROIBIDA
AMAURY JR.: “PERDI A VIRGINDADE COM A EMPREGADA”
NOVEMBRO 2011
AMAZÔNIA EM CHAMAS A INCRÍVEL BRIGADA DE INCÊNDIO DOS ÍNDIOS DO XINGU
A JOIA DO PIEMONTE ROGÉRIO FASANO ACABA COM OS MITOS DA TRUFA BRANCA E MAIS: MARIO BERNARDO GARNERO ENTREVISTA O MIDAS DE HOLLYWOOD, OS ZOOLÓGICOS DOS CARTÉIS MEXICANOS, O FILME QUE REVOLUCIONOU O SNOWBOARD E AS DJS MAIS GATAS DO BRASIL
A FINA ESTAMPA DE
MILENA TOSCANO
A ATRAÇÃO FATAL DA SEDUTORA WANESSA DA NOVELA DAS NOVE
STATUS TAMBÉM NO IPAD, NO FACEBOOK E NO TWITTER WWW.REVISTASTATUS.COM.BR
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APPROACH
Gastronomia, festas, viagens, cinema, literatura, tecnologia, comportamento e os segredos do bem viver
TOP SECRET
Status conversou com as rainhas do pompoarismo, a milenar arte do sexo, na Tailândia
VAI ENCARAR?
A história do ex-policial do Bope acusado de ser um dos maiores traficantes de armas do Rio de Janeiro
ESPECIAL
A brigada anti-incêndio criada pelos índios do Xingu para proteger a Amazônia
ENSAIO CAPA A atriz Milena Toscano, a Wanessa da novela das oito, mais fatal do que nunca
GASTRONOMIA Rogério Fasano, o precursor das trufas brancas no Brasil, desmistifica a valiosa iguaria
SANGUE-FRIO O filme sobre snowboard mais nervoso que já foi feito
8
novembro 2011
EDITORIAL
Editorial
A C A D A E D I Ç Ã O D E S TAT U S , fazemos um exercício interno que acreditamos ser extremamente rico. Passamos as reportagens para que todos leiam antes de serem publicadas – não apenas o autor e o departamento de revisão, mas também os outros editores que não participaram do processo de produção. Assim, sem qualquer ligação com a matéria, é possível fazer críticas com isenção, se colocando no papel do leitor. E, enquanto escrevia este editorial, escutei uma conversa, entre os jornalistas que fazem a Status, que me deixou satisfeito. Um disparou para o outro: “Olha, não me interesso por snowboard, mas a sua matéria me deu vontade de ver esse documentário.” A reportagem em questão é de autoria do editor Piti Vieira, que conseguiu pôr no papel a emoção e a adrenalina do recém-lançado filme The Art of Flight, uma produção sobre o esporte na neve com manobras e tomadas nunca vistas. Essa é mais uma entre as várias reportagens instigantes que você encontrará nesta revista. Ao folheá-la, provavelmente, terá aquela gostosa sensação de querer ler cada seção, cada matéria, e devorar os ensaios sensuais. Isso é reflexo de um conjunto equilibrado, que mescla sensualidade com reportagem de primeira. A editoria Top Secret, marcada pelo erotismo, é representada pelo universo do pompoarismo. E fomos à Tailândia para desvendar essa milenar arte sexual que predomina nos países do Oriente. Para quem busca reportagens mais fortes, apresentamos toda a história do ex-policial do Bope, Mauro Lopes de Figueiredo, acusado de ser “o se-
nhor das armas” do submundo do Rio, e também um mergulho no parque do Xingu, onde os índios criaram uma brigada para conter o fogo que se alastra pela região. O ensaio de Milena Toscano, a sedutora atriz da novela das nove, Fina Estampa, acrescenta a pimenta que faltava a esse cardápio. Some a isso, os elegantes textos de Nirlando Beirão e a colaboração de Mario Bernardo Garnero, que entrevistou Gianni Nunnari, um dos mais bemsucedidos produtores de Hollywood, em Montecarlo. O grand finale fica com a brilhante colaboração do restaurateur Rogério Fasano, que acaba com todos os mitos ao redor das trufas brancas do Piemonte. Uma degustação: “Este ano a trufa está muito boa. Já ouviu isso? É besteira. Trufas não têm safra melhor ou pior, como o vinho tem. Ano bom significa apenas fartura; ano ruim, escassez”, diz Fasano. Outra: “A tal caça às trufas que algumas agências de turismo promovem no Piemonte são para inglês – e, eventualmente, brasileiro – ver. Já caí nessa. Não existe a menor possibilidade de, em duas horas, no escuro da madrugada, um cão farejar um quilo de trufas e fazer, assim, a felicidade do tartufaio e o encanto dos turistas. A trufa já estava lá, escondidinha, pronta para o show off.” Quer ver mais? As próximas páginas são um prato cheio. CARLOS SAMBRANA
EDITOR E DIRETOR RESPONSÁVEL DOMINGO ALZUGARAY EDITORA CÁTIA ALZUGARAY PRESIDENTE EXECUTIVO CACO ALZUGARAY diretor editorial CARLOS JOSÉ MARQUES diretor editorial-adjunto LUIZ FERNANDO SÁ
diretor de projeto Nirlando Beirão diretor de redação Carlos Sambrana editores Bruno Weis, Fabrícia Peixoto e Piti Vieira editora de imagem Ariani Carneiro diretora de arte Renata Zincone editores de arte Cinthia Behr e Pedro Matallo designer Evelyn Leine Gargiulo colaboradores
fotografia agência istoé
apoio administrativo projeto gráfico tratamento de imagens e pré-impressão copy desk e revisão operações
produção Michelle Kimura textos Leão Serva, Rogério Fasano, Sérgio Ramalho, Eduardo Petta, Mario Bernardo Garnero, Luís Marcelo Nunes, Natália Mestre, Priscilla Portugal, Reinaldo Moraes, Suzana Borin, Tom Cardoso, Vanessa Barone e Vivi Mascaro ilustrações Arthur Fajardo, Christian Toledo, Manuela Eichner e Olavo Costa fotos Carol da Riva, Frederic Jean, Rogério Assis, Rogério Cassimiro e Vitor Shalon consultoria tipográfica Ariel Cepeda e Billy Bacon/Boldº_a design company fontes Dalton Maag e Yomar Augusto editor executivo Cesar Itiberê editor Max GPinto repórteres fotográficos Adriano Machado, João Castellano, Massao Goto Filho (Rio), Pedro Dias e Rafael Hupsel gerente Maria Amélia Scarcello secretária Terezinha Scarparo assistente Cláudio Monteiro auxiliar Lucio Fasan Renata Zincone (colaborou Sergio Cury) Retrato Falado Giacomo Leone, Lourdes Maria A. Rivera, Mario Garrone Jr., Neuza Oliveira de Paula e Regina Grossi diretor Gregorio França gerente geral Thomy Perroni assistentes Luiz Massa, André Barbosa e Fábio Rodrigo operações Lapa Paulo Paulino e Paulo Sérgio Duarte coordenador Jorge Burgatti analista Cleiton Gonçalves assistente sênior Thiago Macedo assistentes Aline Lima e Bruna Pinheiro auxiliar Caio Carvalho atendimento ao leitor e vendas pela internet Dayane Aguiar LOGÍSTICA E DISTRIBUIÇÃO DE ASSINATURAS coordenadora Vanessa Mira coordenadora-assistente Regina Maria assistentes Denys Ferreira, Karina Pereira e Ricardo Souza
marketing
diretor Rui Miguel gerentes Débora Huzian e Wanderley Klinger redator Thiago Zanetin diretor de arte Charly Silva assistentes de marketing Marciana Martins e Marina Bonaldo
assinaturas
diretor Edgardo A. Zabala diretor de vendas pessoais Wanderlei Quirino supervisora de vendas Rosana Paal diretor de telemarketing Anderson Lima gerente de atendimento ao assinante Elaine Basílio gerente de trade marketing Jake Neto gerente geral de planejamento e operações Reginaldo Marques gerente de operações e assinaturas Carlos Eduardo Panhoni gerente de telemarketing Renata Andrea gerente de call center Ana Cristina Teen gerente de projetos especiais Patricia Santana CENTRAL DE ATENDIMENTO AO ASSINANTE: (11) 3618-4566. De 2ª a 6ª feira das 9h às 20h30 outras capitais 4002-7334 demais localidades 0800-7750098
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diretor nacional José Bello Souza Francisco diretor de publicidade Maurício Arbex secretária da diretoria de publicidade Regina Oliveira gerentes executivos Eduardo Nogueira, Erika Fonseca, Fabiana Fernandes, Katia Bertoli e Luiz Sergio Siqueira executivas de publicidade Priscila Brisquiliari e Rita Cintra assistente de publicidade Valéria Esbano coordenadora adm. Maria da Silva assistente adm. Daniela Sousa gerente de coordenação Alda Maria Reis coordenadores Gilberto Di Santo Filho e Rose Dias contato publicidade@editora3.com.br RIO DE JANEIRO/RJ: diretor de publicidade Expedito Grossi gerentes executivas Adriana Bouchardet, Arminda Barone e Silvia Maria Costa coordenadora de publicidade Dilse Dumar. Fones: (21) 2107-6667. Fax: (21) 2107-6669 BRASÍLIA/DF: gerente Marcelo Strufaldi. Fone: (61) 3223-1205/3223-1207. Fax: (61) 3223-7732. SP/Campinas: Mário Estellita - Lugino Assessoria de Mkt e Publicidade Ltda. Fone/Fax: (19) 3579-6800 SP/Ribeirão Preto: Andréa Gebin–Parlare Comunicação integrada Av Independência, 3201 -Piso Superior-Sala 8 Fone: (16) 3236-0016/8144-1155 MG/ BELO HORIZONTE: Célia Maria de Oliveira – 1ª Página Publicidade Ltda. Fone/Fax: (31) 3291-6751 PR/CURITIBA: Maria Marta Graco – M2C Representações Publicitárias. Fone/Fax: (41) 3223-0060 RS/PORTO ALEGRE: Roberto Gianoni – RR Gianoni Comércio & Representações Ltda. Fone/Fax: (51) 3388-7712 PE/RECIFE: Abérides Nicéias – Nova Representações Ltda. Fone/Fax: (81) 3227-3433 BA/SALVADOR: Ipojucã Cabral – Verbo Comunicação Empresarial & Marketing Ltda. Fone/Fax: (71) 3347-2032 SC/FLORIANÓPOLIS: Paulo Velloso – Comtato Negócios Ltda. Fone/Fax: (48) 3224-0044 ES/Vila Velha: Didimo Benedito – Dicape Representações e Serviços Ltda – Fone/Fax: (27) 3229-1986 SE/ARACAJÚ: Pedro Amarante – Gabinete de Mídia – Fone/Fax: (79) 3246-4139/9978-8962 Internacional Sales: GSF Representações de Veículos de Comunicações Ltda - Fone: 55 11 9163.3062 – e-mail: gilmargsf@uol.com.br
marketing publicitário diretora Isabel Povineli gerente Maria Bernadete Machado coordenadora Simone F. Gadini assistentes Ariadne Pereira, Laliane Barreto e Marília Trindade 3PRO diretor de arte Victor S. Forjaz redator Alessandro de Araújo
INSTITUTO VERIFICADOR DE CIRCULAÇÃO
A Revista Status é uma publicação mensal da Três Editorial Ltda.. Redação e Administração: Rua William Speers, 1.088, São Paulo/SP, CEP: 05067-900. Fone: (11) 3618-4200 – Fax da Redação: (11) 3618-4324. São Paulo/SP. Sucursal no Rio de Janeiro: Av. Almirante Barroso, 63, sala 1510 Fone: (21) 2107-6650 – Fax (21) 2107-6661. Sucursal em Brasília: SCS, Quadra 2, Bloco D, Edifício Oscar Niemeyer, sala 201 a 203. Fones: (61) 3321-1212 – Fax (61) 3225-4062. 2016 não se responsabiliza por conceitos emitidos nos artigos assinados. Comercializaçãoe distribuição: Três Comércio de Publicações Ltda, Rua William Speers, 1.212, São Paulo - SP. Distribuição exclusiva em bancas para todo o Brasil: FC Comercial e Distribuidora S.A., Rua Dr. Kenkiti Shimomoto, 1.678, Sala A, Osasco - SP. Fone: (11) 3789-3000 Impressão: Prol Editora Gráfica Ltda. Av. Luigi Papaiz, nº 581/CEP 09931-610, Diadema/SP
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novembro 2011
Conselho
O TIME DA STATUS Todo mês, nossos conselheiros vão se reunir e discutir os assuntos mais relevantes para o nosso leitor e antecipar tendências ao redor do mundo
PAULO BORGES Empresário, diretor criativo do Fashion Rio e idealizador e diretor criativo do SPFW, semana de moda que conquistou o status de figurar entre as cinco mais importantes do mundo.
MARCUS ELIAS Dono da gestora Latin America Equity Partners, é especialista na recuperação de companhias em dificuldades. Adepto da meditação, faz duas horas de esporte por dia.
MARCOS CAMPOS Ele é sócio do club Disco e do bar Numero, ambos em São Paulo, e do Praia Cafe de la Musique, em Florianópolis. Também coordena a consultoria MC2 Managing Ideas.
MARIO BERNARDO GARNERO Arquiteto de negócios no mundo inteiro, traz o traquejo cosmopolita do pai, Mario Garnero, do Grupo Brasilinvest, e do avô Baby Monteiro de Carvalho.
VIVI MASCARO Colunista social do portal iG, circula nas mais disputadas festas. Adora reuniões informais com amigos e relaxa quando assiste a bons filmes ou pratica seu esporte preferido: pedalar.
FERNANDA BARBOSA Ex-modelo, é hoje uma das principais relações-públicas do Brasil quando o assunto é balada. Também é colunista da revista ISTOÉ Gente e tem paixão por viagens, cinema e vinhos.
JOÃO PAULO DINIZ O empresário investe em cultura, entretenimento, gastronomia e esporte. Compete em maratonas e triatlos ao redor do mundo, com mais de 50 provas no currículo.
PAULO KAKINOFF Presidente da Audi Brasil, é o mais jovem executivo a liderar uma das filiais da marca alemã. Adora escutar Rolling Stones e praticar snowboard.
ALBERTO HIAR Conhecido como Turco Loco, foi deputado estadual e vereador. Hoje comanda a grife de streetwear Cavalera e é sócio da V.Rom e da The Jeans Boutique.
ANUAR TACACH Ele é sócio da InvestPromo, empresa com participação nas agências Pepper, Led, Setter, Zicard e Retail. No tempo livre, corre maratonas e ainda toca guitarra.
ERNESTO SIMÕES O empresário é um dos donos da Ecman, companhia do setor de óleo e gás, e fundador da holding Petro Energy. Nas folgas, curte surfar ao redor do mundo.
Caco Alzugaray Carlos José Marques
Luiz Fernando Sá Nirlando Beirão
Carlos Sambrana José Bello
CONSELHO INTERNO
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novembro 2011
Colaboradores
CO CO LA LA BOBO BO RARA RA DO DO LEÃO SERVA
EDUARDO REZENDE
Um dos mais talentosos jornalistas de sua geração, Leão trabalhou e dirigiu alguns dos principais jornais do País, escreveu livros e cobriu guerras. Fotógrafo amador, casado e pai de três filhos, é o autor do relato sobre a ameaça do fogo no Parque Indígena do Xingu, nossa reportagem especial desta edição.
ROGÉRIO ASSIS
O fotógrafo paraense de 46 anos trabalhou nos principais jornais brasileiros e é colaborador de vários veículos internacionais. Atualmente é editor-executivo da Revista Pororoca, sobre a Amazônia, e trabalha com a questão indígena desde 1989. São suas as imagens da matéria especial desta edição sobre como os índios do Xingu estão enfrentando o aumento do fogo na reserva localizada em Mato Grosso.
Referência no mundo fashion, esse carioca sabe fotografar mulheres como poucos. Seu portfolio é cheio delas, seja em editoriais de moda, em campanhas publicitárias ou em ensaios sensuais. É dele a lente responsável pelo brilhante trabalho de capa com a atriz Milena Toscano.
EDUARDO PETTA E CAROL DA RIVA
ROGÉRIO FASANO
ARTHUR FAJARDO
Arquiteto de formação, esse paulista virou um especialista em artes gráficas. Trabalhou nos principais veículos de comunicação do País e hoje desenvolve trabalho pessoal de gravura, pintura e colagem. Nesta edição, ele emprega seu talento na criação do mapa da seção Status Global.
Não há como falar de alta gastronomia e fina hotelaria sem mencionar o nome desse paulistano de 49 anos de idade. À frente do Fasano, ele criou o principal grupo de luxo do Brasil e, nesta edição, conta com propriedade como é a caça às trufas brancas de Alba, conhecidas como as pérolas do Piemonte.
Uma das duplas mais aventureiras do jornalismo brasileiro está na estrada desde 1997 publicando seus textos e fotos nas principais revistas do Brasil. Atualmente, o casal mora em Bali, na Indonésia, base para viagens e reportagens na Ásia. E foi lá, mais especificamente na Tailândia, que o jornalista e a fotógrafa investigaram o mundo do pompoarismo com exclusividade para esta Status.
VITOR SHALOM
Esse talentoso brasiliense morou dois anos em Milão, onde trabalhou com as principais publicações de moda, e acaba de voltar ao Brasil. Com bom gosto e ousadia, clicou a atriz Nelly Trindade no ensaio “Depois do Expediente”.
RES RES FOTOS ARQUIVO PESSOAL
APPRO CH
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novembro 2011
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APPRO CH AS COISAS BOAS DA VIDA
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24 status global 26 esquenta 28 de bar em bar 32 passaporte 34 água na boca 36 perigo 38 ignição 39 poder 40 design 42 o cara 43 lado B 44 play 46 projeção 47 entrelinhas 48 redenção 50 meninos e meninas 52 versus 54 brinquedos 56 desejo 58 caiu na rede foto Mert Alas & Marcus Piggott/Pirelli Calendar/ Pirelli editorial handout
APPRO CH
status global esquenta de bar em bar passaporte água na boca perigo ignição poder design
24
novembro 2011
global
Ideias, tendências e o que acontece de mais legal no mundo
Por Bruno Weis
Paraty •
Paisagem cinematográfica
Toronto • Telhado verde é lei Os benefícios da construção de jardins e hortas em telhados de edifícios – melhor escoamento das águas das chuvas, equilíbrio térmico, ambientes mais frescos e novas áreas de lazer, além da produção de alimentos – são tantos que a cidade canadense transformou a técnica sustentável em lei. Desde o ano passado, novas construções ali devem contemplar espaços no topo para árvores e plantas – atualmente cerca de 135 prédios na cidade contam com alguma cobertura verde. E o número deve aumentar.
A histórica vila do litoral fluminense não para. Depois de hospedar badalados encontros sobre literatura e fotografia, agora em novembro a cidade promove seu 4º Festival Internacional de Cinema. O evento inclui lançamentos de novos filmes, retrospectivas de grandes nomes da sétima arte, premiações e debates com atores e cineastas. Os organizadores do evento estão ainda reformando o cinema local, que deverá voltar a funcionar em breve. www.festivaldecinemadeparaty.com.br
Antártida • Rúgbi no gelo Quito
• Olha o passarinho
Uma das modalidades de turismo que mais crescem no mundo é a de observação de pássaros. Nessa seara, o Equador, com sua incrível diversidade de aves, é o destino: no pequeno país sul-americano são encontradas 1,6 mil espécies de pássaros, mais da metade de todas que colorem os céus da América do Sul. Nos roteiros elaborados pelas agências de viagem, os visitantes podem explorar as florestas aos pés dos Andes em roteiros de um a três dias, acompanhados por guias e especialistas em pássaros. Só não pode esquecer a câmera. www.metropolitan-touring.com
A mais inusitada partida de rúgbi do mundo ocorre em uma plataforma de gelo no Polo Norte. E envolve grande rivalidade: os times, um neozelandês e outro norte-americano, formados por moradores e funcionários de bases de pesquisa instaladas no continente gelado, enfrentam-se todo ano desde 1985. Detalhe: assim como no rúgbi profissional, a supremacia é totalmente dos ilhéus, os “Ice Blacks” venceram todas as partidas disputadas até hoje. Os americanos estão realmente numa fria.
Madri • O templo dos coquetéis Os amantes da coquetelaria têm um bom motivo para dar um pulo na capital espanhola: conhecer The Cocktail Room, um dos mais completos endereços da Europa para estudar a produção de destilados finos, ler grandes tratados sobre bebidas, experimentar drinques clássicos ou moleculares e se aprofundar no quase infinito universo da mixologia. Tudo isso nos múltiplos espaços do lugar, que concentra escola, laboratório, biblioteca, loja e, claro, um bar. www.thecocktailroom.es
Taichung
• Vila colorida
A terceira maior cidade da ilha de Taiwan tem mais de dois milhões de habitantes e um segredo: uma pequena vila colorida, com casas, muros e ruas pintadas por artistas locais com motivos tradicionais e algo pop. O refúgio vem atraindo turistas e visitantes pelo seu clima de alegria e tranquilidade, oferecendo um respiro para quem quer fugir da correria da grande cidade.
juba • Virando a página Um livro pode ajudar o futuro do mais novo país do mundo, o Sudão do Sul, que conquistou a independência em julho deste ano. É o best-seller O que é o quê? (Companhia das Letras, 2008), do americano Dave Eggers, que conta a história do refugiado sudanês Valentino Deng. O sucesso da obra fez com que Eggers e Deng fundassem uma escola em uma aldeia da nova nação, onde hoje mais de 350 jovens se preparam para mudar a realidade de um dos países mais miseráveis do planeta. Personalidades como Bill Clinton e George Clooney já manisfestaram apoio ao projeto. www.valentinoachakdeng.org
sydney • Pedalando com estilo Para os criadores da loja de aluguel de bicicletas The Rumble Vintage, não basta apenas pedalar – é preciso pedalar com muito estilo. A loja, com unidades em Melbourne e na maior cidade australiana, Sydney, faz o que diz o nome: oferece magrelas antigas e conservadas para aluguel diário, semanal ou mensal. Tem bicicleta de passeio, feminina, urbana, de corrida e mountain bikes, e todas vêm com dez marchas e são acompanhadas por capacete, luzes de segurança, cadeado e mapa da cidade. http://thehumblevintage.tumblr.com IlusTrAção ArThur FAjArdo | FoTos dIvulgAção | dAve hAney/lAndrover
APPRO CH
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26
novembro 2011
esquenta
Baladas, festas e clubs do mundo
A VEZ DELAS A PRESENÇA DE MULHERES DJS TORNA-SE CADA VEZ MAIS CONSTANTE NA NOITE BRASILEIRA
Cada vez mais as mulheres DJs invadem clubs e festas Brasil afora. Tanto que já ganharam até apelido: DJanes ou DJeias. Em alta nas noites, as beldades agora dispensam o papel de hostess para dominar o posto que comanda a balada e que fica atrás dos CDJs e pick-ups. Algumas mostram diversidade e talento; outras mostram até demais. Selecionamos algumas damas que discotecam estilos diferentes de música e que vale a pena conferir.
House fino Cris Proença já foi modelo e hoje investe em outra carreira, a de DJ. Ela produz e toca algumas de suas músicas (house, deep house e progressive house) e é a única mulher à frente do quadro de sócios do grupo Kiss & Fly e Buddha-Bar Brasil, onde também comanda o som. Cris já tocou ao lado de renomados DJs como Fatboy Slim, Cedric de St. Tropez, Sthéphane Pompougnac (DJ e produtor do Hotel Côstes de Paris) e Bob Sinclar. ONDE: avenida Presidente Juscelino Kubitschek, 2.041, São Paulo www.kissandflyclub.com.br www.buddhabarsp.com.br
Deu certo
Em turnê
Na pista
Muito conhecidas na noite paulistana, Giuliana Viscardi e Renata Chebel aceitaram um convite para discotecar juntas; gostaram e não pararam mais. As duas se apresentam sob o codinome SRY (abreviação da palavra sorry) mensalmente no bar Squat, em São Paulo, e em outras festinhas cool da cidade. Aliado ao bom gosto musical da dupla, que toca soul, funk, groove e disco, quem está na pista pode esperar surpresinhas como J.Lo e até sucessos do “muso” Lulu Santos. ONDE: alameda Itu, 1.548, São Paulo www.barsquat.com.br
Tudo começou com uma brincadeira entre amigas que simpatizam e compartilham da mesma diversão. As DJs potiguares Fam Matos, amante da vertente electro house, e Nati Bandeira, apaixonada pelo trance europeu, resolveram criar o projeto Deux Chansons para tocar só house progressivo. A iniciativa deu certo e atualmente a dupla vem buscando seu reconhecimento viajando pelo Brasil. ONDE: para saber onde elas tocam, visite o site www.djfammatos.com.br
Desde o ano passado, o projeto Garotas do Roque mostra que o toque feminino pode ter também “mão pesada” e assumir a cabine do DJ com muito rock, suas inúmeras vertentes e um pouco de música pop também. As DJs residentes Paula Micchi (DjClub), Karen Bachega (Blog Ferozes FC), Denise Lopes (Milo Garage) e Andreia Rocha & Marina Lomaski (Roquete) se revezam no comando das pick-ups do Container Music & Arts, onde costumam agitar a pista. ONDE: rua Bela Cintra, 483, São Paulo www.containermusicart.com.br
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novembro 2011
de bar em bar Os melhores ambientes e bebidas
DO FOGÃO PARA O BALCÃO
CALDO DE CARNE, LEGUMES, VERDURAS, DEFUMAÇÃO, FLAMBAGEM... INGREDIENTES E TÉCNICAS CULINÁRIAS ENTRAM NA RECEITA DE DRINQUES EXÓTICOS E BEM INUSITADOS
Com todo o respeito à tradição, inovar é preciso. É o que muitos dos melhores bartenders e mixologistas vêm pregando para justificar suas novas cartas de coquetéis, com drinques à base de ingredientes diferentes e técnicas modernas, muitos dos quais provenientes da gastronomia. Um dos mais classudos bares de São Paulo, o do novo Rodeio do Shopping Iguatemi, famosa casa de carnes paulistana, por exemplo, abriu as portas com três novos coquetéis: o Bullshot, à base de caldo de carne feito artesanalmente pela churrascaria, o Gilda, feito com infusão de pepino e pérolas de vodca (pequenas esferas com a bebida), e o Roberto, uma mistura de Bourbon com infusão de presunto cru e suco de tomate. Aprigio Vieira, barman que há 30 anos trabalha na casa, segue este espírito para assinar o Drinque Status desta edição (receita ao lado). Muitas inovações, claro, são inventivas releituras. O martíni feito com flores de hibisco flambadas, uva e manjericão, do novíssimo gastrobar paulistano Noh é um exemplo. Pablo Moya, embaixador da vodca Grey Goose e um dos sócios do Noh, apresenta aqui as novas tendências da mixologia mundial em quatro drinques exóticos que você poderá provar em breve em seu bar. Confira:
CLAIR THE LIGHT: mistura de vodca com aroma de pera, salsão e coentro picados e suco de limão-siciliano
TOUCH OF PURPLE: vodca flambada com flor de hibisco seca, uvas verdes, manjericão, mel e suco de limões siciliano e taiti INGREDIENTES: • 60 ml de vodca • 40 ml de suco de tomate • 30 ml de molho de carne tipo barbecue • 5 gotas de suco de limão • 2 pitadas de sal • 10 ml de molho inglês • 4 gotas de tabasco
DRINQUE STATUS
POR APRIGIO VIEIRA COQUETEL GREY GOOSE VODCA MARTINI: leva vodca, vermute seco, suco de alcaparra e inserção a vácuo da bebida em uma fatia de pepino
GREY GOOSE BOTANIC TIMES: vodca, erva-doce, gengibre, limãosiciliano, licor yellow chartreuse, pimentajamaicana, água com gás e defumação de alecrim
MODO DE PREPARO Coloque os ingredientes em uma coqueteleira e chacoalhe. Coe a mistura vertendo para um copo alto com bastante gelo. Orne com um talo pequeno de salsão.
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novembro 2011
passaporte
Hotéis e viagens para seduzir
o charme de Trancoso
QUE VENHA 2012!
OS DESTINOS MAIS QUENTES DO PAÍS – TRANCOSO, FERNANDO DE NORONHA E BÚZIOS – QUE PROMETEM FERVER DURANTE A VIRADA DO ANO
O vIlAreJO bAIAnO deve bOmbAr COm FestAs PrIvAdAs e gente bOnItA
PrAIA eXCLUSIvA
PArAÍSo NATUrAL
Localizada na Praia dos Nativos, em meio à Mata Atlântica, a pousada Estrela D’Água promete um ritmo mais tranquilo e comida de primeira. Ao todo, são 20 suítes com serviço personalizado, sete bangalôs equipados com piscina privativa ou jacuzzi na varanda e a suíte duplex, essa com uma vista magnífica para o mar. O local é famoso por sua festa de fim de ano, sempre recheada de globais. Este ano o evento terá ceia da chef Morena Leite, do restaurante local Capim Santo, além de pistas com DJs e queima de fogos na praia. Temporada: R$ 45,5 mil (dez dias nos bangalôs) Convite: R$ 650 (com ceia) ou R$ 250 (festa e bebidas) www.estreladagua.com.br
A Praia de Itapororoca deve ser o hype da temporada em Trancoso. O destino ficou supervalorizado quando o jogador Ronaldo resolveu construir uma casa de veraneio na região. Outro habitué é o ator americano Matthew McConaughey, que elegeu o destino para surfar. A dica é se hospedar no luxuoso Etnia Clube de
Mar, pequeno hotel com casas de frente para o mar, concièrge à disposição e um delicioso restaurante do tipo pé-na-areia. Com um Réveillon sofisticado e privado, a casa é uma boa pedida para quem procura uma festa mais intimista. Temporada: entre R$ 26 mil e R$ 50 mil (sete dias). www.clubedema.com.br
Noite de azaração A festa do Taipe é conhecida por ter a maior concentração de mulheres bonitas por metro quadrado – leia-se beldades como a top Isabel Goulart e a atriz Fernanda Paes Leme (foto). A bela praia é o pano de fundo para a festa que chega a sua 12ª edição e espera receber duas mil pessoas. Mas o esquema é concorrido: para ter direito à compra do ingresso é preciso ir à festa Etnia Disco Party, uma espécie de pré-réveillon, no dia 29 de dezembro, no badalado clube Para-Raio. Lá você recebe uma senha que dá acesso à compra do ingresso para a festa da virada. Ingressos: a partir de R$ 400 www.pararaiotrancoso.com.br
A boa em Fernando de Noronha nO belíssImO ArquIPélAgO, eventOs PArA tOdOs Os gOstOs
ANo-Novo ZeN
Para quem deseja um fim de ano introspectivo, uma opção é a Pousada Maravilha, na praia da Baía do Sueste. Todos os quartos têm vista para o mar, camas king-size e lençóis egípcios. Neste ano, a comemoração (para os hóspedes) terá como tema o Ano-novo Indonésio, com decoração inspirada em Bali e som baixinho. A ceia incluirá comidas exóticas, como pato cozido na folha de bananeira, harmonizadas com vinhos selecionados pelo sommelier Manoel Beato. Temporada: De R$ 34 mil a R$ 58,9 mil (oito dias) www.pousadamaravilha.com.br
eNdereço dA Ferveção
A Pousada Zé Maria, uma das mais famosas da região, espera mais de mil convidados para a sua tradicional festa de Ano-novo. O evento promete um verdadeiro banquete – a ceia contará com mais de 40 tipos de pratos, entre quentes e frios. Além disso, serão montadas duas pistas de dança nas quais quatro DJs se revezarão nas pick-ups. O forró deve dar o tom da noite, já que o tema deste ano será “Cordel
Búzios sempre O bAdAlAdO bAlneárIO é um destInO sem errO nO réveIllOn
Champanhe rolando solta
A Praia da Ferradura, uma das mais bonitas de Búzios, abriga o hotel-butique Insólito. O espaço é pra lá de charmoso, com quartos decorados em homenagem à cultura brasileira, recheados de obras de arte e livros sobre música, literatura, arte e moda. A festa de Ano-novo invadirá todas as dependências do hotel e incluirá um jantar gourmet, uma garrafa de champanhe Veuve Clicquot e som variado com DJs no lounge. O valor dos ingressos ainda não foi definido. Temporada: a partir de R$ 17,7 mil (sete dias) www.insolitos.com.br
Micareta da virada O Breezes Búzios Resort, na praia de Tucuns, vai usar o universo da mágica como inspiração para a festa deste ano: será montado um circo, com direito a tendas e picadeiro. O evento terá dois espaços: a área Geribá, com finger foods, sobremesas e algumas bebidas à vontade, e a área Tucuns, com um menu um pouco mais elaborado, além de uísque 12 anos e vodca importada. A virada será embalada pelo som da banda Asa de Águia. Ingressos: R$ 680 (mulheres) e R$ 850 (homens) www.superclubs.com.br
Asa Branca – 100 anos de Luiz Gonzaga”. Vale dizer que o Réveillon da Zé Maria é fechado aos hóspedes e aos convidados da casa e atrai celebridades nacionais e internacionais. Diárias: em média R$ 4 mil (bangalôs) www.pousadazemaria.com.br
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perigo
Homem na cozinha
Por Bruno Weis
PARA O ROBALO NÃO VIRAR ROUBADA APRENDA COM A BELA CHEF LUIZA HOFFMANN COMO PREPARAR UM FILÉ DE PEIXE GRELHADO TÃO SIMPLES QUANTO SABOROSO Quando a chapa esquenta, fique frio e encare a missão de preparar um dos pratos mais simples e saborosos dos sete mares: um filé de peixe grelhado, preferencialmente um robalo, cuja carne alta e firme é ideal para que cozinheiros de primeira viagem não queimem o filme diante do fogão. A jovem e viajada cozinheira Luiza Hoffmann, que rodou o mundo para trabalhar com alguns dos mais aclamados chefs do planeta, como o espanhol Martin Berasategui (três-estrelas no Guia Michelin) e Alex Atala, considerado o melhor do Brasil,
OLHO NO OLHO
Como o prato é simples, o segredo é o peixe ser bem fresco. Para isso, tem que ir à feira e virar “família” dos feirantes. Fique de olho nos olhos do bicho, que não podem estar secos, foscos ou queimados, sinal de muito tempo no gelo. A guelra tem que ter cor vermelho-sangue, bem escuro. Ah, e nem cogite pedir filé de peixe que esteja sem a cabeça.
abriu há poucos meses, em São Paulo, seu próprio restaurante, o Figo (www. figogastronomia.com.br). A chef é daquelas mulheres que acreditam que, muitas vezes, na mesa como na vida, menos pode ser mais. Para Luiza, um bom filé de peixe fresco não precisa de muita coisa para tornar-se um jantar inesquecível. Tanto é que, na cozinha multicultural do seu Figo, o robalo grelhado com risoto de banana-da-terra é um dos carros-chefe. Aqui ela ensina o bê-á-bá para que seu robalo não vire nenhuma roubada.
CHAPA QUENTE
SÓ NA MANTEIGA
Depois de temperar o filé com sal, limão e pimentado-reino dos dois lados, coloque-o em uma chapa ou frigideira com teflon bem aquecida e besuntada com azeite. Atenção: a chapa tem que estar bem quente, para realmente “selar a carne”. Depois de grelhar por cerca de 2 minutos cada lado, diminua para fogo médio e tampe.
Uns oito minutos de cozimento em fogo médio devem ser suficientes para seu peixe ficar no ponto, mas fique atento, pois o tempo depende da potência da chama e da altura do filé. Para finalizar, jogue uma colher de manteiga (aquelas temperadas com ervas são ideais) e corrija o sal. Uma saladinha ou um arroz benfeito são suficientes para acompanhar.
FOTOS THIAGO BERNARDES | KATIUSKA SALES | SHUTTERSTOCK
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Os brinquedinhos dos sonhos
O NOVO VOO DA LAMBORGHINI A Lamborghini Aventador LP 700-4 veio para surpreender os aficionados por velocidade. Seu nome já entrega o jogo: Aventador foi um lendário touro da década de 90, considerado o animal mais nervoso que já batalhou na Plaza de Toros de Zaragoza. Além disso, a
montadora italiana garante que se trata da Lamborghini mais rápida já fabricada. E, se para você ainda não é o bastante, seu desenho ficou ainda mais luxuoso com as portas asa de gaivota. A fera chega ao Brasil já no fim do mês, ou seja, é só esperar para levantar voo.
TRASEIRA “NERVOSA” O design pontiagudo, inspirado em projetos aeronáuticos, e as rodas de liga leve – aro 19 na dianteira e aro 20 na traseira – deixam o esportivo com aparência mais agressiva. Apenas quatro mil unidades foram fabricadas, todas com direito a customizações.
FEITA PARA DECOLAR O motor V12 de 6,5 litros entrega 700 cavalos de potência à nova Lamborghini, que possui ainda câmbio automatizado com sete marchas. O veículo é muito leve para o seu porte – seu peso total é de 1.575 kg – graças à alta tecnologia adotada em sua fabricação, como o chassi feito em fibra de carbono e as suspensões em alumínio.
O CÉU É O LIMITE POTÊNCIA ACELERAÇÃO VELOCIDADE MÁXIMA PREÇO ESTIMADO
700 cavalos de 0 a 100 Km/h em 2,9 segundos superior a 350 Km/h R$ 3 milhões
ESPORTIVO COM CONFORTO O interior revela um carro extremamente confortável. Ele vem com bancos de couro, cinco air bags, computador de bordo e volante com comandos multifuncionais. Ainda possui sistema multimídia, bluetooth e itens de segurança, como controle de estabilidade e sistema de monitoramento da pressão dos pneus.
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poder
Quem tem, quem quer ter
OS GIGOLÔS E O MUNDO CORPORATIVO Existem gigolôs e gigolôs, assim mesmo em itálico. Os gigolôs tradicionais são aqueles sem muito charme, mas que conseguem tirar rapidamente o que podem de suas presas. A segunda categoria, a dos gigolôs de estirpe, lança mão de estratégias sedutoras para perdurar por longos períodos, sugando o que podem de mulheres ricas e indefesas. Pois, nos últimos anos, dois desses tipos sem escrúpulos estremeceram o mundo corporativo. Recentemente, a francesa Liliane Bettencourt (2), 88 anos, maior acionista do grupo de cosméticos L’Oréal e dona de uma fortuna de US$ 20 bilhões, foi interditada pela filha Françoise Bettencourt-Meyers. Motivo: entre 1990 e 2000, Liliane teria dado 1 bilhão de euros para o bon-vivant e fotógrafo FrançoisMarie Banier (1), quase 30 anos mais novo, que teria se aproveitado de sua incapacidade mental.
O donjuán da terceira idade, um típico gigolô de classe, teria ganhado quadros de Picasso e de Matisse e até uma ilha no arquipélago de Seychelles. Nessa história, só mesmo Liliane se deu mal – o fotógrafo continua vivendo nababescamente com os presentinhos conquistados com “muito esforço”. Há outros, porém, que acabam com a corda no pescoço. É o caso do suíço Helg Sgarbi (4), que, em 2008, foi preso. O safado fisgou a alemã Susanne Klatten (3), herdeira da BMW e dona de US$ 16 bilhões, num esquema bem sujo. Filmou as peripécias entre quatro paredes com a mulher, casada e mãe de três crianças, e passou a chantageá-la. No começo, extorquiu 7,5 milhões de euros. O gostinho pelo dinheiro, entretanto, falou mais alto e, quando tentou tirar mais, foi denunciado e preso. Susanne, antes reclusa, viu seu nome nas páginas policiais.
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FOTOS AP PHOTO/MICHEL SPINGLER | FRANCOIS DURAND/GETTY IMAGES | ROLAND WEIHRAUCH | AP PHOTO/MICHAEL DALDER
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Arte e decoração
Por Fabrícia Peixoto
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TRÊS EXPOSIÇÕES QUE VALEM (MUITO) A PENA
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O que Miles Davis, Charles Chaplin e OSGEMEOS têm em comum? Além da genialidade, os três são temas de ótimas exposições neste fim de ano
2 OSGEMEOS
Os univitelinos Gustavo e Otávio Pandolfo – também conhecidos como OSGEMEOS – abrem em Vila Velha, no Espírito Santo, a exposição Fermata (1), com obras inéditas. A ideia desses dois grafiteiros de renome internacional foi criar um espaço lúdico e interativo, que chame a atenção principalmente de crianças e adolescentes. Além das pinturas, os visitantes poderão conferir uma escultura gigante, espécie de caixa de música em forma de mulher. A mostra fica no Museu do Vale até o dia 12 de fevereiro. Tel.: (27) 3333-2484.
Um vídeo caseiro, em que Charles Chaplin (1889-1977) brinca com os filhos fazendo algumas das peripécias que o deixaram famoso no cinema, é uma das atrações da mostra Chaplin e a sua imagem (3), até o dia 27 de novembro no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. A exposição traz 200 imagens, além de trechos de seus filmes e alguns bastidores, como um gravado durante as filmagens de O grande ditador (1940). O visitante vai perceber, por exemplo, que o personagem Carlitos nem sempre foi um sujeito tristonho. Nos primeiros filmes, era trapaceiro e antipático. Tel.: (11) 2245-1900. MILES DAVIS
Depois de passar por Paris, Montreal e Rio de Janeiro, chega a São Paulo a mostra Queremos Miles! (2), sobre a trajetória de Miles Davis (1926-1991). A exposição é considerada a maior já feita sobre o jazzista americano, com 300 peças que vão desde instrumentos musicais até partituras e roupas. Organizado pelo Cité de la Musique, o projeto foi montado num espaço de 600 m2 no Sesc Pinheiros, em São Paulo, combinando imagem e som para contar a história do músico. Até o dia 25 de janeiro. Tel.: (11) 3095-9400.
EFEITOS ESPECIAIS
Você já tem uma câmera de lomografia? Não? Então trate de entrar na moda. Lomografia é como se chama a fotografia analógica feita a partir de máquinas de plástico e, portanto, com poucos recursos. O resultado são imagens de alto contraste e muitas vezes distorcidas, com uma cara retrô. As próprias câmeras são estilosas, como a Rip Curl Eyefish, que dá às fotos o efeito olho de peixe. Preço: R$ 249 www.lomography.com.br
DISFARCE PERFEITO
Quer uma churrasqueira na varanda, mas não tem onde guardar o trambolho? Uma solução é o Hot-Pot, da inglesa Black+Blum. O vaso de plantas esconde um recipiente que comporta o carvão e a grelha, tudo bem pequeno – o que faz da peça uma opção ideal para poucos convidados. Preço: US$ 124 www.black-blum.com
Paris X New York O mais novo projeto do designer gráfico Vahram Muratyan é do tipo simples e inteligente. Nascido em Paris, mas morando em Nova York, ele se inspirou nas diferenças e rivalidades entre as duas metrópoles para criar uma série de desenhos bemhumorados. Cada quadro é formado por um dueto de imagens, sempre usando símbolos conhecidos das duas cidades, como os cineastas Godard e Woody Allen. Todas serão reunidas em um livro, que será lançado em março, mas algumas foram colocadas à venda na internet em formato de pôster. http://parisvsnyc.blogspot.com FOTOS DIVULGAÇÃO
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o cara
Por que ele é invejado
BRUNO DE LUCA O EX-GORDINHO DE MALHAÇÃO CONDUZ UM DOS MAIS BACANAS PROGRAMAS DE VIAGEM DA TEVÊ E DE QUEBRA CONQUISTOU O CORAÇÃO DE UMA DAS MULHERES MAIS BELAS DO PAÍS O ex-gordinho do seriado Malhação cresceu e apareceu: virou um dos apresentadores de tevê mais simpáticos e populares do País com seu Vai pra onde?, programa do canal Multishow pelo qual viaja o mundo descobrindo lugares inusitados e pessoas interessantes. Bruno também é ator e repórter do programa da Rede Globo Vídeo show e amigo de muitas estrelas da constelação global. No último Rock in Rio, por exemplo, estava ao lado de Luciano Huck e Angélica na fila do gargarejo do show de Ivete Sangalo – a cantora inclusive o cumprimentou carinhosamente quando desceu do palco. A cena, dizem, provocou a ira do todo-poderoso diretor da emissora, Boninho, que teria se irritado ao flagrar o apresentador simplesmente curtindo o show em vez de estar trabalhando. Mais do que levar dura do chefe mala, porém, o que conta pontos para o paulistano com pinta de carioca boa gente é ter conquistado o coração da terceira mulher mais bela do mundo, a Miss Brasil 2011, Priscila Machado.
PRISCILA MACHADO A gaúcha de 25 anos foi eleita este ano Miss Brasil, derrotando outras 26 beldades e ainda ficou em terceiro lugar no concurso Miss Universo, com medidas que beiram à perfeição: 53 quilos, 1,80 m de altura, 90 cm de busto, 60 cm de cintura e 90 cm de quadril. FOTOS GUILHERME LARA CAMPOS/FOTOARENA | AGNEWS
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A outra versão da história
TIRANDO ONDA
ACIMA: BUDDY, O PENTACAMPEÃO DO SURF DOG E PRIMEIRO A ENTRAR PARA O HALL DA FAMA. NA ÚLTIMA EDIÇÃO, EM SETEMBRO, FORAM 80 PELUDOS BRIGANDO PELO CAMPEONATO
Eles não passam parafina nos pelos (ainda), mas nem por isso fazem feio como surfistas. E não são poucos: na última edição do Surf Dog, na praia de North Beach, Califórnia, nada menos que 80 cães caíram na água. Nessa competição, ganha o pet que pegar o maior número de ondas em um intervalo de 15 minutos, sem levar caldo. Os donos podem dar uma forcinha, mas só até certo ponto: cabe a eles entrar com o cão no mar e empurrar a prancha até o fim da arrebentação. A partir dali, os peludos seguem surfando sozinhos. Alguns têm a manha de pegar a onda de costas para a praia, façanha que rende pontos extras e alguns ohhhs! do público. O ídolo dessa galera é Buddy, um jack russel terrier de 14 anos (algo como 98 anos na escala humana). Apesar da idade avançada, o cãozinho venceu cinco das seis edições do Surf Dog e entrou para o hall da fama do esporte. Praticamente um Kelly Slater de quatro patas.
FOTOS AFP / ROBYN BECK | DIVULGAÇÃO
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Discos, shows e o que mais interessar no mundo da música
AMOR SEM SUCESSO
Por Piti Vieira
Depois que o casal ícone do rock, Thurston Moore e Kim Gordon, da banda americana Sonic Youth – que se apresenta no festival SWU no dia 14 deste mês –, decidiu colocar um fim em seu casamento de 27 anos, decidimos selecionar alguns ex-casais de cantores e cantoras que a gente gostaria que nunca tivessem se separado
THURSTON MOORE E KIM GORDON Moore, 53 anos, e Gordon, 58, são dois dos três membros originais da banda Sonic Youth e casaram-se em 1984, quatro anos após a formação do grupo. “Acho que foi amor à primeira vista”, escreveu Gordon na sua autobiografia. “Os dois pediram respeito pela sua privacidade e não querem fazer quaisquer comentários”, diz o comunicado do Beggars Group, empresa que integra a Matador Records, editora da banda.
MICK JAGGER E MARIANNE FAITHFULL O casal frequentava os lugares mais badalados do mundo. Exibindo atitude e subvertendo todas as ordens. Marianne conheceu Mick Jagger em meados dos anos 60, numa festinha organizada por Andrew Oldham (empresário dos Stones). Jagger e Faithfull namoraram até 1970. Ela teve, na época, uma enorme influência sobre Mick. Algumas das canções escritas por ele são em sua homenagem, como Wild horses.
JUSTIN TIMBERLAKE E BRITNEY SPEARS Os dois se conheceram quando faziam parte do elenco do programa de tevê Clube do Mickey e namoraram de 1999 até 2002. Em entrevista à revista Vanity Fair, Justin confessou que não fala com Britney há quase dez anos, desde que romperam o namoro. No videoclipe de Cry me a river, lançado logo após o rompimento, o cantor recrutou uma figurante parecida com a ex e deixou claro que ela tinha sido infiel.
LISA MARIE PRESLEY E MICHAEL JACKSON Lisa Marie Presley conheceu Michael Jackson (1958-2009) aos 7 anos, quando foi levada por seu pai, Elvis Presley, ao camarim do Jackson 5 para conhecer o então vocalista da banda, à época com 17 anos. Em 1994, 19 anos depois, os dois se casaram em uma cerimônia secreta. Eles se divorciaram em 1996, apesar de ela afirmar que ainda era próxima de Michael. Quem sabe se eles tivesse reatado ele ainda estaria vivo.
JACK WHITE E KAREN ELSON Jack White se divorciou da baterista do White Stripes, Meg White, em 2000, época que a banda estava decolando. Jack se casou com a modelo britânica Karen Elson em 2005. Eles tiveram dois filhos, mas se separaram este ano, com uma celebração. No convite, o casal convocava: “Por favor, nos ajudem a celebrar esse aniversário de união e desmanche da união sagrada do matrimônio com nossos melhores amigos e animais”.
LAURYN HILL E WYCLEF JEAN A briga do casal não só azedou a relação como acabou com a banda deles, o The Fugees. Wyclef namorou Lauryn até 1996, quando ela conheceu o filho de Bob Marley, Rohan Marley, que hoje namora a modelo brasileira Isabeli Fontana. Wyclef diz que sente pena de Lauryn Hill e que ela precisa de cuidados psiquiátricos. “Ela nem sempre foi assim, mas se alguém tem um ego tão grande e continua alimentando esse ego, o resultado só pode ser monstruoso.” FOTOS NNONONONO
PARECE, MAS NÃO É. SERÁ MESMO?
Papai era punk O que acontece quando uma geração de figuras que muito contestaram o sistema, as regras da sociedade e os valores da família viram pais? Combinando imagens de arquivo com raras entrevistas pessoais em casa, o documentário The F Word é um passeio da revolução punk às lições e experiência que vêm com a criação de uma família. Sem deixar de lado os ideais da juventude, Brett Gurewitz (Bad Religion), Mark Hoppus (Blink-182), Flea (Red Hot Chili Peppers), Fat Mike (NOFX), Greg Hetson (Bad Religion), Lars Frederiksen (Rancid) e Jim Lindberg (Pennywise) mostram como estrelas rebeldes se adaptaram à vida de papai.
Logo depois da abertura ao público da sua exposição em Nova York, The Asia Series, realizada mês passado, Bob Dylan viu-se no centro de uma polêmica: os trabalhos da sua exposição eram uma reprodução de obras já existentes? As dúvidas surgiram de alguns fãs que perceberam inúmeras semelhanças entre as pinturas do músico e conhecidas fotografias de vários autores, como por exemplo, Henri Cartier-Bresson e Léon Busy. A exposição definia-se como sendo um “jornal visual das viagens (de Dylan) feitas ao Japão, China, Vietnã e Coreia” com “representações em primeira mão de pessoas, cenas de rua, arquitetura e paisagens”. Esta não é a primeira vez que Dylan é acusado de plágio. Em 2001, as letras das canções dos álbuns Love and theft e Modern times foram colocadas em dúvida por se aproximarem de obras de vários escritores americanos.
PALHINHA A cantora Wanessa revela suas preferências musicais e outras curiosidades Música favorita do ano passado: I gotta feeling, do Black Eyed Peas. Três músicas antigas favoritas: Como nossos pais, da Elis Regina, Blowing in the wind, do Bob Dylan, e Concrete jungle, do Bob Marley. Artista novo favorito: Adele e a banda Zé Maria. Minha colaboração dos sonhos: Já realizei. Gravei com a Rita Lee. Último grande show a que assisti: Shakira. Equipamento musical ou instrumento favorito: piano. Loja de discos favorita: Colony, na Times Square, em Nova York. Disco preferido que comprei: Femme fatale, da Britney Spears. Melhor cidade para se apresentar: Em São Paulo, no Citybank Hall, e no Rio, no Canecão. A coisa mais estranha que já recebeu de um fã: uma calcinha jogada no palco. Meu toque de celular: Sticky dough, minha nova música.
FOTOS MICHAEL LOCCISANO/GETTY | JOEL RYAN/AP | DIVULGAÇÃO | REPRODUÇÃO
agenda OS SHOWS IMPERDÍVEIS DE NOVEMBRO PEARL JAM A turnê da banda passa por São Paulo, no Estádio do Morumbi, nos dias 3 e 4; pelo Rio de Janeiro, na Apoteose, no dia 6; em Curitiba, no Estádio do Paraná Clube, no dia 9; e em Porto Alegre, no Estádio Zequinha, no dia 11. SWU O festival acontece nos dias 12,13 e 14, em Paulínia, interior de São Paulo. RINGO STARR O ex-Beatle inicia a turnê brasileira no dia 10, no Ginásio do Gigantinho, em Porto Alegre; nos dias 12 e 13, no Credicard Hall, em São Paulo; no dia 15, no Citibank Hall, no Rio de Janeiro; no dia 16, no Chevrolet Hall, em Belo Horizonte; no dia 18, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília; e no dia 20, em Recife, no Chevrolet Hall.
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Os bastidores da sétima arte
Por Tom Cardoso
CLAUDIO ASSIS, O FRANCO ATIRADOR
DVD O HOMEM AO LADO
A fase do cinema argentino é tão boa quanto a do seu melhor jogador, Lionel Messi. Dirigido por Mariano Cohn e Gastón Duprat, O homem ao lado narra a história de um prestigiado designer industrial, que tem sua rotina alterada depois que o vizinho resolve iniciar uma grande reforma. Não tem Ricardo Darín no elenco (o Wagner Moura deles), mas tem Jerônimo Carranza na direção de fotografia, premiada no Festival de Sundance.
O diretor pernambucano Claudio Assis, dos premiados Amarelo manga (2002) e Baixio das bestas (2006), continua desafiando o coro dos contentes. Seu novo filme, Febre do rato, estreia em março do ano que vem, mas já arrebatou prêmios importantes – só no Festival de Paulínia foram oito estatuetas. O sucesso não fez Assis baixar a guarda. Ele continua batendo abaixo da linha da cintura. Você ganhou oito prêmios no Festival de Paulínia. Está pronto para passar de diretor marginal a diretor de sucesso? Comigo não tem essa. Não faço parte dessa corja do cinema nacional. Veja os argentinos, fazendo filmes de grande qualidade sem as lentes apontadas para os Estados Unidos. O José Padilha vai filmar Robocop... Pois é. Uma babaquice. E os caras não entendem que os americanos é que dominam essa coisa de fazer cinemão. O máximo que vão conseguir é rodar uma cópia benfeitinha. E se o seu filme for indicado para concorrer ao Oscar de melhor filme estrangeiro? Isso nunca vai acontecer. E, se acontecer, eu não vou. Nunca. Pode me cobrar. CALADO PARA SEMPRE
COM AS ORELHINHAS DE FORA Michelle Pfeiffer está para a MulherGato assim como Marlon Brando estava para Don Corleone. Nesse meio-tempo surgiu até Halle Berry – nada que desbancasse a loiraça. Mas a nova Mulher-Gato promete arrasar. Escalada para Batman – O cavaleiro das trevas ressurge, que estreia no Brasil em julho de 2012, a bela Anne Hathaway foi flagrada por um paparazzo com o traje completo da personagem. Uma novidade no figurino da gata: os óculos de alta tecnologia se transformam em orelhas felinas quando colocados para cima.
Depois de falar bobagens em série no Festival de Cannes (“Eu entendo Hitler. Eu simpatizo um pouco com ele”), pedir desculpas e ser convocado para depor, o diretor Lars von Trier tomou uma decisão: nunca mais irá falar em público nem concederá entrevistas. Bravo!
ERYK ROCHA: GÊNIO OU CHATO? É ainda muito cedo para saber se o cineasta Eryk Rocha herdou o talento do pai, Glauber Rocha (1939-1981). Mas logo na estreia de seu primeiro longa de ficção, “Transeunte”, no Festival de Biarritz, na França, Eryk, 33 anos, mostrou que sua obra será tão controvertida quanto a do pai, o maior expoente do cinema novo. Parte da plateia aplaudiu de pé, antes de o filme acabar, a “estética original” do jovem diretor. A outra metade foi embora após 20 minutos de exibição.
FOTOS DIVULGAÇÃO | LEONARDO LARA/DIVULGAÇÃO | ROGÉRIO ALBUQUERQUE/DIVULGAÇÃO | ZENTROPA PR/MARKETING
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Tudo sobre o mundo da literatura
SAI ZÉ PEQUENO. ENTRA NOEL ROSA. O escritor Paulo Lins, autor do romance Cidade de Deus, adaptado para o cinema com estrondoso sucesso por Fernando Meirelles, trocou a violência urbana pela doçura do samba carioca. Ele lança em breve Desde que o samba é samba, livro que se passa no Rio de Janeiro, no período entre 1928 e 1931, época da criação da primeira escola de samba carioca, Deixa falar. A obra sai pela Editora Planeta. O QUE ESTOU LENDO? ANDRÉ MIDANI (PRODUTOR MUSICAL)
Estou lendo “Os Khazares”, de Arthur Koestler. O livro é genial por abordar de uma forma inteligente o império Khazar, povo turco que prosperou entre os séculos VI e XI e adotou o judaísmo como religião.
O menino Zuenir “Se soubesse que era tão bom fazer 80 anos, teria feito antes.” Zuenir Ventura contraria, na prática, a máxima de Jorge Amado (“A velhice é uma merda”). O escritor de Cidade partida e 1968 – O Ano que não terminou nunca se divertiu tanto quanto em 2011. Participou de todas as comemorações e homenagens, mas não deixou que a farra atrapalhasse a sua produtividade. Ele conversou com a coluna. Jorge Amado dizia que ficar velho é uma merda. Você está aí para comprovar o contrário... Oscar Niemeyer aos 103 anos também diz o mesmo, mas prefere continuar por aí. É que a alternativa possível é pior, é a morte. Enquanto puder vivenciá-la com saúde, não tenho vontade de trocá-la pela “outra vida”, mesmo sabendo que do lado de lá a religião promete o paraíso. Tem vontade de escrever uma continuação de Cidade partida, sobre o processo de revitalização do Rio? O primeiro passo está sendo dado, que é a expulsão dos traficantes e a libertação dos territórios tomados pelos bandidos. Quem sabe em 2014, quando faz 20 anos de Cidade partida, eu possa escrever algo como um “Cidade unida”.
NÃO PERCA
A biografia de Carlos Marighella
São quase dez anos de trabalho, de intensa pesquisa. O repórter Mário Magalhães entrevistou 231 pessoas, vasculhou arquivos e levantou documentos para escrever a biografia definitiva de um dos mais controversos personagens da história brasileira: Carlos Marighella (19111969). O livro sobre o político e guerrilheiro, morto a tiros pelos homens do delegado Sérgio Paranhos Fleury, está pronto e sai no começo de 2012 pela Companhia das Letras. FOTOS LEANDRO PIMENTEL/AGENCIA ISTOE | DIVULGAÇÃO | REPRODUÇÃO ARQUIVO
São quatro livros em um só. “Zuckerman Acorrentado” (Companhia das Letras, 552 páginas, preço médio R$ 49) reúne três romances protagonizados pelo mais famoso personagem de Philip Roth (e seu alter ego): o escritor judeu Nathan Zuckerman. Uma coletânea perfeita para entender o processo de decadência de Zuckerman, que não achava a velhice uma merda, e sim uma tragédia irreversível.
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Fotógrafos incríveis e suas mulheres maravilhosas
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Morrer de prazer O fotógrafo canadense Will Santillo teve uma ideia, no mínimo, ousada: fotografar mulheres de todos os tipos e todas as idades atingindo o orgasmo ou, “a pequena morte”, como ele gosta de chamar. Difícil capturar essas imagens com tanta naturalidade? Não para ele, que imortalizou as cenas no livro La Petite Mort, da editora Taschen. O fotógrafo deixou suas personagens à vontade e pediu que elas dirigissem o momento como se fosse uma cena de cinema. E começou a clicar. O resultado aparece nas imagens que ilustram esta página, de uma sexualidade explícita, mas não vulgar e nada óbvia.
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O que elas pensam de nós
POR VANESSA BARONE
CONQUISTAMOS, O que elas pensam de nós MAS QUEREMOS SER CONQUISTADAS Nós mulheres já conquistamos quase tudo. Somos presidentes, altas executivas, cientistas de prestígio, engenheiras competentes, juízas destemidas e outras tantas coisas que há algumas décadas pareciam que nunca estariam ao nosso alcance (o escritor Nelson Rodrigues, por exemplo, duvidava da nossa capacidade intelectual para sermos jornalistas). Pois é, a batalha foi árdua. Entre um supermercado e uma feira, entre a entrada e saída das crianças da escola, depois do pilates e antes da manicure, fomos galgando os degraus que nos separavam de vocês. Não por inveja ou qualquer coisa assim (não me venha com esse papo, sr. Freud). Mas para provar que podíamos ir além da copa e da cozinha, que apesar de boas parideiras também tínhamos tino para os negócios, a cultura, a ciência e as artes. Ficar restritas a um único papel era pouco para nós.
e podemos dizer que está dando tudo certo. Não precisamos provar mais nada para vocês. Já vocês, ainda têm algumas coisinhas a aprender conosco. Entendam: não é porque ganhamos bem e discursamos na ONU que deixamos de ser o seu sexo oposto. O que significa que não colocamos a mão na graxa, não levamos o carro na oficina, não perseguimos ratos pela casa nem carregamos as sacolas mais pesadas. Se estivermos de saltos altos, queremos parar na porta do restaurante. Se tivermos feito escova no cabelo, não vamos entrar no mar, não importa a temperatura da areia. Queremos flores quando não for nosso aniversário, gentilezas ao pé do ouvido depois de um dia estressante e nem um “pio” sobre a quantidade de sapatos que acumulamos. Na intimidade, vocês podem (e devem) nos tratar como fêmeas e esquecer quanto somos podero-
ENTENDAM: NÃO É PORQUE GANHAMOS BEM E DISCURSAMOS NA ONU
QUE DEIXAMOS DE SER O SEU SEXO OPOSTO. O QUE SIGNIFICA QUE NÃO COLOCAMOS A MÃO NA GRAXA,
NÃO LEVAMOS O CARRO À OFICINA,
NÃO PERSEGUIMOS RATOS PELA CASA, NEM CARREGAMOS AS SACOLAS
MAIS PESADAS. Hoje, ainda ouvimos comentários machistas sobre nosso desempenho ao volante, nossos dias de TPM ou sobre o comprimento de nossas saias. Os comerciais de cerveja ainda nos tratam como troféus, mas isso a gente nem considera. Se vocês não conseguem ficar sóbrios para ver que estão perdendo de goleada, não é problema nosso, certo? Então, levamos tudo na esportiva, com a ajuda da ioga, da terapia, das reprises de Sex and the city ou dos antidepressivos – cada uma encontra a sua fórmula. Vamos que vamos
sas. Até porque, embora pareça o contrário, não queremos competir, mas unir forças com vocês, sem preconceitos ou papéis rígidos. Vão trocar as fraldas do bebê e deixem a gente discutir o orçamento do encanador. Ou que seja o contrário. Desde que vocês nunca mais esqueçam que podemos tudo, mas queremos ter escolhas.
FOTO ANA VITALE
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versus
Rivalidade saudável
AS MORENAS DE ALMODÓVAR A espanhola Elena Anaya acaba de assumir um dos postos mais cobiçados do mundo do cinema: o de musa do diretor Pedro Almodóvar. É dela o papel de destaque em A pele que habito, a mais recente obra do premiado cineasta espanhol. Elena chega para substituir a belíssima Penélope Cruz, até então a preferida de Almodóvar, com quem trabalhou em quatro filmes. Ambas são espanholas, morenas e mandam muito bem nas cenas picantes. Mas não são parecidas em tudo... Confira.
Penélope Cruz 37 anos, espanhola da região de Madri. Tem 48 filmes no currículo, com destaque para Volver (2006), de Almodóvar.
Oscar de melhor atriz coadjuvante em Vicky Cristina Barcelona (2008), de Woody Allen, além de três Goya. Em Jamón Jamón (1992), ainda aos 16 anos, na pele de uma vendedora gostosa que se atraca com Raul (Javier Barden), numa cena de alta voltagem em pleno bar. Além de malhar três vezes por semana, a bela mantém o corpaço com a ajuda do balé, que pratica desde os 13 anos. Casada há dois anos com o ator Javier Barden, já namorou diversas figuras de Hollywood, como Tom Cruise, Matthew McConaughey e Matt Damon.
X
Elena Anaya
Quem é quem
36 anos, espanhola da região da Palência. Já fez 30 filmes, a maioria como coadjuvante. Ficou conhecida do grande público por seu trabalho no caliente Lucia e o sexo (2001).
Prêmios
A atriz conquistou um Goya (prêmio do cinema espanhol) de melhor atriz coadjuvante por sua atuação em Lucia e o sexo.
Vale a pena ver de novo
Nas horas vagas
Relacionamento
Em Lucia e o sexo, a espevitada Belén está vestida com um espartilho preto e se bolina em frente a um espelho. Vira de costas e agacha para admirar a própria bunda. Não se engane por seu estilo mignon: Elena é faixa preta em karatê, esporte que ela pratica há 15 anos. Há cerca de três meses, Elena foi fotografada nua, numa praia de Menorca, aos beijos com uma morena. Mas a atriz, extremamente reservada, nunca comentou sobre sua sexualidade.
FOTOS CARLOS ALVAREZ/GETTY | JIM SPELLMAN/WIREIMAGE
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brinquedos
Gadgets, games e inovações
O AVANÇO DO 3D COM O DESENVOLVIMENTO de tecnologias que dispensam o uso de óculos e a diminuição no preço dos componentes, o mercado portátil deve sofrer uma verdadeira invasão de dispositivos capazes de reproduzir imagens tridimensionais.
EXISTEM MUITOS MOTIVOS PELOS QUAIS A TECNOLOGIA TRIDIMENSIONAL TEM POTENCIAL PARA GANHAR MAIS ESPAÇO NOS PRÓXIMOS ANOS. DESCUBRA ALGUNS E MERGULHE NESSE UNIVERSO
EM UM FUTURO PRÓXIMO, o consumidor não só terá mais acesso às tecnologias tridimensionais, como poderá carregá-las junto de si para qualquer lugar. Um belo estímulo para quem não vê graça em investir em aparelhos que obrigam o usuário a permanecer estático para funcionar corretamente.
ALÉM DE GAMES E VÍDEOS, a tecnologia 3D também deve beneficiar uma gama imensa de aplicativos. As possibilidades são grandes, abrangendo desde botões interativos que saltam da tela até fotografias tridimensionais ou sites com etiquetas que exibem conteúdos exclusivos para quem dispõe da tecnologia.
PARA GAMERS
NA MÃO O Nintendo 3DS traz como novidade para os usuários o visor 3D que gera games em três dimensões sem a necessidade de óculos especiais. O game portátil da Nintendo também traz outras novidades para os usuários: o botão regulador 3D e os sensores de movimento e de giroscópio, que possibilitam que o jogador controle a intensidade do 3D e consiga movimentar e inclinar jogos compatíveis com os sensores. PREÇO: US$ 250 www.nintendo.com/3ds
O principal destaque do notebook Toshiba Qosmio X770 é que ele está disponível em uma versão alternativa, com tela 3D integrada, webcam 3D e óculos ativos para o seu entretenimento em três dimensões (ou conferências de vídeo tridimensionais, com alguma pessoa que também possua uma webcam 3D). Vem equipado com os novos chips Core, da Intel, dedicados ao vídeo e que poupam energia, bem como monitores TruBite HD de 17,3 polegadas com retroiluminação LED. PREÇO: por volta de 1.300 euros www.semptoshiba.com.br
NÚMERO 1
Primeiro smartphone com capacidade de exibir imagens em três dimensões sem que haja a necessidade de uso de óculos especiais para que elas sejam vistas. O aparelho vem com um hardware bem bacana. Seu processamento é realizado por um ARM CortexA9 dual core de 1 GHz. A memória RAM dele é de 512 MB. A tela vem com 4,3 polegadas e resolução de 480X800. A câmera é capaz de gravar vídeos em 3D (em 720p) ou em 2D (em 1.080p). PREÇO: R$ 1.999 www.lge.com/optimus_3d
COM ESTILO
Uma coisa que atrapalha a brilhante carreira do 3D pelo mundo são aqueles óculos pesados, desconfortáveis e horrorosos – sem falar que não são descartáveis e precisam ser esterilizados (você confia nisso?). Mas agradeça a Deus com muitos aleluias e améns, porque a Calvin Klein lançou um elegante óculos 3D, o CK 3D, com certificação RealD (responsável pela tecnologia tridimensional usada nos recentes filmes nos cinemas), proteção UVA/UVB/UVC e tecnologia de lente fotocrômica, permitindo aos consumidores usar os óculos em ambientes fechados e ao ar livre. PREÇO: US$ 180 www.calvinklein.com
Realidade virtual
ROBÓTICA
A cara do personagem da Disney Wall-E, a mais recente peça de tecnologia a sair do tapete rolante 3D da gigante da eletrônica Sony, é o que a marca chama de “a primeira camcorder 3D de consumo do mundo dotada de Full HD duplo”. Com dois sensores 1.080p e dois processadores que permitem a tão falada captura de vídeo Full HD duplo, a elegante e compacta handycam HDRTD10ESDI tem ainda zoom 10x e uma tela 3D de 3,5 polegadas que dispensa óculos. PREÇO: por volta de 1.000 libras www.sony.co.uk
A Sony anunciou recentemente que o visor 3D da marca chegará ao mercado japonês no dia 11 de novembro. Com o nome HMZ-T1, o aparelho possui dois painéis OLED de 0,7 polegada com resolução 1.280x720 pixels, cada um posicionado em um dos olhos do usuário. Segundo a companhia, a impressão deixada pelo aparelho é a de assistir a um televisor de 750 polegadas a 20 metros de distância. Ele também possui fones de ouvido com a tecnologia 5.1 surround integrados ao visor. PREÇO: 60 mil yen (aproximadamente US$ 783) www.sony.com
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desejo
O que dar para ela
REBELDIA QUE DÁ GOSTO OS ANOS 70 SÃO A FONTE DE INSPIRAÇÃO PARA ESTA PEÇA – UMA JAQUETA DE DESIGN FORTE, MAS QUE DEIXARÁ SUA MULHER BEM À VONTADE Foto: Frederic Jean Por: Ariani Carneiro Produção: Michelle Kimura
Nada como uma jaqueta de couro para dar às mulheres um ar de femme fatale. Melhor ainda se a peça for assinada pela estilista Carina Duek, conhecida por imprimir um acabamento impecável às suas coleções. Neste verão, a jaqueta Perfecto, tradicionalmente mais curta, chega inspirada na rebeldia dos anos 70, mas em tons contemporâneos, como o índigo (foto) e o vermelho. Ideal para aquela mulher que gosta de se vestir bem, mas não abre mão de uma certa ousadia. Preço: R$ 2.770
MODELO LAYANNE SOUZA (ELO MANAGEMENT) | MAKE/HAIR BRUNO MIRANDA ASSISTENTE DE MAKE/HAIR FERNANDO VIEIRA ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA TOM RODRIGUES
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caiu na rede
escaneando sites de relacionamento, blogs e o melhor da internet
AS BESTEIRAS DITAS PELO SIRI nem bem o siri, assistente pessoal digital do novo iPhone 4s, começou a funcionar e já foi bombardeado de perguntas capciosas. Programado inclusive para esse tipo de situação (como os humanos são previsíveis, não?), as respostas já rendem coleções de capturas de tela. shit that siri says (http://shitthatsirisays. tumblr.com) é um tumblr – plataforma de microblog ou blog de textos e posts curtos – dedicado a isso.
COMO FATURA O GOOGLE noventa e sete porcento da receita do maior site de buscas vêm dos anúncios – especialmente aqueles estrategicamente colocados no topo da página de resultados. de julho de 2010 até julho de 2011, o Google faturou us$ 33,3 bilhões com o negócio. Mas como isso é possível e quem está gastando tanto dinheiro assim? a resposta, de acordo com larry Kim, o fundador de uma empresa que vende software para analisar o texto de campanhas publicitárias, está nas indústrias onde um cliente vale muita grana no longo prazo. a Wordstream, empresa de Kim, analisou os termos e as palavras de pesquisa que os anunciantes pagam mais para ter seus anúncios exibidos ao lado e agrupou os top dez mil por indústria, utilizando o próprio software. eles multiplicaram os chamados custo por clique – o que os anunciantes pagam ao Google cada vez que alguém clica em seus anúncios – pelo número de vezes que as pessoas pesquisam certa palavra. e, então, dividiram o montante por palavras-chave que se encaixam em diferentes indústrias. o resultado é o infográfico abaixo.
as 20 Palavras-CHave Mais Caras valores Por CliQue ParCela do faturaMento (%)
,91 54 $ us
24%
O R 4,28 U s$ 4 u IMO 12,8 EG T S S RÉ 1 P M # #2 E
%
#7 DOAR us$ 4
2,02............ ......2,5 % #8 DIPLO MA us$ 40 ,6 1......... #
......2,2 % 9 HOSPED AGEM us$ 3 1 ,9 #10 RECL 1...............2 ,2% AMAÇÃO us$ 45,51 #11 CHAM ..................1 ADA EM C ,4% ONFERÊN #12 NEGÓ CIA us$ 4 2,05.....0,9 CIO us$ 3 % 3,19............ #13 SOFT ... ... ... ... ... ... WARE us$ ........0,8% 35,29......... #14 INDE ..................... NIZAÇÃO ......0,8% us$ 42,03 ..................... #15 TRAN .....0,7% SFERÊNC IA us$ 29,8 #16 GÁS/ 6.................. ..0,7% ELETRICID ADE us$ 5 #17 AULA 4 ,6 2 ... ... S us$ 35,0 ..................... 4.................. ...0,6% #18 REHA ..................... B us$ 33,5 ... ... ... 9 ... ... ... ... ... ..................... .......0,5% #19 TRAT ..................... AMENTO ..................... us$ 37,18 0,5% #20 CORD ..................... ÃO UMBIL ..................... ICAL us$ ... ... .0,2% 27,80......... ..................... 0,2%
#3 HIPOTECA us$ 47,12 #
#5 4 ADVO GAD CR O us$ ÉD 47,0 ITO 7 u
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Confira o resto da lista em www.wordstream.com
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3%
3,6%
TOP TWEETS “Parabéns, que hoje é dia dos homens grávidos! Viva o dia dos compositores brasileiros!!” Carlinhos Brown (@carlinhosbrown), sendo ele mesmo
“Não conta pra ninguém, mas meu primeiro treino pro Rio Champions é no Mac. Comendo um quarteirão. Xiiiiiii” Fernando Meligeni (@meligeni)
TRÊS É BOM DEMAIS a mulher do ator americano Jason Biggs (a estrela da franquia de filmes American Pie) revelou a um site dos estados unidos que fez sexo com ele e mais uma prostituta como presente de aniversário para o marido. saiba mais sobre essa história e também sobre outras de artistas que quiseram dobrar seu prazer sexual
PRESENTEANDO
DESCANSANDO antes de ser despedido do seriado Two and a Half Men, Charlie Sheen estava vivendo com duas deusas. no entanto, nathalie Kenley, uma delas, contou ao jornal New York Post que eles não faziam sexo a três. “nos revezamos. enquanto uma descansa, a outra se diverte”, disse ela. a outra deusa, Bree olsen (detalhe), admitiu que ela uma vez transou com sheen e sua então esposa, Brooke Mueller. “ela é quente”, afirmou.
fotos Kevin Winter/Getty | divulGação
COMPARTILHANDO a notícia da suposta traição do ator Ashton Kutcher foi noticiada pela revista Star. Brittney Jones (detalhe), a terceira da relação, falou à publicação que o ator a teria levado para a mansão onde ele mora com a mulher, a atriz Demi Moore, em Hollywood, enquanto ela estava fora, e os dois teriam transado no sofá. “ele disse que tinha uma relação aberta com demi e que os dois faziam sexo a três com frequência”, disse Jones. “Mas o trato deles era que nenhum dos dois podia fazer sexo sem o outro estar presente.”
a ideia surgiu quando a mulher do ator Jason Biggs quis fazer algo especial para comemorar o aniversário do marido em las vegas, eua. “eu e ele pagamos a uma prostituta”, disse Jenny Mollen. Mas achar a mulher ideal não foi fácil. depois de quatro tentativas, o casal encontrou Keisha e pagou us$ 600 por sexo a três. segundo Jason Biggs e Jenny Mollen, depois da experiência, os atores ainda permaneceram algum tempo com a jovem, ouvindo suas histórias.
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AMAURY JR. AOS 64 ANOS E PRESTES A COMPLETAR 30 DE TEVÊ, O ENTREVISTADOR DAS BALADAS FALA DAS GAFES, DO ASSÉDIO DAS MULHERES E DA FALTA DE GLAMOUR DAS FESTAS DE HOJE por Fabrícia Peixoto
fotos Pedro Dias
É manhã de segunda-feira, dia e horário ingratos para o humor de qualquer um. Mas especialmente para Amaury Jr. “Hoje eu não tô legal”, diz logo de início, já acendendo um cigarro em seu escritório, no bairro dos Jardins, em São Paulo. Aquela figura animada, que costuma aparecer nas madrugadas da tevê aberta circulando pelos mais variados eventos, demonstra um certo cansaço. “Parece uma maravilha, mas é um trabalho. E às vezes enche o
saco”, resume o jornalista, que aos 14 anos já fazia a coluna social do colégio onde estudava, em Rio Preto, interior de São Paulo. Amaury pede o terceiro café. Fala com nostalgia da década de 70, das festas no Gallery, e da época em que escrevia na Status. Com
mais de 30 mil entrevistas no currículo, ele se descreve como um
sujeito “eletrificado” – nem mesmo os 20 anos
de antidepressivo deram conta de uma ansiedade extrema. Tenta disfarçar, mas ainda se magoa com as críticas a ele e a seu programa. Durante a conversa, bate na mesa, irritado, quando fala das suspeitas de que suas aparições nas festas sejam pagas. “Desafio alguém a dizer que cobrei por isso.”
Alguns cigarros a mais e a rabugice vai passando. Amaury ainda reclama – da falta de tempo para cortar o cabelo, do as-
sédio nas festas, das falsas celebridades, do pouco que se lê no Brasil – mas já é capaz de dar algumas risadas. Como ao relembrar o “mico” de ter sido enganado pelo falsário Marcelo Nascimento, entrevistado por ele como um dos herdeiros da companhia aérea Gol. “Ele me ofereceu o jatinho dele. Achei o cara o máximo”, conta, aos risos.
A essa altura decidimos mudar o cenário da conversa para um botequim, no Itaim. Amaury relaxa e a tal figura anima-
quatro pastéis, numa tacada só, nosso convidado encerra a entrevista de pé na calçada, copo de cerveja na mão e contando que perdeu a virgindade com a empregada doméstica, às gargalhadas. A cara feia era mesmo só coisa da manhã. da das madrugadas dá o ar da graça. Depois de traçar
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“Perdi a virgindade com a empregada”
Status – Por que tanto cigarro? Ansiedade? Amaury Jr. – Ansiedade, pesadelo da manhã. É muita coisa, uma engrenagem da qual você não consegue se soltar. Um programa diário não é fácil de fazer. Você fica ansioso. E eu gosto de fazer benfeito. Gosto muito do que faço, só acho dado mais leve, mais falante. E os entrevistados confiam em que estou fazendo muito. mim, sabem que não vou colocá-los numa situação desagradável. Mas também não vou deixar de entrar nos assuntos mais – Você está reclamando que vai a muita festa, é isso? – É isso. Parece que é uma maravilha, mas é um trabalho. sensíveis. Senão a entrevista fica chapa-branca. Pergunta para o garçom se ele gosta de estar lá, para o manobrista. Eu sou mais um que está lá trabalhando. A logística da – Quando, por exemplo, você fez isso? entrevista está me enchendo o saco. Tem que pegar o trânsito, – Ai, numa entrevista com o Caubi Peixoto. Uma das coisas que o Caubi nunca falou foi da sexualidade dele. Então cometem que se arrumar, tem que ficar bonitinho. cei a perguntar, perguntar, perguntar e falei: “Você continua assexuado, não é?” E ele: “Como? Sim, continuo.” Porque se – Você não gosta de se arrumar? – Tá ficando difícil. Estou indo para o Japão depois de ama- ele quiser sair do armário, neste momento em que está todo nhã e não tenho tempo de cortar o cabelo. Então ou eu trago mundo saindo, eu dei a chance de ele falar. Acho que eu teo cabeleireiro aqui ou corto eu mesmo. Às vezes eu mesmo nho um jeitinho bom de entrar nesses assuntos mais delicados. A Marina Lima falou que era bissexual no meu programa. O corto o meu cabelo. Clodovil, quando estava com câncer, falou comigo. O João Gilberto, que nunca dá entrevistas, falou comigo. Tenho or– Mentira. gulho disso, porra. – Juro por Deus. Pego o pente e vou aparando tudo. – Mas você está há 30 anos com um programa no ar. Sinal de que está dando certo, não? – A cobertura de celebridades é sucesso no mundo inteiro. As pessoas gostam de saber da vida dos outros. Ainda mais estando numa festa. E deu certo também porque o programa nunca perdeu de vista o conteúdo. Se eu estivesse até hoje mostrando só o oba-oba da festa, não ia acontecer nada. É que na festa está o prefeito, está o deputado, a benemérita... E com uma vantagem: a descontração da festa deixa o convi-
– O que você está indo fazer no Japão? – Estou indo para Tóquio por causa de um dos nossos patrocinadores, que quer que eu cubra uma festa na embaixada. Mas queremos mostrar Tóquio, claro. Tem que ter um patrocinador pra viajar, senão não dá. Levar oito pessoas para Tóquio é foda. – Mas você conta no ar que está viajando a convite? – Claro que falo. Não tenho nenhum problema com isso.
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Quero é ter cada vez mais anunciante. O problema é que todo mundo enche o meu saco com isso, mistura meu editorial com meu comercial. Dizem que eu faço jabá. Jabá é você pegar um dinheiro, botar uma matéria no ar e não prestar contas para a emissora. Eu faço infocomercial, uma coisa consagrada na tevê americana que todo mundo faz aqui e disfarça. Eu faço, digo e não tô nem aí. Podem falar. Desafio alguém dizer que eu cobrei para entrar no programa. A não ser que esteja vendendo um produto comercial.
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ainda assim, às vezes não dá. Como no caso do Nascimento, que se passou pelo filho do Nenê Constantino, dono da Gol. – Como foi aquilo? – Ele colou em mim numa Recifolia (Carnaval fora de época no Recife). Um psicopata. Eu não só o entrevistei, como o apresentei para a todo mundo naquela festa e ainda voei num helicóptero, com ele pilotando.
– E você não desconfiou em nenhum momento? – Isso o chateia ainda? – Teve só um momento em que eu achei estranho. Numa – Lógico que me chateia. É onde os caras que não gostam das noites, eu disse: “Me arruma uma passagem da Gol, que de mim me pegam. Os que não são convidados para o pro- eu quero embarcar mais cedo para São Paulo amanhã.” E ele: grama ficam putos. “Imagina, vou colocar meu jato a sua disposição.” Eu pensei: Esse cara é o máximo (risos). E aí ele apareceu, às 7h da ma– O que você faz para aliviar essa ansiedade toda? nhã, para me dar embarque pessoalmente. Fiquei desconfia– Tomo antidepressivo, com muita honra. do. Na hora em que a gente aterrissou aqui em São Paulo, me ligaram: “Você está bem, Amaury? Porque esse cara não – Há muito tempo? é filho do Constantino.” – Há uns 20 anos! (gargalhadas). – O que você pensou na hora? – É depressão mesmo? – Primeiro, deu aquele medo. Eu tinha voado com ele pilo– Não, é ansiedade. A vida me deixou eletrificado. Eu sou tando, né? Quando isso passou é que eu pensei: cacete, esse um cara gaseificado. Não sou água mineral sem gás. Então cara é esperto demais. Hoje a gente dá risada porque, afinal você precisa segurar para a não fazer merda. Vou ao meu psi- de contas, ele não fez mal a ninguém. Só roubou de rico, pencanalista também. Mas não de divã. De medicamento. Você durou todos os aluguéis de jato e tudo mais. Mas paguei um tem de manter o equilíbrio nesses improvisos todos. mico, né? Uma gafe histórica (risos). – Como você faz para reconhecer tanta gente numa festa? – Tento me informar e tenho a produção me ajudando. Mas,
– Foram muitas gafes em 30 anos de programa? – Milhares... Teve uma vez em que os governadores tinham
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o alambrado” (risos). Não tenho nada contra, não es“Tenho fãs de 15, 16 anos. derrubaram tou nem aí. Do mesmo jeito que eu entrevisto a Carla Perez (eterna do É o Tchan), eu entrevisto o Henrique Meirelles (exDesesperadas. De quere- dançarina do Banco Central). Aliás, nem para ele me conrem se entregar mesmo. presidente tar que ia trocar de partido. Mas tudo bem... Dou o mesmo peso aos dois. A tevê exerce isso” – Amaury, e a virgindade? Perdeu como? acabado de ser eleitos. Sabe quando está cheio de político – Com a empregada doméstica (risos). novo e você conhece só um ou outro? A Band tinha reunido todos eles, com entrada ao vivo. E eu estava lá cobrindo. Tro- – E a mulherada? Afinal, são 30 anos na balada. quei o nome de todo mundo. Pedi desculpas, peguei o papel – Sou muito bem casado. Mulher bonita pra mim é homem. e comecei a renomeá-los. Gafe do ano. Como você (gargalhadas). – O YouTube tem um vídeo seu, no Carnaval do Copacabana Palace, com a Narcisa Tamborindeguy completamente bêbada... – Aquilo não era para a ter ido ao ar. A Narcisa era minha repórter e estava ali no Copa para fazer a cobertura comigo. Mas como ela estava muito animada, eu fui postergando, pra deixá-la curtir. Fiz uma entrevista com ela e, depois, ela mesma pega o microfone e faz o maior fuá. Eu não ia deixar aquilo ir ao ar, mas acabou saindo daquele jeito. A mãe dela me ligou, reclamando um monte. – Mas a bebida é um item frequente nas festas que você cobre. Faz parte, não? – É como eu sempre digo: prefiro mil vezes um entrevistado ligeiramente lubrificado. Ele fica um entrevistado melhor. O cara lubrificado é melhor entrevistado, melhor marido, melhor amante, melhor tudo. Mas bêbado, não. Não é justo. A não ser que seja um político muito importante e fale algo relevante.
– Sério? Com tanta festa você já poderia estar no sexto casamento. E está casado há mais de 30 anos. – Tenho uma boa família e sempre fiquei de olho em não dissolver isso. Claro que a tentação é onipresente. A noite é uma coisa... Ainda mais hoje em dia, em que as pessoas estão mais liberadas. – As mulheres caem em cima? – Já me disseram uma vez: “Amaury, você precisa ser mais estrela.” O que é ser mais estrela? Ser menos acessível? Talvez eu seja um antiestrela mesmo. Tem gente que maquia sua participação nos lugares para poder se valorizar. Eu não sei fazer isso. E, como sou acessível, as mulheres ficam fascinadas. Não por mim, mas pelo meu universo. Tenho fãs de 15, 16 anos. Desesperadas. De quererem se entregar mesmo. Não é só comigo, a tevê exerce isso.
– Não seja modesto... – Você bebe nas festas? – Tá bom, posso ter uma participação pequenininha (risos). – Claro que bebo. Mas não fico de porre. E, terminei de E aí você massageia seu ego. É o suficiente pra mim. gravar, caio fora. – Por quê? As festas perderam o glamour? – Totalmente. Globalizou. Como diz o Falabella: “Amaury,
TOP SECRET
FOMOS À TAILÂNDIA CONHECER AS RAINHAS DA MILENAR ARTE DO POMPOARISMO, MULHERES DOTADAS DE UM TALENTO SURPREENDENTE por Eduardo Petta, de Bangcoc
fotos Carol Da Riva
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“Vocês não acreditam no que elas fazem.
Acendem cigarros, apagam velas, descascam banana, esmagam ovos cozidos. Teve uma que jogou a seta da zarabatana e furou uma bexiga que estava a mais de 5 metros pendurada no teto. Que mira! E o mais hilário foi na hora do pinguepongue. Um monte de marmanjos com a raquete na mão, a mulher disparando as bolinhas, e eles rebatendo. Imagine a potência das meninas!”. A história que nossa amiga Marcela nos contou em 1997 sempre ficou na minha cabeça como uma aventura incrível. Marcela tinha acabado de chegar de uma viagem pela Ásia e, na sua passagem pela capital da Tailândia, Bangcoc, acabou indo parar dentro de uma casa de pompoarismo, antiga técnica oriental de contração e relaxamento dos músculos vaginais. Lá ela assistiu, ao vivo, ao famoso Ping-Pong Show. A aventura ganhou vida quando compramos nossa passagem para visitar a Tailândia em julho deste ano. Antes, fui pesquisar o assunto na web. E fiquei preocupado: não achei no “deus Google” nenhuma imagem de mulheres propriamente em ação, mas, ao contrário, dezenas de depoimentos de ciladas e roubadas, gente que foi cobrada a mais, cercada pelos cafetões e teve de entregar todo o dinheiro que tinha. Ou do sujeito que pagou uma conta astronômica, ou de outro que saiu correndo pelas escadarias das casas para não pagar a tal exit fee (a taxa de saída). Resumo: a brincadeira podia acabar mal. Passei dias estudando o assunto até que mandei um e-mail para Mark, um amigo holandês que mora em Bangcoc e me aplicou sem dó uma nova dose de desilusão. “Esqueça. vai ser impossível vocês conseguirem fotografar o show. prostituição aqui é business sério.”
gArOtAs BAtEM pOntO EM EsquinA dE pAtpOng, O BAirrO dA luZ vErMElHA dA cApitAl tAilAndEsA. AciMA, nOssA AMigA OpAl EM AçÃO
TOP SECRET
o Mercado do Sexo Na TaILÂNdIa coMeÇou duraNTe a
Guerra do VIeTNÃ e exPLodIu coM o adVeNTo do
Mark não fala sem razão. Segundo recente pesquisa da Universidade da Tailândia, mais de três milhões de pessoas, de uma população total de 65 milhões, vivem da indústria do sexo. Um negócio que movimenta bilhares de dólares e que viu, só em 2009, seis milhões de turistas estrangeiros passar por Patpong, o bairro da luz vermelha de Bangcoc, considerado a maior zona do mundo. Um mercado que eclodiu como cogumelos durante a Guerra do Vietnã, com os soldados americanos em busca de diversão, e que se multiplicou após a invenção do Viagra. Os shows de pompoarismo, que acontecem nas casas de stripper ou nos go-go bars de Patpong, são considerados uma das grandes atrações desta indústria, um “must see” do turismo sexual tailandês. A MAiOr ZOnA dO MundO Nosso avião aterrissa em Bangcoc, a capital do país com dez milhões de habitantes. O skyline impressiona. O olho direito enxerga templos seculares; o esquerdo, prédios modernos de alturas estelares. Estamos num hotel de luxo às margens do Chao Phraya, o pai de todos os rios da antiga Veneza da Indochina, com seus canais, mercados coloridos e casas flutuantes. Tem barulho, trânsito, poluição. Em cada esquina, imagens de Buda douradas, monges com batas cor de açafrão, fadas tailandesas, safadas tailandesas. Ao sair do hotel, perguntamos ao concierge se pode nos indicar uma casa de Ping-Pong Show.
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Com ar indignado, ele diz que esses shows são proibidos pela lei e que não pode me indicar nada. Ignorando a negativa, saímos pela rua. vinte minutos depois, chegamos a patpong. um mar de neons com dezenas de casas de show, sex shops, bares e restaurantes. Os policiais estão nas duas avenidas paralelas, mas não demonstram se importar com os nomes sugestivos de super pussy, super girls ou Mega pussy que ornam as entradas dos estabelecimentos. E nem com as strippers e go-go girls que rebolam nos postes em palcos elevados, para quem quiser ver, no meio da rua. Elas olham no olho e acenam, provocativas. Umas estão vestidas de caubói, outras de aeromoça, outras só de biquíni. Nas melhores casas há mulheres realmente gostosas, a maior parte delas bem novinha. Tentamos fotografá-las, mas somos impedidos pela mão espalmada de um segurança. Carol se esconde entre as barracas dos camelôs e tenta roubar algumas imagens com a teleobjetiva. A cada passo, somos abordados por homens com cardápios ilustrados na mão, vendendo shows de Ping-Pong. “Quais vocês querem ver? O da banana? Da flor? Vocês escolhem: só custa US$ 5 por show, sem extras.” Eles nos seguem até o final de seu território, onde uma nova abordagem começa. Damos a volta no quarteirão. Nas ruinhas paralelas, mais escuras e sem camelôs, a prostituição é ainda mais exposta. Fingimos interesse, mas apelamos para o tradicional: “Hoje não, amanhã quem sabe.” Damos a segunda volta. E escutamos as propostas até finalmente decidirmos pela única casa que não nos abordou. No caixa, está uma mulher. Seu nome é Suzan. Ela é a hostess do House 66. A casa tem nome na porta e ingresso de entrada para o show. “Custa US$ 20 por pessoa para ver todos os shows, com direito a duas cervejas”, diz Suzan. Parece honesto. Mas pode fotografar? “Claro que não. O chefe me mata e te mata.” Mas é nosso trabalho. “Vocês fazem o quê?” Somos jornalistas.
e eu, de cueca boxer”
Aqui, OpAl MOstrA cOMO tirA flOrEs dE suA “flOr”. O pOMpOArisMO EM suAs inúMErAs vAriEdAdEs é uMA dAs grAndEs AtrAçõEs dE pAtpOng
Nisso, chega uma distinta dona de roupão azul de seda, toda simpática, praticando um ótimo inglês. “Vamos subir?”, ela pergunta. “Eles querem fotografar”, alerta Suzan. “Ah é? O patrão não libera. Mas se vocês quiserem posso ir amanhã com vocês num motel e faço ao vivo.” Quanto você cobra? “Cobro US$ 100, e uma condição. Vocês têm que assistir ao show agora.” Como é seu nome? “Opal.” Subimos as escadas com um friozinho na barriga de mãos dadas com Opal. Música alta, gelo seco, paredes em tons rosa, neons, garrafas de uísque nas paredes. Umas 11 mulheres estão sentadas num longo sofá de couro, como se fossem um time de futebol. Quatro homens tailandeses, com pinta de cafetão e cara de mau, fumam cigarro e jogam sinuca. Eles nos olham de soslaio sem dar muita bola. Elas nos levam para diante do palco e nos acomodam num sofá na primeira fila. Muda a música. A primeira mulher sobe no palco, tira a calcinha, fica só com um baby doll. A música faz clima de suspense, ela vira de quatro e apaga as velas de um candelabro,
uma a uma, com o sopro de sua “perseguida”. Entra Opal, que abre uma garrafa com a vagina. O estalo da tampinha é alto e seco. Meu queixo cai. Outra mulher. E bolinhas de pingue-pongue voam para todos os lados, tal qual tiros de metralhadora. Mais outra: a da zarabatana que fura balões. Então era tudo verdade! O cafetão desconfia. “Você está fotografando?” “Eu? Imagine”, diz Carol. O sujeito implica. “Quero ver.” Gelei. Esperta, Carol gira o play da câmera no sentido contrário com fotos de templos e monges. O homem acredita, mas não relaxa mais o olhar. Muda a música – o show tem que continuar. Sobe outra “santa” ao palco. Agora é a vez da banana. Deitada, a donzela usa sua força interior para lançar uma enorme banana descascada para o alto, como se lá dentro houvesse uma mola. Até que abre bem as pernas, aponta o clitóris em minha direção e lança o míssil. No reflexo, antes que a fruta se espatifasse na minha cara, espalmo a banana no ar. A arremessadora ri, sacana. Nossa amiga Opal, sem graça, traz um guardanapo para que eu me limpe.
Doze horas depois, às duas da tarde, faço figa para Opal ligar. Duas e meia, toca o celular. É ela! Zarpamos ao seu alcance rumo ao bairro da luz vermelha da capital tailandesa. Opal nos vê de longe. Ela está bem-vestida, acompanhada de uma amiga, a arremessadora maluca que me jogou a banana. Seu nome é Bel. Ofereço a ela uma bebida do Seven Eleven. Ela sorri. Opal diz que Bel foi sua professora da pompoarte e vai nos ajudar na produção sem custos extras. E nos mostra uma sacola para conferirmos se lá estão todos os artefatos do nosso showzinho particular: velas, bolas de pingue-pongue, cigarros, giletes e, claro, bananas. Subimos as escadas escuras de um motel de paredes brancas, piso de madeira rangendo e dezenas de portinhas. Entramos no quarto. Opal está maquiada, os olhos pintados. É uma mulher interessante que já passou dos 30. Ela tira a roupa e diz. “Agora vamos ao show.” Prensa uma caneta grossa entre os lábios da vagina e escreve: “Welcome to Club 66”. A caligrafia sai perfeita. Há quanto tempo você faz esses shows, Opal? “Há três anos.” E antes? “Era vendedora numa loja, e ganhava dez vezes menos.” Você gosta de fazer os shows? “Depende da plateia. Quando só tem gente chata, eu não curto. Quando se divertem, é legal.” Foi difícil aprender? “Alguns truques são difíceis e tem que treinar no mínimo uns seis meses com pequenas bolinhas de peso para fortalecer a musculatura pélvica.” Ao próximo truque: Opal introduz os hashis e com eles agarra argolas do chão, colocando-as na garrafa de água. Mas são os números seguintes que impressionam. Enquanto dança, ela tira
de dentro de si um fio com giletes de navalhas. Uma, duas... sete giletes penduradas no ar brilhando. Dá arrepio, mas Opal nos mostra o segredo. As lâminas ficam dentro de uma caixinha macia. Depois é a vez de tirar um colar de flores de mais de três metros. Não para de sair flores da “flor”. O truque? Todo o colar é dobrado e guardado dentro de uma camisinha. O espetáculo seguinte, contudo, permanece um enigma. como ela consegue abrir a tampinha de uma garrafa de cerveja com os grandes lábios se eu não consigo com os dentes? E Opal o faz com maestria. primeiro chacoalha a garrafa, depois abre. A tampa voa longe. Opal serve o líquido espumando num copo e brinda. “champanhe?” Pergunto se dói. “Nenhum truque machuca. Só as pernas é que ficam acabadas. Temos que fazer massagem umas nas outras no fim do dia.” Nossa atriz prepara as próximas cenas. Primeiro apaga a vela com o sopro do sexo e canta. Happy birthday to you. Em seguida acende um cigarro com a bendita. Traga e solta a fumaça. O cigarro rapidinho vira bituca com a alta sucção. E eu pergunto o que seus clientes de sexo – sim, Opal também faz programas – dizem a respeito dessa sua força. “Eles não pensam, eles gemem!” Opal é divertida, deve acolher muitas almas solitárias nesse mundo de carentes. Ela fala dos truques sexuais que, com o controle dos músculos da vagina, pode fazer com um pênis. “Sugo, estrangulo, expilo, ordenho, torço e travo.” d O pA p i r O A arte do pompoarismo consta de antigos papiros indianos do kama sutra e do sexo tântrico. Era ensinada às mulheres para prolongar e melhorar o prazer do parceiro, na hora do mai thuna, o ritual do sexo sagrado. Foi aperfeiçoada no Japão pelas gueixas e depois na Tailândia, onde era passada de mãe para filha, como um dote importante ao marido, até se converter no circo no qual Opal e Bel trabalham aparentemente contentes das 18 horas até às 4 horas da manhã, todos os dias. Mas as mulheres desse tipo de show, em sua maioria, são fugitivas da lavoura do arroz. Outras de países vizinhos mais pobres, como laos, camboja e, principalmente, Mianmar, a antiga Birmânia, de onde chegam os piores relatos: meninas vendidas aos traficantes de sexo por pais endividados pela lavoura do ópio.
O turisMO sEXuAl nA tAilÂndiA EscOndE, AtrÁs dO BrilHO dE nEOns E dOs sOrrisOs fÁcEis, cOndiçõEs dE vidA dEgrAdAntEs E trÁficO dE sErEs HuMAnOs
Segundo a pesquisadora americana Deena Guzder, do centro de jornalismo independente Pulitzer Center, essas jovens trabalham em condições desumanas. “Ninguém é feliz jogando bolinhas de pingue-pongue da vagina 14 horas por dia.” Em seu artigo The price of sexual torture? US$ 181 a mounth, ela descreve a vida de mulheres que são obrigadas a introduzir peixes, cobras e outros bichos em seus corpos. Dezenas de ONGs de direitos humanos participam há anos da luta contra a prostituição e os shows. O mercado do sexo na Tailândia envolve cerca de 800 mil meninas menores de idade.“A única preocupação do governo é vender o país como a terra dos sorrisos”, diz Deena. “As autoridades têm medo que o turismo diminua caso combatam a prostituição.” Aqui no quarto, porém, esse mundo cruel parece não existir. Opal conta que está estudando design e que vai montar uma fábrica de roupas sexy. “Minhas filhas vão para a universidade.” O celular dela toca. É um cliente. Ela sorri. “Esse é generoso nas gorjetas.” Ainda faltam mais dois shows: a zarabatana que fura a bexiga e as famosas bolinhas de pingue-pongue. Ela pergunta se eu quero rebatê-las. Com medo de ofender a artista, coloco-me com a raquete à disposição. Furo as primeiras tentativas, mas na última pego na veia da bolinha que explode em suas coxas. Ela grita. Eu peço desculpas. Ela ri. “Já estou acostumada com essas boladas.” Fim do show para nós. Para elas, contudo, a noite ainda vai longe.
o Que SeuS cLIeNTeS dIZeM a reSPeITo deSSa Sua ForÇa? “eLeS NÃo PeNSaM,
eLeS GeMeM! eu SuGo, eSTraNGuLo, exPILo, ordeNHo, TorÇo e TraVo.”
internacional
A mansão dos chefões do cartel Sinaloa e, nos detalhes, alguns dos “pets” encontrados no local. No alto da outra página, o Exército colombiano exibe Pepe, um dos hipopótamos de Pablo Escobar
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o d o zo o c i f á r t armas, carrões, mulheres e... tigres, zebras e leões. no méxico, chefe de cartel de droga que se preze tem de ter em casa grandes animais exóticos para chamar de seus
por bruno Weis
M i l h a r e s d e M o r t o s e viciados, cidades tomadas pela violência e medo, famílias destruídas. o legado dos grandes traficantes de droga é conhecido em todo o mundo. os grandes barões da cocaína no México, contudo, vem acrescentando um aspecto literalmente exótico a essa tradição maldita: zoológicos particulares repletos de grandes animais, como leões, tigres, ursos, zebras, macacos, entre outras espécies importadas ilegalmente, principalmente da África. O hobby macabro – muitos animais são encontrados em condições de espaço e alimentação inadequadas, e há relatos de bandidos que alimentaram seus tigres de estimação com os corpos de traficantes rivais – vem ganhando grandes proporções a cada operação de captura de grandes líderes de cartéis. Em julho deste ano, em uma operação que durou três dias, a polícia mexicana apreendeu mais de cinco mil animais exóticos e plantas, muitos deles em dependências de integrantes de suas principais quadrilhas, como os Zetas. O fenômeno se tornou notório há três anos, quando policiais invadiram uma mansão ocupada pelos homens de Arturo Beltran Leyva, chefão do cartel de Sinaloa, morto em 2009. ao lado de fontes, esculturas e cascafotos AP/Mexico’s Public sAfety DePArtMent | reuters/feliPe leon
tas esculpidas em mármore negro e madeiras nobres, os agentes encontraram um minizoológico com leões, panteras negras, tigres (um deles albino), chimpanzés, crocodilos e hipopótamos. dias depois, outra opera-
ção nos arredores da cidade do México encontrou mais de 200 animais em uma propriedade rural, incluindo pavões, mulas, avestruzes, dois tigres e dois leões. A maioria dos animais aprendida é encaminhada para zoológicos. Devido a enorme quantidade de animais, porém, as autoridades muitas vezes não sabem qual destino dar aos bichos.
os estudiosos da cultura e estilo de vida “narco” – que prospera em todo o México nestes tempos de guerra aberta entre governo e cartéis – dizem que a atração dos chefões por animais exóticos pode ter diversas origens. Alguns são homens nascidos no campo e sempre conviveram com bichos. Com poder e dinheiro, levaram a relação com os “pets” a uma escala praticamente circense. Outra explicação, de cunho mais psicológico, sugere que os grandes traficantes se consideram verdadeiros “reis da selva” e precisariam subjugar predadores para se reafirmar como ocupantes do topo da cadeia alimentar. Uma
terceira leitura aponta que colecionar animais exóticos, e caros, seria apenas mais uma demonstração de força e status. O fato é que a grande figura inspiradora dos barões mexicanos do tráfico é o colombiano Pablo Escobar, antigo chefe do cartel de Medellín e um dos maiores traficantes da história. Assassinado em 1993, o “senhor das drogas” manteve por muitos anos em sua “Hacienda Nápoles”, no interior da Colômbia, um zoo com zebras, girafas e quatro hipopótamos. Com sua fuga do local e posterior morte, o local foi abandonado. Os hipopótamos, terceira maior espécie de mamífero do planeta e uma das mais agressivas das savanas africanas, escaparam da propriedade e se reproduziram até chegar a mais de 20 indivíduos em poucos anos. ao invadir rios e lagoas da região, viraram ameaça à população, destruindo lavouras e transmitindo doenças. Em 1999, apesar de protestos de ambientalistas e de parte da opinião pública, um dos hipopótamos originais de Escobar, apelidado de Pepe, foi abatido por militares colombianos. Os demais integrantes do bando, porém, seguem à solta na região em busca dos 30 quilos de comida que necessitam a cada dia para sobreviver.
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o senhor das armas FRIO E MUItO BEM tREINADO, O Ex-CABO DO BOPE MAURO LOPES é APONtADO PELA POLíCIA COMO UM DOS PRINCIPAIS COMERCIANtES DE ARMAMENtOS PARA tRAFICANtES CARIOCAS por Sérgio Ramalho
N o a c e s s o à fav e l a , um grupo de policiais militares acompanha a chegada dos homens de preto que entram na comunidade para resgatar os integrantes de uma patrulha encurralados sob o fogo cerrado de traficantes de drogas. A cena é do filme Tropa de elite, de José Padilha. À frente do grupo, o protagonista Capitão Nascimento, encarnado pelo ator Wagner Moura, ignora a frase, irônica, disparada por um dos PMs: “Faca na caveira e nada na carteira.” A expressão é parte do imaginário que trata os homens do Batalhão de Operações Especiais, o Bope, como abnegados, dispostos a encarar exaustivos treinamentos como passaporte às situações mais perigosas que um policial pode enfrentar no Rio de Janeiro em troca de um uniforme preto. Em suma, uma vida de alto risco e baixa remuneração. Longe da ficção, contudo, um “caveira” – como são conhecidos os integrantes do Bope – está no centro de um inquérito policial que tem trazido constrangimento ao batalhão. Um de seus integrantes mais preparados, o instrutor de tiros Mauro lopes de figueiredo, 37 anos, é acusado de ser um dos principais fornecedores de armas e munições à facção criminosa Comando Vermelho, uma das mais violentas do Rio de Janeiro. Com dez anos de tropa de elite, ele é apontado pelas investigações da polícia fluminense como uma espécie de “senhor das armas” do Rio de Janeiro, numa clara alusão ao filme “O senhor das armas” (2005), no qual o ator americano Nicolas Cage interpreta um traficante internacional de armamentos. Mauro foi expulso do Bope após ser preso na Operação Cartucheira da Polícia Federal, em julho. A investigação conjunta com promotores do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio de Janeiro, ligou o então cabo a um esquema de venda de armas e munições, parte desviada de apreensões feitas em favelas e até mesmo do paiol da PM. Ainda não há números que mostrem o prejuízo aos cofres públicos, mas estima-se que as perdas sejam milionárias. Os desvios incluem cartuchos de calibre 7.62 para Fuzil Automático Leve (FAL), munições 5.56 usadas no fuzil americano AR-15 e também balas que serviam às pistolas Glock. Compradas pelo Estado, essas munições, que seriam destinadas para combater o crime organizado, eram, na verdade, revendidas para os bandidos a preços até dez vezes maiores dos que os praticados no mercado legal. Uma das favelas abastecidas era o Morro da Mangueira, comunidade onde fica localizada a quadra da Verde e Rosa, considerada o berço do samba carioca. Para o delegado federal Délcio de Luca, um dos responsáveis pela Operação Cartucheira, não há dúvidas sobre o poder da quadrilha que tinha o instrutor do Bope como principal fornecedor de armas e munições. O policial sustenta a versão com base em escutas telefô-
ilustração Olavo Costa
nicas, além de uma série de outras evidências reunidas ao longo de cinco meses de investigação, iniciada em fevereiro deste ano. O quebra-cabeça começou a ser montado após a apreensão de 2,4 mil projéteis em um gol branco, recolhido por agentes federais em Itaboraí, município da região metropolitana do Rio, localizado a pouco mais de 45 quilômetros do centro da cidade. O carregamento seria vendido por R$ 27 mil aos traficantes. Para a surpresa dos federais, o veículo pertencia ao instrutor do Bope. Apesar da descoberta, o “caveira” não foi preso na ocasião. Agentes da PF e promotores do Gaeco decidiram aprofundar o trabalho para chegar à origem das munições e, principalmente, detalhar o grau de envolvimento do policial do Bope no esquema de fornecimento de armas e munições ao CV. Descobrir todo o esquema desenvolvido pelo policial do Bope não era das tarefas mais fáceis. Afinal, o cabo Mauro sabe como a polícia pensa e é um homem altamente preparado para qualquer tipo de situação que requeira sangue-frio. Aliás, ele é considerado uma máquina de combate. Sua formação militar começou no Exército, onde serviu por nove anos como paraquedista e de onde seguiu diretamente para o Bope. Mauro sempre atuou em forças especiais. Além de ser um especialista em armas, ele carrega na bagagem cursos de perito em explosivos, táticas de guerrilha, rapel, montanhismo e sobrevi-
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ao Lado, o TraFICanTe PaULo GaGo FoI Preso dUranTe a oPeraÇÃo CarTUCheIra, da PoLÍCIa FederaL. eLe TroCarIa as mUnIÇÕes Por droGas
PoLICIaL aPreende armas de aLTo CaLIBre no morro da manGUeIra. o TrÁFICo de armas QUe aBasTeCe os BandIdos no rIo de JaneIro É Um VeLho InImIGo do esTado
vência em áreas inóspitas. As investigações conjuntas da PF e do Gaeco sugerem que, além de fornecer material bélico aos traficantes, o “caveira” também vendia informações e treinava os bandidos, que receberiam instruções de táticas de guerrilha urbana. Para isso, o instrutor usava como interlocutor o cunhado Alceli Coelho da Silva Júnior, que também acabou preso. As interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça revelam que Alceli atuava como elo entre o cabo Mauro e os demais integrantes da quadrilha. Em especial, Paulo Victor Petronilho Sampaio, o Gago, acusado de comandar a distribuição de drogas em favelas de São Gonçalo e Itaboraí. Ligado aos chefes do CV no Complexo do Alemão e no Morro da Mangueira, Gago chegou a encomendar junto a Alceli uma lista de armas de interesse dos aliados da facção criminosa. Na relação de armas que deveriam ser desviadas do paiol da PM ou do espólio das operações policiais, figuravam fuzis AR-15, FAL, G3, AK-47 e até mesmo uma metralhadora .30 – armamentos de guerra capazes de derrubar um helicóptero. O pedido do arsenal foi feito por Gago a Alceli em escutas telefônicas gravadas entre os dias 11, 12 e 15 de fevereiro. Na ocasião, o traficante informou que os fuzis seriam vendidos a bandidos aliados da comunidade do Salgueiro, em São Gonçalo, na Grande Rio. De acordo com as negociações monitoradas pela PF, Paulo Gago fornecia as armas e trocava por drogas que abasteciam as bocas em Itaboraí.
Por msn Envolvido na investigação, o promotor Antônio Pessanha, do Gaeco, ressalta que o instrutor do Bope evitava negociar por telefone, temendo ser alvo de grampos. Mauro Figueiredo costumava fazer contatos com integrantes da quadrilha por MSN. Apesar da precaução, ele teve pelo menos duas negociações para a venda de armas e munições interceptadas nas escutas telefônicas. “Prova disso é uma conversa gravada em 23 de fevereiro, em que Alceli trata com Paulo detalhes sobre a entrega de armamento. Em outro diálogo, gravado em 17 de abril, o intermediário avisa a Paulo que o cunhado, o do Gol branco (referência ao carro do cabo Mauro, que acabou sendo apreendido), quer falar com ele. Em 24 de maio, Alceli e Paulo voltaram a conversar. Desta vez, a dupla tratou da entrega de munições e ainda elaborou uma lista de armamentos”, ressalta o promotor. Dias após a negociação, Alceli e o cabo Mauro entregaram a Paulo Gago 2,4 mil munições – 701 para pistola calibre .40; 614 para fuzil calibre 7.62; e 1.086 para fuzil calibre 5.56. A numeração das balas apreendidas pela PF foi encaminhada à Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC), empresa que fornece balas à PM. O objetivo é identificar de que paiol
da corporação o cabo desviou as munições. Apesar de o pedido ter sido feito em julho, a PM ainda não forneceu os dados solicitados pela Justiça fluminense. Ouvido em agosto por deputados estaduais que participam da CPI das Armas, na Assembleia Legislativa do Rio, Mauro negou envolvimento no desvio de material bélico da PM e, principalmente, sua ligação com traficantes de drogas. Mauro falou como se ainda fizesse parte da tropa de elite: “A reserva de material do Bope é a mais segura que existe no País. Nenhuma arma ou munição entra ou sai sem conhecimento dos responsáveis pelo setor. No Bope não há policiais envolvidos em crimes”, disse à CPI. Ouvido por mais de quatro horas, Mauro repetiu por diversas vezes a estratégia de dizer que não sabia de nada. Ora elogiava a formação no Bope, ora negava qualquer participação no esquema ilegal. também foi assim quando respondeu ao presidente da CPI, deputado Marcelo Freixo (PSOL). Visivelmente irritado com a estratégia de dissimulação, o parlamentar perguntou ao instrutor o motivo de ele ter sido expulso do Bope e da PM logo após a prisão, já que seria inocente das acusações. Mauro disparou: “Não sei”. Procurado pela reportagem de status, Mauro disse, por meio de seu advogado, que não daria entrevista. Para Freixo, um dos mais combativos parlamentares do Rio em relação ao crime organizado, e cujo nome consta em listas de pessoas públicas ameaçadas de morte, o comportamento do instrutor de tiros reflete sua personalidade distorcida. “Ele é um soldado que em quase 20 anos atuando em forças especiais recebeu inúmeros treinamentos e cursos, todos pagos com dinheiro do contribuinte, mas FOTOS MÁRCIA FOLETTO/AGÊNCIA O GLOBO | EDUARDO NADDAR/AGÊNCIA O GLOBO
Arsenal de guerra Conheça algumas das armas que são usadas pelos traficantes
que acabou cooptado pelo crime organizado”, descreve o deputado. “Não me espanta que durante depoimentos ele lance mão dos treinamentos que recebeu para confundir, dissimular e se esquivar das perguntas formuladas.” O instrutor de tiros não perdeu o prumo nem mesmo ao ser confrontado sobre o teor de uma interceptação telefônica, na qual aparece alertando Alceli sobre uma operação policial na região. Olhando nos olhos dos políticos, Mauro respondeu: “Eu nego isso completamente. Impossível”. Momentos antes, o ex-policial havia confirmado ser o dono da linha telefônica interceptada durante as investigações da Polícia Federal. “O telefone é meu, mas não me lembro dessas ligações, não sei como isso pode ter acontecido.” As contradições ficam por aí. Ele assumiu a propriedade do Gol branco flagrado com as armas. Em seguida, disse que costumava emprestar o veículo ao cunhado, flagrado pelos federais com o arsenal de guerra. Ao fim do embate público entre os parlamentares fluminenses e o homem acusado de ser um dos maiores comerciantes de armas do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo voltou à carga ressaltando que há um momento das escutas em que o traficante Paulo Gago diz que o policial Lopes (sobrenome de Mauro) “é um policial que gosta de dinheiro”. “O senhor conhece algum outro policial lopes que possa ser esse policial a que o Gago está fazendo referência?”, indaga o deputado. Desta vez, o “caveira”, hoje preso em Bangu 6, abaixa a cabeça e solta um “não, senhor” entre dentes, recusando-se a responder a novas perguntas. Cabo Mauro, literalmente, pediu para sair. Mas não será tão fácil assim. De acordo com o promotor Antônio Pessanha, do Gaeco, o julgamento acontecerá no próximo ano, e ele deve pegar entre 15 e 20 anos de prisão.
AR-15 origem: Estados Unidos Função: Fuzil de assalto usado pelo Exército americano Características: A arma utiliza munição calibre 5.56 e, carregada, pesa 3,3 quilos. Ela possui uma cadência de tiro de 800 balas por minuto e pode atingir alvos com precisão a 550 metros de distância Preço no mercado paralelo: de R$ 20 mil a R$25 mil
AK-47 origem: Rússia Função: Metralhadora usada pelo Exército Vermelho desde 1947 Características: É a preferida dos traficantes cariocas e de guerrilheiros em qualquer parte do planeta. Motivo: é fácil de usar e raramente trava. Ela utiliza munição calibre 7.62, atira 600 balas por minuto, pesa 4,3 quilos carregada e pode atingir o alvo com precisão a 300 metros. Preço no mercado paralelo: entre R$ 15 mil e R$ 20 mil
FAL origem: Bélgica Função: Fuzil de assalto usado pelo Exército belga e o de outros países como o Brasil Características: Ele usa munição calibre 7.62, atira 650 balas por minuto, pesa 6 quilos carregado e tem um alcance de 900 metros Preço no mercado paralelo: até R$ 60 mil
GEWHER3 origem: Alemanha Função: Fuzil usado pelo Exército alemão Características: Conhecida nas favelas do Rio como G3, essa arma pesa 4 quilos carregada, cospe 600 balas por minuto e consegue atingir um alvo a 600 metros de distância Preço no mercado paralelo: R$ 40 mil
ESPECIAL
XINGU CONTRA O FOGO
COM SUAS ALDEIAS E FLORESTAS AMEAÇADAS, OS ÍNDIOS DO PARQUE DO XINGU CRIAM BRIGADA ANTI-INCÊNDIO PARA EVITAR O AUMENTO DAS QUEIMADAS CAUSADAS POR MUDANÇAS CLIMÁTICAS E DESMATAMENTOS NO ENTORNO DA RESERVA POR LEÃO SERVA E ROGÉRIO ASSIS (FOTOS), DO PARQUE DO XINGU
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JoVem INdÍGeNa da etNIa WaurÁ eNCara Chamas duraNte treINameNto de BrIGada aNtI-INCÊNdIo
ESPECIAL
de combate ao fogo e doou equipamentos como bombas de água e outros instrumentos. Deitado com a cabeça sobre as pernas cruzadas da mulher, no meio da floresta, o índio Acari descansa enquanto aguardamos a chegada de mais cargas de água para encher as bombas e atacar um grande foco de incêndio. Ele brinca com os brancos: “Vocês não podem namorar outras mulheres quando viajam? Nós namoramos.” Depois de fazer ponta em uma minissérie da TV Globo (“A Muralha”) e no filme “Xingu”, de Cao Hamburguer (ainda inédito), Acari aprendeu a fazer o canastrão, finge não ligar para a esposa. Mas a verdade é que ela fala mal o português e não entende as brincadeiras do marido, que é o líder da brigada contra incêndio dos waurás.
foGo dIsCreto O treinamento que acompanhamos no Xingu nos últimos dias de setembro teve muita prática e pouca teoria: um grande incêndio ameaçava chegar à aldeia Piyulaga. As “aulas” foram dadas na selva, ora apagando pequenos focos, ora criando barreiras para evitar que grandes chamas se espalhassem, mais adian-
te cortando árvores queimadas para que suas brasas não se espalhassem, acolá aspergindo água para resfriar um foco. O fogo ali é diferente dos grandes incêndios que as tevês têm mostrado nos EUA e na Europa: é um fogo mais discreto, que se espalha pelo chão, pela camada de folhas e detritos (serrapilheira) e recobre o chão da floresta, que normalmente serve de adubo para o solo pobre da região, na transição entre os biomas Amazônia e Cerrado. Com o ressecamento progressivo do clima, resultante do aumento do desmatamento no entorno do parque, a serrapilheira virou um combustível pronto para incendiar. Os índios são acostumados a usar o fogo em diversas atividades diárias: abrir roças, queimar lixo, cozinhar dentro e fora de casa e aquecer no frio. Os relatos dos últimos tempos, entretanto, mostram que as técnicas tradicionais passaram a ser uma ameaça quando o clima seca: foi quase por acaso que começou o grande incêndio que queimou cerca de 15 km da floresta próxima à beira da estrada que liga o Posto Leonardo (principal sede da Funai no Xingu) à aldeia waurás, em setembro.
100 terra em cHamas
números de focos de queimada na bacia do rio xingu, no mato grosso 13.000 12.000 11.000 10.000
9.883
2.149
28
2.000
241
3.000
12.731
4.000
145
5.000
7.453
6.000
182
7.000
89
4.270
8.000
884
9.000
12.065
“ C O M V O C Ê S É D I F E R E N T E ? Aqui, a primeira coisa que um homem faz quando volta de uma viagem é...”, o índio Malali faz com a mão um sinal universal para transar, interrompendo as frases ditas com seu português cheio de sotaque. Eles só pensam naquilo! Os índios waurás, que moram no Parque Indígena do Xingu, são mais francos do que seus amigos brancos, fazem muitas piadas e brincam com sensualidade o tempo todo. Seu comentário foi feito para quebrar o gelo ao final de um dia cansativo, na mesa comunitária onde comem juntos todos os waurás que estão envolvidos com o treinamento de combate a incêndio florestal. Os índios do Xingu estão aprendendo técnicas de bombeiros e Malali é um dos 16 pioneiros da brigada da aldeia Piyulaga. A equipe antifogo tem homens e mulheres de todas as idades e, nos próximos meses, deverá ensinar os outros moradores da aldeia a combater focos de queimadas que vêm aumentando de forma inédita na região e que tanto preocupam os waurás e as outras 15 etnias do parque indígena mais famoso do Brasil. O Parque Indígena do Xingu é conhecido em todo o mundo principalmente por imagens das festas marcadas por danças e lutas de guerreiros com cabelo cortado em forma de cuia e a pele pintada de preto e vermelho. Nos últimos anos, contudo, chamas amarelas e também vermelhas têm queimado as florestas do parque de um jeito totalmente inédito, assustando seus moradores pela velocidade com que aparecem, pela quantidade e pela resistência dos focos às técnicas tradicionais de combate e pela extensão da destruição. O caso mais chocante talvez tenha sido o da aldeia Kisedjê que, no dia 18 de agosto, viu queimar completamente todas as casas em poucos minutos. O episódio chocou até a top model Gisele Bündchen, que visitou o Xingu pela primeira vez em 2004. Em setembro, tocada pela tragédia, Gisele promoveu na internet um leilão de vestidos para arrecadar fundos para a restauração da aldeia. A iniciativa juntou R$ 16 mil, o que pode parecer pouco, mas para os índios certamente é um recomeço. Incêndios que podem queimar vilas inteiras em um piscar de olhos assustam as aldeias do parque, formadas sempre por grandes casas cobertas por palha sapé, altamente inflamável quando seca. Alarmados, os waurás pediram ajuda à ONG Instituto Socioambiental (ISA), que organizou o treinamento de técnicas
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fora do parque indígena do xingu dentro do parque indígena do xingu Fontes: INPE, 2011 e Instituto Socioambiental (ISA), 2011
acima, a pioneira brigada da aldeia piYulaga com bombeiro treinador ao fundo (de chapéu) e o cacique auaulukumã À frente. ao lado, Área desmatada na divisa do parque e mata queimada dentro da reserva indígena
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com o clima mais seco, o fogo Para usos tradicionais tem
saĂ?do do controle dos Ă?ndios
Desmatamento acelerado Cerca de 47% das florestas da Bacia do Xingu*, em Mato Grosso, já foram destruídas ti paraná
ti terena ti menkragnoti gleba iriri
ti capoto/ jarina
ti wawi ti maraiWatsede O
RI XIN GU
Área desmatada Área de floresta Rio Xingu e afluentes
parque indígena do xingu
ti batovi
*Sem levar em conta Terras Indígenas Fontes: IBGE, INPE e Instituto Socioambiental (ISA)
ti pimentel barbosa
ti pequizal do naruvôtu ti marechal rondon
ti parabubure ti chão preto ti ubawawe
brigadas antifogo
reúnem jovens, crianças, homens e mulheres
Os waurás contam que o fogo começou próximo à antiga aldeia dos índios yawalapitis, quando uma família usou fogo para abrir uma roça. Um velho yawalapiti dessa aldeia, por sua vez, diz que foi um grupo de índios de outra aldeia que pescava no Posto Leonardo e fez um fogareiro para assar peixe. O certo é que o fogo “escapou”. O índio apelidado Matã, waurás morador do Posto Leonardo, diz que foi tudo rápido e rasteiro, primeiro apareceu uma grande fogueira na direção da velha aldeia Yawalapiti e logo estava sem controle: “Eu via o fogo correndo como se fosse uma fila em direção a Piyulaga.” A fila a que ele se refere é a mata contígua à estrada, mais exposta ao Sol, o que facilita a ocorrência de incêndios. Com o agravamento sistêmico da seca, esse efeito se radicaliza.
I l h a d e f l o r e s ta O Parque Indígena do Xingu completou 50 anos em agosto. O presidente Jânio Quadros assinou sua criação poucos dias antes de renunciar, bêbado, em 25 de agosto de 1961. Tornou assim realidade a bandeira de uma campanha iniciada cerca de 10 anos antes pelos irmãos Orlando, Cláudio e Leonardo Villas Boas, que propunham uma grande reserva para proteger as várias etnias identificadas na região de Mato Grosso por expedições de viajantes nas décadas anteriores. É habitado hoje por 16 grupos indígenas com cerca de 5,5 mil pessoas espalhadas por 2,8 milhões de hectares, o mesmo tamanho do Estado de Alagoas. Essa área corresponde a 10% do território originalmente proposto pelos irmãos Villas Boas, mas ainda assim é uma das maiores e mais preservadas áreas de florestas do País. Ao reduzir a área proposta para o parque, em 1961, o governo deixou de fora do traçado as nascentes dos rios que cruzam a reserva e formam o Rio Xingu. Na época, parecia impossível ilustração christian toledo
na outra pÁgina, os velhos da aldeia conversam sobre os desafios do presente ao redor do fogo. acima, índio sorve Água de cipó e detalhe da estrutura de madeira de uma típica maloca xinguana
que as florestas da região desaparecessem. Mas em 50 anos isso realmente aconteceu: em volta do parque praticamente só se vê atualmente fazendas de gado e soja, retalhos geométricos de mata isolada em volta de rios e ocupações urbanas sem saneamento básico que foram degradando o ambiente dentro do parque, contaminando o ar e as águas com agrotóxicos, assoreando os rios e ressecando o ar. Esse diagnóstico já foi feito há alguns anos: os rios do parque estão degradados, assoreados, poluídos e com menos peixes. “Agora se pode andar pelo rio. Não era assim quando nós chegamos aqui”, disse o cacique dos waurás de Piyulaga, Auaulukumã, em uma saudação à equipe da brigada anti-incêndio. Depois da água, os xinguanos perceberam o problema com o fogo, que atacou de forma muito intensa nas estações de seca (o inverno) dos últimos dois anos. Para se ter uma ideia do ritmo atual da destruição, ao longo de seus 50 anos de história o parque perdeu somente 1,8% de sua cobertura florestal original. Apenas em 2010, porém, o fogo teria atingido uma área correspondente a 10% da floresta do parque a julgar por uma análise preliminar feita pelo ISA a partir de dados gerados pelo satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Isso não quer dizer que a mata tenha sido destruída totalmente. Ela ainda pode se regenerar, como uma pessoa com queimaduras, mas exige cuidados. E fica cada vez mais frágil e suscetível a novos incêndios. Há grande temor inclusive sobre o que
Xingu 50 anos O Parque Indígena do Xingu foi criado em agosto de 1961.
2,8 milhões
Tem de hectares de extensão, o equivalente ao Estado de Alagoas.
16 diferentes etnias indígenas. Sua população total é de 5,5 mil pessoas.
É habitado hoje por
pode acontecer no ano que vem nas áreas queimadas este ano. As inéditas brigadas anti-incêndio, equipadas com bombas de água e abafadores e treinadas para técnicas de combate ao fogo, fazem exatamente sua preparação para evitar que 2012 seja outro ano com o Xingu ameaçado pelo fogo descontrolado. O Parque do Xingu fica no norte do Estado de Mato Grosso, exatamente na transição entre o cerrado e a floresta amazônica, na região chamada de Amazônia Oriental, que os cientistas classificam como a área mais exposta à degradação acelerada de toda a Amazônia. No entanto, apesar dessa fragilidade, Mato Grosso tem sido o Estado brasileiro campeão de desmatamento e queimadas nos últimos anos, funcionando como uma “vanguarda” da devastação da região. Na área ocupada pela bacia do Xingu no Estado de Mato Grosso, com 17,7 milhões de hectares (seis vezes a área do PIX) e que inclui tanto o parque quanto as nascentes do rio e seus afluentes, o desmatamento já corresponde a 37%. Considerando que na área do parque (16%) a floresta está preservada, isso quer dizer que fora das áreas indígenas a devastação é de cerca de 47% – quase a metade de uma área que, há meio século, era totalmente virgem.
umIdade zero
além de causar o descontrole do fogo, o desmatamento ameaça a saúde do xingu, causando o assoreamento do rio, poluição das Águas e mortandade de peixes
Há muitas décadas os cientistas alertam para o fato de que a floresta funciona como uma umidificadora do ar amazônico e a sua destruição iria causar secas mais frequentes e intensas. Pois bem: nos últimos anos, a região viveu as duas maiores secas de sua história, em 2005 e 2010, sendo esta última mais violenta do que a anterior. Fora desses dois picos, também a estiagem anual tem sido mais intensa do que nunca
antes. Este ano, por exemplo, Manaus teve no dia 11 de agosto a menor umidade relativa do ar de sua história (ou pelo menos desde que a medição é feita, há 100 anos), com 18%, índice típico de deserto, quando sua média é de 80%. O cenário que parecia apocalíptico no final dos anos 1980 (quando cientistas alegavam que, ao ritmo da época, a devastação completa da floresta amazônica se daria em 50 anos) está infelizmente se realizando: em menos de 25 anos, cerca de 35% da floresta foi degradada, metade com corte total, metade com a degradação irreversível da mata por ataques diversos que a esgarçam e a condenam à morte em pouco tempo. O Xingu foi criado no centro geográfico do Brasil para ser um símbolo da alma brasileira, que se projetava marcada pela diversidade étnica e pelo respeito ao meio ambiente. Neste momento o parque espelha exatamente o contrário, a incapacidade do País em cuidar do ambiente que alimenta essa diversidade étnica em seu coração. Nas primeiras noites de outubro uma tempestade muito forte caiu sobre o Parque do Xingu, marcando a chegada da temporada de chuvas após quatro meses de rigorosa estiagem. Naquela noite longa, de raios e trovões, com direito a muitas goteiras na maloca de sapé, a chuva apagou os últimos focos de fogo que ainda resistiam e afastou o risco imediato de novos incêndios. Mas as mudanças climáticas que fizeram surgir esses fogos radicais persistem como uma ameaça de mais e mais incêndios para a temporada de estiagem dos próximos anos. Até lá, os índios do Xingu vão ter de entender a sua posição ao mesmo tempo frágil e exótica na batalha global com o aquecimento do planeta.
LÁ EM CASA
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BaiLe de GaLa TeM GeNTe QUe aCHa KiTsCH, Mas O PaisaGisTa GiLBerTO eLKis aCHa CHiQUe e FaZ QUesTÃO de esPaLHar seUs PiNGUiNs de BLaCK-Tie PeLa Casa POr sUZaNa BOriN FOTOs rOGÉriO CassiMirO
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“O s c a r a s já nasceram de black-tie, são chiques por natureza.” É assim que Gilberto Elkis explica sua coleção de pinguins de geladeira. Este renomado paisagista paulistano, responsável pelos jardins do Hotel Unique, em são Paulo, e do Hotel W, no chile, sempre foi ligado à natureza e às viagens. Tanto que seu primeiro contato com a ave típica da antártida foi na califórnia. “Em 1984, eu morava nos Estados Unidos. Tive a oportunidade de ir a um aquário de pinguins no parque sea World, em san Diego. Fiquei admirado com aqueles animais vestidos a caráter”. Hoje, o bando cresceu tanto que não cabe mais em cima da geladeira: são 150 integrantes da espécie e suas duas últimas aquisições foram feitas na África do sul, um de miçangas e outro de arame. “Não tenho um preferido. aquele que pego na mão é o escolhido do dia,” comenta, andando pelo seu apartamento, no bairro paulistano da Vila Madalena. a coleção toma três prateleiras de sua cozinha. Nesse espaço, a diversão é reunir os amigos e familiares para degustar seus pratos. “Minha especialidade? ragu de ossobuco, carnes e peixes assados. adoro cozinhar e sempre na presença dos pinguins. Eles moram aqui.” apesar de o interior de seu apartamento ser repleto de características que remetem à sua personalidade dinâmica e inovadora, o lugar preferido é a varanda, onde ele cultiva algumas de suas plantas. “Quando estou em casa, esse é meu canto favorito. Tenho uma vista bacana da cidade de são Paulo, que me dá uma ótima sensação de liberdade,” comenta, já se preparando para sua próxima viagem.
diversidade Os destaques da coleção sem preferências “Aquele que pego é o escolhido do dia”, diz Gilberto Elkis. Os mais novos dos 150 são os feitos em miçangas e arame (abaixo), comprados em sua última viagem à África do Sul
posição de destaque Nas mais variadas formas e posições, os pinguins preenchem as prateleiras da cozinha de Elkis e são a companhia em seus dias de chef
c a pa
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MILENA
A ATRIZ TROCA A TIMIDEZ PELA SENSUALIDADE
fotos Eduardo Rezende | edição Ariani Carneiro stylist Juliano Pessoa e Zuel Ferreira hair/make Max Weber/Maxweber
vestido American Apparel, anel Julio Okubo e anel folhas Montecristo (m達o esquerda), anel Mirandouro (m達o direita), colar Edu Osako
casaco Minha Av贸 Tinha, hot pant Adriana Degreas
“Para um homem me encantar,
biquíni Adriana Degreas
é melhor fazer um curso na Le Cordon Bleu”
Os anOs 80 andam perseguindO m i l e n a T O s c a n O – ela que, aliás, nasceu no coração da década, em 1984. Fora a atmosfera radicalmente david Bowie que exala deste ensaio para Status, clicado pelo carioca eduardo resende, ela está encarnando em horário nobre a pilhada Wanessa Tavares ribas, personagem meio madonna em início de carreira, na novela Fina estampa, de aguinaldo silva. sobrinha e protegida do mordomo gay crô (marcelo serrado), a Wanessa de milena estuda relações públicas, mas se aprimora em outro tipo de relações, com um figurino que faria a periguete de Insensato coração, a gulosa nathalie lamour, parecer uma freira carmelita. aqui vocês podem ter mais uma prova de como a milena/Wanessa não carece de muito tecido para se sair magnificamente bem no papel proposto. “a Wanessa tem um caráter meio duvidoso”, diz milena – e na verdade não há atriz que não se sinta desafiada a produzir na tela mais maldades do que meiguices. “mas o futuro dela ao aguinaldo [silva] pertence.” aconteça o que acontecer, a hostess do restaurante le Velmont tem de caprichar nos quesitos sensualidade e sedução (e o chef-patrão rené Velmont que se cuide com ela), o que não é nem um pouquinho difícil para milena Toscano. arrasadoramente sedutora ela já tinha sido na primeira novela em que foi protagonista, Araguaia (de 2010), assinada por Walter negrão e dirigida por marcos schechtman. só quem não viu é que não se inebriou com o erotismo evaporando da pele da veterinária manuela martinez, enquanto ela se consumia em libido pelo peão solano (murilo rosa). a manuela bombou a carreira de milena e deu a ela a certeza definitiva de que não tinham sido em vão, primeiro, trocar a carreira de modelo pela de atriz (começou aos 13 e passou pela Ford) e, depois, todos aqueles anos de ralação na Oficina de Atores da globo, na Malhação, até finalmente desembarcar no time mais requisitado das novelas. “sou elétrica, não me importo de emendar uma novela em outra, não gosto de não estar trabalhando”, diz ela. se não está na tevê, está no teatro, se não está no teatro, está no cinema. À tela grande ela deve seu melhor reconhecimento, prêmio de melhor atriz no Festival do cinema Brasileiro de los angeles, em 2008, com o filme Sem controle, da diretora cris d’amato. “passei três meses fazendo pesquisa em hospital psiquiátrico”, lembra. O desafio dela era representar uma psicopata perversa. até assim dá para se encantar com ela.
Mas, com tudo isso, como é que fica a vida pessoal? “estou solteira e sou feliz”, diz. “não tenho mais aquela ansiedade de menina, aquela coisa de se apaixonar a cada esquina.” antes de você pensar – que desperdício! – ou de passar a acreditar naquela velha ladainha de certas mulheres – falta homem na praça – é bom avisar que milena Toscano sabe muito bem o que quer e o que faz. “não é que eu seja muito exigente”, explica. “uma hora, aparece. mas não é na night, na balada, que você vai encontrar o homem da sua vida.” Aos 27 anos, Milena é capaz de altas reflexões do tipo: “Você só fica pronto para conviver com o outro quando aprende a conviver com você mesmo.” Mas fique tranquilo: a maturidade dela é temperada por um humor irresistível e por uma joie de vivre que, aliás, se ajustou às mil maravilhas à cidade que milena, nascida em santo andré, no aBc paulista, hoje chama de sua: o rio. ela vê o mar de seu apartamento na Barra e se assegura toda manhã de que o sol está lá, espantando qualquer sinal de inverno. “Odeio cachecol, casaco”, afirma. Status pôde constatar que a famosa dieta de modelo é outra coisa de que milena Toscano não gosta nem um pouco – contrariando o que se espera de quem tem um corpo impecavelmente esculpido como o dela. “Traz umas folhas de alface para a milena. um pedacinho de salmão...” – alguém provocou, no rápido intervalo das fotos e da filmagem para o ipad. “cadê a carne?”, devolveu ela. na verdade, a hostess da novela poderia ser, ela própria, uma extraordinária chef de cuisine. aliás, ela é, e o prazer maior dela, nessa fase de solteirice, é contemplar o paladar de um dos melhores gourmets que milena conhece: ela mesma. “Quem merece mais do que eu?” – provoca, marota. claro que quem estiver por perto vai ganhar seu quinhão de prazer. O trivial variado de milena está longe de ser bifinho com batata frita. Mesmo no dia a dia, ainda que apressada, ela é capaz de se aventurar pela trilha saborosa de um bobó de camarão ou de uma palheta de cordeiro de lamber os lábios. repara nas fotos: esguia, delicada, sem uma gordurinha em excesso, milena Toscano pode se dar ao luxo de ser livre, altiva e bela o tempo todo de sua vida.
Nirlando Beirão
produção executiva Michelle Kimura | produção de moda Matheus Miranda | assistente de make/hair Guilherme Casagrande assistente de foto Guto Ramos e Denny Sach | tratamento de imagem Régis Panato/Photouch | agradecimento tapete preto Punto e Filo
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MILENA
A ATRIZ TROCA A TIMIDEZ PELA SENSUALIDADE
fotos Eduardo Rezende | edição Ariani Carneiro stylist Juliano Pessoa e Zuel Ferreira hair/make Max Weber/Maxweber
vestido American Apparel, anel Julio Okubo e anel folhas Montecristo (m達o esquerda), anel Mirandouro (m達o direita), colar Edu Osako
casaco Minha Av贸 Tinha, hot pant Adriana Degreas
“Para um homem me encantar,
biquíni Adriana Degreas
é melhor fazer um curso na Le Cordon Bleu”
Os anOs 80 andam perseguindO m i l e n a T O s c a n O – ela que, aliás, nasceu no coração da década, em 1984. Fora a atmosfera radicalmente david Bowie que exala deste ensaio para Status, clicado pelo carioca eduardo resende, ela está encarnando em horário nobre a pilhada Wanessa Tavares ribas, personagem meio madonna em início de carreira, na novela Fina estampa, de aguinaldo silva. sobrinha e protegida do mordomo gay crô (marcelo serrado), a Wanessa de milena estuda relações públicas, mas se aprimora em outro tipo de relações, com um figurino que faria a periguete de Insensato coração, a gulosa nathalie lamour, parecer uma freira carmelita. aqui vocês podem ter mais uma prova de como a milena/Wanessa não carece de muito tecido para se sair magnificamente bem no papel proposto. “a Wanessa tem um caráter meio duvidoso”, diz milena – e na verdade não há atriz que não se sinta desafiada a produzir na tela mais maldades do que meiguices. “mas o futuro dela ao aguinaldo [silva] pertence.” aconteça o que acontecer, a hostess do restaurante le Velmont tem de caprichar nos quesitos sensualidade e sedução (e o chef-patrão rené Velmont que se cuide com ela), o que não é nem um pouquinho difícil para milena Toscano. arrasadoramente sedutora ela já tinha sido na primeira novela em que foi protagonista, Araguaia (de 2010), assinada por Walter negrão e dirigida por marcos schechtman. só quem não viu é que não se inebriou com o erotismo evaporando da pele da veterinária manuela martinez, enquanto ela se consumia em libido pelo peão solano (murilo rosa). a manuela bombou a carreira de milena e deu a ela a certeza definitiva de que não tinham sido em vão, primeiro, trocar a carreira de modelo pela de atriz (começou aos 13 e passou pela Ford) e, depois, todos aqueles anos de ralação na Oficina de Atores da globo, na Malhação, até finalmente desembarcar no time mais requisitado das novelas. “sou elétrica, não me importo de emendar uma novela em outra, não gosto de não estar trabalhando”, diz ela. se não está na tevê, está no teatro, se não está no teatro, está no cinema. À tela grande ela deve seu melhor reconhecimento, prêmio de melhor atriz no Festival do cinema Brasileiro de los angeles, em 2008, com o filme Sem controle, da diretora cris d’amato. “passei três meses fazendo pesquisa em hospital psiquiátrico”, lembra. O desafio dela era representar uma psicopata perversa. até assim dá para se encantar com ela.
Mas, com tudo isso, como é que fica a vida pessoal? “estou solteira e sou feliz”, diz. “não tenho mais aquela ansiedade de menina, aquela coisa de se apaixonar a cada esquina.” antes de você pensar – que desperdício! – ou de passar a acreditar naquela velha ladainha de certas mulheres – falta homem na praça – é bom avisar que milena Toscano sabe muito bem o que quer e o que faz. “não é que eu seja muito exigente”, explica. “uma hora, aparece. mas não é na night, na balada, que você vai encontrar o homem da sua vida.” Aos 27 anos, Milena é capaz de altas reflexões do tipo: “Você só fica pronto para conviver com o outro quando aprende a conviver com você mesmo.” Mas fique tranquilo: a maturidade dela é temperada por um humor irresistível e por uma joie de vivre que, aliás, se ajustou às mil maravilhas à cidade que milena, nascida em santo andré, no aBc paulista, hoje chama de sua: o rio. ela vê o mar de seu apartamento na Barra e se assegura toda manhã de que o sol está lá, espantando qualquer sinal de inverno. “Odeio cachecol, casaco”, afirma. Status pôde constatar que a famosa dieta de modelo é outra coisa de que milena Toscano não gosta nem um pouco – contrariando o que se espera de quem tem um corpo impecavelmente esculpido como o dela. “Traz umas folhas de alface para a milena. um pedacinho de salmão...” – alguém provocou, no rápido intervalo das fotos e da filmagem para o ipad. “cadê a carne?”, devolveu ela. na verdade, a hostess da novela poderia ser, ela própria, uma extraordinária chef de cuisine. aliás, ela é, e o prazer maior dela, nessa fase de solteirice, é contemplar o paladar de um dos melhores gourmets que milena conhece: ela mesma. “Quem merece mais do que eu?” – provoca, marota. claro que quem estiver por perto vai ganhar seu quinhão de prazer. O trivial variado de milena está longe de ser bifinho com batata frita. Mesmo no dia a dia, ainda que apressada, ela é capaz de se aventurar pela trilha saborosa de um bobó de camarão ou de uma palheta de cordeiro de lamber os lábios. repara nas fotos: esguia, delicada, sem uma gordurinha em excesso, milena Toscano pode se dar ao luxo de ser livre, altiva e bela o tempo todo de sua vida.
Nirlando Beirão
produção executiva Michelle Kimura | produção de moda Matheus Miranda | assistente de make/hair Guilherme Casagrande assistente de foto Guto Ramos e Denny Sach | tratamento de imagem Régis Panato/Photouch | agradecimento tapete preto Punto e Filo
C H AV E D E C A D E I A
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novembro 2011
ilustração Manuela Eichner
ROUBADA DUPLA O ADVOGADO RAUL* COMEÇOU A NOITE CONQUISTANDO TODAS AS MULHERES QUE QUERIA. MAS TUDO QUE VEM FÁCIL DEMAIS...
AQUELA NOITE FOI INESQUECÍVEL. Começou por volta da meianoite, quando cheguei sozinho em uma das melhores danceterias da cidade. A casa estava cheia, era sábado, pista pegando fogo. O clima era de azaração brava. Nem podia desconfiar o que viria pela frente – e nem como eu, por pouco, não me dei muito mal. Ainda estava bebendo a primeira cerveja no balcão quando ouço um sussurro. – Oi, gato, que bom te encontrar! Fazia tempo que estava atrás de você...
Era Dorinha, uma menina superlinda e com corpo de ninfeta esportista, cabelo queimado de sol e que, sob o shortinho curto, exibia coxas grossas e torneadas. A gente se conhecia da praia, onde certa vez cheguei a lhe sapecar uns beijos e amassos, mas que não havia passado disso. Logo vi que a garota tinha ficado na fissura e queria terminar o que havia começado. O papo e o clima de paquera rolaram fácil, a temperatura esquentou, e logo nos beijamos. Estava tudo bem encaminhado, rápido até demais.
Isso porque ao ir ao banheiro cruzei a pista e me deparei com uma morena sensacional se acabando de dançar. Louca, a mulher de cabelos pretos e longos tinha mais de 1,80 m de altura e um corpo inacreditável. E a felina reparou em mim. Seus olhos pintados me cravaram como se eu fosse uma presa, ou um predador à sua altura. O fato é que segui meu caminho e reencontrei Dorinha. Mas a pantera não saía mais da minha cabeça, nem do meu radar. Assim que a gatinha me arrastou para fora da boate, ansiosa por sexo, eu inventei que precisava avisar um amigo meu que estava saindo e pedi para que ela me esperasse do lado de fora. Entrei na casa novamente e fui reto ao encontro da Dani, como logo depois fiquei sabendo que ela se chamava. – Oi, eu sou a Dani. Foi o que ela disse, depois de enroscar seus braços em torno do meu pescoço e de me beijar com muito tesão. Ficamos, se não me engano, mais de dez minutos nos conhecendo sem pronunciar qualquer nova palavra. A moça era um Boeing em voo de cruzeiro, plena de si e dona da situação. Tomei tento: – Dani, sou Raul. Quero passar o resto da minha vida com você. Ela riu. – Calma, que tal começarmos então só por esta noite? – Fechado. Me dá então uns minutos que preciso levar um amigo para casa. Ele está completamente bêbado, volto rápido. Antes que a gata esboçasse qualquer reação, eu já estava fora do lugar, pegando a ninfeta pelo braço e entrando no carro.
Fiquei complemente ensandecido pelas duas mulheres e, guloso, não queria deixar de provar o néctar de nenhuma delas. Esta-
cionei em uma praça em um canto ermo e escuro. Dorinha tirou a blusa e a calça, pulando em cima de mim, ao mesmo tempo em que abria minha braguilha. Ansiosa, me conduziu para dentro dela praticamente sem respirar. Começamos a transar, ela por cima, eu deitado no banco, mordiscando aqueles peitos empinados. Faróis e sirene interromperam nosso vai-e-vem sem dó. Era a polícia, nos en-
quadrando na lata por atentado ao pudor. Vejam vocês, enquanto um monte de vigarista rouba nosso dinheiro livremente em Brasília, eu fui enquadrado por fazer amor! O problema, eu descobriria naquele momento, era que Dorinha era menor de idade. Sim, a safada mentira para mim, e a cédula de identidade na mão do PM comprovava isso. – Mas eu faço 18 no fim do ano, suplicou ela, tonta. – Não quero saber. É todo mundo na delegacia. O PM, que não devia comer ninguém há décadas, destilava ódio no coração. Não teve jeito: em meia hora a gente estava no DP, eu estressado até a medula, sem acreditar como aquela roubada tinha acontecido comigo. Por sorte a maré mudou assim que o delegado nos chamou a sua sala, dispensando o PM empata-foda. O sujeito, sem a menor intenção de ferrar com a vida de ninguém, e certamente mais preocupado com problemas sérios da madrugada paulistana, foi logo falando: – Rapaz, eu entendo sua situação. As meninas hoje em dia só querem saber de diversão e escondem o jogo mesmo. Meu filho semana passada se enganou desta mesma maneira. Tive que tirá-lo da delegacia do meu bairro, onde, por sorte, sou chapa do titular. Vocês estão todos liberados. E, menina, juízo. Você ainda vai colocar algum marmanjo atrás das grades. Corri de volta para a boate, deixando Dorinha e a delegacia em um passado remoto. Só queria saber da Dani. Será que ainda a encontraria? Peguei a deusa indo embora, sozinha. Expliquei que tinha parado numa blitz, que voltei correndo por ela. Ela não fez uma cara de quem se importava, me pegou pelo braço e pediu: – Me leva daqui. Vamos para minha casa agora. Quinze minutos depois estávamos em seu belo apartamento, um duplex espetacular em um bairro ultrachique da capital. Começamos a transar de pé, na bancada da cozinha, antes mesmo dela nos preparar um drinque. Ela nem tirou as botas, Abriu as pernas, levantou o vestido e me
apertou contra si, resfolegante. Dani não usava calcinha. Nossos movimentos aumentavam freneticamente, até que o celular dela tocou. Não acreditei quando ela atendeu. E o susto aumentou ainda mais quando percebi que ela gritava com... com o namorado!
– Você não me procura mais, seu puto! Eu saí mesmo, fui dançar sim, e sabe o que mais? Estou dando gostoso para o Raul, um cara que é muito mais homem do que você, nesse exato momento! Não acredita? Fala com ele então!
A louca me passa o telefone, surtando. Do outro lado da linha, ouço um cara falando 100 mil palavrões, totalmente descontrolado. – Desculpe, não é nada pessoal, foi o que me ocorreu na hora dizer. Dani desligou o telefone e me disse que era melhor eu ir embora, que o tal ex-namorado era lutador de jiu-jítsu e que em questão de minutos ia entrar pela porta da sala. Gelei. Me vesti o mais rápido que pude e, pasmo pela segunda roubada da noite, nem me despedi da gata, que estava imersa em sua própria loucura. Ao dar a partida no meu carro parado em frente ao prédio, vejo se aproximar um grandalhão segurando um taco de beisebol. O sujeito parecia enfurecido e, antes de entrar no prédio, se aproxima da minha janela, bufando. – Você é o Raul?! – Raul? Não, não, sou o José Carlos. Vim fazer uma assistência em informática urgente no primeiro andar. Com licença, boa noite. O troglodita virou as costas e entrou no edifício. Dei partida e saí queimando pneu. Eram passadas das quatro da manhã e fui direto para casa, rezando para que mulher nenhuma mais cruzasse o meu caminho naquela noite cheia de armadilhas. * Raul, 40 anos, é advogado em São Paulo.
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perfil
102
novembro 2011
O MIDAS DE HOLLYWOOD PRODUtOR DE GRanDEs sUcEssOs DE BiLHEtERia QUE aRREcaDaRaM Mais DE Us$ 1 BiLHÃO, Gianni nUnnaRi FaLa À statUs sOBRE IMORTAIS, sEU nOVO FiLME, E Da PaiXÃO PELO BRasiL por MARIO BERNARDO GARNERO e LUÍS MARCELO NUNES, de Montecarlo
ais m e d ado ” c s i r r s é a o Brasil a m , mos ses como a t n e “Já t r em paí filma
perfil
“ Fa n ta s t i c . ” Esse foi o adjetivo mais usado pelo produtor Gianni nunnari, durante nossa agradável conversa em Montecarlo. Dono de uma produtora chamada Hollywood Gang, responsável por vários filmes que foram sucesso de público, crítica e, claro, também de bilheteria, este italiano de 52 anos tem um currículo invejável. Estima-se que, juntos, seus filmes tenham arrecadado cerca de US$ 1 bilhão. Ou seja, Nunnari é quase uma eminência parda na indústria cinematográfica americana. Aparece pouco, mas nos bastidores liderou sucessos como 300 (2006) e Os infiltrados (2006), este produzido e dirigido por Martin scorsese e com um elenco estelar, formado por Jack nicholson, Leonardo Dicaprio, Mark Wahlberg, entre outros. nunnari produziu também o eletrizante Seven (1995), que contava com Brad Pitt e Morgan Freeman como protagonistas. Mas quando pensamos tratar-se de um este-
reótipo do clássico produtor americano de Hollywood, notamos seu ligeiro e cativante sotaque italiano, que nos conduz a sua origem e a seu início no cinema, quando produziu inesquecíveis clássicos como Mediterrâneo, O carteiro e o poeta e o vencedor de Oscar de 1999 A vida é bela. Mas seu foco agora é o lançamento de seu novo filme, que tem tudo para tornar-se um marco, a começar pela data de seu lançamento em premiére mundial: 11/11/11. É nesta sugestiva data que Imortais, um filme épico sobre mitologia grega, com a participação de Mickey Rourke, chegará às telas. Fã confesso do Brasil, ele aterrissará no País para lançar seu filme e visitar os amigos. Do Rio de Janeiro, diz, sente falta do café da manhã, que evitava tomar no hotel, para aproveitá-lo nas casas de suco da cidade. “ainda vou levar uma dessas lojas para Los Angeles”, diz Nunnari, sobre a capital cinematográfica onde passa a maior parte do tempo. Repete às gargalhadas o mantra que aprendeu nas praias cariocas: “Olha o mate! Queijo coalho! açaí!”. nunnari fala com segurança sobre o Brasil. além de conhecer o País, tem inúmeros amigos em são Paulo e inclusive namorou uma modelo brasileira. Mas, como um típico galanteador, evita comentar seus “affairs” e se fecha em copas quando citamos o nome de algumas de suas conquistas, como Naomi Campbell, charlize teron, sharon stone e a lista segue... Empolga-se quando fala de autores brasileiros, em especial do escritor Paulo Coelho, do qual possui os direitos da obra Onze minutos. Perguntado se
era coincidência ou não, o fato de o número 11 aparecer de novo na conversa, ele afirma acreditar muito no poder e na influência dos números em sua vida. Devido ao sucesso do filme Seven, simpatizou por anos com esse número. Mas a carreira de um produtor não é construída com superstições: o trabalho é duro e incessante, garante ele, e a certa altura compara o métier de um produtor com o de um pizzaiolo. “Filmes e pizza equivalem-se em uma hilária teoria de produção em série”, diz nunnari. Em um vídeo caseiro (disponível no YouTube), filmado e produzido pelo próprio Paulo coelho num encontro entre eles durante as negociações sobre o livro Onze minutos, dessa vez Gianni se comparou a um “waiter” – um trocadilho que significa algo como garçom, e, no caso específico da piada, o que espera: financiamentos, bancos, investidores, prazos, atores, diretores, espectadores... Ele foi também o responsável pela entrada de Rodrigo Santoro no mercado americano, quando deu ao ator brasileiro a oportunidade de representar o personagem do semideus Xerxes, no filme 300. A parceria com Scorsese rendeu outros filmes como o recente Ilha do medo (2010) . nessa entrevista, Gianni nos conta um pouco sobre o mundo corporativo da indústria cinematográfica, fala sobre o Brasil e dos novos talentos que surgem nesse horizonte da sétima arte. Finaliza constatando que o cinema ainda detém o poder de transformar histórias simples em algo “fantastic”.
da esquerda para a direita, algumas das principais produções de gianni nunnari: 300, os infiltrados, seven e imortais. sua lista de futuros projetos inclui a produção de um filme baseado no livro “onze minutos”, de paulo coelho
“Prefiro as produções milionárias” PaRa nUnnaRi, PRODUZiR FiLMEs GRanDiOsOs É cOMO tRaBaLHaR cOM UM EXÉRcitO
Você produziu alguns dos filmes mais celebrados de Hollywood, como 300 e Os infiltrados. Quais são seus novos desafios? No momento estou ocupado com o lançamento de Imortais. Venho fazendo filmes a minha vida toda. É um negócio muito difícil, mas é como gosto de levar a vida. Como você descreve o momento da indústria cinematográfica americana? A crise econômica tem atrapalhado? É claro que a crise afeta a indústria, mas esse não é o principal problema. As pessoas sempre foram ao cinema, mesmo durante as crises. A diferença é que hoje existem coisas muito mais baratas para se fazer. Recentemente, o Brasil foi tema do filme Rio, de Carlos Saldanha. Outro que está negociando para filmar no Brasil é Woody Allen. E você, tem algum plano para o País? Já tentamos diversas vezes fazer filmes em países que têm belezas naturais, gente interessante e um bom DNA artístico, mas sempre desistimos. Tudo é muito arriscado. Você tem de contar com alguém que conheça alguém no governo que lide com os subsídios. Mas tenho certeza de que o Brasil terá um sistema viável em breve. E então eu estarei lá! Temos visto filmes de sucesso com grandes e pequenos orçamentos. Qual a sua aposta? É possível fazer ótimos filmes a qualquer
fotos afp ddp/marcus brandt | divulgação
custo. Particularmente, prefiro trabalhar com produções milionárias. Gosto de grandes equipes, de grandes sets de filmagem, da adrenalina dos prazos. É como trabalhar com um exército todos os dias, sem ter de ser um soldado. Na sua opinião, quem sãos os diretores mais promissores da atualidade? Gavin O’Connor (Força policial, 2008) e Noam Murro (Vivendo e aprendendo, 2008). Estou trabalhando com ambos em novos projetos. Também considero Nicolas Refn (Pusher, 1996) um grande talento e mal posso esperar para assistir ao próximo trabalho de Niels Arden Oplev (Os homens que não amavam as mulheres, 2009). Matteo Garrone (Gomorra, 2008) e Paolo Sorrentino (As consequências do amor, 2004) são outros dois cineastas com quem eu gostaria de trabalhar. Que lições você daria para quem está começando? Para a maior parte dos produtores, o fracasso é muito mais comum do que o sucesso. Então é preciso saber como lidar com isso. Saiba qual é seu público-alvo e nunca o perca de vista. Assista a tudo que puder, identifique os talentos verdadeiros e dê apoio a eles. Acredite em você mesmo, porque dificilmente alguém mais vai acreditar. Pare quando você não mais conseguir ir além do seu alcance.
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“O chapéu clássico é, sem dúvida, o panamá. Outro item atemporal é a abotoadura” Valdemar IódIce
chapéu panamá Plax R$ 500; gravata de seda petit pois Ricardo Almeida R$ 390; abotoaduras em ouro rosé 18K Mont Blanc R$ 19.132
À PROVA DO TEMPO AS PEÇAS CLÁSSICAS SOBREVIVEM AOS ANOS, SUPERANDO INCLUSIVE OS MODISMOS DE ÉPOCA. QUATRO ESTILISTAS INDICAM OS ITENS QUE NÃO PODEM FALTAR NO SEU ARMÁRIO FOTO TIAGO MOLINOS, STYLING HIGOR VAZ ALEXANDRE, HAIR/MAKE RONI MODESTO – CAPA MGT
blazer de lã fria Daslu R$ 990; camisa Lacoste R$ 269; calça de lã fria Ricardo Almeida R$ 1.644; sapatos de couro Louis Vuitton R$ 1.590
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pul么ver de l茫 Ermenegildo Zegna R$ 820; camisa de algod茫o Lacoste R$ 299; rel贸gio Omega Moonwatch R$ 11.600
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“O sapato social deve ter sola firme, de couro, e salto mais marcado. e tem de ser preto� Fause Hatten
costume de lĂŁ fria risca-de-giz Emporio Armani R$ 4.510; camisa de tricoline Alfaiataria Paramount R$ 229; gravata listrada de seda Ermenegildo Zegna R$ 690; sapatos em couro Alfaiataria Paramount R$ 289
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blazer de veludo Ricardo Almeida R$ 1.898; camisa de tricoline Alfaiataria Paramount R$ 229; cinto de couro Louis Vuitton R$ 1.100; calça de lã fria, sem pregas, Daslu R$ 420; óculos Aviador Ray Ban para Luxótica R$ 493
“Os óculos de sol da ray Ban são eternamente clássicos. a camisa tem de ter corte perfeito” sergIO KamalaKIan
Produção Executiva Michelle Kimura e André Soares | Assistente de foto Caio Porto | Modelo Marcus Luko / L’equipe Agence Tratamento de Imagem Leo Vas | Agradecimentos Objetos de Cena
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pasta de couro com cantoneira tripla Mont Blanc R$ 4.418
jaqueta de couro Alfaiataria Paramount R$ 2.490; camiseta 100% algodão Calvin Klein R$ 99 carteira de couro Armani Exchange R$ 229 óculos de acrílico Ray Ban para Luxótica R$ 472, camisa de tricoline Ricardo Almeida R$ 610, gravata listrada Ricardo Almeida R$ 390 e abotoaduras Mont Blanc R$ 1.440
camisa Polo Lacoste R$ 209,00 e Óculos Fendi R$ 873,00
“adoro os óculos de grau em acetato. no caso das gravatas, o ideal é evitar estampas extravagantes” marIO QueIrOZ
ÍCONES DE ESTILO
por Natália Mestre
NA ONDA DO VERÃO UM É SURFISTA PROFISSIONAL E FOI DEZ VEZES CAMPEÃO MUNDIAL DE SURF. O OUTRO, BEM QUE GOSTARIA DE SER. JUNTOS, O AMERICANO KELLY SLATER E O MODELO BRASILEIRO PAULO ZULU TÊM UM ESTILO BEM NATURAL, IDEAL PARA OS DIAS MAIS QUENTES
Estiloso por natureza O modelo e ator Paulo Zulu é um adepto do estilo esportivo. Faz a linha garoto de praia e é amante declarado do surf. Bermudas e camisetas leves compõem o seu guardaroupa, mas Zulu também demonstra que está em dia com a moda: investe em roupas com cortes atuais e sabe usar sobreposições. “O modelo ainda escolhe looks que acentuam a sua boa forma, como camisetas com decote V e malhas transparentes”, explica a consultora de imagem Nara Borges, proprietária da agência que leva o seu nome.
VERÃO SEM ERRO
PRAIA URBANA
ALFAIATARIA CASUAL
Com uma filosofia de vida natureba, à base de orgânicos, Zulu sabe refletir esse jeito de viver em seu modo de vestir. Seus looks são uma boa pedida para os dias de verão intenso. Um exemplo é o conjunto de bermuda floral, camiseta e sandálias tipo papete. Tudo feito com tecidos naturais e em tons claros, o que funciona bem no calor.
Um dos seus visuais preferidos é calça jeans, camisa de manga curta e sapatênis, uma alternativa para deixar o look esportivo com cara de arrumado. “Zulu opta por peças versáteis e de fácil combinação”, garante Nara. As camisas, por exemplo, funcionam tanto para a praia quanto para passeio, em trajes mais arrumados.
O modelo também aposta na alfaiataria. Bermudas e calças mais sociais são usadas de uma forma despojada com camiseta de malha e cinto mais esportivo. “Seu corte de cabelo simples e prático também ajuda a passar essa sensação de leveza no visual”, finaliza.
COMBINAÇÕES CERTEIRAS
Zulu não costuma ousar em suas produções. Looks básicos, como calça jeans clara e camisa azul-marinho, são apostas certeiras. Com eles, é possível ser chique e clássico, sem erro. Até nas ocasiões sociais ele usa roupas confortáveis – como o sapato esportivo – e atemporais, que não fogem da sua atitude low profile.
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DUPLA DINÂMICA
FEITO PIJAMA
O guarda-roupa de Slater é composto especialmente por modelos diferentes de calça jeans e tênis. Sem possibilidade de erro, a dupla se encarrega de montar vários looks esportivos, porém clássicos, em geral acompanhados por camisetas ou camisas de manga curta.
Por mais que Slater seja um atleta em forma, ele sempre escolhe peças mais largas e confeccionadas com tecidos naturais. Isso porque as peças mais leves e soltas aumentam a sensação de conforto, tão valorizada pelo surfista.
Confort style Dez vezes campeão mundial de surf, o americano Kelly Slater não tem problemas em encarar as maiores ondas do planeta. Mas essa ousadia parece não se aplicar a seu estilo de vestir. No quesito moda, o surfista faz mais o tipo conservador. “Prova disso é sua preferência por roupas que não marquem a silhueta”, diz Mauricio Mariano, stylist da Agência Abá MGT.
PARA TODAS AS HORAS
“A combinação moletom listrado e jeans resulta num visual desencanado”, diz o stylist. Além disso, o conjunto dá uma certa versatilidade, indo bem em diferentes ocasiões, como numa baladinha leve, no cinema ou mesmo em casa, recebendo os amigos.
SOCIAL COOL
O surfista é um exemplo de quem imprime sua personalidade, mesmo em situações que exigem um traje mais sofisticado. Caso do look que combina terno, camisa e tênis tipo iate, sem cadarço. “O calçado é responsável por dar um ar despretensioso”, explica Mauricio.
ILUSTRAÇÃO PEDRO MATALLO | FOTOS ROBERTO FILHO E ALEX PALAREA/AGNEWS | GARETH CATTERMOLE/GETTY | CHELSEA LAUREN/WIREIMAGE
GASTRONOMIA
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A pérolA do piemonte por ROGÉRIO FASANO
o glamour e os segredos da fAmosA trufA brAncA, uma das joias mais Cobiçadas da boa mesa
T R U FA S B R A N C A S são o caviar da gastronomia italiana. Com a diferença de que caviar, você tem o ano todo; tartufi bianchi frescos, só por dois meses. Daí o frenesi que as trufas vêm criando, o justificado desespero pela sua escassez, os preços que galopam alucinadamente, ano após ano. Confesso que ando meio cansado dessas piruetas da lei da oferta e da procura: já comprei tartufi a 1,8 mil euros o quilo; em 2010, chegaram a 3 mil euros; este ano, as cotações começam em 4,5 mil euros. O tórrido outono europeu atrasou a colheita. A estação da trufa encolheu. Às vezes me pergunto: vale a pena tanto esforço? Trufa branca, tenho de aceitar, é a coisa mais próxima do sublime que conheço. A primeira tartufata a gente nunca esquece. Lembro-me do nonno Ruggero ralando copiosamente aquela esquisita batata sobre um pratarrão de massa familiar. Eu era pequeno, mas o paladar já respondia, deliciado. Quando abrimos, 20 anos atrás, o restaurante Fasano na rua Haddock Lobo, com um cardápio que apostava nessa ideia – “Vejam como São Paulo é cosmopolita!” –, claro que tive de farejar trufas em Alba, como fazem, com seus cães, os camponeses locais. Era uma enorme dificul-
Camponeses italianos enContram a tão Cobiçada trufa Com a ajuda do Cão farejador
em AlbA, A trufA brAncA é considerAdA um pAtrimônio dA cidAde. AnuAlmente, As pessoAs festeJAm A cHegAdA dA iguAriA
dade logística, a gente se candidatava a um tremendo prejuízo, mas não tinha como não tê-las naquele período sazonal, que vai de outubro a meados de dezembro. Se não fomos os primeiros aqui no Brasil a ter no cardápio trufas brancas – aquelas, de verdade –, tenho certeza de que criamos o hábito. O freguês do Fasano sabia que, todo ano, os preciosos cogumelos chegariam, frescos e cheirosos. Era uma ginástica só: comprávamos in loco, do próprio tartufaio, improvisávamos uma embalagem e ali precariamente acomodávamos as pérolas brancas. Corríamos para o aeroporto e transportávamos tudo como bagagem de mão. Naturalmente, o cheiro empesteava o ambiente. As pessoas seriam capazes de jurar: “Está vazando gás” (quando era voo da Alitalia, os escolados passageiros da executiva se maravilhavam, em vão: “Oba, vai ter trufa no jantar!”). A segunda etapa da epopeia era a alfândega. Hoje em dia, importamos as trufas legalmente e acho que dei uma boa contribuição para isso. Conseguimos incluir o tartufo bianco na licença de importação. Entendi – e entendo – a lógica do Ministério da Agricultura em ser tão rígido no controle da entrada de alimentos. Frutas e vegetais podem, sim, trazer consigo pequenos parasitas capazes de se multiplicar perigosamente como uma peste, se não houver no País predadores eficazes para contrabalançá-los (tive um único problema com as autoridades quando trouxe, também na base do improviso, uma mala de carcioffini de Veneza, aquelas alcachofrinhas típicas da região vêneta. Tentei escapulir do controle de dois robustos policiais federais, que me pegaram pelo braço e me obrigaram a duas horas de depoimento, episódio que poderia ter sido trágico se não tivesse sido apenas burlesco).
Com a atual febre dos tartufi, insuflada agora pela voracidade dos chineses e o surgimento de tantos experts instantâneos, de ocasião, reivindico modestamente o direito de advertir sobre certos mitos que edulcoram esse prazer que os italianos compartilham com o mundo:
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Nem toda trufa branca é de Alba, no Piemonte. Há trufas brancas na Toscana, no Abruzzo, na região de Marche. Tartufo bianco, legítimo, só que cada um com suas características próprias. Eu e o mundo preferimos a trufa de Alba por sua delicadeza, mas todas são excepcionais e custam o mesmo, apenas diferem levemente no aroma.
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“Este ano a trufa está muito boa.” Já ouviu isso? É besteira. Trufas não têm safra melhor ou pior, como o vinho tem. Ano bom significa apenas fartura; ano ruim, escassez.
3 A tal caça às trufas que algumas agências
de turismo promovem no Piemonte são para inglês – e, eventualmente, brasileiro – ver. Já caí nessa. Não existe a menor possibilidade de, em duas horas, no escuro da madrugada, um cão farejar um quilo de trufa e fazer, assim, a felicidade do tartufaio e o encanto dos turistas. A trufa já estava lá, escondidinha, pronta para o show off.
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Não recomendo restaurantes que oferecem pechinchas com “trufas autênticas”. Nem em Alba é possível. Uma verdadeira tartufata exige no mínimo 20 gramas de trufas, e, descontando-se a perda (5% ao dia pela evaporação da umidade que ela abriga), um simples prato de spaghettini, com lucro zero para o restaurateur, não sairia por menos de 500 reais (calculando-se por esses absurdos 4,5 mil euros o quilo da atual colheita). Existe na Itália uma contrafação do tartufo bianco chamado bianchetto, que custa muito menos (200 euros, o quilo), mas está longe de ter o mesmo aroma e o mesmo sabor. Carregar no óleo trufado é só um truque. Óleo trufado pode ser produzido em plataforma de petróleo: só tem essência, nada de trufa. De todo modo, aos privilegiados – e, por que não?, aos desavisados – bom apetite!
fotos de agostini/getty | giuseppe CaCaCe/afp | filippo monteforte/afp Owen Franken/COrbis | Chris Meier/stOCkFOOd
VendidAs em leilões, As trufAs encontrAdAs sob A terrA Atingem preços Astronômicos. neste Ano, o quilo está sAindo por 4,5 mil euros
GASTRONOMIA
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por Priscilla Portugal
TRINCA VENCEDORA SELECIONAMOS O MELHOR PRATO DOS TRÊS MELHORES RESTAURANTES DO MUNDO PARA VOCÊ SABER O QUE ELES TÊM DE ESPECIAL
A R E S P E I TA D A revista britânica Restaurant lança anualmente uma lista com os melhores restaurantes do planeta e sempre deixa todo mundo com a pulga atrás da orelha: afinal, o que faz com que esses lugares ocupem o topo do desejado ranking? Status foi atrás do prato mais badalado do Noma, do El Celler de Can Roca e do Mugaritz, os três restaurantes que lideram a lista mundial, e conta tudo para você.
NOMA Bi-cam-pe-ão. Deve ter sido esse o grito do chef René Redzepi, do Noma, ao ouvir em abril a notícia de que novamente fora eleito o melhor do mundo. Esse restaurante, que existe desde 2003, em Copenhague, capital da Dinamarca, tem a proposta – tão em voga atualmente – de valorizar produtos locais e sazonais. O clima cool e ao mesmo tempo aconchegante serve de cenário para jantares à base de pratos extremamente elaborados, como o chamado “vegetais em conserva, porco assado e tutano defumado”. Para se ter ideia da complexidade na execução, são necessárias oito etapas e o feitio é 100% artesanal. Os vegetais, por exemplo, são o kohlrabi (espécie de repolho), cenouras, pepinos, beterrabas e couves-flores. Mas cada um é preparado em uma salmoura diferente. Enquanto a do pepino é à base de vinagre de maçã e endro, a das beterrabas é feita com vinagre de rosamosqueta e a da couve-flor, com vinho branco. O porco é assado por mais de dez horas e o tutano requer pelo menos quatro dias de preparo.
EL CELLER DE CAN ROCA MUGARITZ Com decoração descolada, o Mugaritz é mais um representante da moderna cozinha catalã. O chef Andoni Aduriz também aprendeu técnicas da cozinha molecular com o mestre Ferran Adrià e costuma dizer que as pessoas vão a seu restaurante à procura de experiências. Além da terceira posição no ranking da Restaurant, o Mugaritz tem duas estrelas Michelin e um jeito bem-humorado de ver a gastronomia. Isso se reflete em pratos como o “ovo quebrado com sorvete de gema e flores brancas”. O nome é uma brincadeira, pois se trata de uma sobremesa. A apresentação também é divertida: nela, até a casca do ovo é comestível, pois é um preparo à base de um tipo de açúcar, chamado manitol, e corante. Depois de colocado em uma forma especial, ganha
o formato de casca. A construção do prato também é complicada e requer instrumentos que mais lembram os de um laboratório que os de uma cozinha, como o turmix (espécie de mixer), o thermomix (eletrodoméstico que é a febre do momento e pode servir para cozinhar, vaporizar, pulverizar, bater, misturar, moer e liquidificar alimentos), a embalagem a vácuo e o microcoador. Reproduzir em casa pode parecer impossível, mas degustar essa sobremesa no Mugaritz promete recordações inesquecíveis.
A cidade de Girona é um celeiro de talentos da gastronomia. Lá ficava o mítico elBulli, de Ferran Adrià, e também está o El Celler de Can Roca, uma construção moderna e envidraçada. A cozinha fica sob o comando de Joan Roca. Ele aprendeu a cozinhar com a mãe, Montserrat, e passou por restaurantes como o próprio elBulli. A gastronomia para lá de inventiva que herdou dessa experiência e mais a base familiar formaram a receita que impera até hoje em suas panelas. O destaque do cardápio é o “linguado na parrilla com sabores mediterrâneos”. O lombo de linguado é preparado a vácuo e depois assado em uma parrilla e regado com um azeite braseado. Esta pode ser uma boa dica: se você quiser se arriscar atrás do fogão, coloque num carvão em brasa 500 ml de azeite de girassol. Tampe rapidamente e deixe em infusão até que esfrie. Coe e regue o peixe. Os acompanhamentos são trabalhosos: uma bala de azeite com isomalt (açúcar modificado que não cristaliza facilmente) e cinco emulsões: de azeitona, pinhões, laranja, bergamota e erva-doce.
VINHOS
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ILUSTRES DESCONHECIDOS VINHO BRANCO VAI ALÉM DA TRADICIONAL CHARDONNAY, SEMILLON E SAUVIGNON BLANC. DEGUSTE UM NOVO MUNDO AINDA ADORMECIDO 3
POR NIRLANDO BEIRÃO O S P U R I S TA S D O V I N H O acusam o consultor Michel Rolland e o crítico Robert Parker de terem implantado, em dupla, a ditadura da padronização, mas, fiquem tranquilos, eu não iria perder tempo aqui nesse espinhoso terroir de tão caniculares discussões. Pretendo apenas mostrar que, armado de alguma paciência, não há quem não garimpe surpresas que vão muito além do status quo da viticultura e das já consagradas assemblages. Refiro-me a vinhos locais, com uvas autóctones e desvelo artesanal, de produção minguada, é verdade, mas que ainda assim a gente é eventualmente capaz de encontrar no Brasil. Entre os brancos, em especial, é notável a persistência – quase escrevi resistência – das uvas autóctones, em desafio à avassaladora globalização da chardonnay, da semillon, da sauvignon blanc, da gewurztraminer, da riesling e até da torrontés, em cujo império, à moda daquele da rainha Victoria, da Austrália à Califórnia, do Chile à Alemanha, o Sol nunca se põe. A contrapartida, na seara dos brancos pouco notórios, atende por nomes obscuros, muitas vezes esquisitos, mas convém dizer que esta é a última coisa com a qual um paladar exigente iria se importar. O sabor não tem nada a ver com a nomenclatura. A gente sabe, por exemplo, que a Áustria entrou no mapa do vinho com seus soberbos grünen vertliner e a Hungria não estaria lá se não fossem as uvas furmint e hárslevel, que resultam nos seus admirados tokaji. Mas é a Itália dos pequenos vinhedos e das cantinas familiares que se supera, mais do que ninguém, como vanguarda da batalha local vs. global. Não por acaso, a península italiana possui mais de duas mil castas só suas, e a cuidadosa tradição zela para que elas continuem frutificando em belos vinhos. Portanto, não se assuste se um branco ostentar no rótulo a estranha menção a uma uva inzolia (da Sicília) ou macabeo (de Rioja, na Espanha) ou altesse e jacquère (da Savóia francesa). Status escolheu alguns desses desconhecidos brancos ao alcance da mão.
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1. A. Mano Brianco IGT 2009 A Mano (produtor) Elvezia Sbalcheiro e Mark Shannonn (o casal de enólogos) Puglia Uvas: 50% fiano minutolo, 50% greco 12,5º R$ 45 (na Ravin) www.ravin.com.br 2. Catarratto Bianco IGT 2009 Terre de Ginestra Calatrase (produtor) Sicília, Itália Uva: 100% catarratto 13° R$ 65 (na Ravin)
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3. Cuesta de Oro Bodegas François Lurton (produtor) Rueda y Toro, Espanha Uva: verdejo de Villafranca de Duero 15º R$ 155 (na Zahil) www.zahil.com.br 4. Chignin-Bergeron 2006 Domaine Les Rocailles Pierre Boniface (produtor) St.-André, Les Marches, Savoie Uva: roussane (Bergeron) 12,5º R$ 122 (na Tire-Bouchon) www.letirebouchon.com.br
ON
THE
ROCKS
O verão promete aderir à moda lançada um par de anos atrás pelo jet set de St.-Tropez: champanhe com gelo. Antes que você e eu saiamos por aí clamando contra essa heresia, é bom avisar que a insuspeita Moët & Chandon se antecipou aos céticos e criou, na fina alquimia de seu chef de cave Benoit Gouez, o champanhe destinado a esse inesperado casamento com o gelo. A Moët Ice Impérial chegou ao Brasil e, acreditem, custa bem mais do que a Moët nossa de cada dia: R$ 350.
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5. Pinot d’Alsace Metiss 2007 Domaine Bott-Geyl Jean-Christophe Bott (produtor) Alsácia, França Uvas: 35% pinot blanc, 15% pinot gris, 15% pinot noir, 35% pinot auxerrois 12,5º R$ 79 (na Delacroix) www.delacroixvinhos.com.br
FOTOS DIVULGAÇÃO
6. Roero Arneis 2009 Vietti (produtor) De Santo Stefano Roero (Piemonte) Uva: arneis 13,5 ° R$ 96 (na Mistral Importadora) www.mistral.com.br
7. Gravner Ribolla Josko Gravner (produtor) Friuli, Itália Uva: 100% ribolla gialla 12º R$ 397 (na Zahil)
toys fo r boys
calhambeque de luxo: modelo clรกssico da morgan pode alcanรงar 170 km/h, com preรงo que varia de r$ 75 mil a r$ 145 mil
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Potência à moda antiga Poucas fábricas no mundo ainda Preservam o Processo artesanal. a inglesa morgan é uma delas. estivemos lá e conferimos o que atrai Personalidades como mick Jagger, ralPh lauren e brigitte bardot por Pedro Caiado, de Malvern Hills (Inglaterra)
O s g a l p õ e s c O m p é - d i r e i t O alto, o cheiro de madeira em pleno processo de polimento e o vai e vem de charmosos calhambeques dão aquela estranha sensação de que tudo ali parou no tempo. estamos em uma fábrica de carros e, por incrível que pareça, não há sinais de robôs ou o frenético barulho das máquinas em funcionamento. ao contrário, ali no distrito de malvern Hills, a 110 quilômetros de londres, tudo é feito à mão com precisão artística. Um desavisado poderia sugerir que se trata de uma das fábricas da rolls-royce, a tradicional marca inglesa que produz os carros da realeza. Não é. Há tempos que a mais famosa das grifes britânicas passou para as mãos dos alemães da BmW e deixou de fazer automóveis artesanais. a tarefa de manter a exclusividade inglesa viva ficou com a Morgan, uma empresa fundada em 1909 por H.F.s. morgan que produz apenas 700 carros por ano, 70% deles vendidos para clientes espalhados em mais de 30 países. Uma das ilustres donas de morgan é a eterna musa do cinema francês Brigitte Bardot, que, dizem os funcionários da empresa, ficou com o seu carro, o Plus 8, mais tempo do que com seu terceiro marido, o fotógrafo e playboy gunther sachs. pois status mergulhou no universo da morgan e conheceu todo o processo fotos divulgação
de fabricação desse ícone das quatro rodas que, em breve, pode estacionar no Brasil. “estou indo para o
rio em novembro e gostaríamos de exportar para o brasil”, diz à status charles morgan, diretor-proprietário da marca e membro da terceira geração. antes, porém, é preciso entender o que ela representa para o mundo do automobilismo. Nos primórdios, a morgan começou fabricando veículos de três rodas, um híbrido de carro-motocicleta, extremamente popular na inglaterra naquele início de século. Em 1909, logo após a construção descompromissada do primeiro veículo morgan, seu fundador alcançou o recorde mundial de velocidade para carros três rodas – quase 100 km/h. Outro recorde foi estabelecido em 1925, quando um de seus carros atingiu 170 km/h. do ritmo frenético de produção de 50 carros por semana àquela época, hoje a Morgan aposta no mercado de luxo montando veículos apenas sob encomenda. mas acredite: para comprar um morgan não basta possuir uma conta bancária recheada, mas também aguardar pelo menos um ano em uma longa lista de espera pelos modelos da marca – e essa não para de crescer. além de Bardot, atuais e antigos notórios clientes incluem a atriz catherine deneuve, o estilista ralph lau-
acima, o modelo aero, uma suPermáquina que chega a 270 km/h. os carros são montados com Precisão Pelos 170 funcionários
ren (que teve vários modelos), o rei Juan carlos da espanha, o rei Hussein da Jordânia e o cantor mick Jagger. como todos os outros, eles incluíram seus nomes na concorrida lista, pagaram alto e esperaram. em compensação, donos de carros morgan têm veículos supervalorizados. não é difícil vender um morgan
usado por mais que seu custo inicial. na realidade, modelos com mais de 20 anos podem ser revendidos por um valor até dez vezes superior ao que valia quando era um zero-quilômetro. “Você tem que ser um entusiasta por carros para se interessar por um morgan”, diz charles morgan. Fica mais fácil entender o significado de entusiasta ao entrar no complexo de dez galpões que formam a empresa. andar pelo local é como entrar em um túnel do tempo. Não estamos em qualquer fábrica de carros, mas na que produz os modelos de estilo vintage mais concorridos da europa. Há certamente algo especial ao dirigir uma dessas máquinas: uma experiência que
sintetiza harmoniosamente o charme do passado e a tecnologia do presente. são os próprios operários que cortam as lâminas de alumínio que revestem a estrutura de madeira (sim, o corpo do automóvel é praticamente todo composto de madeira). cada dobra da lataria ou parafuso inserido é produto do esforço manual dos 170 funcionários. Outro ponto alto é a customização. Os clientes podem escolher variantes de cor da pintura, painel de controle interno, acabamentos do couro entre várias outras especificações. Quanto maior a personalização, maior o tempo de espera pelo veiculo. O resultado é um carro feito sob medida, que pode custar entre R$ 75 mil e R$ 380 mil. Mas não se deixe enganar pelo aparente arcaísmo do processo de montagem que envolve um morgan. esses carros são máquinas que chegam a alcançar 270 km/h.
o retorno de um ícone a aposta do momento é o icônico threewheeler, veículo de três rodas, uma reprodução do original de 1909. Lançado no início do ano, o carro de modelo exótico, idealizado há mais de 100 anos, está de volta reformulado e, apesar de desafiar os padrões atuais, promete beleza aliada à potência. O motor s&s de dois cilindros em V está instalado e exposto na extremidade dianteira. Não há capô nem grade de radiador. A potência de 115 cavalos é transmitida à roda traseira e o conjunto
tudo pra fora o motor de 115 cavalos de potência fica à mostra e garante ainda mais charme ao veículo de três rodas
tradição até na cor o threewheeler é vendido originalmente na cor verde, a mesma usada pelos carros de corrida ingleses no começo do século passado
mecânico pesa menos de 500 quilos. “Já vendemos 600 unidades desde o início do ano. Um sucesso”, diz Jon Wells, designer sênior da fábrica e responsável pelo desenho do novo threewheeler. Hoje a Morgan trabalha com três diferentes plataformas de veículos: além da linha de três rodas, a empresa fabrica o modelo clássico, lançado na década de 50, que chega a 170 km/h, e a linha Aero, uma supermáquina com capacidade para atingir até 270 km/h. a próxima investida do grupo se dará nos carros elétricos – será lançado um protótipo do modelo clássico no próximo ano. a empresa garante que
nem mesmo essa evolução tecnológica será capaz de inserir qualquer tipo de automação no processo produtivo. “o grupo está crescendo, mas nunca vamos chegar ao ponto de sacrificar a qualidade dos carros feitos à mão para introduzir um robô na linha de montagem”, diz Wells. Os fãs da morgan agradecem. agradecimento first great Western grouP
é um avião? com bancos de couro aparente, o cockpit possui espaço para duas pessoas e reproduz o interior das aeronaves de antigamente
lenda viva os detalhes do threewheeler características: potência/torque: velocidade máxima: aceleração: preço:
motor v-twin e transmissão manual de cinco velocidades 115 cv 200 km/h 0-100km/h em 4,5 seg a partir de £ 30,000 (r$ 85mil)
TOYS FO R BOYS
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por Suzana Borin
MOTOS AQUÁTICAS AS NOVIDADES EM JET SKI PARA QUEM QUER CURTIR E SE AVENTURAR COM MUITA ADRENALINA C O M O V E R Ã O C H E G A N D O, nada como sair do caos das ruas travadas da cidade e acelerar com um jet ski nos mares ou represas. Mais do que velocidade, os novos brinquedos apostam em tecnologia, conforto e segurança. Por isso, Status separou quatro lançamentos que podem ser seus companheiros em águas doces ou salgadas nos dias quentes do ano. Escolha um e se prepare para realizar muitas manobras em alta velocidade. Boa diversão!
YAMAHA VXR WAVERUNNER ESPAÇO VELOCIDADE MÁXIMA MOTOR COMPRIMENTO TANQUE DE COMBUSTÍVEL PREÇO
3 lugares 110 km/h 1812 cc 3,27 m 60 litros R$ 46 mil
Emocionante, acessível e ágil. Essas são as palavras que traduzem o modelo criado para 2012 pela marca japonesa Yamaha. Além de proporcionar maior conforto com banco ergonômico, espelhos retrovisores, marcha à ré e escada para reembarque, seu casco é fabricado com a inovadora fibra NanoXcel. Ela é 25% mais leve do que a convencional: tem apenas 330 kg. Isso diminui o atrito com a água, o que garante maior aceleração e estabilidade.
Projetado para pilotagens agressivas, este modelo da Sea-Doo decola sobre as águas agitadas, com aceleração de 0 a 48 km/h em apenas 1,7 segundo. Sua suspensão pode ser ajustada automaticamente ou, se preferir, no modo manual, por um botão no painel, para suportar corretamente o peso do condutor. A pressão do amortecedor também pode ser regulada e varia de acordo com as condições do mar. O controle de navegação é feito por um painel digital com 30 funções, entre elas temperatura do motor e autonomia de tempo e distância.
SEA-DOO RXT-X AS 260 ESPAÇO VELOCIDADE MÁXIMA MOTOR COMPRIMENTO TANQUE DE COMBUSTÍVEL PREÇO
3 lugares 115 km/h 1494 cc 3,54 m 70 litros R$ 76 mil
O lançamento da Sailo para 2012 conta com um casco com linhas hidrodinâmicas que proporcionam extrema eficiência e resistência para quebrar as ondas. Ele ainda conta com um sistema contra capotamento. Ou seja, se sair do eixo, é desligado automaticamente. Além de vir nas tradicionais cores vermelho Ferrari e amarelo Schumacher, o Sailor SHS 110 também está disponível em prata e azul-metálico.
KAWASAKI ULTRA 300 X ESPAÇO VELOCIDADE MÁXIMA MOTOR COMPRIMENTO TANQUE DE COMBUSTÍVEL PREÇO
FOTOS DIVULGAÇÃO
2 lugares 180 km/h 1498 cc 3,37 m 78 litros R$ 67 mil
SAILOR SHS 110 ESPAÇO VELOCIDADE MÁXIMA MOTOR COMPRIMENTO TANQUE DE COMBUSTÍVEL PREÇO
3 lugares 98 km/h 1100 cc 3,41 m 70 litros R$ 32 mil
Considerada uma das mais rápidas do mercado, esta máquina pode ser comparada à motocicleta Kawasaki Ninja ZX-10R. Ao acelerar, o Ultra 300 X atinge 67 milhas (108 km/h) em menos de quatro segundos. Com o capô mais agressivo e uma aerodinâmica melhor do que o modelo anterior, o Ultra 260 X, este jet teve seu casco modificado, diminuindo a espessura. As quilhas foram estrategicamente reposicionadas na proa para melhorar a estabilidade e a segurança. Ou seja, um projeto totalmente novo.
CORPO E MENTE
PARA IMORTALIZAR SEU MÉTODO, JOSEPH PILATES (FOTOS), O CRIADOR DA PRÁTICA, RESOLVEU ECONOMIZAR PALAVRAS E ESBANJAR IMAGENS. TIROU CENTENAS DE FOTOS DE SI MESMO ANO A ANO, MOSTRANDO SEU CORPO EM POSIÇÕES DE EXTREMO CONTROLE FÍSICO E MENTAL. “ESTOU 50 ANOS À FRENTE DO MEU TEMPO”, DIZIA ELE
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PARA
MACHO, SIM SENHOR
AOS POUCOS, A PRÁTICA DO MÉTODO PILATES VAI PERDENDO O ESTIGMA DE ATIVIDADE DESTINADA APENAS A MULHERES. MUITOS HOMENS, CADA VEZ MAIS CIENTES DAS VANTAGENS QUE OS EXERCÍCIOS PROPORCIONAM, TAMBÉM TÊM ADERIDO À PRÁTICA POR PITI VIEIRA M A J O R I TA R I A M E N T E praticado por mulheres, o método Pilates já atendia às necessidades dos homens desde sua criação. Joseph Hubertus Pilates (1880-1967) não foi sempre sarado como se vê nas fotos desta reportagem. Sua saúde era extremamente frágil na infância. Nascido numa cidadezinha perto de Düsseldorf, na Alemanha, ele sofria de asma crônica, teve raquitismo e terríveis febres reumáticas que, por diversas vezes, impediam os movimentos e o forçavam a ficar na cama. Pilates não se conformava por ter de passar longos períodos assim e começou a desenvolver, sozinho, modelos anatômicos de camas e aparelhos que permitissem que ele se exercitasse. Funcionou. Tanto que ele se tornou um exímio esquiador, ginasta, mergulhador e lutador. O método desenvolvido por Pilates foi colocado à prova durante a Primeira Guerra Mundial, quando ele aplicou seus exercícios aos internos de uma base militar onde esteve recluso na Inglaterra. Estes, adquirindo melhor saúde e resistência física, não foram afetados pela epidemia de influenza que na ocasião aniquilou milhares de vidas. De volta à Alemanha, ele treinou o Exército alemão e, ao mudar-se para os Estados Unidos, pôde desenvolver os equipamentos utilizados para a técnica, aplicando seu método em boxeadores, artistas de circo, atletas e bailarinos famosos.
“Embora sua popularidade tenha sido alcançada graças às mulheres – mais ávidas pelas novidades e receptivas a elas – é importante salientar que a técnica foi desenvolvida, aplicada e difundida, em princípio, para atender às exigências de treinamento do público masculino”, diz Cristina Abrami, diretora técnica do CGPA Pilates, pioneiro na implantação do método no Brasil. FORTE E FLEXÍVEL O Pilates proporciona uma enorme variedade de benefícios que são considerados essenciais para os homens, inclusive o mais desejado: o condicionamento físico. O método trabalha toda a musculatura do corpo, desde os músculos mais profundos aos mais superficiais de forma equilibrada, melhorando a postura, a resistência e a flexibilidade do praticante, e definindo músculos abdominais mais profundos em pouco tempo. Além disso, melhora o sexo também, já que lida com a musculatura pélvica, dando um maior controle da área, o que proporciona o aumento do prazer sexual. “O método Pilates tem muito a contribuir na qualidade de vida do homem. Preconiza o desenvolvimento harmônico de todo o corpo, tornando-o forte e flexível, com movimentos fluidos e precisos, proporcionando perfeita coordenação entre movimento e respiração”, afirma Cristina. “A ampliação da capacidade respiratória, a melhora da circulação sanguínea e o desenvolvimento de uma musculatura abdominal forte e bem traba-
PILATES EM DOIS TEMPOS: AOS 57 E AOS 82 ANOS. À ESQUERDA: O ALEMÃO MOSTRA UMA SÉRIE DE EXERCÍCIOS QUE ELE DESENVOLVEU PARA BOXEADORES
lhada aumentam a performance esportiva e ainda previnem lesões e eliminam dores.” No Pilates, os exercícios são executados com no máximo dez repetições, com pesos de até dois quilos, molas de tensões variáveis ou somente o peso do próprio corpo. A evolução do treinamento acontece pelo aumento do número de exercícios para um mesmo grupo muscular – e não pelo aumento do número de repetições –, que será solicitado intensamente de formas diferentes, já que o objetivo é o máximo controle e precisão de movimentos. Para quem observa uma aula, a precisão e a fluidez com que os movimentos são realizados levam a crer que se trata de uma atividade fácil, de baixa ou nenhuma exigência. Mas bastam poucos minutos de orientação sobre o controle da respiração e do centro de força para ter certeza de que não se trata de tarefa simples. “Os homens acreditam que precisam submeter os seus corpos a grandes esforços para se tornarem mais fortes e viris. Eles podem conseguir esses dois objetivos praticando o Pilates, com uma grande diferença: preservam as articulações e a saúde de seus corpos, desenvolvendo-os com equilíbrio”, finaliza Cristina.
FOTOS REPRODUÇÃO LIVRO THE JOSEPH H. PILATES ARCHIVE COLLECTION
O método Pilates • Aumenta a flexibilidade e a amplitude de movimento • Restaura a postura natural e o alinhamento do corpo • Amplia a capacidade respiratória • Deixa a musculatura abdominal forte e bem trabalhada • Melhora a qualidade de vida e a performance esportiva • Previne lesões e elimina dores
CORPO E MENTE
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AO AR LIVRE
EQUIPAMENTOS E EVENTOS PARA MELHORAR SUA PERFORMANCE FÍSICA E MENTAL
DE GRIFE Graças ao peso reduzido de apenas 11 kg, à marcha de 8 velocidades e às rodas de 20”, a bicicleta dobrável MINI é rápida e ágil, ideal para quem deseja economizar tempo. Com pedais revestidos em teflon, paralamas dianteiros e traseiros, quadro de alumínio em preto fosco com logo da marca e um confortável selim em gel, a bike pode ser levada em uma bolsa localizada embaixo do selim. PREÇO: R$ 2.850 www.caltabianomini.com.br
Agenda Com mais de 600 anos de tradição e duas décadas de profissionalismo, a Hawaiki Nui Va’a, principal competição de canoa havaiana – ou polinésia – do mundo, acontece entre 9 e 11 de novembro, no Taiti. www.hawaikinuivaa.pf O Encontro Nacional de Cicloturismo e Aventura acontece de 12 a 15 de novembro, em Santa Maria Madalena, no Rio de Janeiro. Uma chance única de conhecer e pedalar com quem marcou história nas aventuras de bicicleta no Brasil. www.clubedecicloturismo. com.br No dia 29 de novembro será dada a largada da Volvo Ocean Race 2011/2012, em Alicante, na Espanha. A competição de veleiros é considerada a principal regata em torno do mundo e passará por Itajaí (SC), em abril do ano que vem. www.volvooceanrace.com
LABORATÓRIO O monitor cardíaco Suunto T6D Smoke é como um laboratório esportivo no seu pulso. Desenhado para aqueles que planejam melhorar o condicionamento físico, o acessório mede a carga de treino e relaciona essa informação, via um software que acompanha o relógio, com o seu nível físico atual, mostrando qual é o efeito real da sessão de exercícios físicos que você tem praticado. PREÇO: R$ 1.999 www.lisalog.com.br/suunto INFLADO Essa prancha inflável de stand up paddle de 10 pés (3 m de comprimento) promete firmeza e estabilidade em corredeiras, águas calmas e até no surf. O tecido do qual ela é feita possui seis camadas, incluindo uma de poliuretano, flexível e resistente, e uma com proteção contra raios ultravioleta. Vem com bomba de alta pressão e sacola para transporte. PREÇO: US$ 1.500 (a de 4” de espessura) www.naish.com
QUICANDO Acabaram seus problemas de jogar uma pedra na água e não vê-la quicar. A bola Waboba é uma versão moderna da brincadeira. Feita de poliuretano e revestida com lycra, o que faz com que flutue, salte e ganhe velocidade, ela possui 5,5 centímetros de diâmetro (do tamanho de uma pedrinha). Também pode ser usada em atividades de fisioterapia por causa de sua consistência macia. PREÇO: R$ 38 www.waboba.com
FOTOS DIVULGAÇÃO FOTOS DIVULGAÇÃO
SANGUE FRIO
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por Piti Vieira
Épico da neve THE ART OF FLIGHT, O MAIS PERIGOSO E AMBICIOSO LONGA-METRAGEM DE ESPORTES DE AÇÃO JÁ CAPTURADO EM MÍDIA DIGITAL E CINEMA, ESTREIA NO BRASIL ESTE MÊS. DESCUBRA COMO UM GRUPO DE SNOWBOARDERS CRIOU UM DOS MAIS INOVADORES FILMES DO GÊNERO
E M F E V E R E I R O D E S T E A N O , um teaser de três minutos de um filme chamado The art of flight (TAOF) foi postado no YouTube. Filmado na cidade de Jackson, no Estado americano de Wyoming, e estrelado por Travis Rice, considerado o melhor snowboarder do mundo, o vídeo teve 1,5 milhão de exibições em uma semana, cerca de 1,3 milhão de vezes mais que o trailer de qualquer filme de snowboard já produzido (atualmente, o teaser tem mais de 4,7 milhões de exibições). Boa parte dessas pessoas ficou sabendo do viral devido ao formidável marketing da Red Bull, principal patrocinadora do longa. Mas o que realmente mostra que Rice, 28 anos, e Curt Morgan, diretor do filme de 29 anos de idade, não estavam interessados em fazer mais um “ski porn” filme – como são conhecidos os documentários que mostram apenas truques de tirar o fôlego com uma trilha sonora de riffs de guitarra – é que celebridades que não fazem parte do mundo dos snowboarders espalharam o TAOF pela internet.
O cantor e ator Justin Timberlake, o ator Owen Wilson e os rappers Mike D, do Beastie Boys, e 50 Cent postaram o link do vídeo em suas páginas no Facebook e em suas contas do Twitter na época, e compareceram ao lançamento do filme, em Nova York, em setembro. “Queríamos fazer um filme de
snowboard atraente para uma plateia que nunca praticou o esporte”, disse Rice à status. “Se conseguirmos que as pessoas saiam do sofá para andar de snowboard, então nós vencemos.” Faz dois anos que Rice, John Jackson, Mark Landvik, Scotty Lago, Jake Blauvelt, Nicolas Müller, Gigi Rüf e Pat Moore, alguns dos snowboarders mais agressivos do momento, e a equipe da Brain Farm, produtora do longa, começaram a filmar o The art of flight. Nesse meio-tempo, eles foram atrás de lugares
john jackson, travis rice e mark lanvik despencam pelas tordrillo mountains, no alasca, a mais de trÊs mil metros de altitude. na outra pågina, john jackson salta de um penhasco, tambÉm no alasca
inacreditáveis pelo planeta e mudaram para sempre os filmes de esporte de ação. O roteiro foca as boas histórias sobre as viagens a lugares inóspitos dos Estados Unidos (incluindo o Alasca) e da Patagônia chilena, onde os atletas tiveram que enfrentar situações de risco e desafios. Eles desceram de snowboard montanhas nunca antes exploradas, fizeram manobras que ninguém tentou, atravessaram a nado um rio congelado nos Andes para chegar até o helicóptero antes que a aeronave ficasse sem combustível e encararam lesões, machucados e muitas avalanches – fora os guias mal-humorados que os achavam loucos, e muitos ursos selvagens. “Quando resolvemos checar a qualidade da neve na Cordilheira Darwin (no extremo sul da cadeia andina), foi muito difícil convencer o guia a nos acompanhar até lá. Ele perguntou de qual planeta nós tínhamos vindo e que lá morava o diabo”, conta Curt Morgan. “Foi realmente amedrontador. Se você ficar preso ali por algum motivo, é bem provável que irá morrer.”
high tech Ninguém sabe o quanto o TAOF custou para ser feito. As estimativas estão na faixa dos US$ 2 milhões, que é muito mais do que custou qualquer filme de snowboard na história. Esse dinheiro foi para pagar uma equipe de filmagem e uma equipe de produção de tevê (uma série sobre os bastidores das filmagens está sendo negociada com redes de televisão dos Estados Unidos) e todas as
pessoas envolvidas na produção do filme, as centenas de caixas de equipamentos de cinema enviadas para todo o mundo e os helicópteros. Às vezes, dois de cada vez, um para deixar os snowboarders em cristas estreitas e outro para filmar toda a ação, equipado com uma Cineflex, câmera de alta definição desenvolvida para o Exército americano, acionada por controle remoto e que pode ser acoplada a uma aeronave/automóvel/embarcação, minimizando as trepidações e aumentando exponencialmente a qualidade. Esse brinquedo high tech foi usado em documentários premiados como Planeta Terra, da BBC, e Vida, do Discovery Channel. O que não é aparente no TAOF, claro, é toda a preparação para captar uma sequência de saltos e manobras. Uma das muitas cenas
estonteantes do filme é a do snowboarder profissional Mark Landvik saltando de uma rampa enorme e batendo a prancha na ponta de um pinheiro que parece ser da altura de um prédio de quatro andares. Se a sequência tivesse sido filmada como todos os outros filmes de esportes de ação, isto é, por um único cameraman, ou dois, talvez a partir de um helicóptero, utilizando câmeras-padrão de alta definição, o resultado seria ótimo. Mas, porque Morgan teve a chance de ter uma grua com um braço de 3,5 metros para um de seus mais novos aparelhos, a câmera super-slow-motion Phantom HD Gold (que é capaz de transformar um segundo em um minuto), a cena é de tirar o fôlego e, ao mesmo tempo, harmônica. Na tomada anterior, o diretor, que empurra os atletas ao máximo de seu potencial, achou que Landvik podia fazer melhor. O snowboarder deu risada e disse a Rice: “Ele é tão irreal.” Mas voltou lá e repetiu, dessa vez indo
contagem The art of flight em números 2.700 horas de filmagem 82 minutos de filme Em uma semana, o teaser do filme foi visto 1,5 milhão de vezes, cerca de 1,3 milhão a mais que o trailer de qualquer filme de snowboard já produzido 15 helicópteros AStar B3 foram alugados para as filmagens Cada helicóptero só carregava combustível suficiente para 120 minutos de voo Mas o diretor do filme geralmente demorava 80 minutos para começar a filmar Pelo menos três snowboarders foram hospitalizados durante a filmagem 4 snowmobilies foram destruídos
além do seu limite. O resultado foi um salto perfeito e uma aterrissagem que terminou com um lábio inchado e 13 pontos dentro da boca. Em outra parte do filme, Scotty Lago, medalhista de bronze no halfpipe na Olimpíada de Inverno do ano passado, em Vancouver, no Canadá, faz uma manobra chamada switch double backside rodeo 1080, em que ele gira em torno de si mesmo três vezes, passando um dos braços por trás das costas e segurando a prancha de snowboard. Para captar essa cena, filmada a 32 quilômetros da cidade de Jackson, no meio do nada, foi preciso que seis homens em trenós fossem na frente para abrir caminho para a equipe de filmagem, o que levou três dias. Em seguida, outro dia foi gasto para transportar 360 quilos de equipamentos, incluindo 90 quilos de pesos usados como lastro para o braço da grua da Phantom. Por fim, uma equipe de dez pessoas, incluindo Rice, Landvik e Lago, passou quatro dias removendo cerca de 80 toneladas de neve para construir uma rampa de seis metros de altura de onde eles saltariam. O resultado de todo esse trabalho foram alguns dos maiores saltos já realizados – com atletas chegando a 15 metros de altura – e o maxilar quebrado de Lago. Machucado, ele não pôde competir nos
fotoS divulgAção
john jackson realiza a manobra chamada backside double cork 1080. à esquerda, na outra página, mark landvik voa a 15 metros do chão, em jackson hole, nos eua
Winter X Games 15, competição organizada pela ESPN, no final de janeiro passado. Único atleta inscrito em três modalidades
(superpipe, slopestyle e big air), na terceira tentativa de realizar a manobra, ele aterrissou errado e seu joelho bateu no queixo. Com o impacto, sua mandíbula foi fraturada, lascou-se um osso do queixo, quebraram-se vários dentes e foi cortada a língua. “Por quatro semanas só comi através de um canudo”,
lembra Lago. “Essa é provavelmente a pior parte de tudo.” Antes do acidente, Lago aterrissou seu primeiro frontside 1080 double rodeo na frente das câmeras. “Fui rapidamente do melhor dia da minha vida para o pior de todos”, diz ele. “Passamos a maior parte da noite no hospital e, é claro, tínhamos tudo em filme”, conta um animado Morgan. “No mundo comercial, esse único salto teria custado US$ 500 mil”, emenda Rice. Mas o que realmente distingue o filme de tudo o que veio antes dele, algo que o espectador talvez não compreenda plenamente, é que não é apenas a qualidade da cinematografia do ponto de vista técnico o que importava. As cenas que chegaram à edição final foram as que tinham manobra perfeita capturada na luz perfeita. A pressão colocada sobre todos os envolvidos na produção, dos atletas ao cameraman, era para que se conseguisse a melhor cena já filmada na história dos esportes de ação. É por isso que o filme acabou como ele é: intenso. Como os melhores filmes de horror, não há tempo para respirar, nem final feliz no qual você pode se sentar e lembrar que snowboard é uma coisa divertida de se fazer. O que se vê na tela é algo que está sempre à beira de matar alguém. O filme será lançado no Brasil em novembro, em DVD, Blu-ray e na iTunes Store.
ensaio
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hobby renda Marisa | lingerie Loungerie pulseiras Lázara Design | máscara Thais Gusmão anel Minha Avó Tinha | scarpin Triton
depois do expediente... Atriz e produtora de um filme inacabado, Nelly Trindade resolveu posar para um calendário e, assim, custear parte das filmagens. Neste ensaio bem picante, ela incorpora sua personagem, Marina – uma assessora que topa fazer tudo que o chefe mandar fotos Vitor Shalom | hair/make Bruno Miranda(Capa MGT) | styling Ganzaro (Godiva Art Studio) produção de moda Léo Proença (Godiva Art Studio)
lingerie Loungerie | cinta-liga Thais Gusmão | pulseiras Låzara Design | brinco de franja Gabriela Pires | algemas Valisère
produção executiva Michelle Kimura | assistente de hair/make Fernando Vieira | assistente de fotografia Pedro Roza e Flávio Melgarejo | agradecimentos Prodigo Films
meia-calça 7/8 Fruit de la Passion | peep toe Myshoes | pulseiras Lázara Design
M a r i na é daquele tipo que sabe que é gostosa e usa seus atributos (e como!) para manipular os homens e conseguir o que quer. Já perdeu a conta das vezes em que se viu nua sobre a mesa do deputado Chaim, seu chefe e amante. Do seu posto, o político tem uma visão privilegiada dos 98 centímetros de quadril que entram e saem freneticamente do seu gabinete. aliás, aquelas paredes já viram de tudo, mas a preferência da dupla é pela dominação. O chicote, as algemas – junto com aquele corpo indefectível – completam o cenário de total falta de decoro. O que nosso deputado sequer imagina é que a verdadeira paixão de Marina está ali ao lado, num porta-retratos: quem a assessora realmente deseja é izabella, sua esposa. Corta. O enredo acima bem que poderia ser a descrição da vida real, mas, nesse caso, é apenas uma das histórias que compõem O inferno de cada um, longa dirigido por Miguel rodrigues que ainda está em fase de produção. Ou melhor, estava: as filmagens estão temporariamente suspensas por falta de verba. E é aí que a história começa a ficar interessante. Seis das 12 atrizes do elenco toparam tirar a roupa em nome da arte. interpretando seus personagens no filme, elas fizeram fotos sensuais para um calendário, que pode ser encontrado a R$ 89 no site do filme (www.oinfernodecadaum.com) e nas bancas. O objetivo é arrecadar, pelo menos, R$ 170 mil para concluir a produção. E quem está na capa é justamente nossa assessora sem pudores, interpretada por nelly Trindade, de 34 anos. Com seus 1,72 m de altura e um delicioso quadril que, por um triz, não completa a fita métrica, a atriz – assim como Marina – também tem aquele jeito de mulherão que sabe bem o que quer. natural de Jardim, Mato Grosso do Sul, aos 21 anos mudou-se para São Paulo para apostar na carreira de atriz. Desde então, já fez diversos curtas-metragens e agora está no seu segundo filme, do qual é também produtora. na vida real, um de seus principais papéis é se esquivar da avalanche
de cantadas. Dia desses nelly foi obrigada a acionar os seguranças do clube The Edge, em São Paulo, para afastar alguns marmanjos impertinentes que não a deixavam dançar. Mas a atriz garante que não faz o tipo chata. “Prefiro eu mesma decidir quem me interessa. aí sim, baixo a guarda”, diz a moça, solteira no momento. E, antes que alguém confunda atriz e personagem, nelly já adianta: “adoro os homens”. Com uma informação a mais: “Estou louca para me apaixonar”.
palmat贸ria e chicote Justine para Valis猫re
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por Piti Vieira
Épico da neve THE ART OF FLIGHT, O MAIS PERIGOSO E AMBICIOSO LONGA-METRAGEM DE ESPORTES DE AÇÃO JÁ CAPTURADO EM MÍDIA DIGITAL E CINEMA, ESTREIA NO BRASIL ESTE MÊS. DESCUBRA COMO UM GRUPO DE SNOWBOARDERS CRIOU UM DOS MAIS INOVADORES FILMES DO GÊNERO
E M F E V E R E I R O D E S T E A N O , um teaser de três minutos de um filme chamado The art of flight (TAOF) foi postado no YouTube. Filmado na cidade de Jackson, no Estado americano de Wyoming, e estrelado por Travis Rice, considerado o melhor snowboarder do mundo, o vídeo teve 1,5 milhão de exibições em uma semana, cerca de 1,3 milhão de vezes mais que o trailer de qualquer filme de snowboard já produzido (atualmente, o teaser tem mais de 4,7 milhões de exibições). Boa parte dessas pessoas ficou sabendo do viral devido ao formidável marketing da Red Bull, principal patrocinadora do longa. Mas o que realmente mostra que Rice, 28 anos, e Curt Morgan, diretor do filme de 29 anos de idade, não estavam interessados em fazer mais um “ski porn” filme – como são conhecidos os documentários que mostram apenas truques de tirar o fôlego com uma trilha sonora de riffs de guitarra – é que celebridades que não fazem parte do mundo dos snowboarders espalharam o TAOF pela internet.
O cantor e ator Justin Timberlake, o ator Owen Wilson e os rappers Mike D, do Beastie Boys, e 50 Cent postaram o link do vídeo em suas páginas no Facebook e em suas contas do Twitter na época, e compareceram ao lançamento do filme, em Nova York, em setembro. “Queríamos fazer um filme de
snowboard atraente para uma plateia que nunca praticou o esporte”, disse Rice à status. “Se conseguirmos que as pessoas saiam do sofá para andar de snowboard, então nós vencemos.” Faz dois anos que Rice, John Jackson, Mark Landvik, Scotty Lago, Jake Blauvelt, Nicolas Müller, Gigi Rüf e Pat Moore, alguns dos snowboarders mais agressivos do momento, e a equipe da Brain Farm, produtora do longa, começaram a filmar o The art of flight. Nesse meio-tempo, eles foram atrás de lugares
john jackson, travis rice e mark lanvik despencam pelas tordrillo mountains, no alasca, a mais de trÊs mil metros de altitude. na outra pågina, john jackson salta de um penhasco, tambÉm no alasca
inacreditáveis pelo planeta e mudaram para sempre os filmes de esporte de ação. O roteiro foca as boas histórias sobre as viagens a lugares inóspitos dos Estados Unidos (incluindo o Alasca) e da Patagônia chilena, onde os atletas tiveram que enfrentar situações de risco e desafios. Eles desceram de snowboard montanhas nunca antes exploradas, fizeram manobras que ninguém tentou, atravessaram a nado um rio congelado nos Andes para chegar até o helicóptero antes que a aeronave ficasse sem combustível e encararam lesões, machucados e muitas avalanches – fora os guias mal-humorados que os achavam loucos, e muitos ursos selvagens. “Quando resolvemos checar a qualidade da neve na Cordilheira Darwin (no extremo sul da cadeia andina), foi muito difícil convencer o guia a nos acompanhar até lá. Ele perguntou de qual planeta nós tínhamos vindo e que lá morava o diabo”, conta Curt Morgan. “Foi realmente amedrontador. Se você ficar preso ali por algum motivo, é bem provável que irá morrer.”
high tech Ninguém sabe o quanto o TAOF custou para ser feito. As estimativas estão na faixa dos US$ 2 milhões, que é muito mais do que custou qualquer filme de snowboard na história. Esse dinheiro foi para pagar uma equipe de filmagem e uma equipe de produção de tevê (uma série sobre os bastidores das filmagens está sendo negociada com redes de televisão dos Estados Unidos) e todas as
pessoas envolvidas na produção do filme, as centenas de caixas de equipamentos de cinema enviadas para todo o mundo e os helicópteros. Às vezes, dois de cada vez, um para deixar os snowboarders em cristas estreitas e outro para filmar toda a ação, equipado com uma Cineflex, câmera de alta definição desenvolvida para o Exército americano, acionada por controle remoto e que pode ser acoplada a uma aeronave/automóvel/embarcação, minimizando as trepidações e aumentando exponencialmente a qualidade. Esse brinquedo high tech foi usado em documentários premiados como Planeta Terra, da BBC, e Vida, do Discovery Channel. O que não é aparente no TAOF, claro, é toda a preparação para captar uma sequência de saltos e manobras. Uma das muitas cenas
estonteantes do filme é a do snowboarder profissional Mark Landvik saltando de uma rampa enorme e batendo a prancha na ponta de um pinheiro que parece ser da altura de um prédio de quatro andares. Se a sequência tivesse sido filmada como todos os outros filmes de esportes de ação, isto é, por um único cameraman, ou dois, talvez a partir de um helicóptero, utilizando câmeras-padrão de alta definição, o resultado seria ótimo. Mas, porque Morgan teve a chance de ter uma grua com um braço de 3,5 metros para um de seus mais novos aparelhos, a câmera super-slow-motion Phantom HD Gold (que é capaz de transformar um segundo em um minuto), a cena é de tirar o fôlego e, ao mesmo tempo, harmônica. Na tomada anterior, o diretor, que empurra os atletas ao máximo de seu potencial, achou que Landvik podia fazer melhor. O snowboarder deu risada e disse a Rice: “Ele é tão irreal.” Mas voltou lá e repetiu, dessa vez indo
contagem The art of flight em números 2.700 horas de filmagem 82 minutos de filme Em uma semana, o teaser do filme foi visto 1,5 milhão de vezes, cerca de 1,3 milhão a mais que o trailer de qualquer filme de snowboard já produzido 15 helicópteros AStar B3 foram alugados para as filmagens Cada helicóptero só carregava combustível suficiente para 120 minutos de voo Mas o diretor do filme geralmente demorava 80 minutos para começar a filmar Pelo menos três snowboarders foram hospitalizados durante a filmagem 4 snowmobilies foram destruídos
além do seu limite. O resultado foi um salto perfeito e uma aterrissagem que terminou com um lábio inchado e 13 pontos dentro da boca. Em outra parte do filme, Scotty Lago, medalhista de bronze no halfpipe na Olimpíada de Inverno do ano passado, em Vancouver, no Canadá, faz uma manobra chamada switch double backside rodeo 1080, em que ele gira em torno de si mesmo três vezes, passando um dos braços por trás das costas e segurando a prancha de snowboard. Para captar essa cena, filmada a 32 quilômetros da cidade de Jackson, no meio do nada, foi preciso que seis homens em trenós fossem na frente para abrir caminho para a equipe de filmagem, o que levou três dias. Em seguida, outro dia foi gasto para transportar 360 quilos de equipamentos, incluindo 90 quilos de pesos usados como lastro para o braço da grua da Phantom. Por fim, uma equipe de dez pessoas, incluindo Rice, Landvik e Lago, passou quatro dias removendo cerca de 80 toneladas de neve para construir uma rampa de seis metros de altura de onde eles saltariam. O resultado de todo esse trabalho foram alguns dos maiores saltos já realizados – com atletas chegando a 15 metros de altura – e o maxilar quebrado de Lago. Machucado, ele não pôde competir nos
fotoS divulgAção
john jackson realiza a manobra chamada backside double cork 1080. à esquerda, na outra página, mark landvik voa a 15 metros do chão, em jackson hole, nos eua
Winter X Games 15, competição organizada pela ESPN, no final de janeiro passado. Único atleta inscrito em três modalidades
(superpipe, slopestyle e big air), na terceira tentativa de realizar a manobra, ele aterrissou errado e seu joelho bateu no queixo. Com o impacto, sua mandíbula foi fraturada, lascou-se um osso do queixo, quebraram-se vários dentes e foi cortada a língua. “Por quatro semanas só comi através de um canudo”,
lembra Lago. “Essa é provavelmente a pior parte de tudo.” Antes do acidente, Lago aterrissou seu primeiro frontside 1080 double rodeo na frente das câmeras. “Fui rapidamente do melhor dia da minha vida para o pior de todos”, diz ele. “Passamos a maior parte da noite no hospital e, é claro, tínhamos tudo em filme”, conta um animado Morgan. “No mundo comercial, esse único salto teria custado US$ 500 mil”, emenda Rice. Mas o que realmente distingue o filme de tudo o que veio antes dele, algo que o espectador talvez não compreenda plenamente, é que não é apenas a qualidade da cinematografia do ponto de vista técnico o que importava. As cenas que chegaram à edição final foram as que tinham manobra perfeita capturada na luz perfeita. A pressão colocada sobre todos os envolvidos na produção, dos atletas ao cameraman, era para que se conseguisse a melhor cena já filmada na história dos esportes de ação. É por isso que o filme acabou como ele é: intenso. Como os melhores filmes de horror, não há tempo para respirar, nem final feliz no qual você pode se sentar e lembrar que snowboard é uma coisa divertida de se fazer. O que se vê na tela é algo que está sempre à beira de matar alguém. O filme será lançado no Brasil em novembro, em DVD, Blu-ray e na iTunes Store.
confidencial
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Por ViVi mascaro
soCiAlite
não!
“ P o r fav o r , s ó P e ç o u m a c o i s a ”, diz ana Paula Junqueira antes de começar a entrevista. “Não me chamem de socialite, tá bem?”ana Paula é minha amiga há milênios e sabe muito bem que eu jamais iria reduzi-la a esse rótulo – “socialite”. Afinal, ela não tem culpa alguma de ter nascido linda, de olhos verdes, com dinheiro de família e de ter, ao longo da vida, adquirido traquejo social, aprendido línguas (cinco, com total fluência), acumulado amizades pelo mundo afora e se tornado uma das raras jet setters brasileiras com tráfego cosmopolita, de Los Angeles a Londres, de Saint-Tropez a Istambul. as más línguas dizem que ana Paula é, como a Paris de Hemingway, uma festa permanente. Mas ser festeira e alegre, estar sempre rodeada de uma turma animada, não faz mal a ninguém, não é mesmo? Na véspera dessa entrevista, Ana Paula tinha ido ver o show da cantora Sade no ginásio do Ibirapuera. Enquanto falava comigo, no almoço do restaurante Parigi, em são Paulo, formou-se uma romaria até nossa mesa e ela, que tinha anunciado a firme intenção de ter uma noite sossegada – um jantarzinho e cama – acabou seduzida pelo convite de um bal masqué patrocinado pela Veuve Clicquot com o tema Yelloween, não faltando ao Halloween antecipado da maison de champagne sequer o cenário apropriado de uma mansão mal-assombrada, no bairro do Ipiranga. As festas passam, a obsessão da vida de Ana Paula Junqueira continua: a política. Pela terceira vez está em campanha eleitoral. É candidatíssima a vereadora em São Paulo em 2012. Pelo PMDB. Custou a optar pelo partido, mas acabou convencida “pelo Michel”. Michel vem a ser o vice-presidente da República, Michel Temer – amigo de longa data. Antes, tinha sido convidada “pelo Kassab”, ou seja, por Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo, para ingressar no recém-fundado PSD. Esteve muito perto do PSDB, a convite “do Geraldo”. Isto é, Geraldo Alckmin, governador de São Paulo. mas acha que o PsDB do seu amigo aécio Neves anda numa fase de turbulência que não faz bem à saúde de ninguém.
Na última eleição que Ana Paula disputou, em 2010, para a Câmara Federal (tinha tentado antes, em 1998, e foi suplente de deputado federal pelo PMDB), sua legenda foi o Pv, e ela teve 31 mil votos. saiu do Pv “junto com o grupo da Marina Silva” porque não gostou do que viu por lá. “No meu caso, o eleitor pode ficar tranquilo porque entrei na política por vocação, porque quero fazer a diferença”, diz ela. “Não entro para ganhar dinheiro nem para me divertir.” Ela se entusiasmou com o PMDB porque, além de sair dos Jardins a Sapobemba pedindo votos para si mesma, vai se engajar organicamente na campanha do deputado Gabriel Chalita para a Prefeitura de São Paulo. “o chalita é cara-nova, é inteligente, fala muito bem, é o tipo de candidato que está fazendo falta à paisagem política de São Paulo”, diz Ana Paula. Ajuda também o fato de o PMDB ter muito tempo de tevê. Não só para o candidato a prefeito, mas também para os sempre esquecidos candidatos à Câmara Municipal. Pergunto a ela se ser uma mulher bonita e independente ajuda ou atrapalha na política. “Ajuda e atrapalha”, responde Ana Paula. O preconceito existe sim, “mais da parte da imprensa do que do eleitor.” De todo modo, Ana Paula acha que preconceitos estão aí para ser desafiados, e não acatados. “Ser bonita só atrapalha na política se a mulher não tiver outros atributos.” De todo modo, acha que as coisas estão mudando.
AnA PAulA JunqueirA é muito mAis do que isso. CidAdã do mundo, elA virou PolítiCA e AtivistA soCiAl Com umA dAs mAis inveJAdAs redes de ContAto do PlAnetA
AnA PAulA JunqueirA tem Amigos Como A modelo nAomi CAmPbell, o rolling stone miCk JAgger e o seCretário-gerAl dA onu bAn ki-moon
“A maior dificuldade eleitoral que uma mulher tinha era com as próprias mulheres”, avalia. “Hoje já temos até uma mulher presidente da República.” Ana Paula está empenhada em mostrar, na política, que é mais do que um rostinho bonito. “Tenho ótimos contatos internacionais, posso ajudar a trazer muitos investimentos para o Brasil, inclusive na área social.” Brinco que, nesse quesito, ela é uma espécie de Mario Bernardo Garnero de saias: a melhor agenda do mundo. “Ser comparada com o Mario é uma felicidade”, diz. “É uma das pessoas mais adoráveis que conheço.” a agenda de ana Paula é invejadíssima – no bom e no mau sentido. Tem uma imprensa venenosa que não perdoa o fato de Ana Paula ser a melhor amiga de Naomi Campbell, de chamar Di Caprio de Leo, de ser íntima de Mick (Jagger) e de Johnny (Depp) e de circular com desenvoltura entre personalidades como o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, e o casal Sarah e Gordon Brown, ele ex-primeiro-ministro do Reino Unido. ana Paula é uma globetrotter desde os 15 anos de idade, mas seus contatos se expandiram muito entre os finos e chiques do Primeiro Mundo depois que se casou com o sueco Johan Eliasch, dono do grupo Head, de material esportivo. Johan mora em Londres e é, como ana Paula, envolvido em causas sociais e ecológicas. Tem uma área na Amazônia que ele mesmo admite ser “maior do que Londres”. fotos JULIA MoRAEs
Decido dar uma alfinetada nela: “Você tem fama de só se envolver com homens ricos...” “Ah, é?” – me responde, com um sorriso. “Então, deve ser porque eu também tenho dinheiro, ou talvez porque eu não precise de dinheiro. Mas, se ele tiver, melhor ainda, não é?” Provocação à parte, conheço Ana Paula o suficiente para saber que os assuntos do coração não são administrados por ela de acordo com o extrato da conta bancária de um eventual parceiro. Ana Paula tem uma vitalidade que a faz multiplicar além do manjado circuito de festas, shows e eventos. Ela é uma atenta colecionadora de arte brasileira (“Prefiro os contemporâneos”). É a secretária-executiva da Associação das Nações Unidas do Brasil, que realiza trabalhos sociais em consonância com a ONU. Assídua frequentadora das redes sociais, tem 30 mil seguidores no twitter. se cada seguidor for um voto, basta um empurrãozinho a mais e Ana Paula poderá enfim virar a parlamentar que sempre quis ser. A Câmara Municipal de São Paulo é medonha, a começar pelo prédio. Com Ana Paula Junqueira por lá, talvez até ganhe certo charme.
“não entro nA P o l í t i C A PArA gAnhAr dinheiro nem PArA me divertir”
PORNOPOPEIA
POR REINALDO MORAES
O tortuoso (e divertido) caminho do Terceiro Excluído até a Inclusão Como um trauma de infância pode mudar – e até melhorar – sua vida sexual U M D I A , N O AU G E D E U M A C R I S E de ciúme por uma mulher, ciúme patológico, lupiciniano, arrasador, ouvi do meu psicanalista, ou melhor, de sua voz incorpórea atrás do divã onde duas vezes por semana eu deitava meu coração partido, a menção à origem arquetípica do ciúme. Tudo começou com a expulsão do regaço quentinho da mãe diante da chegada peremptória do pápi fodão. Você não cabia na relação deles. Você virou o terceiro excluído. O pai é o galo do terreiro. E você foi arrancado sem conversa dos braços do objeto único do seu desejo simbiótico, oceânico: a mulher da qual você saiu outro dia mesmo, la mamma mia – e sua. Dentro dela era o éden que todos conhecemos, mas do qual ninguém se lembra se não estiver viajando de ácido numa piscina de água morninha.
Ali que era bom. Não vinha ninguém disputar com você o amor visceral pela mãe. A véia era
toda sua. Até o dia em que uns caras de avental, máscara e touca cismaram de te puxar de lá de dentro. Ciúme, então, seria isso: o retorno do “terceiro excluído”: papai mandando bala na mamãe, e você de fora, chupando o dedo. Ou a idiota da chupeta. Saber que o meu ciúme sinalizava o retorno do terceiro excluído não me deixava menos enciumado. Mas acho que passou a doer um pouco menos.
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Hippies e anarquistas foram terceiros excluídos, como qualquer gerente de banco. Cafetões foram terceiros excluídos. Padres, rabinos e vestais gregas idem. O Sarney foi terceiro excluído. Nabucodonosor também – ambos na mesma época, calculo. Por essa e por outras é que eu admiro um tipo como o artista plástico americano Jeff Koons, que andou por aqui outro dia mesmo, convidado para as comemorações dos 60 anos da Bienal de São Paulo. Koons se casou e teve filho com uma mulher pública e notória, a Cicciolina, nos anos 80. Você deve se lembrar da Cicciolina, nome de guerra de Ilona Staller, a desenvolta atriz pornô húngara, radicada na Itália, que chegou a se eleger deputada no Parlamento italiano pelo Partido Radical. Puta deputada, diziam, embora não tenha mais conseguido se reeleger. Isso, sem deixar de protagonizar os filmes que coproduzia, pérolas da mais alta cineputaria, como o clássico “Banana e Chocolate”, onde podemos vê-la saboreando uma variedade peculiar de Banana Split, que alguns chamariam com propriedade de Banana Sucked, ou o inolvidável “Ascensão e queda da imperatriz romana,” no qual contracenou inadvertidamente com John Holmes, ator pornô que viria a morrer de Aids, célebre por sua descomunal ferramenta de trabalho. Na época do seu relacionamento com a vibrante Cicciolina, Koons produziu uma série de esculturas, pinturas e fotografias onde o vemos em franca e forte atividade sexual com sua legítima patroinha, de modo a incorporar o espectador na sua intimidade conjugal. Diante do casal Koons-Staller transformado em arte ninguém se sente o terceiro excluído. Estamos todos incluidíssimos. Não é à toa que Koons batizou sua série de “Made In Heaven” (“Produzido no Paraíso”), ao exibi-la na Bienal de Veneza de 1990, fazendo corar até as águas poluídas do Grand Canale. Hoje as obras valem dezenas de milhões de dólares nos leilões internacionais.
ILUSTRAÇÕES PEDRO MATALLO
Cicciolinas à parte, o conceito de terceiro excluído (tertium non datur, em latim) foi emprestado pela psicanálise à velha lógica aristotélica, segundo a qual ou uma coisa é A ou não é A. Não pode ser meio A. Não existe uma terceira possibilidade. Ou seja, ou se é o pai ou não se é o pai. Se for o pai, não é você o filho. E só o pai é que pode chegar no bem-bom da mâmi. O filho não. Sorry, é a regra da casa. Os psicanalistas dizem que a gente tem mesmo que ser excluído da cena primária pra poder encarar a vida adulta e buscar outros rabos de saia fora de casa. Além de aprender a descolar o leitinho de cada dia de outra fonte que não a teta da mamãe. (Alguns felizardos conseguem mais tarde grudar nas tetas da nação, mas esse é outro papo.) Na vida real, porém, muita gente passa a vida esperneando contra a exclusão arcaica, que jamais engoliram. Não por outra razão, o conceito de terceiro excluído é invocado para explicar uma pá de comportamentos humanos tidos como
aberrantes, além do velho e inevitável ciúme, suprema aberração. O voyeurismo, por exemplo, poderia ser entendido como o desejo de participar simbolicamente do casal do qual se foi excluído no passado. A bissexualidade também: seria o impulso de ora agradar à mãe, ora ao pai, buscando ingresso de qualquer jeito e maneira no nheconheco conjugal dos genitores. Clubes de swing idem. Esse último, aliás, é o caminho mais à mão para se tentar uma reinclusão rapidinha na tal cena primária (papai traçando mamãe). O sujeito leva a patroa pro swing porque deseja inconscientemente reproduzir as relações afetivo-sexuais da qual foi excluído pelo pai, pleiteando,
dessa vez com êxito, sua inclusão tardia. Nem precisa explicar que, nesse esquema, a patroa vira a mãe no inconsciente traquinas do swingueiro. Agora ele poderá ver sua mãelher sendo desfrutada com alegre despudor por outro homem sem tomar um chega pra lá do desfrutador. Se calhar, até entra na dança também, já que há sempre algum orifício sobrando nessas situações. Sem falar na chance de faturar na boa a mulher do próximo, sendo que o próximo pode ser justamente o sujeito que está sendo agraciado naquele mesmo instante por um boquete da parte da sua, com todo respeito, excelentíssima senhora. Num clube de swing não há terceiros excluídos. Trata-se de uma rebelião contra a lei excludente do pai e a favor do incesto praticado com a mãe. E você ainda pode tomar cerveja e uísque à vonts durante a cerimônia de inclusão. Algum terceiro excluído se habilita?
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Flashback
QUE DESPERDÍCIO! FEVEREIRO DE 1978 N O S ÉC U LO X V, A B E L A C A M P O N E S A francesa Joana D’Arc tentou livrar seu país da ocupação inglesa na base da luta armada. Temida e acusada de tudo quanto é coisa – até bruxaria sobrou para ela –, acabou queimada viva em praça pública. Um desperdício que os marcianos, ainda camuflados entre nós, quase evitaram.
FOTO REPRODUÇÃO