Revista Passear Nº21 Versão Gratuita

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Nº. 21 . Ano II . 2013 . PVP: 2 € (IVA incluído)

passear by

Pedaladas no Parque Natural do GUADIANA

sente a natureza

ENTREVISTA AUTARQUIA DE VILA DE REI PR1 Mata do Cerejal Crónicas do Gerês Fotografar AVES

Ericeira e a Pesca


Praceta Mato da Cruz, 18 2655-355 Ericeira - Portugal Correspondência - P. O. Box 24 2656-909 Ericeira - Portugal Tel. +351 261 867 063 www.lobodomar.net

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Director Vasco Melo Gonçalves Editor Lobo do Mar Responsável editorial Vasco Melo Gonçalves Colaboradores Catarina Gonçalves, Luisa Gonçalves.... Publicidade Lobo do Mar Contactos +351 261 867 063 + 351 965 510 041 e-mail geral@lobodomar.net

Grafismo

Contacto +351 965 761 000 email anagoncalves@lobodomar.net www.wix.com/lobodomardesign/comunicar

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Um bom ano de 2013 O contacto com a Natureza, através de caminhadas e pedaladas, proporciona uma grande sensação de bem-estar interior que penso ser o melhor remédio para ajudar a ultrapassar esta época cinzenta em que vivemos atualmente em Portugal. Para além dos efeitos imediatos e benéficos que provoca, o contacto com a Natureza não é muito dispendioso! O ano de 2012 foi positivo para a revista Passear. Com a ajuda dos nossos leitores temos crescido ao nível das audiências e, atingimos o número de 92 535 leitores ao longo do ano. A Campanha de Assinaturas que fizemos durante a época natalícia foi positiva mas queremos continuar a avançar com este projeto editorial e por isso precisamos de todos. São 12 Euros que podem fazer toda a diferença. Um bom ano de 2013 cheio de atividades de Natureza e Cultura.

Diretor vascogoncalves@lobodomar.net

Registada na Entidade Reguladora para a Comunicação Social sob o nº. 125 987 Direitos Reservados de reprodução fotográfica ou escrita para todos os países

Capa Fotografia Ericeira (pág. 8)


Edição Nº.21

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20 Sumário 04 08 16 20 PUB 26 30 40 42

Atualidades Impressões: Ericeira e a Pesca Convidado Dinis Versa Silva Crónicas do Gerês Entrevista: Vila de Rei Crónica II: BTT Guadiana ASSINATURA PASSEAR PR1 - Mata do Cerejal

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atualidades

Itinerários de Lisboa Iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa - Divisão de Promoção e Comunicação Cultural - que dá a conhecer Lisboa sob diversas perspetiva e temas. Lisboa Romana / Passeio pelos vestígios da presença romana em Lisboa. 2, 26 fev/13 Do Campo Pequeno ao Arco do Cego / O itinerário parte de um antigo espaço de quintas fidalgas, o Palácio Galveias, e percorre as principais zonas do Arco do Cego. 5, 28 fev/13 Lisboa dos Refugiados / Passeio pelas memórias de um passado recente. 5, 28 fev/13 O Bairro de Campo de Ourique / Itinerário sobre o património da freguesia, as suas lojas e jardins a começar na Igreja do Santo Condestável. 6 fev/13 Lisboa de Cesário Verde / Visita aos locais da baixa lisboeta frequentados pelo poeta. 6 fev/13

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Lisboa dos Aguadeiros / Percurso pelo bairro da Bica onde os aguadeiros de Lisboa, na sua maioria galegos, escolheram viver. 7 fev/13 Lisboa de Santo António / Percurso pela vida do santo lisboeta. 7 fev/13 Lisboa dos Amores / Itinerário por miradouros e ruas de Lisboa sempre com o Tejo como pano de fundo. O percurso tem início no romântico Miradouro da Senhora do Monte, onde se tem uma das vistas mais bonitas da cidade, passa pelo Miradouro da Graça, Miradouro das Portas do Sol e termina no Miradouro de Santa Luzia. 14, 16 fev/13 O Amor em Pessoa / Como qualquer poeta, Fernando Pessoa falou muito do amor na sua obra. 14, 16 fev/13 O Amor por Lisboa / Percurso pelo coração da cidade, entre o Rossio e a Praça do Município. 14, 16 fev/13 A Flor da Murta e D. João V / Luisa Clara de Portugal, que ficou conhecida por Flor da Murta, nasceu no Chiado e viveu entre o Poço dos Mouros e a Lapa. Itinerário sobre a vida social, amorosa, palaciana e cortesã na Lisboa do século XVIII com início no Largo Camões. 14, 16 fev/13 Lisboa da Sétima Colina / Do Miradouro de São Pedro de Alcântara ao Cais do Sodré. 19 fev/13

Lisboa de Saramago e o Memorial do Convento / A Lisboa descrita na obra Memorial do Convento. Itinerário com início no Largo de S. Domingos e fim na Fundação José Saramago. 19 fev/13 Do Castelo ao Chafariz / Das sete colinas da cidade, a do Castelo foi a primeira a ser habitada. Passeio desde o Castelo até ao Chafariz de Dentro. 20 fev/13 Lisboa Oriental / O itinerário percorre o recinto onde se realizou a Exposição Mundial de 1998. 20 fev/13 Lisboa de Fernando Pessoa / Início no Largo de S. Carlos, onde nasceu, até ao Martinho da Arcada, onde tomou o seu último café. 21 fev/13 Lisboa Setecentista / Passeio pela Baixa Pombalina e pelas memórias do nascimento de um estado moderno após o terramoto de 1755, 21 fev/13 Lisboa Arte Nova / Percurso pela Avenida Almirante Reis e Baixa Pombalina onde se podem encontrar elementos Arte Nova. 26 fev/13 As Mercês e o Marquês de Pombal / Freguesia desde 1632, teve grande projeção após o terramoto de 1755. 27 fev/13 Lisboa de Eça de Queirós / A obra e vida do escritor. 27 fev/13 Informações úteis: 218 170 742 Marcações para fevereiro/13: Seg a sex: 10h-17h Entrada livre Marcação prévia



atualidades

Tribike 2013 - Serra da Lousã Já está próxima a organização do Montanha Clube, a TRIBIKE 2013, que se irá realizar a 27 de Janeiro de 2013 em plena Serra da Lousã. Este desafio é único no mundo pelas suas características. Numa só competição podemos ver as três vertentes das bicicletas (Cross-country, Downhill e Ciclismo de estrada), sendo que as participações são por equipas de três elementos (cada atleta percorre uma vertente), ou para os mais corajosos “a solo”. Para informações e inscrições consulte: www.montanha-clube.pt

Vila de Rei com novo Roteiro Turístico 6

A Câmara Municipal de Vila de Rei tem já disponível, para todos os seus habitantes e visitantes, o novo Roteiro Turístico do Concelho. Com um grafismo renovado e mais atrativo, elaborado pelos serviços da Autarquia, o novo Roteiro Turístico mostra todos os pontos turísticos e culturais que o Concelho de Vila de Rei tem para oferecer, possibilitando uma consulta simples, rápida e detalhada. Com a tecnologia QR Code incorporada, é agora também possível aceder ao Roteiro Turístico a partir de qualquer smartphone. Para o Vereador do Pelouro do Turismo, Paulo César, “o novo Roteiro Turístico vem oferecer aos nossos visitantes informação renovada e mais detalhada sobre os muitos locais do Concelho que vale a pena visitar, tornando-se num guia extremamente útil para todos os que procurem as várias maravilhas que o nosso Concelho tem para mostrar.” Veja aqui o roteiro:


TImberland lança cronógrafos digitais com duplo fuso horário

Selos da natureza O Museu Nacional de História Natural e da Ciência desafiou o ilustrador Pedro Salgado para expor os desenhos finais e esboços que originaram os selos desenhados para os CTT. Esta exposição produzida em parceria com a Fundação Portuguesa das Comunicações (proprietária dos espólio apresentado) e com os CTT. Visita guiada no próximo dia 19 jan/13: 16h30. Entrada livre mediante marcação prévia, máximo 15 participantes. Museu Nacional de História Natural Rua da Escola Politécnica, 58 1250-102 Lisboa Telefone: 213 921 800 Fax: 213 905 850 Internet: www.mnhn.ul.pt

A conhecida marca Timberland volta a surpreender com o lançamento de cronógrafos digitais que facilitam a vida aos mais viajados através do duplo fuso horário. Os modelos HT3 incorporam toda a funcionalidade de um relógio Timberland ao integrarem um cronógrafo digital com duplo fuso horário, data, alarme e iluminação, bem como um cronógrafo analógico com janela de data e escala de taquímetro. Disponíveis em duas versões, os novos modelos destacam-se ainda pela caixa em aço ionizado preto ou em aço inoxidável (mediante a versão) e pela bracelete em pele de cor camel ou castanha (também mediante a versão). Com um P.V.P. de 299 euros para a versão camel e de 279 euros para a versão castanha, a nova coleção Timberland está disponível nas principais relojoarias do país.

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IMPRESSÕES Ericeira e a Pesca

Impressões não é mais que o primeiro levantamento fotográfico que faço de uma localidade ou região recorrendo ao uso de um smartphone. Fotografia: Vasco de Melo Gonçalves

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DINIS VERSA SILVA

DINIS VERSA SILVA CHEGOU À FOTOGRAFIA DE AVES HÁ POUCO TEMPO E EU TENHO ACOMPANHADO O SEU TRAJETO ATRAVÉS DOS POST QUE COLOCA NO FACEBOOK E NOS COMENTÁRIOS QUE FAZ. A EVOLUÇÃO E O GOSTO QUE TEM PELA FOTOGRAFIA FORAM OS MOTIVOS QUE ME LEVARAM A CONVIDÁ-LO A PUBLICAR NA REVISTA PASSEAR. Para conhecer melhor o Dinis Silva https://www.facebook.com/dinisversa Texto: Vasco de Melo Gonçalves Fotografia: Dinis Versa Silva

convidado

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Guarda-rios ou Martin-pescador (Alcedo atthis)


Gaivota-de-bico-fino (Larus genei) è uma raridade no nosso território

Passear (PA) - Como nasce o gosto pela fotografia de aves? Dinis Versa Silva (DVS) - O meu gosto pela natureza vem de criança pois passava os tempos livres em contacto com ela, lembro-me de passar os fins de semana e os tempos livres com o meu avô nas fazendas a recolher mel tratar dos terrenos e entreter-me com tudo o que ela nos oferece. Enquanto agora as crianças têm ao seu dispor todo o tipo de tecnologias para passar os tempos livres eu na altura tinha o que me rodeava a natureza, aliás a minha família também não tinha possibilidades para mais. O meu gosto pela fotografia nasceu de uma amizade que fiz em Vila Real Sto. António que também tem este hobby e então pensei. Vou comprar uma máqui-

Moleiro-do-ártico (Stercorarius pomarinus)

Mergulhão-de-crista (Podiceps cristatus)


Borrelho-de-coleira-interrompida (Charadrius alexandrinus)

convidado

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Garรงote (Ixobrychus minutus)


na fotográfica e tentar tirar às várias espécies de aves que existem no país. Passear - Quais são os principais requisitos para se ser um fotógrafo de Natureza e em particular de aves? DVS - Acho que primeiro que tudo tem de se gostar muito da natureza e preserva-la e depois outro dos requisitos importantes é a perseverança e paciência até ao limite porque se as aves a têm, a nós também é essencial. Passear - Material básico de fotografia para se iniciar. DVS - O material básico para fotografar aves é: uns binóculos uma máquina fotográfica DSLR ou uma reflex com um zoom razoável e também material de camuflagem (tenda, calças botas e um chapéu). Passear - Na fotografia o que mais lhe atrai? As questões de técnica ou estética e composição.

DVS - Na fotografia de aves o que mais me atrai é a questão da estética muito embora sendo fotografias de aves selvagens é de prever que não seja fácil tirarmos a fotografia que queremos sem a dita muita paciência. Mas principalmente é o contacto visual com as aves e quanto mais raras melhores. 19 Passear - Que conselhos daria aqueles que pretendem iniciar-se na fotografia de aves. DVS - Aconselho a quem queira iniciar-se que compra uma máquina primeiro mais em conta para saber com o que pode contar tanto em termos de distâncias a obter como de dificuldades terrenas. E o principal conselho é proteger sem reservas o habitat natural das aves (não importunar as aves em nidificação"ninhos" nem divulgar potenciais ninhos encontrados) pois algumas facilmente os abandonam.


Crónicas do Gerês

Memórias de vezeiras, fojos do lobo e alturas serranas

crónica

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Texto e fotografia: Rui Barbosa / http://carris-geres.blogspot.pt/

ESTA É UMA LARGA JORNADA PELA SERRA DO GERÊS À VISTA DE VELHAS PAISAGENS E «NOVOS» TRILHOS QUE NOS LEVAM A LOCAIS ÚNICOS E CADA UM COM A SUA PARTICULARIDADE, LOCAIS DE ÚNICA BELEZA E DE UMA IMENSIDÃO PROFUNDA.


Como qualquer caminhada deve começar, a saída deve ser feita muito cedo desde a típica Fafião, seguindo depois pelos primeiros quilómetros do Trilho da Vezeira. Este trilho segue velhos carreiros serranos e foi estabelecido pelas gentes de Fafião para dar a conhecer as árduas tarefas da vezeira que de há muitos séculos faz a transumância dos gados pelos currais naquela zona da Serra do Gerês. Não sendo um trilho homologado, está marcado pelas mariolas em todo o seu percurso que num local ou outro pode requerer um sangue frio numa passagem mais íngreme, não sendo muito aconselhado a quem sofre de vertigens crónicas. Tal como acontece em todos os percursos de montanha, deve ser uma jornada bem estudada e feita de consciência e com uma boa gestão dos riscos... não nos vá o «cansaço» tomar-nos desprevenidos. O trilho segue de Fafião acompanhando um estradão que nos leva ao Vidoal e daqui segue em trilho de pé posto. Percorrendo as voltas da serra, o carreiro vai ganhando ou perdendo altitude consoante as vicissitudes do percurso enquanto o rio se afasta lá no fundo do vale. O Trilho da Vezeira permite duas opções mais acima ou mais abaixo na

encosta. O nosso destino obrigava-nos a seguir pelo trajeto que empinava encosta acima e em certo ponto abandonaríamos o Trilho da Vezeira, embrenhando-nos no caos de píncaros serranos que bem definem a zona. Ao fundo a paisagem permitia-nos a contemplação de Porta Ruivas e do Porto da Lage por onde passaríamos já no regresso. Um dos primeiros locais de paragem é o Fojo de Pincães. Estas obras de arquitetura popular encontram-se em muitos casos em ruína e apesar de haver alguma indicação para o local, é lamentável que não haja uma intervenção para a sua melhor 21 preservação como elemento histórico das gentes serranas. Deixando o fojo para trás, entraríamos no bordo da Corga Funda (ou Corga de Marcozende) que terminaria numa larga laje granítica, local de curto descanso. De mariolas bem conservadas e caminho bem definido, a passagem seguinte levar-nos-á a um velho e abandonado curral no sopé do Alto de Palma, o Curral de Palma, que é agora uma memória de outras vezeiras e de outros tempos. “…A SERRA DO GERÊS VAISE APRESENTANDO COM UM NOVO PERFIL.”


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Deixando Palma para trás, a cada passo dá-se uma nova descoberta na nova forma das paisagens que se ia modelando à medida que o caminho ia ficando para trás. A Serra do Gerês vai-se apresentando com um novo perfil. Sempre à vista de Porta Ruivas, da Rocalva e da Roca Negra, caminha-se pelo «bordo» das Portas do Abelheiro até se chegar a um novo fojo, o Fojo de Alcântara. Tal como no fojo anterior, este fojo (que em certa forma faz recordar o Fojo de Vilarinho da

Furna) está muito degradado com o seu poço cheio de terra e por onde corre um dos muitos riachos que mais ao fundo da corga irá alimentar o Rio da Pigarreira. Um dos muitos elementos de interesse do local são as pequenas construções muradas que constituíam as ‘Esperas’ utilizadas nas batidas ao lobo. Continuando o percurso, e após contornar várias pequenas corgas à vista da Roca Alta, chegamos aos currais na


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zona da Lagoa do Marinho, um ecossistema extremamente frágil na Serra do Gerês ameaçado por um assoreamento que coloca em perigo a sua existência. O trilho leva-nos ao estradão e daqui prosseguimos até ao abrigo de Penedem, local de descanso antes de «atacar» a subida aos Chamiçais. Deixando o abrigo para trás, prossegue-se até aos currais do Couce e daqui enveredamos encosta acima até à cumea-

da onde viramos à direita até atingir os Chamiçais com os seus 1258 metros de altitude sobre a Terra Brava. De uma paisagem imponente onde paira o nada, conseguimos abarcar até às distâncias de Pitões das Júnias com os seus Cornos da Fonte Fria e até lá, uma sucessão ondulante de cristas serranas. Da mesma forma, o circo glaciar dos Cocões do Concelinho abria-se em toda a sua pujança e ao lado o promontório granítico do Borrageiro (Borrageira) eternamente guardando as suas já


seculares minas de volfrâmio. Escondidas de quem costuma passar pela zona da Lagoa do Marinho, estão as imponentes quedas de água da Corga da Pena Calva, uma sucessão de cascatas única em todo o Gerês. Ainda após contemplar as alturas do Castanheiro ou os fundos da Lage dos Infernos, era hora de regressar ao Couce e reiniciar a jornada...

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“…SE O LOCAL DAS MINAS DOS CARRIS PARECE A MUITOS ALGO DISTANTE, ENTÃO É PORQUE NUNCA VISITARAM AS MINAS DOS BORRAGEIRO…”

A longa jornada prossegue então em direção ao Borrageiro passando ao lado das suas seculares minas. Se o local das Minas dos Carris parece a muitos algo distante, então é porque nunca visitaram as Minas dos Borrageiro. Temos de imaginar aquele lugar no princípio do século XX onde tudo neste país ficava distante e com acessos impossíveis. Chegar a Cabril ou Xertelo era viajar por zonas inóspitas de Portugal, quanto mais nos enveredarmos pelas serranias geresianas em locais esquecidos pelo Homem e por Deus.

O caminho prossegue então pelas faldas de Cidadelhe passando antes pela Corga das Mestras, com o seu secular Pinheiro da Cigarra, e pela Corga de Arrocela. O trilho marca como que o limite da Zona de Proteção Total do Parque Nacional da Peneda-Gerês. Com suaves e pequenos declives, a progressão fez-se rápida passando no topo do Corgo de Valongo e entrando na crista granítica que nos levaria a Porta Ruivas. Olhando para o imenso vale, ao fundo as Fichinhas e em frente a sempre Rocalva e Roca Negra. Em Porta Ruivas, e antes de um pequeno descanso, a visita das cabras selvagens deve lembrar-nos o respeito à fauna e flora que toda aquela serra merece e que muitas vezes os visitantes (e outros) não cumprem ao deixar o lixo. Este curral é um bom local para retemperar forças antes da descida para o Sobreiral. A descida de Porta Ruivas é feita baixando para sua face Sul em direção ao Sobreiral percorrendo um velho trilho na encosta Este da Corga de Valongo à face das Quinas de Arrocela. O caminho levar-nos-á ao estradão que nos facilitaria o acesso ao Porto da Lage e daqui ao Trilho da Vezeira, levando-nos ao ponto de partida, a aldeia de Fafião.


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entrevista

VILA DE REI 26

UMA OFERTA DIVERSIFICADA DE PERCURSOS PEDESTRES Texto e fotografia: Vasco de Melo Gonçalves

VILA DE REI FOI UMA REGIÃO DEVASTADA POR

GRANDES INCÊNDIOS DE 2003. FELIZMENTE RECUPEROU PARCIALMENTE DESSE DESCALABRO, CRIOU UMA REDE DE PERCURSOS PEDESTRES E ESTÁ AGORA ENVOLVIDA, COM OUTROS MUNICÍPIOS, NA CRIAÇÃO DA GRANDE ROTA DO ZÊZERE.


Durante a nossa estada em Vila de Rei tivemos a oportunidade de entrevistar o vereador responsável pelo Turismo, Paulo Laranjeira Luis. Passear (Pas) – Como é que a autarquia de Vila de Rei vê o Turismo de Natureza e Cultural? Vila de Rei (VR) – O Turismo de Natureza desempenha hoje um papel fundamental na afirmação portuguesa e das regiões e na forma como se inscrevem no mapa das ofertas turísticas. Sendo que o interior, por ser desertificado e ter um conjunto de pontos negativos, pode ser reconvertido através do aproveitamento das suas potencialidades turísticas relacionadas com a Natureza. De facto, se a intervenção humana for muito menor, conseguimos encontrar um conjunto de mais-valias que dificilmente temos nos grandes centros urbanos. As diversas regiões têm vindo a inserir-se no plano de oferta dos percursos pedestres e de percursos associados à natureza de uma forma bastante evidente, procurando divulgar as suas mais-valias e, é neste contexto que o município de Vila de Rei também se insere. Seja por si só ou em parceria com outros agrupamentos de municípios procurando, acima de tudo, dar a conhecer o que são os nossos pontos fortes aliando a Natureza aos percursos antigos que eram utilizados pelas pessoas que trabalhavam nos diversos ofícios da altura, seja na resina ou na madeira, bem como na agricultura. Procuramos também chegar a desportos relacionados com a Natureza (geocaching, BTT, etc.) que vieram até Vila de Rei ou se organizaram em Vila de Rei à volta dos percursos pedestres que nós já tínhamos referenciado. PAS – Vila de Rei tem, sem dúvida, uma grande riqueza natural e cultural. Qual é o atual panorama no que diz respeito a infraes-

truturas de apoio? VR – Nós temos, em Vila de Rei, um conjunto diversificado de instalações e equipamentos municipais que colocamos ao dispor de quem nos visita, nomeadamente grupos. É normal sermos contactados por agrupamentos de escuteiros ou empresas de animação de grupos e procuramos responder de forma positiva criando condições para que eles possam pernoitar e receber algum tipo de apoio durante a sua estada em Vila de Rei, quer sejam balneários quer sejam pontos de apoio. Normalmente quem teve essas experiências de grupo volta a visitar Vila de Rei acompanhado pelas famílias. PAS – Que tipo de apoio prestam? VR – Em função do que é a atividade e o seu cariz, nós atribuímos um apoio que poderá passar pelo alojamento ou pelas refeições. Sempre com base numa relação entre partic- 27 ipantes e da mais-valia para o concelho. Tentamos sempre beneficiar as empresas locais. PAS – Quando é que teve início este projeto de criação de percursos pedestres? VR – Foi há cerca de 6 anos. Após 2003 (época de grandes incêndios na região) demos algum tempo de maturação até que a reflorestação natural de efetuasse. Apostámos num conjunto de passeios pedestres em função daquilo que eram as nossas características sendo que o nosso concelho, antes de 2003, era muito associado ao turismo de natureza, às praias fluviais, fauna e flora. PAS – Na componente cultural o que é que Vila de Rei tem para oferecer? VR – Os nossos percursos pedestres vão ao encontro de um conjunto diversificado de aspetos. Desde a arqueologia e antropologia, associados às conheiras (explorações de


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ouro) e tholos romanos. Temos também percursos associados aos circuitos da lavoura e da agricultura de subsistência. Temos ainda percursos relacionados com temas religiosos e à vivência das aldeias e respetivas ligações entre elas. PAS – Qual tem sido a estratégia de Vila de Rei na divulgação dos seus percursos? VR – Os quatro percursos que estão dependentes de nós têm uma divulgação autónoma através da comunicação social local e através de eventos como, por exemplo, o Dia Nacional de Monumentos e Sítios. Ao longo do ano a câmara organiza eventos para dar a conhecer os percursos. Temos ainda, percursos que se inscrevem numa lógica pluri-municipal que estão associados às Aldeias de Xisto. Um exemplo que ainda não está completado é a Grande Rota do Zêzere que vai ter em Vila de Rei um trajeto circular. PAS – Vila de Rei participa diretamente em feiras ou eventos de promoção? VR – Na última feira de caravanismo, na

Nauticampo, estivemos presentes a divulgar a nossa oferta de percursos pedestres. Estamos também presentes na BTL (Bolsa de Turismo de Lisboa) e nas feiras onde estão presentes os nossos artesãos. PAS – O mercado internacional é um objetivo para Vila de Rei? VR – O mercado internacional só poderá ser um objetivo para nós quando inseridos numa lógica multimunicipal. O nosso projeto internacional está diretamente ligado com a rede das Aldeias de Xisto e com a Grande Rota do Zêzere. PAS – Tem ideia de quem visita Vila de Rei? VR – Não temos números concretos. Existem muitos visitantes que vêm aos nossos percursos pedestres em organizações da autarquia e aí, temos um registo. É usual contactarem-nos a informar que determinado grupo vai fazer um passeio. Deixo aqui um convite aos leitores da revista Passear a virem fazer os nossos percursos.



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CRÓNICA II / 2º DIA

Pedaladas no Parque Natural do Guadiana

Texto: António Atabão Fotografia: António Atabão; Bruno Talento, Rui Ribeiro e Pedro Nuno.

PEDALADA ENTRE SERPA/MINAS DE SÃO DOMINGOS /POMARÃO/MÉRTOLA - 87 KM.

www.colinasbiketour.com O NOSSO DESTINO É MÉRTOLA A VILA MAIS ÁRABE DE PORTUGAL. DEPOIS DE UMA NOITE BEM DORMIDA, NA RESIDENCIAL DO PULO DO LOBO, E DE UM REFORÇADO PEQUENO-ALMOÇO FOMOS VER DE DIA O QUE À NOITE TÍNHAMOS ESPREITADO, A CIDADE DE SERPA, QUE TEM COMO LOCAL MAIS EMBLEMÁTICO AS SUAS MURALHAS, MANDADAS ERGUER POR D. DINIS.


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A circundar a muralha, velhas oliveiras de troncos entreabertos que mais parecem com pegas da pele de elefante, captam o nosso olhar. Transpomos a porta da muralha, as casas são baixas, caídas de branco. Pedalamos até à Praça da Republica, que ostenta originais candeeiros de iluminação pública feitos de ferro com imagem de um dragão, foi com esta luminária que na noite anterior saboreamos: uns lagartinhos alentejanos, uma açorda de cação, salpicada com o famoso queijo de Serpa, regada com um branco alentejano, que nos aprestamos para este segundo dia de pedaladas.

“…Serpa tem um vasto e singular património, que vale a pena conhecer…” Despedimo-nos de Serpa sob um sol radioso e com um até amanhã. Pela estada fora fomos pedalando até à mina de S. Domingos, fizemos uma breve incursão pelos pequenos lagos da mina, cruzamonos com um passeio de jipes, mas continuamos o nosso caminho, era gente pouco simpática, bebiam cerveja e nem se


32 dignaram fazer uma oferta. A hora do calor já se fazia sentir, e nada melhor que virar à direita para a praia fluvial da Tapada Grande e dar um mergulho, neste agradável e bem arranjado espaço, a água estava tépida e enquanto dávamos umas braçadas, assistimos no anfiteatro a um casamento abrilhantado por um grupo de cante alentejano. O Cante Alentejano é um canto a várias vozes, que participam em momentos diferentes de forma alternada ou em conjunto, sem acompanhamento de instrumentos musicais. O Bruno não sendo alentejano, estava emocionado com o que estava a ver e a ouvir. O noivo vestia fato branco, a noiva ostentava um vestido verde, o meio de transporte

dos noivos era uma carroça, puxada por uma mula. Foi bonito. Depois do banho segue-se um ligeiro almoço no bar da praia, após estes momentos de relaxe seguimos para a zona mineira.

Mina de S. Domingos A Mina de S. Domingos foi a maior mina de pirite da Península Ibérica, foi explorada desde meados do séc. XIX pelos ingleses e definitivamente encerrada em 1960, nos últimos anos de exploração a exploração visava a obtenção de cobre, mais tarde enxofre. O sol brilha intensamente, pedalamos entre esqueletos de cimento e ferro,


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num silêncio que impressiona, a paisagem é misteriosa e surreal, pedalamos no estradão que condiz com o antigo caminho-de-ferro que transportava o minério até ao porto do Pomarão, a terra tem tonalidades densas e desnaturadas, descemos até junto das águas por uma graciosa desordem de terras sobrepostas que junto das águas se tornam movediças, na outra margem, uma encosta abrupta é guardiã de uma longa história protagonizada por romanos, fenício, ingleses e portugueses. Paramos para visitar a antiga fábrica de enxofre da Achada do Gamo, o que vemos é um imenso campo de enxofre e mais edifícios em ruína. Passamos este longo cemitério ladeado

de sepulturas espargidas com um sol que nos fustiga o rosto, e uma terra que nos devora o olhar. Continuamos a pedalar ao longo do caminho que outrora fazia o comboio, o caminho é assinalado de quando em quando por pedras pintadas de branco, com, a inscrição do nome de uma das empresas que explorava as mina, La Sabina.

Porto do Pomarão A aproximação ao porto do Pomarão é feita por uma descida acentuada, antes de irmos ao porto espreitamos a barragem do rio Chança, e como Espanha era já ali o Pedro foi até lá. Enquanto nós fomos ao porto hidratar, o Pedro continuou a pedalar e só após várias tentativas consegui-

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36 mos chegar à fala. Atravessamos o cais com as águas do Guadiana a espreguiçarem-se lenta e simetricamente entre as margens. Era por este cais que saía o minério de São Domingos. Percorrido o cais, passamos um pequeno túnel da antiga linha férrea, aqui reencontramos o Pedro, um estradão leva-nos a um casario que tem uma vista deslumbrante sobre o rio Guadiana.

Rumo a Mértola Em estrada de terra batida entre vales e montes chegamos à aldeia de Picoitos. Na descida que nos conduzia à estrada de alcatrão conseguimos dividir-nos em três

grupos. O Bruno, rapaz de descidas loucas entra em fuga, o Pedro e o Rui descem lado a lado eu às cautelas com as idas ao chão fico só no meio de Picoitos, até que avisto o Bruno já na estrada de alcatrão, agora, resta-nos esperar pelo Rui e pelo Pedro, que dizem ter ficado a hidrata-se em Picoitos. Às seis da tarde, já com o Sol a perder todo o seu esplendor. Mértola encontrava-se a poucos quilómetros, estava no plano fazermos mais um percurso de terra batida, mas, considerando o adiantar da hora ir por alcatrão foi a opção. No caminho até Mértola, fomos ultrapassados por um simpático grupo de motares. Uma subida, uma reta, uma descida, um


37 rio, uma ponte e estamos em Mértola, junto ao monumento que declara Mértola como capital da caça, aproveitamos para dar descanso às nossa armas. Que alívio, que alegria física nos dá esta chegada, onde as pernas se esticam e as bicicletas se deitam num verde partilhado onde nos deleitamos entre as manchas de sol espalhadas pelas pedras. Pernoitamos na residencial Beira-rio, que se situa junto ao cais, os quartos estão virados para o rio, dando-nos uma magnifica vista. Depois do jantar passeamos pelas ruelas, subimos em direção ao castelo, passamos pela Igreja Matriz de Nossa Senhora

da Anunciação que já foi uma mesquita, fomos até ao castelo, olhamos a estátua equestre de Ibn Quasi governador de Mértola no século XII. Percorremos mais umas ruelas, junto à muralha construída pelos romanos espreitámos a Torre do Relógio e fomos ter ao largo da Câmara, onde está afixada uma placa que nos diz que em 1876 as águas do rio subiram 30 metros, o que nos provocou alguma descrença, mas como nenhum de nós estava cá na dita data, acabamos por fazer fé na placa. E assim, num enlaço de fé terminou este nosso segundo dia, numa terra de muitas religiões.


Informações adicionais: Track de GPS: http://ridewithgps.com/trips/1078612 Pode ler a reportagem do primeiro dia na edição 20 da revista Passear http://issuu.com/editora_lobodomar/docs/passear20vg

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em concreto: Logótipos, Estacionários, branding e rebranding de todos os suportes da sua empresa Micro-sites, Webdesign, Banners (Flash/Gif) Anúncios, Roll-ups, Outdoors, Stands Revistas, Livros, Newsletters, Flyers, Desdobráveis, Catálogos Press Releases Fotografia

Para informações mais detalhadas: site: www.wix.com/lobodomardesign/comunicar e-mail: anagoncalves@lobodomar.net Tel: + 351 261867063 Tlm: + 351 965761000


número de leitores edição digital gratuita

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passear nº 21


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