Revista Passear Versão Gratuita Nº 33

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Nº. 33 . Ano III . 2014 . PVP: 2 € (IVA incluído)

passear sente a natureza

CRÓNICA

De Bicicleta na Cidade

Entrevista C.M. Viana do Alentejo

DESTINO

Parque de Monsanto

Budha Eden

Regaleira

e os seus jardins


Correspondência - P. O. Box 24 2656-909 Ericeira - Portugal Tel. +351 261 867 063 www.lobodomar.net

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Director Vasco Melo Gonçalves Editor Lobo do Mar Responsável editorial Vasco Melo Gonçalves Colaboradores Catarina Gonçalves, Luisa Gonçalves.... Publicidade Lobo do Mar Contactos +351 261 867 063 + 351 965 510 041 e-mail geral@lobodomar.net

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2 Registada na Entidade Reguladora para a Comunicação Social sob o nº. 125 987

Caminhadas, festivais, descobrir a Natureza

A primavera é uma das minhas principais estações do ano para efetuar caminhadas e passeios de bicicleta. Por todo o pais multiplicamse as ofertas de programas com propostas aliciantes que visão o aprofundamento do conhecimento das respetivas regiões Na nossa página do Facebook vamos revelando algumas dessas iniciativas por isso, não deixem de nos consultar em: https://www.facebook.com/pages/Passear/111196675567303 No coração do Algarve, a segunda edição do Festival de Caminhadas do Ameixial vai dar a oportunidade de conhecer uma região de exceção quer do ponto de vista paisagístico como do ponto de vista cultural. De 25 a 27 de Abril todos os caminhos vão ao Ameixial em pleno barrocal algarvio. Como estamos na Primavera publicamos, nesta edição, uma série de destinos nacionais onde o contacto com a Natureza e a Flora é o principal objetivo. O Parque Florestal de Monsanto, os jardins da Regaleira e o Jardim da Paz são as nossas propostas. Boas caminhadas e boas pedaladas.

Direitos Reservados de reprodução fotográfica ou escrita para todos os países

Diretor vascogoncalves@lobodomar.net

Capa Fotografia

Artigo Regaleira e os seus jardins (pág. 48)


Edição Nº.33

16

22

30 38 Sumário 04

ASSINATURA Passear

06

Atualidades

48

16 Crónica:

De Bicicleta na Cidade

22

Destino: Castelo de Óbidos

30

Entrevista: Presidente Bengalinha Pinto

C.M. Viana do Alentejo

38

Caminhada: À descoberta do

Parque de Monsanto I.

48

Passear Em Sintra

Nos Jardins da Regaleira

56

Destino: Budha Eden

56

3


edição digital

Nº.10 . Ano I . 2012

edição digital

Nº.11 . Ano I . 2012

passear

passear

Destino

Kayak

by

sente a natureza

Cidades e vilas medievais Crónicas do Gerês

Ecovia

Lisboa a Badajoz AS VIVÊNCIAS DE FRANCISCO MORAIS

Leitura deturpada da Portaria

by

sente a natureza

Volta Ibérica

Ecovia 2

Caminhada

Trilho da Mesa dos 4 Abades

Reconhecimento na Serra de Sintra

Passeio

Ligação Angola a Moçambique

A aventura em BTT

de PEDRO FONTES Ericeira – S. Lourenço – Ericeira

Uma CAMINHADA de contrastes

Nº. 5

Parque da Espanha Industrial

Castelos de Portugal

Alcácer e Viana do Alentejo

Nº. 6

Nº. 7

Nº.17 . Ano II . 2012 . PVP: 2 € (IVA incluído)

Nº. 8

Nº. 9

Nº. 18

Nº. 19

edição digital

passear by

sente a natureza

Rota dos Moinhos Crónica

Ruta de los Túneles Destinos

Parque das Necessidades Mata Bom Jesus do Monte

Equipamento

Mochila Deuter Futura 28 Washington Summit Bobble, a garrafa

Nº. 10

Nº. 11

Nº. 17

Nº. 24 . Ano III . 2013 . PVP: 2 € (IVA incluído)

passear by

sente a natureza

EQUIPAMENTOS

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De Óbidos a Torres Vedras

PR6 VLR Rota das Conheiras

Caminho Português Interior de Santiago (1ª Parte)

Caminhada Piódão - Foz d´Égua - Piódão

Nº. 20

Nº. 21

Nº. 22

Nº. 23

Nº. 25

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Nº. 27

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Nº. 30

Nº. 31

Nº. 32

Nº. 24


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passear nº 33


atualidades 6

Aldeias Históricas de Portugal Viva a sua história Este guia, apresentado durante a edição 2014 da BTL, leva-nos a percorrer a rede constituída pelas 12 Aldeias Históricas de Portugal. Da apresentação de cada uma das aldeias consta uma planta da aldeia com pontos de interesse a visitar, a sua cronologia histórica, o seu património construído e o relato dos seus momentos ou figuras históricas, que foram marcantes para a História de Portugal. Para além das 12 aldeias, são apresentados outros 18 locais fortificados e 26 espaços a visitar que marcam o território das Aldeias Históricas de Portugal, formando um conjunto coerente em estreita relação de proximidade. Para o viajante sentir este destino turístico, o guia apresenta 10 infraestruturas turísticas (entre as quais 4 complexos termais), 9 percursos rodoviários, 19 percursos ciclo turísticos articulados com a rede ferroviária, 3 centros de BTT complementados por 23 percursos, 4 percursos pedestres de Grande Rota e 26 de Pequena Rota, 14 locais que servem como miradouros e 13 áreas de serviço para autocaravanas. Como um destino turístico se faz com pessoas, constam artesãos,

produtores locais e agentes turísticos que operam em diferentes domínios. O guia das Aldeias Históricas de Portugal apresenta 36 unidades de alojamento, 29 restaurantes, 13 unidades de comércio de produtos locais e 12 empresas de animação turística. É na Beira Interior que encontramos as Aldeias Históricas de Portugal. Viva a sua história. Formato: 30mm x 130mm x 220 mm | Nº. de páginas: 504 | Preço: 20 €.


atualidades

Inserido na rede de itinerários para Santiago de Compostela, o Caminho Português da Costa assume-se como um dos eixos mais importantes de ligação à Galiza a partir da época moderna, sendo utilizado pelas populações do litoral e pelos que desembarcavam nos portos marítimos. Trata-se de um itinerário costeiro que liga os territórios da orla marítima a partir do Porto, com uma distância de cerca de 250 km, podendo-se fazer a entrada na Galiza por Caminha La Guardia, Vila Nova de Cerveira - Goian ou Valença – Tui. De modo geral, os caminhos encontram-se sinalizados por setas de cor amarela, no chão, muros, pedras, postes, árvores, estradas, marcos de granito ou concreto, e outros. Como regra, passam sempre em frente à igreja mais importante ou mais antiga da cidade. Recorde-se que, no âmbito de outra parceria, os peregrinos do Caminho de Santiago podem contar na Póvoa de Varzim com nova sinalética, tanto no Caminho da Costa como no Caminho Central, de modo a facilitar a sua peregrinação. Uma aposta da autarquia poveira apresentada nas comemorações do último Dia Mundial do Turismo. Na altura, a Vereadora do Desenvolvimento Local, Lucinda Delgado, congratulou-se com este tipo de trabalho de aposta no Turismo Religioso e enalteceu o “trabalho em equipa”, aludindo às parcerias que o município poveiro realiza para melhor dinamizar a promoção turística.

Caminho da Costa para Santiago de Compostela cada vez mais acessível Já foi lançado o sítio intermunicipal do Caminho Português da Costa para Santiago de Compostela, que visa uma maior divulgação e promoção deste percurso milenar. Disponível em www.caminhodacosta. wix.com/caminhodacosta, esta ferramenta fornece informação escrita e fotográfica sobre o traçado em cada um dos municípios integrantes do projeto, bem como disponibiliza contatos potencialmente úteis ao peregrino. O sítio constitui uma das estratégias de investigação, divulgação e promoção do Caminho Português da Costa, protocolada em 2011 entres os Municípios do Porto, Maia, Matosinhos, Vila do Conde, Póvoa de Varzim, Esposende, Viana do Castelo, Caminha, Vila Nova de Cerveira e Valença. Desde Novembro passado, o município de Vila Nova de Cerveira assumiu a coordenação técnica do grupo de trabalho sobre o Caminho Português da Costa para Santiago de Compostela, sucedendo a Esposende.

Fonte: C.M. da Póvoa do Varzim

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atualidades 8

Murtosa vai receber a Semana Europeia do Cicloturismo em 2014 O Município da Murtosa vai receber, de 6 a 12 de julho de 2014, a X Semana Europeia do Cicloturismo, uma iniciativa promovida pela União Europeia de Cicloturismo (UECT) e pela Aliança Internacional de Turismo (AIT), organizada, localmente, pela Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores da Bicicleta (FPCUB) e pela Câmara Municipal da Murtosa. O centro logístico da Semana Europeia será na Freguesia da Torreira, onde ficará sedeado o secretariado,

a zona de acolhimento e o parque de autocaravanas e tendas, prevendo-se uma afluência a rondar os 2.000 participantes, vindos de toda a Europa. As inscrições na Semana Europeia de Cicloturismo estão já abertas, podendo os interessados consultar o site do evento, em http://www. murtosaciclavel.com/pt/uectmurtosa2014 O cicloturismo é uma atividade desportiva de lazer, exigente para aqueles que o desejarem, mas acessível ao ritmo e ao gosto de cada um, qualquer que seja a sua idade, o seu nível de preparação ou a qualidade do seu equipamento. A Semana Europeia de Cicloturismo é um encontro organizado todos os anos num pais associado da UECT e da AIT. Em 2014 será Portugal a acolher o evento, tendo a Murtosa sido escolhida como Município anfitrião, sucedendo à cidade suíça de Yverdon-les-Bains. Depois de, em 2012, ter organizado o IX Congresso Ibérico “A Bicicleta e a Cidade”, a Murtosa volta a ver reconhecido o seu trabalho no domínio da promoção da bicicleta, acolhendo, no próximo ano, o maior evento ciclo turístico realizado na Europa. Estes encontros possibilitam que os cidadãos europeus se juntem e celebrem a sua paixão comum pelas bicicletas, ao mesmo tempo que descobrem as especialidades regio-


sem número de descobertas turísticas, gastronómicas e culturais, constituindo, por isso, uma excelente oportunidade para divulgar o Município da Murtosa e toda a Região de Aveiro.

atualidades

nais do país de acolhimento, numa verdadeira semana multicultural. Para a além da promoção da prática do cicloturismo, o programa destes encontros internacionais proporciona aos participantes um

Vale do Lima lança Rota dos Gigantes A ADRIL- Associação de Desenvolvimento Rural Integrado do Lima e a CENTER acabam de lançar, conjuntamente, a Rota dos Gigantes do Vale do Lima. Rota que percorre os quatro municípios deste, cada um com o seu Gigante – Ponte da Barca, com o Navegador; Ponte de Lima, com o Santo; Viana do Castelo, com o Descobridor; e Arcos de Valdevez, com o Inventor. Rota que inclui os locais de procedência destas quatro ilustres Figuras da História universal, que projetaram Portugal nos quatro Continentes: O Navegador – Fernão de Magalhães – comandou a primeira viagem de circum-navegação da Terra, demonstrando que ela é, de facto, redonda O Santo – Francisco Pacheco – um dos primeiros missionários jesuítas na evangelização da Ásia, foi martirizado a fogo lento no Japão e é hoje venerado nos altares como Beato da Igreja católica O Descobridor – João Álvares Fagundes – Navegou no Atlântico Norte e explorou a costa da Terra

Nova, no Canadá, dando continuidade às expedições iniciadas para o continente americano muito antes da viagem de Colombo O Inventor – Padre Himalaya – Cientista do início do séc. XX, considerado um percursor das energias renováveis, designadamente pelo aproveitamento da energia solar Pela sua originalidade, esta rota constituiu um excelente argumento de marketing para promover, o Vale do Lima, através de 4 ilustres incontornáveis da História universal que projetaram Portugal nos 4 cantos do Mundo. http://www.valedolima.com/PT/gigantes.html

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atualidades

2º Festival de Caminhadas do Algarve, a caminho do Ameixial

O segundo Festival de Caminhadas do Algarve chega ao Ameixial, em plena serra do Caldeirão, nos dias 25, 26 e 27 de Abril. Traz com ele três dias de percursos pedestres temáticos, corridas de montanha, workshops, animação, música, gastronomia, conversas, descoberta e convívio. Mesmo situado no limite norte do Algarve, na fronteira com o Alentejo, em plena Serra do Caldeirão, o Ameixial merece uma visita atenta para conhecer de perto alguns valores raros do património natural e cultural da região, como 10 a misteriosa “escrita do Sudoeste”, aquela que é a primeira manifestação de escrita da Península Ibérica e uma das mais antigas da Europa. Os poucos vestígios desta escrita, cerca de cem, encontram-se concentrados na serra do Algarve e aparecem em estelas, ou seja, blocos de pedra fixados no solo, onde o texto era gravado e escrito em arco, de baixo para cima e da direita para a esquerda. Algumas destas estelas foram encontradas precisamente na paisagem que se vai percorrer pelo Ameixial. No primeiro dia do Festival, 25 de Abril, à tarde, depois das boas vindas decorrerá uma caminhada de apresentação e um workshop de construção de bastões de caminhada” pelo “Projecto TASA

– Técnicas Ancestrais Soluções Actuais” e a visita à exposição “Quem nos escreve desde a Serra”. À noite haverá um jantar convívio e uma caminhada de Orientação e Trail Running (corrida de montanha). No sábado, 26 de Abril, a oferta de percursos é variada, uma caminhada Arqueológica, uma caminhada de Interpretação do Património Construído, uma caminhada de Observação e Identificação de Aves e uma caminhada de Ilustração. Para as famílias está previsto um workshop de “Escavação Arqueológica”. Durante a tarde, os praticantes de caminhadas terão a oportunidade de frequentar Workshops de “Vestuário para caminhadas”, “Bastões e outros acessórios de caminhadas” e “Interpretação de mapas”. Ao final do dia realiza-se uma Tertúlia sobre o tema “Caminhadas no Algarve: conversa com caminhantes da região” com vários convidados, ao qual se segue um Jantar convívio


A cegonha-branca é a Ave do Ano 2014

atualidades

e um Baile Dançante. No último dia, 27 de Abril, haverá uma Caminhada Fotográfica, uma Caminhada de Observação de Aves, uma Caminhada de Ilustração e um Traill Running Ameixial com 2 provas. De manhã, decorre também um Peddy Paper familiar sobre a escrita do Sudoeste e à tarde realizam-se Workshops técnicos “Alimentação adequada para caminhantes” e “Relaxamento Muscular pós caminhadas”. O evento termina com um Lanche Serrano e projeção de imagens. O Festival inclui ainda espaços de dormida, zona de campismo, área para estacionamento de autocaravanas, menus fixos para caminhantes, momentos de lazer e animação. O Promotor desta iniciativa é a Câmara Municipal de Loulé, a organização está a cargo da ProActiveTur, Lda e do Projecto Estela. Conta com o Apoio da Junta de Freguesia do Ameixial, do Projecto TASA, do Projecto Querença, do Clube Ameixialense e da DireçãoGeral do Património Cultural. A participação nas atividades é totalmente gratuita, mas requer inscrição prévia até ao dia 24 de Abril de 2013 às 17H, para o e-mail: mail@proactivetur.pt Contactos | Informações | Inscrições: ProActiveTur, Lda., mail@proactivetur. pt , tm. 924 308 060; telf. 289 416 138, Facebook// https://www.facebook.com/pages/ProActiveTurLda/20 9618472382414?ref=ts&fref=ts

Uma espécie emblemática que simboliza a convivência pacífica da humanidade com a natureza. A Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) escolheu a cegonhabranca como Ave do Ano 2014 por ser uma espécie simbólica do nosso país, que se tem adaptado a viver junto das nossas vilas e aldeias. Acarinhada pelos portugueses, esta espécie faz parte da nossa cultura e dia a dia, sendo também uma aliada no combate de algumas pragas agrícolas. 2014 É também o ano do censo internacional da cegonhabranca e uma excelente oportuni- 11 dade de sensibilizar a população para a importância da espécie. Para colocar em prática as ações previstas, a SPEA precisa de apoio: faça uma chamada para ajudar a cegonha-branca para o 760 455 155 (0,60€ + IVA). A campanha do Ave do ano decorre desde 2007, com o objetivo de dar a conhecer melhor determinadas espécies e salientar os desafios que enfrentam na atualidade. 2014 É o ano do censo internacional da cegonhabranca e uma excelente oportunidade de conciliar conservação com divulgação ambiental. Pois embora a cegonha-branca seja conhecida das pessoas, na prática, a maioria pouco sabe sobre ela.


A cegonha-branca é uma ave migradora e protegida, associada aos habitats de água doce, pastagens e prados, onde se ali12 menta. A evolução da sua população tem sido irregular. Com o desenvolvimento industrial, a intensificação da agricultura e o uso massivo de inseticidas sofreu um declínio preocupante a partir dos anos 50 do século passado, chegando a desaparecer de extensas regiões e de vários países europeus. Hoje em dia a população europeia recuperou ligeiramente, embora se mantenha escassa nos países do norte da Europa (por exemplo registou-se um casal no Luxemburgo, pela primeira vez em 2013, e na Bélgica é conhecido apenas um casal nidificante). Em Portugal, após uma regressão acentuada, a população de cegonha-branca tem aumentado em número de efetivos e em área

de ocorrência. Bem acolhida pelas populações, é também uma boa ajuda no controlo de pragas da agricultura, alimentando-se do lagostim-vermelho-da-louisiana ou dos gafanhotos, conhecidos pelos prejuízos que causam nos arrozais, no primeiro caso, e nas culturas de cereais, no segundo caso. O censo internacional da cegonhabranca é realizado de 10 em 10 anos em todos os países da Europa durante a primavera – verão. Em 2014 o objetivo é recensear todos os ninhos de cegonha-branca em Portugal, de modo a obter dados reais e atualizados sobre a distribuição e abundância da espécie. O censo da cegonha-branca em Portugal será uma organização conjunta do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e a SPEA. Fonte: SPEA


atualidades

Nova de Lisboa e fez uma especialização em gestão de bibliotecas escolares. A sua paixão por novas paragens levou-o a percorrer os lugares mais improváveis do planeta desde montanhas a desertos e florestas tropicais a glaciares. Transiberiano é o seu primeiro livro. O livro está à venda apenas na loja online da Bertrand por 11,13€. ApeLivro Transiberano sar de não estar nas lojas físicas, a A experiência de obra estava em Fevereiro em 1º lugar de vendas na Bertrand online na caLuís Contente O Transiberiano entre Pequim e tegoria literatura de viagens Moscovo representa uma traves- Link da obra: http://www.bertrand.pt/ sia de 10.000km ao longo de 6 ficha/o-transiberiano?id=15322930 fusos horários onde aventura e Book trailer: http://www.youtube.com/ descoberta se misturam num único watch?v=goEsMPCGAas paradigma: o prazer de viajar. China, Mongólia, Sibéria, desfilam ao ritmo de distâncias tão impossíveis com Luís Contente no que não são concebíveis para o TRANSIBERIANO entre Pequim e Moscovo… passo do ser humano. São florestas inteiras, povoações isoladas, rios ENDA V implacáveis e uma estepe sem fim. O avião encurta caminhos. Mas a Sibéria não é um país para o transporte aéreo. É preciso o comboio ns tu para sentir a totalidade deste tere g ra de Via ritório. Há viagens que uma pessoa tem de fazer na vida. Esta é uma delas. O autor Luís Contente nasceu em Beja, Alentejo, no ano de 1962. É professor de língua francesa numa escola do ensino básico. Frequentou o mestrado em Literatura Medieval Comparada da Universidade

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atualidades

Orquídeas Silvestres e outras raridades botânicas no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros

A geologia, o clima e os habitats existentes no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros fazem desta área protegida, uma das mais importantes a nível nacional para várias espécies de orquídeas, existindo por aqui cerca de cinquenta por cento das espécies autóctones da flora portuguesa. As zonas de Alvados e Serra da Lua são de grande interesse natural, pela variedade de coberto vegetal e pelos diferentes aspetos geomor14 fológicos que apresentam, sendo das mais emblemáticas do Parque Natural. A grande riqueza de biótopos (matos, escarpas, olival, e carvalhal) permite a existência de muitas espécies de orquídeas e outras espécies raras como a bela rosa-albardeira. Tudo isto numa paisagem deslumbrante, que vale a pena percorrer a pé! Sábado - 26 de Abril Ponto de Encontro: Centro de Atividades de Ar Livre de Alvados Hora de início: 9h30 Hora de finalização: 17h30 Distância percorrida: 11km Grau de dificuldade: Difícil Domingo - 27 de Abril Ponto de Encontro: Lagoa do Arrimal

Hora de início: 9h30 Hora de finalização: 16h30 Distância percorrida: 7km Grau de dificuldade: Médio Preço: 16€ (dois dias); 9€ (um dia) (inclui acompanhamento técnico e científico, seguro de acidentes pessoais e responsabilidade civil). As crianças até aos 12 anos não pagam, devendo, no entanto, ser consideradas na inscrição. Nos passeios, o almoço será volante e trazido por cada participante. Aconselha-se sandes, fruta e água. Inscrições: Caminhos Com Vida geral@caminhoscomvida.com Tlm: 916084720 Na região existem várias opções de alojamento. Aconselhamos duas modalidades diferentes: - O Turismo Rural Retiro da Avó Lídia, situado em Mendiga – Porto de Mós, que faz desde 20% de desconto no alojamento aos participantes nesta atividade. Contacto: 933711640 - A Pousada da Juventude de Alvados – Porto de Mós.


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crónica

Crónica

DE BICICLETA NA CIDADE Texto e fotografia: António José Soares

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De bicicleta para o trabalho

OS DIAS SÃO DE CHUVA, ESTE INVERNO TEM-NOS FUSTIGADO COM TEMPORAIS, IMPEDINDO A SAÍDA PARA PASSEIOS, A PÉ OU DE BICICLETA, COMO SERIA DESEJÁVEL.

A impossibilidade de pedalar nestes dias cinzentos é substituída pela memória que nos recorda os incríveis passeios de bicicleta que o bom tempo proporciona. No topo dessas recordações, ainda tão frescas, destacam-se as peregrinações a Santiago de Compostela de bicicleta. Resta-nos desejar o aproximar de dias mais longos

para voltar ao pedal, por enquanto apenas dá para projectar o próximo Caminho de Santiago, lá para o Verão. Na esteira das recordações e a propósito do título que escolhi para o presente artigo, passo a contar uma história de infância. Assim, por inícios da década de setenta, o tráfego na Estrada de Penacova,


“O Pequenito”

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N 110, era constituído maioritariamente por bicicletas, motorizadas e uma meia dúzia de veículos automóveis a somar aos autocarros de transporte rodoviário de passageiros, na altura vulgarmente designadas camionetas da carreira. O período entre as cinco e as sete da tarde marcava o regresso a casa dos trabalhadores que em Coimbra ganhavam o sustento para as suas famílias, muitos deles montados nas velhas “pasteleiras” com destino às povoações de Torres do Mondego, Casal da Misarela, Caneiro, Re-

bordosa, entre outras, situadas na margem direita do Mondego, “Pasteleiras” que no Inverno andavam quase sempre artilhadas com enormes guarda- chuva, que também serviam para espantar os cães mais afoitos às pernas. Uma das distracções da catraiada, onde me incluía, consistia em rondar a taberna da D. Julieta, local de culto para muita gente, onde era possível encontrar bicicletas estacionadas. O fito era poder tomar alguma bicicleta emprestada de qual sujeito mais distraído, normalmente


crónica

Vista de Penacova, o rio e a estrada encoberta pela vegetação

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empenhado a regar a garganta. Muitas vezes a aventura corria mal e a ideia de dar à perna, balançando o rabo sobre uma “burra” tomada de assalto, era premiada com valente “paulada” de guardachuva direitinha às costas. “O Pequenito”, era assim que o pequeno grupo de “assaltantes de bicicletas” atrás mencionado apelidava um rapaz, de baixa estatura, que todos os dias percorria de bicicleta o caminho entre Coimbra e Penacova, o rapaz, à época, teria apenas catorze anos ou dezasseis anos, não mais, contudo a reduzida estatura apenas permitia que pedalasse uma pequena bicicleta de roda 24.

Para a malta, ávida de dar umas voltitas, nem que fosse só em cima de um pedal ou com as pernas pelo meio do quadro, ver passar alguém mais novo, de estatura semelhante, montado na sua pequena bicicleta, era de uma inveja tortuosa. Vai daí, enchíamos a paciência do pobre, repetindo em coro, pequenito, pequenito, pequenito…, numa implicação cada vez mais radical e demonstrativa de crueldade infantil. As cenas repetiam-se a cada dia que passava, num crescente aumento de animosidade, que numa ou outra ocasião levou mesmo a vias de facto. Era a terrível inveja de não ter uma bicicleta, mas tudo acabou em festa no dia em que o “Pequenito” em-


Numa grande cidade de bicicleta, é possível.

prestou generosamente a bicicleta. Num repente todos virámos grandes amigos ... mas nunca deixou de ser “O Pequenito”. À época os jovens felizardos que desfrutavam de bicicleta ou pertenciam a família abastada, ou ao grupo dos que desde os 13 ou 14 anos já aprendiam algum ofício, abandonando precocemente os estudos para ajudar na economia familiar. Como sabemos o mundo mudou, a galopante evolução das últimas quatro décadas foi transformando progressivamente o tráfego nas estradas implicando a construção de novas vias e outras edificações com a inerente transformação geográfica. No entanto, são manifestamente

raras as novas vias que salvaguardam a circulação de ciclistas com margem de segurança, sobretudo nas cidades, onde sempre deveria ter existido a preocupação de conferir maior amplitude a passeios e outras zonas pedonais, o planeamento apenas foi feito em função da circulação automóvel. A estrada de Penacova, que serpenteia o rio Mondego na sua margem direita, entre esta vila e a cidade de Coimbra, atravessando um cenário de rara beleza, viu crescer de forma galopante o tráfego motorizado para níveis incomportáveis, atendendo ao seu perfil sinuoso e estreito. Curiosamente manteve o seu perfil, embora me-

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crónica 20

Estrada de Penacova no limite do Concelho

lhorado recentemente fruto da sua classificação como estrada verde, o que se saúda. Inserida numa paisagem deslumbrante, que se estende sobre o rio Mondego e encostas sobranceiras, esta via é hoje muito aproveitada por ciclistas que ao fim de semana ou em passeios de fim de tarde optam por recrear-se a pedalar. Numa manhã do mês de Junho de 2007, resolvi substituir o automóvel pela bicicleta na minha deslocação para o trabalho. Assim, pedalei durante 8 km, distância que separa a localidade de Torres do Mondego, em Coimbra, da zona da Guarda Inglesa, na mesma cidade, sem grande dificuldade e com muito

gozo. Inicialmente o que pensei tratarse de um passeio fortuito, tornouse num hábito, assim, de tal forma fiquei contagiado que nesse mesmo Verão depressa passei a adoptar a bicicleta como principal meio de transporte. Em 2008 e 2009 repeti a experiência, nos meses da Primavera e Verão, utilizando a bicicleta nas deslocações para o trabalho. Por razões diversas abandonei esta prática a partir de 2010 e recomecei timidamente em 2012, para em 2013 entrar novamente numa prática salutar que dá grande gosto. No seguimento desta experiência comecei a interessar-me, com maior


Torres do Mondego na década de 70

afinco, pela temática que se prende com a utilização de meios suaves de transporte e a pretender contagiar outras pessoas, sempre na procura de mais adeptos. O uso massivo da bicicleta, progressivamente abandonado em detrimento de veículos automóveis, está a ser combatido em diversas cidades europeias, há já bastante tempo. Paris, Londres Barcelona, Bayonne, San Sebastian, Vitória, Salamanca, Burgos, já para não falar das cidades dos Países Baixos onde o uso da bicicleta é generalizado, são exemplos que é possível acompanhar. E se apalavra plágio faz sentido, então aplica-se por inteiro aos projectos implementados

nestas cidades. É meu desejo, como seguramente de muitas pessoas em Portugal, ver nascer bons projectos, no âmbito da mobilidade sustentável, destinados às nossas vilas e cidades. É neste sentido que, embora não sendo um especialista, em próxima edição procurarei ir de encontro a casos de sucesso, evidenciando os seus benefícios, para que possam ser seguidos por demais urbes. O fim a prosseguir aponta no sentido de se obter melhores condições de circulação para ciclistas e peões, no fundo contribuir para a melhoria da qualidade de vida.

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DESTINO:

CASTELO DE ÓBIDOS

UM EX-LIBRIS DE PORTUGAL Texto e Fotografia: Lobo do Mar

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COORDENADAS ÓBIDOS - CASTELO LATITUDE (DDMMSS): 39° 21’ 49.14” N LONGITUDE (DDMMSS): 9° 9’ 25.6932” W

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destino 24

ERGUIDO SOBRE UM PEQUENO MONTE, OUTRORA À BEIRA MAR, DOMINA A PLANÍCIE ENVOLVENTE E O RIO ARNÓIA, A ESTE. FRUTO DE DIVERSAS INTERVENÇÕES ARQUITETÓNICAS AO LONGO DOS SÉCULOS, INTEGRA O CONJUNTO DA VILA, QUE PRESERVA AS SUAS CARTEIRISTAS MEDIEVAIS. CLASSIFICADO COMO MONUMENTO NACIONAL, EM 7 DE JULHO DE 2007 FOI ELEITO COMO UMA DAS SETE MARAVILHAS DE PORTUGAL. O Castelo de Óbidos e a sua vila têm um poder de atracão sobre as pessoas sem comparação com qualquer outro monumento e vila situados em Portugal. Para além da beleza arquitetónica

e da preservação do espaço, a autarquia conseguiu imprimir uma dinâmica ao local, através de diferentes iniciativas, que o catapultaram para um dos locais mais visitados. Óbidos só por si vale apena ser visitado mas, se tiverem tempo, explorem a região circundante nomeadamente, a Lagoa de Óbidos e todo o seu perímetro. NOTA HISTÓRICA Há uma relação de afetividade neorromântica para quem visita a vila de Óbidos. Serão poucos os casos no país onde a busca deliberada de um ideal cenográfico de Idade Média foi tão efetivo, razão da aparente atemporalidade das ruas do conjunto intramuralhas, que, na sua sinuosidade, nas suas fachadas


brancas e no vislumbre das inventadas ameias, nos transportam para um tempo mítico de um Portugal em formação. São ainda obscuras as origens da fortaleza. Ao que tudo indica, a sua posição dominante em relação à extensa lagoa a ocidente, favoreceu a instalação de um primitivo reduto fortificado de origem romana. A Alta Idade Média não deixou vestígios aparentes da sua presença, e será, apenas, na viragem para o século XII que Óbidos voltará a merecer referências documentais precisas. No mesmo impulso expansionista que levou as fronteiras de Portugal até à linha do Tejo, em 1147, a vila passou para a posse de D. Afonso Henriques, ficando para a posteridade uma tradição de tenaz resistência por

parte dos muçulmanos (PEREIRA, 1988, pp.19-21). Anos mais tarde, na sequência das investidas almóadas de final do século, coube a D. Sancho I reconquistar a localidade, dotando-a, então, de condições mais efetivas de povoamento e de organização. 1210 É uma das datas mais marcantes da vila. Nesse ano, foi doada às rainhas, passando a figurar como uma importante localidade da casa das soberanas nacionais. Com presença assídua dos casais régios ao longo das Idades Média e Moderna, Óbidos floresceu e foi sucessivamente enriquecida por obras de arte. O mecenato artístico patrocinado por D. Leonor (século XV) e, especialmente, por D. Catarina (século XVI), marca, ainda hoje, a paisagem ar-

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quitetónica da vila. O castelo e as muralhas de Óbidos evocam a importância da localidade na Baixa Idade Média. Apesar de, em grande parte, serem obra inventiva do século XX, asseguram a todos os que se dirigem à vila a identidade daquele passado emblemático. Desconhecemos a configuração do perímetro amuralhado inicial, contemporâneo da Acão dos nossos primeiros monarcas. A torre do Facho, no limite Sul das muralhas e ocupando um pequeno monte, tem vindo a ser atribuída à reforma de D. Sancho I, mas a verdade é que os vestígios materiais inviabilizam uma

análise mais pormenorizada. A ser assim, a ligação deste espaço ao monte do castelo ter-se-á dado logo no século XII. Mais consensual é a expansão urbana verificada na viragem para o século XIV. Com D. Dinis, Óbidos cresceu para fora das muralhas, ocupando o espaço em torno da igreja de São Pedro (SILVA, 1994, p.23). Paralelamente deu-se a reforma do sistema defensivo, e consequente atualização do dispositivo militar, campanha que deverá ter conferido a atual configuração ao perímetro amuralhado. Anos mais tarde, D. Fernando terá patrocinado novas obras, tendo a


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torre de menagem ainda o seu nome. Dividido em duas zonas essenciais (o castelejo, onde séculos mais tarde se instalou a Pousada, e o bairro intramuros), a cerca define um perímetro bastante irregular, de feição retângula e não oval, como seria mais frequente na castelologia gótica nacional. Entre o castelo propriamente dito (a Norte) e a Porta da Vila (a Sul), a Rua Direita estabelece a comunicação e aparece como o eixo de circulação privilegiado dentro da vila. Sensivelmente a meio, a Praça de Santa Maria é o principal largo do conjunto, ocupando um es-

paço quadrangular que corresponde ao adro da igreja tutelar da vila. A reinvenção do castelo deu-se na década de 30 do século XX. Por Acão da DGEMN, que visava reverter o conjunto à sua imagem medieval, todos os parapeitos foram dotados de ameias, assim como se reedificaram torres e troços que, entretanto, haviam sido destruídos. No final dos anos 40, construiu-se a pousada, no local do antigo paço, e toda a vila foi dotada de uma homogeneidade estética que passou pelo revestimento de cal das fachadas e pelo pavimento uniforme de todas as ruas. PAF / IGESPAR


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Entrevista Presidente Bengalinha Pinto

A OFERTA TURÍSTICA DE VIANA DO ALENTEJO É DIVERSIFICADA! Texto e fotografia: Lobo do Mar

NO SEGUIMENTO DO TRABALHO DE DIVULGAÇÃO E PROMOÇÃO DO CONCELHO DE VIANA DO ALENTEJO CONVERSÁMOS COM O PRESIDENTE DA CÂMARA DE VIANA DO ALENTEJO, BENGALINHA PINTO. Passear (PAS) – Como carateriza a atual oferta turística de Natureza e Cultural do concelho de Viana do Alentejo? Bengalinha Pinto (BP) - Neste momento o município de Viana do Alentejo tem para oferecer vários percursos,

mais vocacionados para a cultura e monumentos. A oferta é diversificada aliando sempre o património aos produtos regionais e às tradições, exemplo disso é a inclusão de cante alentejano nos almoços dos visitantes.


Viana do Castelo

O município dispõe de alguns produtos turísticos de natureza, e diversos percursos pedestres, que incluem património, observação de aves, turismo cinegético, entre outros. Contudo, ainda não estão totalmente integrados em plataformas de divulgação estruturadas. Pese embora esse processo estar a ser preparado, ficará disponível até final deste ano de 2014.

«… garantir a conceção, acompanhamento e consolidação de pacotes turísticos…» PAS – Está o concelho de Viana do Alentejo preparado, ao nível do alojamento, restauração e humano, para

receber o visitante nacional e estrangeiro? BP - O concelho de Viana do Alentejo dispõe de várias unidades de turismo, algumas delas com muita qualidade, no entanto, existe aqui ainda muita margem de progresso, quer no aumento da resposta em número de camas, quer ao nível da qualificação dos recursos humanos do sector. Contudo, o grande desafio que o município tem, nesta fase, é garantir a conceção, acompanhamento e consolidação de pacotes turísticos, tipo roteiros, que concorram para a decisão dos turistas que nos visitam com a expectativa de aqui estarem umas horas, possam ser “aliciados” e decidam ficar um fim-desemana ou mais dias.

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Viana do Castelo

Saliento em matéria de restauração, a capacidade instalada e a qualidade dos produtos disponibilizados, onde destaco a conservação de património gastronómico em muitos restaurantes da terra, por força do pessoal de cozinha ainda ser detentor desse saber, e nas ementas manter os pratos mais típicos do Alentejo e do território, como sejam a sopa de cardetas, a sopa de beldroegas, a sopa de feijão com catacuzes, mas também a tradicional sopa de cação, as migas acompanhadas pela carne de alguidar, ou os doces conventuais alentejanos, onde os “amores de Viana” e as “sardinhas albardadas, em Viana, o “Conde das Alcáçovas” e o “bolo real” em Alcáçovas, representam o tipo de doces que só se encontra no concelho

de Viana do Alentejo. Importa pois que o município garanta os apoios e as dinâmicas locais necessárias para preservar este saber tradicional, para que possa garantir a sua transmissão para gerações futuras, que estão a ser integradas na resposta local de restauração, trazendo mais formação, qualidade e modernidade que, aliada ao saber tradicional, pode elevar a resposta de restauração no concelho, a patamares de excelência e distinção, face a outros concelhos alentejanos.

«… definição do potencial turístico do concelho…»


Alcรกรงovas

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entrevista

PAS – Qual tem sido a estratégia da autarquia na divulgação e promoção do património Natural e Cultural da região? BP - A estratégia municipal para o turismo passa em primeiro lugar pela concretização de um trabalho prévio fundamental e que não estava sequer equacionado antes e que visa a definição do potencial turístico do concelho, sistematizando-o num “Plano Municipal de Turismo” que está praticamente concluído. Este instrumento de diagnóstico e planeamento permitiu à autarquia sistematizar e identificar os recursos turísticos disponíveis, de natureza imaterial ou material, de património edificado ou natural, e reunir as condições técnicas necessárias para a operacionalização 34 de uma estratégia de acção concertada, priorizada e promotora das sinergias e parcerias locais, regionais ou internacionais, capazes de potenciar essa acção em prol do desenvolvimento turísticos do concelho, enquanto veiculo para o seu desenvolvimento económico, mas também, enquanto base de sustentabilidade de uma política local promotora da preservação, requalificação e divulgação em escala, da riqueza histórica e patrimonial do concelho de Vianada do Alentejo. Não posso neste campo, e porque não ficámos parados enquanto decorria a elaboração daquele instrumento fundamental para assessorar a nossa decisão política sobre estas matérias, deixar de salientar a candidatura do cante alentejano e da arte chocalheira

de Alcáçovas, a património imaterial da UNESCO, e claro, o investimento que ronda os 2 Milhões de euros na recuperação do “Paço dos Henriques” e dos seus Jardins de Embrechados, que permitirá devolver este espaço à comunidade mas também acrescentar valor à rede de oferta turística de qualidade deste território. Não posso deixar de destacar que para o sucesso desta estratégia tem concorrido não só o empenho deste executivo, mas também a excelente parceria com a ERTA – entidade Regional de Turismo do Alentejo, e com os operadores turísticos do concelho.

«… dar apenas 5 razões para nos visitarem, é muito redutor…» PAS – No seu entendimento quais seriam as 5 grandes razões para alguém visitar o concelho de Viana do Alentejo? BP - Bem… dar apenas 5 razões para nos visitarem, é muito redutor, pois existem muitas mais que contribuem para que as pessoas e os turistas queiram visitar-nos. E, elas vão muito para além do que já vos descrevi anteriormente, como sejam a oferta patrimonial ou gastronómica. Falar de Viana do Alentejo e daquilo que nos oferece, é falar de aromas, de sons e de fins de tarde “ao fresco” na acalmia das suas aldeias e vilas, entre um copo de medronho, no café central, e o cante alentejano, uma cantiga


Nossa Senhora D’Aires

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entrevista

tão gasta como bela mas que encanta como nenhuma, seja entoada de lenço ao pescoço ou de capote alentejano. A receber-nos temos Aguiar onde a natureza é património de vestígios megalíticos coroados com a presença da Anta, sua principal anfitriã. A pouca distância dali, encontramos Viana do Alentejo, do alto do Picarinho de S. Vicente, que contempla a Senhora D’ Aires, onde a fé convive com o profano e a festa desponta todos os anos, em setembro, quando o braseiro de agosto começa a ceder e é tradição ir à Feira D’Aires. Como já foi referido, a vila de Alcáçovas é detentora de um rico património cultural, quer material, onde se destaca o Palácio dos Henriques, a Igreja Matriz 36 do Salvador, o convento de Nª Srª da Esperança, quer imaterial referindo por isso a Arte Chocalheira que importa salvaguardar, como marco identitário de uma comunidade local. Mas o concelho de Viana do Alentejo é também a Romaria a Cavalo Moita – Viana do Alentejo, que traduz o regresso dos alentejanos que migraram para a cidade à procura de vida melhor, mais abastada, mas que regressam, pelos campos, pelo montando, protegidos pela Senhora da Boa Viagem até que chegam à sua terra, Viana do Alentejo, que engalanada os recebe, em festa, no inicio da primavera, após uma paragem para pernoitar em Alcáçovas. Esta é a tradição Vianense! Com fé e alegria, A Romaria a Cavalo Moita – Viana do Alentejo, acontece este ano de 2014

no dia 25 de abril, em Alcáçovas, pernoitando, e depois com a chegada a Viana dia 26, sábado, com a procissão em honra de Nª Sra. D’Aires até ao seu santuário, que sendo Monumento Nacional se elege como um dos mais importantes santuários marianos ao sul do país. À noite é a festa, aí o flamenco e as sevilhanas, cruzam-se com o cante alentejano e o baile, numa sintonia que primeiro estranha-se, mas depois, “entranha-se”. Viana é também o barro do oleiro que retrata o Alentejo onde “O sol a prumo cai ardente, Dourando tudo… ondeiam nos trigais D´ouro fulvo, de leve…docemente… As papoulas sangrentas, sensuais…” remetendo-nos, mais uma vez, para a poesia de Florbela Espanca que encerra nas metáforas, a realidade de uma forma sugestiva e fecunda. Estas são as “razões” que encontramos no concelho de Viana, a pouco mais de 20km da capital de distrito, Évora, por acessos simples, sem curvas ou contra curvas. A um “pulinho”, como por aqui se diz, afinal, Viana do Alentejo “é já ali”… Ali, onde a história convive harmoniosamente com a atualidade, onde ermidas, castelos e casas senhoriais, partilham o espaço com piscinas, bibliotecas, teatro e cinema.

Como podem ver são muito mais do que “apenas 5”….


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À DESCOBERTA DO PARQUE DE MONSANTO – I

CAMINHADA

O PRIMEIRO CONTACTO! Texto e Fotografia: Lobo do Mar e C.M.L.

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FICHA DA CAMINHADA LOCAL: PARQUE FLORESTAL DE MONSANTO EM LISBOA TIPO: CIRCULAR EXTENSÃO: 6,3 KM GRAU DE DIFICULDADE: FÁCIL SINALIZADO: NÃO DURAÇÃO: 2 H 30 M

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A visão que temos sobre o rio Tejo e a margem. Olhando um pouco mais para a direita podemos observar o Cabo Espichel.


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40 AO LONGO DE CERCA DE 10 EDIÇÕES IREMOS DAR A CONHECER UMA DAS ZONAS VERDES MAIS IMPORTANTE DA CIDADE DE LISBOA, O PARQUE FLORESTAL DE MONSANTO. A Serra de Monsanto é habitada desde tempos pré-históricos. Esse facto é comprovado pelas numerosas descobertas arqueológicas efetuadas na sua área, destacando-se as estações de Montes Claros e de Vila Pouca. A floresta original terá começado a ser destruída, no momento em que a cidade de Lisboa iniciou o seu desenvolvimento. Hoje em dia, Monsanto é um local de destino para os lisboetas e, não só, para a prática de atividades de ar livre ou simplesmente de lazer. Está muito bem equipado para receber a popu-

lação e, devido à sua dimensão, as pessoas podem escolher o local que mais lhes agrada sem terem que estar “apertados”. Nesta edição vamos apresentar um percurso circular com cerca de 6 km de extensão e que não está sinalizado. O percurso é de dificuldade reduzida e interessante para um primeiro contacto com o Parque. Parque Florestal de Monsanto Espaço com cerca de 900ha de vastas áreas de mata diversificada, o Parque


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41 1. Ao longo de todo o trajeto temos diversos bancos para poder descansar. 2. Os caminhos deste percurso são, na sua grande maioria, fora de estrada. 3. Depois de um Inverno chuvoso a vegetação apresentasse deslumbrante.

Florestal de Monsanto oferece grandes potencialidades para o recreio passivo. A mata fechada nem sempre é um local acolhedor para o homem, no entanto, o seu contraste com a clareira e a abertura pontual de amplas vistas sobre a cidade e o rio, fazem do Parque Florestal de Monsanto um local muito atrativo do ponto de vista paisagístico. O Parque Florestal de Monsanto oferece um vasto conjunto de atividades. Aqui poderá descobrir uma série de trilhos para a prática de BTT, ou transformarse num verdadeiro corredor, escalador

ou até skater! Mas se pretender simplesmente descansar em família poderá realizar passeios pelos trilhos de Monsanto, ou realizar um piquenique nos Parques de Merendas. O Parque disponibiliza, ainda, oferta dirigida à comunidade educativa, incentivando-se a adoção de boas práticas no usufruto deste ecossistema florestal. O Parque dispõe de um Plano de Gestão Florestal, elaborado em 2010 e aprovado pela Autoridade Florestal Nacional em 2012, que se mantém em vigor, onde estão caracterizados todos


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5 4. Nesta caminhada os desníveis são pouco acentuados. 5. Aspeto da Pedreira dos Cactos.

os aspetos geográficos do parque bem como os programas e critérios de intervenção. Fonte: C.M. de Lisboa Flora O Parque Florestal de Monsanto é um espaço verde de grande interesse e variedade vegetal. Um pouco por todo o Parque, é possível observar várias espécies de carvalhos, facilmente identificáveis pelo fruto que dão – a bolota – afinal um bom petisco para os esquilos que aqui habitam. Pertencentes ao género Quercus, os carvalhos surgiram espontaneamente ou como resultado de plantações. Só neste parque, existem 6 espécies:

Sobreiro (Quercus suber L.); Azinheira (Quercus rotundifolia Lam); Carvalho-cerquinho (Quercus faginea Lam.); Carvalho-negral (Quercus pyrenaica Willd.); Carvalho-roble (Quercus rubor L.); Carrasco (Quercus coccifera L.). Mas não fica por aqui, além destas espécies, encontra árvores como: Pinheiro-manso (Pinus pinea L.), Eucalipto (Eucaliptus globulus Labill.), Ulmeiro (Ulmus campestris) E arbustos como o Medronheiro (Arbutus unedo) ou a Aroeira (Pistacia lentiscus L.), entre muitos outros.

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caminhada 6

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6. Alameda que dรก acesso ao renovado espaรงo de Montes Claros. 7. Esculturas existentes no Jardim de Montes Claros. 7


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8 e 9. Aspetos do Jardim de Montes Claros uma obra do Arq. Keil do Amaral, construído durante o Estado Novo. 10. Um dos célebres moinhos de Monsanto.

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Informação útil Centro de Interpretação de Monsanto Horário De abril a setembro: de segunda a sexta-feira das 09h30 às 17h00; sábados das 09h30 às 18h00; domingos das 14h00 às 18h00 De outubro a março: de segunda-feira a sábado das 9h30 às 17h00; domingos das 14h00 às 17h00 47 Contacto / +351 218 170 200 Localização / Estrada do Barcal, Monte das Perdizes – Lisboa Veja também a Rota da Biodiversidade: http://passear.com/2011/05/rota-da-biodiversidade-pr1-lsb-descobrir-a-cidadede-lisboa/ Para descarregar o track de GPS: http://ridewithgps.com/routes/3787942



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