Revista Digital Passear Edição Nº42 Versão Gratuita

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passear Nº. 42 . Ano IV . 2015 . PVP: 2 € (IVA incluído)

sente a natureza

Entrevista OLEIROS, um destino REPORTAGEM

GR 38 Muradal-Pangeia

Convento de SANTOS-O-NOVO

Caminhada

Autonomia na SERRA AMARELA

Património

MONSERRATE


Correspondência - P. O. Box 24 2656-909 Ericeira - Portugal Tel. +351 261 867 063 www.lobodomar.net

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Valorizar o Património. No mês em que se comemora o dia Dia Internacional dos Monumentos e Sítios apresentamos dois casos distintos de conservação na região de Lisboa, o Palácio de Monserrate e o Convento de Santos o Novo. O contraste é gritante entre estes dois espaços, por um lado temos o Palácio de Monserrate que foi alvo de uma excelente recuperação após anos de abandono e degradação. Por outro lado, temos o Convento de Santos o Novo que está num estado de abandono e em risco iminente. É comum dizer-se que o nível de um povo se vê pelo modo como trata o seu património... A GR 38 – Grande Rota Muradal Pangeia, na região de Oleiros, foi inaugurada e contou com a presença de muitos caminhantes. O trabalho desenvolvido pela a autarquia de Oleiros é um exemplo do que deve ser feito para atrair pessoas a zonas interiores mostrando que o Turismo de Natureza e Cultural é um fator de grande potencial em prol do desenvolvimento das regiões mais isoladas. Bons passeios.

Diretor vascogoncalves@lobodomar.net

Direitos Reservados de reprodução fotográfica ou escrita para todos os países

Veja os eventos sempre actualizados em www.passear.com Capa Fotografia

Palácio de Monserrate (pág. 58)


3 Edição Nº.42

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Sumário 04 Atualidades 12 Entrevista: Oleiros

Versão completa paga

gratuita

15 Reportagem:

Inauguração da GR38

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BTT: Caminho Português pela

Costa - 3º dia

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Caminhada: Autonomia na

Serra Amarela...

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Destino: Sentir o Património

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dormidas : comidas : bebidas

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Apresentação de artigos

do Passear (versão paga)

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ASSINATURA Passear

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50 Passeio:

Convento de Santos-O-Novo

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Portugal Visto do Céu

58 Portfólio:

Palácio de Monserrate

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atualidades

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PROACTIVETUR LANÇA W NOVO CALENDÁRIO DE ATIVIDADES

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WALKING FESTIVAL AMEIXIAL DE 24 A 26 DE ABRIL

Walking Festival Ameixial é um evento promovido pela Câmara Municipal de Loulé e organizado pela ProActiveTur, Lda. com o objectivo de estimular a prática de caminhadas no interior do concelho, neste caso em Ameixial. Pretende juntar um vasto público, com diferentes interesses, mas com um gosto em comum: caminhar! Assim, além das tradicionais caminhadas, haverão outras com temas subjacentes, nomeadamente para observar elementos patrimoniais, fotografar, observar aves, visitar espaços de interesse arqueológico, etc. O evento conta com momentos de animação, com música, dança, conversas, convívios e um estreito contacto com a comunidade local! Este pretende ser o primeiro de vários eventos semelhantes a realizar no futuro! O Festival de Caminhadas de Ameixial conta com o apoio da Junta de Freguesia de Ameixial e da Direcção Regional da Cultura.

A Proactivetur acabou de lançar o calendário de atividades para 2015, que inclui 17 propostas para fins de semana de evasão da rotina e contacto próximo com a natureza e cultura do interior algarvio. De abril a Dezembro, não faltam caminhadas, passeios para observação de aves, experiências criativas e atividades no mundo rural, que proporcionam a relação com o meio e a partilha com as gentes. As atividades aliam ao lazer, momentos de aprendizagem, de contemplação e de valorização de um território que tem tanto para desvendar. Já no próximo mês de Abril, desafia-se a respirar a primavera com um fim de semana de caminhadas na serra de Monchique, fim de semana de Observação de Aves na Ria Formosa e uma manhã na Fonte da Benémola num workshop de trabalhos em cana. Estas três atividades fazem parte da programação do Algarve Nature Week que decorre de 11 a 19 de abril. O espírito criativo da nova estação poderá entusiasmar aqueles que queriam aprender a fazer fotografia de viagem, “doce fino”, serigrafia ou cestaria em cana. Estas e outras experiências criativas estão disponíveis na programação do Loulé Criativo em www. loulecriativo.pt. E o mês termina em festa com o Walking Festival Ameixial, nos dias 24, 25, 26 de abril, com um fim de semana pleno de caminhadas na serra, palestras, workshops, provas gastronómicas, astronomia, um programa que pode acompanhar no facebook do evento.


CASTELO DOS MOUROS COM NOVO CENTRO DE INTERPRETAÇÃO E MUSEALIZAÇÃO DO CAMPO DE INVESTIGAÇÃO ARQUEOLÓGICA

A Parques de Sintra inaugurou hoje, 10 de março, o Centro de Interpretação da História do Castelo dos Mouros, bem como a musealização do Campo de Investigação Arqueológica, ambos integrados no projeto global “À Conquista do Castelo”. No que respeita ao Centro de Interpretação da História do Castelo dos Mouros, a solução arquitetónica seguiu a linguagem do projeto global ao eleger o aço, o vidro e a madeira de acácia como materiais, reproduzindo a volumetria que se pensa ser a original através de uma estrutura reversível que não apoia nas paredes. No interior deste espaço foram instaladas vitrinas em aço e vidro, desenhadas para garantir a segurança e conservação das peças. Um dado em osso, uma queijeira, uma chave, uma panela, machados de pedra polida ou moedas portuguesas e espanholas, são algumas das peças que poderão ser vistas e que têm origem desde o Período Neolítico, de 5.000 A.C.,

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até à Idade Média, do séc. X ao XII. Também no interior encontra-se uma maquete do Castelo dos Mouros e da sua envolvente, um vídeo com a História do local e vários tablets com informação multimédia interativa detalhada sobre as peças de cada período e em vários idiomas, que permitirão aos visitantes saber mais sobre este monumento. No que respeita à musealização do Campo de Investigação Arqueológica, foram implantadas duas plataformas em aço, vidro e madeira de acácia (proveniente de limpezas florestais na Serra de Sintra), para proteger as estruturas de forno e silos do bairro islâmico (séc. X-XII), bem como as sepulturas de ritual cristão (séc. XII-XIV), postas a descoberto na encosta nascente do Castelo, permitindo aos visitantes a sua observação e interpretação. Na plataforma adjacente à muralha, foi protegida parte da fundação de uma habitação muçulmana e dois silos geminados com cerca de 3 metros de profundidade.


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BTL 2015 RECEBEU MAIS DE 72 MIL VISITANTES A 27ª EDIÇÃO DA BOLSA DE TURISMO DE LISBOA, ORGANIZADA PELA FUNDAÇÃO AIP, RECEBEU O TOTAL DE 72.096 VISITANTES DURANTE OS CINCO DIAS DE FEIRA, O QUE CORRESPONDE A UM AUMENTO DE 6% FACE A 2014. A 27ª edição da Bolsa de Turismo de Lisboa, organizada pela Fundação AIP, recebeu o total de 72.096 visitantes durante os cinco dias de Feira, o que corresponde a um aumento de 6% face a 2014. Fátima Vila Maior, directora de área de feiras da FIL responsável pela BTL, comenta: “Chegámos ao fim da BTL 2015 com um balanço muito positivo e ultrapassámos as nossas expectativas. Contámos com mais de 72 mil visitantes, o que significa que continuamos a crescer, ano após ano. Tanto os dias dedicados aos profissionais como os direccionados para o grande público correram bastante bem e estamos satisfeitos com os resultados alcançados”. A BTL 2015 recebeu 35 mil e 113 profissionais de turismo, tendo registado um ligeiro aumento face a 2014. No horário do grande público, a BTL também alcançou um crescimento, a dois dígitos, tendo recebido mais 36 mil visitantes, os quais aproveitaram as promoções exclusivas dos 1.050 expositores presentes e todas as actividades promovidas.

A BTL 2015 contou com a participação de vários destinos nacionais e internacionais, o que permitiu uma oferta diversificada em termos de produtos e serviços. Entre os expositores internacionais, estiveram presentes 12 novos destinos, do total de 36, que apostaram na sua promoção durante a BTL. O programa de Hosted Buyers, que recebeu cerca de 400 participações, também tem um saldo positivo e continuará a ser um dos focos da 28ª edição da BTL. O facto de este ano ter contado com uma área específica para o Brasil foi uma das grandes mais-valias e, de acordo com Fátima Vila Maior, “esta aposta é para continuar. O feedback das empresas participantes foi muito positivo e no próximo iremos reforçar este projecto iniciado este ano, começando desde já a trabalhar no mesmo”. A data da próxima BTL já está marcada. Em 2016, a maior mostra de Turismo nacional irá decorrer de 2 a 6 de Março.



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200 PLANTAS DO SUDOESTE ALENTEJANO E COSTA VICENTINA Na BTL 2015 foi apresentado o 1º Guia de Flora para o Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina: “200 Plantas do SW Alentejano&Costa Vicentina”. Uma obra de Ana Luisa Simões e Ana Carla Cabrita. O livro “200 Plantas do SW Alentejano&Costa Vicentina” é o primeiro Guia de flora para esta zona portuguesa. Pretende ser uma obra de introdução à flora do Sudoeste Português, dirigida ao público em geral, e apresenta 200 das cerca de 1000 plantas existentes na costa sudoeste. Trata-se de uma edição bilingue – Português e Inglês – e é constituída por fichas com a fotografia de cada planta, o nome científico da espécie, a família botânica, os nomes comuns em português e inglês

e uma breve descrição. Inclui ainda uma legenda onde é dada informação sobre a altura da planta, o período de floração, o ciclo vegetativo, o habitat e o estatuto de protecção. As fichas estão organizadas pela cor da flor, facilitando a identificação no terreno. É uma obra da autoria de Ana Carla Cabrita e Ana Luísa Simões que, ao longo dos últimos 2 anos, se dedicaram a fotografar, investigar e compilar toda a informação relativa às plantas apresentadas na obra. Contou com a colaboração do Prof. José Rosa Pinto, da Universidade do Algarve. O Guia pode ser adquirido através de contacto para o email 200plantassw@gmail. com mas encontra-se também à venda em diversas livrarias, lojas e alojamentos locais.


SECRETÁRIO DE ESTADO DO DESPORTO INAUGUROU CENTRO DE BTT DE VOUZELA

O Secretário de Estado do Desporto, Emídio Guerreiro, inaugurou no passado domingo, dia 8 de março, o centro de BTT de Vouzela, numa cerimónia onde marcaram também presença o Presidente da Fundação do Desporto, Carlos Marta e os deputados da Assembleia da República Pedro Alves, João Figueiredo e Ester Vargas. Trata-se do primeiro centro de BTT do distrito homologado pela Federação Portuguesa de Ciclismo e conta com uma rede de 200 km de trilhos sinalizados, com quatro níveis de dificuldade, passando por todas as freguesias do concelho. Um equipamento muito elogiado pelo Secretário de Estado do Desporto, já que na sua opinião “representa o espírito de entreajuda que permitiu estabelecer parcerias que desencadearam a criação do centro. Este é um bom exemplo para todo o território”. Emídio Guerreiro considera importante que estes projetos se repliquem pelo país, “para se conseguir criar uma forte rede, tendo em vista o fomento da prática desportiva numa altura em que há cada vez mais pessoas a praticar desporto em Portugal”. Para o governante, “desporto não é só a

simples competição, tem também associada toda uma cadeia de valores, na medida em que os eventos levam às regiões muitos atletas, o que se traduz diretamente no número de dormidas e refeições”, sublinhou. Ideia também partilhada pelo Presidente da Câmara de Vouzela, Rui Ladeira, que vê neste centro de BTT mais uma oportunidade de impulsionar a economia local. “Este é um projeto que demonstra aquilo que Vouzela tem de diferenciador: as paisagens e o turismo. Dar a conhecer o concelho através dos desportos de natureza tem de ser uma alavanca do nosso desenvolvimento”, lembrou. Na sua intervenção, o autarca elogiou o trabalho e o “impulso decisivo” da Associação Vasconha BTT Vouzela à concretização do centro de BTT, à Federação Portuguesa de Ciclismo pelo apoio e colaboração no processo de homologação e aos técnicos da autarquia pelo empenho na implementação de um projeto que demorou cerca de 5 anos a ficar concluído. Este é o quarto centro de BTT do país e disponibiliza estação de serviço para bicicletas, banhos e aluguer de GPS. O valor global do projeto ronda os 60 mil euros, tendo sido financiado em 75% pelo ProDer.


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GARMIN LANÇA MAPA TOPOGRÁFICO EM VERSÃO LIGHT: TOPO PORTUGAL LIGHT A Garmin anunciou o lançamento do TOPO Portugal Light - um mapa topográfico de Portugal Continental e ilhas - concebido a pensar nos amantes dos desportos de aventura e das atividades de outdoor. Compilado a partir da base de dados OpenStreetMap (OSM), gerada pela comunidade, o mapa inclui todo o tipo de trilhos com rotas, estradas, caminhos, montanhas, rios e todo um conjunto de espaços naturais e de terrenos especificamente desenhados para algumas atividades recreativas exteriores. Os utilizadores têm ainda acesso a características hidrográficas, nomes de locais, áreas criadas pelo homem, características naturais, áreas de uso do terreno, fronteiras internacionais, entre outras informações. Independentemente de iniciar uma viagem de aventura, ou de planear totalmente o trajeto, o TOPO Portugal Light fornece toda a informação que permite uma organização mais cuidada e segura, com to-

tal conhecimento do espaço a visitar. Para além de poder consultar dados sobre picos montanhosos e contornos de altura, o modelo digital de elevação (DEM) integrado, que exibe uma representação dos terrenos em 3D, oferece uma pré-visualização dos perfis de rotas através do software gratuito de planeamento de viagens, BaseCamp™. Para usufruírem do melhor que cada local tem para oferecer, os utilizadores podem consultar no GPS uma base de dados com os principais pontos de interesse existentes. Estão aqui incluídos restaurantes, bares, hotéis, parques de campismo, parques de automóveis, entre outros espaços. O download deste mapa só pode ser utilizado num único dispositivo compatível. Os dados transferidos para um cartão micro SD/SD ficam associados ao dispositivo que selecionar durante o processo de transferência. O TOPO Portugal Light é comercializado por 19,90 euros.


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entrevista

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OLEIROS, APOSTA NA VALORIZAÇÃO DO PATRIMÓNIO NATURAL E CULTURAL A PROPÓSITO DA INAUGURAÇÃO DA GRANDE ROTA DO MURADALPANGEIA, INAUGURADA NO FINAL DE MARÇO, CONVERSÁMOS COM O VEREADOR PAULO URBANO, RESPONSÁVEL PELO PELOURO DO TURISMO DA CÂMARA MUNICIPAL DE OLEIROS. Passear - Como nasce a ideia da Grande Rota 38? Paulo Urbano - A Grande Rota do Muradal-Pangeia nasce naturalmente do trabalho que o município de Oleiros tem vindo a desenvolver nos últimos anos no âmbito da valorização do seu património natural e cultural. O concelho de Oleiros integra o Geopark Naturtejo da Meseta Meridional, que por sua vez se inclui na Rede Global de Geoparques reconhecida pela UNESCO. Neste território assinala-se os processos geológicos que deram origem à formação do supercontinente Pangeia, sendo que um dos locais mais ilustrativos para entender a evolução da paisagem através dos mecanismos de tectónica de placas é precisamente a Serra do Muradal, no concelho de Oleiros. Esta serra, até este projeto quase desconhecida, constitui um relevo do tipo Apalachiano, por ser constituído por uma rocha muito resistente à

erosão - o quartzito - que se destaca como uma enorme muralha - daí o seu nome - da paisagem xistenta, atingindo mais de meio quilómetro de diferença de altitudes. Ora, este tipo de relevo estende-se nos Estados Unidos pelas Montanhas dos Apalaches onde, desde os finais dos anos 20 foi desenvolvido o Trilho Nacional Cénico dos Apalaches, numa extensão de 3 500km e percorrido anualmente por cerca de 4 milhões de pessoas. Nos últimos anos, o Trilho dos Apalaches foi estendido para o Canada e daí para a Europa, num total de 12 000 km, unindo as montanhas que no passado geológico foram separadas pela abertura do Atlântico Norte. Estando a desenvolver-se este projeto para a constituição do maior percurso pedestre contínuo do Mundo tínhamos que participar com a perspetiva de reforçar relações históricas e comerciais com o mercado norte-americano, ao mesmo tempo que valorizamos o nosso património e aproxima-


entrevista

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mos as comunidades existentes em torno da Serra do Muradal.

“... UM PERCURSO EM TRILHOS DE MONTANHA E CAMINHOS RURAIS NUMA EXTENSÃO DE 38 KM...” Passear - Como define a Grande Rota Muradal-Pangeia do ponto de vista de Natureza e Cultural? Paulo Urbano - A Grande Rota do Muradal-Pangeia é um percurso pedestre que desafia os desportistas e naturalistas mais exigentes. Primeiro, porque oferece um percurso em trilhos de montanha e caminhos rurais numa extensão de 38 km que podem ser realizados em um, ou, mais calmamente e desfrutando, dois dias. Existe ainda um percurso assinalado para BTT que percorre a cumeada da serra e que pode ser realizado por qualquer pessoa. Para os mais aventureiros, o percurso conta ainda com uma vertiginosa Via Ferrata “Caminho sobre o

Oceano Ordovícico”, uma das primeiras montadas em Portugal, e a escola de Escalada do Zebro, que promete numa das suas 15 vias, desafios e paisagens grandiosas ao iniciante e ao praticante exímio. Para quem gosta de aprofundar o seu conhecimento sobre a Natureza e cultura local o Trilho Português dos Apalaches oferece já um conjunto vasto de sítios interpretados. A história geológica da Serra do Muradal é devidamente contada através dos geomonumentos identificados. O património arquitetónico das quarto aldeias por onde o percurso passa, isto é, Estreito, Sarnadas de S. Simão, Vilar Barroco e Orvalho merece um olhar atento. O trabalho verdadeiramente exemplar que o geógrafo Daniel Gonçalves tem feito para a instalação da Grande Rota permitiu identificar jazidas paleontológicas de importância internacional que estão agora a ser estudadas por especialistas, como interessantes assentamentos fortificados


entrevista

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“... A GRANDE ROTA DO MURADAL-PANGEIA NÃO PODE SER VISTA INDIVIDUALMENTE, MAS COMO ATRAÇÃO TURÍSTICA QUE COMPLEMENTA E ENRIQUECE A OFERTA EM OLEIROS...” de altitude da Idade do Bronze e Romano que irão ser intervencionados por arqueólogos em breve, vias seculares que ligavam Oleiros ao mundo e que hoje estão limpas, a Linha de Defesa de Talhadas-Muradal, as ruínas dos seus fortes e baterias do tempo das Guerras Peninsulares e elementos de uma flora-relíquia perfeitamente adaptada às rochas quartzíticas e remanescente da Laurissilva estão a ser estudadas agora por botânicos. Na zona podemos também encontrar um moinho de rodízio ainda a produzir farinha, artesãs que trabalham o linho, um miradouro fantástico sobre o Zêzere quando este corta a montanha a prumo, olhos d’água que convidam a um mergulho nas águas límpidas e piscícolas da Ribeira das Casas da Zebreira, a célebre aguardente de medronho e outros produtos locais de exceção, cumeadas serpenteantes de onde se obtêm paisagens vastas e grandiosas, ... Numa serra de mistérios, onde abundam as lendas e tesouros de mouras encantadas, há muito por descobrir e cada visitante pode originar uma descoberta de acordo com os seus interesses. Passear - Qual a estimativa de impacto económico que a Grande Rota trará para a região? Paulo Urbano - A Grande Rota do Muradal-Pangeia não pode ser vista individualmente, mas como atração turística que complementa e enriquece a oferta em

Oleiros, o que necessariamente diversifica a sua atividade económica e reforça o seu tecido empresarial através do turismo. Por este motivo, é fundamental apostar na valorização dos recursos endógenos, investindo em produtos turísticos diferenciadores para a região Centro e para o país. Complementando a oferta do território do Geopark Naturtejo reconhecido pela UNESCO, o Trilho Português dos Apalaches reforça os fatores de atração e convida o visitante a permanecer e a descobrir através de uma oferta de qualidade e mais abrangente para gostos exigentes e variados. Enquanto coordenadores do Trilho Internacional dos Apalaches em Portugal, pretendemos reforçar as relações históricas e comerciais com a América do Norte, utilizando a Grande Rota como marca promocional de Portugal junto dos consumidores de turismo nesta região do mundo. Ao fazermos parte de uma rede internacional que se estende no arco Europa-América do Norte aumentamos a visibilidade nos principais mercados emissores de turismo de natureza do mundo, casos da Alemanha e Holanda. A Grande Rota do Muradal-Pangeia não se fica pelo percurso pedestre, faz parte de uma estratégia de desenvolvimento turístico mais alargada e de médio-longo prazo, onde associamos o estudo à conservação e valorização dos patrimónios, das comunidades de Oleiros, através da sua Rota das Montanhas.


REPORTAGEM: INAUGURAÇÃO DA GR38

OLEIROS DIFERENCIA-SE AO NÍVEL DOS PERCURSOS PEDESTRES E DA GASTRONOMIA CERCA DE MIL PARTICIPANTES, VINDOS DE VÁRIOS PONTOS DO PAÍS E DO ESTRANGEIRO, MARCARAM PRESENÇA NO CONCELHO DE OLEIROS NO PASSADO DIA 28 DE MARÇO, NO LANÇAMENTO DO TRILHO INTERNACIONAL DOS APALACHES PORTUGUÊS, NAQUELE QUE FOI PROVAVELMENTE O MAIOR ACONTECIMENTO DO GÉNERO NA REGIÃO NOS ÚLTIMOS TEMPOS.

O dia começou na povoação do Estreito onde foram dadas as boas vindas aos caminhantes e onde as entidades oficiais (autarquia, Região de Turismo do Centro e representante da International Appalachian Trail) realçaram a importância desta nova Grande Rota para o desenvolvimento da região no que diz respeito à atração de turistas nacionais e estrangeiros.

Com este novo e desafiante percurso de 37 km, situado integralmente no concelho de Oleiros e intitulado GR 38 - Grande Rota Muradal-Pangeia, Portugal passou a ter um dos Trilhos Internacionais dos Apalaches, o maior de pegadas humanas do mundo, visitado anualmente por quatro milhões de pessoas. O percurso promovido pelo Município de Oleiros e pelo Geopark Naturte-

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UMA “AVENTURA” NA SERRA DA ESTRELA...


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jo, em parceria com as Juntas de Freguesia de Estreito-Vilar Barroco, Orvalho e Sarnadas de S. Simão, irá servir os amantes da natureza e do turismo ativo, sendo um dos produtos estratégicos que irão reforçar o posicionamento do território através de uma rede internacional de prestígio. Por outro lado, esta aposta reflete o potencial turístico do concelho, comprovado pela evolução do número de dormidas nos últimos anos, assim como pela capacidade de internacionalização em mercados em crescimento, como o americano. Para além da expressiva adesão de participantes, realça-se o envolvimento das comunidades que habitam a envolvente da Serra do Muradal (Cardosa, Estreito, Orvalho, Póvoa da Ribeira, Sarnadas de S. Simão e Vilar Barroco), as quais se empenharam e revelaram um genuíno saber-receber. Também as associações locais deram as mãos e contribuíram para o sucesso da organização deste evento, como é o caso das associações de desporto aventura Trilhos do Estreito e Pinhal Total, da associação “Os Cucos” de Vilar Barroco e dos Bombeiros Voluntários de Oleiros. As deslumbrantes paisagens deram o mote

neste percurso, onde não faltou a mais típica gastronomia ou a presença de 20 alpinistas que desfrutaram das 14 vias de escalada da Crista de Zebro e da via ferrata (a segunda do país) e de amantes do BTT. A animação foi assim uma constante ao longo de uma exigente Caminhada, numa harmoniosa sintonia entre as tradições locais e ancestrais, a cargo d´ “Os Bombos da Cardosa” e da Companhia de Teatro Viv´arte. No final, a satisfação era geral. Para os resistentes que conseguiram concluir os 23 km, a prova foi superada; para todos os habitantes locais, o orgulho era evidente e para quem veio de fora, registando-se a adesão de vários grupos especializados de caminheiros oriundos de vários pontos do país, este foi sem dúvida um dia inesquecível e a oportunidade de percorrerem o mais diferenciador dos percursos pedestres nacionais, com a chancela IAT (International Appalachian Trail), num território classificado pela UNESCO. O dia terminou com uma grande Ceia Lusitana, na povoação do Orvalho, onde o vinho Callum foi a estrela.


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FORTE ADESÃO AO FESTIVAL GASTRONÓMICO DO CABRITO ESTONADO E DO MARANHO No primeiro fim-de-semana (28 e 29 de Março) da sua sétima edição, o Festival Gastronómico do Cabrito Estonado e do Maranho voltou a registar uma forte adesão de público e cada vez são mais os grupos organizados que se deslocam em excursões em Oleiros para se deliciarem com um dos pratos mais antigos e difíceis de encontrar no país: o Cabrito Estonado. Durante o fim-de-semana, 9 restaurantes do concelho abriram as suas portas e ofereceram os mais genuínos sabores do mediterrâneo, ilustrados num cabrito assado em forno de lenha, com a particularidade de manter a sua pele e numa espécie de enchido fresco recheado com carne de

caprinos, alguns produtos do fumeiro, arroz e uma quantidade apreciável de hortelã. Nós tivemos a oportunidade de experimentar estas iguarias na mais recente unidade hoteleiro de Oleiros, o hotel de Santa Margarida. Uma refeição de exceção onde a qualidade da confeção dos produtos foi complementada por um serviço irrepreensível. A seguir ao almoço, no Jardim Municipal, as gentes locais e os muitos visitantes que se encontravam por Oleiros por ocasião do Festival Gastronómico foram brindados com uma demonstração teatral a cargo da companhia de teatro Viv´Arte.


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CAMINHO PORTUGUÊS PELA COSTA - 3º DIA

CAMINHA A ARCADE Crónica: António José Soares / http://coimbrasantiago.blogspot.pt/

NOITE TRANQUILA E DE PROFÍCUO DESCANSO NO ALBERGUE DE CAMINHA, AS PEREGRINAS DA CATALUNHA, PERANTE EVENTUAIS RUÍDOS NOCTURNOS PROCEDENTE DE SINFONIA “RONQUEIRA”, OU EVITARAM SIMPATICAMENTE PRONUNCIAR-SE, OU ENTÃO ESTARIAM TÃO FATIGADAS QUE A TUDO RESISTIRAM.

Rio Minho

Vista sob o Solar da Loureira.


Gosto de pensar que tudo correu a preceito e não impedi ninguém de dormir, com incómodo ressonar. A jovem israelita foi a primeira a madrugar, e cedo colocou pés ao “Caminho”. Também me despachei, mesmo sem o José Botelho e o Joaquim Tavares, companheiros habituais de anos anteriores, a atazanarem-me os ouvidos, consegui sair cedo. Era imperioso recuperar quilómetros. Não podia voltar a preguiçar como no primeiro dia, logo após a saída do Porto. Seguiu-se a rotina habitual de preparação dos alforges e da bicicleta, o sentido agradecimento ao simpático e prestável casal de hospitaleiros que tão bem me acolheram. Procurei um local onde tomar o pequeno almoço e uma pequena padaria/pastelaria, situada bem no no centro de Caminha foi o local escolhido. Aguardava-me pão ainda quentinho, com manteiga e o indispensável café com leite. Chegado ao cais do rio Minho, onde pensei efectuar a travessia do rio para A Guarda, e percorrer o Caminho da Costa por “Oia”, “Baiona”, “Ramallosa”, “O Freixo” e “Vigo”, apanhando em “Redondela” o Caminho Central, mudei de ideias e optei seguir o Caminho até Valença. O “ferry-boat” que habitualmente efectua a travessia do Minho não se encontrava operacional, a alternativa seria recorrer ao bote de um pescador local, caso tivesse decidido seguir por “A Guarda”. No entanto como o transporte da bicicleta no comboio, a partir de Vigo, não se antevia fácil, decidi deixar em aberto a hipótese de fazer o Caminho pela Costa em sentido inverso, por Vigo, Ramallosa, Baiona Santa Maria de Oia e A Guarda, para o regresso a Portugal. À saída de Caminha, num parque de merendas, reencontrei as peregrinas da Cata-

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Igreja de Seixas

lunha, tirámos a tradicional foto em conjunto. O Caminho leva-nos agora em direcção a Seixas, atravessando a ponte sobre o rio Coura e ladeando a EN13, as marcações apontam para o interior da freguesia, pelo meio do casario, e alguns metros à frente podemos encontrar a igreja paroquial e o seu cruzeiro. Pedalei na direcção da via-férrea, a qual atravessei por um pequeno túnel, o “Caminho” prossegue agora por um arruamento em calçada, junto à zona ribeirinha do rio Minho, num cenário verdadeiramente digno de assinalar. Segue depois para Lanhelas, por entre ruas ora em calçada regular ora em troços de pedras mais largas e lageadas. Continuando pelos bonitos, mas difíceis arruamentos em calçada, o Caminho penetra no concelho de Vila Nova de Cerveira pelo sopé do Monte de Góios, e assim vou serpenteando entre o casario tradicional, respirando por uma atmosfera idílica, para


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Cruzeiro - Monte de Góios

quem gosta de coisas simples, com uma satisfação enorme de penetrar no coração de uma região com uma beleza natural deslumbrante predominantemente verde, plena de um magnífico património arquitectónico rural que caracteriza muito bem a sua singularidade. Já na freguesia de Gondarém duas edificações setecentistas prenderam-me a atenção pela traça arquitectónica e privilegiada localização sobranceira ao rio Minho, primeiro o Solar da Loureira, e, poucos metros mais à frente, o Paço do Outeiral, onde o percurso contorna a propriedade por um interessante caminho em calçada, designado como Caminho de Santiago. O Paço do Outeiral é uma edificação de estilo setecentista, agora transformada em estalagem e que outrora dispunha no seu interior de uma pequena hospedaria exclusivamente dedicada a acolher peregrinos a

Santiago. A ampla quinta que o rodeia possui férteis terrenos agrícolas e vinhedos que auto sustentam a estalagem. O Caminho é ladeado por um paredão em granito que sustenta um aqueduto, ligado ao edifício por meio de um arco adossado, constituindo sem dúvida um recanto pitoresco. Continuando a pedalar pelas ruas em calçada, imprimi ritmo mais forte e rapidamente cheguei a Cerveira, apesar da dureza do piso. Sábado é dia de feira em Vila Nova de Cerveira, a vila é literalmente invadida por vizinhos do lado de cá e de lá da fronteira. É impressionante o mar de gente que acorre à povoação a fim de visitar a enorme feira, onde se vende de tudo. A necessidade de proceder ao reabastecimento alimentar levou-me ao mercado local onde comprei fruta e a um supermercado onde completei as compras para as indis-


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Panorâmica sob o rio Minho

pensáveis refeições. Vila Nova de Cerveira merece indubitavelmente uma visita, pela sua história, graciosidade, que muito deve ao seu posicionamento geográfico, plantada na margem esquerda do Minho. Também o seu património arquitectónico é vasto e rico. Inserido no património religioso, as capelinhas dos Paços da Paixão, espalhadas pela vila mereceram a minha atenção. Foi pena não poder deambular por aqui mais um pouco. De novo no “Caminho”, pedalei até o corpo acusar algum desgaste, Decidi então parar num fontanário pitoresco a fim de me alimentar e também resguardar-me um pouco do sol, que estava forte. O Caminho Português da Costa segue o percurso da via romana “Per Loca Marítima” até Valença, o percurso é suave, não ofere-cendo dificuldade de maior. Grande

parte do trajecto é paralelo à linha do Minho, entrando em Valença por São Pedro da Torre, um percurso rico em património e natureza com destaque para duas pontes romano / medievais, a de Chamosinhos, em São Pedro da Torre e a de Veiga da Mira, entre São Pedro da Torre e Arão. Segundo fonte da Câmara Municipal de Valença, “Os testemunhos históricos de peregrinos e mercadores, neste caminho, são muitos ao longo dos séculos, com destaque para a peregrinação do Rei Dom Manuel I que, na passagem por Valença, em 1502, mandou colocar a Esfera Armilar na Moradia Régia, hoje, Núcleo Museológico na Fortaleza”. Foi a chegar à vila quase deserta de São Pedro da Torres, era Sábado e hora de almoço, que alcancei a jovem israelita do albergue de Caminha, que obriguei a para me tirar uma foto. Sem dúvida levava uma velocidade de andamento fora do comum.


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O Caminho no Paço do Outeiral

Vista do Paço do Outeiral

Cerveira e as capelinhas dos Passos da Paixão

Aqueduto no Paço do Outeiral

Estava a terminar o Caminho da Costa e prestes a entrar em Valença e na sua fortaleza abaluartada, prestes a entrar na Galiza. Valença e Tui, face à proximidade, são praticamente a mesma cidade, numa ponte que se estabelece, não só através do ferro, do betão e do aço, mas sobretudo entre galegos e minhotos, entre espanhóis e portugueses.


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S達o Pedro da Torre, Ponte de Chamosinhos

Ponte de Chamosinhos


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UMA “AVENTURA” NA SERRA DA ESTRELA...

CAMINHADA AUTONOMIA NA SERRA AMARELA... OU DOIS DIAS DE PURA MAGIA! Texto e fotografia: José Carlos Callixto / http://porfragasepragas.blogspot.pt/


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Junto ao paredão de Vilarinho das Furnas, 12.04.2014, 9:55h

PERCORRER SERRAS E VALES, PLANÍCIES E RIOS, DORMIR EM TENDAS ARMADAS NO ALTO DE SERRAS OU NO MEIO DE MATAS LUXURIANTES, POR VEZES SOB UM CÉU REPLETO DE ESTRELAS, EM SILÊNCIO OU AO SOM DE VELHAS BALADAS... PASSAR NOITES NO CAMPO, OUVIR O CANTAR DAS ÁGUAS DE UM RIACHO, O RESTOLHAR DE ALGUM ANIMAL ASSUSTADO, O ESTALIDO DA LENHA NA FOGUEIRA QUE FICOU MORTA MAS RENASCEU... VIVER UM VERDADEIRO AMBIENTE DE SÃ CAMARADAGEM, TENDO POR COMPANHEIROS OS AMIGOS, A MONTANHA, O VERDE, AS CORES E OS CHEIROS DA NATUREZA, O VENTO, O FRIO, O CALOR, A ESCURIDÃO DA MADRUGADA QUE VAI DAR LUGAR AO SOL, A ÁGUA, OS SONS DO SILÊNCIO... À MEDIDA QUE ESCREVO E QUE SONHO, NO MEIO DO SILÊNCIO ... ESTOU A ESCUTÁ-LOS...

Um convite para um fim de semana em terras doParque Nacional da Peneda-Gerês levou-me, uns dias antes, a partir à descoberta do rio Laboreiro, para na sexta feira nos encontrarmos com o autor do convite. Homem dado às letras, cujos escritos já tenho usado nestas minhas “memórias” e em vídeo, o Luís ficou preso desde jovem, como eu, aos encantos do Gerês... Nunca tínhamos até agora caminhado juntos. Amigos de “aventuras” já vividas na serra, o Luís tinha pedido a orientação de um mestre ... ou não fosse o Paulo presidente do Clube de Montanhismo de Braga, que tive o privilégio de conhecer em Novembro de 2011, na Serra Amarela. Para nos acompanhar ... quem melhor do que a grande White Angel, a grande mulher que um dia entregou a sua Alma de Montanhista a estas mon-


A paz, a tranquilidade ... mas também o respeito à memória de Vilarinho da Furna

Ala arriba ... que ainda o dia é uma criança... :

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tanhas mágicas? E, finalmente, as nossas duas “companheiras de armas”, minha e do Paulo, completando a equipa de seis que íamos partir ... para uma autonomia na Serra Amarela. Foi pena a ausência de mais alguns montanheiros e montanheiras, nomeadamente da já citada memorável jornada de Novembro de 2011... mas os seis que participámos nesta “aventura” formámos uma bela equipa... uma “família” apaixonada pela montanha ... pela vida! O que vivemos neste fim de semana não foi uma caminhada, não foi uma autonomia, não foi uma fabulosa rota circular em que percorremos grande parte da Serra Amarela... foi tudo isso e muito mais! Foi uma entrega total à Serra, a nós próprios, a cada um e a todos os seis que a vivemos. Foi um hino à paixão pelos grandes espaços, foi um sonho tornado realidade ... ou uma realidade vivida num sonho.

“NA VERTIGEM DAS HORAS, OS RECANTOS DA SERRA AMARELA INUNDADOS DE SILÊNCIO, DE CÉU, DO CANTAR DOS PÁSSAROS E DOS REGATOS, FORAM TESTEMUNHAS DE UMA CUMPLICIDADE COMEMORADA A SEIS.” Luís Miguel Vendeirinho Antes das dez da manhã de sábado (12.4.2014), a equipa estava reunida junto ao paredão da barragem de Vilarinho das Furnas. Nem eu e a minha “cabrita arraiana”, nem aliás o próprio poeta das letras que nos lançou o repto, sabíamos bem para onde íamos. Sabíamos que estávamos a partir para uma autonomia de dois dias na Serra Amarela... mas só o nosso “líder” e a Alma que destas montanhas tudo sabe tinham um plano mais ou menos traçado... De início ao longo da margem direita do Homem, junto à albufeira que submergiu


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a velha aldeia, rapidamente começámos a subir o vale do rio da Furna, por entre molduras de vegetação, ao som de trinados da passarada e do correr das águas soltas e límpidas de cristal. Quase 400 metros acima de onde tínhamos partido, os belos prados de Toutas e das Coriscadas foram o local eleito para o almoço. O dia esplendoroso abria-nos à frente o cenário do vale do Homem, não se vendo já a barragem mas tendo o imponente Pé de Cabril à nossa frente. Para nordeste, percebia-se já a cumeada das Ruivas e do Ramisquedo; ia entrar em terreno conhecido... Com as antenas da Louriça à nossa frente, do Ramisquedo embrenhámo-nos no pequeno bosque do Sonhe, sobre o mártir vale do Cabril, varrido pelas chamas de Agosto de 2010. À nossa frente tínhamos as três moles graníticas da Cruz do Touro, Entre Esteiros e Ruivas... elevando-se com a energia te-

Coriscadas (955m alt.), local do merecido descanso e almoço.

A chegar ao Ramisquedo, com as antenas da Louriça em pano de fundo (1020m alt.).


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Ao longo do Ramisquedo, rumo ao Sonhe (1140m alt.).

lúrica que nos faz sentir pequenos e num outro mundo. Por trás delas, lá longe no horizonte ... a Nevosa sobressai da cordilheira que vai do Altar de Cabrões à Fonte Fria. Às quatro da tarde, com oito quilómetros percorridos e mais de 800 metros de desnível acumulado, estávamos “ao lado” das antenas da Louriça, já virados para a encosta norte da Serra Amarela. Lá em baixo ... o vale do Lima, a albufeira do Lindoso, Entrimo, o vale do Laboreiro e todo o maciço da Peneda e Soajo! Dirse-ia que estávamos no céu ... e quase que estávamos mesmo...! O objectivo era agora o sítio do Rebordo Feio. Ao contrário do nome, trata-se de uma espectacular varanda debruçada para o vale do Cabril e a albufeira do Lindoso. Com 11 km percorridos ... era ali que os ombros pediam já o merecido descanso, do peso das mochilas de au-

tonomia. Ali, no meio daquele “nada” que era “tudo”, iríamos assistir ao espectáculo do dia a dar lugar à noite ... e ao amanhecer de um novo dia! Mas ali, no meio daquele “nada” que era “tudo”, iríamos também “temperar a noite com o fogo dessa alegria clandestina” ... a nossa alegria de estarmos juntos, de sabermos louvar as amizades, de sorvermos a paz emanada da Terra, de uma Lua mágica, das estrelas dispostas num firmamento eterno e etéreo... “Pouco importa. Via Sacra prematura, excentricidade dos hábitos, sede dos olhares, ou um Muro virado para o éter do fascínio, bem tatuados no espírito a nossa condição de colonos e o nosso destino de inventores da realidade, é ali, no sítio exacto que se deixou desflorar pelo humano conhecimento dos segredos da matéria, e do domínio do tempo, que meia dúzia de boas vontades puderam dividir cada migalha de palavras e o génio que as videi-


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Travessia do Sonhe... ou será sonho? Do lado de lá do vale do Cabril, a Cruz do Touro, Eiras e Ruivas…

Lá longe, na cordilheira que vai do Altar de Cabrões à Fonte Fria, a Nevosa sobressai no horizonte.

Abrigo de Rebordo Feio (1100m alt.).

Ao longo do Alto do Corisco (1260m alt.): ao fundo a albufeira do Lindoso e a Serra de Santa Eufémia.


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E o dia vai dando lugar à noite, “em forma de sombras que vieram pela tarde fora”...

Panorâmica para terras do Vale do Lima.


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ras destilaram. Pouco importa onde. No recato dos pássaros que não se deixam intimidar porque nos reconhecem flores nos lábios, na fresquidão das águas e das nossas almas inocentes, que ousaram temperar a noite com o fogo dessa alegria clandestina, no esporão mais aceso que as lavas doutras eras nos restituíram do universo, em forma de sombras que vieram pela tarde fora. Muito importa dizer aos homens que há, perdidos na serrania, tetranetos dos pastores que um dia souberam dizer não. Aqui é nossa pátria que tem nome de aventura e uma bandeira onde há mais cores que um dia a ciência logrou roubar do sol. Amanhã, pouco importa, na herança do chão que deu pão, e um pouco de erva macia para os pés cansados, haverá de ser lavrada, entre os silêncios das madrugadas, a presença grata dos nomes que souberam honrar as amizades. Muito importa.” (Luís Miguel Vendeirinho) E por entre o silêncio da madrugada ... a noite deu lugar ao dia. Perdidos na serrania, os nomes que souberam provar o sabor da amizade e das paixões foram despertando para uma manhã mágica ... a manhã de um novo dia que despontava glorioso. Naquele amanhecer de todas as cores, a Nevosa continuava a dominar o horizonte, lá longe, apontando as terras onde o Minho dá lugar a Trás-os-Montes. Tínhamos

dormido no Hotel de todas as estrelas, no regaço da mãe terra. Era chegada a hora da partida, do regresso à “base”. O regresso poder-se-ia chamar a rota dos píncaros: íamos subir aos cumes mais altos da Serra Amarela, a Louriça e o Muro, para depois descermos pelas Chãs do Muro e do Salgueiral, rumo ao Peito de Gemessura e ao ponto de partida. Nos primeiros quilómetros, ao longo do estradão que vem do Lindoso, a panorâmica abriase agora a norte e a oeste, desde a Serra da Peneda às terras de Arcos de Valdevez. Depois, do alto da Louriça... a panorâmica era de 360° à volta. A leste, bem visível, o vale do Homem destacava-se na paisagem. Com grande pena dele e nossa, o poeta, escritor e mentor desta fabulosa autonomia achou mais sensato terminar a sua parte pedestre precisamente no cume da Louriça. O velho estradão em terra batida, proveniente do Lindoso, permite a chegada de veículos, pelo que um amigo de longa data o foi buscar ali, onde as pernas disseram basta. Reduzidos a 5 elementos, na base do cume do Muro dividimo-nos também em dois grupos, apenas pelos breves 20 minutos de ascensão e descida. Depois do Muro, tínhamos sensivelmente 6 km para percorrer ... e quase 800 metros de desnível até à barragem de Vilarinho das Furnas. As panorâmicas, essas continuavam a ser de cortar a respiração; o Pé de Cabril destacava-se, mais a sul os aglomerados

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Rumo às antenas da Louriça (1359m alt.).

Cumeada da Louriça ao Muro, limite entre os distritos de Braga e Viana do Castelo.


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Os três “conquistadores” do Muro (1346m alt.).

rochosos da Calcedónia; a leste, mais longe mas distinta, a “cordilheira” encimada pelo Borrageiro. E nós lá íamos prosseguindo, atravessando os bonitos lameiros da Chã do Muro e das Casarotas, onde aliás almoçámos e repousámos. Os desfiladeiros e as imagens fabulosas continuaram até ao fim. O Peito de Gemessura, entre a margem esquerda da ribeira do mesmo nome e a encosta virada para a barragem de Vilarinho das Furnas, é uma sucessão de vertentes a pique, que se perdem nos confins do apertado vale. Por trás dele, contudo, já se via a estrada de Brufe. A descida final é bastante pedregosa ... e com 23 km não propriamente fáceis percorridos nos dois dias, foi com orgulho que dei os merecidos parabéns à minha fiel companheira de fragas e pragas, a menos experiente da equipa em “aven-


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Barragem de Vilarinho das Furnas, 17:00h, 13.04.2014 - Terminou uma fabulosa autonomia na Serra Amarela.

Campo do Gerês, 17:50h ... no fim de uma fabulosa “aventura”.

turas” deste grau de dificuldade. Cansada mas feliz, às cinco da tarde estava, como os restantes quatro elementos, junto à margem da barragem da velha Vilarinho. Os carros esperavam-nos ... percebendo finalmente que não os tínhamos abandonado... Terminou? Não! Terminar mesmo só terminou na Albergaria Stop, no Campo do Gerês, onde o poeta mentor desta autonomia foi ter, depois de “teletransportado” da Louriça... Para terminar esta crónica, não me canso de repetir o que disse de início: o que vivemos neste fim de semana não foi uma caminhada, não foi uma autonomia... foi tudo isso e muito mais! Foi uma entrega total à Serra, a nós próprios, a todos os seis que a vivemos. Foi um sonho tornado realidade ... ou uma realidade vivida num sonho! Ao longo deste fim de semana senti-me muitas vezes voltar à adolescência, aos bons velhos tempos em que percorria serras e vales, planícies e rios, dormia em tendas armadas no alto de serras ou no meio de matas luxuriantes, por vezes sob um céu repleto de estrelas, ouvindo o estalido da lenha na fogueira que ficou morta mas renasceu, tendo por companheiros os amigos, a montanha, o verde, as cores e os cheiros da Natureza, o vento, o frio, o calor, a escuridão da madrugada que vai dar lugar ao Sol, a água ... os sons do

silêncio... Obrigado meus amigos, que me proporcionaram esta fabulosa “aventura” em autonomia. Obrigado Luís, de quem partiu o convite! Obrigado Paulo e Ângela, pelo companheirismo e pela idealização e orientação do percurso! Obrigado Dorita, a grande White Angel que tem a sua Alma de Montanhista presa a estas montanhas mágicas! E ... obrigado Lala, a minha pequena arraiana, heroína que o foi sem dúvida, nesta “aventura” para além da dificuldade e dureza que havia imaginado. Por todas estas razões e mais algumas... este fim de semana ficará para sempre gravado na memória de quantas fragas e pragas já vivi! TRACK DE GPS:

W FICHA DO PASSEIO

Tipo: Circular Trajeto: Vilarinho - Rebordo Feio - Louriça Muro - Vilarinho Distância: 22,89 km Grau de dificuldade: Moderado Sinalizado: Não Duração: Um dia 7 horas 5 minutos


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Sentir o Patrimรณnio

MONSERRATE NA PONTA DOS DEDOS Texto e fotografia: Graรงa Imaginรกrio


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A PAISAGEM LUXURIANTE DE SINTRA, NA SUA PROFUSÃO DE CORES, CHEIROS E SONS, É INEBRIANTE. TAL CENÁRIO IDÍLICO DARIA, CERTAMENTE, “(…) UM BOM PARAÍSO, NO CASO DE DEUS FAZER OUTRA TENTATIVA”, COMO O DESCREVEU JOSÉ SARAMAGO NO SEU “MEMORIAL DO CONVENTO”. As múltiplas tonalidades de verde, os palácios inseridos na paisagem, o ar fresco da serra, o som das cascatas... Enfim, Sintra é um verdadeiro festim para os Sentidos. Mas… e as pessoas que estão privadas de algumas das suas capacidades sensoriais? Ficarão (também) impedidas de desfrutar deste Paraíso? A sociedade ‘Parques de Sintra-Monte da Lua’, gestora de alguns dos mais importantes exemplares naturais e culturais situados nesta zona, organiza periodicamente atividades de cariz inclusivo. No âmbito do projeto “Parques de Sintra Acolhem Melhor”, contase o passeio “Sentir o Património - Descobrir o Parque de Monserrate Através das Sensações”. Esta proposta, desenvolvida em parceria com a ACAPO (Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal), desafia os participantes a serem conduzidos numa visita sensorial, baseada no tato, audição e olfato, literalmente percorrendo o Parque com a ponta dos dedos. Inscrevi-me neste passeio com a curiosidade de quem, sabendo ter todos os sentidos, tem consciência que precisa (re)aprender a usar alguns deles. Para mim, antes de mais, o principal desafio seria abrandar o ritmo! Depois, conseguir acompanhar a visita encontrando um novo uso para as capacidades que usualmente tomo por adquiridas. Foi com a firme intenção de Sentir Monserrate que iniciei o percurso, encetando

a descida da rampa pedregosa, coberta de musgo, irregularidades na calçada e outras pequenas armadilhas naturais que, convenientemente, colocam o nosso organismo em alerta. O parque de Monserrate é um belíssimo exemplar dos chamados ‘jardins românticos’, também alcunhados de ‘à inglesa’, que se cultivam no séc. XIX, por reação à geometria e rigidez do estilo neoclássico dos jardins ditos ‘à francesa’, de tradição barroca. Enquanto tento manter o equilíbrio na descida, vou ouvindo as explicações da nossa Guia, que fala das origens da propriedade. A família Mello e Castro tornouse dona da Quinta de Monserrate no século XVII, através da constituição de um morgadio que impedia a sua venda. Mais de um século depois, a herdade foi arrendada por Gerard de Visme, um abastado comerciante inglês, que em 1789 mandou construiu uma mansão em estilo neogótico. Mais tarde, em 1793, foi a vez de um rico aristocrata inglês, William Beckford, tomar a propriedade por subarrendamento. Realizou várias obras no palácio e começou a criar um jardim paisagístico. Finalmente, depois de extintos os morgadios em Portugal, Sir Francis Cook compra a quinta e, a partir de 1863, transforma-a na residência de Verão da sua família. O parque é atravessado por um ribeiro,


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38 que acompanha o declive em encantadoras cascatas. Aproveito as breves paragens para fechar os olhos e concentrar o ouvido no murmúrio do vento e da água. Na berma do caminho ergue-se um imponente exemplar de sobreiro virgem, com a sua centenária camada de cortiça, intocada desde sempre. Os nossos dedos acariciam a grossa casca, sentindo as rugosidades desta ‘pele’ tão invulgar. Chegamos a uma espécie de túnel, talhado por pedras de grandes dimensões, dispostas em forma de arcada. Para nós, foi difícil determinar se estávamos perante um ‘acidente natural’ ou uma obra do Homem. A Guia explica que se trata de uma construção artificial, mandada erigir por Beckford. Toda a estrutura está desenhada para manter a ilusão de instabilidade e espontaneidade da Natureza, como se as pedras tivessem ‘caído’ naquele local formando um arco. Eis um exemplo do Romantismo no seu esplendor: reinventar a natureza e o exotismo de acordo com as exigências de um herói que à época se pretende livre, aventureiro, culto, viajado e sonhador. Este Arco, que se pensa ter sido a entrada original da Quinta, ganhou a designação do nome do personagem principal do romance de Beckford, o Romântico Vathek. Prosseguimos a descida e a próxima paragem é aos pés de uma queda de água, de novo um cenário artificial, também mandado construir por Beckford. Vamos captando a essência do Jardim, um arranjo paisagístico que simula ou ‘melhora’ a Natureza, onde se integram elementos puramente cenográficos. De seguida, o nosso caminho atravessa uma extensa zona de vale povoada de fetos arbóreos. A altura que muitos deles atingem é reveladora da sua provecta idade. O Parque reúne uma notável coleção de espécies, muitas delas exóticas, vindas dos qua-


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tro continentes. Ao melhor estilo dos jardins românticos, em Monserrate é possível viajar do México ao Japão através da botânica, como era moda no século XIX. Começo a ceder à tentação dos Sentidos. Enfio na mochila o caderno de apontamentos e a máquina fotográfica, e liberto (finalmente!) as mãos para afagar as folhas de acanto, as frágeis violetas, as camélias, as bagas de azevinho e de medronheiro, os caules fortes das estrelícias ou os troncos rugosos das palmeiras. O percurso descendente desagua numa ponte que dá acesso ao Palácio de Monserrate. É ladeada por pérgulas ornamentadas por trepadeiras de glicínias e jasmim. Estas flores de intenso e agradável aroma justificam a designação deste local como o ‘Caminho Perfumado’. A ponte é decorada com elementos de cerâmica, tijoleira e azulejos com baixo-relevo de inspiração hispano-árabes . De destacar ainda um Arco


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ornamental indiano, em mármore rosa, guarnecido com motivos naturalistas, adquirido por Sir Francis Cook na Índia, após a Revolta dos Marajás. Mais um cenário ‘de filme’… E é desta forma, por entre árvores e plantas dos quatro cantos do mundo, cascatas e lagos, envolvidas pela mística de Monserrate, que nos aproximamos do términus do nosso passeio sensorial. Do plano elevado do Palácio, contemplo uma vez mais o espaço verdejante que se espraia à nossa frente. Testemunho que aqui não se procurou a harmonia e a tranquilidade inspiradas pela repetição de padrões geométricos. Ao longo do percurso, a minha imaginação foi testada através de odores, espécies exóticas, cascatas, pedras em equilíbrio periclitante. O Jardim Romântico explora, claramente, a intensidade e o dramatismo da Natureza. Ao caminhar neste cenário mágico, de

tudo o que senti, sobreveio a veemente sensação que quando nos debruçamos com particular atenção sobre texturas, volumetrias, temperaturas, sonoridades e cheiros, só podemos dar razão ao ‘Principezinho’ de Saint-Exupéry: “Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos”!


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NOVO BOUTIQUE HOTEL EM FÁTIMA, LUZ HOUSES

O novo “boutique hotel” em Fátima, que abrirá no início de Abril: Luz Houses! Esta propriedade tem 15 quartos que se desenvolve num conceito de “pequena aldeia” e fica localizada a uma curta distância a pé do Santuário de Fátima. Esta casa de campo tem uma área comum chamada “Casa Mãe”, local onde está a recepção, a sala de estar, a sala de refeições com lareira e terraço, uma pequena mercearia e um “honesty bar”. As áreas exteriores incluem uma ermida, local perfeito para um evento especial (espaço multi-usos), bem como outros espaços menos comuns como um abrigo de ovelhas e uma cisterna. Adicionalmente apresenta um espaço de bemestar com tratamentos e massagens, bem como sessões de yoga e reiki. Este é um projecto sustentável em termos ambientais, com uma decoração simples e intimista, cuja arquitectura teve como inspiração as antigas aldeias da região de

Fátima. Para os responsáveis do Luz Houses, a expectativa é poder proporcionar ao hóspedes experiências autênticas da região. Por tal estão a preparar vários programas, nomeadamente: - Programas de descoberta a Fátima - Retiros e experiências meditativas - Experiências culinárias com a cozinha da região MAIS INFORMAÇÕES EM: O nosso Website: http://www.luzhouses.pt/

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A nossa brochura: http://issuu.com/luzhouses/docs/luz_houses_presentation

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BORREGO IMPERA EM ARRAIOLOS Pelo 16º ano consecutivo, os restaurantes do concelho de Arraiolos elegem o Borrego como matéria-prima principal, entre 3 e 19 de Abril. No decorrer destas duas semanas, são 19 os restaurantes do concelho que terão as portas abertas para receber todos os que pretendem desfrutar de sabores tradicionais da gastronomia com esta carne e outros produtos regionais. Ensopado de borrego, assado de borrego, costeletas de borrego confeccionadas de diversas formas, borrego à hortelão com migas de tomate, febrinhas de borrego de jardineira, são alguns dos muitos pratos que podem ser saboreados no decorrer destes dias nos restaurantes do concelho. A iniciativa é promovida pela Câmara Municipal de Arraiolos que pretende proporcionar aos visitantes que gostam de boa gastronomia a melhor gastronomia da cozinha alentejana com produtos Arraiolenses. A “Semanas da Vitela” (de 23 de Maio a 10 de Junho), a “Semanas das Sopas Alentejanas” (25 de Julho a 9 de Agosto), a 16ª Mostra Gastronómica, bem como a Feira do Tapete de Arraiolos e o 8ºFestival da Empada (de 30 de Outubro a 8 de Novembro), são as próximas iniciativas gastronómicas realizadas no Município.

FESTIVAL GASTRONÓMICO EM ALCOUTIM A autarquia de Alcoutim apresentou, no passado dia 18 de Março na Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa, o seu Festival Gastronómico denominado de Sabores da Serra ao Rio. De 3 a 26 de Abril os restaurantes do Município de Alcoutim vão dar a conhecer as riquezas gastronómicas da região. Duarante a apresentação tivemos o privilégio de experimentar alguns pratos que demonstram o potencial gastronómico de Alcoutim: Alhada de Enguias do Guadiana Ensopado de Borrego Pudim de mel e filhoses com sorvete de flor de Sabugueiro. O desafio está lançado!

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TORRE DE PALMA WINE HOTEL CONSIDERADO “MELHOR EMPREENDIMENTO TURÍSTICO DO ALENTEJO” O Torre de Palma Wine Hotel foi considerado o “Melhor Empreendimento Turístico do Alentejo”, uma categoria integrada nos Prémios “Turismo do Alentejo” promovidos pela Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo. A unidade hoteleira foi distinguida na quinta edição do evento e o prémio reconhece a qualidade do empreendimento e o seu contributo para a dinamização do turismo da região. Esta foi a estreia do Torre de Palma Wine Hotel nos Prémios “Turismo do Alentejo”, uma iniciativa que visa distinguir e divulgar projetos de significativa importância turística, que tenham contribuído para a melhoria da oferta turística do destino e, de um modo geral, para o reforço da competitividade do setor na região. “Este prémio reconhece o esforço, dedicação e muita paixão com que desde sempre temos encarado este projeto. É importante, pois ao projeta-lo como o melhor empreendimento turístico realizado no Alentejo em 2014, projeta-o no futuro com a qualidade que o consumidor procura e com certeza, encontrará quando o eleger para uns dias de descanso. É um es-

paço único preenchido pela nossa história. Transporta-nos à civilização romana e toca na família real sendo o seu primeiro proprietário um dos mais protegidos filhos do nosso rei D. Dinis, Pedro Afonso”, destaca Paulo Barradas, mentor do projeto. O responsável destaca ainda os pontos fortes desta unidade hoteleira: “Da paisagem fortemente marcada pela arquitetura alentejana, pela vinha e pelos cavalos, à arquitetura contemporânea do João Mendes Ribeiro é um passo, que tem vindo a colher as melhores críticas por quem aqui tem passado. Com a qualidade de ser um dos candidatados ao mais importante prémio europeu, o Mies van der Rohe Award 2015, vê assim agora reconhecido pelo Turismo do Alentejo este investimento”. “Comprometemo-nos assim a continuar este caminho de potenciação das oportunidades do Alentejo com inovação e qualidade em prol das gentes do Alentejo e do nosso país, que adoramos”, realça Paulo Barradas. Inaugurado em Maio de 2014, o Torre de Palma Wine Hotel é uma unidade hoteleira de cinco estrelas, localizada em pleno Alto Alentejo, em Monforte.


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VINHOS DA QUINTA DE LEMOS PREMIADOS NA CHINA Os Vinhos da Quinta de Lemos, produtor da região do Dão, foram distinguidos internacionalmente, na China. Nove vinhos da Quinta de Lemos foram premiados com as medalhas ‘Duplo Ouro’, ‘Ouro’, ‘Prata’ e ‘Bronze’ no concurso CSWA Best Value (China Wine & Spirits Awards), um dos maiores e mais prestigiados concursos de vinhos e bebidas espirituosas da China. ‘Duplo Ouro’ para os vinhos Touriga Nacional 2007 e 2009; ‘Ouro’ para os vinhos Dona Georgina 2009, Jaen 2007, Dona Santana 2005 e Alfrocheiro 2009. Estiveram a concurso vinhos e bebidas espirituosas de mais de 35 países de todo mundo. “O mercado Chinês é um mercado muito importante, está em crescimento no que toca à importação de vinho e, por sua vez, cada vez mais exigente no momento da compra. O facto de os vinhos da Quinta de Lemos serem reconhecidos no CSWA Best Value fará com que o consu-

midor chinês conheça e reconheça os nossos vinhos e os adquira com uma base de confiança. Da nossa parte, continuamos a trabalhar no sentido de fazer vinhos com qualidade para que sejam um verdadeiro cartão-de-visita dos vinhos portugueses lá fora”, diz Hugo Chaves, Enólogo da Quinta de Lemos. O CSWA Best Value (China) é uma excelente rampa de lançamento para os vinhos e bebidas espirituosas que entram no mercado chinês, ao mesmo tempo que potencia o crescimento das marcas já presentes neste mercado. O júri do CSWA Best Value é composto por 100 pessoas, com forte aptidão, ‘opinion makers’ e com capacidade profissional para comprar vinhos e bebidas espirituosas, como importadores, distribuidores, proprietários de grupos de restauração e hotéis e sommeliers.


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