Revista Digital Passear Nº47 Versão Gratuita

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passear Nº. 47 . Ano V . 2015 . PVP: 2 € (IVA incluído)

Crónicas

sente a natureza

CAMINHADA EM MONTENEGRO CAMINHO DE SANTIAGO

Percurso

VILA SASSETTI EM SINTRA

Destino BARCELONA

DESTINO

FARO


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Faro, uma cidade a visitar O Algarve não é apenas Sol e Mar é, também, um destino de Turismo Cultural. Decidi conhecer um pouco mais da cidade de Faro, nomeadamente o seu centro histórico e fiquei agradavelmente surpreendido, quer pela beleza estética dos espaços, quer pela riqueza do património edificado e paisagístico. O meu dia na cidade de Faro teve como base a proposta de percurso (Percurso 2) apresentada pela autarquia, complementada aqui com uma visita e degustação na Tertúlia Algarvia. Já na Serra de Sintra fui conhecer um dos mais recentes projetos da Parques de Sintra, o percurso da Vila Sassetti. Recomendo vivamente devido à sua beleza natural e à qualidade da recuperação do espaço e dos caminhos. Um trabalho bem feito que ainda será mais atrativo quando o edifício da Vila Sassetti estiver aberto ao público. A finalizar, destaco a crónica do Luís Contente sobre uma caminhada que fez no Montenegro no Canyon Mrtvica. Bons passeios e boas leituras. Diretor vascogoncalves@lobodomar.net

Veja os eventos sempre actualizados em www.passear.com Capa Fotografia

Destino FARO (pág.62)


3 Edição Nº.47

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Sumário 04 Atualidades

Versão completa paga

gratuita

12 Caminhada:

Vila Sassetti

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BTT: Crónica

A caminho de Santiago

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Crónica: Montenegro

Mrtvica, no Canyon das Cobras

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Apresentação de artigos

do Passear (versão paga)

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ASSINATURA Passear

44 Equipamentos

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50 Destino: Barcelona 62 Destino:

Cidade de Faro

Tenha acesso à versão compl eta da rev ista pa s s ear por ap enas 1 €


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ATLAS DAS AVES MARINHAS DE PORTUGAL

O Atlas das Aves Marinhas de Portugal, apresentado no passado dia 16 de Novembro (Dia Nacional do Mar), representa a mais completa e detalhada caracterização até hoje realizada da distribuição e da abundância de aves marinhas e costeiras que utilizam as águas portuguesas. Nesta obra vai encontrar a compilação de mapas resultantes de dados recolhidos a partir de embarques, censos costeiros e censos de aves invernantes na costa. O livro reúne informação acerca de 65 espécies de aves pelágicas e costeiras, referindo ainda outras observadas pontualmente nas nossas águas.

ROTA DO ROMÂNICO LANÇA NOVA PUBLICAÇÃO A Rota do Românico, através do Centro de Estudos do Românico e do Território, promoveu ao longo de dois anos um vasto trabalho de levantamentos no terreno e de pesquisas documentais, com o objetivo de divulgar o património imaterial e vernacular dos vales do Sousa, Douro e Tâmega. A primeira amostra desse trabalho é o livro dedicado ao território serrano e pode ser descarregado em:

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ENTIDADE REGIONAL DE TURISMO LANÇA GUIA DE RESTAURANTES CERTIFICADOS DO ALENTEJO A Entidade Regional de Turismo lançou na passada semana o Guia de Restaurantes Certificados do Alentejo, uma obra que resulta do projeto pioneiro que, implementado pela ERT e intitulado “Alentejo Bom Gosto”, visa a valorização da gastronomia regional e de toda a sua cadeia de valor. Os lançamentos estendem-se à semana atual, em restaurantes do Alentejo Litoral e Baixo Alentejo. O guia, editado e com conceção gráfica e paginação da editora Caminho das Palavras, dá a conhecer 84 restaurantes que, espalhados por toda a região, ostentam o selo da Certificação, um título que atesta o compromisso de respeitar e pôr em prática um referencial de qualidade que abrange tanto o serviço, como os produtos e a confeção e ainda o acolhimento. Com edição impressa em português e in-

glês, a obra está também disponível na versão eletrónica eBook - nos idiomas português, inglês, francês e espanhol -, proporcionando assim a possibilidade de integrar outros restaurantes que queiram propor-se ao processo de certificação. O Guia de Restaurantes Certificados do Alentejo, vai estar disponível na rede livreira nacional e internacional - nomeadamente na Fnac e Bertrand – e, na sua versão eletrónica alojado no site: www.visitalentejo.pt. Recorde-se que o projeto “Alentejo Bom Gosto”, do qual faz parte a criação do referido guia, contemplou também a edição da Carta Gastronómica do Alentejo e dos Roteiros Enogastronómicos e o processo de certificação dos restaurantes da região.


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CICLOVIAS, ECOPISTAS E ECOVIAS NORTE DE PORTUGAL

Guia pelas ciclovias, ecopistas e ecovias do Porto e Norte de Portugal desafia à descoberta do território. 82 locais, espalhados por 49 municípios, vão ser dados a conhecer, em roteiro. No passado dia 15 de outubro, na ecopista do Sabor (antiga estação de comboios, que fica no centro de Torre de Moncorvo), o presidente da Turismo do Porto e Norte de Portugal, Melchior Moreira, e o presidente da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo, Nuno Gonçalves, apresentaram o novo Guia de Ciclovias. A plataforma da linha do Sabor, em Torre de Moncorvo, é um dos locais emblemáticos cuja reabilitação tornou possível conciliar a descoberta pelo património secular e o desfrutar da natureza. A Ecopista do Sabor é uma das mais extensas do território Porto e Norte, com cerca 25 quilómetros de percurso, e é, por isso, a escolhida para ser palco da apresentação do Guia pelas Ciclovias, Ecopistas e Ecovias do Porto e Norte de Portugal. Ao todo, são 82 locais, espalhados por 49 municípios, que agora se compilam num roteiro, que desafia à descoberta… a pé ou de bicicleta. Nas cidades, vilas e aldeias do norte as possibilidades de usufruir de vias próprias para utilizadores de bicicletas, de ecovias inseridas em ambientes naturais ou de ecopistas recuperadas a partir de linhas de caminho-de-ferro desativadas são inúmeras e diversificadas. “As singularidades do território são, de facto, inúmeras e cabe-nos, em conjunto com os parceiros públicos e privados, potenciar o que distingue o Porto e Norte. O lançamento deste Guia é exemplo desta dinâmica que

queremos imprimir e que mostra um destino que reúne condições fantásticas para ser procurado e descoberto ao longo de todo o ano. Lançamos o desafio, nesta publicação, para que se parta à procura das histórias das terras e das gentes”, adianta o presidente da Turismo do Porto e Norte, Melchior Moreira. “Esta intervenção na linha do Sabor com a criação da Ecopista extrapolou todas as nossas expetativas. O fluxo de pessoas de dentro e fora do concelho tem sido extraordinário, com uma influência direta na economia local. Esperamos que se concretize a breve trecho a ecopista do Douro Superior que ligará o Pocinho a Duas Igrejas, numa iniciativa da Associação de Municípios do Douro Superior, que engloba os concelhos de Torre de Moncorvo, Vila Nova de Foz Côa, Freixo de Espada à Cinta, Mogadouro e Miranda do Douro”, diz o presidente da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo, Nuno Gonçalves. Neste Guia encontra sugestões citadinas; ideias para passeios à beira-mar e à beirario; vias cicláveis em parques emoldurados de verde com circuitos de manutenção, piscina, esplanadas, campos de ténis, parques infantis, mas também grandes percursos que ligam de bicicleta duas cidades ou várias vilas e aldeias. Pode descarregar a versão digital em:

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VISITAS TURÍSTICAS AO CONCELHO DE REGUENGOS DE MONSARAZ AUMENTARAM 21 POR CENTO ATÉ OUTUBRO As visitas turísticas aos museus, exposições, igrejas e postos de turismo do concelho de Reguengos de Monsaraz aumentaram 21 por cento até outubro, comparativamente com o período homólogo de 2014. O Município de Reguengos de Monsaraz contabilizou este ano mais de 140 mil visitas turísticas, que se estima tenham sido efetuadas por cerca de 68.500 turistas, de acordo com o registo de entradas na Casa Monsaraz, Museu do Fresco, Igreja da Misericórdia, Igreja de Nossa Senhora da Lagoa, Torre de Menagem e Galeria de Arte da Igreja de Santiago. A autarquia contabiliza igualmente as entradas no Museu José Mestre Baptista, em Reguengos de Monsaraz, e na Casa do Barro – Centro Interpretativo da Olaria, em S. Pedro do Corval, assim como nos postos de turismo de Monsaraz e de Reguengos de Monsaraz, dois espaços municipais que

até 31 de outubro prestaram informações a quase 30 mil turistas. Os turistas nacionais representam 60 por cento do total de visitas, seguindo-se os espanhóis com cerca de 17 por cento e os franceses com 12 por cento. A autarquia registou visitas de turistas de mais de 50 nacionalidades, incluindo de destinos tão longínquos como o Japão, Canadá, China e Austrália. No ano passado foram contabilizadas cerca de 134 mil visitas turísticas, mais 11,4 por cento do que em 2013. Este ano, em que Reguengos de Monsaraz é a Cidade Europeia do Vinho 2015, está a registar-se novamente um aumento significativo na afluência turística, derivado da estratégia de promoção turística que a autarquia está a desenvolver nos mercados nacional e internacional.


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PALÁCIO NACIONAL DE SINTRA COM ABERTURA NOTURNA MARCA 20 ANOS DE SINTRA COMO PATRIMÓNIO MUNDIAL DA UNESCO

- Noite de domingo, 6 de dezembro - Entrada livre, mediante inscrição prévia - Inscrição prévia (limite de 1.500 participantes) - Espetáculos de música e dança O Palácio Nacional de Sintra abre portas gratuitamente na noite de 6 de dezembro, entre as 20h00 e as 00h00, no âmbito da celebração dos 20 anos da classificação da Paisagem Cultural de Sintra como Património Mundial da UNESCO. O evento, organizado pela Parques de Sintra, terá entrada livre mediante inscrição prévia obrigatória (www.parquesdesintra.pt/abertura-noturna ou +351 21 923 73 00), com uma capacidade limitada a 1.500 pessoas. As entradas no Palácio estão sujeitas ao tempo de espera necessário para que os visitantes anteriores saiam, mas todos os inscritos terão

entrada garantida. A noite incluirá apresentações de música renascentista e dança de época (séculos XV e XVI) igualmente gratuitas. As apresentações de música renascentista serão realizadas pelo “Ensemble La Peña” (do Sintra Estúdio de Ópera) que se dedica à pesquisa e interpretação da melhor música produzida em Portugal e Espanha nos séculos XVI e XVII. As apresentações de dança serão realizadas pela “Associação Danças com História”, companhia que colabora em eventos de recriação histórica em monumentos nacionais. Nesta noite apresentarão trajes e danças da época de D. João I e de D. Manuel I. Ambas as apresentações têm lugar às 21h00, 22h00 e 23h00 na Sala dos Brasões e na Sala dos Cisnes, respetivamente.


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Sintra foi o primeiro sítio europeu inscrito pela UNESCO como Paisagem Cultural, a 6 de dezembro de 1995. De acordo com Manuel Baptista, Presidente do Conselho de Administração da Parques de Sintra, “é com muita honra que a Parques de Sintra festeja duas décadas de reconhecimento do valor universal desta Paisagem, cujos elementos-chave são os parques e monumentos que desenham uma linha do tempo contínua de que a esta empresa é guardiã”. Este evento será, assim, a forma de celebrar um marco na História de Sintra e de dar a oportunidade de conhecer gratuitamente um dos monumentos mais visitados da Vila. Os visitantes terão ainda a oportunidade de tomar um café gratuitamente, em virtude do apoio da Nespresso a este evento.

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INFORMAÇÕES ÚTEIS: • Entrada é gratuita mediante inscrição prévia e só será permitida às pessoas inscritas • Inscrição prévia obrigatória, em www.parquesdesintra.pt/abertura-noturna ou +351 21 923 73 00 • As entradas serão efetuadas por ordem de chegada • O tempo de espera dependerá do número de visitantes que se encontrarem nesse momento a visitar o Palácio (número condicionado pela capacidade do espaço) • Aconselha-se a utilização de transportes públicos. Para quem utilizar o automóvel, sugerem-se os seguintes locais para estacionamento: Volta do Duche, Parque de Estacionamento da Calçada do Rio do Porto e Parque de Estacionamento junto ao Departamento de Urbanismo da Câmara Municipal de Sintra (cerca de 15 minutos a pé até ao Palácio) • Apresentações de música e dança para maiores de 6 anos.


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PORTUGAL: WINE & LIFESTYLE Uma viagem pelo o que de melhor se faz em Portugal no que diz respeito ao enoturismo. Portugal : Wine & Lifestyle é uma publicação exemplar da autoria de António Homem Cardoso e Margarida Ramalho onde, um novo conceito de lifestyle se liga ao que de melhor existe em Portugal no vinho como na hotelaria. Ao longo da obra, o leitor viajará de Norte a Sul, reconhecendo o espírito do enoturismo de excepção: hotel, restaurante, spa e paisagens deslumbrantes completam-se entre si para oferecer experiências únicas. Rita Soares foi a responsável pela ideia e, segundo esta, “A ideia deste projecto surge porque existem espaços fantásticos em Portugal que reúnem a temática do Vinho, da Gastronomia e da componente Hoteleira, que não são conhecidos nem em Portugal nem no resto do mundo. São adegas incríveis que exportam os seus vinhos para o mundo inteiro e têm um potencial para receber clientes que procuram cada vez mais uma alternativa ao turismo convencional. Juntar todas estas áreas num livro, com imagens captadas pela sensibilidade do Mestre António Homem Cardoso, com originalidade, transmitindo o carácter e o perfil de cada espaço de forma individualizada, é sem dúvida uma grande mais-valia.” O preço do livro é de 35€ e está disponível em livraria ou na editora By The Book: http://www.bythebook.pt/index.php?/buythebook/vendas/

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Para folhear o livro: http://issuu.com/bythebook/docs/wls_issuu_btb2m

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LISTA VERMELHA DA UICN TEM MAIS DUAS ESPÉCIES AMEAÇADAS EM PORTUGAL A ROLA-BRAVA É UMA DAS ESPÉCIES QUE VIU O SEU ESTATUTO DE CONSERVAÇÃO AGRAVADO.

A última atualização da Lista Vermelha das Espécies em risco de extinção, a referência mundial para a conservação de espécies, inclui pela primeira vez espécies cinegéticas que são caçadas em Portugal. A rolabrava e o zarro são agora espécies consideradas em r isco de extinção, na categoria “Vulnerável”, o que demonstra a urgência de alterar a legislação de caça em Portugal e noutros países onde estas espécies ocorrem. Esta informação é traduzida da Lista Vermelha, uma ferramenta criada pela União Internacional de Conservação da Natureza (UICN) em colaboração com a BirdLife International em 1963, para avaliar com critérios objetivos qual o grau de ameaçada de extinção para cada espécie. Sabemos assim, que existem em todo o Mundo 197 espécies em estado “Criticamente Ameaçado” de extinção, que necessitam de ação urgente de recuperação e de conservação e devem ser portanto prioridades pelas entidades que se preocupam com a conservação das espécies. Contudo, das 77 340 espécies avaliadas, 22 784 estão ameaçadas de extinção e no grupo das aves, em particular, mais de 40 espécies viram o seu estatuto de conservação agravar-se. É o caso da rolabrava, uma ave migradora que ainda é caçada em Portugal apesar das evidências de programa s de monitorização levados a cabo pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), que demonstram um decréscimo muito acentuado, de cer-

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ca de 40% na última década. Também o zarro (da família dos patos) é uma espécie cinegética migradora com diminuições drásticas nas suas populações. Com base nestes dados, a SPEA não tem dúvidas que ambas as espécies devem deixar de ser caçadas como medida de conservação, o que requer uma reação rápida e eficaz das entidades oficiais através da alteração do calendário venatório e da suspensão da sua caça. Os principais grupos de aves que mostram agravamentos no risco de extinção são os abutres, as aves marinhas e as aves limícolas, algumas delas ocorrem em Portugal e requerem medidas de conservação urgentes. Em Portugal temos atualmente uma espécie em risco crítico, que partilhamos com Espanha: a pardela-balear, e 3 “Em Perigo”.* * Fonte: SPEA | Fotografia: Faisca


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À DESCOBERTA DA PAISAGEM DA

VILA SASSETTI DESCOBRIR, UM POUCO, DA SERRA DE SINTRA ATRAVÉS DO RECÉM CRIADO PERCURSO PEDESTRE DA VILA SASSETTI, É A NOSSA PROPOSTA PARA ESTA EDIÇÃO DA REVISTA PASSEAR. Texto e fotografia: Vasco Melo Gonçalves Ponte da Atalaia na ribeira da Isna


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Palácio Nacional de Sintra

A proposta da Parques de Sintra é a de um percurso linear de ligação ao Palácio Nacional da Pena e ao Castelo dos Mouros, desde o Centro Histórico de Sintra. Nós optámos por criar um percurso circular, com cerca de 3,8 quilómetros com início e fim no Palácio Nacional de Sintra, com base no da Vila Sassetti complementado, essencialmente, pelo de Santa Maria. Estamos perante um percurso onde o contacto com a natureza é a grande dominante mas, também, com uma forte componente cultural. O grau de dificuldade é médio devido à inclinação inicial e não por causa da extensão do mesmo. Ao longo da subida temos diversos locais onde podemos descansar e usufruir da paisagem por isso, não devemos encarar a subida como

uma dificuldade mas sim como uma forma de observar, com mais atenção, o que nos rodeia. É neste diálogo com a paisagem que podemos, no início do nosso percurso, ver de diferentes perspetivas, o Palácio Nacional de Sintra. Junto à Vila Sassetti o diálogo faz-se com a Quinta da Regaleira. Já fora da propriedade e na fase final da subida é o Castelo dos Mouros e o Penedo da Amizade (muito procurado pelos amantes da escalada) que dominam a paisagem. No regresso ao centro passamos junto à entrada para o Castelo dos Mouros, caminhamos um pouco entre muralhas até à porta que nos leva à estrada que passa pela Igreja de Santa Maria e pela Fonte da Sabuga. A componente flora é obviamente muito im-


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portante ao longo de quase todo o trajeto. Na fase inicial, onde houve uma intervenção de recuperação, a Parques de Sintra optou por colocar nos canteiros plantas características do século XIX. A abundância de água, ao longo de toda a subida, permite que a flora se apresente com toda a sua pujança. De árvores de grande porte,- eucaliptos plátanos, palmeiras, castanheiros que já largaram os seus ouriços aos delicados fetos passando por um sem número de cogumelos, estamos em pleno

mês de Novembro e a Serra de Sintra apresenta-se no seu melhor nos seus tons de laranja e vermelhos, verdes e amarelos. Foi esta diversidade de paisagem e de flora o que mais me agradou neste pequeno percurso dedicado ao prazer da descoberta! O PROJETO VILA SASSETTI Segundo a Parques de Sintra, “...A abertura deste percurso faz parte de um projeto global de recuperação que incluiu a intervenção no exterior do edifício principal da


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Vila Sassetti, a adaptação dos edifícios anexos a instalações sanitárias, a adaptação da Casa do Caseiro a uma cafetaria (que entrará em funcionamento na próxima época alta) e a recuperação dos jardins, designadamente de caminhos, muros, infraestruturas, sistema de águas, portões, gradeamentos, sinalética, valorização da vegetação existente e novas plantações. A Vila Sassetti está integrada na Paisagem Cultural de Sintra, classificada como Património da Humanidade pela UNESCO. Desenvolve-se na vertente norte da

Serra numa faixa de terreno estreito, com uma área de aproximadamente 12.000m², dos quais, cerca de 200m² correspondem ao conjunto edificado composto pelo edifício principal, a Casa do Caseiro e os edifícios anexos. O edifício principal distingue-se pela torre circular central de três pisos, a partir da qual se estendem outros corpos de geometria variável, empregando o granito de Sintra como revestimento exterior principal, as faixas de terracota características do estilo Românico Lombardo e diversas peças da coleção de antiquária do comi-


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tente. O jardim, concebido pelo arquiteto Luigi Manini, procura obedecer a uma estética naturalista, sendo estruturado por um caminho sinuoso que é atravessado por uma linha de água artificial. O jardim expressa a relação de harmonia entre a arquitetura e a paisagem, que assim parecem fundir-se naturalmente”.


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Vista Aérea Vila Sassetti

INFORMAÇÕES ÚTEIS Percurso Extensão: 3,8 km Tipo: Circular Dificuldade: Média Descarregar ficheiro GPX: http://ridewithgps.com/routes/11105546


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CRÓNICA PELA VIA NOVA E “CAMINO NATURAL DEL INTERIOR. SAN ROSENDO”,

A CAMINHO DE SANTIAGO Texto e Fotografia: António José Soares / http://coimbrasantiago.blogspot.pt/

TERÇA FEIRA, 28 DE JULHO DE 2015. FOI COM UMA MANHÃ DE SOL RADIOSO QUE ACORDÁMOS NA MAGNÍFICA POUSADA DE JUVENTUDE DE VILARINHO DAS FURNAS, SITUADA NA ALDEIA DE CAMPO DO GERÊS, CORAÇÃO DA SERRA, SOBRANCEIRA À ALBUFEIRA DE VILARINHO DAS FURNAS E PRÓXIMA DA MATA DE ALBERGARIA, NÃO PODERÍAMOS TER ESCOLHIDO MELHOR LOCAL PARA PERNOITAR. Albufeira de Vilarinho das Furnas


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Pousada Juventude Vilarinho das Furnas

Assim, para aprimorar uma jornada que se antevia plena de interesse, nada melhor que um dia soalheiro... O pequeno almoço, simples, foi tomado na pousada, de onde partimos para esta terceira jornada, com o pensamento focado nas magníficas belezas naturais que esperávamos encontrar. A temperatura estava ideal para o início da jornada, apesar do sol indiciar um forte aumento ao longo do dia. Assim demos inicio às primeiras pedaladas pela aldeia de Campo do Gerês, vaidosa das suas habitações tradicionais, bem recuperadas e com outras em processo de recuperação.

Prosseguimos em direcção à albufeira de Vilarinho das Furnas e à Mata de Albergaria para encontrar de novo a Geira, tendo-nos apeado um pouco antes, para tomar café no pequeno bar, próximo do parque de campismo. Face à inexistência das habituais setas amarelas e da vieira, para nos sinalizar o Caminho, o acaso proporcionou que travássemos conhecimento com o Noé Gomes, da Associação dos Amigos do Caminho de Viana do Castelo, e logo aproveitámos a ocasião para conversar e avivar o espírito do mesmo.


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Campo do GerĂŞs

Continuando pela Geira


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Ponte de madeira sobre o Rio Maceira

Depois deste episódio recomeçamos a pedalar, seguindo pela Mata de Albergaria, ao longo da albufeira de Vilarinho das Furnas ao Rio Homem, pelo estradão da Geira. A Mata de Albergaria é constituída por vasto arvoredo, sendo uma das manchas florestais mais bonitas e importantes do Gerês. Trata-se de um frondoso bosque onde imperam, sobretudo, espécies arbóreas como o carvalho, castanheiros, entre outras. Os cursos de água são abundantes, rompendo entre pedras e penedos, de onde jorram cascatas, formando pequenas e bonitas lagoas. O privilégio de respirar o ar fresco do bosque, aliado ao prazer de desfrutar da magnífica paisagem, impeliu-nos a rolar de forma lenta, procurando tirar o máximo partido deste trajecto, coincidente com a Via Nova Antoniana. A única nota disso-

nante neste troço deveu-se à habitual falta de respeito de um ou outro condutor, que não se coibiu de circular a velocidade superior à permitida, levantando uma enormidade de pó, enfim... Embora pedalássemos a um ritmo muito lento, aproveitando o idílico cenário natural, mesmo a baixa velocidade chegámos rapidamente à confluência do Rio Maceira com o Rio Homem, onde nos detivemos para admirar e captar imagens dos bonitos recantos encontrados. O local é de eleição, tanto para passear pelos trilhos, como repousar junto dos muitos lagos existentes, dotados de águas límpidas e frescas. O plano para a jornada não permitia que nos alongássemos muito a desfrutar dos primeiros momentos, na medida em que outros locais haveria para conhecer. Assim, embora a água apelasse a um mer-


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Queda de água e lagoa - Rio Homem

gulho, era preciso prosseguir, se bem que em ritmo mais lento, procurando desfrutar o caminho. A dureza da jornada do dia anterior tinha deixado as suas marcas, assim por muito que pretendêssemos optar por seguir por um trilho mais interessante, pela margem esquerda do Rio Homem, passando pela ponte de madeira que sucedeu à antiga ponte de pedra existente na época de domínio filipino. Da ponte, em pedra, construída no século XVI, à época da ocupação filipina, apenas resta o seu assentamento, como ainda é visível na imagem. Embora o trilho pedonal até à fronteira da Portela do Homem fosse possível de fazer de bicicleta, com maior ou menor dificuldade, o facto é que não estávamos em condições de poder arriscar, em função da ameaça da véspera, traduzida nos inúmeros furos ocor-

ridos. Assim, foi mais prudente seguir pelo estradão de terra até apanhar a estrada nacional que liga a vila do Gerês à Portela do Homem, continuando porém o nosso caminho pela Mata de Albergaria. Embora prosseguindo em ritmo lento, para sentir o fresco da mata e melhor absorver a singularidade do trajecto, não evitámos a rápida chegada à fronteira da Portela do Homem. Transposta a fronteira, duas questões se colocaram, prosseguir pela Geira, ou seguir pela estrada, na vertente oposta, para mais rapidamente chegar à estância termal de Torneiros. Optámos pela última, a fim de melhor desfrutar das águas quentes do rio Caldo. Embora fosse mais aliciante continuar pela Geira até Lobios, a ausência de sobressalentes e o receio que algo de parecido


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Portela do Homem

Cascata da Portela do Homem


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Rio Lima

com a véspera acontecesse de novo levou a que optássemos seguir caminho pela estrada em asfalto. Mas o facto é que nem tudo são revés, e rolar por uma estrada com bom piso e a descer, com a brisa a bater no rosto, é sempre agradável para quem anda de bicicleta. A descida foi interrompida para observar a “Corga da Fecha”, a partir do miradouro da vertente oposta, mas com o Inverno tão seco tornou-se quase impossível descortinar a água. Torneiros, é o nome da primeira povoação galega que se encontra no sopé da encosta. Na véspera um dos oradores no terraço do café, em Covide, falava da sua grande importância na região, na época do contrabando, mercê da localização próxima da fronteira, local de paragem obrigatória para contrabandistas.

Poucos metros à frente, Bubaces / Torneiros e as quentes águas do rio Caldo, local bastante frequentado quer por portugueses quer por galegos, uns procurando as águas quentes do rio como cura para as suas maleitas, outros apenas para usufruir desta pequena maravilha da natureza. Assim aproveitámos na plenitude uma boa hora de relaxe nas águas quentes, uma zona de banhos bem cuidada e harmoniosamente enquadrada no vale. Depois de retemperados seguimos para Lobios, onde almoçámos no “Cubano”, o meu restaurante predilecto nesta localidade. No caminho ainda ultrapassámos um simpático casal de cicloturistas belgas que pedalavam à descoberta do Gerês e com quem entabulei alguns dedos de conversa enquanto prosseguíamos pela estrada.


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Capela visigótica de São Torcato, Séc. VII

O CAMINHO NATURAL INTERIOR DE SÃO ROSENDO - TROÇO PORTO QUINTELA A CELANOVA A partir de Lobios podíamos ter optado por apanhar a Via da Prata, seguindo por Allariz e Ourense, no entanto optámos seguir pelo Caminho de São Rosendo, por Bande, Celanova e Ourense. O Caminho de São Rosendo, desde Quintela de Leirado até Ourense, constitui parte da recuperação de 225 km de percursos pedonais que ligam Porto Quintela, mais propriamente Santa Comba, próximo de Bande, a Foz, em Lugo, uma derivação da Via Nova de Braga a Astorga. O nome São Rosendo foi atribuído, por se tratar de um Santo conhecido como defensor e pacificador da Galiza. Durante o Caminho pudemos conhecer magníficos exemplos do património religio-

so, nomeadamente o templo visigótico de Santa Comba, a igreja de Bande e no final da etapa o Mosteiro de São Rosendo, em Celanova. A partir de Porto Quintela, onde nos detivemos na estação arqueológica de um antigo acampamento romano construído na mesma época da Via Nova, em meados do século I até inícios do século II, talvez com o fim de exercer vigilância sobre a mesma. O cansaço começou a acentuar-se, quer motivado pelo forte calor que se fazia sentir, quer pelas constantes paragens para captação de imagens, com implicações na manutenção de um ritmo cadente. Após a paragem em “Os Baños” na albufeira das Conchas, onde se situa igualmente a estação arqueológica atrás mencionada, o tempo disponível para


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Acampamento romano I

Acampamento romano II


31 Acampamento romano III

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chegar a Celanova já era reduzido, assim alternámos pedalar entre o Caminho de São Rosendo e a estrada para Ourense. As intermitentes subidas iam causando os seus estragos, mas finalmente lá chegámos ao Alto do Vieiro. Embora para Celanova ainda faltasse uma dezena de quilómetros, o trajecto foi rápido e a grande velocidade, pois a descida foi bastante favorável. Foi com a ajuda, bastante prestável, do agente da polícia municipal, que conseguimos encontrar uma residência para pernoitar, uma vez que a oferta se reduz apenas a uma pessoa que aluga quartos na sua habitação. Celanova é uma pequena cidade, que se desenvolveu em torno do Mosteiro de São Rosendo, um dos exemplos mais destacados do denominado barroco galego. O Mosteiro, com os claustros e a igreja barroca, foi começado a construir em meados do século XVI, embora o grosso da edificação decorresse no século XVII.

É um excelente cartão de visita da cidade e da região. Terminámos o dia passeando tranquilamente pelas ruas de Celanova, desfrutando da excelente gastronomia galega. Para a ceia saiu um chispe maravilhosamente confeccionado... Num dia de verdadeiro cicloturismo, desde que a jornada começou, em Campo do Gerês, percorremos 70,55 km, Atendendo às inúmeras paragens efectuadas, quase se pode considerar uma proeza.

Frontaria clássica do Mosteiro de San Rosendo


crónica

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MONTENEGRO

MRTVICA, NO CANYON DAS COBRAS Texto e Fotografia: Luís Contente Início da caminhada

Cambodja - Siem Reap


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“(...)CANYON MRTVICA, QUE NENHUM FOLHETO TURÍSTICO TEM O CONDÃO DE APRESENTAR NAS SUAS BROCHURAS, MAS QUE DEVIA SER PARAGEM OBRIGATÓRIA PARA TODOS OS QUE GOSTAM DE CAMINHAR EM TERRITÓRIOS AINDA POR EXPLORAR.” O Montenegro é um pequeno país que sobrou do desmembramento da exJugoslávia, entalado entre a Croácia e a Albânia, debruçado sobre o mar Adriático. Os turistas que o visitam preferem banhar-se nas águas calmas e transparentes das suas belas baías mas a paisagem excepcional das montanhas não pode deixar ninguém indiferente. Refiro-me concretamente ao canyon Mrtvica, que nenhum folheto turístico tem o condão de apresentar nas suas brochuras, mas que devia ser paragem obrigatória para todos os que gostam de caminhar em territórios ainda por explorar. Para conseguirmos alcançar o início dessa caminhada, foi preciso percorrermos uma pista de terra batida, cheia de buracos, pedras soltas e cascalheira. Um perfeito caminho de cabras, impróprio para o veículo que nos levou até lá. Jipes com tracção às 4 rodas sentiriam dificuldade para conseguir vencer as fortes inclinações a que fomos submetidos. Em esforço, com a carripana a expelir vapores negros para a atmosfera, chegámos após um bom par de horas de viagem, a um planalto onde foi possível avaliar a profundidade do canyon

que iriamos palmilhar pouco depois. A pé, atravessámos um extenso campo povoado de medas de feno até atingirmos o paredão vertical que se precipitava sobre o abismo. Uma paisagem de cortar a respiração. Pouco depois, começou a descida, em pleno campo aberto, com a sensação de termos à nossa frente um gigante por derrotar. Os primeiros passos foram calmos mas os avisos do guia não me saiam da ideia. Cobras. Podíamos encontrar esses bichos rastejantes a apanhar sol em cima de uma pedra ou a dormitar nos troncos das árvores, pelo que convinha estar atento onde colocar as mãos. Mas o homem tranquilizou-nos, assegurando que bastava ter cuidado e não nos aproximarmos demasiado dessa gente. Geralmente, fogem quando ouvem mexidas, disse ele. Nada que me reconfortasse. Inicialmente o relevo apresentava um piso de fácil andamento. A erva alta formava um túnel de vegetação por onde nos esgueirámos como exploradores de um novo mundo. O dia estava bonito mas ameaçava muito calor. A satisfação de percorrer aquele trilho de verdura era total.


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34 Boca do canyon Mrtvica

Trilho pedregoso

Leito do rio

Uma perfeita conjugação entre o homem e uma natureza em estado puro, uma vez que muito pouca gente conhece esse recanto ainda preservado do turismo de massas. Não demorámos muito a entrar no leito do rio que, a custo, escavou o apertado canyon. O piso tornou-se pedregoso e a alta vegetação deu lugar a árvores onde o trilho era mais acentuado. Começaram

a aparecer as dificuldades dignas de uma verdadeira aventura. Ramos partidos, lianas suspensas, raízes contorcidas, pedregulhos gigantes, tudo ali colocado como numa prova de obstáculos. Tínhamos de nos acocorar para passar por baixo de troncos que impediam a progressão ou então de saltar por cima deles, e, sobretudo, era preciso ter muito cuidado para não nos


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Atravessando a floresta

espetarmos nos ramos salientes, afiadas como lanças em riste. Em certos sítios, as chamadas cuspideiras, obrigavam-nos a redobrar de atenção para não resvalarmos pela encosta abaixo. Um pé mal colocado e iríamos fazer companhia aos rochedos arrastados pela torrente que cobriam o fundo seco do rio. Felizmente ainda não fazia muito calor. Só depois do almoço é que

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Entrada para o canyon

Plataforma sobre o rio

começou a torreira. Apesar das copas das árvores, o sol penetrava com intensidade tornando o canyon um verdadeiro braseiro. Com o calor, o suor, a irregularidade do terreno, comecei a arder por dentro e por fora. Uma febre infernal tomou conta de mim. Tive de começar a controlar a água para não ficar sem nenhuma. Abasteci-me com dois litros mas estava completamente


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36 Lagoa Cristalina

“O TRILHO VOLTOU A SUBIR POUCO DEPOIS FORMANDO UMA PERFEITA VARANDA SOBRE O ABISMO.”

encharcado em suor e rapidamente começou a faltar nas garrafas. Para compensar, o percurso era de uma beleza selvagem. Quando saímos da vegetação, o canyon afunilou ainda mais. A descoberto, com o calor, tudo se tornou complicado. O sol batia com força, esmagando as nossas vontades. Começámos a avistar alguma água no fundo. Pelas encostas brotavam nascentes que formavam piscinas naturais ao longo da corrente que ia aumentando de caudal. O borbulhar das quedas de

água trazia ideias refrescantes e já só pensava em banhar-me naquelas lagoas cristalinas. Mas quando chegámos junto de uma pequena represa natural, que permitia umas braçadas revigorantes, senti a água tão gelada que não fui capaz de mergulhar. O trilho voltou a subir pouco depois formando uma perfeita varanda sobre o abismo. Mas mais à frente, chegámos a uma zona apenas transponível porque houve intervenção humana. A parede de granito foi seccionada longitudinalmente


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crónica

Abertura_Precipício no fundo

“TINHA OS OLHOS CHEIOS DAQUELES PAREDÕES, DA PUREZA DAS LAGOAS, DA VEGETAÇÃO FARTA E FORTE COM OS SEUS RAMOS DESFEITOS, LIANAS PENDURADAS, RAÍZES E TRONCOS DE ÁRVORES A BLOQUEAR O CAMINHO.” de modo a permitir a passagem. Ao olhar para cima só se conseguia ver uma nesga de céu. Tudo o resto aprisionava-nos num funil de granito. A paisagem tornou-se ainda mais emocionante, e nenhuma fotografia conseguiria reproduzir tanta beleza, com os altos paredões caindo dramaticamente a pique sobre o rio. Caminhámos desde manhã até ao fim da tarde. Saímos da garganta com um sentimento ao mesmo tempo de alívio e de aventura imperdível. Os transportes estavam

à nossa espera. Enquanto regressava ao hotel, só pensava naquele emaranhado de natureza que atravessámos. Tinha os olhos cheios daqueles paredões, da pureza das lagoas, da vegetação farta e forte com os seus ramos desfeitos, lianas penduradas, raízes e troncos de árvores a bloquear o caminho. Tudo voltou a desfilar de novo na minha mente excepto as cobras que, felizmente, não apareceram.


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38 Caminho seccionado no paredão

“AO OLHAR PARA CIMA SÓ SE CONSEGUIA VER UMA NESGA DE CÉU. TUDO O RESTO APRISIONAVA-NOS NUM FUNIL DE GRANITO. “


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