Yaguarê Yamã
Escritor, ilustrador, professor e artista plástico indígena nascido no Amazonas. Filho do povo Maraguá, formou-se em Geografia pela Universidade de Santo Amaro (UNISA). Depois de lecionar e dar palestras de temática indígena e ambiental por seis anos em São Paulo, Yaguarê retornou ao seu povo, onde atualmente é liderança na luta pela demarcação de terras tradicionais. Autor de mais de vinte livros infantis e juvenis, Yaguarê fala, além do Maraguá, seu idioma natal, o Nhengatu (tupi moderno), o tupi antigo e o português. Yaguarê atualmente mora na aldeia Yaguawajar, na área indígena Maraguapajy, no Rio Abacaxis. É filiado ao Nearin (Núcleo de Escritores e Artistas Indígenas), faz parte do Inbrapi (Instituto Indígena Brasileiro para Propriedade Intelectual) e pertence à Academia Parintinense de Letras.
NYAN E GUARIPÉ SÃO MELHORES AMIGOS, ELES MORAM E ESTUDAM NA CIDADE DE SÃO PAULO, MAS
SÃO ORIGINÁRIOS DE LUGARES MUITO DISTANTES.
NYAN É UMA MENINA SUDANESA QUE VEIO COMO REFUGIADA, JUNTO DE SUA FAMÍLIA, PARA O BRASIL.
GUARIPÉ É UM GAROTO INDÍGENA, DA NAÇÃO MARAGUÁ, QUE TEM SUA ORIGEM NO AMAZONAS.
JUNTOS ELES IRÃO APRESENTAR DOZE BRINCADEIRAS TÍPICAS DE SUAS CULTURAS PARA TODA A TURMA.
JUNTE-SE A ELES E VENHA SE DIVERTIR E BRINCAR!
Rogério Andrade Barbosa e Yaguarê Yamã
Rogério Andrade Barbosa
Escritor, palestrante, dinamizador de oficinas e contador de histórias. Atualmente leciona Literatura Africana no curso de Pós-Graduação em Literatura Infantil da Universidade Cândido Mendes, UCAM-RJ. Tem dedicado boa parte de sua carreira literária ao estudo da história e da literatura oral do Continente Africano – sempre apoiado em sua experiência como professor em Guiné-Bissau e nas constantes pesquisas feitas em vários países desse continente irmão. No decorrer de 35 anos 35 anos como autor de literatura infantil e juvenil, publicou mais de cem livros. Alguns deles foram traduzidos e editados na Alemanha, Espanha, Suécia, Dinamarca, Estados Unidos, México, Colômbia, Argentina, Haiti e Gana. Entre os vários prêmios que recebeu, destaca-se o da Academia Brasileira de Letras (ABL), em 2005, pelo conjunto de sua obra.
Laerte Silvino
Ilustrador nascido e criado no Recife (PE), aprendeu a apreciar as cores do carnaval e os traços de diversas culturas que lá existem. Estudou Geografia, mas desde criança sabia que queria ser ilustrador, e tendo realizado seu sonho, hoje ilustra para revistas, jornais e livros infantis, juvenis, didáticos e quadrinhos.
LEITURA COMPARTILHADA: A PARTIR DOS 5 ANOS LEITURA INDEPENDENTE: A PARTIR DE 8 ANOS ILUSTRAÇÕES DE LAERTE SILVINO
DA ETNIA MARAGUÁ E DE POVOS DO SUDÃO DO SUL ISBN 978-65-5539-478-8
DOZE BRINCADEIRAS INDÍGENAS E AFRICANAS
Rogério Andrade Barbosa e Yaguarê Yamã
DOZE BRINCADEIRAS INDÍGENAS E AFRICANAS
DA ETNIA MARAGUÁ E DE POVOS DO SUDÃO DO SUL
ILUSTRAÇÕES DE LAERTE SILVINO
DEDICATÓRIA
Dedicamos este livro, formado por brincadeiras de culturas diferentes, mas ao mesmo tempo tão próximas de nós, para todas as crianças do nosso imenso e diversificado país.
NOTA DOS AUTORES
Conhecemo-nos há bastante tempo, viajando e palestrando em escolas, universidades, congressos e feiras de livros por todo o Brasil.
As culturas indígenas e africanas, dois dos pilares fundamentais no tripé da formação multicultural do povo brasileiro, são temas frequentes em nossas obras. Portanto, orgulhosos de nossas raízes, defendemos uma sociedade despida de preconceitos e estereótipos.
Entendemos que todo ser humano, independentemente da cor de sua pele, etnia, idioma ou costumes, deve ter seus direitos respeitados. Esperamos que nossos leitores, conhecendo e compartilhando brincadeiras de culturas tão próximas e ao mesmo tempo tão distantes, aprendam a se reconhecer melhor.
RogéRio e YaguaRê
Nyan, uma menina sudanesa de 12 anos que veio como refugiada para o Brasil com os pais e irmãos, estuda numa escola pública da cidade de São Paulo.
Seu melhor amigo é um menino indígena, da nação Maraguá, chamado Guaripé, que migrou com sua família também para a capital paulista.
Além da amizade à primeira vista, eles tinham duas coisas em comum: sentiam saudade da terra onde passaram os primeiros anos da infância e sentiam-se deslocados na enorme metrópole.
As duas crianças, aos poucos, foram se integrando e sendo aceitas pelos colegas, que, no começo do ano letivo, zombavam e mexiam com elas.
– Eu não sou índio. Sou indígena da nação Maraguá! – bradava Guaripé, reafirmando sua identidade. – Meus ancestrais, assim como os Guaranis, Yanomamis, Mundurukus, Kaiapós, Ticunas, Xavantes, Pataxós e demais etnias, espalhavam-se pelo Brasil inteiro muito antes da chegada dos primeiros colonizadores europeus.
Nyan, por sua vez, não deixava por menos quando lhe chamavam simplesmente de africaninha: – A África não é um país. É um continente onde convivem vários povos. Só no Sudão do Sul, onde nasci, existem várias etnias: Dinka, Nuer, Acholi, Latuko, Zande, Jur... Cada uma delas com seus próprios costumes e idiomas – ensinava a garota. – Eu, por exemplo, sou Shilluk.
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O melhor mesmo, depois que Nyan e Guaripé passaram a ser respeitados pelos companheiros de estudos, foi quando a professora pediu para que eles ensinassem brincadeiras típicas de suas culturas para a turma.
– Tenho certeza de que os alunos vão gostar de aprender brincadeiras indígenas e africanas – incentivou a mestra.
Nyan e Guaripé toparam o desafio na mesma hora. Durante dias, com a colaboração dos pais, selecionaram e desenharam, com as respectivas regras, doze jogos.
Confira! Temos certeza de que você, leitor, irá gostar e se divertir bastante também, já que essas brincadeiras são bem fáceis de praticar em qualquer espaço ao ar livre.
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Sudão do Sul
O LEÃO E AS OVELHAS
Em uma das inúmeras
brincadeiras das crianças pertencentes à etnia Shilluk, um bando de meninos fica de joelhos atrás de uma linha traçada no terreno, apoiando os pés e as mãos no chão, como se fossem um bando de ovelhas.
Logo à frente delas, na mesma posição, e a uma determinada distância, fica o companheiro sorteado para ser Jelbek, o leão.
Assim que o jogo inicia, o que finge ser o rei das savanas avança lentamente, procurando imitar da melhor forma possível, o andar compassado da fera, ao mesmo tempo em que ruge:
– Roaaar! Roaaar!
Uma das crianças do grupo das ovelhas, escolhida previamente para ser a líder de sua equipe, põe-se à frente das demais, tentando bloquear a passagem do feroz felino.
As outras ovelhas, por sua vez, ocultam-se atrás de seu protetor, recuando pra cá e pra lá, enquanto o pega-pega durar.
Observação: o líder das ovelhas é o único que não pode ser capturado.
Os que forem pegos por Jelbek, logicamente, vão sendo eliminados da brincadeira, até restar apenas um dos competidores.
Este, então, será o próximo leão.
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