Músicos e cantores convidados
Marina Pittier Tsezanas é cantora, integrante e fundadora do Grupo Triii. Gravou com artistas como Luiz Tatit, Antônio Nóbrega e Lígia Hortélio. Foi integrante da banda de apoio da Palavra Cantada, tocou com os grupos Barbatuques, Batuntã e Zabumbau. É coautora das coleções de livros Histórias Que Cantam, do Grupo Triii, e Brincadeiras Musicais, da Palavra Cantada (Editora Melhoramentos).
Julia Pittier é mestre em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). Toca percussão no grupo Batuntã desde 1999 e integra a banda de apoio da Palavra Cantada desde 2005. Já tocou com os grupos Barbatuques e Zabumbau e participou como vocalista nos CDs e apresentações de Antônio Nóbrega. Como educadora musical, trabalha em projetos sociais e ministra oficinas e cursos de musicalização infantil. É coautora da coleção Brincadeiras Musicais, da Palavra Cantada (Editora Melhoramentos).
Mônica Olivetti trabalha com música há 25 anos. É formada em Música
Popular pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Com o Grupo Vocal Arirê, lançou dois CDs. Atuou como cantora e arranjadora em diversos projetos artísticos de teatro e música. Desde 2000, trabalha como professora de música na Escola Municipal de Iniciação Artística (EMIA).
Ari Colares é músico e educador especializado em percussão e ritmos brasileiros. Atua no Brasil e no exterior, lecionando e tocando com importantes nomes da música, como Egberto Gismonti, Mônica Salmaso e Zizi Possi. Entre os diversos projetos de que participa com o pianista Benjamim Taubkin, destacam-se Clareira e Al Qantara. Faz parte, com Lui Coimbra, do trio do percussionista Naná Vasconcelos, num trabalho voltado para crianças. Toca também com a pianista Heloisa Fernandes, com o grupo A Barca e com o compositor e violonista Chico Saraiva.
Dá aulas desde 1993 na Tom Jobim – Escola de Música do Estado de São Paulo (Emesp), antiga Universidade Livre de Música, onde coordena os cursos de percussão e bateria.
Jonas Tatit é músico, compositor, arranjador e diretor musical. Em seu estúdio, compõe trilhas sonoras para publicidade, cinema, desenho animado, peças de teatro e dança. Seu instrumento é o violão. É formado em Música pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Para os Pequenos terceiro livro da coleção Brinco e Canto, é, além de especial, muito necessário! Digo isso porque o trabalho se dedica aos bebês e às crianças menores.
Marcada pelo fortalecimento de vínculos com o viver, em suas muitas instâncias, a primeira infância tem no brincar um essencial e efetivo aliado. Os laços afetivos que se firmam com os pais e demais familiares, com os cuidadores e professores, bem como com as outras crianças, são permeados pela alegria e pelo encantamento do jogo, da brincadeira, em suas tantas possibilidades. E no brincar a infância tece tramas que geram descobertas, conquistas, conhecimentos e, principalmente, felicidade!
O rico acervo da cultura tradicional infantil é, sem dúvida, parte significativa do brincar, especialmente na primeira infância. As parlendas, os brincos, as rodas, as cantigas de ninar, entre outras possibilidades, são modos musicais que envolvem e encantam os bebês e as crianças. E o Brasil, com sua rica e diversa tradição cultural, brinda-nos com um vasto e rico repertório de brincadeiras e jogos musicais que precisamos não apenas recuperar, mas também valorizar e reinventar!
Por tudo isso, a cuidadosa pesquisa das autoras neste livro com canções e vídeos torna-se um grato presente! À beleza do livro, com os bordados da Ana Tatit, soma-se a riqueza das canções, trazendo as vozes de Marina Pittier, Mônica Olivetti, Julia Pittier e três crianças. Por sua vez, o grupo Pererê deu vida aos vídeos, compartilhando jogos e brincadeiras, que poderemos curtir, brincar e ensinar aos nossos filhos, netos, sobrinhos, alunos, educadores e, enfim, a quem quiser mergulhar no jogo!
As mudanças nos modos de viver e conviver, especialmente nos grandes centros urbanos, provocaram (e seguem provocando) certo distanciamento das brincadeiras tradicionais da infância e até dos acalantos que tanto encantam e sensibilizam os bebês. Mas brincar, cantar, movimentar-se, escutar... é muito importante! Por tudo isso, e muito mais, a produção deste trabalho deve ser saudada!
de Brito é educadora musical, criadora da Teca Oficina de Música e professora do Departamento de Música da Universidade de São Paulo (USP).
ANA TATIT E MARISTELA LOUREIRO COM AS MENINAS HELENA, YUMI E LÚCIA
MARISTELA LOUREIRO E ANA TATIT
As autoras
Maristela Loureiro é mestre em Música pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (IA-Unesp), campus de São Paulo. Especialista em Capacitação Docente em Música Brasileira (Universidade Anhembi-Morumbi). Professora do curso de pós-graduação em Linguagens Artísticas Contemporâneas: Ensino/Aprendizagem, da Faculdade Santa Marcelina (FASM-SP). Professora nos cursos de licenciatura e bacharelado em Música, supervisora de estágio de docência, professora de Flauta Doce, Prática de Ensino e Estruturação Musical da FASM-SP. Professora de Flauta Doce, Percepção e Musicalização na Escola Municipal de Iniciação Artística (EMIA-SP). Atua nas redes municipal, estadual e particular, na formação de professores de música do ensino fundamental e infantil. Participa como flautista de grupos de música de câmara e é autora dos livros Brincadeiras Cantadas de Cá e de Lá e Desafios Musicais, em parceria com Ana Tatit.
Ana Tatit é mestre em Artes Plásticas pela Faculdade Santa Marcelina (FASM-SP) e tem licenciatura em Artes Plásticas pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP). Professora de graduação e de pós-graduação em Linguagens Artísticas Contemporâneas: Ensino/Aprendizagem da FASM-SP. Ministra aulas na Faculdade de Pedagogia do Instituto Superior de Educação de São Paulo – Singularidades. Trabalhou com crianças e jovens na Escola Municipal de Iniciação Artística EMIA-SP). Atuou no Programa Escola Que Vale, nos estados do Pará, de Minas Gerais, do Maranhão e do Espírito Santo, desenvolvendo oficinas de arte para supervisores, diretores, professores e crianças. Participou de exposições no Paço das Artes, no MAC-Ibirapuera, entre outras. Recebeu o Prêmio Aquisição no XV Salão de Arte Contemporânea na Casa de Cultura de Ribeirão Preto (SP). É autora do livro 300 Propostas de Artes Visuais em parceria com Maria Silvia Machado, e dos livros Brincadeiras Cantadas de Cá e de Lá e Desafios Musicais com Maristela Loureiro. Sobre o Grupo Pererê, que participou dos vídeos Nasceu com o projeto Contando e Cantando Histórias, que foi indicado ao Prêmio da Música Brasileira de 2009, na categoria especial Disco Infantil, e em 2010 foi contemplado pelo Programa de Ação Cultural da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo (ProAc), que viabilizou a circulação do projeto por diversas cidades do interior e litoral do Estado de São Paulo. Desde então, o Grupo Pererê se dedica a projetos voltados ao público infantil unindo música, teatro e narrativas para apresentar diferentes manifestações culturais brasileiras, como ritmos, instrumentos, cantos, crenças e crendices.
ISBN 978-85-06-08778-7
PITTIER
BRINCO E CANTO INCLUI MÚSICAS E VÍDEOS COM O GRUPO PERERÊ E MARINA
PARA OUVIR E BRINCAR
MARISTELA LOUREIRO E ANA TATIT PARA OS PEQUENOS
Teca Alencar
ARI COLARES MÔNICA OLIVETTI JONAS TATIT GRUPO PERERÊ
JULIA PITTIER MARINA PITTIER
BRINCO E CANTO
MARISTELA LOUREIRO E ANA TATIT
À Lia que nina.
À Nina que lia.
Para os meus pequenos grandes sobrinhos
Jonas, Lua, Didi, Tati, Taís, Bel e Luiza, com quem brinco e canto sempre.
(Ana Tatit)
Aos meus queridos sobrinhos Fernanda, Fábio, Ana Carolina, Camila, Carina, Henrique, Daniel, Rúbia e Caio. Aos meus sobrinhos netos
Eduardo, João Miguel, Guilherme e Laura, fontes de inspiração eterna.
(Maristela Loureiro)
PREFÁCIO 6 AP RESENTAÇÃO 7 BIC HOS PAPAGAIO DA PENA VERDE 14 M EU GALINHO 16 E H! SABIÁ 18 Z UM-ZUM-ZUM / PEIXE VIVO 20 BOI BARROSO 22 PIRIQUITO 24 U M, DOIS, FEIJÃO COM ARROZ / U M, DOIS, TRÊS, SACOS DE FARINHA / A DANÇA DA FORMIGA 26 CANTA UM CANTO SE ESSA RUA FOSSE MINHA 30 PÃO, PÃO, PÃO 31 SÃO JOÃO TARARÃO 32 SEU PINTOR / PINTOR DE JUNDIAÍ 34 TUTU-MARAMBÁ 36 MURUCUTUTU 38 SENHORA SANTANA / SANTA LUZIA 40 Sumário
BRINCA PIÁ A C ARROCINHA 44 MACHADINHA 46 TUMBALACATUMBA 48 MAN DO TIRO, TIRO LÁ 50 E U SOU POBRE 52 LÁ NA PONTE DA VINHAÇA / PASSA, PASSA, GAVIÃO 54 QUE É DA MARGARIDA? 56 ONDE ESTÁ A MARGARIDA? 58 DE ABÓBORA FAZ MELÃO 60 E RA MEIA-NOITE / CUNDUM ZERERÊ 62 O SACI 63 BRI NCADEIRINHAS POM, POM, POM 66 C INCO MACAQUINHOS 68 P EZICO E PEZACO 70 A IGREJINHA 72 C ADÊ O TOICINHO QUE ESTAVA AQUI? 74 GIGI NO E GIGIETTO 76 C AVALINHO DE PAU 78 TIM-TIM O LALÁ 80 L AGARTA PINTADA 82 BELILISCO 84 VAMOS PASSEAR? 86 AGRADECIMENTOS 88 R EFERÊNCIAS 88
6 | 7 Para os pequenos
Prefácio
As crianças fazem sentido do mundo, constroem vínculos afetivos, apropriam-se da cultura e a recriam... Humanizam-se brincando.
Nesse processo, o corpo expressivo, o corpo linguagem, tem papel principal enquanto anteparo do pensamento e da emoção que se estruturam no exercício do brincar (que é a imaginação em ação) a serviço da significação da vida. Esse “pensamento em ação” se constitui na mediação com linguagens expressivas, pois a criança pensa na ação exercida na materialidade do mundo dos ritmos, sons, movimentos, gestos, palavras, texturas, temperaturas, formas, cores, cheiros, sabores... Nesse sentido, a arte e a estética se apresentam como áreas fundamentais da educação na infância.
A coleção Brinco e Canto representa importante contribuição para todos aqueles que se preocupam com a qualidade do repertório artístico-cultural oferecido às crianças brasileiras, matéria-prima para a construção de subjetividades sensíveis e fortes e da cidadania cultural. O sucesso dos volumes Brincadeiras Cantadas de Cá e de Lá e Desafios Musicais é agora seguido do lançamento deste precioso Para os Pequenos, dedicado à primeira infância.
Consta de uma seleção cuidadosamente escolhida de brincadeiras de dedos e mãos, canções de ninar, de brincar, de bichos, brincadeiras de roda, de jogar versos, de mímica, de desafios, entre outras. Todas elas muito próximas do universo infantil e enraizadas na cultura brasileira. Possibilitam e enriquecem as interações das crianças com seus pares e com o adulto de forma lúdica, afetuosa e repleta de significado, caminho promissor e efetivo no processo de iniciação cultural. Ana e Maristela deixam importante legado para a educação na infância, fruto de uma experiência de vida inteira. As crianças agradecem!
Marina Célia Moraes Dias (professora doutora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo – USP)
Apresentação
Esta coleção nasceu do encontro de duas amigas educadoras que trabalham com artes visuais e música, adoram crianças e nunca deixaram de brincar. La, la, la, la, la, la!
O encontro entre as artistas/educadoras
Ana Tatit e Maristela Loureiro levaram para a sala de aula a memória da infância e de uma pesquisa contínua de repertório de brincadeiras que foram compartilhadas em suas aulas com crianças. E elas puderam realizar tudo que imaginaram estar contido no lúdico, na música, nas artes visuais, na brincadeira, na fantasia, na alegria, na imaginação, na criação, no respeito e na expressão.
Ana e Maristela trabalharam juntas, com crianças, por muitos anos, unindo as artes visuais e a música em um todo harmonioso. Paralelamente à dedicação ao público infantil, transmitiram suas práticas aos jovens universitários e aos professores de educação infantil e do ensino fundamental, em diversas localidades do país. Dessa experiência brotou uma forte vontade de fazer a paixão pela arte e pela educação contagiar um universo mais amplo de educadores. A melhor forma para a divulgação de suas experiências foi, segundo Ana e Maristela, escrever a coleção Brinco e Canto.
O desejo de transmitir
O projeto começou com a busca por canções brincantes, bonitas e menos conhecidas do cancioneiro popular, com o objetivo de oferecer um vasto repertório a crianças, jovens, adultos, pais, educadores, conhecidos, desconhecidos e amigos.
A coleção Brinco e Canto
Esta ampla pesquisa originou uma coleção de quatro volumes, cada um deles contemplando algumas modalidades de brincadeiras cantadas. As autoras acreditam que essa organização não impede, de maneira alguma, que o educador lance mão dos quatro volumes, cabendo a ele as adequações a cada faixa etária trabalhada. O agrupamento por modalidades refere-se à característica básica da brincadeira; por exemplo, brincadeiras acumulativas, cânones, desafios rítmicos e melódicos, quodlibet – combinação de melodias populares cantadas simultaneamente, canções que falam de animais, de medo, canções de ninar, de festas e danças brasileiras.
Todo o repertório dos quatro volumes foi cuidadosamente recolhido da vivência das autoras no que se refere à memória da infância, nas aulas realizadas em diferentes regiões e no convívio com outros educadores que trabalham com a cultura popular. Um dos critérios de escolha foi o de que todas as canções estivessem associadas a uma brincadeira. Outro critério consistiu em apresentar belas canções do universo infantil menos conhecidas do público em geral. A organização das páginas desta coleção segue um padrão: letra da canção; tradução livre de canções estrangeiras; “Como brincar”; “Um toque a mais” (quando há alguma informação ou curiosidade sobre a letra da canção); e partitura. Como na capa, cada capítulo é apresentado com um delicado bordado, feito à mão, especialmente criado por Ana Tatit para ilustrar esta coleção.
Cada um dos volumes da coleção Brinco e Canto vem acompanhado de QR-codes e links para as músicas e vídeos das brincadeiras, gravados por músicos e brincantes profissionais da área. As brincadeiras escolhidas para os vídeos foram aquelas cuja explicação de como brincar é mais complexa e, portanto, mais difícil de ser entendida só com a leitura do texto explicativo. Para acessar o conteúdo do QR-code, utilize a câmera do seu celular ou faça o download de um aplicativo leitor de QR-code na loja de aplicativos do seu smartphone.
8 | 9 Para os pequenos
Por que me encanto quando brinco e canto?
Preservar as canções tradicionais orais e de raiz é buscar nossa identidade cultural e estar em sintonia com o país em que vivemos. Pertencemos a uma cultura miscigenada, com influências europeia, africana e indígena. Dessa cultura híbrida adquirimos uma originalidade que nos é própria e se expressa em nosso cancioneiro popular.
Conhecer a própria cultura é, simbolicamente, uma “vitamina” na formação de um indivíduo que busca sua identidade cultural. Do mesmo modo, conhecer as músicas da tradição de outros países é reconhecer a força que emana dessa tradição. Portanto escutar e cantar as canções de outras culturas e brincar com elas pode levar à compreensão e ao respeito pelas diferenças culturais existentes entre os povos.
As canções tradicionais estão repletas de simbolismos e de entusiasmo. Expressam a força da história advinda de expressões espontâneas da oralidade que foram transmutadas e adicionadas às narrativas e melodias do cancioneiro popular e erudito, numa mistura do passado com a atualidade. Essas cantigas não estão limitadas a nenhuma faixa etária; todos brincam, independentemente da idade. A ludicidade presente nessas canções une as diferentes fases do desenvolvimento humano e traz ao grupo o humor, a alegria.
A criança comunica-se principalmente por meio do corpo e, cantando e brincando, ela é seu próprio instrumento. As brincadeiras e os jogos são repletos de informações e ampliam as competências do ser humano tanto em sua feição coletiva como na individual. Saber representar diversos papéis (ora sou o bom, ora sou o mau, ora sou o personagem principal, ora o secundário, ora consigo realizar o desafio rítmico e motor, ora não) proporciona ao ser humano uma compreensão de sua inteireza. Os brinquedos com música fazem parte do universo infantil. Neles estão inseridos os segredos da infância, da tradição popular. É nos brinquedos e jogos que
10 | 11 Para os pequenos
a criança aprende os primeiros preceitos da vida, movimenta seus músculos (respira, caminha, salta, corre, adquirindo assim um grande desenvolvimento rítmico), desenvolve a imaginação, a concentração, a improvisação, a flexibilidade e a fluidez de seu pensamento musical.
A voz como instrumento
A voz é o instrumento natural do ser humano. Por isso é importante que seja explorada antes do trabalho com outros instrumentos, que poderá ser desenvolvido posteriormente. A ação de cantar faz parte do dia a dia infantil. A descoberta da voz ajuda a criança no seu autoconhecimento e a conduz ao encontro de um instrumento que lhe pertence e que pode ser utilizado de maneira expressiva e criadora.
Para os Pequenos
Este volume da coleção Brinco e Canto tem quatro capítulos: “Bichos”, “Canta um Canto”, “Brinca Piá” e “Brincadeirinhas”.
No primeiro capítulo, “Bichos”, todas as canções falam de animal, um tema muito recorrente e apreciado pelos pequenos. Foram cuidadosamente escolhidas, dentre tantas canções possíveis, algumas por marcarem profundamente nossa infância e outras, menos conhecidas, por manterem a mesma força e singeleza típicas do repertório do cancioneiro popular, que une letra, música e uma boa dose de alegria, de forma misteriosa, fazendo-as permanecer na história de nossa cultura.
“Canta um Canto” é um capítulo voltado ao prazer de cantar. Cantar sempre, em qualquer lugar, em diversos momentos, sozinho, com amigos, primos, na escola, em casa. Cantar para brincar, cantar para tomar banho, cantar dentro do carro para o tempo passar, cantar para dormir e ouvir canção de ninar. Canções engendradas na infância habitam afetuosamente nossa memória, reavivam o tempo, o lugar, a companhia de um vizinho, o gosto do doce, o cheiro da poeira.
No capítulo “Brinca Piá”, apresentamos brincadeiras de roda, brincadeiras em fileiras com perguntas e respostas, brincadeiras “de dar medinho”, de jogar versos, de memorizar, de representação, de mímica e brincadeiras com desafios.
E no último capítulo, “Brincadeirinhas”, a delicadeza dos gestos das mãos e dos dedinhos canta e conta pequenas histórias que naturalmente despertam o imaginário infantil. A criança sente a sintonia entre a canção e os gestos das mãos de quem conta a história e tenta repetir esse movimento, pedindo que a brincadeira se repita infinitas vezes – “de novo”. As brincadeirinhas garantem o contato afetivo, carinhoso, acolhedor e lúdico do adulto com a criança, essencial para seu bem-estar.
As brincadeiras cantadas apresentadas neste livro “... podem ser comparadas a baús que guardam diferentes tesouros”, tomando emprestadas as delicadas palavras de Marina Célia Dias.“... De mãos dadas no círculo, ou dentro dele, as crianças têm a oportunidade de exercitar sua desenvoltura, de compartilhar alegria, afeto e aprovação dos amigos, também têm a possibilidade de se projetar no grupo. Brincando, elas desenvolvem sua capacidade de socialização, de pensar junto, descentrar, cooperar.”
Bichos
14 | 15 Para os pequenos Bichos
Papagaio da pena verde
[DANÇA CANA-VERDE*]
Papagaio da pena verde,
Da janela da cozinha, (bis)
Ou leva carta ou traz carta
Pro namorado da Mariquinha. (bis)
Eu plantei caninha verde
Com dois palmos de fundura, (bis)
Mas, quando foi no outro dia,
Já chupei cana madura. (bis)
DVD
bit.ly/pequenos02 Ouça a canção
Como brincar
As crianças formam duas rodas, uma dentro da outra, e giram em sentidos opostos enquanto cantam o verso “Papagaio da pena verde, da janela da cozinha”. Na parte da canção que diz “ou leva carta ou traz carta pro namorado da Mariquinha”, as crianças param uma em frente à outra, dão os braços e giram. Em seguida elas soltam os braços, e a roda volta a girar nos versos “Eu plantei caninha verde com dois palmos de fundura”; novamente a roda para e, em pares, as crianças giram cantando “mas, quando foi no outro dia, já chupei cana madura”.
Um toque a mais
Cana-verde: é uma dança de origem portuguesa, dançada em pares, popular em vários estados brasileiros, onde adquiriu formas locais, produzindo variantes da original.
*
16 | 17 Para os pequenos Bichos
Meu galinho
Faz três noites que eu não durmo, olalá!
Pois perdi o meu galinho, olalá!
Coitadinho, olalá!
Pobrezinho, olalá!
Eu perdi no meu jardim.
Ele é branco e amarelo, olalá!
Tem a crista vermelhinha, olalá!
Bate as asas, lalá! Abre o bico, olalá!
Ele faz qui-ri-qui-qui.
Já rodei em Mato Grosso, olalá!
Amazonas e Pará, olalá!
Encontrei, olalá, meu galinho, olalá!
No sertão do Ceará.
bit.ly/pequenos03 Ouça a canção
Como brincar
Antes de iniciar o canto, pode ser contada às crianças a história do galinho, com imaginação e aproveitando as imagens que aparecem na canção. A história vai sendo criada com a participação dos pequenos. Por exemplo: “Era uma vez um galinho branco e amarelo, com uma crista bem vermelha, que morava com sua companheira, a galinha ruiva, e um monte de pintinhos de várias cores, num jardim cheio de flores, árvores e outros bichinhos também...”. Pode-se mostrar ainda um mapa para ilustrar os lugares onde o galinho foi procurado e onde foi encontrado.
Depois dessa introdução, todos cantam a música várias vezes e em seguida pode-se propor algumas dinâmicas. Há muitas possibilidades. Uma delas, por exemplo, é dividir o grupo em dois; o primeiro canta “Faz três noites que eu não durmo”, e o segundo responde “olalá!”. Em seguida o primeiro volta a cantar “Pois perdi o meu galinho”, e o outro grupo responde “olalá”; depois todos cantam juntos “Coitadinho, olalá! Pobrezinho, olalá!”, e o primeiro grupo canta sozinho “Eu perdi no meu jardim”. O mesmo procedimento poderá ser feito nas outras duas estrofes; depois os grupos podem ser trocados.
18 | 19 Para os pequenos
Eh! Sabiá
Eh! Sabiá, Seresteira do meu sertão.
Chupa a laranja do pé, sabiá. Joga as casquinhas no chão. (bis)
DVD
bit.ly/pequenos04 Ouça a canção
Bichos
Como brincar
Nesta música o canto vai sendo modulado*, ou seja, a tonalidade sobe a cada repetição. É interessante cantar com as crianças acompanhando a música da canção, para aguçar a percepção auditiva.
Forma-se uma fila e brinca-se inventando caminhos e gestos enquanto se canta a canção. Criam-se dinâmicas variadas, como andar, correr, “voar”, explorando os planos, o espaço e os movimentos. A criança que estiver no primeiro lugar da fila inventa os movimentos para os demais copiarem; cada vez que termina a canção, outra criança assume o comando da brincadeira.
Um toque a mais
Modular: processo usado para modificar a tonalidade de uma música ou de parte dela.
*
Zum-zum-zum / Peixe vivo
Zum-zum-zum, lá no meio do mar, Zum-zum-zum, lá no meio do mar.
O meu barco é veleiro, Não para de navegar.
O Nonô é o timoneiro, Zum-zum-zum, lá no meio do mar.
Como pode um peixe vivo
Viver fora d’água fria? (bis)
Como poderei viver (bis)
Sem a tua, sem a tua, Sem a tua companhia? (bis)
Como brincar
Zum-zum-zum, lá no meio do mar, Zum-zum-zum, lá no meio do mar.
O meu barco é veleiro, Não para de navegar.
O Nonô é o timoneiro, Zum-zum-zum, lá no meio do mar.
Os pastores dessa aldeia
Rezam preces noite e dia. (bis)
Como poderei viver (bis)
Sem a tua, sem a tua, Sem a tua companhia? (bis)
A junção das canções “Zum-zum-zum” e “Peixe vivo” evoca dois ambientes sonoros distintos que podem ser aproveitados para a criação de um arranjo instrumental com as crianças para acompanhar o canto. A construção de instrumentos simples é uma atividade bastante interessante e enriquecedora.
Para a primeira canção, que é cantada de forma lenta, calma como as ondas do mar, que vão e voltam, pode ser confeccionado um objeto sonoro conhecido como ocean drum* (tambor do oceano). Pinta-se por dentro, com motivos marítimos, uma tampa de caixa de pizza. Depois de seca, colocam-se nela grãos de arroz ou areia e ela então é coberta com um plástico bem esticado, tipo papel-filme; prende-se esse plástico ao redor da tampa com fita adesiva. Ao movimentar o objeto, a sonoridade lembrará o barulho das ondas. Para acompanhar a canção “Peixe vivo”, podem ser confeccionados maracás* com garrafinhas plásticas, como as de água e de refrigerante, ou potinhos de leite fermentado e um cabo de vassoura de 20 centímetros. Colocam-se dentro da embalagem, lavada e seca, grãos variados, sementes, arroz, areia etc. Encaixa-se o cabo de vassoura no gargalo da garrafinha e fixa-se esse cabo com fita adesiva. Seu maracá está montado. Ele pode ser
bit.ly/pequenos05 Ouça a canção 20
| 21 Para os pequenos Bichos
pintado com tinta acrílica ou decorado com recortes de papéis coloridos, como o de seda ou o papel-espelho. Depois de prontos, faz-se uma roda para uma experimentação sonora dos dois instrumentos. Junto com as crianças, defina dois grupos: um de sons mais graves e outro de sons mais agudos.
Agora crie um arranjo para acompanhar o canto. Por exemplo: todos juntos tocam os ocean drums, movimentando-os levemente para reproduzir as ondas do mar, sempre na parte da canção que diz “Zum-zum-zum, lá no meio do mar”. Quando começa a canção “Peixe vivo”, o grupo dos maracás com os sons mais graves toca na frase “Como pode um peixe vivo viver fora d’água fria”, e o grupo dos sons mais agudos toca no bis. Antes de começar a cantar o trecho que diz “Como poderei viver”, todos param de tocar. O grupo dos sons graves volta a tocar acompanhando a parte “sem a tua, sem a tua, sem a tua companhia”, e o grupo dos sons agudos faz o bis. Essa estrutura pode ser seguida até o final da canção.
Um toque a mais
Ocean drum: instrumento musical de percussão que pode produzir sons semelhantes às ondas quebrando na praia. Maracá ou maraca: tipo de chocalho de origem indígena, geralmente feito de cabaça, contendo em seu interior sementes ou pedras. Muito utilizado, principalmente na América do Sul.
*