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Ricardo M. Corrêa
Adoração e Família Como construir o hábito da adoração na família
São Paulo, 2014
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Copyright © 2014 by Ricardo M. Corrêa
Coordenação editorial
Letícia Teófilo
Diagramação Claudio Tito Braghini Junior Capa Monalisa Morato Preparação Patrícia Murari Revisão Fabrícia Romaniv Rinaldo Milesi
Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (Decreto Legislativo no 54, de 1995)
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Corrêa, Ricardo Marcos Adoração e família : como construir o hábito da adoração na família / Ricardo Marcos Corrêa. -- São Paulo : Ágape, 2014. 1. Família - Vida religiosa I. Título.
14-09275
CDD-248.4
Índices para catálogo sistemático: 1. Família : Prática religiosa : Cristianismo 248.4
2014
Impresso no Brasil Printed in Brazil Direitos cedidos para esta edição à
EDITORA ÁGAPE
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Tel. (11) 3677-7107 – Fax (11) 3699-7323 www.agape.com.br
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Sumário
Prefácio........................................................................9 Apresentação.............................................................15 Capítulo 1 - Visão de adoração.................................21 Capítulo 2 - Visão de família.....................................31 Capítulo 3 - Transformação da mente familiar.........42 Capítulo 4 - A cura para a religiosidade....................54 Capítulo 5 - Quem rouba a adoração da família?.................................................................66 Capítulo 6 - Faça o que eu faço!...............................77 Capítulo 7 - Primeiro “Ser” depois “Fazer”...............89 Capítulo 8 - A adoração cura as mágoas familiares.....100
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Capítulo 9 - Adoração corrige os valores familiares.................................................................111 Capítulo 10 - Adorando de coração........................122 Capítulo 11 - A nossa casa é o altar de Deus..........133 Capítulo 12 - A quem é destinada a adoração da família?...............................................................144 Capítulo 13 - O poder e a influência da esposa na adoração no lar...................................................155 Capítulo 14 - O poder e a influência dos filhos na adoração no lar...................................................168 Capítulo 15 - O poder e a influência do marido na adoração no lar...................................................179 Capítulo 16 - Vencendo as barreiras que te impedem de adorar em família................................191 Capítulo 17 - Estabeleça intimidade na adoração em família................................................202 Capítulo 18 - Adoração, temperamentos e família......213 Capítulo 19 - Antes de tudo, crescer em adoração......225 Capítulo 20 - Benefícios da adoração em família.....236 Capítulo 21 - Diretrizes para a adoração em família................................................................244 Referências Bibliográficas Gerais............................253
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Dedico
À minha preciosa família. Ela é, sem sombra de
dúvidas, o melhor desta vida.
À esposa maravilhosa e amada, Dayse, que é tam-
bém meu amor, força, inspiração e equilíbrio.
Aos meus filhos e tesouros, Arthur e Ruth, que
são minha alegria, realização e motivação. Nada seria
possível sem que eles me mostrassem e me ensinassem a forma como o Pai de todas as famílias cuida de mim.
Agradeço a Deus por tudo o que ricamente recebi. As famílias que farão parte desta onda histórica
de adoradores verdadeiros e que influenciarão outras a se renderem àquele que é a razão de tudo, Jesus Cristo.
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Prefácio
Não dá pra escrever nem mesmo desenhar. São
muitos abraços, muitas risadas, muitas lágrimas, mui-
tas verdades, muitos beijos que constituem nosso re-
lacionamento familiar. A palavra ‘família’ pode ser facilmente traduzida por ‘louvor’. A família não é só um
projeto de Deus, disso todos sabem. A família é um lou-
vor que ecoa no coração de Papai e, cá entre nós, esta é a música que Ele mais gosta de ouvir. E toda vez que
Papai saca o violão, senta no sofá e começa a dedilhá-lo, o som é claro: FAMÍLIA!
As reuniões (refeições) só começam quando todos
estão posicionados em suas cadeiras. Os assuntos mais variados e engraçados partem de pequenas perguntas
como: “Como foi o seu dia?”, “Como foi na escola?”, 9
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“Quer ajuda naquela matéria da escola?” ou, ainda, “Que tal um rolê neste final de semana?”.
Se família é um louvor, minha casa é um violão
e eu sou uma das cordas. Houve dias em que eu fui a corda que arrebentou e machucou a mão do Músico, e
as outras cordas não puderam continuar sem mim. Eu já fiz a música ficar tenebrosa, tensa, melancólica. Os ouvidos do músico ouviram a música fúnebre que eu já
fiz minha casa tocar. O louvor cessou depois disso, mas após alguns ajustes a música prosseguiu.
Jamais conseguiria sozinho, o Músico me ajudou
muito, e as outras cordas foram essenciais. Eu tive excelentes padrões de cordas: firmes, boas, flexíveis e que vi-
bravam conforme a vontade do Músico. Cada corda, até a menor e mais nova do que eu, colaborou. E conforme
eu sofria os ajustes, as outras cordas, por si só, sussurravam pequenas vibrações carregadas de amor, e isso fez toda a diferença. Que coisa boa é ter amigos “família”
para irem conosco ao longe da estrada! Já tivemos dias em que a música era tão boa, harmoniosa e contagiante que alcançou os amigos, a vizinhança, a cidade. E ecoou
nos céus, arrancando um grande sorriso de satisfação da boca de Papai. Conectou os céus e a terra!
Aprendi com minha família que bom humor é
um poder! Confesso, este é um poder que adquiri com o passar do tempo. E olhando por este ângulo, minha casa é colossal e poderosíssima! Sou grato a Deus por ter uma família como a minha. Escrevo isso com lágri10
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mas engatilhadas nos cantos de meus olhos. O dom de sonhar escorre das paredes da minha casa. É sonho pra dar e vender, e existem aqueles trancados a sete cha-
ves, ou mais, perdi as contas... Sonhar com uma grande
casa, com carro na garagem, piscina grande, um estúdio
para o músico da casa, uma biblioteca para as crianças, um escritório para mamãe e uma churrasqueira para a galera não é errado. Mas eu sei que riqueza nenhu-
ma substituirá o tesouro que nós temos. O tesouro de
termos uns aos outros! Como é bom ter ao meu lado corações que se ajustam ao meu!
Salomão teve um enorme, lindo e rico palácio.
No final de sua vida, chegou à conclusão de que tudo
é ilusão, vaidade e aflição de espírito. Por que será? Talvez porque tudo o que ele precisava era de uma
família, e não de mil mulheres. Ou seja, o maior dos tesouros nós já possuímos: a família e o Reino. O resto nos será acrescentado!
Mais uma vez escrevo. Sou grato a Deus por sua
infinita misericórdia e inexplicável amor! Obrigado Senhor Jesus por esse presente especial que Você me deu!
Eu amo a minha família, demais! A família não é resultado de nossos esforços, é dom de Deus! (Efésios 2.1-9) E como disse meu Amigo Jesus: “Conhecemos a árvore pelos frutos que ela dá” (Lucas 6.43-45). Pois bem, eis
aqui em suas mãos um dos frutos de nossa família. Esteja aberto e receptivo para deixar Deus tirar o som e a harmonia que há em você. Deixe-se ser tocado! 11
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Arthur Barbosa Corrêa (Filho do autor -17 anos) Tem uma história que o meu pai me contou que
nunca mais esqueci. Aconteceu quando ele era peque-
no, com cerca de seis anos. Ele foi brincar com seus irmãos de esconde-esconde lá no quartos dos fundos da casa dele. Nesse quarto tinha uma mesa velha de
ponta-cabeça; entre as quatro pernas da mesa tinha um prego enferrujado com a ponta para cima. No meio da brincadeira ele rasgou o pé no prego e foi uma confu-
são daquelas. Mas essa história é muito parecida com muitas outras que ouvimos dos pais de outras crianças... Elas marcam a gente. Eu tenho uma especial para
contar! É sobre a forma que o meu pai me influenciou na vida espiritual. Quando pequena, meu pai sempre
orava antes de dormir e também lia a minha Bíblia. Isso era todos os dias. Ele contava histórias engraçadas e divertidas me ensinando sobre a Bíblia. Entre tantas coisas que ele falava sobre adoração e família tem esta. É
uma frase que está marcada que ele sempre diz quando
quer me ensinar sobre a fidelidade de Deus em nossas vidas. É a seguinte: “Filha! Jesus alguma vez já te dei-
xou na mão?”. Esta frase o meu pai sempre diz para mim quando eu fico muito ansiosa, com medo de não conseguir algo que eu quero. E isso me acalma, porque Jesus nunca me deixou na mão. De verdade! É desse
jeito, com essa simplicidade, e com essa “FÉ” que meu 12
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pai me ajuda a ter uma vida de adoração em casa e em outros lugares também. Tenho várias outras histórias
sobre a vida de adoração em família, mas esse livro é dele, e não meu. Assim, vou deixar que ele te ajude, igualzinho como ele faz aqui em casa com a gente.
Ruth Barbosa Corrêa (Filha do autor - 13 anos)
A princípio eu imaginava que adoração em famí-
lia era limitada em estarmos ao redor da mesa ou na
sala e cantar alguns cânticos, ler um trecho da Palavra de Deus e fazer uma ‘breve’ oração. Graças a Deus, com o passar dos tempos, Ele foi mostrando que é muito além disso, e Ele usou muito a vida do meu marido, um adorador em excelência, para me ensinar a verdadeira adoração em família.
Aprendi que além da oração, dos cânticos e da
Palavra, havia outras formas de adoração em família. Fui aprendendo que dar o meu melhor tempo para a
minha família é adoração, porque Deus tem a família como um projeto Dele que não pode fracassar. Então,
quando invisto tempo, amor, dedicação e o melhor
que eu tenho para a minha família, estou investindo no projeto de Deus, e esse é um investimento que gera
muitos lucros e benefícios e que ladrão nenhum pode roubar, pois todos os sentimentos e formas de amor 13
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inseridos nessa relação de adoração jamais serão esquecidos e vão prosperar na família que meus filhos vão construir.
O adorador da minha casa nos ensinou que um
simples passeio em família, sentar juntos nas refeições,
compartilhar o dia, seja ele como for, agir com sinceridade quando há algum problema, a alegria e o bom hu-
mor devem ser constantes, porque não vivemos pelas
circunstâncias, mas daquilo que Deus nos prometeu, são princípios fundamentais para a adoração em família.
E assim temos vivido em nosso lar, um pedacinho
do céu, como adoradores que amam a Deus e procuram agradá-lo a todo instante.
Espero que este livro possa acrescentar na sua
vida, na sua família como aprimorar a sua adoração.
Dayse B. Corrêa (Esposa do autor)
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Apresentação
A adoração em família tem sido muito ausente
por causa das atividades sugeridas e, infelizmente, acaba sendo trocada por outros momentos importan-
tes. Ou, às vezes, por negligência, e outras por desconhecimento. Entretanto, em minha opinião, é muito mais provável que as pessoas desistam de praticar a
adoração em família por causa do modelo recomendado, que consiste basicamente em uma roda de pes-
soas seguindo um cronograma. Hoje, as famílias têm pouco tempo para que seus membros possam se reunir, e quando se reúnem, é para seguir um ritual.
Isso desmotiva! No começo pode ser novidade, porém logo se torna monótono e, depois, um encontro
casual e então é interrompido. Esses rituais não têm a ver com nossa identidade. Seremos melhores e verda15
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deiros se fizermos algo de acordo com a nossa iden-
tidade. Quando colocamos a adoração num molde, qualquer que seja ele, ela desvanece. Nós gostamos
de espontaneidade. O brasileiro é assim. Não conseguimos ser metódicos com rituais sem cair na rotina tediosa. Podemos seguir padrões com facilidade
se eles oferecerem descoberta, sentido e desenvolvi-
mento. Contudo, para construir um hábito, é preciso seguir protocolos, os quais têm de ser desenvolvidos
de acordo com nossa brasilidade; se não, fracassare-
mos. Quantas famílias iniciam a adoração familiar, e por tentar seguir o molde da instituição interrompem
e se sentem frustrados e derrotados em uma atividade tão simples. Outro método muito falho é fazer os maridos se sentirem culpados por não fazerem a ado-
ração em família na tentativa de corrigir o pecado da negligência com a mesma. A missão de transformar o
pensamento e capacitar para a mudança o comportamento é do Espírito Santo.
Adoração em família não é apenas se reunir para
orar, ler a Bíblia e cantar hinos! Se você fizer somente isso, muito dificilmente conseguirá transformá-la numa experiência renovadora. Penso que, em cada
cem famílias, apenas uma conseguirá se reunir constantemente para orar, ler a Bíblia e cantar hinos juntos
em casa. Reunir-se apenas para dizer: “Nos reunimos rapidamente para adorarmos juntos, pelo menos uma
vez por semana!”, não acho que isso seja adoração. 16
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Se reunir apenas para não ser censurado, culpado ou negligente? Definitivamente, essa atitude não é o con-
ceito de adoração em família que Deus espera que sua família viva. A adoração deve ser muito além de um
estilo de vida! Ela deve ser uma experiência constante e crescente de relacionamento com Deus. Não tem
limites! Se eu estacionar, há algo de errado, pois Deus tem uma dinâmica que envolve crescimento e aper-
feiçoamento. É lógico que muitas vezes Deus usa a rotina para corrigir hábitos errados, mas se essa roti-
na não imprimir uma nova visão, logo se instalará o
tédio e a frustração. Você pode se reunir com a família para adorar através da oração, da leitura da Bíblia e
do canto de hinos. Mas não é somente isso. É muito mais! Há atividade constante, desafios, descobertas, intimidade, relacionamento, revelação e muito, mas muito movimento! A edificação da adoração no lar
não é uma reunião parecida com a que fazemos na igreja, mas a soma do comportamento de todos os componentes da família. Os filhos que não se inte-
ressam por este momento com a família estão amando outras coisas e não sua família. Não importa se
é criança, adolescente ou jovem. Em qualquer idade
o filho sabe que “amar” é dar importância. Todos os membros da família, quando são crentes, devem ser
motivados e não obrigados. Se há a necessidade da
obrigatoriedade, não é adoração. Não se pode obrigar alguém a adorar a Deus. Os filhos deverão ser condu17
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zidos e motivados, jamais obrigados ou comprados com presentes. Quando a família caminha em adoração, aprende nesta caminhada que adoração é um relacionamento com Deus e aproveita todas as oportunidades para exercitar e crescer na vida espiritual.
Nada disso é feito com cerimônias, ritos ou mecani-
camente. Tudo é feito mediante o compromisso de
viver uma vida de adoração em família, não baseado em repetições automáticas sem compreensão e irre-
fletidas. Para alcançar êxito na adoração no seu lar
será preciso abandonar o conceito de que adoração em família se resume apenas em uma reunião de ora-
ção, leitura e cânticos com os membros da família. As pessoas que se sentem realizadas apenas em reunir
alguns momentos e julgam que isso é o modelo corre-
to, podem continuar sem mudar o que vêm fazendo.
A Bíblia diz que cada um deve servir a Deus como propôs (Romanos 15. 1 - Coríntios 3.13, 4.2, 7.17).
Muitas famílias já vivem a adoração familiar pro-
posta neste livro e são felizes. Outras famílias também estão desfrutando do crescimento e intimidade por vi-
ver uma adoração ampla, além da reunião curta pregada como culto doméstico. Porém, às vezes, sentem-se
culpadas por não estarem dentro do molde do “culto doméstico” piedoso e tradicional. Não há nada de errado com a tradição, ela foi o começo. Agora Deus quer
te levar para outros níveis de intimidade dentro da sua
família de acordo com a sua identidade. Essa adora18
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ção será constante e crescente, e disso eu tenho certeza.
Este livro é recheado de exemplos e de experiências, tenho confiança de que vai ser uma bênção na tua vida e em tua família.
Autor.
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Capítulo 1 Visão de adoração
É corriqueira a ideia de que adoração é cantar, to-
car ou dizer frases de elogios a Deus. Isso é parte da adoração e não resume definitivamente tudo sobre ela. Não creio que seja possível falar tudo sobre adoração
em um livro ou dezenas de livros. Ela, a adoração, é
revelada em partes durante os anos. Embora a Bíblia
ensine claramente sobre este assunto, ele não se esgota em uma leitura superficial da palavra de Deus. Em
uma leitura comum da Bíblia, percebemos os conceitos fundamentais para o início da adoração, mas não o fim
dela. Não há fim, pois ela é parte de Deus. A adoração
revela a pessoa de Deus e por isso não tem um fim. Na
adoração conhecemos mais de Jesus, que é a imagem 21
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de Deus, o elogiamos por seu amor, o amamos por nos amar e manifestamos emoções e pensamentos relacio-
nados a isso. A Bíblia nos fala muito sobre adoração,
mas não tudo. O essencial, mas não o superficial. A parte que falta é completada quando nos conectamos com o autor da Bíblia, o Espírito Santo. A Bíblia contém palavras que podem ser sem sentido caso não dis-
cernidas espiritualmente. Por isso eu digo que não se pode saber tudo sobre adoração apenas lendo a Bíblia.
É preciso mais do que ler; é preciso nascer de novo verdadeiramente e se render ao governo de Jesus. Só então começamos a jornada no caminho da adoração.
A ênfase sobre adoração nos dias de hoje é muito
bem divulgada; entretanto, os ruídos na comunicação se misturam vez ou outra e distorcem os princípios.
A religiosidade é uma arma do diabo para distorcer o verdadeiro conceito sobre adoração.
Quando alguém ensina sobre adoração, geral-
mente fala sobre o que aprendeu de alguém ou com al-
guém. Ela transmite parte do seu aprendizado de uma informação teórica. Infelizmente, são poucos os que ensinam sobre adoração usando experiências pessoais
de conhecimento e relacionamento com Deus. As men-
sagens sobre adoração devem usar a Bíblia como base, mas isso não é tudo. A comunicação sobre as verdades espirituais relacionadas à adoração deve, por obriga-
ção, conter a experiência pessoal do comunicador so-
bre o que aquela palavra que ele está transmitindo lhe 22
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proporcionou na sua aplicação diária e pessoal, com-
plementando com as mensagens da Bíblia. É isso que Jesus espera de nós; que ao lermos sobre Ele em Sua
palavra desejemos também viver pessoalmente as ver-
dades narradas no texto bíblico. Isso se chama relacionamento, adoração é relacionamento.
Esqueça que adoração somente é cantar, tocar ou
dizer frases de elogio. Adoração familiar não é se re-
unir para cantar, tocar, ler a palavra e falar frases de
elogio e orar. Se uma família iniciar este tipo de ativi-
dade, logo perderá o interesse e a frequência, pois esse modelo de adoração cairá na intermitência e depois
no esquecimento. Algumas famílias conseguem por um grande período se reunir em casa para um momento de oração, cânticos e leitura. Entretanto, com
o tempo, isso se perde. E os integrantes da família se sentem fracassados nesta missão. O diabo tem feito com que as famílias se sintam frustradas e não conti-
nuem a adoração familiar com constância e frequên-
cia. A acusação que satanás arremessa nelas faz com que elas se sintam desanimadas e envergonhadas, e
a não querer voltar para não fracassar novamente. A visão sobre adoração deve ser bíblica, isso é óbvio! Contudo, a diferença é observar como Deus trata desta palavra durante toda a Bíblia e não somente o que a palavra adoração significa. O estudo da palavra traz
uma parte do conceito sobre adoração, mas não tudo.
É preciso integrar como Deus vê esta atitude de ado23
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rar ao que as histórias bíblicas narram. Não podemos apenas ler o tabernáculo de Davi, ou os textos sobre
adoração, fragmentos da adoração no céu, ou conteúdo dos evangelhos, e dizer algo sobre adoração. É preciso entender o que Deus pensa sobre adoração, pelo
menos o que Deus nos permite entender hoje. Como
afirmei anteriormente, a revelação sobre adoração é
gradualmente manifestada conforme nosso desenvolvimento no relacionamento com Deus e também no avanço da história.
Observe como em cada geração a adoração tem
uma evolução. Essa evolução é a dinâmica do Espí-
rito de Deus. Alguns grupos se sentem mais seguros
quando adoram a Deus como os israelitas faziam, com elementos judaicos, chofar etc. Outros, adoram copian-
do os pais da igreja, com elementos de erudição, formalidades, instrumentos musicais etc. E alguns vão se moldando às novidades. O correto seria que nenhum deles falasse que a adoração do outro é diluída, fraca ou quadrada. Cada um tem o seu modo de se sentir
seguro e que sua adoração está agradando a Deus. Nos textos bíblicos, vemos inúmeras orientações sobre os
exageros ou a apatia na adoração. Infelizmente, os três grupos que abordei, e outros também, erram em algum
ponto. Ou seja, essa adoração não é perfeita. Todos os grupos tropeçam em algum ponto e acabam ignorando, algumas vezes intencionalmente, outras descuida-
damente, a orientação bíblica sobre adoração. Sejam os 24
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tradicionais, os pentecostais, todos, ninguém escapa. E
eu me incluo nisso. Nossa adoração somente se torna perfeita quando Jesus a purifica. E Deus recebe nossa
adoração modificada por Jesus. Ele perdoa nossos pecados e põe o selo do seu sangue na adoração que ofe-
recemos a Deus. Não é toda adoração que oferecemos que Deus recebe. Às vezes, nossa motivação pessoal de
adorar ou pecado não confessado impede de nos relacionarmos com Deus através da adoração.
A dinâmica dos propósitos de Deus A evolução não fica somente por conta do desen-
volvimento da música, da língua, da escrita, da sociedade e da tecnologia. Tudo isso conta, mas não é o mo-
tivo principal. A razão primeira é pela forma que Deus afirmou em sua palavra que iria fazer através da história. E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derra-
marei do meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, e sonharão
vossos velhos (Atos 2.17). O derramamento do Espírito
Santo será mais forte a cada dia que se aproxima do fim. Enquanto os dias terminam em fade out o Espírito Santo
é derramando em fade in, isto é, o mundo e seu sistema
carnal se aproximam dos dias finais, enquanto isso o
povo de Deus é provido de porção maior do Espírito Santo. Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; mas onde abundou o pecado, superabundou a graça (Romanos 5.20).
E não para por aí. Existem manifestações de Deus que 25
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ninguém nunca experimentou, e se engana aquele que
pense que ser religioso receberá ou presenciará isso.
Porém, como dizem as Escrituras Sagradas: O que ninguém nunca viu nem ouviu, e o que jamais alguém pensou que podia acontecer, foi isso o que Deus preparou para aqueles
que o amam (1 Coríntios 2.9 NTLH). Ainda não sabemos nada de Deus, isso é um fato, enquanto pensamos
ter conhecido algo Dele, o Espírito Santo revela algo
novo que nos deixa constrangidos por ter pensado que sabíamos algo sobre Deus. Em Isaías 55.8 está escrito
Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos; na adoração não é diferente, porque ela está ligada a
pessoa de Deus, não somente ligada, mas relacionada.
Mesmo quando estamos na superfície deste assunto, a
adoração, ou mergulhados nele, não devemos concluir
que descobrimos tudo. Ao concluirmos algo fechamos a possibilidade de aprendermos mais. Uma canção mi-
nha diz: “Supere as minha limitações, Espírito Santo,
quebre o jugo do meu coração”. Minha limitação me impede de aprender, de descobrir e de avançar, e, prin-
cipalmente, de corresponder à adoração que Deus espera. Como eu disse, adoração é relacionamento. Deus
tem um outro conceito sobre adoração, outro pensamento, e este é muito mais alto que o meu ou o seu.
Porque, assim como os céus são mais altos do que a terra,
assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos (Isaías 55.9)
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Adorar também pode ser considerado “anunciar
a grandeza de Deus”, isso pode ser feito de infinitas formas, modos e princípios. Não se assuste, mas se
você quer crescer na “Adoração em Família”, abra sua mente. Não é fácil “abrir a mente”. Quando se tem con-
ceitos errados arraigados, esta tarefa pode ser extremamente difícil, tão difícil que muitos não conseguem e
desistem, outros se convencem que é assim mesmo e se
enganam de que já deixaram o pensamento errado; entretanto, as atitudes permanecem as mesmas do antigo modo errado de pensar. Jesus promete uma verdadeira
metanoia, que é a transformação do modo de pensar, se você a quiser. Uma autêntica mudança de mente advém quando desistimos de nossas manias. Deixar ma-
nias não é fácil e vamos tratar delas mais tarde. Vamos seguir com a metanoia, que é uma transformação do
nosso modo de pensar. Isso pode acontecer de uma for-
ma prática. Não precisa espiritualizar a adoração para
ter uma vida autêntica de adoração; aliás, uma grande
parte de nossa adoração é praticada no mundo físico e não no espiritual. Por exemplo: adoração verdadeira é derivada de atitudes verdadeiras, as quais se manifestam no mundo físico e não no transcendente. Você
já ouviu sobre sinapses cerebrais? Não sou perito, mas aprendemos isso na escola. É um ponto de ligação en-
tre duas células no cérebro, sendo útil para que a informação seja transmitida. Ou seja, se você repete várias vezes um determinado pensamento, você melhora este 27
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caminho. Não é convencimento ou confissão positiva,
mas repetição de um pensamento correto e depois a repetição de uma atitude correta. Pensar corretamen-
te até que este caminho seja percorrido normalmente.
Sempre haverá o esforço, ainda mais para as coisas de Deus. Você também encontrará a “resistência”, o “argumento” e a “dúvida” ou o “desânimo”.
A visão correta sobre adoração não é o que você
geralmente ouve por aí. Não é o mesmo que dezenas
de líderes de igrejas afirmam sobre a visão de suas próprias igrejas. Você mesmo deve já ter dito isso: “A visão
da nossa igreja é pentecostal, ou tradicional, ou, então, emergente!”. Visão nada tem a ver com tipo de ministério, isso é desinformação. Visão não é o modo como
você interpreta os evangelhos ou como vocês devem
dirigir a igreja ou ministério. Não é errado dizer que a visão do ministério é essa ou aquela, desde que você saiba o que é “visão”. O modo correto de entender e de
transmitir deve ser baseado na compreensão da missão pessoal ou geral. Visão é, então, uma imagem clara
do que você pode ser e fazer para Deus. Melhorou sua compreensão do que significa visão? Agora podemos
dizer algo sobre visão de adoração. A minha visão de
adoração pode ser “viver para Deus todos os dias da minha vida”.
Viver para Deus não significa abdicar de uma vida
cristã normal. Para agradar a Deus não precisamos ser
todos mártires. Existem pessoas com chamados especí28
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ficos; umas vivem em adoração com uma vida comum e outras agradam ao Senhor com algo extremo. Deus
não quer que você aposente sua vida cristã por falta de força de continuar em constante adoração. O Senhor prefere que você tenha uma vida crescente e constante
do que uma vida cheia de altos e baixos. Comum ou extremo, ambos agradam a Deus igualmente, cada um
no seu chamado específico. A visão de adoração pode ser também entendida como uma declaração de propósitos que deve conter a razão da existência e objetivo.
As empresas modernas, hoje, têm em seus sites a de-
claração de seus propósitos, conhecido como portfólio.
Elas possuem uma lista do trabalho, apresentando a construção dos sentidos e objetivos. O portfólio explica o que estão fazendo e o que querem realizar e aonde querem chegar.
As igrejas estão elaborando melhor os portfólios da
instituição, do ministério, da ONG, dos projetos no geral;
isso ajuda a dar clareza a tudo o que se pretende realizar. Algumas declarações de propósitos se limitam ao futuro, do tipo: queremos ser uma igreja que ama os perdidos,
que acolhe as famílias etc. Não limite sua adoração a isso, o futuro é agora. Amanhã não sabemos o que acontecerá se não praticarmos hoje a adoração. Apesar de o futu-
ro estar intacto, ele não existe, por uma simples questão, não sabemos se estaremos nele (Tg 4.13-15.)
A visão de adoração não deve ser entendida ape-
nas como é massivamente conhecida; cantar, tocar, 29
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dançar, dizer frases de adoração, orar, ajoelhar, chorar,
sentir a presença de Deus, ouvir um louvor, participar do louvor congregacional. Essa visão limita, adoece
e apaga a adoração na vida de quem só pratica este modelo. Por isso que muitas famílias que iniciam este
modelo de adoração não permanecem praticando-o constantemente. É apenas uma parte da adoração, uma
maravilhosa parte, mas ainda tem mais. Existem coisas que não consideramos adoração, e elas são na sua
essência. Somente conseguiremos enxergá-las como parte do que Deus considera adoração se alcançarmos uma transformação do nosso modo de pensar. O que é
visão de adoração para você agora? É muito além do que você conhece e prática, e que pode aprender e conhecer muito mais. Transmita isso para sua família.
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