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Pr. Renato Vargens
Sim, é Possível! Seja o agente transformador de sua família!
São Paulo 2012
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Prefácio
Sinto-me honrado em prefaciar o livro do Pr. Renato Vargens. Tenho trabalhado nos últimos treze anos com o movimento de mães intercessoras denominado Desperta Débora. Ao longo destes anos são muitas as histórias de dores, tragédias, como também de famílias totalmente desestruturadas, fruto de um tempo onde as mesmas se
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tornaram alvos de chacotas, especialmente na mídia televisiva. Se não posso mudar o mundo, posso mudar a minha casa. E é essa a mensagem principal que o Pr. Renato quer transmitir nas páginas a seguir. Entendo que essa mensagem é extremamente pertinente e necessária diante dos desafios enfrentados pela família pós-moderna. O Pr. Renato escreve com objetividade e clareza e, de forma didática, nos convida a um exercício de fé. Ao chamarmos para cada um de nós a responsabilidade de transformarmos a nossa família, dispomo-nos a ser a resposta da nossa própria oração. Querido leitor, cada capítulo deste livro representa um passo que deve ser dado por você, na certeza que “se sabes essas coisas, feliz serás se as praticardes”. Gosto da forma prática como o Pr. Renato escreve. Mais que um livro,
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este é um manual que, uma vez seguido, pode trazer maravilhosas mudanças na sua casa. Você duvida? Sim, é possível ser um agente transformador da família! É ver para crer? Não. É ler e crer. Você vai ver! Marcelo Gualberto Diretor Nacional da Mocidade para Cristo e do Movimento Desperta Débora
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Introdução
Como um dos componentes básicos da humanidade, a família tem sido influenciada ao mesmo tempo em que influencia e modifica a sociedade como um todo. Lares bem estruturados logram êxito ao passarem para a coletividade seus princípios e convicções; em contrapartida, famílias desestruturadas contribuem para o surgimento de uma sociedade adoecida que tem por principal característica o desequilíbrio emocional de adolescentes e jovens.
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As estatísticas são desanimadoras, até porque o número de moças e rapazes desorientados ultrapassa em muito o bom senso. Na verdade, o fato de nossa juventude se encontrar sem rumo se deve em parte à enorme crise familiar que tem tomado conta de nossas estruturas sociais nas últimas décadas. Deus nos deu a família como um instrumento indispensável à formação e construção de nossos filhos. Do ponto de vista divino, a família deve ser um sistema de relações, onde os membros compartilham afetividade e companheirismo. Entretanto, os vínculos relacionais desenvolvidos em nossas casas têm sido muito mais promotores de crises e doenças sociais do que de vida e esperança. Ao escrever o livro Seja o agente transformador de sua família não o fiz com propósito de fornecer receitas mirabolantes e mágicas para
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transformação de nossas casas, até porque tais receitas não existem. Na verdade, a publicação deste trabalho visa oferecer-lhe reflexões que, se observadas à luz da Bíblia, poderão ajudá-lo na maravilhosa missão de construir uma família mais feliz. Acredito que através da leitura deste material você aprenderá princípios práticos que o auxiliarão a nutrir em seu coração a convicção de que é possível edificar um lar saudável. Aprenderá também que o Deus de nossas vidas não é um déspota masoquista que tem prazer na dor e no sofrimento dos homens. Entenderá que o Senhor é absolutamente capaz de usar nossas agonias, crises e angústias familiares, fazendo de cada uma delas catapulta a uma vida vitoriosa. Minha oração é que o Todo-poderoso possa, através deste opúsculo, nutri-lo de fé e esperança, bem como da convicção de que as inquietações da cotidianidade, ou as apreensões
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com o dia de amanhã são incapazes de roubar de cada um de nós a certeza de que não estamos sozinhos nas batalhas da vida. Boa leitura! Soli Deo Gloria Niterói, primavera de 2008 Renato Vargens
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1 Um Mundo Desprovido de Relacionamentos Profundos “O egoísmo social é o começo do sepulcro.” Victor Hugo “O mundo está cheio de pessoas sem raízes” Alan Walker
Uma das principais características deste mundo pós-moderno é a ausência de relacionamentos profundos. Talvez isso se deva à exagerada ênfase dada por toda sociedade ao individualismo. De maneira simples, podemos definir o individualismo como a teoria que faz pre-
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valecer o direito individual sobre o coletivo. Esta doutrina põe sua ênfase sobre as ações e vontades do indivíduo em detrimento do grupo. Do ponto de vista filosófico, o individualismo salienta a pessoa, valoriza o indivíduo e o aponta como a realidade mais essencial de todas as coisas; é aquilo que, sobretudo, deve ser valorizado, mostrando que o indivíduo é o valor mais elevado. O comportamento em questão corrobora em muito com o isolamento, levando cada pessoa à opção de passar pela vida sem construir relacionamentos profundos. Ora, a ausência de relações mais intensas se deve ao fato de que aqueles que optaram pelo isolamento escolheram também desenvolver em suas esferas relacionais conversas frias, distantes e impessoais.
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Há pouco tempo li uma pequena história que dizem ter acontecido ao grande Jurista Ruy Barbosa, que reproduzo detalhadamente abaixo: “Diz a lenda que o famoso político, ao chegar em casa, ouviu um barulho estranho vindo do seu quintal. Chegando lá, constatou haver um ladrão tentando levar seus patos de criação. Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, surpreendendo-o ao tentar pular o muro com seus amados patos, disse-lhe: – Oh, bucéfalo anácrono! Não o interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa. Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares da minha elevada prosopopeia de cidadão digno
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e honrado, dar-te-ei com minha bengala fosfórica bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei à quinquagésima potência que o vulgo denomina nada. E o ladrão, confuso, respondeu: – Dotô, eu levo ou deixo os pato?” A história acima, além de extremamente engraçada, nos traz a impressão de que “quem não se comunica se trumbica.” Ora, vivemos na era da comunicação. Nunca foi tão fácil falar com as pessoas como neste início de século XXI, no entanto, nunca também foi tão complicado desenvolver relacionamentos densos e profundos como nos dias de hoje. Para que você tenha ideia, o Brasil terminou o mês de agosto de 2006 com 94,9 milhões de celulares, o que representa uma densidade de
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50,8 linhas por grupo de 100 habitantes. Quanto se trata da grande rede, o Brasil é o décimo no mundo em número de usuários de internet. O país encerrou o ano de 2004 com uma base de mais de 22 milhões de internautas, número cerca de quatro vezes e meio maior do que era no ano 2000. O que me chama a atenção é que com toda tecnologia a nossa disposição, não conseguimos travar relações inteligíveis com aqueles que nos cercam. Conheço casos de famílias inteiras que vivem na mesma casa e que só conseguem se comunicar uns com os outros através da internet. Para estes, o relacionamento familiar se dá mediante mensagens de texto, scraps e e-mails. Em 2000, tive a oportunidade de visitar uma tribo indígena no Estado de Rondônia. Ao chegar ao povoado, fomos recebidos pelo cacique. Lembro que na ocasião os líderes dos Karitianos nos convidaram a participar de um
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bate-bapo à beira da fogueira. Sem sombra de dúvidas receber um convite como aquele era uma honra, o que prontamente foi aceito. Ao chegarmos ao local da reunião, percebi que todos os membros da tribo estavam presentes. Dos mais velhos aos mais novos, ninguém tinha faltado. Naquela noite estrelada o pajé nos explicou que durante séculos seus antepassados se reuniam à beira da fogueira com intuito de contar e ouvir histórias. Caro leitor, talvez você seja da época em que nas noites quentes de verão, famílias inteiras costumavam colocar suas cadeiras à porta de casa, onde juntos passavam horas a fio conversando sobre os mais variados temas. Em tais acontecimentos, relatos e “causos” ocorridos no passado eram contados pelos mais velhos aos mais novos, os quais de forma mágica e operante costuravam relacionamentos intensos e profícuos entre as diferentes gerações.
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Infelizmente a cidade cresceu, a violência se multiplicou e o medo invadiu nossas vidas e famílias, mudando os nossos hábitos. Neste mundo de correria já não existe o movimento nas esquinas de crianças brincando de pique-esconde, nem tampouco o vai-e-vem sossegado e despreo cupado de pedestres que calmamente andam pelas ruas do bairro que moram, dedicando precioso tempo aos amigos em comum. As transformações nos comportamentos sociais, além de afetarem as relações afetivas e familiares, trouxeram por consequência direta a superficialidade dos relacionamentos. Infelizmente as pessoas se tornaram, forçosamente, ilustres desconhecidas, já que as relações sociais são restringidas ao mínimo necessário para a sobrevivência. Além disso, quanto menos envolvimento emocional ou afetivo com o outro, melhor, para não haver compromissos, carências e rupturas.
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A sociedade do século XXI tem se caracterizado por supervalorizar o individualismo. O resultado disto é uma sociedade extremamente voltada para o prazer, onde o que importa é satisfação pessoal. E o resto? Ah! O resto, que se dane.
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