Quando o inverno chegar
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Jaime Kemp
Quando o inverno chegar
Apresentação de Ubirajara Crespo
São Paulo, 2013
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Copyright
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2013 by Jaime Kemp
Coordenação Editorial Diagramação Capa Preparação Revisão
Nair Ferraz Edivane Andrade de Matos/Efanet Design Monalisa Morato Equipe Novo Século Rita Costa
Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (Decreto Legislativo no 54, de 1995)
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Kemp, Jaime Quando o inverno chegar / Jaime Kemp; apresentação de Ubirajara Crespo -- Barueri, SP : Ágape, 2013. 1. Casais - Relacionamento 2. Espiritualidade 3. Família - Vida religiosa 4. Marido e mulher - Vida religiosa 5. Velhice 6. Vida Cristã I. Crespo, Ubirajara. II. Título. 13-04265
cdd-248.844
Índices para catálogo sistemático: 1. Marido e mulher : Relacionamento : Guias de vida cristã : Cristianismo 248.844 2013 IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO À ÁGAPE EDITORA LTDA CEA - Centro Empresarial Araguaia II Alameda Araguaia, 2190 – 11o andar – Bloco A – Sala 1112 CEP 06455-000 – Alphaville – SP Tel. (11) 3699-7107 – Fax (11) 3699-7323 www.agape.com.br atendimento@agape.com.br
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À minha querida esposa Judith, que caminha a meu lado há 48 anos. Louvo ao meu Deus por sua vida todos os dias. Te amo cada dia mais! Sinto-me feliz por poder desfrutar os anos dourados com você.
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Apresentação
O primeiro contato que tive com Jaime foi em 1969, dentro de uma sala de aula. Eu, debutando no Seminário Bíblico Palavra da Vida e ele, recém-chegado ao Brasil. Naquela época, ele tinha até cabelo! Dá para imaginar aquele gringo com sotaque carregado tentando se comunicar conosco? A gente se divertia com suas escorregadelas no vernáculo: “Moisés tinha ‘caminhão’ com o Pai”. “A salsa de Moisés” brilhava. Apesar das lutas com a língua, Jaime conseguiu transmitir ensinamentos profundos dos quais jamais me esqueci. Certamente ele é um arquivo que ninguém deletará de minha memória. Recentemente, me encontrei com Temístocles, um colega daqueles velhos tempos, e começamos a recordar. Adivinhe quem foi uma das primeiras pessoas sobre quem falamos? Recordamos um dia especial para todos nós, quando o Jaime se atrasou para a aula. Imaginamos mil coisas, pois ele nunca tinha faltado. Chegamos até a orar, pois para chegar ao Seminário era preciso percorrer um trecho perigoso da Rodovia Fernão Dias.
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Finalmente, já terminando o período da manhã, Jaime chegou e foi logo reunindo os alunos para explicar o motivo de seu atraso. Com a voz embargada, e cheio daquele sotaque peculiar, começou a falar: – Hoje da manhã, mim discutir com Judith e ela chorar muito. No caminha para cá, bem no meio do tánel (túnel) de Mairiporã, a Espírito Santo me dizeria: “Jaime, como você poder ensinar sobre mim, se sua coração estar azedo para com o seu próprio esposa?” Dali mesmo, mim resolver voltar para casa e pedir perdão a Judith. Agora vir até acá, pedir perdão para vocês, seu professor é pecador (tenha certeza de que não exagerei no sotaque)! Meu coração estava apertado ao ouvir tudo aquilo. Eu nunca tinha visto um servo de Deus se expor daquela maneira. Enquanto ele falava, as lágrimas caiam de meus olhos e eu dizia para mim mesmo: “Um dia serei como ele”. Com aquela transparência toda, que o caracteriza até hoje, gravou-se em meu coração o seguinte pensamento: “mais do que perseguir conhecimento é preciso alcançar a prática dos princípios bíblicos assimilados em sala de aula. Mais do que saber, é preciso ser”. Olhando para trás, vejo pessoas que, como Jaime Kemp, marcaram minha vida e que me levaram a procurar imitá-los em suas obras. Aprendi que não preciso ser um super-homem para conseguir servir a Deus. O Pai Celestial usa pessoas comuns. Resolvi me entregar a Jesus consciente de que Ele mesmo é quem reproduz em nós o seu caráter. Agora, quando meus filhos começam a se casar, procurei novamente este velho guerreiro e lhe disse:
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“Jaime, meu ninho começa a se esvaziar, já se foi o primeiro filho, e os outros dois já estão na pista de voo. Diga para nós como devemos nos comportar nesta fase. Temos visto muitas pessoas que azedaram com o passar do tempo. Elas já não suportam mais suas vidas, nem seus casamentos. Estão clamando por ajuda, precisam de ensinamentos bíblicos sobre como enfrentar essa fase. Queremos ajudá-los.” Você pode estar pensando: “Mas... Por que o Jaime?” Porque eu o observo à distância e vejo que nesta área ele pode ser, mais uma vez, um sinalizador daqueles que apontam para Jesus e indicam onde e como devemos aportar em segurança. As estatísticas mostram que quando o ninho se esvazia um grande número de casais desiste de sua vida conjugal. O inverno chega e eles descobrem que não têm mais nada em comum. Compartilhei isso com minha esposa, Lídia, e concordamos que o Jaime seria a pessoa mais adequada para escrever este livro. O meu velho professor já não é mais um garoto. Já aprendeu a conviver com a “melhoridade” e conserva a mesma atitude, a mesma vivacidade, a mesma transparência e o mesmo entusiasmo que presenciei 37 anos atrás. Qual o segredo? Como ele mesmo diz, Jesus tem sido sua força e motivação. Jaime, eu quero aprender mais com você. E você, leitor, também quer? Ubirajara Crespo
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Sumário
Introdução.................................................................................... 13 1- O ninho está vazio! E agora?.................................................. 17 2- Calebe, um homem que não se resignou à velhice.............. 23 3- Curtindo os anos dourados.................................................... 29 4- Dinamizando o relacionamento conjugal nos anos dourados.................................................................. 35 5- Há vida sexual na terceira idade?.......................................... 43 6- Revivendo a lua de mel........................................................... 51 7- Netos! Alegria na velhice........................................................ 55 8- A morte e o morrer.................................................................. 63 9- Eutanásia - Temos o direito de abreviar a vida de alguém?.................................................................... 69 10- Solidão e abandono............................................................... 75 11- Voando para longe do ninho................................................ 81 Epílogo - Pesadelo!........................................................................ 89
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Introdução
Observar a vida através da lente de Deus (se é que Ele usa lentes!) pode despertar uma sensibilidade mais aguçada naqueles que caminham para o “inverno” da vida. Em vez de simplesmente envelhecer, devemos investir o tempo analisando fatos, atitudes e eventos com mais profundidade, examinar, reagir e responder às circunstâncias que surgem com mais sabedoria e ponderação. Lendo o livro de Provérbios percebi que a sabedoria leva à compreensão. Sinto-me então desafiado pelas palavras do grande sábio Salomão: “... adquire a sabedoria, adquire o entendimento e não te esqueças das palavras da minha boca, nem delas te apartes. Não desampares a sabedoria, e ela te guardará; ama-a e ela te protegerá. O princípio da sabedoria é: adquire a sabedoria; sim, com tudo o que possuis, adquire o entendimento” (Pv 4:5-7). Quando o casal entra na fase do ninho vazio, em geral, tem mais tempo junto e esse é o momento certo para aproveitar as oportunidades e se tornarem pessoas mais sábias, sensíveis e compreensivas. Com isso em mente peça a orientação de Deus com uma oração semelhante
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a esta: “Senhor, tu sabes que eu estou envelhecendo. Ajude-me, então, a não me tornar uma pessoa rabugenta, faladora, uma metralhadora verbal e, principalmente, não permita que eu desenvolva o péssimo hábito de pensar que preciso emitir minha opinião sobre todos os assuntos, em qualquer ocasião. Liberte-me do desejo de tentar solucionar todos os problemas dos outros ou da pretensão de endireitar suas vidas. Ajude-me a ser compreensivo, nunca autoritário. Parece-me um desperdício não utilizar o vasto conhecimento que acumulei até aqui, porém, tu sabes, Senhor, que prefiro conservar meus amigos até o fim de minha vida! Guarde minha boca do interminável desfiar de pequenos e inúteis detalhes. Preciso de asas para chegar rapidamente ao ponto principal. Sele os meus lábios para eu não murmurar contra minhas dores e meus ‘ais’. Minhas queixas estão aumentando dia após dia e minha vontade de resmungar é mais forte e sedutora a cada minuto. Peço graça suficiente para ouvir as histórias das dores alheias. Ajude-me a permanecer paciente enquanto as pessoas as descrevem. Ensine-me a lição gloriosa que, ocasionalmente, também posso errar. Gostaria de tornar-me cada vez mais doce, em vez de amargo. Eu não quero ser um santo, pois afinal, muitas vezes, eles são impossíveis de se conviver. Porém, uma pessoa velha e azeda é o prato principal no menu de atuação do Diabo. Minha intenção, e peço sua ajuda para isso, é aproveitar ao máximo os anos que me restam. Há tantas coisas divertidas na vida e, tenho certeza, não quero perder nenhuma delas!” Essas palavras tocam meu coração porque descrevem a oração de uma pessoa em seus anos dourados. O simples fato
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de lembrar que já estou com 65 anos acende em meu íntimo um desejo louco de deitar e tirar uma soneca. Não é difícil perceber que a velhice está chegando e você também saberá que está envelhecendo quando: 1. Ao se abaixar para amarrar o cadarço do sapato se pega indagando mentalmente o que poderá fazer para aproveitar ao máximo a posição em que está, já que é tão difícil se abaixar. 2. Sua mente assume compromissos que seu corpo não consegue cumprir. 3. Tudo em seu corpo dói – e o que não dói, não funciona! 4. Aquela senhora idosa, de cabelos brancos, que você está ajudando a atravessar a rua, é sua esposa! 5. O comissário de bordo, no avião, lhe oferece café, chá ou leite de magnésia. Infelizmente, nem todas as pessoas que estão lendo estas frases as acharam engraçadas. Sabe por quê? Porque, para muitos, o envelhecimento representa uma realidade triste, solitária, uma viagem aterrorizante que anuncia um período muito difícil da vida. Meu pai, em seus últimos anos, os quais pude presenciar, me fez compreender que a vida pode ser extremamente difícil para um idoso, quando ele adoece e se torna completamente dependente dos outros. Então, é possível compreender por que o velho muitas vezes sente um crescente descontentamento diante da realidade, em vez de uma sábia aceitação. Observando meu pai e minha mãe, em seus últimos anos de vida, analisando as lutas e dificuldades travadas pelos idosos,
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e diante do fato incontestável que eu mesmo estou dando os primeiros passos no universo da terceira idade, decidi escrever este livro abordando algumas áreas dessa época da vida. Entre outras, abordaremos: • O ninho vazio – conscientização e adequação de vida • Aposentadoria – planejamento e preparo • Relacionamento conjugal nos anos dourados – crescimento e aproveitamento • Solidão e abandono – analisando e trabalhando os temas • Netos – investindo em suas vidas • Morte – preparação e enfrentamento Esses são alguns dos assuntos que os leitores encontrarão. Minha oração é que enquanto você estiver lendo este livro – seja qual for sua idade, as circunstâncias que o rodeiam, seu passado ou situação atual – sinta-se encorajado a encarar a vida como um desafio e não como uma ameaça. Siga o Senhor de todo o seu coração e lembre-se de que você pode influenciar as pessoas à sua volta, até chegar o dia em que Deus quiser chamá-lo para ficar com Ele na glória.
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O ninho está vazio! E agora?
Dentro em breve comemorarei 65 anos de idade! Devo confessar que não é muito fácil constatar que já cheguei a esta idade. Quando eu era jovem considerava uma pessoa dessa idade muito velha, mas agora que cheguei lá parece-me que todo sexagenário ainda é broto! Tenho pedido ao Senhor que, se for da vontade Dele, eu viva até os 90 anos. Meu pai faleceu recentemente, com 92 anos de idade. Bem, é claro que só poderei viver tanto tempo se Jesus não voltar antes! Também tenho orado para que o Senhor me dê força e vitalidade de, com 80 anos, poder comunicar eficazmente os princípios divinos para jovens e famílias. Embora eu ainda esteja distante da minha aposentadoria – por sinal, não concordo com esse conceito –, fico imaginando como será a minha vida nessa fase. Prefiro dizer que nunca vou me aposentar, mas simplesmente desacelerar. Na verdade, eu gostaria de morrer enquanto estivesse pregando o evangelho.
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Confesso, porém, que há momentos em que a aposentadoria me seduz. Às vezes as lutas de uma vida missionária exaurem minhas forças: as viagens longas e constantes; as incertezas e dificuldades financeiras para manter o ministério são alguns dos pesos que carregamos para desenvolver uma tarefa extremamente gratificante. Minha querida esposa, Judith, costuma dizer: “Ficarei aliviada quando partir para a glória, porque não teremos que carregar nenhuma mala, retroprojetor, apostila ou livro. Somente nós mesmos”. Ah, essa possibilidade é muito atraente!
**** Porém, a pura verdade é que eu amo o ministério, as viagens, os seminários, as pregações, o ensino, as apostilas, os livros e toda a parafernália que movimenta este trabalho. Por outro lado, sei que o paraíso será infinitamente melhor e eu me esquecerei de todas as lágrimas, sofrimentos e lutas. Enquanto posso envelhecer sorrindo, sei que existem muitos que não podem fazer o mesmo. Para diversas pessoas a realidade nua e crua é que a velhice é uma viagem solitária e amedrontadora, um fardo pesado demais para se carregar. À medida que converso com pessoas descritas como estando na terceira idade, noto um descontentamento crescente, apatia, em vez de aceitação feliz da época que se está vivendo. O ninho vazio, o sentimento de solidão, o medo do abandono e o peso dos anos refletido em dores no corpo tendem a fazer
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martelar na mente do idoso a seguinte pergunta: Qual o propósito dessa fase de minha vida? Nos últimos dez ou quinze anos de vida de meu pai pude observar atitudes de desânimo, alguns sentimentos de frustração e o sofrimento que ele demonstrava. Em certas ocasiões eu me perguntei: “Será que quando eu estiver com 80 anos, se assim Deus permitir, serei infeliz, vou me sentir inútil, culpado, amedrontado e terei pena de mim mesmo, como meu pai?”. A bem da verdade, preciso honrar meu pai porque ele nunca deixou de aguardar com esperança sua partida para o céu e costumava designá-la como uma promoção. Alguns dias atrás tomei café da manhã com um velho amigo. Esse senhor tem aproximadamente 85 anos e ainda é ativo na obra de Deus. Curioso, perguntei-lhe: “O que um homem precisa fazer para chegar aos 80 anos e conservar essa doçura, carinho, bondade e entusiasmo?”. Fiz essa pergunta por considerá-lo esse tipo de pessoa. Ele me respondeu: “Para chegar à minha idade e ainda saber ser doce, carinhoso, bondoso e entusiasmado, você precisa começar a desenvolver essas características agora, quando ainda tem 65 anos”. Creio que posso dizer, sem medo de errar, que existem algumas atitudes que podem realmente debilitar uma pessoa. São reações que colocam uma nuvem escura sobre a existência dos idosos e um sabor amargo em suas bocas. Tenho observado quatro atitudes, em especial, que são comuns às pessoas que já estão no outono de suas vidas e quero identificá-las para perceber sua aproximação e não me entregar a elas:
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Autopiedade – É a síndrome do “Ai de mim!” que convence o idoso de que ninguém se preocupa com ele, ninguém consegue imaginar o que está passando ou sequer se importa se ele morrer. Essa autopiedade desenvolve uma inclinação para culpar todos os que o cercam pelos seus “ais” e, ao mesmo tempo, cria uma amargura que vai crescendo sorrateiramente em seu coração. Talvez tenha sido essa a reação de Elias depois de sair gloriosamente vitorioso no monte Carmelo, quando humilhou os profetas de Baal: “Já tive o bastante, Senhor. Tira a minha vida; não sou melhor do que os meus antepassados” (1 Rs 19:4). Culpa – A culpa tem o poder de aprisionar nossas mentes e emoções, enquanto adoece nosso corpo e rouba toda nossa energia. Às vezes o idoso olha para trás e pensa: “Realmente, troquei os pés pelas mãos. Se ao menos pudesse ter uma segunda chance!” Quando a pessoa envelhece tem bastante tempo para pensar. Infelizmente, nem sempre esses pensamentos são positivos. Parece que sua consciência insiste em torturá-la: “Estou envergonhado e arrependido! Desperdicei minha vida, não soube vivê-la. Agora não tenho mais oportunidade para consertar os erros que cometi.” Em vários casos, a culpa é covarde e mentirosa, por isso a Palavra descreve o inimigo como: “... o acusador dos nossos irmãos que os acusa diante do nosso Deus, dia e noite” (Ap 12:10). Conforme uma pessoa envelhece, ela se torna mais vulnerável e Satanás, astuto e implacável, não se cansa de tentar fazê-la sentir culpa para tentar tornar sua velhice miserável. Em detectando culpa real, devemos lidar biblicamente com ela: confessá-la e procurar restaurar a situação por ela causada.
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Inutilidade – Sentir-se inútil é um dos sentimentos mais destruidores que uma pessoa pode ter. Quando um idoso começa a se sentir inútil ele decreta que, dali para frente, terá uma subvida. “Agora que já estou velho, não posso fazer quase nada. Se tentar, atrapalharei os outros. Não tenho muito com que contribuir à esta vida. Só me resta sentar numa cadeira de balanço até que chegue a minha hora de encontrar o Senhor!” Este tipo de atitude é especialmente comum entre aqueles que, anteriormente, foram dinâmicos, ativos, competentes e competitivos. Para ser bem sincero, até mesmo eu, de vez em quando, me pego divagando: “Será que serei útil e produtivo quando estiver no fim da minha vida.” Medo – Esta, provavelmente, é a luta mais desgastante para aqueles que estão vivendo a terceira idade. Em geral, as pessoas têm medo: – da morte – do sofrimento físico – da separação de entes queridos – de uma saúde fragilizada – do abandono – de não possuir mais recursos financeiros – de ser vítima de violência etc. Tais temores são naturais e, mais cedo ou mais tarde, cada um de nós poderá se deparar com eles. Contudo, preciso alertar que nenhum desses temores é colocado em nosso coração pelo Senhor Jesus. Ainda hoje, pela manhã, li os seguintes versículos
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enquanto meditava na Palavra: “Os justos florescerão como a palmeira, crescerão como o cedro do Líbano; plantados na casa do Senhor, florescerão nos átrios do nosso Deus. Mesmo na velhice darão fruto, permanecerão viçosos e verdejantes, para proclamar que o Senhor é justo. Ele é a minha Rocha; Nele não há injustiça” (Sl 92:12-15). Enquanto caminho em direção à minha própria velhice, meu desafio é permanecer “viçoso e verdejante, para proclamar que o Senhor é justo”.
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