Cléo e o Mapinguari

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Cléo tinha um rabo de jacaré.

Aparecera do nada. Um belo dia, ela acordou e viu que um rabo bem cascudo havia crescido em suas costas. Sem saber o que fazer com ele, Cléo passou a escondê-lo. Todo dia, antes de sair para a escola, ela o prendia com um barbante e vestia uma saia comprida, para que ninguém pudesse vê-lo. Cléo morria de vergonha do seu rabo de jacaré.

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Nossa missão  Publicar livros de qualidade que permaneçam na mente de nossos leitores como fonte preciosa de conhecimento e entretenimento.

saulo ribas e xavier Bartaburu

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O Brasil que a gente quer ler.

saulo ribas e xavier Bartaburu

nem os amigos da escola. Um segredo que era só dela.

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Um segredo que ninguém sabia. Nem os pais,

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Ilustrações Fernanda Ribeiro

Conheça os personagens desta história pelo qr code

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Cléo tinha um segredo.

um segredo que ninguém sabia. nem seus pais, nem seus amigos da escola. um segredo que era só dela. Cléo tinha um rabo de jacaré. aparecera do nada. um belo dia, ela acordou e viu que um rabo bem cascudo havia crescido em suas costas. Sem saber o que fazer com ele, Cléo passou a escondê-lo. todo dia, antes de sair para a escola, ela o prendia com um barbante e vestia uma saia comprida, para que ninguém pudesse vê-lo. Cléo morria de vergonha do seu rabo de jacaré.

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Cléo tornara-se uma menina solitária. Seu lugar preferido

agora era um parque que ficava perto da sua casa. ela se sentia bem lá. Passava as tardes estudando e descansando, embaixo de uma árvore, longe dos olhos do mundo. um dia, porém, Cléo descobriu que não estava tão sozinha quanto pensava.

aconteceu numa tarde dessas de verão. Cléo estava lendo um livro e comendo um lanche quando sentiu a árvore se mexer. Migalhas de pão caíram no chão e ela viu que alguém tinha roubado seu sanduíche. olhando para a copa da árvore, ela protestou: — ei, você roubou meu lanche! lá de cima, respondeu uma voz fininha, meio chorosa, como se fosse a de um menino: — Me desculpa? eu estava com fome... Cléo se aproximou devagarinho, para tentar enxergar melhor. e viu, no meio da folhagem, uma criatura enorme, toda peluda. lembrava um bicho-preguiça gigante. e sua aparência era assustadora. — Meu nome é Pingo — ele disse. — você é uma cuca? ClÉo e o MaPinGuaRi

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Cléo não respondeu. Saiu correndo, morta de medo. Mas a pergunta não saiu mais de sua cabeça: “Será que eu sou uma cuca?”, ela pensou. “Mas, o que é uma cuca?!” ao chegar em casa, ela tentou descobrir: — Mãe, o que é uma cuca? — É uma bruxa que rouba criancinhas — a mãe respondeu. naquela noite, Cléo não dormiu.

no dia seguinte, Cléo decidiu

voltar ao parque. estava com medo, mas também muito curiosa. Queria saber mais sobre cucas e bruxas. e só aquela estranha criatura poderia lhe dizer. ela chegou com um sanduíche para Pingo. ao oferecer-lhe o lanche, um braço longo e peludo saiu do meio das folhas, agarrou a menina e puxou-a até um galho. ali, Cléo pôde ver Pingo de perto, pela primeira vez. era monstruoso, mas, curiosamente, não metia medo. Pelo contrário: parecia tão triste que até dava pena. ClÉo e o MaPinGuaRi

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Começaram a conversar. Cléo fez muitas perguntas, mas Pingo não sabia muita coisa sobre cucas. disse que havia conhecido algumas, mas nenhuma lhe parecera tão má a ponto de roubar criancinhas. a certa altura da conversa, a menina tomou coragem e perguntou: — e você, o que é? — eu sou um mapinguari — respondeu Pingo. — vivo na floresta com a minha família. nosso trabalho é proteger a mata contra os caçadores. — Que bacana! — disse Cléo. — Mas, se você é da floresta, o que está fazendo na cidade? — fui pescar no rio e me perdi. acabei vindo parar neste parque, e aqui eu me escondi. agora quero voltar para a minha casa, mas eu não sei como... — É só pegar o caminho por onde você veio, seu bobo! — eu tenho medo dos monstros... — Que monstros?! — esses de lata, que correm pela rua soltando fumaça preta. Cléo achou graça e quis rir, mas percebeu que Pingo estava realmente assustado com os carros. então, falou: — Pois eu vou te ajudar a voltar para a floresta! Pela primeira vez, ela viu Pingo sorrir. ClÉo e o MaPinGuaRi

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Cléo e o mapinguari tornaram-se amigos.

todas as tardes, ela ia se encontrar com Pingo e, juntos, tentavam bolar um plano para que ele voltasse para a floresta. Certo dia, a caminho do parque, Cléo viu na rua um menino que conhecia da escola. Chamava-se tom e vestia um gorro de lã, apesar do calor e do sol forte. andava de um jeito esquisito, também. e parecia preocupado. Cléo foi lá falar com ele, mas o menino saiu correndo, todo desengonçado. enquanto corria, seus pés se viravam para frente e para trás. a menina também viu o gorro de tom cair durante a fuga, revelando uma cabeleira de um vermelho tão vivo que nem parecia ser de gente. Quando ela contou a Pingo o que vira, ele disse: — É um curupira! Que engraçado: esta sua cidade tem criaturas parecidas com as do lugar de onde eu venho!

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Q U E M S Ã O O S E N C A N TA D O S ? O mapinguari, a cuca, o curupira e o saci são personagens mitológicos do folclore brasileiro, assim como o boitatá, a mula sem cabeça, o lobisomem e muitos outros. No interior do Brasil, eles são os “encantados”: nem gente, nem bicho, mas criaturas que existem por arte de encantamento ou magia. Ou seja, são fruto da imaginação do nosso povo. Uma forma que os brasileiros encontraram, no passado, de explicar os ruídos misteriosos que às vezes a gente ouve na mata e não sabe o que é. Como

ninguém nunca viu um encantado, ou provou que viu, muita gente diz que eles não existem. No Brasil, porém, muita gente acredita nos encantados. Se alguém se perde na floresta, ou se machuca, dizem que foi por causa deles. Mas fique tranquilo: reza a lenda que os encantados só fazem mal a quem desrepeita a natureza. Para muita gente, eles protegem a mata contra os caçadores e aqueles que derrubam as nossas árvores. É por isso que os encantados são bem assustadores: é para meter medo em quem não respeita a natureza!

AGORA, QUE TAL CONHECER OS ENCANTADOS QUE INSPIRARAM AS PERSONAGENS DESTE LIVRO?

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o MaPinGuaRi É o mais famoso dos monstros da Amazônia. Os caboclos que vivem no norte do país descrevem o mapinguari como um gigante todo peludo, com o corpo à prova de balas. Segundo algumas versões da lenda, sua boca fica na barriga, e é com ela que o mapinguari devora os caçadores.

a C uCa Existem muitos tipos de cuca no Brasil: ela pode ser um jacaré, uma velha ou um bicho-papão. A forma varia, mas é tudo a mesma coisa: uma assombração que vem buscar as crianças que desobedecem os pais. Nenê que não quer dormir, a cuca vem pegar, bota num saco e leva para a floresta.

o C uRuPiRa Conta a lenda que o curupira é um anão de cabelo vermelho que anda com os pés virados para trás. Dizem que é para enganar os caçadores que tentam seguir suas pegadas. Aliás, caçador não tem vez com o curupira: conhecedor de muitos feitiços, esse encantado adora fazer os homens se perderem na mata.

o SaCi Esse aí adora fazer travessuras. Se a comida queima, se o fogo apaga, se as coisas somem, dizem que foi arte de saci. Na mitologia, ele aparece como um negrinho de uma perna só que usa gorro vermelho e fuma cachimbo. Também é o guardião das ervas da floresta, aquelas que curam as doenças. ClÉo e o MaPinGuaRi

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SOBRE A OBRA A cuca, o mapinguari e o curupira agora estão mais próximos da garotada. É que as aventuras da Cléo abordam temáticas que têm tudo a ver com os meninos e as meninas de hoje. Escola, amizade, solidão, preconceito e até as transformações do corpo são alguns dos assuntos tratados. Tudo isso, é claro, permeado pelos seres fantásticos do folclore brasileiro. Mais do que simples monstros ou assombrações, eles agora

fazem parte da nossa vida cotidiana e vivenciam desafios similares aos nossos. Cultura e meio ambiente ficam, assim, mais próximos do público jovem. Há mais de 50 anos os nossos seres fantásticos vêm sendo explorados em obras literárias e informativas destinadas às crianças e aos jovens. As aventuras da Cléo e seus amigos representam uma pequena mas importante contribuição à divulgação da cultura brasileira.

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SOBRE AS ILUSTRAÇÕES

Coloridas, mas suaves; fortes, mas delicadas. Assim são as ilustrações deste livro, sinalizando ao jovem leitor que existem diversas possibilidades de se representar os seres encantados do folclore brasileiro. Nas ilustrações, predominam três cores: verde, laranja e marrom. Essa composição ajuda a enfatizar detalhes ao mesmo tempo sutis e importantes para a caracterização do ambiente e das personagens da história. Nas roupas de Cléo, na vegetação e até no céu há um tom verde, delicado como a menina. No cabelo de fogo de Tom e no entardecer, um laranja forte, quase vermelho. E Pingo, a criança grande e afetuosa, tem os pelos marrons como as árvores de que gosta tanto. Além disso, as ilustrações foram elaboradas para expressar as emoções das personagens e a tensão da trama. A floresta é escura e fechada quando as crianças entram nela pela primeira vez. Mais adiante, quando Pingo encontra seu pai, ela brilha em tons de laranja e amarelo... As ilustrações das aventuras da Cléo foram feitas para sensibilizar, emocionar e expandir nossas referências e nossa imaginação, pois criam um universo onde o elemento fantástico da narrativa se torna possível.

D I C A S PA R A LE ITU R A E EXPLOR AÇÃO DA OBR A

* Debater com outros leitores da obra aquilo que já sabe sobre a cuca, o mapinguari e o curupira.

* Comentar sobre outras personagens do folclore brasileiro que também conhece.

* Comparar as características das personagens exploradas neste livro com as características apresentadas em outras obras e até mesmo em programas de televisão e no cinema.

* Pesquisar em livros e na internet quem são essas personagens e sua importância no folclore nacional.

* Organizar, em casa ou na escola, uma galeria de seres fantásticos semelhante àquela apresentada ao final do livro.

* Montar com os colegas, na escola, uma dramatização da história. * E, principalmente, refletir sobre o que é ser diferente e sobre a importância da amizade.

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OS AUTORES

SAULO RIBAS gosta de inventar histórias desde pequeno. Hoje ele conta suas histórias para o amor da vida dele, a filha Maria Luiza. Ele já trabalhou com design de revistas mas descobriu do que gostava pra valer ao produzir jogos, histórias e ilustrações para crianças. Dirigiu por dois anos o site Mundo do Sítio, um mundo virtual infantil com jogos e atividades. Recentemente, ele e seu amigo Marco Rossi criaram a Farofa Studios - onde juntaram uma turma muito especial e estão criando desenhos animados, jogos e até livros como este! Saulo já está com vontade de contar mais aventuras da Cléo, essa menina com rabo de cuca e um enorme coração.

XAVIER BARTABURU sempre gostou de escrever. Quando criança, enchia folhas e mais folhas de histórias e poemas, que depois juntava e grampeava como se fossem livros. Hoje escreve livros de verdade para crianças e adultos, quase sempre falando de coisas do Brasil, como nossos bichos, nosso povo e, é claro, nossos encantados. Não contente em fazer livros, Xavier resolveu ainda fazer discos, que também falam de tudo isso. Tem um só para crianças: chama Bichos de Cá e foi gravado com o grupo Nhambuzim. Xavier nasceu em São Paulo e vive na cidade até hoje. Mas adora viajar pelo interior, que é onde as coisas do Brasil estão mais vivas. Gosta muito de entrar na floresta também, mas sempre com muito respeito. Afinal, Xavier acredita nos encantados até hoje.

FERNANDA RIBEIRO é formada em Design Gráfico e é apaixonada pelo universo infantil. Motivada por essa paixão, trabalhou como animadora em séries de TV e internet, criou um projeto de série animada e foi morar no Canadá, onde estudou Animação Clássica e produziu dois filmes animados - Tim and Ted e Cup of Tea. A talentosa Fernanda se divertiu muito criando o mundo da Cléo e seus amigos - cada ilustração é o resultado de um processo muito interessante: as cores, a luz de cada cena, a forma das personagens foram pensados como se Cléo e o Mapinguari fosse um pequeno e charmoso filme. Ela ama muito o que faz e está sempre desenhando, pois é assim que quer estar.

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Cléo tinha um rabo de jacaré.

Aparecera do nada. Um belo dia, ela acordou e viu que um rabo bem cascudo havia crescido em suas costas. Sem saber o que fazer com ele, Cléo passou a escondê-lo. Todo dia, antes de sair para a escola, ela o prendia com um barbante e vestia uma saia comprida, para que ninguém pudesse vê-lo. Cléo morria de vergonha do seu rabo de jacaré.

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O Brasil que a gente quer ler.

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nem os amigos da escola. Um segredo que era só dela.

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