A leitura para crianças pequenas
A leitura para crianças pequenas é necessariamente uma leitura em voz alta realizada por um leitor mais experiente. A leitura não apenas traduz oralmente aquilo que está escrito no livro ou representado em suas imagens, mas o mediador também se torna um modelo de leitor. Os gestos ao segurar o livro e ao virar as páginas; a direção do olhar pelo livro; a entonação da voz… Tudo isso serve como pista para a criança que observa o mediador (ora de forma mais atenta, ora de forma mais dispersa, mas sempre observando) e, logo, se sente estimulada a imitá-lo. A criança que participa de situações de leitura quando, diante de um livro, começa a mexer os lábios como se estivesse ele também lendo em voz alta; percebe que é preciso olhar para
as páginas do livro; aprende a apontar com o dedinho para algum conteúdo específico.
A leitura para a criança pequena deve ser sempre uma situação de cuidado e afeto, proporcionando um intenso momento de convívio entre as crianças e o(a) educar(a) e entre elas e seus familiares. A seguir, há algumas dicas que podem ajudar a colocar em prática procedimentos que estimulam o desenvolvimento da comunicação oral e o conhecimento linguístico das crianças pequenas de uma forma geral.
1. Explorar o livro antes de ler. É importante que o adulto mediador conheça o livro antes de ler para que possa estar inteirado de seu conteúdo e melhor explorá-lo durante a leitura.
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2. Preparar a leitura.
A leitura se torna mais estimulante para a criança pequena se o livro render conversas, muitas conversas. Tecnicamente, essas conversas são situações de interpretação do texto (e da ilustração) e o adulto servirá como um modelo para os jovens leitores. O ideal é ler o livro para planejar aquilo que será co mentado sobre cada página. Os comentários podem ser sobre o texto ou sobre as ilustrações. Recorrer a eventos vivenciados pela criança, fatos da rotina, outras histórias, livros e até mesmo às suas memórias de infância é sempre interessante, “caldo” para uma boa conversa.
3. Desenvolver um estilo próprio.
Criar um estilo próprio para ler em voz alta. Não existem regras. Algumas pessoas preferem uma leitura mais teatral. Outras preferem ler com a voz séria e baixa. Algumas pessoas preferem ler e contar; outras apenas ler. Mas jamais deixe de efetivamente ler o livro. Muitos adultos acabam apenas contando a história, o que não é interessante para a formação do leitor. Ler é sempre essencial.
4. Variar a posição do livro durante a leitura.
A criança pode estar ao lado do adulto, os dois observando o livro do mesmo ângulo. O adulto pode ler de frente para a criança, com o livro aberto voltado para ela. Assim ela não apenas enxergará o livro como também poderá visualizar as expressões do rosto do adulto durante a leitura. A leitura pode acontecer ainda em lugares abertos ou fechados. Essa variação é muito importante, pois permite que a criança pequena tenha diferentes interações com o objeto livro. Em determinados momentos também é interessante deixá-la manipular o livro livremente, mesmo ele sendo de papel. Assim ela atuará plenamente como leitora, folheando o livro e atribuindo sentidos ao texto e às ilustrações de forma espontânea.
5. Ler e reler o mesmo livro.
As crianças pequenas adoram quando os adultos repetem a leitura de um mesmo livro. Maiorzinhos um pouco, essa diversão acaba virando uma necessidade e elas chegam a pedir para repetir eternamente as histórias, os livros, os filmes, as canções. Esta repetição é fundamental para o seu desenvolvimento. Permite que elas lembrem, relacionem e compreendam cada vez mais e melhor um mesmo fato ou sentimento.
6. Criar uma rotina de leitura e relativizar as expectativas. Criar uma rotina agradável e prazerosa de leitura para as crianças pequenas, de preferência envolvendo mais de um adulto. Na instituição escolar, esse adulto
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será,sobretudo,o(a) educador(a) que cuida delas; em casa serão seus familiares. É importante determinar um horário fixo na rotina para a leitura no qual as crianças já estejam alimentadas e com suas necessidades de sono já resolvidas. Assim, elas se sentirão mais confortáveis para aderir a alguns procedimentos que, pouco a pouco, devem aprender: como escutar, esperar a sua vez para falar, olhar o livro. A atenção principalmente quando a criança é recém ingressa na escola, porém, pode ser fragmentada e de curta duração. Mesmo que ela pareça desinteressada ou muito agitada, é possível prosseguir com a leitura, pois de alguma forma ela estará prestando atenção - salvo, é claro, naquelas ocasiões nas quais ela manifestar claro descontentamento com a situação.
A LEITURA EM FAMÍLIA
As indicações feitas aqui podem ser sugeridas aos familiares. A leitura fora do contexto da escola é similar àquela realizada na escola: o adulto leitor precisa estar preparado, o local e a hora da leitura devem estar previamente planejados. Como o livro Saracuteia aborda uma temática do cotidiano das famílias, a sua leitura será carregada de significados para todos, facilitando a formação de uma comunidade de leitores também em casa, além de convidar a família a também cantar e dançar com as músicas presentes na obra.
O livro Saracuteia e o desenvolvimento da criança
Saracuteia é um livro divertido que agrada a criança e o adulto leitor, tanto pelo texto quanto pelas músicas e imagens. A proposta dessa obra é apresentar um conteúdo de qualidade que estimule uma leitura prazerosa em família e na escola, além de despertar o interesse pela musicalização e a expressão corporal. O livro apresenta canções interessantes e pertinentes para a criança que convive com pessoas da família e amigos, que brinca à vontade, que participa de um espaço coletivo, que explora o lugar e tudo o que ele oferece, que se expressa em falas e gestos e que, principalmente, conhece a si mesmo. Com isso, a obra contempla todos os seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento previstos para a Educação
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Infantil na Base Nacional Comum Curricular. Da mesma for ma, o documento apresenta cinco campos de experiência, que trazem as situações e experiências da vida cotidiana, e essas definições também estão presentes no livro:
O eu, o outro e o nós
A descoberta de si e do outro é uma temática muito presente nas cantigas, pois falam de partes do corpo, apresentam o outro, contam histórias e estimulam a brincadeira coletiva e também a falar de si e de suas preferências. Esses estímulos fazem com que a criança leitora não somente se sinta parte do livro e da brincadeira, mas também a convida a partilhar esse momento de diversão com o adulto mediador e com quem tiver contato, seja as outras crianças da escola, seja a família. É a valorização das relações e do convívio social, respeitando as diferenças.
Corpo, gestos e movimentos
O mote principal do livro é a expressão corporal através da dança, do canto e da brincadeira. Aqui, a criança é convidada a ouvir um texto que pode ser lido e/ou cantado, e a partir dessa leitura, conhecer melhor o seu corpo com coreografias, gestos e a dança livre. É uma forma lúdica e divertida de perceber as suas capacidades e limitações, o seu desenvolvimento corporal e também como a dança pode ser uma forma de expressão.
Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações
O livro possui oito cantigas, que possuem maior ou menor quantidade de texto, e esse fato não passará despercebido pelas crianças. Principalmente ao ver os vídeos animados, elas perceberão que alguns são mais curtos e outros mais longos, fazendo uma relação com o tempo necessário para cantar determinada canção. As cantigas também falam sobre relações e quantidade, como “um patinho”, “três ratinhas” etc e também transformações, como o caso do milho que estoura e vira “pipoquinha”. Da mesma forma, também exploram diferentes espaços, pois há canções que possuem ilustrações que representam a brincadeira dentro de casa, ao ar livre ou dentro de algum objeto, como uma panela ou um saco. De modo lúdico, as crianças perceberão esses tópicos nas próprias músicas e também com possíveis explorações pós-leitura, tanto dentro do espaço escolar quanto em casa.
Escuta, fala, pensamento e imaginação
Ao ouvir cantigas populares próprias para o universo infantil, a criança desenvolve a capacidade da concentração, mas também se sente mais estimulada a falar sobre as suas preferências, comentar sobre outras canções que conhece e gosta,
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compartilhar sua bagagem cultural. A imaginação também é amplamente explorada, pois as letras das can tigas podem apresentar uma história, um lugar, um personagem ou uma ação, e a partir daí, as crianças são convidadas a imaginar tudo o que está ouvindo de acordo com a sua interpretação.
Traços, sons, cores e formas Saracuteia é um livro ricamente ilustrado e colorido, que propõe despertar os sentidos das crianças ao conhecer cada canção. Cada ilustração possui traços, cores e formas características diferentes, estimulando o contato da criança com a arte visual e também com a cultura popular, tão valorizada no livro e que pode oferecer diferentes propostas de trabalhos pedagógicos com as crianças em sala de aula, virtualmente e também com as famílias, especialmente na área das artes.
Todos os pontos presentes na Base Nacional Comum Curricular exploram questões importantes para o desenvolvimento dos pequenos e, por isso, são também abordadas no decorrer do livro Saracuteia, que tenciona abranger de maneira completa muitas possibilidades de trabalho e interação com as crianças.
A rotina da criança e a importância da leitura e brincadeira no cotidiano
Estudos apontam para a importância da rotina no dia a dia das crianças, sobretudo na primeira infância. Saber que há a hora de se alimentar, de descansar, de tomar banho e fazer a higiene bucal e também, é claro, de ler, brincar e aprender ajuda as crianças a terem mais consciência do tempo, do espaço em que habita e de suas atividades individuais e coletivas, colocando-as como protagonistas no aprendizado e de seu próprio desenvolvimento. A rotina deve ser respeitada em casa e no ambiente escolar, oferecendo tempo e liberdade para que as crianças tornem-se cada vez mais independentes e autônomas. Como citam Barbosa e Horn no artigo “Organização do tempo e espaço na Educação Infantil,
“A ideia central é que as atividades planejadas diariamente devem contar com a participação ativa das crianças, garantindo às mesmas a construção das noções de tempo e de espaço, possibilitando-lhes a compreensão do modo como as situações sociais são organizadas e, sobretudo, permitindo ricas e variadas interações sociais”. (BARBOSA; HORN, 1998, p. 67-69)
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É importante que as crianças percebam a brincadeira como uma atividade de sua rotina, com a qual ela pode não apenas se divertir, mas também se desenvolver e expressar as suas vontades e opiniões, sempre respeitando também a opinião do outro.
“É na situação de brincar que as crianças se podem colocar desafios e questões além de seu comportamento diário, levantando hipóteses na tentativa de compreender os problemas que lhes são propostos pelas pessoas e pela realidade com a qual interagem. Quando brincam, ao mesmo tempo em que desenvolvem sua imaginação, as crianças podem construir relações reais entre elas e elaborar regras de organização e convivência. Concomitantemente a esse processo, ao reiterarem situações de sua realidade, modificam-nas de acordo com suas necessidades. Ao brincarem, as crianças vão construindo a consciência da realidade, ao mesmo tempo em que já vivem uma possibilidade de modificá-la.” (WAJSKOP, 1995, p. 33)
Mas esse não é apenas um livro divertido. Há oito canções que exploram o interesse pela música, pela sonoridade e, principalmente, mostram como a cultura brasileira é plural. Saracuteia tem a proposta de chamar a atenção da criança para o seu próprio corpo, suas habilidades e limitações; para a brincadeira coletiva; para a sonoridade e novas palavras, auxiliando a construção do vocabulário da criança.
A música como tema para a infância
Desde bem pequenas, as crianças percebem a musicalidade como objeto de atenção. Quem não se encanta com o bebê que começa a se mexer no ritmo de uma música, ainda que nem saiba andar ainda? Já maiores, as crianças elegem suas canções favoritas e percebem como é interessante se expressar a partir de coreografias de cantigas e canções pertinentes à sua idade.
Além do entretenimento, a música promove uma série de benefícios para a criança e, por isso, pode e deve ser trabalhada na Educação Infantil. Quando a criança ouve músicas infantis, ela desen volve a concentração, a memória, aprende mais sobre ouvir o outro, a falar sobre si mesma e suas preferências. Além desses
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benefícios, a música também causa uma sensação de bem-estar e, principalmente, convida a criança a brincar e se divertir.
“A música é uma forma de expressão que permite ao ser humano manifestar suas alegrias e tristezas, suas dúvidas e sentimentos, suas ideias e sensações. Ela pode ser encontrada no suave compasso das batidas do coração materno, nos sons que emanam da natureza ou, ainda, no movimento acelerado dos carros nas ruas. É, ademais, uma arte que permite ao educando construir conhecimentos e desenvolver seu potencial criativo e crítico na interação que estabelece com o mundo, o que justifica sua utilização no cotidiano das escolas.” (AVANÇO, BATISTA, 2017, p.6)
Para as crianças, há diversas cantigas de roda que por vezes possuem letras que não fazem sentido, mas que são experenciadas pela inclusão na sociedade, pelo ritmo, pela coreografia e pela brincadeira coletiva. Nesses casos, o lúdico, a brincadeira e a música em si cumprem um papel que vai além do sentido do léxico das letras.
“Nas crianças, a música também exerce grande influência em seu desenvolvimento e funcionamento cerebral, sendo entendida pelo cérebro como uma forma de linguagem. Assim, à semelhança da linguagem falada, a música envolve diferentes entonações, ritmos, andamentos e contornos melódicos.” (AVANÇO, BATISTA, 2017, p.2)
A música é uma forma rica e completa de expressão, seja pela linguagem, seja pelo corpo, além de ser uma atividade extremamente prazerosa e divertida. É o desenvolvimento e aprendizado a partir da diversão.
O que as crianças podem aprender
ao ler este livro?
Mesmo a criança pequena pode aprender muitas coisas durante a leitura de um texto literário. Com a leitura desse livro, ela pode começar a aprender a…
Ouvir a leitura de um texto em voz alta realizada por um leitor mais experiente – no caso, o(a) educador(a).
Desfrutar da leitura de um texto literário e, neste caso, do jogo poético das adivinhas.
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Compartilhar a sua opinião e a sua interpretação de um texto com os colegas, com o(a) educador(a) e com seus familiares.
Distinguir letras de desenhos e reconhecer no livro os trechos correspondentes à parte textual (texto central, títulos, subtítulos etc.).
Localizar, identificar e descrever elementos das ilustrações.
Relacionar o conteúdo do texto com o conteúdo das imagens, começando a perceber o papel complementar que existe entre a informação textual e a informação visual no livro infantil.
Começar a reconhecer os elementos que caracterizam o texto escrito – como a presença de letras para formar as palavras e os sinais de pontuação (a interrogação, por exemplo, para indicar perguntas).
Interessar-se por palavras pouco comuns em seu vocabulário cotidiano.
Interessar-se em descobrir o significado de palavras que desconhece.
Valorizar o modo de se expressar de pessoas pertencentes a outras gerações, a outros espaços e tempos.
Incorporar o vocabulário do livro em seu dia a dia e empregá-lo com gradual eficiência.
Valer-se da memorização do texto para realizar leituras memorizadas (pseudo leituras), procurando relacionar aquilo que lê com aquilo que está escrito no texto.
Reconhecer a grafia de letras e o registro escrito de sílabas e palavras, demonstrando interesse na apropriação do sistema de escrita.
Reconhecer as partes de um livro: capa e parte central, localizando informações como título, nome do autor e da editora.
Participar ativamente da leitura de um livro por prazer e, ao mesmo tempo, desfrutar das informações que ele traz e que complementam a leitura.
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A leitura do livro infantil para crianças pequenas possui, em nossa expe riência didática, três eixos fundamentais: a leitura do texto escrito, a leitura da narrativa visual (as ilustrações) e o momento de conversação. É muito impor tante levar em conta esses três eixos no planejamento da leitura, considerando o que se pode fazer antes, durante e após a sua realização. Decidir se o livro será trabalhado apenas no momento de leitura (as rodas de leitura) ou se será o ponto de partida para o desenvolvimento de uma ação maior (seja ela um projeto ou uma sequência de atividades) é outro fator importante a ser considerado. Saracuteia é um livro que abre inúmeras possibilidades, além da leitura literária. Por tratar de temas tão importantes para a primeira infância, a brincadeira, a música e a cultura, a sua leitura pode se desdobrar em ações mais amplas, envolvendo inclusive toda a família na reflexão sobre o brincar na primeira infância. As atividades apresentadas nesse tópico são sugestões sobre como a leitura de Saracuteia pode ser realizada em meio a contextos mais amplos, com atividades a serem realizadas antes, durante e depois envolvendo educadores e familiares. Vale destacar, porém, que mesmo o trabalho com o livro apenas no momento da roda de leitura já representará uma experiência literária intensa para as crianças bem pequenas, que se encantarão em descobrir novas cantigas, formas de expressar a sua vontade, a criar novas relações sociais e, principalmente, a brincar.
Antes da leitura
O ideal é que o momento da leitura ocorra em lugar calmo, arejado e iluminado, tornando a leitura ainda mais prazerosa. E que as crianças estejam confortáveis. A escolha de quando e onde a leitura será realizada pode ser parte do planejamento do/da educador/educadora, antes que a leitura do livro ocorra. Outro ponto interessante é ler o livro antes de apresentá-lo às crianças, preparar a leitura em voz alta, decidir o que e quando será destacado. A entonação, o ritmo e a velocidade podem ser ensaiados pelo leitor mediador que, assim, imprimirá a sua marca, o seu modo de ler, à leitura do livro. Com relação às crianças, é importante que elas saibam que existe um momento de leitura na rotina da escola e que agora, pouco a pouco, elas já sabem o que
A LEITURA DO LIVRO
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acontecerá e o que se espera que elas façam. Para aquelas que recém ingressam na escola, será todo um aprendizado inicial. Por isso mesmo é importante que, antes da leitura, o leitor mediador antecipe o que acontecerá: “agora vou ler um livro; é importante prestar atenção, ouvir o que eu estou lendo, esperar a vez para falar”. Essas são pistas que orientam a criança pequena que, sem dúvida, com o passar do tempo compreenderá o que fazer nos momentos de leitura. A organização do espaço e do tempo para a atividade que ocorrerão na sequência da leitura do livro também é muito importante. Assim, leitura e ação ocorrerão com maior fluidez e as crianças se sentirão bem orientadas. Importante ainda planejar como será a interação do livro Saracuteia com as famílias, envolvendo-as na leitura da obra e também na reflexão do tema que ela apresenta.
LENDO COM O CORPO
Por vezes, as crianças podem interromper a leitura, apontar ou comentar sobre uma ilustração que gostam e interagir com a narrativa ao oferecer exemplos e comparações com as suas próprias vivências. Isso é ótimo! Ainda que essas ações possam interromper o andamento da leitura, tais atitudes por parte das crianças significam que elas estão interessadas e se sentindo estimuladas a participar. Vale lembrar que as crianças pequenas praticamente “leem com o corpo”, ou seja, expressam suas reações à leitura não apenas por meio de palavras mas também de movimentos. É interessante acolher essa movimentação, compreendendo que ela faz parte do desenvolvimento infantil.
Durante a leitura
A leitura começa pela capa. Se possível, comece mostrando às crianças onde, na capa do livro, encontram-se as informações sobre o nome dos autores, o título da obra e o nome da editora. É interessante que as crianças saibam o que faz o autor do livro e também o ilustrador. Informe-lhes sobre o trabalho deles na produção de um livro e quem participa dessa produção:
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o autor é quem teve a ideia do texto (ou de recontar textos já conhecidos) e depois o escreveu;
o ilustrador é quem desenhou os personagens, elementos e cenários do livro – muitas vezes é o autor do texto quem dá as dicas sobre o que desenhar para o ilustrador;
a editora é a empresa que faz o livro chegar até o leitor.
A sonoridade do título também é um assunto interessante para abordagem, já que traz uma palavra pouco conhecida: “Saracuteia”. Será que as crianças já ouviram essa palavra antes? O que será que ela significa?
As crianças gostam da ilustração? Instigue a curiosidade deles, perguntando sobre o que esses personagens da capa farão no decorrer do livro, será que eles aparecerão em todas as páginas?
Faça a leitura do texto em voz alta e com clareza, em uma velocidade que as crianças acompanhem confortavelmente e mostre as páginas com calma para que elas possam observar todas as ilustrações. Não há problema caso a criança interrompa a leitura para fazer uma pergunta ou apontar algo na imagem, pelo contrário, é sinal que ela está interessada e que há interação com o momento. Na sequência, é interessante mostrar às crianças os vídeos das canções presentes no texto, também permitindo que elas percebam a semelhança entre as ilustrações do livro com as animações dos vídeos.
Depois da leitura
É interessante que as crianças manuseiem o livro, folheiem as páginas e, após a leitura, revejam as canções e páginas que mais gostaram. Finalizar a leitura perguntando qual foi a canção favorita e o por quê também inclui a criança e faz com que ela se sinta parte do momento de leitura. É importante que ela compartilhe o seu gosto pessoal e seja estimulada a argumentar sobre as suas escolhas e percepções, pois além de reforçar a atividade e memória do que lhe foi apresentado, ela também sente que a sua opinião é importante e relevante, que é ouvida e respeitada.
Algumas perguntas também podem ser feitas nesse momento após a leitura, questões simples que façam as crianças relembrarem as ilustrações e o texto. A seguir,
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estão listados alguns exemplos de questões abertas, que convidam os pequenos a exercerem a argumentação, a concentração e melhor obser vação do livro lido:
Você já conhecia alguma música presente nesse livro? Qual é a sua música favorita?
Você gosta de brincar de roda? Onde você costuma brincar? Qual é a sua brincadeira favorita?
Qual é o nome da primeira canção do livro, você se lembra? Vamos ver o livro novamente para relembrar?
Quantas canções há no livro?
Quantos anos você acha que as crianças ilustradas na capa têm? Quantos anos você tem? Será que eles são do seu tamanho?
Caso o livro seja lido em casa, juntamente com a família, as perguntas podem ser encaminhadas para os responsáveis, para que eles possam conversar com as crianças após a leitura e assim, também, criar o hábito de falar sobre as leituras compartilhadas com os pequenos. Depois da leitura do livro, é interessante conversar com as crianças sobre o que elas mais gostaram nas ilustrações e nos textos. Se possível, comente que é possível serem feitas algumas atividades para explorar melhor o que foi visto e estimule-as a relembrar as canções, permitindo que as crianças folheiem o livro novamente.
O livro, página a página
A leitura de um livro começa pela capa. Ou melhor, pela 1ª capa. Importantes informações textuais como o título da obra, o nome dos autores e da editora estão ali presentes e podem ser compartilhadas com as crianças. No caso do livro ilustrado, tem a arte da capa que já começa a contar a história. Quem ali aparece? Quem são eles, uma criança? Duas crianças? O que será que eles estão fazendo? Essas questões são muito importantes nessa primeira exploração, que já fornecerá pistas sobre o texto que será lido na sequência. Vale destacar que o pequeno desenho ao pé da página é o logo da editora, um elemento gráfico que traz imagem e texto que se repete em outras passagens da obra: na 4ª capa e no expediente.
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A capa é formada pela 1ª capa e também pela 4ª capa, o verso do livro. Geralmente, ali se encontra a sinopse da obra. Uma breve resenha que pode e deve ser lida para as crianças. A ilustração também deve ser observada: o que aparece ali? Interessante destacar que quando as capas estão abertas, é possível perceber um céu azul, e enquanto na 1ª capa temos duas crianças que parecem estar em movimento e um passarinho pousado no título, na 4ª capa temos um ambiente ao ar livro muito convidativo para a brincadeira, onde percebemos um pássaro diferente do primeiro e uma joaninha. Na 4ª capa, também há um QRCode que linka com o site da editora e dali para as redes sociais. Para o/a educador/ educadora, há diversas informações complementares sobre esta obra e sobre a leitura na primeira infância que podem ser interessantes.
A primeira página do livro, chamada de “rosto’ ou “front”, geralmente repete o conteúdo da capa, mas sem o mesmo trabalho gráfico. Essa é uma informação importante para o(a) educador(a), que poderá compartilhá-la com as crianças se julgar adequado. Que novidades essa
página apresenta com relação à capa? Mostre às crianças o que se repete e o que muda entre uma e outra.
Esta página é chamada de expediente. É nela que a editora informa os dados da empresa, tais como o endereço e as redes sociais. É no expediente que também estão os dados do livro, a sua ficha de identificação, informações sobre o nome dos autores e o ano de publicação, tamanho do livro e o número de páginas. Nela, também consta o número do ISBN, que é a identificação da obra. Trata-se de um número internacional, válido no mundo todo, como se fosse o número da carteira de identidade de uma pessoa. Vale lembrar que mostrar a estrutura de um livro para uma criança tem como principal objetivo aproximá-la desse objeto cultural e suas características. Não é necessário de modo algum que ela “decore” ou entenda as informações sobre a obra.
Neste livro, a página 3 traz o sumário, com o nome de todas as canções que
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serão apresentadas no livro e a informação se são canções do folclore brasileiro, de outro país ou de composição das autoras.
Essa dupla de páginas traz a apresentação da primeira canção, Pom pom pom. Proveniente do folclore brasileiro, essa cantiga tem como foco o conhecimento corporal, especialmente em brincadeiras com as mãos. Um pequeno texto apresenta a música e desperta a curiosidade do leitor para o que virá, através de algumas pequenas questões que o provocam: “olha só… de quem será esta mãozinha?”, “de quem é este dedinho?”… Com essa introdução, a criança ficará mais atenta e concentrada para descobrir o que virá, além de já entrar na brincadeira. As crianças pequenas se encantam com as próprias mãos quando acenam para dar adeus, batem palmas ou brincam com elas. Pom pom pom é uma brincadeira cantada de domínio público que envolve a percepção do corpo pela criança pequena, notadamente das mãos, estimulando a sua musicalidade e a sua coordenação motora.
Agora, temos o texto da canção Pom pom pom, que também é uma brincadeira. Essas brincadeiras cantadas, também conhecidas como brincos, são canções curtas que proporcionam um estreitamento dos vínculos entre os brincantes. Neste caso, a canção tem um gestual. Através dos movimentos dos dedos e das mãos e da voz modificada conforme a fala dos personagens, a canção permite uma folia entre os adultos e os bebês/crianças que, sem dúvida, permanecerá na mente e no coração de todos como uma lembrança feliz da primeira infância. A princípio, o adulto brincante (seja ele um familiar ou o cuidador/educador) pode colocar criança à sua frente e brincar com as próprias mãos, servindo como modelo. A criança irá se entreter com os movimentos dos dedos que sobem e abaixam em movimentos curiosos ao longo do desenrolar da canção. O adulto pode experimentar segurar a mãozinha da criança rente à sua e fazer os movimentos da brincadeira, sem se preocupar se a criança consegue ou não acompanhá-lo. O mais importante é a graça da música, com suas alternâncias de voz que convidam os brincantes a entrar no jogo simbólico da brincadeira. As crianças podem se sentar em roda e unir as palmas das mãos com os colegas ao lado. Será um desafio e tanto do ponto de vista motor, pois a
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criança terá que movimentar as mãos esquerda e direita e assimilar os movimentos espelhados dos companheiros de roda — envolvendo outras questões, como a lateralidade.
Nessa dupla de páginas, há a apresentação da segunda canção, Passarinho , também pertencente ao folclore brasileiro. Novamente, um pequeno texto apresenta o que virá na letra a seguir, perguntando ao leitor como é que o passarinho faz quando voa. Será que as crianças sabem responder? Nunca é cedo demais nem tarde demais para ser estimulado(a) a dançar. Passarinho , além do canto e da dança, convida também os brincantes a imitar os movimentos de um animal: o passarinho. A canção é uma mistura de imitação do movimento das aves com antigas cantigas portuguesas, pois traz a movimentação de batidas de pés e mãos. Sempre que oportuno, mesmo em outros momentos e lugares, mostre para as crianças as aves que existem no seu entorno e/ou aquelas que são possíveis de se observar de forma indireta, por meio de fotografias ou filmes/animações. Isso ajudará a ampliar o conhecimento de mundo da criança de forma bem divertida! Elas também poderão ser convidadas a cantar, dançar e imitar um passarinho.
Agora, temos a ilustração e a canção, que nos apresenta uma letra que propõe movimentos específicos.
O desafio motor é intenso: bater pés e mãos, rodar e cantar ao mesmo tempo. O adulto brincante também poderá introduzir novos elementos, combinando com a garotada que o passarinho é pequeno como um tico-tico ou grande como um gavião — o que implicará em novos desafios em relação à intensidade das batidas e à movimentação do corpo. Essa brincadeira cantada estimula ainda o afeto e a troca de carinho entre os brincantes. Neste livro, são mencionadas duas referências importantes para a criança: o pai e a mãe. Outros adultos podem ser incorporados à brincadeira: a avó, o avô, o tio, a tia, a madrinha, o padrinho, o cuidador, um amigo. Ela também poderá acontecer entre as próprias crianças da turma ou da família (irmãos e primos, por exemplo). Afinal, abraçar, na nossa cultura, é um gesto afetivo importante para adultos e as crianças.
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Hora de apresentar a canção Bochecha! Essa é uma canção que permite a reprodução de ruídos vocais que geralmente emitimos ao soltar o ar pelas bochechas. Para a criança pequena, esses sons são divertidos e proporcionam muitas gargalhadas. A ilustração já mostra uma menina apertando as próprias bochechas, em uma brincadeira divertida, anunciando o que está por vir. Também proveniente do folclore brasileiro, essa cantiga vai animar a todos!
Nessa dupla de páginas, as crianças conhecerão a letra da canção e verão mais uma ilustração que convida para uma brincadeira divertida, as crianças sabem qual é? Quando for repetir a música, o adulto brincante poderá fazer um grande suspense para esse tão esperado momento. Também é interessante que se troque a palavra “bebê” pelo nome da criança, contribuindo para o desenvolvimento de sua identidade. Crianças pequenas adoram ver seus pais e cuidadores brincando com a voz e fazendo sons divertidos para eles. Além de agradar e entreter, esta brincadeira sonora contribui para o fortalecimento do vínculo entre o adulto e a criança que, apesar de não saber verbalizar e nomear seus sentimentos, percebe nestes momentos o quanto são queridos. A linguagem da brincadeira, não verbal, garante a plena comunicação de afeto e de sentimento entre o adulto e a criança. Enquanto a música é cantada, podem ser feitos gestos como apontar para os lados e também para um adulto ou até mesmo para outra criança que será o “Zé Bochecha”. A noção de ritmo pode ser estimulada pela velocidade do canto. O adulto brincante poderá cantar e fazer os ruídos de forma mais ou menos rápida, conforme a evolução da cantiga, tornando a brincadeira com a música um momento de pura diversão!
Agora, as crianças conhecerão mais uma canção, a Pipoquinha. Entretanto, na ilustração dessa dupla de páginas não temos pipocas, mas duas espigas de milho… será que as crianças sabem responder por quê? O texto de apresentação conta que, quando o milho fica bem quentinho, ele começa a pular e… pof ! Estoura para virar pipoca!
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Agora, o texto da música é apresentado e conseguimos ver o processo de transformação do milho em pipoca através da ilustração, que representa três momentos dessa ação: a espiga de milho inteira, o milho na panela e a pipoca branquinha pulando! Será divertido se as crianças brincantes, no começo, estiverem agachados e bem encolhidinhos e, conforme o andamento da canção, se erguerem, abrirem os braços, rodarem e pularem como se fosse um desabrochar. A cadência da canção evolui de forma acelerada e os movimentos dos brincantes poderão acompanhar esse andamento. A repetição do texto ajudará a criança a memorizá-lo e depois incorporá-lo em seu próprio repertório de canções, estimulando-a a cantar e brincar com outros pares em outras ocasiões. Panos coloridos (ou pedaços de papel crepom) e bichinhos de pelúcia poderão deixar esse momento ainda mais especial. Ao final, fica a dica de convidar os brincantes para se agachar e encolher o corpo novamente, tal como no início da brincadeira.
A próxima canção será Patinho, esse bichinho tão conhecido das crianças. A apresentação comenta que está na hora do banho, e é possível ver um patinho numa banheira, logo embaixo do chuveiro… Será que as crianças também acham divertida a hora do banho? Esse momento pode se tornar ainda mais agradável se acompanhada por canções ou pequenas histórias. Para as crianças pequenas, cantar durante o banho pode ajudar a superar algumas das preocupações que elas costumam ter neste momento: o medo de molhar a cabeça, o receio de que o shampoo entre nos olhos, a sensação desagradável do contato com a toalha — por exemplo. Para aqueles que adoram tomar banho, as canções e as histórias só acrescentam mais diversão a este momento tão precioso da primeira infância.
Na canção Passarinho, vista anteriormente, tínhamos um fundo azul que representava o céu que ele voava; agora, temos também um fundo azul, será que as crianças sabem onde o patinho está? Será que é no céu também ou em outro lugar? Ele está na água! Na canção O patinho, de domínio público, a variação
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do tom da voz durante a fala do personagem e o splash provocado pelo bater das palmas das mãos na superfície da água são o grande momento dessa brincadeira cantada. O patinho bate as asas, abre o bico e o adulto pode acrescentar novos elementos: o patinho bate também as patas ou, mais divertido ainda, a criança bate as mãos e os pezinhos e mexe o bumbum — incorporando a criança como protagonista da história. A brincadeira pode ser acompanhada por bichinhos de brinquedo adequados para o banho ou por pequenos recipientes plásticos reciclados, como os potinhos de alimentos, por exemplo. Com esses últimos, o adulto brincante estimulará a imaginação da criança, ensinando-o a transformar os objetos do cotidiano em objetos da brincadeira, no jogo lúdico que caracteriza o pensamento ao longo de toda a primeira infância.
Nessas páginas, as crianças conhecerão a canção que dá nome ao livro: Saracuteia. “Quem vem vindo? É a dona aranha! O que ela quer? Quer saracotear!”. Esse texto da apresentação já mostra quem será a protagonista da canção e também utiliza o verbo que dá título ao livro, será que as crianças vão descobrir o que significa “saracuteia”?
Essa canção é uma composição das autoras do livro, Ivani Magalhães e Gislaine Caitano.
Hora de conhecer a canção e a dona aranha!
O toque, na forma de um abraço, um afago ou simplesmente um aperto de mãos, é sempre motivo de reconhecimento e de afeto entre as pessoas. Assim é para os adultos e, em especial, é para a criança pequena. O toque é estímulo e valorização. Seja o colo que protege ou as cócegas que fazem rir, a criança que cresce sendo acolhida pelo outro se desenvolve de forma mais confiante e equilibrada. Em Saracuteia, uma brincadeira cantada, as cócegas voltam a ser o centro da atenção. Os brincantes sentirão aquele suspense que antecede as gargalhadas provocadas pelas cócegas e serão convidados a também receber e fazer cócegas. A criança maiorzinha poderá saracotear não apenas usando os dedos das mãos, mas também se valendo de objetos do seu dia a dia. Dar novos significados às coisas ao redor, envolvendo-as em seu jogo simbólico, é uma das características da criança desta faixa etária. Uma luva, por exemplo, poderá alimentar a imaginação dos brincantes, dando forma à aranha, seu corpo, suas patas e seus movimentos.
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A brincadeira de transformar a mão em uma aranha é ainda um estímulo ao desenvolvimento da coordenação motora fina: as crianças concentram seus esforços para fazer os movimentos dos dedos da mão ficarem parecidos com a movimentação das patas de uma aranha. Uma meia, uma colher ou um pedacinho de pano também podem entrar na brincadeira. O mais importante é que os brincantes possam imaginar, cantar e saracotear!
A próxima canção do livro é A bater o pé. Na ilustração, podemos ver um menino que está em movimento, reproduzindo o movimento que dá título à canção. Essa é uma canção de origem portuguesa que faz muito sucesso entre as crianças pequenas, mas os adultos brincantes também se divertem, é uma delícia observar seus movimentos e as batidas ainda tímidas dos pezinhos dos pequenos!
Nessa dupla de páginas, temos a ilustração de algumas crianças que se divertem brincando de roda, ao som da canção, e também conhecemos a letra da música. Nessa brincadeira de roda, as crianças poderão ser guiadas por um adulto brincante (um familiar ou o cuidador/ educador), que servirá como um modelo a ser seguido. Além dos movimentos dos pés, elas deverão ser estimuladas a bater as palmas seguindo as palavras da estrofe PLIM PLIM PLÃO. Ou ainda a rodar e gritar HEY — um dos momentos mais esperados por todos. Preocupadas em seguir a brincadeira cantada, elas ficarão emocionadas com a tensão provocada pelas alternâncias dos movimentos da canção. Ao final, é interessante girar os braços na altura do tórax, finalizando a música novamente com HEY, encerrando a brincadeira com uma grande festa.
A próxima canção traz um animal muito divertido e imitado pelas crianças: o sapo. O sapo dentro do saco pertence ao folclore brasileiro, é uma brincadeira cantada começa com um desafio para as crianças e para os adultos também: recitar a parlenda do sapo dentro do saco de forma cada vez mais
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animada, rápida e ritmada. As parlendas fazem parte dos jogos tradicionais não apenas no Brasil, mas em diversas partes do mundo. Atualmente, são consideradas brincadeiras de criança, mas nem sempre foi assim. No passado, eram os adultos que se entretinham com as brincadeiras faladas nos momentos de lazer, trabalho e de convívio familiar. Nesta divertida versão, a parlenda é acompanhada por uma pequena canção que estimula a expressão facial da criança pequena, que são convidados a arregalar os olhos, movimentar os lábios e colocar a língua para fora.
Agora, é a hora de ler a apresentação e ver a ilustração: “Olha só, tem um saco aqui… E o que tem dentro dele? Um sapo! Quer conhecer o sapo, então canta para ele… Só assim ele sai e vem bater um papo!”. Será que as crianças perceberão a rima e a similaridades entre algumas palavras?
A ilustração mostra um sapo com a boca bem aberta, tentando pegar moscas. Essa expressão facial do sapo também é retratada na canção, que estimula as crianças a fazerem o mesmo. Trata-se de um momento de observação, imitação e recriação gestual divertido e educativo. Nesse contexto, o adulto brincante deve lembrar que serve como um modelo para as crianças. Quanto mais expressivos forem seus movimentos faciais, mais divertida será a brincadeira e mais elementos a criança terá para criar os seus próprios. Será interessante fazer a brincadeira: dentro de um saco, que pode ser feito de pano, é interessante ter um elemento surpresa - um sapo na forma de boneco de plástico ou de pelúcia, um fantoche ou simplesmente um par de meias no qual o adulto brincante coloca a sua mão poderão alimentar o suspense e a divertida tensão que antecedem o momento no qual estamos prestes a descobrir algo. Até mesmo a fotografia ou o desenho de um sapo tornarão a brincadeira ainda mais interessante!
Nessa página, encontra-se um pequeno texto sobre a obra, que pode ser uma leitura interessante para o educador. Aqui, comentamos sobre as inspirações e os objetivos que o livro quer alcançar ao chegar nas mãos dos leitores. Também encontramos as informações sobre a autora Ivani Magalhães.
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Aqui, há algumas informações sobre a autora Gislaine Caitano e também sobre a companhia Cantos e Contos.
Para encerrar a exploração do livro, é interessante observar a ilustração de modo completo, que retrata na primeira página duas crianças, que agora sabemos que brincam e dançam, e na quarta capa temos uma paisagem ao ar livre, com pássaro, joaninha e arbustos. Ambas as capas possuem como
fundo o azul do céu. Novamente, é interessante comentar sobre cada elemento que aparece nas capas do livro: o título da obra, o nome da autora e da ilustradora, um pequeno elemento gráfico – o logo da editora, o código de barras do livro e um QR code que traz mais informações sobre a editora, além da sinopse do livro que fica na quarta capa e que apresenta brevemente o conteúdo do livro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
O Saracuteia é um livro que estimula a leitura, a descoberta de si e do outro, a musicalização, a cultura e a brincadeira. Para abordar todas essas questões, a seguir serão apresentadas algumas referências e sugestões de leituras para os educadores e também para os mediadores de leitura.
AVANÇO, F.R.; BATISTA, F. M.R.C. A música como apoio no processo de ensino e aprendizagem. Revista Eletrônica Científica Inovação Tecnologia, Medianeira, v. 8, n. 16, 2017. E – 4782. Este artigo analisa a presença e a forma de utilização da música em práticas educativas da Educação Infantil, comparando realidade com as suas possibilidades de utilização. Texto interessante para educadores que queiram saber mais sobre a importância e benefícios da apresentação da música enquanto suporte de ensino e aprendizagem.
BAJOUR, C. Ouvir nas entrelinhas: o valor da escuta nas práticas de leitura. 1ª edição. São Paulo: Pulo do Gato, 2013. Os quatro textos que compõem a obra discorrem sobre a importância da “escuta”, da “conversação literária” e do “registro” para o êxito no trabalho com a leitura literária. Chamam a atenção para a importância da formação do mediador, responsável, em grande parte, pelo sucesso ou pelo fracasso das ações promotoras da formação do leitor nas instituições escolares.
BARBOSA, M. C. S.; HORN, M. G. S. “Organização do espaço e do tempo na escola infantil”. In: CRAIDY, C.; KAERCHER, G. E. (Orgs.). Educação Infantil: pra que te quero?. Porto Alegre: ArtMed, 2001. p. 67-79. O dia a dia das creches e pré-escolas é repleto de atividades organizadas por educadores que, de uma maneira ou de outra, lidam com o espaço e o tempo a todo o momento. Como organizar tempos de brincar, de tomar banho, de se alimentar, de repousar de crianças de diferentes idades nos espaços das salas de atividades, do parque, do refeitório, do banheiro, do pátio? É tarefa dos educadores organizar o espaço e o tempo das escolas infantis, sempre levando em conta o objetivo de proporcionar o desenvolvimento das crianças.
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BENJAMIN, W. Reflexões sobre a criança, o brinquedo e a educação. 2ª edição.
São Paulo: Editora 34, 2009.
Estes ensaios apresentam a suma do pensamento de Benjamin sobre a educação. O autor discorre sobre aspectos da vida universitária, o aprendizado da leitura, a prática do teatro, brinquedos, jogos, livros infantis e, ainda, os contrastes entre a educação burguesa e os desafios de uma pedagogia revolucionária. Um livro clássico sobre a infância, que nos ajuda a compreender melhor as crianças e a sociedade.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Alfabetização. Conta Pra Mim: Guia de Literacia Familiar. Brasília: MEC, SEALF, 2019.
Um guia sobre a importância da leitura em família com sugestões práticas para que os educadores possam apresentar roteiros e sugestões de atividades a serem realizadas em casa, no âmbito familiar. A valorização de livros infantis que estimulem a construção de uma comunidade leitora na família, baseada em momentos de convívio, diálogo e interações através de situações simples como conversar, passear, cozinhar, desenhar ou, simplesmente, ler. Disponível em: http://alfabetizacao .mec. gov.br/images/ pdf/conta-pra-mim-literacia.pdf (acesso em 14/02/2021).
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Brasília, 2018.
A BNCC foi amplamente utilizada para a construção desse manual e é um rico material de consulta para os educadores. Para a organização do planejamento das atividades de leitura, é interessante consultar a BNCC para identificação de conteúdos e objetivos de aprendizagem. Disponível em: http://base nacionalcomum. mec.gov.br/abase/ #infantil (acesso 14/04/2021).
DEBUS, E. Festaria de brincança: a leitura literária na Educação Infantil. 1ª edição. São Paulo: Paulus, 2006.
Obra interessante para educadores da Educação Infantil, pois fala da leitura literária para crianças pequenas. O livro explana sobre o contato das crianças pequenas com vários tipos de livros (livros tradicionais, livros-brinquedo etc) e trata da importância da leitura no ambiente escolar.
JUNQUEIRA, R (org). Ler e Ensinar: gestos de leitura na Educação Infantil. 1ª edição. Presidente Prudente: Educação Literária, 2019. Nesse pequeno livro é ampliada a discussão e a teorização sobre literatura, mediação de leitura e livros para bebês e crianças pequenas. Ficamos no desejo de que o livro te atraia, como o tema tem seduzido centenas de professores e pais por muitos anos. Também, esperamos que filhos, netos e alunos tenham oportunidade de desenvolver esses gestos embrionários de leitura, que os colocarão frente ao ato de ser leitor.
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JUNQUEIRA, R (org). Literatura e Educação Infantil: Livros, imagens e práticas deleitura (1). 1ª edição. Campinas: Mercado de Letras, 2016.
Devemos aproximar livros infantis de crianças bem pequenininhas? Podemos provocar ações de leitura nos bebês? Sim, sim se entendermos os espaços da Educação Infantil como um ambiente que pode e deve impulsionar a humanização através da educação literária. Assim, nessa obra o leitor conhecerá um pouco mais sobre livros infantis, imagens e práticas de leitura para a primeiríssima e a primeira infância.
LAJOLO, M. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. 6ª edição. São Paulo: Ática, 2002.
Nessa obra, Marisa Lajolo trata sobre a leitura dentro do ambiente escolar, a sua importância e consequência. Um livro interessante para educadores da Educação Infantil e também para o Ensino Fundamental, pois traz, de maneira acessível, a discussão acerca do contato com os livros e como a leitura influencia diretamente o aprendizado dos alunos.
MCGUINNESS, Diane. Cultivando um leitor desde o berço. 1ª edição. Editora Record, 2006.
Repleto de comentários fascinantes a respeito do comportamento infantil, este livro não apenas torna mais simples a compreensão sobre os estágios de aquisição da linguagem como também orienta sobre como aumentar a interação de pais e filhos. A autora apresenta seu programa inovador que facilita o domínio da leitura e revela o quanto bebês e crianças que ainda estão aprendendo a andar e aquelas em fase pré-escolar sabem e podem expressar desde os primeiros meses de vida.
NINFAS, P. Do ventre ao colo do som a literatura – livros para bebês e crianças. 1ª edição. Rio de Janeiro: RHJ Livros, 2012.
Qual a diferença entre livros e literatura para os pequenos? Essas e outras questões são discutidas nessa obra, com exemplos comentados de livros destinados aos bebês. Obra recomendada aos pais, educadores, professores, pedagogos, psicopedagogos, psicólogos e psicanalistas, aos cuidadores dos bebês e das crianças.
REYES, Y. Ler e brincar, tecer e cantar: literatura, escrita e educação. 1ª edição. São Paulo: Pulo do Gato, 2012.
O título já anuncia como a autora está comprometida com a linguagem, a educação, a formação de leitores e a literatura, que “embora não transforme o mundo, pode fazê-lo ao menos mais habitável, pois o fato de nos vermos em perspectiva e de olharmos para dentro contribui para que se abram novas portas para a
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sensibilidade e para o entendimento de nós mesmos e dos outros”. Uma obra de referência para educadores.
REYES, Y. A casa imaginária. 1ª edição. São Paulo: Global, 2010. Resultado de 15 anos de pesquisa da autora, este livro reúne as mais recentes descobertas das ciências que valorizam as etapas iniciais do desenvolvimento infantil. Sua missão é convencer o público tanto sobre a necessidade de se começar já a tarefa de formar leitores quanto do imenso prazer de ler com as crianças pequenas.
WAJSKOP, Gisela. Brincar na Pré-Escola. 1ª edição. São Paulo: Cortez, 1995. O texto apresenta uma abordagem sócio-histórica sobre o brincar e faz um panorama sobre a evolução nas teorias e práticas pedagógicas na Educação Infantil ocidental. Como o livro Saracuteia também propõe a brincadeira e a imaginação a partir do livro, a obra torna-se uma boa sugestão de leitura para os educadores.
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CANTAR, BATER PALMAS, PULAR, DANÇAR, BRINCAR, NINAR...
VENHA (RE)DESCOBRIR O UNIVERSO
MÁGICO DAS CANTIGAS E DAS
BRINCADEIRAS POPULARES
BRASILEIRAS QUE HÁ DÉCADAS
ENCANTAM GERAÇÕES E FAZEM PARTE
DA NOSSA INFÂNCIA!