AMY WINEHOUSE: MAIS FORTE QUE ELA

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© Textos: Susana Monteagudo, 2019 © Ilustrações: María Bueno, 2019 Todos os direitos reservados Publicado mediante acordo com a Lunwerg, uma divisão da Editorial Planeta, S. A. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, armazenada ou transmitida para fins comerciais sem a permissão do editor. Você não precisa pedir nenhuma autorização, no entanto, para compartilhar pequenos trechos ou reproduções das páginas nas suas redes sociais, para divulgar a capa, nem para contar para seus amigos como este livro é incrível (e como somos modestos). Este livro é o resultado de um trabalho feito com muito amor, diversão e gente finice pelas seguintes pessoas: Gustavo Guertler (edição), Fernanda Fedrizzi (coordenação editorial), Germano Weirich (revisão), Celso Orlandin Jr. (adaptação da capa, projeto gráfico e ilustrações) e Lucas Reis Gonçalves (tradução) Obrigado, amigos. 2020 Todos os direitos desta edição reservados à Editora Belas Letras Ltda. Rua Coronel Camisão, 167 CEP 95020-420 – Caxias do Sul – RS www.belasletras.com.br

Dados Internacionais de Catalogação na Fonte (CIP) Biblioteca Pública Municipal Dr. Demetrio Niederauer Caxias do Sul, RS

M772a

Monteagudo, Susana Amy Winehouse : mais forte que ela / Susana Monteagudo; ilustradora: Pezones Revueltos; tradutor: Lucas Reis Gonçalves. - Caxias do Sul: Belas Letras, 2020. 144 p.: il. - (Coleção vidas ilustradas)

ISBN: 978-65-5537-018-8 Obra original em espanhol.

1. Winehouse, Amy, 1983-2011 - Biografia. 2. Músicos – Inglaterra. I. Pezones Revueltos. II. Gonçalves, Lucas Reis. III. Título.

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CDU 929Winehouse

Catalogação elaborada por Vanessa Pinent, CRB-10/1297


MAIS FORTE QUE ELA

Susana Monteagudo Ilustrações: Pezones Revueltos

Tradução: Lucas Reis Gonçalves



Sumário 01. Origem e infância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 02. Influências musicais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 03. Adolescência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 04. Referências culturais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 05. Inícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 06. Sua voz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 07. Island e Frank . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 08. O universo Frank . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 09. De Frank a Back to Black . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 10. Back to Black . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 11. A queda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 12. A Londres de Amy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90 13. Um pouco de esperança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94 14. Seu estilo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104 15. O adeus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110 16. Lioness . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116 17. À memória de Amy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124 Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138


Capítulo 1

Origem e infância


“É

uma menina!”, ecoou pela sala de parto, para a surpresa de todos. Pesou um pouco mais de três quilos e chegou quatro dias mais tarde do que o previsto. Logo depois do anúncio, encontraram outro nome para o bebê.

Amy Jade Winehouse nasceu no dia 14 de setembro de 1983, no seio de uma família judia instalada em Southgate, um subúrbio ao Norte de Londres e tradicional assentamento hebraico. Seus tataravós emigraram para o Reino Unido vindos da Rússia, da Bielorrússia e da Polônia no século XIX, atraídos pela força econômica da Revolução Industrial e fugindo da incessante perseguição aos judeus. Como tantos outros imigrantes, acabaram tendo uma vida humilde. Um de seus antepassados paternos, Abraham Grandish, foi vendedor ambulante de frutas, e sua filha, Fanny, impermeabilizava casacos para enfrentar o clima chuvoso de Londres. Os familiares mais próximos de Amy também não conseguiram acumular grandes fortunas. Esther, sua avó materna, convenceu o marido, Eddie, a atravessar o oceano; mas logo retornaram decepcionados e igualmente pobres. Janis, a mãe de Amy, nasceu em Nova York. “Com certeza, não éramos uma família abastada”, recordava, “nossas mulheres, de geração em geração, pareciam iguais; é daí que vem a piada de que ‘somos tão pobres que só podemos pagar um rosto’”. Janis conheceu Mitch na comunidade judaica de Londres. Ela era farmacêutica, e ele se dedicava à venda de sistemas de envidraçamento antes de se tornar taxista. Depois de se casarem, mudaram-se para uma típica casa 9



de tijolos à vista, onde nasceram seus dois filhos: Alex e, quatro anos mais tarde, Amy; “o furacão Amy”, como dizia sua mãe.

“Não me dava bem com a autoridade e não gostava que me dissessem o que tinha que fazer.” Inquieta, inteligente e sempre em busca de ação e atenção. Desde a mais tenra infância, Amy mostrou seu lado rebelde: ceder à vontade dos outros e seguir regras não estava em seus planos. Gostava do Snoopy, dos Simpsons e de luta livre, mas, acima de tudo, era apaixonada pelo mundo do espetáculo, principalmente pela música. Seu pai cantava o tempo todo e incentivava seus filhos a acompanhá-lo com um repertório que incluía Etta James, Sarah Vaughan, Frank Sinatra, Ella Fitzgerald e Dinah Washington. Contribuindo para a fertilidade desse terreno cultural, a mãe de Amy não deixou de manifestar a sua paixão por James Taylor e Carole King. No entanto, esse cenário idílico ocultava os dramas que acabariam levando à separação de seus pais. Mitch frequentemente se ausentava. Ele havia começado um relacionamento com uma colega de trabalho logo após o nascimento da filha, o que resultou em uma situação familiar insustentável e ocasionou a separação do casal quando Amy tinha nove anos. Foi nessa época que Amy desenvolveu um interesse crescente pelo hip-hop e, mais especificamente, pelo Salt-N-Pepa. Sua primeira banda, com sua amiga Juliette Ashby, foi chamada de Sweet-N-Sour em homenagem à dupla norte-americana. A música pareceu se tornar seu refúgio mais íntimo. O que sabemos, portanto, é que sua família tinha, em todos os sentidos, um forte vínculo com a música. Além de ter dois tios maternos que foram músicos profissionais, sua avó paterna, Cynthia, foi cantora e namorou Ronnie Scott — lenda do jazz britânico — nos anos quarenta. Ela foi uma figura-chave na vida de Amy: acompanhava a neta em audições, incentivava sua carreira e também a ensinou sobre rituais de beleza e sobre cartas de tarô. 11


Tudo isso contribuiu para criar uma sólida conexão emocional entre avó e neta e, apesar da terrível dureza e disciplina de Cynthia, Amy a adorava. Nesse mesmo ambiente, seu irmão, Alex, desenvolveu uma intensa paixão pela música, chegando a trabalhar como jornalista na área. Antes de Amy começar a cantar, ele já arriscava algumas músicas de Frank Sinatra. Do jazz de Thelonious Monk ao ruído de Sonic Youth, a variedade de sons que escapava do quarto do jovem chegou até uma Amy adolescente e tímida e exerceu nela uma grande influência. Além disso, quando Alex aprendeu a tocar guitarra, Amy resolveu imitar o irmão. Ela tinha quatorze anos na época. Um ano depois, começou a compor.

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Sylvia Young Theatre School O sonho de Amy não era apenas ser cantora: era ser uma estrela. Quando tinha doze anos, escreveu uma carta solicitando uma vaga na Sylvia Young Theatre School. Ela conseguiu entrar, mas, três anos depois, foi expulsa por “não se esforçar”, embora a razão verdadeira fosse um novo piercing no nariz.

“Quero ir para algum lugar onde me exijam até eu não aguentar mais (ou ainda mais) e quero cantar nas aulas sem que me mandem ficar quieta — quero dizer, nas aulas de canto, óbvio —, mas, mais que tudo, sonho em ser muito famosa e cantar em um palco. É a maior ambição da minha vida. Quero que as pessoas escutem minha voz e simplesmente esqueçam seus problemas durante cinco minutos. Quero ser lembrada como atriz, como cantora, por acabar com os ingressos para shows em espetáculos do West End e da Broadway, e por ser eu mesma.”

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Capítulo 2

Influências musicais “Na verdade, meu espectro musical não é muito grande. Sou como um velhinho. Não ando muito por dentro do que está acontecendo agora. Até sei o que está tocando e o que os jovens gostam, mas não escuto.”

A

originalidade de Amy surgiu da mistura de estilos adquiridos do ambiente estimulante e culturalmente heterogêneo em que cresceu. O jazz de seu pai, o folk de sua mãe, a variedade eclética e alternativa de seu irmão, sua incursão pessoal no hip-hop e, inevitavelmente, no pop mainstream acabaram sendo as referências sobre as quais modelou sua própria identidade musical. Seu caráter, sem meios-termos, manifestava-se também no fervor impetuoso que sentia pela música.


Nesse contexto, a música negra se impôs por esmagadora maioria. Da mesma forma, com exceção do hip-hop e do pop, a maior parte de suas preferências correspondia ao passado.


Folk Uma das primeiras influências musicais de Amy foram os cantores e compositores favoritos de sua mãe, os norte-americanos James Taylor e Carole King. O álbum Tapestry (1971), de King, sempre tocava no carro de Janis.

Carole King

Uma das grandes compositoras da história, Carole King escreveu “Will You Still Love Me Tomorrow” com dezessete anos, com seu marido na época (o letrista Gerry Goffin). O sucesso que compôs para o quarteto The Shirelles – e que Amy interpretou em 2003 – foi o primeiro de uma longa lista que também inclui “Take Good Care Of My Baby”, para Bobby Vee, “The Loco-Motion”, para Little Eva, “Natural Woman”, para Aretha Franklin, “Up On The Roof”, para The Drifters, e “You’ve Got a Friend”, para James Taylor. Seu álbum Tapestry ganhou quatro prêmios Grammy, uma conquista inédita para uma mulher da sua época.

Jazz Logo chegou o jazz, e a ele Amy se entregou completamente. Seu pai cantarolava – muito bem, por sinal – muitos dos clássicos do gênero e desafiava Amy a completar as frases das músicas. Cynthia, sua avó, era fã de Frank Sinatra. Até seu irmão, Alex, viveu uma época de imersão jazzística, e foi graças a ele que Amy descobriu Thelonious Monk. Na primeira vez que ouviu “‘Round Midnight” reverberando na parede do quarto, ficou profundamente chocada. 16


Dinah Washington

Dinah Washington era uma artista versátil, capaz de brilhar em cada uma de suas incursões estilísticas, do blues e o jazz ao R&B e o pop. Imprimia uma marca tão pessoal às suas interpretações que outros artistas – como Amy – não puderam imitar seu estilo. A cantora, conhecida por músicas como “What a Diff’rence a Day Makes” ou “Mad About the Boy”, morreu aos trinta e nove anos, vítima de sua dependência em medicamentos, com os quais enfrentava as intensas exigências de sua vida pública.

Mas foi com as grandes divas – Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan e Dinah Washington – que Amy aprendeu a cantar, sem esquecer, claro, outros artistas importantes, como Billie Holiday, Charles Mingus, Etta James, Tony Bennett, Sammy Davis Jr., Cassandra Wilson e Etta Jones.

“Sarah Vaughan é uma das minhas cantoras preferidas de todos os tempos. Era um instrumento. Em um disco que ouvi, parecia fazer o solo de um instrumento com palheta, como um clarinete. [...] Eu aprendi a cantar escutando Dinah Washington e gente como [Thelonious] Monk. Não aprendi só o jazz vocal; todo o resto também.”

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Pop Amy não era, de maneira alguma, alheia à música comercial que tomava conta das rádios e da televisão. Como qualquer outra garota, também foi conquistada pelo pop das multidões. Michael Jackson foi quem mais chamou sua atenção. Ela se tornou fã do cantor depois que sua mãe a levou para ver Moonwalker quando tinha apenas cinco anos. Não sabia se preferia “casar com ele ou ser ele”, e tudo o que o rei do pop fazia – suas músicas e coreografias, por exemplo – deixava Amy fascinada.

Os álbuns preferidos de sua infância

No livro que escreveu à memória de sua filha, Loving Amy: A Mother’s Story (2014), Janis Winehouse revelou os álbuns favoritos da cantora durante a infância:

The Swingin’ Miss D, de Dinah Washington Tapestry, de Carole King Bad, de Michael Jackson Very Necessary, de Salt-N-Pepa Jagged Little Pill, de Alanis Morissette

Rock O jazz foi a grande revelação musical da infância de Amy, mas a curiosidade melômana de seu irmão também a aproximou, pouco a pouco, de estilos muito diferentes. Junto a Alex, Amy se deixou levar pela onda grunge dos anos noventa e conheceu outro dos grandes mitos da história, Jimi Hendrix. Nessa época, também entrou em contato com The Velvet Underground, além de Alanis Morissette, que descobriu graças a Jagged Little Pill, um presente de Natal de seu pai que se tornou uma de suas obsessões à beira da adolescência. 18


Songs on my Chill-Out tape Na The Sylvia Young Theatre School, foi descoberta uma lista manuscrita de Amy Winehouse com algumas de suas músicas favoritas na época. Com um total de vinte e cinco canções, a fita hipotética tornou-se um testemunho extraordinário do ecletismo da então futura estrela. 1. “Dream a Little Dream of Me”, de The Mamas and The Papas 2. “On the Sunny Side of the Street”, de Ella Fitzgerald 3. “Someone to Watch Over Me”, de Ella Fitzgerald 4. “Fly Me To The Moon”, de Frank Sinatra 5. “Moon River”, de Frank Sinatra 6. “Georgia on My Mind”, de Ray Charles 7. “Hit the Road Jack”, de Ray Charles 8. “Mickey Mouse March”, de Mickey Mouse Club 9. “Don’t Let Me Be Misunderstood”, de Nina Simone 10. “I Should Care”, de Julie London 11. “Unchain My Heart”, de Ray Charles 12. “Self Esteem”, de Offspring 13. “Mood Swing”, de Luscious Jackson 14. “Brick”, de Ben Folds Five 15. “Only You”, de The Platters 16. “Since I Don’t Have You”, de The Sky Liners 17. “Alive”, de Pearl Jam 18. “Superfly”, de Curtis Mayfield 19. “Theme from Shaft”, de Isaac Hayes 20. “Our Love Is Here to Stay”, de Ella + Louie 21. “Lady Marmalade”, de Labelle 22. “Walking The Dog”, de Mickey Mouse Club 23. “War”, de Edwin Starr 24. “So Far Away”, de Carole King 25. “What a Wonderful World”, de Louis Armstrong

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Hip-Hop Enquanto o encontro de Amy com outros estilos sempre se dava por intermediários, o hip-hop era sua descoberta pessoal. Mais tarde, ele se tornou uma de suas manifestações mais significativas. A mistura de rap, pop e rhythm and blues do Salt-N-Pepa e do TLC cativou a menina de nove anos, que logo se rendeu aos Beastie Boys, Missy Elliott, Slick Rick, Nas e Mos Def, em quem se inspirou para criar o tom áspero e explícito de suas letras.

“Até agora, tudo o que eu tenho gostado da música atual é spoken word, os rappers. Para mim, esse é o novo jazz.”


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Essa admiração pelo hip-hop fluiu em todos os sentidos: depois do êxito internacional da cantora, alguns artistas fizeram versões de suas músicas (Jay-Z, “Rehab”, e Ghostface Killah, “You Know I’m No Good”). Amy também expressou, em várias ocasiões, que adoraria realizar parcerias mais concretas com alguns deles.

Soul Otis Redding, Sam Cooke, Nina Simone e Ray Charles foram alguns dos nomes do soul que Amy Winehouse escutou durante a adolescência, embora, como ela própria garantiu, não tivesse o mesmo envolvimento emocional que sentia em relação ao jazz e ao hip-hop. No caso de Ray, no entanto, foi amor à primeira vista.

“Lembro a primeira vez que ouvi Ray Charles. Era ‘Unchain My Heart’. Lembro que simplesmente entrei no quarto do meu irmão. Eu sempre chamava antes, porque, se não avisasse, ele começava a me atirar o que tinha pela frente, mas abri a porta, e ele me disse ‘Quê?’ e me olhou como se eu fosse dizer ‘A mamãe morreu’ ou algo assim – Deus me livre! Ele disse: ‘Que foi?’, e eu perguntei: ‘Quem é?’. ‘É Ray Charles’, ele disse. Passei os três meses seguintes ouvindo só Ray Charles.” 22


Seu interesse pelo soul aumentou após o lançamento de Frank e, depois de dois anos, ele se tornou a principal inspiração para Back to Black. Entediada com as estruturas complexas, Amy buscou se inspirar no som direto e despretensioso dos grupos femininos dos anos cinquenta e sessenta. Além da Motown e as angelicais The Supremes, ela gostava dos grupos formados por garotas rebeldes e de bandas de garagem. Entre todas elas, Amy preferia The Shangri-Las. The Shirelles e, especialmente, The Ronettes também foram importantíssimas na transformação musical e estética que levou Amy até Back to Black.

O neo soul O movimento de revitalização do soul, que surgiu em meados dos anos noventa – liderado por Erykah Badu e D’Angelo, entre outros – também foi muito importante para Amy. Ela própria levantaria, mais tarde, a bandeira de um novo e estrondoso revival do gênero ao lado de artistas como Corinne Bailey Rae e Adele.

Outras referências Essa constante exploração da história da música popular fez Amy entrar em contato com outros estilos. Ouvir Otis Redding, por exemplo, abriu outra porta para a cantora: a do gospel de Mahalia Jackson. O reggae e o ska – com The Specials na linha de frente –, assim como o blues e o rhythm and blues – Muddy Waters e Little Anthony and The Imperials –, também contribuíram para esse coquetel sonoro que definiu a breve mas transcendental carreira de Amy Winehouse.

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Suas músicas favoritas Em diversas entrevistas com a artista, e também em declarações de seus familiares, vieram à luz algumas das músicas mais importantes para Amy ao longo de sua vida: "Fly Me to the Moon", de Frank Sinatra "Whatta Man", de Salt-N-Pepa "Midnight Sun", de Ella Fitzgerald "Misty", de Sarah Vaughan "Ironic", de Alanis Morissette "What a Diff'rence a Day Makes", de Dinah Washington "Leader of the Pack", de The Shangri-Las "Chapel of Love", de The Dixie Cups "Be My Baby", de The Ronettes "Then He Kissed Me", de The Crystals "So Far Away", de Carole King "Valerie", de The Zutons

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Capítulo 3

Adolescência


A

my achava muito entediante o ambiente escolar. Suas visitas à sala do diretor eram tão comuns quanto as repreensões do professor pelo seu baixo rendimento e sua falta de atenção. Com doze anos, ela começou a explorar sua independência e sua liberdade, mas também a ter consciência de suas verdadeiras aspirações. Sabia o que queria.

Gostava de escrever poesia e de participar de pequenas peças, fossem elas escolares ou de grupos de teatro locais. Amy queria se formar nesse mundo, e sua mãe conseguiu entendê-la durante as férias da família no Chipre, quando Amy se inscreveu em um show de talentos: “Estávamos lá ouvindo a Amy, e então percebi que ela realmente tinha algo especial”. Poucos meses depois, ela entrou na Sylvia Young Theatre School, uma renomada escola de artes cênicas situada no centro de Londres que combinava disciplinas do currículo do ensino médio com aulas de dança, música e teatro. Embora Amy tenha se dedicado intensamente a algumas matérias, seu caráter e sua rebeldia permaneceram intactos. Ficava entediadíssima quando precisava estudar e não admitia algumas regras. A diretora da escola, Sylvia Young, lembrava dela como uma aluna muito inteligente, centrada em sua música, mas sempre foi preciso insistir para que ela mantivesse o uniforme em boas condições ou parasse de mascar chiclete nas aulas. Três anos depois, a escola “sugeriu” que Amy fosse embora. Aparentemente, o então coordenador pedagógico receava que Amy não alcançasse bons resultados no GCSE (exames do sistema educacional britânico necessários para se formar no ensino médio), e Janis acabou decidindo tirá-la de lá.


O D A L SA R O T E R DI


Essa decisão decepcionou Amy profundamente. Foi matriculada, então, em uma escola para meninas que, para ela, se tornou insuportável: a Mount School. Em menos de um ano, Amy conquistou o diploma escolar. Depois de passar brevemente pelo mercado de trabalho – trabalhou em um estúdio de tatuagem, em outro de piercings e em uma loja de roupas –, ela tentou a sorte novamente nas artes cênicas, na BRIT School for Performing Arts and Technology, uma fábrica de estrelas em Croydon já frequentada por Leona Lewis, Jessie J e Adele. Sua passagem ali foi realmente muito breve: Amy abandonou os estudos formais na mesma época em que começava a consumir maconha frequentemente e fazia sua primeira tatuagem. A cantora tinha quinze anos.

The Fast Show Em 1997, fruto de seu ingresso na Sylvia Young Theatre School, Amy participou de um esquete de The Fast Show, um programa de comédia da BBC. Neste pequeno papel, ela interpretava Titânia, a Rainha das Fadas, durante uma representação escolar de Sonho de uma noite de verão. 29


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