O último rei do rock

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11. Instant karma gonna get you

O escritório de Bardian, que na verdade, se chamava Bhar-

dian, obviamente ficava na cobertura do prédio mais alto de Brasília na época, o “Octavian”, e parecia um Playmobil de uma pirâmide egípcia. Um Playmobil hyper-high-tech. As cores dominantes eram o amarelo– ouro (e devia ter muita coisa ali que era de ouro mesmo) e o azul (verde?) água. Hieróglifos, caras com cara de cachorro e aquelas aves com patas bem compridas pra todo lado. Bem atrás da mesa dele, que era hipertriper mudernosa, tinha um olho imenso, aquele egípcio clássico cheio de voltinhas com uma sobrancelha estilizada bem grossa. O olhão, que ficava se movendo pra lá e pra cá, na verdade era uma câmera que ficava ligada 24 horas na sala da segurança. Ao lado da mesa, como não poderia deixar de ser, um sarcófago todo dourado. As cadeiras também eram douradas e tinham voltinhas que lembravam o olho estilizado. Tinham também alguns desenhos assinados por Oscar Niemeyer, provavelmente projetos originais dos prédios históricos do plano piloto. Fotos de pirâmides ao lado de fotos dos prédios históricos de Brasília. O conjunto todo era. Vamos dizer assim. Tétrico. A primeira coisa que ele disse foi:

– Sim, meu caro. Sim. A história do rock está sendo escrita

aqui nesta sala hoje.

Como a minha cara de bunda provavelmente não se alterou

ele mandou:

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