Revista Arco43 - 3º Edição

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Junho de 2020 | nº 3

Os desafios do Novo Ensino Médio Mais longo e muito mais integrador, o Novo Ensino Médio busca o protagonismo dos jovens e soluciona entraves desta etapa da Educação Básica

A importância do uso da Tecnologia pág. 14 na educação

Como os Itinerários Formativos da BNCC colaboram para a construção pág. 16 dos Projetos de Vida

Estudantes do Ensino Médio contam o que eles esperam aprender e vivenciar dentro pág. 20 da escola


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A coleção Conhecer e Transformar trabalha os componentes curriculares Arte, Ciências, Geografia, História, Língua Portuguesa e Matemática por meio da linha metodológica da Pedagogia de Projetos, em que o aprendizado é resultado de conhecimentos adquiridos e organizados para solucionar um problema real. Nessa proposta, os alunos devem cumprir metas definidas coletivamente, elaborar um produto que contribua para a solução do problema apresentado e compartilhá-lo com a comunidade. Tal processo desenvolve a capacidade crítica, investigativa, criativa e reflexiva deles, tornando a sala de aula um efetivo espaço de construção de conhecimento, com foco em metodologias ativas.

ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Saiba mais:

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SUMÁRIO

Edição nº 3 | 2020

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Os desafios do Novo Ensino Médio A importância do uso da Tecnologia na educação Projeto de Vida na prática

20 A escola que temos é a escola que queremos?

22 Projetos

Integradores

30 TikTok: febre entre os

adolescentes pode ser ferramenta para a educação

34 Projetos Integradores na Prática

36 Empreendedorismo nas

escolas: um projeto de sucesso para se inspirar

40 A Neurociência como aliada da Educação

46 Povos Indígenas do Amazonas e a busca de seus Direitos


[ CARTA DE APRESENTAÇÃO ]

Caros educadores, Quando definimos as pautas desta edição da revista, não tínhamos ideia de que passaríamos por uma pandemia que transformaria definitivamente os rumos da educação brasileira. Diante deste cenário, é imprescindível que as escolas estejam atentas às mudanças, organizando-se para que suas propostas pedagógicas estejam atualizadas e alinhadas de acordo com as novas diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Preparamos um especial sobre o Novo Ensino Médio com diversas matérias, artigos e reflexões sobre as principais alterações nesta etapa da Educação Básica, com o objetivo de ajudá-los a superar desafios durante o processo de implementação. A aplicação da BNCC no Ensino Médio é bem mais complexa do que em outros níveis de ensino e exige muito mais planejamento da escola e capacitação dos seus professores. As escolas, em sua maioria, têm muita dificuldade em repensar seu jeito de ensinar, ­apegando-se a modelos antiquados que não conversam com a atual geração de alunos. A chegada da pandemia nos fez perceber o quanto a educação de nosso país precisa evoluir. Fez muitas escolas saírem da sua zona de conforto e nos fez enxergar que estamos muito aquém de uma educação eficiente e inclusiva. Apesar de todas as dificuldades, professores e gestores escolares fizeram um esforço e buscaram soluções para que os alunos não parassem seus estudos. A matéria “A escola que temos é a escola que queremos?” apresenta depoimentos de estudantes do Ensino Médio sobre as mudanças que eles gostariam de ver nas suas instituições de ensino. Essas opiniões mostram que a BNCC está muito alinhada com o que os estudantes almejam, principalmente em relação à educação por meio de projetos. Além disso, falaremos também sobre o uso de tecnologia em sala de aula, assunto extremamente atual e necessário. Dentro desse tema, apresentamos uma rede social chamada TikTok, que está na moda entre os jovens e pode ser usada como ferramenta de ensino. Boa leitura! Helena Poças Leitão Gerente de Marketing e Inteligência de Mercado da Editora do Brasil

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Os

[ EM ALTA ]

desafios

do Novo

Ensino

Médio 6 | Arco43 em Revista nº 3 | 2020

Mais longo e muito mais integrador, o Novo Ensino Médio busca o protagonismo dos jovens e soluciona entraves desta etapa da Educação Básica


Imagem: Shutterstock

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[ EM ALTA ]

A

Medida Provisória nº 746, apresentada ainda em 2016 pelo então presidente Michel Temer, prevê uma série de reformulações nos últimos anos da Educação Básica no Brasil. Desde então, a Reforma do Ensino Médio, como esta MP ficou conhecida, não sai da boca de diversos profissionais da área. O texto recebeu mais de 500 emendas. A Coordenadora Pedagógica Regiane Taveira, comentarista do Podcast Arco43 da Editora do Brasil lembra que “foram muitos anos até que finalmente a reforma entrasse em 2020 com tudo”. Segundo o site do Ministério da Educação, as escolas públicas e privadas têm até 2022 para se adequarem a medidas como aumento de carga horária, disciplinas eletivas e muito mais. Mudar, por outro lado, nunca é confortável. Para tanto, é preciso muita calma para compreender não só as diretrizes que regerão o novo modelo de Ensino Médio, mas também suas motivações.

Da infraestrutura ao aprendizado: as questões do Ensino Médio Evasão e abandono escolar, distorção de idade/série, rendimento e, principalmente, o interesse do jovem: são diversas as realidades que fazem, na visão de especialistas, a Reforma do Ensino Médio ser necessária. Para Regiane, esse é apenas o primeiro passo para que nos atentemos a questões maiores. “Esperamos que o estudante se dedique e goste de estar na escola. Mas como podemos desejar isso se a realidade é que até mesmo a infraestrutura não colabora?”, opina. O ponto de vista de Regiane pode ser embasado em números. Segundo o último Censo Escolar de 2018, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), 12,5% das escolas de Ensino Médio não contam com bibliotecas ou salas de leitura, 21,9% delas não têm sala de informática e incríveis 55,9% não contam com recursos para o funcionamento de um laboratório de química. A falta desses e de outros recursos limita o trabalho do professor e distancia os estudos da realidade da turma, o que impacta direta e negativamente nos índices de aprendizado e evasão dos estudantes. Ainda segundo o INEP, são 2 milhões de crianças e jovens fora da escola, sendo que mais da metade deles, 1,35 milhão, têm idades entre 15 e 17 anos, faixa etária considerada ideal para o nível médio. Isso fica perceptível,

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também, pela queda de matrículas: em 2018, foram 7,70 milhões de adolescentes matriculados na etapa final de ensino contra 8,30 milhões em 2014. Por outro lado, é preciso ter em foco que diversas outras questões sociais, como a necessidade de trabalhar para sobreviver ou o difícil acesso à escola em algumas regiões do Brasil, também contribuem para o problema da evasão e do rendimento do jovem. Desse modo, é improvável considerar que a Reforma do Ensino Médio consiga abarcar tantos problemas sociais. “Não é plausível que se espere que o problema do acesso à escola seja resolvido, mas a reforma pode suprir a questão do interesse do estudante”, lembra Carlson Toledo, Diretor Institucional Pedagógico do Colégio Visconde de Porto Seguro. A conta, nessa questão, é fácil: quanto maior for o interesse do jovem pela escola, melhor será seu rendimento, aprendizado e frequência. Para ele, não é exagero dizer que o jovem mudou, e a educação deve se adaptar também. A ênfase de Carlson é embasada pelos números referentes aos estudantes que frequentam o Ensino Médio regular: apesar de a taxa de aprovação ter apresentado uma elevação significativa entre 2009 e 2017, passando de 75,9% para 83,1%, a proporção de insucesso (isto é, a soma de reprovação e abandono) ainda está em 9,5% no 3º ano do Ensino Médio, 15% no 2º ano e 23,6% no 1º ano. Não é surpresa, então, que a taxa de distorção de idade-série, que representa a quantidade de jovens fora do período ideal para o ano de ensino, alcance 28,2% no Ensino Médio. Todos os dados são do INEP.

Mudanças profundas Os números assustam e fazem a Reforma do Ensino Médio, em suas várias características, ser encarada com bons olhos por especialistas da área. “Eu vejo muitos pontos positivos. Tenho muita esperança que [a reforma] modifique um panorama horrível que se estabeleceu no Ensino Médio até hoje. Se vai ser efetiva ou não, o tempo dirá”, comenta Carlson. Tempo, inclusive, que muda a sociedade, o que deve ser considerado. Luís Carlos de Menezes, professor sênior do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IFUSP) e membro do Conselho Estadual de Educação do Estado de São Paulo (CEE-SP), lembra que “existem vários elementos que precisam ser considerados quando se pensa o Ensino Médio. O mais


importante é que há uma mudança muito expressiva no mundo, nas comunicações, nas relações interpessoais e, sobretudo, nas relações de trabalho. Então, preparar o jovem para um mundo em grande transformação significa prepará-lo para tomar decisões, para ser mais protagonista, para desenvolver seu próprio projeto de vida na sociedade em que está inserido. Há, portanto, uma necessidade de se repensar educação, especialmente a do jovem”. Regiane lembra que “tudo isso leva tempo, é muito delicado. Precisamos de professores melhores formados e debruçados sobre a reforma”. De fato, as novas determinações do Ensino Médio são complementares, e uma não fará sentido se a outra não for adotada, fazendo desta uma oportunidade ousada para não apenas melhorar o panorama preocupante da educação (principalmente da pública), mas também de compreender o estudante como um todo, melhorando seu desempenho tanto na escola como na vida em sociedade.

Carga horária Segundo Carlson, “o novo Ensino Médio pretende compreender as necessidades e expectativas do jovem atual, promovendo estratégias pedagógicas que colocam o estudante no centro do processo de aprendizado”. A síntese do especialista é eficaz quando pontua a linha lógica da reforma: não se muda a educação sem que antes olhemos para cada indivíduo. Assim, para colocarmos os estudantes no centro de seus aprendizados, é preciso compreendê-los individualmente, criando um perfil da classe. Isso só é solucionado com um único fator: mais tempo. Daí o aumento da carga horária proposto pela reforma. Hoje, o Ensino Médio conta com 1.600 horas distribuídas nos três anos do ciclo. Com a reforma, espera-se que esse montante seja elevado para 3.000 horas de Ensino Médio. “Existem vários problemas que rondam a evasão escolar, mas o desinteresse representa cerca de 40% desses episódios. Então, aumentar a carga horária sem se trabalhar o interesse do estudante ou a expectativa do jovem não vai resolver nada”, pondera Carlson. O aumento da carga horária não é arbitrário. A reforma prevê que 60% do Ensino Médio (regular, desconsiderando escolas de ensino integral), isto é, 1.800 horas, sejam dedicadas à BNCC, enquanto as outras 1.200 horas sejam direcionadas a itinerários formativos elegíveis.

A expectativa é que a escola e o professor tenham tempo extra para desenvolver atividades diferenciadas de acordo com a realidade da comunidade local. “Não é o aumento da carga horária por si só que ajuda o Ensino Médio, mas as práticas pedagógicas ativas e o protagonismo do estudante [desenvolvidos nas horas a mais]”, comenta Carlson. Para Menezes, que vem acompanhando escolas que já adotam o ensino em tempo integral, essas instituições são exemplos de que o aumento da carga horária pode ser extremamente benéfico quando se faz um bom uso do tempo extra. “Nessas escolas [de tempo integral], os estudantes têm muito mais vivência social com seus colegas e professores, mais passeios coletivos e uma vida cultural e intelectual muito mais rica. A ideia desse modelo de ensino é criar variedade e protagonismo no aprendizado do jovem”, sintetiza. Vale lembrar que quando pensamos em um Ensino Médio de 3.000 horas, espera-se certa flexibilidade do que é ofertado pelas escolas de acordo com as próprias capacidades e particularidades dos professores, identificadas pelos gestores escolares. Assim, lembra Menezes, uma vez cumprida a carga horária da BNCC, “você pode lidar com oficinas de teatro, de culinária ou informática, por exemplo. É possível, então, criar atividades com protagonismo, criatividade e inventividade na escola, uma vez que se tem mais tempo para trabalhos diferenciados ou extraclasse”.

A Base Nacional Comum Curricular A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é, como o próprio nome diz, a liga que dá forma e permeia toda a Reforma do Ensino Médio. De um modo simplificado, a BNCC busca guiar 60% do tempo da nova carga horária proposta, tentando igualar o ensino em todo o país. Entretanto, é necessário lembrar que seu texto não busca colocar os estudantes em “caixinhas” e negar as peculiaridades de cada realidade. “O documento não engloba todas as particularidades dos diversos grupos sociais do Brasil, porque é preciso pensar no estudante como um ser único. Ele é um ponto de partida, e isso já é ótimo”, opina Regiane. Dessa maneira, o uso da BNCC não representa uma amarra ou uma prescrição do que se deve fazer em sala de aula. Menezes lembra, em BNCC de Bolso, da Editora do Brasil, que “a cultura escolar, o regimento e o projeto pedagógico constituem a identidade

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[ EM ALTA ] institucional de cada escola, pela qual ela é reconhecida, escolhida e lembrada. Por isso, mesmo ao adotar os objetivos de aprendizagem convencionados para cada etapa, uma escola não precisa sacrificar sua singularidade. Com essa compreensão, escolas e professores devem considerar a Base Nacional Comum Curricular como natural orientação de sua função social, preservando seu caráter institucional e profissional próprio”. Assim, os profissionais da Educação devem encarar a BNCC como um guia – currículos e projetos continuam a cargo do estado, dos municípios e das escolas. Um dos pontos que mais causam estranhamento ao se encarar a BNCC pela primeira vez é a abordagem por áreas do conhecimento. “Esse é o principal desafio dos professores. Eles estão acostumados a trabalhar de uma forma onde o professor de Biologia ensina apenas Biologia, e assim por diante. Isso vai ter que mudar. O que se precisa compreender, agora, é que esse professor, por exemplo, deve se comportar como profissional que ensina Ciências da Natureza, e não uma matéria separada. Isso é essencial”, pontua Carlson. Isso busca tornar o processo de aprendizado mais dinâmico e atraente ao jovem. Assim, espera-se que o estudante trabalhe diversas competências, e não conteúdos independentes. “O ideal da aplicação da BNCC não pautar mais o ensino apenas no professor. O estudante deve deixar de ser um agente passivo e ser protagonista, desenvolvendo habilidades que, em conjunto, se transformam em novas competências, estimuladas por aulas diferenciadas e práticas menos expositivas: saem os monólogos dos professores e entram os debates”, enfatiza Carlson. Desse modo, reduzindo a prática exclusivamente expositiva, além de debates – que, por sua vez, já estimulam o pensamento crítico, a interdisciplinaridade e o senso de coletividade –, abre-se espaço, também, para atividades que exijam mais envolvimento do jovem: projetos de informática, produções audiovisuais, ações online e tantas outras possibilidades. “Cada escola reagirá de maneira própria à nova base curricular, com eventuais ajustes no currículo e na orientação de professores”, lembra Menezes. Por fim, Carlson enfatiza que essas abordagens não se restringem a uma única área do conhecimento. “É impossível pensar a BNCC sem a interdisciplinaridade”, finaliza.

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Itinerários formativos e o poder de escolha do jovem no Ensino Médio “Na BNCC, temos as disciplinas tradicionais, apresentadas em áreas do conhecimento, e os itinerários, que seriam aprofundamentos delas, além do técnico profissionalizante”, Menezes comenta. Esses aprofundamentos dão conta das outras 1.200 horas restantes do Novo Ensino Médio e são elegíveis pelos jovens, em uma dinâmica diferente de tudo o que já foi feito nesta etapa de ensino até agora. Menezes prossegue: “há certo estranhamento do estudante a conjuntos de conhecimentos e habilidades aos quais ele não se identifica. Então, a possibilidade de aplicar uma base com uma visão breve de tudo e, depois, um aprofundamento pode ser uma tentativa de minimizar o abandono escolar, porque diminui o estranhamento entre o estudante e as disciplinas”. “Isso é o mais interessante de toda a Reforma do Ensino Médio e vai levar ao engajamento do jovem: a possibilidade de cursar aquilo que seja do interesse dele”, afirma Carlson. Assim, ainda que essa nova mecânica, em que o jovem molda, ele próprio, 40% do seu currículo, possa assustar ou causar dúvidas nos professores, Carlson é enfático ao afirmar que “a escola tem como dever a aprovação de ações que alimentem o repertório intelectual do estudante. A escolha leva à autonomia. O simples fato de poder fazer as próprias escolhas ainda no Ensino Médio tornará o jovem muito mais seguro na hora de seguir sua carreira profissional”. Dessa maneira, como pontuou Menezes, as quatro áreas do conhecimento – Matemática e suas Tecnologias; Linguagens e suas Tecnologias; Ciências da Natureza e suas Tecnologias; e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas – são aprofundadas nos itinerários formativos. Além disso, o estudante pode optar por uma quinta área, o Ensino Técnico Profissionalizante, pautado nos desafios do mundo contemporâneo. “Nós temos enormes incertezas em relação ao que vai acontecer nos próximos anos. E, portanto, é preciso desenvolver jovens com iniciativa para se posicionar no mundo. É necessário pensar um Ensino Médio que já prepare a iniciativa, o espírito protagonista e empreendedor dos jovens. Então, é colocado [pela BNCC] como plano de fundo a Educação Básica [as áreas do conhecimento obrigatórias] e o desafio contemporâneo [o itinerário formativo]”, comenta Menezes.


As escolas têm até 2022 para se adaptarem às mudanças. O movimento natural até lá é que preparemos o terreno para que o estudante tenha condições de fazer sua própria escolha. “O Consed [Conselho Nacional de Secretários de Educação], por exemplo, sugere que o componente Projeto de Vida seja aplicado ao longo do primeiro ano, trabalhando contextos que preparem os jovens para fazer as escolhas assim que os itinerários começarem nos anos seguintes”, comenta Menezes. Essa posição, naturalmente, é uma recomendação, já que a lei ainda não aponta como, de fato, os itinerários formativos devem surgir durante o Ensino Médio. Logo, independentemente de se incluírem tais abordagens durante todo o ciclo ou apenas a partir do segundo ano, precisamos nos atentar que é imprescindível a abordagem paralela do Projeto de Vida, tanto para a hora da escolha do itinerário como para o crescimento pessoal do jovem. O Projeto de Vida não é uma disciplina forçosa. “Ela pode ser trabalhada entre as aulas ou pode ser uma matéria específica; depende muito da disponibilidade da escola. O importante é trabalhar em conjunto: professores, estudantes, gestores e, principalmente, a família”, comenta Carlson. É por meio do Projeto de Vida que o estudante também poderá desenvolver a habilidade da autorreflexão e de se entender como ser social. Assim, espera-se que ele não esteja realmente sozinho ou despreparado, e sim munido de conhecimento e empoderamento no momento de definir os itinerários formativos que irá cursar.

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Formação: uma constante Áreas do conhecimento, itinerários formativos, Ensino Técnico e Profissionalizante, carga horária aumentada e maior oferta de escolas em tempo integral. Tudo isso requer ótima integração entre a gestão escolar e professores muito bem preparados. As formações continuadas são de extrema importância para que esses profissionais possam adaptar-se a todas essas mudanças, adquirindo segurança e confiança. “É preciso ampliar as formações, desde o coordenador até o professor”, opina Regiane, que defende a parceria entre estados e universidades públicas na hora de compartilhar conhecimentos e novas visões sobre metodologias e práticas pedagógicas ativas.


[ EM ALTA ]

“Esperamos que o estudante se dedique e goste de estar na escola. Mas como podemos desejar isso se a realidade é que até mesmo a infraestrutura não colabora?” Carlson relembra, também, a necessidade de as formações serem, em alguns momentos, segmentadas por área do conhecimento, a fim de se extrair o máximo de ações que ela possibilitar, enriquecendo a criação de ideias e saberes. “É preciso que as instituições de ensino, nas formações continuadas, promovam encontros coletivos por área de conhecimento, ampliando a troca de saberes entre professores, proporcionando o estudo de modelos de aulas, formas de avaliação, focando em conteúdos interdisciplinares, sem esquecer [de recursos como] a tecnologia”. É importante ressaltar que são nesses momentos de formação continuada que a gestão escolar, bem como o coordenador, pode, no início do ano, alinhar os currículos e identificar as competências de cada professor, criando oficinas e outras atividades que componham os itinerários formativos de maneira rica, valorizando a particularidade de cada docente. Por fim, é relevante considerar, também, que a Reforma do Ensino Médio é inicialmente pautada pelo jovem, que já não é mais o mesmo de tempos atrás. Essa atualização que promove a aproximação do estudante com a escola deve ser constante. É dever do professor e da escola identificar essas demandas e atualizar suas metodologias a fim de estar ao lado dos jovens e da comunidade.

Novo Ensino Médio, novas realidades As mudanças e propostas para o Ensino Médio são profundas e necessárias. O que está em jogo,

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mais do que a adaptação do corpo docente, é a formação intelectual e social do estudante. “Essas são alterações muito positivas, mas os resultados não são em curto prazo. Os frutos das mudanças de hoje vão ser colhidos daqui a algum tempo, ainda”, prevê Regiane. Sobre tais frutos, Menezes prefere deixar claro que a existência do itinerário de Ensino Técnico e Profissionalizante não irá substituir uma possível formação superior, caso seja o desejo do estudante, e ainda brinca: “é engraçado porque, apesar de ser a última etapa da Educação Básica, o Ensino Médio possui esse nome por estar entre o ensino regular e o Ensino Superior”. Ainda que o Ensino Médio seja a última etapa da Educação Básica, suas alterações são refletidas para muito além, fazendo um convite de autorreflexão e adaptação das grandes provas às quais o estudante pode submeter-se após os estudos regulares – o ENEM, a Fuvest, e muitas outras. “Até então, todo o Ensino Médio era pautado em conhecimentos que o estudante precisava para ingressar em alguma grande faculdade pública. Está na hora dessas instituições inverterem a lógica, e não mais pautarem o que o estudante deve aprender ou não”, pondera Carlson. “Atribuir como único propósito do Ensino Médio a preparação para uma prova é de um tremendo equívoco”, complementa. Existem diferentes demandas, em diferentes partes do Brasil, que são traduzidas e abordadas no dia a dia escolar, e tudo isso é permitido e inclusive incentivado pela Base. Torna-se praticamente impossível, desse modo, padronizar um vestibular de maneira a alcançar igualmente todos os estudantes. Para o especialista, o momento é propício para não só o ENEM, mas também para vestibulares de universidades como a USP, a UNIFESP e outras estaduais e federais, adaptarem seus métodos de ingresso de acordo com a BNCC, e não o contrário. Daí a importância dos profissionais da Educação unirem forças para que a aplicação das 1.800 horas de competências e conhecimentos previstos na Base Nacional Comum Curricular sejam um sucesso: assim, não apenas as grandes avaliações também terão a BNCC como ponto de partida de suas exigências, como também ganharão estudantes, professores, gestores e comunidade, com um método educacional mais integrador, plural e enriquecedor.


+ PAPEL

+ ÁRVORES

#PAPELNÃODESMATA res cultivadas. vo ár de te en am siv clu ex to fei é l pe No Brasil, o pa

Cerca de 500.000 árvores são plantadas diariamente para diversos usos industriais, inclusive fabricação de papel. Para cada hectare cultivado essas indústrias preservam 0,7 hectares de matas nativas. Embora o papel seja um produto alt amente sustentável, nenhum recurso deve ser desperdiçado. Utiliz e só o que for necessário.

Fonte: Mitos e Fatos - Two Sides Brasil, 2019. Two Sides é uma organização global, sem fins lucrativos, criada na Europa em 2008 por membros das indústrias de base florestal, celulose, papel, cartão e comunicação impressa. Two Sides, a mais importante iniciativa do setor, promove a produção e o uso conscientes do papel, da impressão e das embalagens de papel, bem como esclarece equívocos comuns sobre os impactos ambientais da utilização desses recursos. Papel, papelcartão e papelão são provenientes de florestas cultivadas e gerenciadas de forma sustentável. Além disso, são recicláveis e biodegradáveis.

Há ótimas razões para você #AmarPapel

#PapelNãoDesmata Acesse twosides.org.br

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Papel usado não é lixo! Recicle!


[ ARTIGO CHAPÉU DE MATÉRIA COLORIDO ] ]

A importância do uso da tecnologia na educação Débora Garofalo

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inda temos muitos educadores preocupados em como levar a tecnologia para a sala de aula, justamente por ela não ter feito parte de sua formação docente e por também acreditarem que para realizar um trabalho com ferramentas digitais é necessário dominá-las. A premissa deste século é que aprenderemos uns com os outros (learning by doing). A tecnologia e suas ferramentas estão em constante mudança, e o educador deve ter o papel de mediador de conhecimento, sem a necessidade de entendê-las integralmente. Outro ponto está na desmistificação do seu uso, ou seja, que para trabalhar com ferramentas digitais é necessário ter equipamentos e conectividade. Sem dúvida, isso é importante, mas esse uso vai muito além e perpassa atitudes e trabalhos de tendências, como na cultura maker, que consiste em atividades de mão na massa, como costura, bordado, programação, robótica, entre outros, e também aquelas que envolvem o território educativo denominadas tecnologia social. Nossos estudantes nasceram na era digital e estão conectados na maior parte do tempo; negar isso é desconsiderar seu conhecimento prévio. É necessário aproximar esses mundos para promover o protagonismo

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juvenil e permitir que os jovens não sejam apenas ­usuários, mas também produtores de tecnologia!

A importância da tecnologia na sala de aula A educação tem um papel central de oportunizar vivências em que a tecnologia se faz presente, sendo necessário contextualizá-la na sala de aula, inclusive a partir de atividades que permeiam o aprendizado, trazendo protagonismo e contribuindo para a mediação de conhecimento. São muitas oportunidades e possibilidades que as ferramentas digitais oferecem e seu uso deve ser acompanhado de objetivos claros, com desafios a fim de estimular o processo cognitivo, para o uso saudável, eficaz e com o propósito de tirar o aluno da passividade e trazê-lo ao centro do processo por meio das metodologias ativas. O seu uso pode contribuir de diferentes maneiras para o aprendizado. Em sequência, seguem alguns desses benefícios. Ampliar e comparar informações, com visitas virtuais em museus ou em cidades, analisar culturas, entre outros. O ambiente virtual possibilita conhecer informações, principalmente para contribuir com


o aprendizado do currículo, visto que é interativo e montado de acordo com diferentes públicos e níveis de conhecimento dos estudantes. Atividades de protagonismo: potencializar o ensino por suportes e ferramentas que temos às mãos, como o celular. Trata-se de um poderoso recurso para trabalhar com a autoria dos estudantes, que podem produzir vídeos, animações, documentários, textos próprios e colaborativos, jogos e atividades gamificadas, entre outros. Ferramentas digitais e/ou suportes digitais contribuem para personalizar o ensino e trazer interatividade e interesse no aprendizado do currículo mediante jogos, narrativas digitais e quiz, além de trabalhar com o desenvolvimento de habilidades de colaboração, empatia e resolução de problemas reais. Educação midiática: o trabalho também requer compreender que o aumento de informações trouxe preocupações com a disseminação de informações. Faz-se necessário conversar sobre internet segura e fake news a fim de sensibilizar o aluno sobre sua utilização e compreender o que há por detrás das informações. É necessário criar uma cultura tecnológica dentro do processo de aprendizado, estabelecendo um

equilíbrio entre o real e o virtual, porém explorando seu potencial para a educação. A chave para o sucesso de uma educação inovadora está nas pessoas e nas relações estabelecidas. A tecnologia é apenas uma propulsora para trazer o encantamento às aulas, não devendo ser encarada como um fim em si, mas devendo ser vista como uma oportunidade à aprendizagem por viabilizar uma extensão da sala de aula e trazer novas maneiras de conceber a educação. Débora Garofalo Formada em Letras e Pedagogia, pós-graduada em Língua Portuguesa pela Unicamp, cursando Mestrado em Educação pela PUC-SP. Experiência de 15 anos na rede Pública de São Paulo. Atualmente atua como Gestora de Tecnologias da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. Recebeu diversos prêmios importantes pelo trabalho desenvolvido na educação pública. Vencedora do Prêmio Professores do Brasil 2018 e Vencedora da Aprendizagem Criativa Brasil do MIT 2019, também recebeu a medalha dos pacificadores da ONU. Em 2019 foi a primeira mulher brasileira e a primeira sul-americana a chegar entre os Top 10 do Global Teacher Prize, o Nobel da Educação, sendo considerada também uma das 10 melhores professoras do mundo.

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[ POR DENTRO DA BNCC ]

Projeto de Vida na prática A abordagem da competência que visa oferecer autonomia e autoconhecimento ao estudante

U

ma das 10 competências a serem trabalhadas em sala de aula e propostas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é o Trabalho e Projeto de Vida. Seu objetivo é valorizar as vivências culturais e a diversidade de saberes, fazendo os jovens apropriarem-se de conhecimentos e experiências para compreender as relações próprias do mundo do trabalho. Outro objetivo é propiciar as escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao projeto de vida com liberdade, autonomia, responsabilidade e consciência crítica. Para o desenvolvimento dessa competência, os estudantes devem conseguir expressar e gerir seus objetivos e desejos na vida, estabelecendo metas, organizando e fazendo planejamentos com esforço, determinação, persistência e autoconfiança. Priscila Matos Resinentti, especialista em Educação Básica, Mestre em Educação e Doutora em Ciências Humanas e Educação, atua na área educacional há 15 anos e explica que o Projeto de Vida deve ser desenvolvido desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. “Na BNCC, a competência é definida como a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho”, sintetiza.

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Interdisciplinaridade Para Priscila, é fundamental destacar que o Projeto de Vida não é a única Competência Geral prevista na BNCC. “As Competências Gerais da Educação Básica não devem ser vistas de maneira fragmentada, uma vez que elas se inter-relacionam. Então, não é possível pensar em Projeto de Vida sem levar em consideração, por exemplo, o autocuidado e o autoconhecimento, a empatia e a cooperação, a responsabilidade e a cidadania, o conhecimento etc.”, ressalta. As Competências Gerais da BNCC não são, então, específicas de um segmento ou de uma disciplina. São um compromisso de todo o corpo docente e da equipe gestora, perpassando todas as ações das escolas. “É claro que cada segmento e disciplina apresenta habilidades específicas e, nesse contexto, cada professor poderá ver como pode potencializar cada uma das dez competências, e não só o Projeto de Vida, no cotidiano da sala de aula, já que elas se articulam”, explica Priscila. O papel da escola no desenvolvimento do Projeto de Vida é o de munir os estudantes de autoconhecimento para que eles possam decidir com clareza os caminhos a seguir no futuro, levando em consideração os sonhos de cada um deles enquanto indivíduos e as suas expectativas. Cabe aos educadores, mais do que apresentarem as diferentes opções de profissões,


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[ POR DENTRO DA BNCC ] mediarem debates sobre atualidades e despertar o pensamento crítico do jovem, que encontrará, assim, seu lugar na sociedade. A especialista também defende que a primeira iniciativa para começar a trabalhar o Projeto de Vida passe pela gestão pedagógica, promovendo formação para que os professores se apropriem da BNCC e das dez Competências Gerais, que orientam todo esse documento normativo. “Além disso, acredito que seja importante que haja um intenso espaço para compartilhamento de ideias e debates sobre o tema e essa ação oriente a revisão do Projeto Político-Pedagógico (PPP) à luz da BNCC, para que tanto os gestores quanto os professores consigam perceber o que, dentro da instituição, já colabora para o desenvolvimento do Projeto de Vida e das demais Competências Gerais e possam mapear o que pode ser melhorado”, diz. Outro fator importante citado por Priscila é a necessidade de o professor também desenvolver em si mesmo as competências propostas pela BNCC. “O professor não pode falar para o jovem ser empático se ele mesmo não tiver a capacidade de se colocar no lugar do estudante. Não é possível pensar em Projeto de Vida se o professor tem um mindset fixo e já tem expectativas fechadas sobre o sucesso escolar ou não dos educandos”, explica. Em uma sociedade plural, é fundamental também que a discussão seja sobre “quem” o estudante quer ser, muito mais do que sobre “o que”. Por isso, o debate deve girar em torno de valores fundamentais, de amplo consenso, e não se limitar a nichos ideológicos restritivos ou preconceituosos. “A escola precisa desenvolver a capacidade crítica e argumentativa para que esse jovem se perceba como agente responsável de transformação com um olhar para todos (cooperação e empatia), e não só para si, colaborando na construção de soluções que a sociedade coloca”, afirma Priscila.

No dia a dia Em longo prazo, os benefícios da implementação dessa competência na vida escolar dos estudantes ultrapassam a individualidade de cada um, colaborando para a construção de uma sociedade composta por indivíduos com capacidade cognitiva, comunicativa

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e socioemocional. “O repertório cultural e científico, assim como a base socioemocional sólida, colabora para que estes jovens tenham mais segurança em suas escolhas, se conheçam bem o suficiente para projetar suas metas e sonhos e ter também mais autoestima”, reflete a especialista. Alguns passos para desenvolver o Projeto de Vida dos jovens na escola podem ser seguidos, desde a implementação de ações pontuais, como cursos de curta duração, oficinas para pais e professores ou palestras sobre questões relacionadas ao tema, até módulos para os estudantes em formato de oficinas e atividades complementares que visem ao autoconhecimento, à criatividade, à resolução de problemas, ao empreendedorismo, à gestão do tempo, à orientação de estudos e à comunicação. Atuando no Colégio Franco-Brasileiro, Priscila conta que a equipe gestora promoveu formações durante o segundo semestre inteiro de 2019 sobre a BNCC, criando uma imersão na temática, e está implementando um plano estratégico para fortalecer as 10 Competências Gerais. “A instituição, para além da BNCC, já tinha, há algum tempo, um compromisso com a formação integral dos estudantes, e, na verdade, não tivemos uma ruptura no trabalho, e, sim, mais engajamento com intencionalidade pedagógica sempre para que cada professor pensasse, dentro do seu contexto, como usar as habilidades previstas em cada ano de escolaridade para potencializar o Projeto de Vida”. Alguns desafios podem aparecer na construção de um projeto ideal, claro, principalmente porque ele deve ser construído com a colaboração das famílias, aproximando as visões de mundo e expectativas e respeitando os papéis de cada um. Em qualquer etapa do desenvolvimento pessoal é possível ampliar a consciência da vida como um projeto que se redefine continuamente, com novos conhecimentos, experiências e vivências. Para superar alguns desafios, Priscila indica investir na leitura da introdução da BNCC. “Minha sugestão é, além da leitura, trocar ideias, fazer grupos de estudos em pares e solicitar ajuda da equipe gestora e de alguém que já tenha começado a colocar as dez competências em ação com intencionalidade pedagógica”, finaliza.


A Coleção Tangará apresenta recursos e instrumentos que orientam o professor no desenvolvimento de uma prática pedagógica participativa e investigativa na Educação Infantil. Mais do que determinar propostas, a coleção sugere estratégias e ações pedagógicas, caminhos de pesquisa e aprendizagem integrados ao contexto, possibilitando a autoria do professor. A participação da família nas propostas da Coleção Tangará é também valorizada, pois a aprendizagem só acontece de forma significativa quando se insere na rede de relações família-escola-comunidade. Para as crianças:

Pasta

Portfólios de pesquisa

Bloco de atividades

Para o professor:

Acervo de imagens

Repertório de rotina

Saiba mais:

Caderno do professor

Pasta


[ ESCOLA E FAMÍLIA ]

A escola que temos é a escola que queremos? Estudantes do Ensino Médio contam o que eles esperam aprender e vivenciar dentro da escola

A

escola tem um papel fundamental na comunidade e na manutenção de uma sociedade democrática, ética e justa. A participação dos estudantes no combate ao bullying e à violência, nas atividades pedagógicas, nas escolhas e na vida social da comunidade se faz cada vez mais necessária. Por isso, fomos ouvi-los justamente para entender quais são as mudanças que eles gostariam de ver na Educação. “Eu estudo em escola pública, e por ser até uma das melhores do bairro, não tenho muito o que reclamar. A única coisa que gostaria que mudasse é o modo como as aulas das novas matérias (Tecnologia, Projeto de Vida e Eletivas) são aplicadas, pois está sendo completamente fora do que foi dito que seria. E se eu pudesse escolher como a escola seria, com certeza escolheria matérias que implicariam mais na vida adulta.” Giulia Abrão Bulbarelli, 15 anos, aluna do 2º ano do E.M. da E.E Alexandre de Gusmão – São Paulo, SP.

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“Eu gostaria de ter uma escola que fosse um ambiente aberto, onde os estudantes pudessem expor seus pensamentos e serem quem eles realmente são. Um ambiente que incentivasse os estudantes a usarem suas habilidades, valores e o conhecimento que adquirem não somente para obterem aprovações em faculdades, mas também para o mundo que os espera fora das instituições de ensino, ou seja, eu gostaria de ter uma escola que formasse cidadãos mais conscientes e questionadores.” Erica Dallecio, 17 anos, estudante do 3º ano do E.M. da Associação de Educação e Cultura São Paulo – Holambra, SP. “A escola que eu quero se importa com a saúde mental dos estudantes e evita sobrecarregá-los com trabalhos e provas excessivos. Seria um ambiente seguro e acolhedor, que incentiva os estudantes, professores e trabalhadores. A direção ouviria sugestões e reclamações, sempre com o objetivo de melhorar e atender às necessidades de todos


que fazem parte da instituição, sendo esses funcionários, pais, responsáveis e alunos.” Luiza Lyra de Carvalho Lima, 17 anos, estudante do 3º ano do ETIM (Ensino Técnico Integrado ao Médio) – Praia Grande, SP. “Eu acredito que a escola que eu quero é uma escola baseada em aulas práticas e com mais experimentos e vivência, mudando de ambiente para não se tornar algo repetitivo e cansativo para o estudante. Acho que as escolas deveriam investir em espaços e locais diversos para a conclusão de uma boa aprendizagem, visto que diversas pessoas prestaram mais atenção em aulas experimentais, cativando a atenção e a curiosidade”. Cauan Collis Bernardi Della Ricca Lemos, 15 anos, estudante do 2º ano do E.M. do Colégio Decisão – São Paulo, SP.

“Eu gostaria de uma escola que, além do conhecimento geral das matérias, fornecesse também ensinamentos úteis para a vida, como culinária e economia.” Pedro Luiz Miranda Mandarino, 15 anos, estudante do 1º ano do E.M. do SENAC – São Paulo, SP.

Imagem: Arquivo pessoal

“Uma boa estrutura envolvida com tecnologia e equipamentos necessários é de grande importância, mas, falando por mim, o ambiente escolar essencial deve ser aquele livre de paradigmas sociais e com liberdade de expressão, através de projetos voltados ao autoconhecimento e culturas diversas. A escola que queremos é a que proporciona oportunidades e desenvolvimento adequado do indivíduo para a sociedade, a escola que nos faça ir por vontade e não obrigação; afinal, tudo que é feito com prazer gera melhores rendimentos.” Felipe Alencar Machado, 17 anos, estudante do 3º ano do E.M. do ETIM (Ensino Técnico Integrado ao Médio) – Praia Grande, SP.

Felipe Alencar Machado, 17 anos, estudante do 3º ano do E.M. do ETIM (Ensino Técnico Integrado ao Médio) – Praia Grande, SP 2020 | Arco43 em Revista nº 3 | 21


[ POR DENTRO DA BNCC ]

Projetos Integradores Como os Itinerários Formativos da BNCC colaboram para a construção dos Projetos de Vida Claudio Paris e Lucas Giacometti

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Imagem: Shutterstock

A

educação brasileira foi marcada recentemente por dois eventos capitais: a promulgação da BNCC (Base Nacional Comum Curricular) e o lançamento do Novo Ensino Médio. A BNCC indica quais saberes são indispensáveis aos estudantes em um esforço de garantir o direito à educação em todos os níveis da Educação Básica, exigindo uma reorganização curricular capaz de universalizar o atendimento e garantir a permanência e as aprendizagens dos alunos, respondendo de maneira eficaz não apenas às demandas e aspirações atuais, mas também às futuras, ligadas ao mundo do trabalho e da chamada cultura digital. Por sua vez, os currículos do Novo Ensino Médio vislumbram planejamento e implementação flexíveis,

respeitando as diversidades de um país de grandes dimensões como o Brasil. Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (BRASIL, 2018, p. 3), os currículos de tal etapa de ensino devem ser formados por dois blocos: 1. Formação Geral Básica – Conjunto de competências e habilidades das Áreas do Conhecimento (Linguagens e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas) que compõem na BNCC a etapa final da Educação Básica: o Ensino Médio. 2. Itinerários Formativos – Segundo os Referenciais Curriculares Para Elaboração de Itinerários Formativos (BRASIL, 2018, p. 5), são chamados de itinerários

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[ POR DENTRO DA BNCC ] formativos o “conjunto de situações e atividades educativas que os estudantes podem escolher conforme seu interesse, para aprofundar e ampliar aprendizagens em uma ou mais Áreas do Conhecimento e/ou na Formação Técnica e Profissional” ao longo de três anos. A Formação Geral Básica e os Itinerários Formativos devem estar articulados e contextualizados, sendo, portanto, indissociáveis. Os Itinerários Formativos são oportunidades para os estudantes construírem, sob a mediação do professor, seus Projetos de Vida. Podemos entendê-los como um conjunto de ações, atividades e vivências que os jovens podem escolher, de acordo com seus interesses particulares, com o objetivo de ampliar distintas aprendizagens. Além disso, os Itinerários Formativos buscam o aprofundamento das aprendizagens em áreas do conhecimento, garantem a apropriação de procedimentos cognitivos e, sob a perspectiva do protagonismo estudantil, estimulam os alunos a exercer autonomia, autogestão, cooperação e outras competências previstas pela BNCC. De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio – DCNEM (BRASIL, 2018, p. 4), os Itinerários Formativos organizam-se

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em torno de um ou mais dos seguintes eixos estruturantes: Investigação Científica; Processos Criativos; Mediação e Intervenção Sociocultural; e Empreendedorismo. Os Itinerários Formativos e os Projetos de Vida podem colaborar para a criação dos chamados Projetos Integradores. Por seu intermédio, há possibilidade de atender ao protagonismo dos alunos, com um olhar humano e sensível, para construir suas histórias pessoais. Essa construção se fundamenta na dimensão do empreendedorismo, sobre o qual o RCPEIF afirma: “Este eixo tem como ênfase expandir a capacidade dos estudantes de mobilizar conhecimentos de diferentes áreas para empreender projetos pessoais ou produtivos articulados ao seu projeto de vida” (BRASIL, 2018, p. 9). Assim, os Projetos Integradores podem ser compreendidos como estratégias voltadas à aplicação de saberes na resolução de problemas e na realidade dos alunos, de modo compatível a seus projetos de vida. Desse modo, tal processo educativo mobiliza habilidades e competências de maneira mais atraente e participativa quando comparado a uma abordagem de ensino tradicional.


A Formação Geral Básica e os Itinerários Formativos devem estar articulados e contextualizados, sendo, portanto, indissociáveis.

Imagem: Shutterstock

O que diferencia um projeto integrador de outras atividades interdisciplinares é o foco em um problema comum a todas as áreas, que surge de uma indagação e possibilita a ação conjunta dos alunos e professores em meio a diferentes componentes curriculares. Essa atuação colaborativa é primordial para que os estudantes possam enfrentar desafios e situações reais, com fundamento teórico aplicado em ações práticas. Tal vivência envolve a elaboração de pesquisas científicas, a construção de propostas criativas, o uso de tecnologias e, sob a perspectiva do empreendedorismo, o protagonismo dos estudantes. Esse último aspecto também favorece o autoconhecimento dos alunos, além de desenvolver alteridade e solidariedade, condições indispensáveis para a construção de projetos de vida. Neste breve artigo, procuramos esclarecer como os Itinerários Formativos da BNCC podem colaborar para a elaboração dos Projetos de Vida dos estudantes. Frente ao cenário de mudanças do Novo Ensino Médio, devemos preparar os estudantes para o processo de construção de seus projetos pessoais, fruto de suas escolhas e decisões emancipadoras, conferindo-lhes autonomia. A seguir, indicaremos exemplos de vivências pedagógicas com a finalidade de inspirar a criação de Itinerários Formativos e Projetos de Vida. Os cinco primeiros casos envolvem aplicações associadas à BNCC. Os três últimos, por sua vez, estão ligados ao mundo do trabalho.

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[ POR DENTRO DA BNCC ] 1. Laboratórios Multidisciplinares e Clubes de Ciências

2. Drogadição e prevenção ao abuso do consumo de álcool e uso de drogas psicoativas

Competências Gerais da BNCC: 1 e 2

Competências Gerais da BNCC: 9 e 10

Habilidades da BNCC: EM13CNT101 EM13CNT205

Habilidades da BNCC: EM13LP43 EM13LP44

Eixos Estruturantes: I nvestigação Científica Empreendedorismo

Eixos Estruturantes: Investigação Científica, Mediação e Intervenção Sociocultural

Descrição: Criar laboratórios multidisciplinares e/ou clubes de Ciências. Alunos e professores podem realizar um evento ao final do semestre, com a participação da comunidade escolar, para demonstrar atividades desenvolvidas no período de execução do projeto, tais como Inauguração do Clube de Ciências, Programa Jovens Cientistas, Feira do Conhecimento Científico etc. Há uma ampla gama de materiais que subsidia a proposta: Projeto de Extensão Clube de Ciências do Campo – Conhecendo a UFRGS <https://www.youtube. com/watch?v=N2F1pMVMADs> Com Ciência – Física Moderna (TV Escola) <https://www.youtube.com/ watch?v=qZP03eaLoWk> Acesso em 25 fev. 2020.

Descrição: Identificar quando há uso abusivo de álcool e drogas psicoativas (fenômeno de drogadição), analisar os danos biopsicossociais nos usuários e adictos (dependentes do uso contínuo) e compreender seus efeitos no sistema nervoso humano. Ao final, pode-se programar um dia ou uma semana da prevenção ao abuso do consumo de álcool e uso de drogas psicoativas, em que vídeos, cartazes criados pelos alunos e cartilha com orientações e dicas para prevenção e saúde são apresentados aos demais alunos e amigos da comunidade escolar. Álcool – os efeitos da droga no organismo <https://www.youtube.com/ watch?v=EJSWUL7Njmg> Crack – Os efeitos da droga no organismo <https://www.youtube.com/ watch?v=OutwugmiPiY> Maconha – Os efeitos da droga no organismo <https://www.youtube.com/ watch?v=nmcsyZU19tU> Acesso em 20 fev. 2020.

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3. Migrações e histórias das origens das famílias

4. Oficinas de Línguas e Linguagens

Competências Gerais da BNCC: 7 e 8

Competências Gerais da BNCC: 5 e 6

Habilidades da BNCC: E M13CHS105 EM13CHS106

Habilidades da BNCC: EM13LP45 EM13LP46

Eixos Estruturantes: P rocessos Criativos, Mediação e Intervenção Sociocultural

Eixos Estruturantes: Processos Criativos, Mediação e Intervenção Sociocultural

Descrição: Identificar tipos de migração no país, argumentar sobre a importância da tolerância e compreender que a diversidade da população humana é uma riqueza inestimável, combatendo preconceitos e xenofobia (antipatia a coisas e/ou pessoas estrangeiras). Os alunos são convidados a investigar as origens de suas famílias e de outros membros da comunidade. Ao final, pode-se criar um dia ou uma semana da memória das famílias. Por meio de fotografias, cartazes ou vídeos desenvolvidos pelos alunos, são apresentados à comunidade escolar a história dessas pessoas e sua contextualização, tanto em âmbito local (cidade) como em regional (estado) ou nacional (país).

Descrição: Oficinas são espaços de construção coletiva de saberes. Podem ocorrer por meio de técnicas e tecnologias capazes de articular teoria e prática para produzir objetos, equipamentos, textos, quadrinhos, audiovisuais, fanzines, outros tipos de produções artísticas etc.

Quem não é migrante? Migração e educação em São Paulo <https://youtu.be/TgfOl1dpwo0> Migrações internas no Brasil – Pesquisa <http://portaldoprofessor. mec.gov.br/fichaTecnicaAula. html?aula=42313>

Hora do Enem | Gêneros Textuais, Metáfora e Poesia – Ep. 13 <https://www.youtube.com/ watch?v=DlTylhaM8uY> Interpretação de Texto com Glícia Kelline | Língua Portuguesa no Hora do Enem – Ep. 508 <https://www.youtube.com/ watch?v=bwGH7yYuOCY> Acesso em 21 fev. 2020.

lano de aula: projeto história do P meu bairro, história de mim <https:// www.institutonetclaroembratel. org.br/educacao/para-ensinar/ planos-de-aula/projeto-historia-domeu-bairro-historia-de-mim/>

Imagem: Shutterstock

Acesso em 20 fev. 2020.

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[ POR DENTRO DA BNCC ] 5. Uso de objetos mediadores para o ensino de Matemática Competência Geral da BNCC: 1 Habilidades da BNCC: EM13MAT309 EM13MAT504 Eixos Estruturantes: Investigação Científica Processos Criativos Empreendedorismo Descrição: Com o uso de materiais recicláveis, professores e alunos podem explorar sólidos geométricos na aula de Geometria Espacial. Sobre o LSM <https://www. laboratoriosustentaveldematematica. com/p/sobre-o-lsm.html>

7. Programa Trabalho e Projeto “Futuro Médico” É uma iniciativa de uma escola básica e um centro universitário de uma cidade do estado de São Paulo. Por meio de palestras, aulas práticas de laboratórios e visitas a ambulatórios e escolas de Medicina, o programa procura identificar os alunos que desejam seguir carreira na área da saúde, estimulando-os a conhecer as práticas que farão parte de suas carreiras profissionais e também buscando capacitá-los para avaliar sua futura atuação no mercado. O projeto tem o intuito de aproximá-los da realidade profissional do universo da saúde, explorando quais desafios e dificuldades enfrentam, entre outros aspectos. lunos participam do primeiro encontro do A Programa Futuro Médico <https://liceuasabin. br/medio/noticias/detalhar_noticia. php?codigoNoticia=360& siteOrigem=medio>

Fonte: Laboratório Sustentável de Matemática – Acesso em 21 fev. 2020.

6. Programa Trabalho/Escola e o “O Jovem Aprendiz” Oferecido pelo governo federal, incentiva empresas e empregadores a criarem programas de aprendizagem profissional para jovens entre 14 e 24 anos, conforme a Lei 10.097/00. O jovem aprendiz no campo e uma nova forma de capacitação para o mercado rural <https://www.youtube.com/ watch?v=Yo-nJ8GPBDA>

Acesso em 22 fev. 2020.

8. Projeto de Vida e Trabalho “Futuro Chef” – Gastronomia Professores e profissionais de Gastronomia podem se unir aos alunos para elaborar receitas na escola ou em casa. Assim, os estudantes podem ampliar seu repertório, conhecer alimentos nutritivos e ser adeptos de uma alimentação substancial, saborosa e saudável. ozinhas viram salas de aula em colégios da capital C paulista <https://educacao.estadao.com.br/noticias/ geral,cozinhas-viram-salas-de-aula-em-colegiosda-capital-paulista-imp-,1668534> Acesso em 22 fev. 2020.

Acesso em 21 fev. 2020. Claudio Paris

Lucas Giacometti

Licenciado em Ciências e Biologia, Especialista em Educação. É autor, mantenedor escolar, gestor social e professor.

Licenciado e Bacharel em História, Especialista em Sociologia, palestrante e professor.

Obras consultadas: BRASIL. Base Nacional Curricular Comum (BNCC) <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/>. Acesso em 26 fev. 2020. BRASIL. Referenciais Curriculares Para Elaboração de Itinerários Formativos <http://novoensinomedio.mec.gov.br/resources/downloads/ pdf/DCEIF.pdf>. Acesso em 26 fev. 2020.

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TikTok: febre entre os adolescentes pode ser ferramenta para a educação Entenda como o aplicativo criado para entretenimento pode ser um aliado na sala de aula

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V

ocê já deve ter ouvido falar da nova moda entre os adolescentes: o TikTok. O aplicativo, que já alcançou a marca de um bilhão de downloads, superando o Facebook e o Instagram em termos de popularidade nos Estados Unidos, tem movimentado até mesmo essas redes sociais com vídeos divertidos que unem dublagens e danças, possibilitando que os usuários sigam outros perfis e interajam entre si. Mesmo que o objetivo principal do TikTok seja o de entreter os jovens, é possível utilizar esse app como ferramenta para a educação e suporte para professores. O aplicativo é gratuito, pode ser baixado em ­smartphones que rodem sistemas iOS ou Android e tem sido muito útil para quem está interessado em novas maneiras de se comunicar na internet. Além disso, o TikTok também pode ser utilizado pelos professores como ferramenta em sala de aula, incentivando os estudantes a criar vídeos sobre o conteúdo apresentado. A fonoaudióloga e especialista em desenvolvimento infantil Raquel Luzardo acredita que embora a finalidade principal desse app seja o entretenimento, ele também pode ser utilizado pelos educadores. “O professor pode e deve aproveitar o engajamento de seus alunos na plataforma para inserir isso em suas aulas. Por exemplo, é possível pedir que a classe prepare um vídeo sobre o que entendeu da aula de Ciências ou qualquer outra disciplina”, explica. Para Raquel, aplicativos de compartilhamento e criação de vídeos também podem incentivar os jovens a entender e buscar mais informações sobre tecnologia. “Todo esse universo de plataformas e redes sociais aguça a busca de conhecimento sobre o assunto. É possível usar esse momento em que os jovens estão muito engajados em utilizar o TikTok também para estimular que eles busquem saber mais sobre programas de edição de imagem ou, ainda, entender a criação de efeitos especiais, por exemplo”.

Outra questão abordada pela especialista é como o TikTok pode ser um aliado de crianças e adolescentes que tenham dificuldades com interação social. “Acredito que este tipo de criação de conteúdo possa ser um treino. Gravar vídeos para a plataforma pode melhorar a performance frente às câmeras e, por consequência, ajudar a diminuir a timidez, exercitar a desenvoltura ao falar com outras pessoas. Obviamente, este ou qualquer outro aplicativo ou rede social não substitui o contato com o outro, a interação com outras pessoas, mas é um passo para quem precisa lidar com a timidez”, ressalta Raquel. Embora seja uma ferramenta que pode auxiliar alunos e professores, é preciso que tanto o conteúdo consumido como o tempo que os jovens passam se dedicando à criação de seus vídeos sejam supervisionados. Para Raquel, é fundamental que os pais observem se o tempo que os filhos estão passando no celular, em geral, não está atrapalhando outras atividades, como o convívio social ou o desempenho escolar, por exemplo. “É importante também ficar atento a mudanças de comportamento, se a criança passou a fazer algo que não fazia ou deixar de fazer algo que era corriqueiro. Além do tempo, sempre recomendo monitorar o conteúdo que é consumido, preservando a privacidade do adolescente e seu espaço, claro. E é neste momento que a conversa é a maior aliada”, sugere. Por falar em conversa, a idade mínima para o uso do TikTok é de 13 anos. Contudo, é uma realidade que muitas crianças menores tentam convencer os pais a deixarem-nas fazer parte dessa rede social. O alerta de Raquel para esses casos é que, muitas vezes, o conteúdo e a linguagem não serão apropriados para crianças. A especialista também recomenda que os pais participem da configuração do aplicativo com os filhos adolescentes. “É preciso tomar cuidado com estranhos,

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[ EM ALTA ] evitar que os jovens fiquem expostos a conteúdos inadequados, violentos ou até mesmo sexuais. Verifique se as definições do aplicativo estão no modo privado e, desta maneira, só as pessoas conhecidas e autorizadas conseguirão contactar o seu perfil”, diz. Para entender melhor como funciona a dinâmica do aplicativo, quais conteúdos podem ser acessados e o que os jovens estão postando, Raquel sugere que os pais também façam um perfil no TikTok. “A melhor maneira de entender o que o jovem busca por lá é estando lá. E, quem sabe, pais, filhos e professores não possam criar conteúdos juntos? Pode ser uma ótima ferramenta de diversão e aprendizado”, finaliza.

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telefone ou uma rede social;

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[ POR DENTRO DA BNCC ]

Projetos Integradores na Prática Entenda o que são e como podem ser aplicados no ambiente escolar

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nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC) tem como objetivo principal garantir aos estudantes o direito de aprender um conjunto fundamental de conhecimentos e habilidades comuns. A busca pela melhoria da aprendizagem compreende também contextualizar o que é ensinado em sala de aula frente aos temas contemporâneos, a fim de aumentar o interesse dos estudantes durante o processo. Um dos recursos utilizados em sala de aula e que tem trazido bons resultados é a prática dos Projetos Integradores.

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Esses projetos contribuem para a aprendizagem dos jovens de maneira mais concreta e estimulam a criatividade dos estudantes, além de despertar o interesse pelo conhecimento e propiciar mais sentido ao discente. Os projetos integradores não substituem os livros didáticos; eles são complementares e, por serem interdisciplinares, podem ser trabalhados em paralelo à obra principal adotada em sala de aula. A Editora do Brasil, inclusive, conta com a coleção Conhecer e Transformar: Projetos Integradores, aprovada no PNLD 2020 – Anos Finais do Ensino Fundamental.


atividade dos jovens, numa perspectiva de construção do conhecimento por eles, independente do segmento escolar”, explica.

Desafios a serem superados Os desafios para a implementação dos Projetos Integradores podem parecer muitos, mas, para Gabriela, o principal é o tempo. “Muitas vezes, a carga horária nos limita. É preciso que o planejamento seja bastante otimizado para que consigamos encaixar o projeto todo no cronograma de conteúdos básicos também”, diz. Já a pedagoga Cristiane Ferreira, pós-graduada em Administração Escolar, Supervisão e Orientação Educacional, acredita que o maior desafio para os professores na implementação dos Projetos Integradores seja promover o sentimento de cumplicidade entre os estudantes. “Quando propomos para a turma um projeto que terá um produto final a ser apresentado para os familiares, por exemplo, é preciso que a turma se una em torno deste objetivo comum. No início, pode parecer difícil, mas, ao longo das atividades, as crianças vão demonstrando vontade em ter sucesso e, com isso, acabam trabalhando também o senso de trabalho em grupo, a empatia e a solidariedade”. Trabalhando com educação há mais de 30 anos, Cristiane também ressalta que ao final do projeto é esperado que os estudantes tenham adquirido autonomia no processo de aprendizagem, tornando-se protagonistas do próprio conhecimento. “Espera-se também que eles sejam capazes de examinar, refletir, formular hipóteses, relacionar a sua história com as problemáticas e desafios, tomem decisões e passem a atribuir um novo significado às suas descobertas. Além, é claro, de compreender o conteúdo do tema gerador”, diz. Quanto à possibilidade de englobar todas as disciplinas nos Projetos Integradores, tanto Gabriela como Cristiane concordam que é totalmente possível, desde que haja a participação de todos os professores de diversas áreas.

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Gabriela Oliveira, formada em Magistério, graduada em Pedagogia e pós-graduada em Tecnologias Aplicadas à Educação Presencial, atualmente é professora do 5º ano do Ensino Fundamental no Instituto Beatíssima Virgem Maria, em São Paulo. Ela trabalha com Projetos Integradores e divide com outros docentes a tarefa e o desafio de levar conteúdo aos estudantes de maneira que englobe todas as disciplinas. Atuando na Educação há 19 anos, Gabriela explica que os Projetos Integradores são estratégias de ensino que proporcionam a interdisciplinaridade entre os conteúdos estudados, trabalhando um tema em comum. “Além de promover integração entre as disciplinas, os Projetos Integradores têm como objetivo estimular maior socialização entre os jovens e, principalmente, fazer com que sejam autônomos e protagonistas de seus conhecimentos, tornando o processo ensino-aprendizagem mais significativo”, diz. Os Projetos Integradores partem do princípio de que o conhecimento é desenvolvido por meio de experiências de ensino-aprendizagem significativas para os estudantes e também para os professores. Por isso o protagonismo do jovem no processo de aprendizagem é tão importante, fazendo-o ter um papel fundamental nas tomadas de decisões e na identificação de situações-problema. Esses projetos também promovem ações relacionadas à capacidade de acessar informações, de se comunicar e de saber lidar com responsabilidade com os conhecimentos disponíveis no contexto digital. Por meio deles, os estudantes desenvolvem a formação das dimensões intelectual, social, cultural e ecológica de seres humanos globais, a fim de contribuir para a transformação da sociedade e a preservação ambiental e que a aprendizagem ultrapasse os limites da escola. Para Gabriela, os Projetos Integradores podem ser aplicados desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. “Estes projetos nos dão a liberdade de ação, fornecendo subsídios para um processo ensino-aprendizagem dinâmico, centrado na criatividade e na

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[ TENDÊNCIA ]

Empreendedorismo nas escolas: um projeto de sucesso para se inspirar

Paula Lotto, do Colégio Renovação (SP), conta como a escola incorporou essa dinâmica nas aulas

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oi a partir do século XVII que o conceito de empreendedorismo começou a aparecer, fomentando a ideia de uma economia que aponta o risco aos componentes de lucro e inovação. Já na era da industrialização, o significado de empreendedorismo se ampliou diante das enormes mudanças no mundo do trabalho, como o uso de novas tecnologias, a produção em escala, o abandono gradual da produção artesanal e o surgimento da figura do capitalista. Quando as Ciências Sociais passaram a contribuir para estudos sobre o comportamento empreendedor, alguns fatores ganharam importância, como independência, autoconfiança, realização, carisma e capacidade de gerar e desenvolver soluções a partir de decisões internas ou reforços externos. A partir dessa nova visão de empreendedorismo inovador, hoje consideramos empreendedor aquele que tem postura de encarar dificuldades como oportunidades e é capaz de aproveitá-las para tomar decisões transformadoras.

Na sala de aula As atividades empreendedoras estão presentes nas escolas há algum tempo, mas a nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC) prevê que elas sejam trabalhadas em sala de aula com o apoio dos educadores, como já faz Paula Hossepian Salles Lima Lotto, coordenadora pedagógica do Ensino Fundamental – Anos Finais e Ensino Médio do Colégio Renovação (SP). Há 32 anos atuando na área da Educação, Paula conta que há 15 anos a disciplina “Empreendedorismo”

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faz parte da grade curricular da instituição em que trabalha. “A ideia central é preparar o jovem para o mercado de trabalho, de forma a desenvolver a proatividade, a criatividade e, principalmente, a autonomia para solucionar problemas e situações complexas que surgem no dia a dia”, diz. Para a coordenadora, o aluno que desenvolve o espírito empreendedor será um adulto mais preparado para os desafios do mundo do trabalho, que está em constante transformação. “Trabalhar o percurso empreendedor, desde a tenra idade, permite a formação de um indivíduo mais crítico e capacidade para outras opções de trabalho, não apenas àquelas ligadas a um emprego convencional ou a empresas tradicionais – há, inclusive, a possibilidade de empreender em negócio próprio”, comenta. As aulas de Empreendedorismo estão intrinsecamente ligadas também ao Projeto de Vida, uma das 10 Competências previstas pela BNCC, que visa orientar os alunos a escolher caminhos para seu futuro de maneira informada e consciente. “As aulas de Empreendedorismo estão sendo ministradas semanalmente nas turmas de 8º e 9º ano do Ensino Fundamental. A partir deste ano (2020), incluímos o Projeto de Vida para todos os alunos dos Anos Finais do Ensino Fundamental, com aulas semanais, que envolvem o conteúdo de Empreendedorismo, o Autoconhecimento e a Educação Financeira”, explica. Para o planejamento, Paula sugere que os professores pensem nas aulas de modo a trabalhar o embasamento teórico, mas que, principalmente, proponham atividades que objetivem o desenvolvimento das chamadas


Projeto de sucesso O cotidiano das aulas propostas pelo Colégio Renovação mescla teoria e prática. Paula compartilha que a experiência tem seguido da seguinte maneira: “Os alunos do 9º ano finalizam o trabalho com a ‘Emprefeira’, na qual colocam em prática todos os conceitos aprendidos e trabalhados no processo pedagógico, apresentando uma empresa, que é gestada e criada ao longo do ano. Neste evento, tanto os alunos quanto seus pais também são envolvidos e prestigiam os empreendimentos criados.” Os resultados, sobretudo, já começam a ser percebidos tanto pela equipe docente como pelos pais. E, por falar em família, a coordenadora conta que esta tem um papel fundamental no processo. “Os pais apoiam a iniciativa e participam ativamente, sobretudo do evento final, a Emprefeira”, comenta.

Segundo Paula, depois das aulas de Empreendedorismo, os alunos adquiriram a habilidade de solucionar problemas reais e de usar a criatividade de maneira lúcida e socialmente responsável, além de apresentarem uma postura de consumo mais consciente. Sobre o projeto da “Emprefeira”, a coordenadora explica que os alunos recebem toda a orientação necessária sobre como aplicar ideias empreendedoras e criar produtos ou serviços. “Eles também decidem quais serão seus parceiros no empreendimento e qual será o ‘produto’ que irão desenvolver. O grupo deve pesquisar e identificar no mercado os fornecedores, concorrentes e clientes. Igualmente, eles devem buscar e construir um plano de marketing, além de pensar em capital inicial, investimento, lucro e prejuízo, valor de venda e fluxo de caixa”. É no dia do evento que tudo o que foi aprendido é colocado em prática. Os participantes dividem os lucros e pagam os “impostos”, que equivalem ao “aluguel e contas de consumo”. Deste imposto, há também uma porcentagem do lucro destinada a ações sociais das quais os próprios alunos cuidam, comprando e entregando itens de primeira necessidade para instituições beneficentes, por exemplo. É dessa maneira, com a “mão na massa”, que os alunos absorvem melhor o conteúdo aprendido durante todo o processo e passam a entender melhor todos os conceitos e desafios do empreendedorismo.

Imagem: Shutterstock

“soft skills”, que são habilidades comportamentais ligadas à comunicação interpessoal, empatia, liderança e autenticidade. “Saber trabalhar em grupo é primordial e sempre devemos seguir a ideia de buscar estratégias para a solução de problemas de forma colaborativa. Os professores devem se atualizar constantemente, dadas as transformações da indústria 4.0, do setor de serviços, dos avanços tecnológicos etc. Eles passam por cursos específicos em instituições como o SEBRAE, que é referência no segmento”.

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A coleção de bolso do selo Arco43, da Editora do Brasil, apresenta publicações com foco na formação continuada de professores e gestores, deixando-os sempre bem informados e atualizados sobre as novas tendências educacionais. Com publicações voltadas para todos os segmentos da Educação Básica, a coleção de bolso aborda temas como o Novo Ensino Médio, projetos integradores e de leitura, marketing para escolas, BNCC, metodologias ativas, gestão escolar, entre outros assuntos. Entre em contato com nossa equipe e saiba como adquirir o seu exemplar ou acesse nossa loja virtual.

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[ EM CHAPÉU ALTA DE MATÉRIA COLORIDO ] ]

A Neurociência como aliada da Educação Jonas Gomes, coordenador do Centro de Integração Multidisciplinar (CIMUS) e Especialista em Educação Especial, conta qual é o papel da neurociência no aprendizado

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Qual é o papel da neurociência na educação?

Toda época tem uma ciência que fica mais evidente e presente. Foi assim com a psicanálise, com a Psicopedagogia e agora com as Neurociências. Todas têm um papel importante no contexto escolar. Hoje se discute muito o cérebro como principal órgão para explicar as origens de muitas coisas, entre elas a dificuldade de aprendizagem e a forma mais eficaz de o aluno aprender. O que muda são os olhares e os objetos de estudo, pois, mesmo em seu tempo, Freud também contribuiu para a investigação teórica da psique humana com psicoterapias e reabilitação. Por isso, a Neurociência moderna traz a Medicina para o campo da Educação, culminando em um melhor entendimento de como um cérebro aprende. Como funciona o aprendizado?

A memória operacional é a parte de execução de tarefas, por isso ela é conhecida como memória de trabalho. É quando o cérebro traz informações necessárias outrora aprendidas ou armazenadas para serem usadas nas tarefas que serão executadas no presente momento. É um sistema de processamento que confronta as informações que estão chegando ao cérebro pelas vias sensoriais com as informações que já estão arquivadas nos sistemas cerebrais e que compõem a memória de longa duração. Esse sistema compara as novas informações que estamos recebendo com informações antigas. Por isso é tão importante conhecer o funcionamento das memórias e suas conexões, que ocorrem pelas redes neurais. Em um contexto escolar, ela é constantemente usada, pois vai exigir que

os cérebros dos estudantes tragam aprendizagens ou experiências vividas como informações (pré-requisitos) necessárias para a compreensão e interpretação daquilo que está sendo estudado ou ensinado. Decorar é um bom método para estudar?

Sim, decorar é parte do processo para estudar e aprender. Pois, assim, as informações serão armazenadas em longo prazo no lobo temporal, e, quando precisar realizar ou resolver alguma situação-problema, a memória operacional vai buscar as informações necessárias para as resoluções que o estudante precisa para realizar a tarefa. Mas não deve ser um método único de estudo, pois depender de armazenar memórias pode ser um risco. Ainda mais na era em que estamos vivendo, com grande quantidade de informações, principalmente por meios digitais. Uma das provas disso é que não decoramos mais números de telefones, pois não há necessidade, já que temos as memórias digitais que podemos acessar com um clique. Isso é um dos motivos pelos quais não se deve confiar apenas no método de decorar, mas ele se faz extremamente necessário para aprendizagens. Qual é o melhor método para aprender?

O melhor método é sempre aquele que respeita seu estilo de aprendizagem. Não adianta um professor querer que o aluno aprenda apenas de uma forma. Para uns funciona muito bem apenas ouvir uma explicação, já para outros as anotações enquanto recebem as explicações são mais necessárias, e temos também aqueles que só aprendem fazendo na prática. No CIMUS – Centro de Integração Multidisciplinar –, por exemplo, são realizados testes para que o estudante entenda qual estilo de aprender é mais eficaz para ele, melhorando sua capacidade de aprender e até sua autoestima. O aprendizado, para ser efetivo, precisa ter algum pré-requisito? Alguma base?

Sim, principalmente do que está sendo construído de forma sistemática. As memórias de longo prazo têm um papel fundamental nisso, pois é necessário que as aprendizagens aconteçam gradativamente, sem cortar caminhos. Caso contrário, dificuldades de aprendizagem podem aparecer ao longo dos anos, com lacunas não preenchidas.

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Neurociência é responsável por estudar o funcionamento de todo o sistema nervoso, inclusive do cérebro. O ser humano tem a capacidade de aprender durante toda a vida; este é um ato automático. Por isso, o desenvolvimento do conhecimento depende do processo de descoberta para armazenamento da informação. Nas salas de aula, o aprendizado é exercitado por meio de diversas metodologias pedagógicas e estratégicas aplicadas pelos professores. Conversamos com Jonas Gomes, especialista em Educação Especial e coordenador do CIMUS – Centro de Integração Multidisciplinar, sobre o papel da Neurociência na Educação.


[ EM ALTA ] Aulas mais interessantes são aliadas do aprendizado?

Sem dúvidas. Está muito claro, por meio de estudos, que as emoções têm um papel fundamental para a aprendizagem, pois é na amígdala (cerebral) que se encontram as manifestações das emoções e da aprendizagem. Por exemplo, você é capaz de lembrar com detalhes o dia do primeiro beijo, a cerimônia do casamento, quando o filho começou a andar ou a falar, mas talvez não seja capaz de lembrar o que estudou para uma prova em intervalo de um dia. Isso acontece porque os eventos marcantes foram consolidados por emoções, e isso fez com que você os registrasse de tal forma que dificilmente eles serão esquecidos, diferentemente do estudo para prova. Aulas que mexem com as emoções dos estudantes liberam dopamina, neurotransmissor responsável por trazer prazer. As aulas nem sempre serão interessantes, mas algumas bases da aprendizagem podem ser ministradas de forma prazerosa; assim, será possível consolidar a aprendizagem de forma mais eficaz. Como usar a Neurociência para criar aulas mais interessantes e personalizadas?

Entendendo os mecanismos cerebrais que ocorrem na aprendizagem e preparando aulas que respeitem os estilos de aprender de cada estudante. Cada cérebro tem uma forma de adquirir conhecimento, todos são capazes, e a Neurociência ajuda o profissional a acessar essas vias para que se promovam novos caminhos neurais de aprendizagens. Como a tecnologia pode ser aliada do aprendizado?

A tecnologia tem estímulos que os professores não têm, que são mais atraentes e trazem mais prazer. O professor, sabendo usar essas ferramentas a seu favor, conseguirá resultados muito mais rápidos para seus objetivos. Estamos vivendo em um mundo digital, e isso precisa ser levado em conta quando uma proposta de aula analógica é feita para uma geração totalmente digital. Como a vida moderna interfere no aprendizado?

Algumas habilidades precisam ser aprendidas mediante atividades de desenvolvimento motor globais e finos, e isso só é capaz de ser feito, principalmente nos Anos Iniciais, por meio de atividades de motricidade (conjunto de funções nervosas e musculares que permite movimentos voluntários ou

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automáticos do corpo), mas isso exige tempo para os pais se envolverem nas atividades, como as de brincar com seus filhos. Assim, a vida moderna pode tirar essa relação e construção sensorial desta geração. Por outro lado, as tecnologias trazidas pela vida moderna trouxeram ferramentas que podem ajudar, como desenvolver a fala e até aprender outros idiomas. É necessário equilibrar não só as metodologias ou ferramentas, mas também o tempo. É com ele que a aprendizagem pode ser comprometida, principalmente por parte dos pais, pois, como família, eles têm um poder que os professores não têm, que é a relação afetiva. Como vimos, as emoções são partes essenciais para a consolidação da memória e aprendizagem, e não existe lugar melhor para promover isso do que no ambiente familiar. Como ensinar os alunos a se concentrarem em uma coisa de cada vez?

É necessário que o professor seja o principal exemplo para isso. Deve proporcionar um ambiente calmo, tranquilo e silencioso. A música erudita, por exemplo, pode ter um papel fundamental para estimular a concentração, assim como jogos. Qual é o papel da família em ajudar o aluno a se concentrar?

Promovendo um local de estudo adequado e livre de interrupções, estimulando a música erudita, estabelecendo rotinas de estudo e, principalmente, sendo agentes motivadores, potencializando as habilidades dos filhos. É muito comum os pais exigirem muito do filho para que ele vá bem em Matemática, sendo que o potencial dele está em Arte, e tudo bem... Ele precisará da Matemática e talvez precisará se dedicar a ela muito mais que os outros, mas ele precisa ser potencializado nas habilidades de interesse dele. Assim, ele estará mais motivado para outras aprendizagens, como a da própria Matemática, que, aliás, é fundamental em Arte. Há crianças que conseguem fazer diversas coisas ao mesmo tempo. Isso é positivo?

Os resultados dizem que sim, mas nem para todos, claro! Mesmo que algumas crianças consigam desempenhar diversas funções e trazer bons resultados, isso não significa que elas sejam capazes de lidar com tudo com excelência. Mesmo se ela se sair bem em várias


tarefas, ela poderia trazer resultados muitos mais expressivos realizando apenas uma. Ou seja, se ela é boa fazendo várias coisas ao mesmo tempo, imagina ao se dedicar em apenas uma? Seria positivo apenas se olhássemos pelo ângulo de que se pode terminar algumas tarefas de uma vez só, mas é negativo no sentido de que nosso cérebro não realiza várias tarefas com perfeição ao mesmo tempo. Um exemplo catastrófico disso é dirigir e falar no celular. Sabemos o que acontece depois, certo? Como gerenciar a concentração de crianças que tenham hiperatividade ou outros transtornos?

Esportes, músicas e artes são os melhores remédios.

Como ensinar as crianças a fazer uma coisa por vez e depois exigir que elas sejam adultos “multitarefas”?

“As crianças ficam desorientadas pois são, muitas vezes, reflexos da família. A organização deve ser estimulada e praticada pela família; a rotina e a disciplina são fatores essenciais para a aprendizagem.”

Dando exemplo. As crianças ficam desorientadas pois são, muitas vezes, reflexos da família. A organização deve ser estimulada e praticada pela família; a rotina e a disciplina são fatores essenciais para a aprendizagem. Todo aluno é capaz de aprender?

Sim. Todo cérebro é capaz de aprender por causa da plasticidade neural e da neurogênese, capacidade do cérebro para modificar sua organização estrutural própria e o funcionamento e a criação de novos neurônios. Todos são capazes de aprender. A preguiça de estudar existe ou ela é sintoma de algum outro problema?

Existe a preguiça, e ela pode ser um sintoma de outros problemas, mas, caso não seja identificada nenhuma causa, a preguiça existe sim. Para os pais, pode ser difícil saber se é “preguiça” ou outro problema. A melhor forma de entender é levando a criança ao especialista para descartar hipóteses de algum tipo de transtorno da aprendizagem, auxiliando também os pais a lidarem com a situação de preguiça. No CIMUS, por exemplo, recebemos muitos casos em que a orientação é só tratar como preguiça depois de descartar todas as hipóteses de problemas relacionados à saúde mental (cognitiva). Quais são as dicas que você daria para educadores e pais que tenham crianças com dificuldades de aprendizado?

Imagem: Shutterstock

Não julguem a criança ou o estudante; entendam o que ele está passando. O jovem já é pressionado de diversas formas e o que ele menos precisa é de pais que não o apoiam e/ou que não entendam suas dificuldades e angústias. A palavra-chave aqui é “empatia”, seja com seu filho, seja com seus estudantes.

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Essencial para as aulas à distância, a plataforma LEB, da Editora do Brasil, incentiva professores e alunos a irem além da sala de aula!

O Laboratório Educacional Brasil é um ambiente virtual especialmente elaborado para proporcionar uma experiência dinâmica com o conteúdo digital das coleções didáticas. A plataforma traz, para os alunos, recursos que complementam os assuntos estudados em sala de aula e, para os professores, ferramentas para a prática de um ensino atrativo e de qualidade.

Recursos pedagógicos que enriquecem o aprendizado e complementam, de maneira dinâmica, os assuntos trabalhados em aula! • Videoaulas • Galeria de imagens • Atividades interativas • Expedição Brasil: exclusivo da coleção Tempo de Geografia, consiste em aulas de campo em vídeo conduzidas pelos autores da obra. • Isto Pode Virar Aula: planos de aula com temas atuais e próximos aos estudantes, como séries, filmes e muito mais!

Videoaulas


Conheça alguns dos recursos disponíveis no LEB! Área do Mestre Planejador de Aula Livros Digitais Banco de Questões e Avaliações Desafio ENEM e Vestibulares

Livros digitais

NOVIDADES

Comunicação Envie comunicados para alunos e responsáveis de modo rápido e fácil!

Agenda Eventos pedagógicos, feriados e acompanhamentos da vida escolar organizados em uma agenda digital interativa.

Plataforma de aprendizado adaptativa online que pode melhorar em até 20% a performance de sua turma no ENEM, com simulados, planos de estudos individualizados, exercícios de fixação com resolução comentada em vídeo, videoaulas exclusivas com professores especialistas e espaço para dúvidas e discussões por WhatsApp.

Oferece uma ampla coletânea de temas e propostas de redações, essencial para os estudantes que farão exames oficiais, como o ENEM. A correção dos textos é feita por dois especialistas. A plataforma também oferece recursos para o acompanhamento das estatísticas de turmas no desempenho por competência de escrita.

Consulte mais informações sobre as ferramentas exclusivas do LEB correspondentes à coleção didática que sua escola adota: www.editoradobrasil.com.br/leb

Que tal conhecer na prática os recursos da plataforma? Solicite um código de acesso demonstrativo pelo e-mail atendimento@editoradobrasil.com.br

Os conteúdos e serviços do LEB serão disponibilizados de acordo com a coleção didática adotada.


[ ARTIGO CHAPÉU DE MATÉRIA COLORIDO ] ]

Povos Indígenas do Amazonas e a busca de seus Direitos Emilson Frota de Lima e José Mario dos Santos Ferreira

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população indígena brasileira, estimada em mais de 900 mil pessoas (IBGE, 2010), de 305 povos e 274 línguas e idiomas, representa uma baixa parcela quando comparada à população do País e, apesar da presença em todo território nacional, concentra-se majoritariamente na região Norte. Somando mais de 500 anos de contato com os não indígenas, a partir de muitas lutas e mobilizações, esses povos conseguiram se fazer respeitar incluindo na Constituição Federal os artigos 210 e 231, referentes à educação escolar indígena, assim como na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Entretanto, na prática isso vem acontecendo muito lentamente, implicando mudanças e rupturas em diversas esferas. Neste artigo, focaremos nos desafios referentes à educação escolar indígena no estado do Amazonas, com o intuito de contribuir para uma nova visão frente às problemáticas constantes nos 62 municípios da região.

Formação de professores Falta de investimento na formação docente é um exemplo emblemático. Desde a década de 90 o governo estadual desenvolve precariamente a capacitação destes profissionais e até 2018, grande parte dos professores atuantes nas escolas indígenas não chegaram nem ao menos a cursar o magistério. Projeto político-pedagógico (PPP) Outro fator crucial para a implantação e efetivação de uma educação escolar indígena de fato e de direito é a construção de projeto político-pedagógico específico para a elaboração de material didático de cada povo, considerando o plurilinguismo, evitando, assim, o esquecimento e a consequente extinção de idiomas que fazem parte de nosso Patrimônio Nacional.

Atuação docente Talvez um dos grandes entraves. Os professores conhecem a educação escolar indígena, mas não aceitam trabalhar de acordo, pois a maioria dos docentes tem formação em licenciaturas distintas e são resistentes ao trabalho voltado à cultura e aos costumes indígenas.

Regulamentações adequadas Um fator que também preocupa bastante e talvez resolvesse grande parte dos anseios da populações indígenas, não apenas no Amazonas, mas também em âmbito nacional, é a criação, aplicação e consolidação do Sistema Nacional de Educação Escolar Indígena, uma vez que muitas ações a serem executadas nas escolas indígenas esbarram na Legislação Nacional, que se impõe frente à educação diferenciada nas comunidades indígenas.

Verbas públicas O processo da implantação da educação escolar indígena é novo e requer uma atenção especial dos ordenadores do nosso estado. O financeiro não é problema, pois o Amazonas é o quarto maior arrecadador de impostos do Brasil, mas a má distribuição dos tributos é insuficiente quando se trata dos povos indígenas. Temos muito a avançar, mas, para isso, é imprescindível investir na qualidade da educação em todo o estado e não apenas nas cidades mais próximas da capital.

Resistência nas próprias comunidades É recorrente algumas lideranças acreditarem que a educação escolar indígena é um retrocesso e não quererem que seus filhos estudem a língua de seu povo. Além disso, grande parte dos professores não dá a devida importância para a aplicação da educação escolar indígena, dificultando ainda mais o avanço da política de educação diferenciada e desvalorizando conhecimentos tradicionais, científicos e técnicos da comunidade envolvente, enfraquecendo sua identidade cultural e étnica.

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Imagem: Emilson Frota Munduruku /Comunidade Indigena

Dificuldades no Legislativo Diversos políticos têm desafiado a legislação vigente quando não se respeita a indicação da comunidade na nomeação da gestão escolar e docente. É comum que não indígenas, sem a formação adequada, assumam tais posições, trazendo prejuízos culturais incalculáveis, uma vez que os conteúdos aplicados fogem da realidade local e enfatizam a depreciação das questões indígenas. De certa maneira, essa dinâmica possibilita a continuidade da colonização que nunca deixou de existir no Brasil.

– FNDE, e a criação do Conselho Estadual de Educação Escolar Indígena do Amazonas – CEEI/AM nos faz acreditar que em um futuro bem próximo teremos nossos sonhos realizados frente a uma educação escolar indígena justa, que proporcionará a recuperação e valorização de suas memórias históricas, assim como a reafirmação de suas identidades étnicas, e garantirá o acesso às informações e aos conhecimentos técnicos e científicos da sociedade nacional e demais sociedades indígenas e não indígenas. José Mario dos Santos Ferreira

Negligências no Judiciário Nascido em Autazes, indígena Nesta esfera, o problema do Povo Mura (aldeia Gapenu). talvez seja mais grave. Como Formado no Magistério Indígena responsável em punir os pelo projeto Pirayawara, graduado infratores da Lei, temos aqui em Gestão Pública e mestrando em indicações de prefeitos e secreAntropologia Social pela UFAM. tários que anulam aquilo que Atuou como professor indígena a legislação preconiza frente à nas aldeias São Felix e Gapenu, área da educação escolar indíCoordenador-geral da Organização gena. O Ministério Público de Professores Indígenas Mura, Federal vem contribuindo Coordenador do setor de Educação bastante para a fiscalização Escolar Indígena da SEMEC/ e recomendações aos muniAutazes, Coordenador do setor de cípios e com a Secretaria de Educação Escolar da Amazônia na Estado de Educação e QualiCOIAB, Presidente do Conselho dade de Ensino do Amazonas Estadual de Educação Escolar – SEDUC, mas ainda é muito indígena do Amazonas-CEEI, tímida sua participação. Diretor-Técnico da FEPI, Diretor Assim como os entraves e os Administrativo e Financeiro da desafios, temos muitos avanços, FEPI, Secretario Adjunta da alguns deles bastante pontuais, SEIND, Secretário de Gestão e Escola Indígena Ypi Pak Pak, aldeia Terra como é o caso da formação de Planejamento da SEIND e, atuVermelha povo Munduruku Amazonas professores, que, lentamente, almente, é Secretário-Executivo do já capacitou algumas turmas e CEEI/AM. auxiliou na construção de escolas e na composição de materiais didáticos do Projeto Pirayawara. Emilson Frota de Lima Não obstante, a contratação de professores indígenas nas coordenações de setores específicos da área Nascido no Município de Borba, indígena do povo Munduruku. educacional nas Secretarias Municipais do Amazonas, Formado no Magistério Indígena pela SEDUC pelo proa inserção de representantes da comunidade em con- jeto Pirayawara, graduado em Pedagogia, especializado selhos municipais de educação, a abertura de novas em Psicopedagogia pela UEA. Atualmente é mestrando turmas de formação de professores em 13 municípios, em Antropologia Social pela UFAM, professor indígena e a construção de escolas no Alto Rio Negro, por meio Presidente do Conselho Estadual de Educação Escolar Indígena do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação do Amazonas – CEEI/AM.

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Vitrine Literária

Um bom livro sempre será um excelente companheiro nessa maravilhosa viagem pelo mundo das descobertas, da ampliação de repertório e da reelaboração das diversas formas de pensar e agir. Conheça alguns dos lançamentos de literatura da Editora do Brasil.

Vovó diz cada coisa... Coleção Meu Pequeno Mundo Uma língua é mais complicada do que a soma de suas palavras. Gírias, metáforas e ditados populares podem criar situações inusitadas quando se é uma criança ainda aprendendo a navegar nas complexidades da língua portuguesa e do mundo adulto. Nesse livro da Coleção Meu Pequeno Mundo, a autora Mailza de Fátima Barbosa traz mais uma narrativa engraçada A partir de sobre expressões estranhas da época de nossos avós e ajuda a 6 anos fortalecer uma certeza: o amor explica qualquer coisa.

A partir de 6 anos

A lesma e a linha

Assuntos: Humor; Infância Tema transversal: Pluralidade Cultural

Coleção Janela Janelinha É traçando uma linha aqui e outra linha ali que a lesma vai criando desenhos. Também é com uma linha curta e algumas linhas compridas que a lesma vai desenhando letras e palavras e aprendendo (ou ensinando?) coisas maravilhosas sobre o mundo do alfabeto. E assim, juntando palavras, a lesma aprende a contar histórias nesta narrativa visual de Bia Villela para os pequenos leitores que também estão aprendendo a ler e escrever. Diversão com informação na medida!

Patavina Coleção Trupe-Trinques Patavina pode até pensar que não sabe muita coisa da vida, mas ela é especialista em duas coisas: doces maravilhosos e gatos sapecas! Com uma narrativa ritmada e tão saborosa quanto os doces de patavina (e tão adorável como os seus gatinhos), este livro de Penélope Martins, com ilustrações belíssimas de Rosinha, é leitura obrigatória para os pequenos e até para os grandes que amam textos divertidos e inteligentes. A partir de Assuntos: Animais; Culinária 6 anos Tema transversal: Natureza e Sociedade

Assuntos: Alfabeto; Animais Tema transversal: Meio Ambiente

Com a lua nos olhos Coleção Cometa Literatura A poesia pode ter muitas fontes de inspiração. Mas nenhuma fonte é tão constante e atemporal quanto a lua iluminada, silenciosa, misteriosa e, ainda assim, capaz de despertar sentimentos e instigar muita sabedoria. Venha mergulhar nesses belos poemas de Roseana Murray, inspirados por aquela que sempre nos acompanha, mesmo quando não podemos vê-la, e ilustrados com maestria e delicadeza por Regina Rennó. A partir de 9 anos

Assuntos: Poesia; Astronomia Tema transversal: Pluralidade Cultural

Vida que segue Coleção Assunto de Família O que faz uma família ser, de fato, uma família? Por muito tempo, Pedrinho sonhou em conhecer seu pai biológico, ausente desde antes de seu nascimento. Agora, o sonho vai se tornar realidade, e o garoto aprenderá que aquilo que vive em nossa imaginação nem sempre corresponde à realidade. E que, independentemente de qualquer coisa, a vida segue... Sempre. Uma história sensível e emocionante sobre como podem ser complexas as relações humanas. Assuntos: Infância; Inteligência Emocional Tema transversal: Saúde

A partir de 10 anos

A partir de 9 anos

Ana e os palíndromos Coleção Cometa Literatura Quando conseguimos ler uma palavra (ou frase) de trás para frente e ela ainda tiver o mesmo significado, estamos diante de um palíndromo. Criar palíndromos é uma arte, uma brincadeira de letras e palavras para dar nó na cabeça de qualquer um. Quanto mais complexo for, melhor! Nesse livro, Fernando Vilela nos apresenta alguns palíndromos conhecidos e outros novos, enquanto conta uma história divertida e cheia de rimas sobre uma garota curiosa que vive rodeada de palavras de frente para trás e de trás para frente. Essa história “palindrômica” de Ana e seu avô vai encantar a todos! Assuntos: Avós; Humor Tema transversal: Pluralidade Cultural


Oliver Twist Coleção BiClássicos

A partir de 14 anos

Crimes e castigos

Oliver sempre esteve sozinho no mundo. Criado por uma cuidadora negligente e vivendo da caridade de uma igreja desinteressada, ele inicia sua trajetória com muitas desvantagens. À medida que explora o mundo e conhece novas pessoas, ele descobre que as coisas podem piorar... Mas descobre também que há pessoas boas por aí e que tudo pode acabar bem, com um pouco de fé e a ajuda de bons amigos. Edição bilíngue, assinada por Telma Guimarães, de mais um clássico da literatura mundial, originalmente elaborado por Charles Dickens. A partir de 13 anos

Assuntos: Valores; Violência Tema transversal: Pluralidade Cultural

Mil pássaros de papel

Coleção A Sete Chaves Dostoiévski, autor russo reconhecido como um dos maiores de todos os tempos, escreveu um livro em que se discute, de modo magistral, a culpa, as responsabilidades e as fraquezas do ser humano. “Crimes e castigos” é uma homenagem a esse gênio da literatura. Sete autores discutem, em sete contos aqui reunidos, alguns temas contemporâneos muito delicados e bastante tensos, que sempre resvalam em questões de ética, moral e diferentes concepções de mundo. Os leitores serão confrontados com situações em que fatalmente irão julgar e condenar os atos dos personagens. Mas e se fôssemos nós? Que castigo mereceríamos? Assuntos: Valores; Justiça Tema transversal: Ética

Série Cabeça Jovem Mais uma vez, venha mergulhar no cotidiano do Colégio João Cabral de Melo Neto e na vida de seus estudantes. Dessa vez, você ficará próximo de Letícia, que passou por um baita susto – imagine ter um quase infarto antes dos 20 anos de idade? –, e de Makoto, que passou por outro tipo de situação: a da perda. E a tristeza que invadiu seu coração está ameaçando dominar seu corpo inteiro. Juntos, esses dois amigos vão descobrir o que significa viver, crescer e vencer os problemas que a vida apresenta, um passo de cada vez. Assuntos: Inteligência Emocional; Sentimentos Tema transversal: Saúde A partir de 13 anos

Os faroleiros e outros contos de Monteiro Lobato Coleção HQ Brasil Quem nunca ouviu falar no Sítio do Pica-Pau Amarelo e de seu criador, Monteiro Lobato? Esse importante escritor e editor brasileiro tem em seu repertório de criação muito mais do que os conhecidos contos infantis e personagens imortais como Narizinho, Emília e Dona Benta. A adaptação desse livro explora contos mais adultos e não muito conhecidos do autor, mostrando que seu brilhantismo não tem restrição de idade. Venha conhecer “Os Faroleiros”, “Pedro Pichorra”, “O Luzeiro Agrícola” e “Era no Paraíso…”, todos adaptados em A partir de 14 anos HQ, além de outros trechos de sua vasta e importante obra. Assuntos: Folclore; Família Tema transversal: Pluralidade Cultural

A partir de 14 anos

A megera domada Coleção Biblioteca Shakespeare É possível existir um duelo sem armas? Mas é claro! Palavras são bem mais afiadas e poderosas do que qualquer adaga e Catarina e Petruccio as empunham com maestria. Nesta peça bem-humorada, temos as mulheres de um lado e os homens do outro. O vencedor? Difícil dizer. Convidamos o leitor a conhecer esta incrível história de Shakespeare, com texto adaptado em prosa e atualizado por Fernando Nuno, e tentar responder esta pergunta complexa. Assuntos: Comportamento; Relacionamento Tema transversal: Ética

Hamlet Coleção Biblioteca Shakespeare A morte de um querido pai; um amor incerto; um fantasma pedindo vingança; traição e loucura. “Hamlet” é um clássico universal, e justamente por isso não é uma obra simples, com cada fio narrativo desta tapeçaria complexa nos puxando para um lado diferente e incerto. A peça dramática mais conhecida de Shakespeare ganha uma adaptação primorosa em prosa, com linguagem atualizada por Fernando Nuno, e convida o leitor a explorar esta obra-prima do bardo inglês. Assuntos: Política; Família Tema transversal: Ética A partir de 14 anos

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