Editora do Brasil - 75 Anos

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A Editora do Brasil comemora seus primeiros 75 anos de existência repleta de sonhos e planos para o futuro. Era exatamente esse o clima reinante em sua fundação, São Paulo uma editora de livros escolares marcada por um traço nobre: o compromisso com o lançamento de materiais de qualidade diferenciada e preços acessíveis. Com o tempo, a empresa foi à liderança do mercado editorial, fez pesados investimentos, ajustou a estrutura acionária e superou crises. Hoje conserva o jeito de ser que a projetou: é uma organização saudável e capaz de desenvolver projetos de inovação que a situam no

E d ito r a d o B r as i l

em 1943, quando um grupo de amigos decidiu criar em

E dit ora do B ra sil 75 anos

topo. Aos 75 anos, vivaz e de alma jovem, a Editora do Brasil mantém os olhos no futuro, pelo qual se conduz.

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Arquivo PessoAl/MeMรณriA editorA do BrAsil/ABd

dr. Carlos Costa, maria apparecida Cavalcante Costa e a filha aurea regina, 1972.

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LIVRO 75 ANOS

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Este livro é uma homenagem à trajetória de Carlos Costa – líder do grupo de fundadores da Editora do Brasil, que se tornou um ícone no mercado editorial brasileiro – e um resgate de seu legado. É também um tributo à benfazeja atuação de sua viúva, Maria Apparecida Cavalcante Costa, que lhe deu suporte ao longo de décadas e, já idosa, assumiu o comando da empresa em um momento de perplexidade. Dona Apparecida, como é carinhosamente chamada, em sua passagem como sócia-controladora, pacificou funcionários e autores contratados e criou as condições para que sua sucessão fosse feita com êxito, garantindo a perpetuação do empreendimento, que alegremente comemora 75 anos de atividade.

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75 anos em 75 segundos MeMóriA editorA do BrAsil/ABd

1943 lançado o manual Admissão ao Ginásio, primeira publicação da editora do Brasil a fazer enorme sucesso.

1945

1947

1959

acordo operacional com a indústria gráfica Cruzeiro do sul.

lançada a revista EBsA. de Arte de São Paulo

Carlos Costa assume a presidência no lugar do pai, Fernando Costa.

Acaba a Segunda

– MASP.

Morre o compositor

É fundado o Museu

Aprofunda-se a aliança

Guerra Mundial

brasileiro Heitor

do governo brasileiro

e cai o governo de

Villa-Lobos.

com os Estados Unidos

Getúlio Vargas.

Arquivo PessoAl/MeMóriA editorA do BrAsil/ABd

dos países do Eixo na

Arquivo PessoAl/MeMóriA editorA do BrAsil/ABd

para o enfrentamento

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Segunda Guerra Mundial.

1973

1979

1993

1996

1998

livreto comemora 30 anos de fundação da editora e a publicação de 200 milhões de livros.

Controle acionário da eBsa é oferecido a concorrentes.

morre manoel netto.

suspensa a publicação da revista EBsA.

Lançado nos Estados

países.

morre Carlos Costa; sua esposa, maria apparecida, assume o comando.

Assinado acordo de paz

Unidos o álbum

Morre o ator italiano

318 presos políticos

para encerrar a Guerra

The Wall da banda

Marcello Mastroianni.

e comuns em Cuba.

do Vietnã.

Pink Floyd.

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A Tchecoslováquia é dividida em dois

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Fidel Castro liberta

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1969

montagem do escritório de propaganda no rio de Janeiro.

início das obras do parque gráfico.

Cai o governo

Médici assume a

João Goulart;

Presidência do Brasil.

O general Emílio Garrastazu

MeMóriA editorA do BrAsil/ABd

1964

1970

1972

revista EBsA tem novo layout e conteúdo ampliado.

inaugurado o parque gráfico de guarulhos.

Salvador Allende

O Prêmio Nobel da

assume o governo

Paz não é atribuído.

do Chile.

militares assumem

MeMóriA editorA do BrAsil/ABd

MeMóriA editorA do BrAsil/ABd

o poder no Brasil.

2003

2012

2013

2017

vendido o parque gráfico de guarulhos.

Começa o programa de choque na gestão da editora.

lançada a nova marca eBsa.

Entra em vigor o novo

Entra em vigor o novo

renuncia ao mandato.

a herdeira aurea regina Costa assume o controle acionário e a presidência.

Código Civil Brasileiro.

acordo ortográfico

Donald Trump toma

dos países de língua

posse como presidente

portuguesa.

dos Estados Unidos.

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O papa Bento XVI

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grande contribuição educacional

livro de qualidade

mercado público e privado equação financeira

referência em livros escolares

ímpeto empreendedor amigos pela educação

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livro acessível

coleções renomadas

aprender com o mercado

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gestão conservadora

editora de vanguarda a s s e s s oria pedagógica

sucessão atribulada

crescer com tecnologia valorização nacional

pioneirismo educacional

livros premiados livro 75 anos

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PARTE 1 O Ă?M P ETO E M P R E E N D E D O R

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Arquivo Pessoal/Memória Editora do Brasil/ABD

Dr. Carlos Costa, fundador da Editora do Brasil, em foto de 1941, quando foi escolhido paraninfo no Liceu Franco­‑ Brasileiro.

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Arquivo Pessoal/Memória Editora do Brasil/ABD

Carl os Costa, seu pai e amigos fundam a EBSA

E

m plena década de 1930, Carlos Costa mostrava que estava fadado a exercer mais de uma profissão. Sua formatura em 1932 pela prestigiosa Faculdade de Medicina, que deu origem à Universidade de São Paulo (USP), encontrou-o atuando com desenvoltura como professor de História Natural em um estabelecimento secun-

dário. Depois, antes mesmo de ver aprovada sua tese de doutorado, lecionou Química Orgânica no Colégio Universitário, apêndice da faculdade que cursou. Uma vez formado e especializado em metabolismo, montou um consultório médico. Mas essa trajetória invejável cedeu lugar a uma terceira vocação – a de empresário no ramo de livros didáticos –, que se revelou mais forte do que as demais. Com o passar dos anos, Carlos Costa concentrou energia na empresa que criou com o pai, o tam-

Dr. Carlos Costa durante expediente na matriz da Editora do Brasil, em São Paulo.

bém médico Fernando Costa, e um grupo de parentes e amigos para se transformar em nome lendário no setor de livros didáticos, atuando como figura central na fundação e

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no funcionamento da Editora do Brasil S/A. A EBSA logo se tornou uma das maiores publicadoras de livros educacionais do Brasil nos segmentos primário e secundário – na linguagem usada no século XX. A empresa foi oficialmente constituída em 1943, em meio à Segunda Guerra Mundial e em pleno Estado Novo, a ditadura de Getúlio Vargas no Brasil. No dia 5 de agosto de 1943, um grupo de 36 acionistas assinou a escritura pública de constituição da Editora do Brasil S.A no 110 Tabelionato Dr. A. Gabriel da Veiga, na Rua São Bento, centro de São Paulo. Muitos desses acionistas eram professores dos vários graus de ensino. O capital social era de Cr$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil cruzeiros), representado por 1500 ações ordinárias de valor nominal de Cr$ 1.000,00, sendo 500 delas ao portador e 1000 nominativas. Carlos Costa assumiu parcela correspondente a Cr$ 100.000,00 e seu pai, Fernando Costa, ingressou com Cr$ 90.000,00. As participações dos acionistas

FOTO RELEVO/Memória Editora do Brasil/ABD

variaram de Cr$ 7.000,00 a Cr$ 150.000,00.

O prédio do Liceu Franco­ ‑Brasileiro (atual Liceu Pasteur), na zona sul de São Paulo, local onde o Dr. Carlos Costa estudou.

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Capa da escritura pública que comprova a data de criação da empresa.

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O pedido de ligação de energia elétrica, de 18 de agosto de 1943.

Líder do grupo desde o começo, Carlos Costa, ainda que assoberbado pela atividade dupla de médico e professor secundarista, assumiu a direção executiva do projeto e indicou seu pai para o cargo de presidente formal da diretoria executiva. Desde o início, atuaram na gestão os acionistas Manoel Netto e Vitor Musumeci (cujo sobrenome surge com diferentes grafias nos documentos da empresa, como se observa neste trabalho). Carlos Pasquale e Cassio Portugal Gomes também passaram a apoiar a gestão do negócio. Fernando Costa, acionista relevante, permaneceu como presidente de honra. Carlos Costa, homem espartano e de poucas palavras, ficou à frente dos negócios e concentrou sua atividade na sede da empresa, situada no pequeno edifício de uso misto da Rua Conselheiro Nébias, no bairro de Campos Elíseos, região central da capital paulista – endereço que até hoje abriga a matriz da editora. Na ocasião, o bairro desfrutava de prestígio na cidade, pois nas proximidades ficavam o Palácio dos Campos Elíseos, sede do governo do estado, e a seção de História Natural da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL), depois

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ACervo CAPh/FFlCh/usP iMAgens

palacete Jorge street (1938), na esquina da alameda glete com rua guaianazes, em Campos elíseos, são paulo, antiga sede dos cursos de Química (iQusp) e história natural

ruBens ChAves/PulsAr iMAgens

da usp (atual FFlCh).

palácio Campos elíseos, atual prédio da secretaria da indústria, Comércio, Ciência e tecnologia do estado de são paulo. a sede da editora do Brasil instalou ‑se em um bairro nobre e repleto de prédios oficiais à época.

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reestruturada e denominada Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo. Vitor Musumeci assumiu uma posição de natureza comercial e cuidou de representar a EBSA nos mercados do interior paulista, especialmente nas cidades situadas na rota das antigas ferrovias Sorocabana, Paulista e Mogiana. Em seguida, Musumeci transferiu-se para o Rio de Janeiro, então capital federal e centralizadora das cúpulas educacionais e culturais do país. Seu passo seguinte foi abrir frentes de negócio nas regiões Norte e Nordeste. Por sua vez, Manoel Netto – cujos descendentes atualmente constituem o principal braço de acionistas minoritários – cuidou das frentes de negócio proporcionadas pelo Vale do Paraíba e pelo estado de Minas Gerais.

Uma das cadernetas de trens usadas em viagens pela nascente equipe da Editora do Brasil, 1946.

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Fernando Costa faleceu em 1959 e legou a presidência da empresa a seu filho, Carlos Costa, que desde o início fora o principal executivo. Manoel Netto, cuja posição na cúpula da empresa sempre foi central, assumiu a superintendência anteriormente ocupada por Carlos. Netto tinha bagagem de gestor de edição de livros trazida da Companhia Editora Nacional, onde atuara como editor assistente. Quando foi constituída a Editora do Brasil, Netto atraiu diversos autores que antes publicavam pela concorrente. Exatos cinco meses após a fundação, a Editora do Brasil lançou sua primeira obra, Latim – Primeira Série, de autoria do professor José P. de Carvalho. Pouco tempo depois, a rede de agências em constituição já cobria do Rio Grande do Sul ao Espírito Santo.

Um dos volumes da série Latim, de José P. de Carvalho.

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Ao lado e acima, ilustrações originais das capas de uma das primeiras coleções de literatura infantil da Editora do Brasil.

Abaixo, a ilustração original de um dos livros mais longevos da editora, presente até hoje no catálogo. Na página ao lado, capas de vários

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livros dos primeiros anos da EBSA.

Menos de um ano após a fundação, os executivos finalizaram a concepção da primeira coleção de literatura infantil e de literatura em geral. Na mesma ocasião, Vitor Musumeci empreendia viagem ao Norte e Nordeste do país para expandir a cobertura comercial. Enquanto isso, a diretoria optava pelo aumento da tiragem básica das coleções: de 10 mil para 15 mil exemplares.

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Mem贸ria Editora do Brasil/ABD

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A Editora do Brasil, ainda que tenha sido constituída como típica empresa ca-

A estrutura do capital na fundação da empresa

(em porcentagem sobre o total)

pitalista, apresentava traços de idealismo. Afinal, o ambiente em que o projeto se desenvolveu incluía especialistas em edição de livros e na direção de escolas, além de professores de vários graus de ensino. Em

19,32

uma visão geral, os fundadores da empresa compartilhavam o sonho de “contribuir para a educação dos brasileiros com livros

3,0

a preço acessível”. Esses propósitos se mantiveram. Em documento elaborado duas décadas e

0,66

54,62

meia depois da fundação, os gestores da EBSA apontavam as diretrizes de atua-

22,40

ção a seguir. 1. Publicação de obras destinadas aos vários graus de ensino, com preços acessíveis à população estudantil. 2. Aproveitamento da capacidade didática, no sentido de elaborar obras de

Família Costa

autores residentes e atuantes em todos

Vitor Musumeci

os estados do país, e não apenas em

Manoel Netto

São Paulo e Rio de Janeiro.

Família Bicudo

3. Instalação de filiais no maior número

Demais sócios

possível de estados visando à distribuição de resultados entre colaboradores e à distribuição eficaz e rápida da produção. 4. Obediência rígida a princípios éticos, quer no tocante às publicações, quer nas atividades de indústria e comércio.

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Os fundadores da Editora do Brasil: Fernando Costa, no centro, de terno claro; Vitor Musumeci (primeiro à esquerda); Manoel Netto (acima, à esquerda); acima, à direita, Dr. Otto Costa e Dr. Carlos Costa; Dr. Luís Pasquale e Dr. Carlos Pasquale (abaixo, à direita). O mais jovem (acima, à esquerda) não foi identificado.

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As primeiras reuniões executivas deixaram evidentes as prioridades: constituir rede de agentes comerciais, divulgar em todo o sul do país e dar vida ao catálogo de obras.

O fenômeno Admissão ao Ginásio Cinco anos depois da fundação da Editora do Brasil, sua revista mensal (ver capítulo seguinte) divulgava uma obra (e dela fazia apologia) cujo sucesso foi tão extraordinário quanto surpreendente: o livro Admissão ao Ginásio. Todo o mercado editorial disputava esse filão, incluindo, em sua produção, professores bastante respeitados, mas o desem-

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penho da EBSA se destacava.

Capa do livro Admissão ao

Ilustração para catálogo

Ginásio, publicado pela

do livro Português para

primeira vez em 1943.

Admissão ao Ginásio, de Aída Costa. Coleção Didática do

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Brasil – Série Ginasial.

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Capa de uma das muitas versões dos materiais de admissão ao Ginásio. Este era

Em 1948, época da reportagem divulgada na própria revista, o manual já havia

de autoria de Cecy Cordeiro

alcançado a 13ª edição. Uma das autoras

Thofehrn e Nelly Cunha.

envolvidas na produção da EBSA volta-

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da à admissão ao ginásio era Aída Costa, irmã do fundador Carlos Costa e professora da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP. Sua especialidade era Língua Portuguesa. Segundo o trabalho acadêmico da professora Cristiani Bereta da Silva, doutora em História pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), “esse livro certamente pode ser considerado um dos casos mais excepcionais em relação a números de edições no mercado didático: foram mais de 550 edições em três décadas” – números que se referem somente ao desempenho da Editora do Brasil. O levantamento feito pela professora e publicado no estudo Editora do Brasil e o livro Admissão ao Ginásio mostra que a obra, publicada em 1943, já estava em sua 86ª edição em 1954 e, em 1958, apenas quatro anos depois, na 180ª edição, em 1961, na 351ª, e assim sucessivamente até atingir as 550 edições mencionadas. Ao leitor que ingressou na escola formal depois da década de 1970 talvez pareça estranho esse tipo de obra. O livro – na verdade, um verdadeiro manual – era um importante material de preparação para os exames de admissão ao curso ginasial, espécie de “vestibulinho” para ingresso no equivalente ao Ensino Fundamental II atual.

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Segundo a professora da UFSC, livros preparatórios começaram a ser publicados já na década de 1930 e alcançaram grande sucesso editorial – o que prevaleceu até a extinção oficial do exame, em 1971. Recorda-se que aulas particulares nas casas dos professores ou em cursinhos especializados, concomitantemente ao último ano do curso primário, eram uma realidade para aqueles que pretendiam prosseguir com os estudos após a primeira etapa de ensino formal. Os manuais completavam esse esforço de aprendizado. Pelo levantamento, sabe-se que os livros mais lembrados são os de caráter multidisciplinar, que se organizavam em quatro disciplinas: Português, Matemática, História do Brasil e Geografia do Brasil. Traziam na capa o nome dos professores responsáveis

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pelas disciplinas e marcaram diversas gerações de estudantes.

Um dos primeiros livros da EBSA, escrito pelo seu fundador, Carlos Costa, em parceria com Rui Ribeiro Franco.

Ilustração inacabada do primeiro catálogo de obras da Editora do Brasil.

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O papel construtor da revista EBSA A revista EBSA foi lançada em 1947, no mês de novembro, coincidentemente o mês em que se celebra o Dia da Cultura e da Ciência. A revista durou pouco mais de meio século e circulou de maneira ininterrupta entre gestores e professores de estabelecimentos de ensino de 1º e 2º graus, em todo o território nacional; em bibliotecas especializadas; e no meio de estudiosos da legislação do ensino brasileiro. Ela nasceu para prestar serviços e defender ideias. Em um primeiro momento, a publicação, que se declarava parte de “uma organização a serviço dos educadores patrícios”, era basicamente o catálogo comercial das obras publicadas pela Editora do Brasil e apresentava, de forma estruturada, o nome dos autores e títulos das obras, o curso ao qual cada obra se destinava e o preço de capa dela. Denominada oficialmente EBSA – Documentário do Ensino, a revista publicava um extrato dos assuntos manejados pelo Departamento Escolar montado pela diretoria da empresa. O Departamento Escolar selecionava, resumia, condensava e sistematizava notícias e informações pertinentes à legislação, aos atos administrativos e às ocorrências de real interesse dos educadores. A operação da revista foi assumida ini-

Publicação mensal da Editora do Brasil S/A,

cialmente pelos sócios e gestores Carlos

de janeiro de 1972.

Pasquale e Vitor Musumeci. Após o falecimento de ambos, a coordenação da revista passou a ser feita pelo professor e homem 27

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de letras Alfredo Gomes. Em sua fase final, a direção da publicação foi assumida pelo professor Otto Costa. Parte substancial das atividades do Departamento Escolar e da revista EBSA decorriam do imenso aparato jurídico emanado de duas grandes reformas do sistema de ensino do país: as leis 4024/61 e 5692/71. Frequentar o departamento e consultar a revista garantiam aos beneficiários acesso a um único arquivo, organizado e sistematizado. O fundador e presidente Carlos Costa costumava dizer, com razão, que “a sede no Rio de Janeiro de órgãos federais responsáveis pela administração do ensino dificultava extremamente as relações [deles] com os professores dispersos na imensa extensão territorial do país”. Quando já se aproximava de seu 30º ano de publicação, a revista assumiu um caráter diferente e passou a divulgar os principais assuntos jurídicos ligados à máquina da educação com uma espécie de clipping comentado. Em sua fase final, já na década de 1990, houve uma considerável redução do conteúdo legal – possivelmente devido à melhoria da circulação dos diários oficiais federal e estaduais. Na revista, esse conteúdo cedeu espaço substancial à reprodução do noticiário, que incluía tanto notícias quanto defesa de posições de várias correntes do espectro político brasileiro.

Uma das últimas edições da revista EBSA, datada de maio de 1997.

A Editora do Brasil buscou posicionar-se desde sua fundação como empresa

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A celebração d o s 3 0 a n o s d e v i d a da

totalmente comprometida com a educação brasileira de qualidade. Tal postura sobressaía

E d i to r a d o B r a s i l foi ac o m p a n h a d a d e m u i t a

adaptar-se à evolução do mercado de livros escolares, atendendo a legislação em todos os

e u f o r i a , p r i n c i p a l m e n te p o r q u e o p a r q ue gr á f i c o [. . . ] e s t a v a e m plena operação.

em todas as suas publicações, inclusive na revista. Como é possível concluir, observando a diretriz da revista EBSA ao longo de tantas décadas de existência, a editora procurou sempre âmbitos (federal, estadual e municipal) e, ao mesmo tempo, garantindo prestígio entre professores, diretores de escolas e demais profissionais que constituíam seu principal público –, na medida em que se mostrava excelente fonte de informação sobre a educação no país. Dessa forma, a revista EBSA – Documentário do Ensino representou uma iniciativa bem-sucedida de aproximação entre todos os envolvidos no complexo sistema educacional brasileiro, elucidando dúvidas, propondo discussões e apresentando soluções para algumas das principais questões que perpassavam o cotidiano da escola – pública ou privada. Além disso, para registro histórico, vale lembrar também que, em uma mesma edição – março de 1997 –, a revista EBSA mostrava sua disposição para o pluralismo político. Nessa edição, foram reproduzidos textos do então ministro da Educação, Paulo Renato Souza, tucano de primeira hora; do pensador Alfredo Bosi, que defendia melhores condições salariais para a classe professoral; e da deputada petista Esther Grossi, em elogio rasgado à figura e à obra do antropólogo Darcy Ribeiro, notabilizado por sua conexão com o ex-presidente João Goulart, que fez um governo de esquerda. Por razões gerenciais, a produção da revista foi encerrada em 1998. Seu espírito, porém, ressurgiu com vigor na década de 2010, apoiado nas facilidades proporcionadas pela internet. Pelo menos dois links do site www.editoradobrasil.com.br cumprem papéis muito próximos ao que se propunha a revista impressa EBSA. São eles: Discutindo a Educação e Revista em Foco. Nas versões que estavam no ar em março de 2018, por exemplo, entre outros temas era possível conhecer posições de especialistas sobre segurança jurídica, flexibilização da sala de aula e a Base Nacional Comum Curricular. Em outras palavras, a revista EBSA – Documentário do Ensino continua viva e ativa, com outras denominações e valendo-se de mídias contemporâneas. Segue cumprindo o papel para o qual foi criada: fortalecer o ensino e o trabalho dos educadores.

A comemoração dos primeiros 30 anos A celebração dos 30 anos de vida da Editora do Brasil foi acompanhada de muita euforia, principalmente porque o parque gráfico – inaugurado um ano antes, em 1972, e situado às margens da Rodovia Presidente Dutra, no município de Guarulhos, Grande São Paulo – estava em plena operação. Havia marcos a registrar. As estatísticas da EBSA mostravam a impressão, em três décadas, de 200 milhões de livros didáticos e paradidáticos. À época, a empresa festejava

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Memória Editora do Brasil/ABD

ter contado, nessa trajetória, com a colaboração de 600 autores, 100 desenhistas e 240 técnicos. Esse conjunto de pessoas de alta especialização permitia a produção, em média, de 50 mil livros por dia e de pelo menos 1 milhão de livros por mês. Àquela altura, seus dirigentes diziam com orgulho não haver, entre os escolarizados, um único “brasileiro com mais de sete anos de idade que não tenha estudado e aprendido num livro da Editora do Brasil”. O momento especial mereceu a publicação e distribuição de um livro denominado Editora do Brasil ano 30 – 200 milhões de livros ou uma história de amor. Ali se fazia uma verdadeira profissão de fé e se afirmava, por exemplo: Hoje, a Editora do Brasil amplia todas as suas perspectivas e já está preparada para novos saltos, tão grandes quanto a esperança, o amor e a capacidade de evolução do povo brasileiro. Porque a responsabilidade da Editora do Brasil começa com a criança, quando ela começa a falar. Cresce com ela, com o jovem, com o homem, com o futuro. Esta é uma história de amor. Do amor dos homens que a criaram, que a construíram, que a fizeram crescer, que a tornaram gigante. Do amor dos educadores que a prestigiaram, que difundiram suas obras, que a eternizaram.

Capa de livro especial, feito para

Do amor do pequeno estudante que subiu

comemorar os 30 anos da editora

por suas páginas, que aprendeu a desven-

e explicar todo o processo de publicação de um livro didático.

dar universos, desde o primeiro rabisco

Ao lado, reprodução de uma página

até a verdadeira compreensão do amor.

inteira da mesma publicação.

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Memรณria Editora do Brasil/ABD

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PARTE 2 d i s p u t a pe l a l i der a n ç a

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MeMóriA editorA do BrAsil/ABd

À direita, doutor Carlos Costa, fundador da editora do Brasil, sua esposa, maria apparecida Cavalcante Costa, e o filho, Carlos Fernando Costa, durante visita à gráfica da editora do Brasil, em guarulhos (sp).

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LIVRO 75 ANOS

EDITORA DO BRASIL: 75 ANOS

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LIVRO 75 ANOS

EDITORA DO BRASIL: 75 ANOS

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MeMóriA editorA do BrAsil/ABd

a devoção de Carl os Costa À área gráF iCa

E

mpresa sóbria, quase sisuda, a Editora do Brasil fez um pouco de graça no título do anúncio que publicou em sua revista e no jornal O Estado de S. Paulo, ao dizer: “Viu, Gutemberg? Inauguramos o maior parque industrial do livro no país”. Exemplares do tradicional jornal paulista com o anúncio foram dis-

tribuídos a colaboradores para que lessem o comunicado que tratava o inventor da tipografia com certa irreverência.

a gráfica da editora do Brasil funcionando a pleno vapor na década de 1970.

A empresa vivia um momento de euforia. O anúncio “conversava” com Gutemberg e afirmava: “Você imprimiu o primeiro livro com tipos móveis de chumbo. Abriu a porta.

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LIVRO 75 ANOS

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Anúncio da Editora do Brasil sobre a inauguração do parque gráfico.

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Reprodução/Memória Editora do Brasil/ABD

Nós entramos. E já produzimos mais de 200 milhões de livros. Inspirados na mesma intenção que motivou você. O amor. O amor à criança, ao jovem, ao homem, ao futuro...”. A solenidade de inauguração foi presidida pela então secretária da Educação, Ester de Figueiredo Ferraz, que representava o governador Laudo Natel e o então ministro da Educação, o coronel do Exército Jarbas Passarinho. Por sua vez, o monsenhor Joaquim Antônio Netto representava, na cerimônia, o arcebispo metropolitano de São Paulo àquela época, Dom Paulo Evaristo Arns. Carlos Costa, o entusiasmado empreendedor que concebeu e implementou a obra, fez o emocionado pronunciamento transcrito a seguir.

Reportagem do jornal Guaru News, de fevereiro de 1972, sobre a inauguração da gráfica da Editora do Brasil S/A, em Guarulhos (SP).

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Memória Editora do Brasil/ABD

O liv r o d id ático no Brasil

Nota prévia: A redação, grafia e ênfase originais do texto foram mantidas.

O livro escolar brasileiro se constitui em problema, para cuja solução voltam suas vistas educado-

Abriram-se escolas e instalaram-se oficinas gráficas, tanto no Rio de Janeiro como nas Províncias. Multiplicaram-se os jornais e lançaram-se os primeiros livros elementares. Os de ensino

res, editores e autoridades. Equacionado há mui-

secundário continuaram, entretanto, a chegar

to pouco tempo, não tem mais que trinta anos.

da França, Portugal e Espanha. Até as primeiras décadas do século atual

O Brasil, em seus primeiros passos na direção da conquista do direito de executar a im-

poucas impressoras de livros escolares se ins-

Dr. Carlos Costa, fundador da

pressão de suas próprias letras, viu-se tolhido

talaram no país.

Editora do Brasil S/A.

Registramos e homenageamos o pioneiris-

durante longos anos, pela ação impeditiva do Governo Português.

No governo de D. Pedro, pela primeira vez,

As letras impressas poderiam nutrir o orgulho próprio dos brasileiros.

se cuidou do tema – instrução pública – através de providência que assegurou ampla liberdade

A tentativa, já em 1747, de Antonio Isidoro

de ensino, facultando a quem quer que fosse o

da Fonseca, de se apresentar como editor, na

direito de ensinar a ler e escrever, abrindo esco-

cidade do Rio de Janeiro, gerou sérias medi-

las independentemente de qualquer licença ou

das repressivas.

título de capacidade. Providência que embora

Os livros escolares confeccionados em Portu-

não se possa considerar organizadora revelava

gal e Espanha constituíram instrumento de traba-

preocupação das autoridades governamentais

lho dos jesuítas, que os utilizaram nas suas escolas

pelo problema.

mo: no Rio de Janeiro, dos editores Francisco Alves, Irmãos Garnier, Pedro da Silva Quaresma e Jacinto Ribeiro dos Santos; em São Paulo, dos irmãos Weizflog. A Lei Francisco Campos, em 1931, portadora de novos estímulos, gerou sensível ampliação da rede escolar, tanto no setor primário como no secundário. Foi, então, que a indústria editorial voltou-se para o livro escolar, ganhando amplitude. Os livros impressos no Rio de Janeiro, São

e seminários até 28 de julho de 1759, data do al-

A Constituição de 1824 institucionalizou

vará que expulsou do país a Companhia de Jesus.

a educação pública, definindo a educação pri-

Teve, então, início a fase de policiamento do

mária gratuita. Entretanto, somente a lei de 15

livro destinado a fins escolares. Condenaram-se os

É oportuno e de justiça destacar a obra do

de outubro de 1827 veio determinar que, em

editor paulista Octales Marcondes Ferreira

escolhidos pelos jesuítas, recomendando-se os que

todas as cidades, vilas e povoados, houvesse

como fundador de indústria editorial com ca-

mereciam as simpatias do Marquês de Pombal.

tantas escolas quantas necessárias ao ensino

racteres de empresa, com atuação planificada

das primeiras letras.

e estruturação econômica.

Num e noutro caso, manteve-se rigorosamente a proibição – livro algum, qualquer fosse sua cor, poderia ser impresso no Brasil.

res europeus.

Aparece, então, o Livro Escolar Impresso no

O Colégio das Artes de Coimbra era o edi-

Paulo e Porto Alegre eliminaram os simila-

País. Aquela lei tornara obrigatória a leitura

da Constituição e da História Pátria.

tor preferido.

Em agosto de 1943 é fundada a Editora do

Brasil por um grupo de educadores pau-

listas à frente dos quais se colocaram Carlos

O Ato Adicional sistematizou a política

Pasquale, Manoel Netto, Victor Mussumeci

A saída dos jesuítas agravou sobremodo a

educacional, atribuindo às Províncias a com-

situação do ensino. Uma ou outra medida, ao

petência de legislar sobre ensino primário e re-

Logo nos primeiros passos, tiveram os fun-

tempo de D. João, visou de modo especial o en-

servando ao poder central a prerrogativa de

dadores sua atenção voltada para o problema,

sino superior, sediado na Bahia e Rio de Janeiro.

orientar o ensino superior.

julgado fundamental, da produção do livro

e quem lhes fala.

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através de oficina própria, como condição de sobrevivência.

A sede no Rio de Janeiro de órgãos federais

Aí, a maquinaria, em grande parte oriunda

responsáveis pela administração do ensino di-

de importação recente, trabalhava em condi-

Em janeiro de 1944 adquiriram à firma

ficultava extremamente a relação dos mesmos

ções precárias, em imóveis inadequados, com

T. F. de Campos um pequeno núcleo de má-

com os professores dispersos na imensa exten-

extrema limitação de espaço.

quinas, organizadas em indústria gráfica.

são territorial do país.

Em julho de 1969, armados de muita co-

Este núcleo, constantemente ampliado,

Dadas estas dificuldades, vigindo, na época,

ragem, seus diretores partiram para a cons-

através de longos anos de trabalho, com a con-

total centralização administrativa, agravada,

trução deste imóvel, executando uma área em

quista desta sede, gerou um moderno parque

inclusive, pela permanente irregularidade de

concreto armado de 16.000 m2 atendendo a

gráfico, especializado na produção do livro.

circulação do Diário Oficial da União, criou a

planejamento constante de organograma de

Editora

instalações, capaz de assegurar perfeita regu-

O setor industrial criado para servir a Edi-

do

Brasil um Departamento Escolar

tora manteve sempre uma constante, digna de

que se constituiu, durante longos anos, até a

registro – seu produto, levado diretamente à

instalação das Inspetorias Seccionais, hoje em

Assim, desde o papel, matéria-prima nobre

comercialização, nunca foi onerado por qual-

perfeito funcionamento como delegacias nos

no livro, abrigado em área-depósito de 2.000

quer parcela estranha ao exclusivo custo de fa-

Estados do Ministério da Educação e Cultura,

m2, até o livro acabado, empacotado e embala-

bricação. Assim, foi possível à Editora do Bra-

em efetivo e eficiente traço de ligação dos edu-

do para expedir, sucedem-se todas as fases das

cadores com o seu Ministério.

operações com perfeito sincronismo e em fluxo

sil

sempre, desde a primeira hora, apresentar

ao mercado consumidor Livro

de mais baixo

preço de capa.

laridade operacional.

Ocorreu, após quatro anos de funciona-

absolutamente regular, sob controle de sistema

mento deste Departamento a idéia de organi-

de televisão em circuito fechado, articulados os

Um segundo objetivo, por igual, desde logo,

zar uma revista Documentário, que levasse aos

comandos por duplo sistema de intercomuni-

inscrito na agenda dos fundadores se constituiu

estabelecimentos de ensino de grau médio a

cações radiofônicas.

na ampliação da rede de autores de livros esco-

legislação federal relativa ao ensino.

lares, até então circunscrita aos centros Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. Criaram-se sucursais da Organização em

Eis em traços largos, como naturalmente

A sigla da Organização emprestada à re-

convém aos nossos convidados, o histórico do

vista deu-lhe denominação, mantida até hoje,

Livro Escolar Brasileiro, a Indústria Gráfica

decorridos 25 anos.

Nacional e a Editora do Brasil.

todos os quadrantes do território nacional, às

Durante este longo espaço de tempo, sem

Oportuno e obrigatório, obrigação de que

quais foi atribuída a missão de catequizar aque-

faltar um único número, a Revista Ebsa foi le-

nos desincumbimos de coração aberto, os agra-

les mestres dispostos a se iniciarem na tarefa de

vada gratuitamente a todos os estabelecimentos

decimentos da diretoria a todos os que cola-

elaboração de obras didáticas. O êxito foi com-

de ensino de grau médio do país.

boraram na construção desta obra, agradeci-

No gênero, é a única que sobrevive em tão

pleto. A Editora do Brasil possue hoje autores em todos os Estados e obras didáticas regionais,

largo espaço de tempo.

mentos extensivos aos que nos honraram com suas presenças e em especial à Dra. Ester

de

destinadas aos estágios de 1º Grau, adequadas

A Editora do Brasil tendo estruturado sua

aos trabalhos de professores do Norte, Nor-

rede de sucursais, atualmente, cobrindo todo o

O Complexo Imóvel-Máquinas, que esta-

deste,

território nacional, em quase todas as Capitais

mos inaugurando, de portas abertas, e em pleno

de Estados, com sedes próprias, voltou suas

funcionamento, os convida a conhecer todas as

vistas para a secção gráfica.

fases operacionais do livro.

Centro-Oeste, Sudeste e Sul.

Outro problema, este relacionado com o Governo Federal, se tornou merecedor

Figueiredo Ferraz, que preside esta solenidade.

de atenção.

Carlos Costa

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A então secretária da Educação do estado de São Paulo falando na inauguração da gráfica da Editora do Brasil, em 1972.

A e po p e ia d a s o b r a s d e G u a r ul hos Eloah Wanda da Silva Cardoso, ex-assistente da diretoria da Editora do Brasil, relatou o andamento das obras da gráfica própria construída em Guarulhos, na Grande São Paulo. O terreno onde foi construído o prédio da gráfica precisou ser aterrado, pois o local era alagado. Muitos caminhões de terra foram utilizados. Entre a Via Dutra e o limite do terreno havia um posto da Polícia Rodoviária Federal, que foi desativado, atendendo a uma solicitação feita ao órgão competente. A obra demorou alguns anos para ser concluída. Foram admitidos funcionários para a construção e criada uma seção de marcenaria. Houve acompanhamento da construção pelo dr. Oscar, irmão do dr. Carlos Costa. Oscar era engenheiro. Todo o material adquirido era controlado e autorizado pela diretoria. A conferência de todas as compras foi feita pelo funcionário Dorival. Todo o controle das entradas e saídas do material era feito no escritório, através de lançamentos em fichas e diariamente conferidas pelo dr. Carlos ou sr. Manoel Netto. Como as vendas da empresa ocorrem basicamente em três meses, para cobrir as despesas mensais com a obra, foi necessário recorrer a financiamentos. O Banespa financiou grande parte do investimento, concedido mediante garantias lastreadas em imóveis pertencentes às famílias de Carlos Costa e Manoel Netto. Após árduo trabalho, muito desgaste físico e mental da direção, chegou-se ao final das obras, realizando-se o sonho de concluir o parque gráfico da Editora do Brasil.

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[ . . . ] p a r a c o b r i r as despesas mensais c o m a o b r a , f oi

Nessa etapa, foram transferidos funcionários e maquinário da Rua Martins Burchard, no bairro do Brás, em São Paulo, para Guarulhos, bem como a seção de fotolitos que funcionava na Rua Conselheiro Nébias. Os funcionários Antoninho e Benigno, que trabalhavam nesse setor, também foram deslocados para Guarulhos. Houve, ainda, a aquisição de novas e avançadas máquinas gráficas.

n e c e s s á r i o r e c o r r er a f i n a n c i a m e n to s.

Enfim, em outubro de 1971, iniciou-se o funcionamento da gráfica em Guarulhos. Começou, então, a fase de inauguração oficial com muitos preparativos, expedição de convites, contato com empresas responsáveis pela decoração e serviços de iguarias, bebidas etc. Tudo concluído, em 5 de janeiro de 1972, foi dada a bênção e entronizado o crucifixo de Jesus Cristo pelo padre Joaquim, irmão do Sr. Manoel Netto, com a presença de personalidades da educação, professores, autores, funcionários e familiares dos diretores, como Dona Maria Apparecida (esposa de Carlos Costa) e os filhos Fernando e Aurea Regina, entre outros. Estava inaugurado o parque gráfico da Editora do Brasil S/A. Como se infere do depoimento de Eloah Cardoso, as demoradas obras do complexo

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gráfico de Guarulhos foram acompanhadas de perto por funcionários baseados na sede

Dr. Carlos Costa durante apresentação do maquinário que compunha a gráfica de Guarulhos, em 1972. Tecnologia de ponta na impressão de livros.

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da EBSA, na região central da capital paulista, e sua inauguração causou grande impacto no cotidiano da empresa. A primazia da gráfica em um model o de sust entação di fí ci l Médico, professor com experiência em diversas escolas de renome, gestor de editora e escritor bissexto, Carlos Costa transformou-se em uma espécie de diretor industrial, tal Na página anterior, reportagem

a dedicação aplicada na gestão do parque gráfico de Guarulhos. Inaugurado em 1972,

do jornal Correio do Povo, de

com relevante apoio financeiro do Banespa, então o principal banco do sistema financeiro

29 de janeiro de 1972, sobre

próprio mantido pelo governo do Estado de São Paulo, o parque gráfico consumia muita

a inauguração da gráfica

energia e recursos. A obra custou Cr$ 9 milhões e fez com que Carlos Costa conclamas-

da Editora do Brasil S.A, em Guarulhos (SP). Abaixo, imagem

se seus colegas da diretoria a encetar esforços para vender pelo menos 30% mais livros a partir daquele exercício fiscal. Não há registro de que essa meta tenha sido atingida.

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da gráfica vista da rua.

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Memória Editora do Brasil/ABD

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Carlos Costa amanhecia todo dia em Guarulhos, rigorosamente às 7 horas, depois de longo deslocamento que fazia do extremo oeste da cidade de São Paulo (sua casa ficava nos arredores do cemitério da Lapa e do então Ceasa, hoje Ceagesp) até o início da Via

Em diferentes ângulos, as imagens mostram o completo sistema de operação da gráfica da EBSA.

Dutra, já fora do município de São Paulo, no extremo leste da região metropolitana. Só depois de horas de expediente na gráfica ia para a sede da EBSA, no bairro de Campos Elíseos. Em certos dias, ele retornava a Guarulhos durante a tarde para novo expediente de “diretor de produção”, antes de retornar à residência. Carlos Costa costumava repetir para seus colaboradores que máquinas gráficas não podiam permanecer paradas, pois isso, a seu ver, era fator de geração de custos (ele pensava principalmente no peso da folha de pagamentos, com centenas de funcionários). Por causa disso, imprimia e montava livros um pouco sem critério econômico, o que levava à acumulação de altos estoques de produtos acabados. É verdade que se alcançava, por essa via, um maior número de consumidores a preços atraentes (durante anos, os livros da EBSA chegaram a custar cerca de 30% do valor médio cobrado por editoras relevantes). Em momentos de pico de produção por pressão do calendário escolar, Carlos Costa chegou a criar um regime especial de trabalho pelo qual os operários e supervisores industriais que aceitassem trabalhar dezesseis sábados eram contemplados com gratificação equivalente a quatro salários mensais a mais. Sempre deu certo – quem falhasse um único dia perdia direito ao bônus completo.

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Havia, em 1979, e st o q u e d e 5 , 5 m i l h õ es d e e x e m p l a r es de livros e mais de 5 0 0 fu n c i o n á r i o s.

Nesse pique acelerado, três anos após a inauguração, a diretoria já votava investimentos da ordem de Cr$ 3 milhões para a aquisição de uma rotativa e três máquinas automáticas de costura de livros. Em seguida, a empresa adquiriu uma componedora IBM. Ainda assim, ocorriam alguns estrangulamentos na produção, o que levou a direção a contratar serviços gráficos de outras empresas para poder dar conta da programação de produção. Na década de 1970, a gráfica assumiu a condição de foco do processo decisório da diretoria, como atestam as atas redigidas na ocasião. A cada reunião, como se fosse um executivo industrial, o presidente Carlos Costa prestava contas dos avanços e recuos da gráfica. Foi um período de muita agitação, muitas conquistas, mas também de muita inquietação. A gráfica aproximava a Editora do Brasil do cumprimento de uma de suas grandes metas: produzir livros de qualidade e vendê-los a preços acessíveis. Mas essa política pagava um preço elevado pela necessidade imperiosa de atualização dos equipamentos industriais, de capital de giro para aquisição de papel e de insumos – além do elevado capital de giro necessário para manter altos estoques de produtos acabados em determinados momentos. Por causa desse quadro, a EBSA chegou ao final da década de 1970 vivendo sua primeira crise financeira, arcando com grande endividamento com bancos e fornecedores. Havia, em 1979, estoque de 5,5 milhões de exemplares de livros e mais de 500 funcionários.

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Rubens Chaves

Viveu-se, então, uma tentativa algo ansiosa de transferir a empresa a algum concorrente ou algum investidor. Havia interessados, sim, mas apenas para o parque gráfico – logo, a menina dos olhos do presidente Carlos Costa – e não para o conjunto da editora.

Interior do centro de distribuição e logística da Editora do Brasil, ao lado do antigo parque gráfico.

O patrimônio imobiliário substancial emperrava as negociações, pois onerava a eventual aquisição. Todos os imóveis eram próprios, situação que levou a EBSA a manter, por muitos anos, uma empresa imobiliária para gerenciar o amplo patrimônio físico existente. Essa situação acabou tendo solução orgânica, pois o mercado reagiu, tornando o início da década de 1980 mais confortável. Também contribuiu para esse alívio o primeiro programa estruturado de contenção de despesas, em que um dos destaques era a criação de um processo de custos de apuração de cada obra, cuidado que nunca fora tomado. Mesmo assim, algumas disfunções permaneceram. O parque gráfico, além de imprimir, estocar e distribuir livros, também era a oficina de manutenção das mais de duas centenas de veículos próprios. Sintomaticamente, em 1984, a EBSA cuidou de contratar seu primeiro gerente industrial, em aparente sinal de que Carlos Costa tentava realocar suas energias.

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Rubens Chaves

Fachada do Centro de Distribuição

Foi na fase iniciada em 1996, após a morte de Carlos Costa, que a diretoria tomou a

da Editora do Brasil em Guarulhos.

sofrida, mas necessária, decisão de vender a gráfica. O prédio, as máquinas e as instala-

O CD de Guarulhos é atualmente a principal via de escoamento de livros

ções foram cedidos como parte do pagamento de dívidas. A EBSA ficou com um segundo

e suporte logístico da empresa para

edifício, ao lado do parque gráfico, que até hoje funciona como almoxarifado de produtos

todo o Brasil.

acabados e centro de distribuição e logística. Ao tempo da venda da gráfica, restava um estoque imenso de livros, com expressivo volume deles produzidos havia pelo menos dez anos. Em 1993, Carlos Costa sofreu o acidente que desencadeou o fim de sua vida. Ao sair para o trabalho, próximo à residência da família, na rotatória da Praça Apecatu (zona oeste de São Paulo), ele se envolveu em uma colisão de veículos. Os ferimentos que sofreu, já com 84 anos de idade, causaram complicações que o levaram à morte dois anos depois. Nesse período, Carlos deixou de ir à gráfica e apenas comparecia à sede, na Rua Conselheiro Nébias, para pequenos expedientes administrativos. Pouco antes do acidente, morreu seu sócio mais próximo e provável substituto, Manoel Netto, vitimado por câncer.

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a al iança Com a ConCorrente Ftd O livro que celebra os primeiros 100 anos da Editora FTD contém o registro de uma curiosa aliança de sete anos que envolveu a Editora do Brasil e a FTD, empresa pertencente à Província Marista de São Paulo. As duas empresas eram concorrentes diretas, especialmente no segmento de Matemática. Este foi o registro apresentado no livro:

a s s o Cia çã o Com outra editora

A produção editorial e gráfica das obras

autoria das obras que compõem a co-

O convívio entre a EBSA e a Coleção

passou para a Editora do Brasil

leção de livros didáticos FTD, dos Ir-

FTD, como tentativa de solução da pro-

mãos Maristas”.

blemática vivida pela FTD, não foi além

Entre as razões para a indicação de

Por esse contrato, a produção edi-

[de] sete anos, de 1956 a 1963. Registrou-se

torial e gráfica de todas as obras, anti-

alguma renovação. Não houve, entretan-

gas e novas, passaria às mãos da EBSA.

to, o crescimento planejado e esperado

atrás – a ideia de que o trabalho nas esco-

Esta se encarregaria também, no lugar da

por ambas. Não foi atingido o objetivo

las deveria ter prioridade absoluta sobre

Francisco Alves & Cia., da propaganda,

anunciado na época do contrato com

qualquer atividade empresarial solicitada

da distribuição e das vendas.

a EBSA: “Animou-nos o desejo sin-

vários Irmãos Maristas para administrar e renovar a coleção FTD, com certeza pesou mais uma vez – na visão de meio século

Em documentos da época, os Maristas

cero de responder às novas injun-

Eles sabiam da premência de enca-

deixaram registrado o reconhecimento a

ções das circunstâncias atuais que

rar empresarialmente a produção e co-

Francisco Alves pela colaboração pres-

nos impunham o dever de estudar os

mercialização de suas obras, mas não

tada à FTD desde 1911. Como se pode

meios de propiciar à nossa Coleção

estavam dispostos a destinar um grande

ver por este trecho publicado pela “Voz

a possibilidade de continuar com o

contingente de Maristas para esse ofício.

Marista”: “A Livraria Francisco Alves

mesmo brilho e eficiência de outrora”.

A solução mais adequada naquele

deixou de ser a depositária e distribui-

(“Voz Marista”, 1958, número 27,

momento pareceu ser a contratação de

dora dos livros da Coleção. É de justiça

p. 209).

uma editora em plena atividade para se

deixar de público afirmado que a Livraria

Sem o êxito desejado, fez-se um distra-

encarregar dessas funções.

Alves sempre nos serviu nos princípios da

to datado de março de 1963. A Coleção

Por isso, no dia 1º de março de 1956,

mais rigorosa honestidade e que somen-

FTD teria de achar seu próprio caminho,

os administradores Maristas assinaram

te razões provindas da nova situação na

retornando às suas raízes. Os Maristas

com a Editora do Brasil S.A. (EBSA)

indústria gráfica e livreira nos levaram a

se convenceram de que a solução mais

um “contrato de cessão e transferência

abandonar a Livraria Alves, que é um pa-

plausível seria a que tinham evitado to-

de direitos relativos à propriedade e à

drão de dignidade e honradez no Brasil”.

mar uma década atrás.

aos Maristas.

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O fundador da Editora do Brasil, Dr. Carlos Costa (quarto à direita), na loja da sede da editora em São Paulo (SP).

O jeito de ser e de administrar de Carlos Costa De poucas palavras e de hábitos simples, como já se disse, Carlos Costa era um gestor carismático a seu modo. Severo e autoconfiante, determinado e autoritário, confiava nas pessoas. Sem permitir irreverências, estava sempre próximo de seus colaboradores. Especialmente na gráfica, ele habitualmente almoçava em companhia de operários e supervisores, e comia a refeição servida a todos. Atributos como esses fizeram com que, ao longo dos anos, se ampliasse e se consolidasse sua condição de líder entre os 36 sócios que foram ao 11º Tabelionato fundar a empresa em 1943. Ele adorava os processos gráficos e desempenhava bem o papel de supervisor da área comercial, estimulando as equipes de divulgação e de vendas. Em diversas fases, ocupou boa parte de seu tempo percorrendo a maioria das filiais e sucursais da empresa pelo país para conhecer, no lugar, o desempenho de cada uma delas, estimular a ação dos vendedores e cobrar resultados. Gastava um bom tempo preparando, todo ano, e em diversas partes do Brasil, os tradicionais encontros de gerentes.

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Mas resistia a inovações em alguns campos, especialmente as que envolviam a gestão administrativa e financeira. Como costuma afirmar um dos mais antigos colaboradores – que conviveu estreitamente com ele –, “tudo estava na cabeça de Carlos e de algumas pessoas”. Carlos era dado a algumas liberalidades. Por ocasião do Plano Collor, quando ocorreu o confisco de todas as contas e aplicações financeiras, arcou com as primeiras folhas de pagamento usando recursos pessoais obtidos no mercado. Arquivo Pessoal/Memória Editora do Brasil/ABD

Quando Carlos faleceu, em 1996, a empresa ainda se valia de práticas pouco produtivas. O fluxo de caixa, por exemplo, era feito à mão. A frota de automóveis, caminhões e demais veículos estava toda segurada, mas em apólices individuais – o que gerava processos administrativos insanos. A própria estrutura de produção editorial tinha incongruências, como a existência de uma estrutura paralela de produção em Belo Horizonte. Na área editorial, por muitos anos perdurou, entre outras, uma lacuna séria: não havia setor de revisão estruturado. Católico praticante, Carlos Costa casou-se na basílica da então Aparecida do Norte (hoje simplesmente Aparecida), no Vale do Paraíba, São Paulo. Gestor à antiga, apreciava manter funcionários por longo tempo e gostava de acolher casos especiais, como o de uma secretária que se acidentou e cujo estado exigia longo e custoso tratamento. Como prova de gratidão, essa moça, depois de curada, adquiriu ações da EBSA e depois acabou vendendo-as ao próprio Carlos. Dr. Carlos Costa ao lado da esposa Maria Apparecida Cavalcante Costa (à direita) e a filha, Aurea Regina Cavalcante Costa.

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Arquivo Pessoal/MemĂłria Editora do Brasil/ABD

Carlos Costa e Maria Apparecida Cavalcante Costa no dia do casamento.

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dr. Carlos posa com os gerentes comerciais durante a inauguração da sucursal de Brasília, em 1978.

Levado a decidir o destino de funcionários dependentes de álcool, ele adotava a abordagem até hoje considerada a mais humanizada, a de encarar o alcoolismo como doença e não como vício, por vezes contrariando alguns de seus colaboradores mais próximos, que tendiam a optar por sanções disciplinares. Apesar de ter sido um típico workaholic, em casa raramente tratava da empresa e dos negócios. Era leitor ávido de livros e de jornais, concentrando-se no noticiário político.

a inCrível linotipo O centro de logística da EBSA, localizado em Guarulhos ao lado do antigo parque gráfico, guarda, por razões afetivas, uma relíquia dos tempos heroicos em que ali se imprimiam 50 mil livros por dia ou 1 milhão de livros por mês. Trata-se de uma aparatosa linotipo, máquina que mais parece saída de um filme de ficção científica, candidata a peça central de um memorial que pode ser criado algum dia. A linotipo, inventada pelo alemão Ottmar

¹ O historiador explica o funcionamento da linotipo em

Mergenthaler na década de 1880, era essencial aos processos gráficos – tanto em editoras

seu livro A democracia impressa: transição do campo

de livros como em jornais de grande porte – até o início dos anos 1970.

jornalístico e do político e a cassação do PCB nas páginas da grande imprensa – 1945-1948 (Editora Unesp; Scielo

Como explica o historiador Heber Ricardo da Silva¹:

Books, 2009). A citação foi extraída da edição digital.

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[A linotipo é uma máquina] composta de um teclado, como o da máquina de escrever, que funde em bloco cada linha de caracteres tipográficos. As matrizes que compõem a linha-bloco descem do magazine onde ficam armazenadas e, por ação do distribuidor, a ele voltam, depois de usadas, para aguardar nova utilização. As três partes distintas — composição, fundição e teclado — ficam unidas em uma mesma máquina. A capacidade de produção é de 6000 a 8000 toques por hora. Suas matrizes (superfícies impressoras) são em baixo-relevo, justapostas em um componedor (utensílio no qual o tipógrafo vai juntando à mão, um a um, os caracteres que irão formar as linhas de composição). O próprio operador despacha para a fundição, que se mantém a 270 graus Celsius.

No livreto comemorativo de seus primeiros 30 anos de vida, a EBSA exaltava a linotipo, que, ironicamente, viria a ser substituída por técnicas mais avançadas pouco tempo depois. O texto do livreto exultava: “As mãos hábeis do linotipista podem compor uma página de 40 linhas em apenas 12 minutos. Um livro de 100 páginas leva em média 1200 minutos para ser composto, isto é, 20 horas”. Como em Guarulhos havia quatro dessas máquinas, bastariam cinco horas para o livro do exemplo mencionado estar inteiramente composto.

A máquina linotipo adquirida pelo Dr. Carlos Costa hoje se encontra aposentada no centro de distribuição da Editora do Brasil, em Guarulhos, SP.

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a antiga fachada da editora do Brasil,

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cerca de 1970.

outra relíquia preservada até hoje é uma antiga máquina de escrever, que se encontra ao lado da sala dr. Carlos Costa, na sede da editora do Brasil, em são paulo, sp.

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C a rl o s C o s t a f r e q u e n ta v a a b a r b e a r i a q u as e d i a ri a m e n t e e s e a f e i ç o ou ao s fi l h o s d e M a n c u s i, Sylvio José e Maria Helena.

Como pai postiço Carlos Costa, assim como diversos intelectuais, professores e políticos radicados em São Paulo, frequentava uma barbearia muito concorrida na época, o Salão Geraldo – na Alameda Barão de Limeira, entre as alamedas Glete e Nothmann –, pertencente ao italiano Domenico Mancusi. O barbeiro era um tipo especial, pois, se não estivesse manejando os instrumentos típicos do ofício, tinha sempre à mão um clássico de literatura mundial, história ou filosofia. Era um leitor ávido e disciplinado. Por isso, Carlos Costa usava o amigo barbeiro como leitor crítico de algumas obras publicadas pela Editora do Brasil. Carlos Costa frequentava a barbearia quase diariamente e se afeiçoou aos filhos de Mancusi, Sylvio José e Maria Helena – cuja diferença de idade é dez anos –, que, forma-

Folhapress

dos por faculdades de primeira linha, tornaram-se médicos bem-sucedidos.

A rua onde ficava a barbearia frequentada pelo Dr. Carlos, a Alameda Barão de Limeira, na década de 1950. Até hoje, a região, que fica a uma quadra da sede da editora, é repleta de comércios e grande movimento de pessoas.

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A família do barbeiro morava ao lado do salão e as crianças, fora dos horários escolares, sempre estavam por lá.

Dr. Carlos Costa, Sr. Manoel Netto e outros membros

Com ambas as crianças, Carlos Costa desenvolveu uma relação estimulante, como a de um pai postiço. Todo mês levava obras publicadas pela EBSA e as presenteava. Essa manifestação afetuosa começou com Sylvio, o mais velho, e foi aprimorada com Maria He-

da direção posam com os supervisores comerciais na sede da EBSA, São Paulo, em 1988.

lena, quando ela ainda cursava o primeiro ano do primário (hoje, Ensino Fundamental I). No auge dessa relação de amizade, que durou vários anos, Maria Helena ganhava, no início do ano, todos os livros didáticos de que necessitava e mais um livro de literatura (clássicos, romances, poemas, contos etc.) por mês. Mas havia uma contrapartida: todo mês, Carlos Costa analisava o boletim escolar da menina e ouvia dela a resenha da leitura que fizera das obras de literatura. Hoje Sylvio, com 85 anos, e Maria Helena, com 75 anos, demonstram manter lembrança muito terna e agradecida desses tempos ao falar dessas duas pessoas tão essenciais em sua formação. Na memória deles, Carlos Costa era uma figura severa e amorosa, que impunha respeito, mas não infundia medo. E lembram da frase preferida do pai, Domenico, a respeito do valor da leitura: “O que te põem na cabeça ninguém rouba”.

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A diretoria da EBSA visita a Catedral de Brasília durante a inauguração da nova sucursal na capital federal, em 1978. Na fotografia é possível reconhecer, entre outros, o Dr. Carlos, a esposa Maria Apparecida, o filho Fernando (à frente, de braços cruzados) e a filha Aurea Regina (à frente, de vestido xadrez). Visitas às filiais e acompanhamento presencial das obras e desenvolvimento dos trabalhos eram uma das características mais marcantes do Dr. Carlos Costa.

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PARTE 3 P R O F ISSI O N ALI Z AÇ Ã O C O M O SA Í D A P A R A A C R IS E

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Maria Apparecida Cavalcante Costa e a filha, Aurea Regina Cavalcante Costa.

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ruBens ChAves

suCessão atriBulada e transição diFíCil

A

s editoras brasileiras, de forma geral, tiveram origens semelhantes. Muitas delas procederam de iniciativas impetuosas de ex-executivos de editoras de porte ou mesmo de profissionais com militância no segmento. A maioria delas nasceu apoiada em considerável know-how acumulado pelos empreendedores na tare-

fa de selecionar, editar, produzir e distribuir livros. Mesmo assim, na maioria dos casos, eram iniciativas amadoras do ponto de vista de gestão, manejo financeiro e marketing. Em outras palavras, eram empresas marcadas pela simplicidade, cujo traço central era o arrojo de visionários. A Editora do Brasil, ainda que criada por um conjunto de pessoas oriundas da elite intelectual do estado de São Paulo, carregava algumas dessas características e defi-

placa que identifica a sede da editora do Brasil, na rua Conselheiro nébias, 887, em são paulo.

ciências. Houve, por exemplo, uma tentativa de praticar boa governança corporativa (50 anos antes de essa expressão ser cunhada), quando os gestores decidiram, ainda na década de 1940, que filhos dos sócios e gestores não poderiam se tornar funcionários

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A direção da editora no final da década de 1980 e meados da década de 1990 era composta pelos seguintes membros: Dr. Carlos (no centro, de preto), Sr. Manoel Netto (à direita), Srª. Jaci de Magalhães Souza e Sr. Sagi Machado Cury, à esquerda, respectivamente.

da empresa. Mas, a essa corajosa decisão de adotar uma prática muito recomendada em tempos atuais não correspondeu a necessária elaboração de um plano de sucessão dos gestores – como manda o figurino. Houve uma primeira exceção quando, em plena doença de Carlos Costa, um filho de Manoel Netto assumiu algumas funções executivas. Entretanto, isso ocorreu quase em segredo, sem que Carlos soubesse. O fato é que a doença e o falecimento de Carlos Costa pegaram a empresa desguarnecida. Ele sempre contara com uma espécie de backup, seu parceiro de sempre, Manoel Netto, porém este havia falecido um pouco antes. Na falta de ambos, Carlos e Manoel, a empresa se viu sem dirigente máximo, capaz de, ao mesmo tempo, tocar bem o dia a dia, conduzir o trabalho dos executivos, planejar o futuro, garantir bom relacionamento da editora com fornecedores e autores contratados, além de representá-la adequadamente perante a sociedade. Outra característica que marcou a empresa foi o traço patrimonialista. No início da década de 1990, a EBSA tinha frota própria de 238 veículos, uma enormidade para seu porte. E nutria visível apego ao patrimônio imobiliário. A EBSA chegou a ter uma rede de 35 filiais, todas situadas em imóveis próprios – tipo de estrutura que vai na contramão da tendência atual de equilibrar patrimônio imobiliário com locação de imóveis.

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[...] Maria Apparecida f o i l e v a d a a a s s u m ir a direção da empresa,

Para complicar ainda mais, a empresa não encontrava um modo de contornar um magnífico obstáculo operacional: a elevada sazonalidade de suas vendas (e, portanto, da entrada de dinheiro), concentradas em curto período de quatro meses a cada ano, vinculados ao calendário escolar – o que transforma a gestão financeira em equação difícil. A EBSA passou a década de 1970 de forma meio errática, com altos e baixos, e, ao

c o m a i d a d e já s e a p r o x i m a n d o d os

final dessa década, chegou a oferecer o controle acionário a concorrentes. Mas, em se-

70 anos.

bateu recordes de faturamento e assumiu condição de líder no segmento de livros didá-

guida, na década de 1980, impulsionada pelo investimento federal na educação pública, ticos e de literatura de apoio ao ensino. Os excedentes de renda obtidos nessa fase próspera poderiam ter sido aplicados em reformas estruturais, em aprimoramento dos quadros técnico e executivo e na supressão de diversos gargalos operacionais. Pouco disso ocorreu, entretanto, e a sentida ausência

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de Carlos Costa e de Manoel Netto na década de 1990 só acirrou os problemas.

Com parativo d e ve nd a s – e xe rCíCio s 7 7 /7 8 e 7 8 /7 9

a tabela, feita para a equipe comercial da época, ilustra bem como a editora já baseava seu faturamento avaliando o público escolar e direcionando ações para vendas particulares e para o governo.

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A presença da família de Carlos Costa Na época da morte de Carlos Costa, sua família já havia consolidado a condição de acionista majoritária em convivência com os descendentes de Manoel Netto, que sempre constituíram um bloco minoritário relevante e amigo, e mais 25 acionistas minoritários. Ao longo de sua trajetória, Carlos Costa foi paulatinamente adquirindo a participação de diversos sócios. Após sua morte, o bloco de acionistas dominantes passou a ser constituído pela viúva, Maria Apparecida Cavalcante Costa, e os dois filhos herdeiros do casal. Diante de uma situação de impasse administrativo, Maria Apparecida foi levada a assumir a direção da empresa, com a idade já se aproximando dos 70 anos. Para poder votar na assembleia que a nomeou, ela precisou pegar emprestada uma cautela de ação de uma executiva acionista. Maria Apparecida levou consigo o filho, Carlos Fernando Costa, e mais alguns familiares. Por um tempo, ela conviveu com os executivos da época de Carlos, mas logo ocorreram substituições. No bojo dessa rodada de mudanças, Maria Apparecida tornou-se presidente de um conselho de administração rapidamente O prédio que abriga a sede da Editora do Brasil em São Paulo: imóvel próprio, desde a criação da empresa em 1943.

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O s p r o c e s s o s de profissionalização e as necessárias mudanças e s t r u t u r a i s , q u e tr a r i a m as soluções que a e m p r e s a d e m a n d a v a, ainda demorariam alguns anos para surgir e p r e v a l e c er.

instituído, sem muitos cuidados formais. A então diretora financeira, Jaci de Magalhães Souza, que vinha de longa carreira administrativa na empresa, assumiu a presidência executiva da EBSA, cargo que ocupou de abril a novembro de 1996, quando faleceu. O filho, Fernando, então aos 29 anos, começou atuando como divulgador de livros e coleções nas escolas. Entretanto, logo deixou a linha de frente, assumiu a condição de vice-presidente de um conselho de administração criado havia pouco e, em seguida, a vice-presidência da diretoria executiva. Na ocasião, a estrutura acionária da EBSA corria risco de sério desequilíbrio, o que só seria resolvido com substancial aporte de capital da família dominante. Maria Apparecida negociou investimentos e aplicações, além de vender pedras preciosas de sua família de origem, e adquiriu, de uma só vez, 18% das ações em circulação no mercado, o que estancou ao menos essa trincheira de inquietação. A filha, Aurea Regina, na época com 24 anos, ingressou posteriormente na empresa, primeiro no conselho e, anos depois, na posição de diretora superintendente. O último grande passo no campo acionário ocorreu em 2017 e envolveu a aquisição, tanto por Aurea Regina como pela tesouraria da empresa, da participação do irmão, Carlos Fernando. Aurea Regina fechou o ano como grande acionista majoritária sendo que ainda constituem o quadro de acionistas relevantes os cinco filhos de Manoel Netto. Maria Apparecida e outros dois acionistas, entre eles o espólio de outro fundador, Vitor Musumeci, completam os 100% do capital registrado. Maria Apparecida se tornara dona de casa depois de cursar Farmácia na Universidade de São Paulo e de ter trabalhado alguns anos em posição de chefia na farmácia da Santa Casa de Misericórdia, hospital beneficente localizado na região central da cidade de São Paulo. Na editora, houve diversas tentativas de profissionalizar a gestão, o que incluiu a contratação de um CEO do mercado, ao qual coube, já na década de 2000, avaliar a situação da gráfica e vender as máquinas e o imóvel de Guarulhos. Esse CEO também abrandou o peso dos imóveis no patrimônio, tendo providenciado a venda de pelo menos oito deles. Além disso, ao fechar a gráfica, ensejou frutuosa parceria com a gráfica pertencente à Editora FTD, dos Irmãos Maristas, a mesma que havia sido parceira por poucos anos, meio século antes. O acordo viabilizou a impressão de cerca de 90% da produção da Editora do Brasil – parceria que ocorre até os tempos atuais. Mas a experiência com o CEO contratado não deu o resultado que se esperava. À sua sombra floresceram vícios antigos, a exemplo da formação de feudos com subordinações que atropelavam a hierarquia funcional. Nesse período, Maria Apparecida Costa chegou a injetar pelo menos 10 milhões de reais, tirados de seu patrimônio pessoal, para cobrir compromissos da empresa.

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Os processos de profissionalização e as necessárias mudanças estruturais, que trariam as soluções que a empresa demandava, ainda demorariam alguns anos para surgir e prevalecer – dependiam da entrada e da atuação firme de uma nova geração de administradores.

Uma das principais ações da nova gestão foi a modernização e readequação dos espaços de trabalho, como o departamento editorial, na matriz da empresa.

O começo da virada Em 2012, a herdeira e futura acionista majoritária Aurea Regina Costa entrou na gestão com mão firme e disposição de virar o jogo. Começou compondo uma nova diretoria executiva, em que se destacavam nomes com passagens consagradas por editoras concorrentes, conhecidas pela competência. Vale lembrar que, até então, a EBSA não contava com um organograma de fato. A própria acionista Aurea Regina deu exemplo de envolvimento com a ideia de mudança. Tomou aulas de governança corporativa com o secretário de governança contratado para o processo; contratou a assessoria de um coaching financeiro, que transferiu a ela conhecimentos relevantes sobre finanças e demonstrações de resultados – áreas de domínio essenciais a quem iria assumir a gestão da empresa –; e, para se fortalecer em questões comportamentais, envolveu-se também em um cuidadoso processo de coaching pessoal. Visando melhorar o processo de comunicação entre os executivos e aumentar o dinamismo da gestão possibilitando um processo decisório mais equilibrado e adequado à necessidade de dar um salto no desempenho da EBSA, foram criados quatro comitês de deliberação e apoio à diretoria.

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Vi s a n d o m e l h o r a r o p r o c es s o d e c o m u n i c a ç ão entre os executivos e

Os comitês, cuja operação desde sua criação foi monitorada pelo secretário de governança, abarcaram as temáticas: Finanças e Operações; Pessoas; Estratégia e Investimentos; Auditoria. O Comitê de Finanças e Operações era o que contemplava o maior número de questões – inclusive operacionais – e, portanto, se reunia mensalmente. Os demais tinham duas reuniões

au m e n t a r o d i n a m i s m o d a g e s tã o [. . . ] , fo r a m

ordinárias por ano. Os comitês eram compostos obrigatoriamente pelos acionistas com função

c ri a d o s q u a tr o c o m i t ês de deliberação e apoio à d i r e to r i a.

A estrutura segue um regimento interno meticuloso feito com base em experiências

executiva – no caso os irmãos Carlos Fernando e Aurea Regina – e, conforme o comitê, havia participação de membros da diretoria e alguns gerentes para assuntos específicos. avançadas de governança. Fica notória nesse documento a intenção de utilizar os comitês para garantir a efetiva troca de informações entre as áreas, estimular a disposição para a transparência na atitude dos executivos e gerentes, quebrar os feudos que até então prevaleciam e, no geral, melhorar a qualidade da gestão. Pautas previamente divulgadas e atas meticulosas se incorporaram à cultura da gestão. Com o êxito do funcionamento dos comitês, a diretora superintendente e acionista majoritária Aurea Regina acreditou ser o momento de mais um importante passo para a evolução da governança na EBSA e propôs a instalação do Comitê Consultivo EBSA – internamente conhecido como CCE –, que assumiu papel similar ao de um conselho de administração. Coincidentemente, na mesma época foi instalado o Conselho Fiscal na empresa. Trata-se, assim, de mais um ato a ser comemorado e sinalizador de novos tempos no funcionamento da cúpula da empresa. Acabou a era dos conselhos somente pro forma. A empresa já pratica um modelo de governança adequado a seu porte e muito bem avaliado por especialistas na matéria. Aurea Regina assumiu efetivamente a missão de tomar as decisões relevantes para o negócio e, para isso, conta com o apoio na presidência do CCE de dois conselheiros externos com sólida experiência em companhias médias e grandes, nacionais e multinacionais, ambos selecionados por meio de rigoroso processo e com certificação pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). A EBSA passou a contar com o CCE, instância máxima em sua estrutura organizacional, composto de três conselheiros que, em reuniões mensais, seguem pautas rigorosas, deliberam sobre as questões relevantes e as aprovam ou não para, em seguida, passá-las ao corpo executivo. Esse trio pode contar permanentemente com um conselho fiscal de três membros, igualmente certificados pelo IBGC, incumbidos de crivar as demonstrações financeiras e a contabilidade. Esse sexteto recebe a monitoria e o apoio de um secretário de governança que detém o mesmo padrão de qualificação dos conselheiros. Atenta às boas práticas de governança corporativa, o Conselho Fiscal – não exigido por lei no caso da EBSA – foi mantido demonstrando que os administradores aceitam que seu desempenho seja avaliado a fundo.

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Gestão mais dinâmica O elenco de medidas mostrado abaixo desvenda a dimensão das mudanças levadas a cabo desde o início desta gestão. O resultado disso tudo é uma empresa dinâmica, em franco crescimento, com diversos projetos que envolvem inovação – inclusive tecnológica –, abertura de novas frentes, crescente qualificação das pessoas e endividamento zero. Em 2017, um ano difícil para todo o mercado editorial, a Editora do Brasil alcançou resultados invejáveis: somente em literatura infantojuvenil lançou 43 títulos; aumentou em três vezes o volume de vendas no e-commerce; cresceu mais de 50% no segmento do Programa Nacional do Livro e do Material Didático – PNLD do Ensino Médio (vendas diretas ao governo) e 18% no mercado privado (vendas a escolas e a livrarias). Seus livros chegaram, assim, a cerca de 6 milhões de estudantes das redes privada e pública. Além disso, a equipe comercial ampliou sua capacidade de divulgar bem e influenciar decisões nos segmentos de livros didáticos e de literatura. Dando início a um processo de internacionalização de sua presença, a editora participou, em 2017, das feiras internacionais do livro de Bolonha, na Itália, e de Guadalajara, no México.

Mudanças implantadas pela nova direção

• Celebração dos 70 anos da empresa.

2012

• I mplantação de PLR própria: desempenho e meritocracia.

• Aumento da participação nos

• Nova composição da Diretoria.

• I ntrodução da nova identidade visual

programas do governo federal.

• Início do processo de profissionalização.

em todas as filiais.

• Contratação de consultoria com foco

• Implantação da cultura orçamentária, com a contratação de executivo com

em pessoas para a descrição de cargos

experiência em gestão e finanças.

e estrutura organizacional.

• Reforma das instalações físicas da

• Instalação de quatro comitês

matriz, com melhoria significativa na

executivos para o aprimoramento da

qualidade do ambiente de trabalho.

governança corporativa.

•A mpliação da atuação comercial, com foco em obras de literatura infantil e juvenil. • Investimento para ampliação e melhoria de conteúdos do Ensino Médio. • Criação de novas instalações das

2014

2013

filiais de vendas no Rio de Janeiro e

• Investimento em capacitação e

• Projeto de branding com reposicionamento da marca, incluindo a

desenvolvimento da equipe comercial

definição de missão, visão e valores.

com foco em escolas A e B.

em São Paulo com base no modelo de autosserviço.

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Demonstrando que também está se transformando em uma empresa on-line, no final de 2017 a Editora do Brasil era seguida, nas redes sociais, por mais de 260 mil educadores. São 75 anos de presença sólida abrindo caminho para as próximas décadas.

Os produtos da Editora do Brasil são reconhecidos nacionalmente e adotados há anos por estabelecimentos de norte a sul do país.

• I nauguração de filial no Rio Grande

2015 e 2016

do Norte.

• Desenvolvimento do processo de planejamento estratégico até 2022. • Instalação do Conselho Fiscal.

dados e treinamento de toda a empresa

• Contratação de consultoria

(Protheus/ERP).

Consultivo EBSA – CCE, com Aurea

organizacional (aplicação de projeto

Regina Costa na presidência e dois

de descrição de cargos e avaliação

membros independentes.

de perfis profissionais por uma prestigiada consultoria; revisão

• Ampliação da atuação comercial em

• Reimplantação do sistema geral de

• Implantação de novo processo editorial. especializada em estrutura

• Constituição e instalação do Comitê

2017

Ensino Médio e feiras internacionais

e adequação da estrutura

de literatura.

organizacional; implantação do

• Instalação do Woodwing (sistema avançado de operações editoriais).

2018 • Ampliação das mudanças na área financeira. • Entrada de novo diretor financeiro

sistema de pontuação Hay para

com experiência em multinacionais

com o modelo Posto Avançado de

acompanhamento

relevantes.

Relacionamento (PAR) em Sergipe,

da remuneração do trabalho).

• Nova diretriz de comercialização

Alagoas e Paraíba.

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editora do brasil: 75 anos

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PARTE

4

F A Z E N D O O F U T U R O N O M E R C A D O E D I T O R IAL

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ruBens ChAves

a recepção da matriz da editora do Brasil em são paulo.

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LIVRO 75 ANOS

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Rubens Chaves

75 anos preparando o futuro

A

Editora do Brasil produz conteúdo para estudantes de Educação Infantil, Ensino Fundamental I e II e Ensino Médio. Trabalha somente com livros educacionais, também denominados “livros escolares”, que são classificados em três grandes categorias: livro didático, livro paradidático e livro de

apoio (materiais complementares, por exemplo). Essa produção circula em um mer-

cado gigantesco, que envolve a comercialização de milhões de exemplares a cada ano. No caso da EBSA, 63% do faturamento é gerado por vendas aos chamados clientes particulares, categoria que reúne as escolas privadas e as livrarias. O destino quase único do restante de seus despachos comerciais é o sistema de aquisições conduzido pelo Ministério da Educação por meio do PNLD (Programa Nacional do Livro e do Material Didático). Governos estaduais e prefeituras também têm, atualmente, participação nessas aquisições, porém em menor escala. O departamento editorial na sede da Editora do Brasil em São Paulo.

A abertura da temporada 2017/2018 do mercado brasileiro de livros didáticos encontrou a EBSA treinada e afiada para voltar a disputar a condição de jogadora de primeira linha em área na qual, nas últimas duas décadas, precisou lidar com a presença

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Luiz Berenguer

Foto da Convenção Comercial de 2017, evento que reúne toda a equipe de divulgação da matriz e das filiais

Rubens Chaves

Rubens Chaves

da EBSA.

Lançamentos de 2017 da Editora

Cliente realizando compras em loja

do Brasil em loja localizada na

da Editora do Brasil, localizada na

matriz, em São Paulo.

matriz, em São Paulo.

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de concorrentes internacionais e nacionais capitalizados e apoiados em tecnologia muito avançada, além de terem forte know-how editorial e mercadológico. Relatório recente da direção da EBSA sinaliza tal situação adversa ao afirmar as virtudes da empresa por, Lançamento dos livros

“em meio a uma crise no cenário nacional e no setor editorial brasileiro, a Editora do

O médico e o monstro

Brasil continuar em crescimento e se reposicionando com uma participação cada vez mais

e Dom Quixote, com a

efetiva na cadeia de valor da educação, reforçando sua marca e estratégia de investir em

presença da autora Telma Guimarães, na Livraria da

nejamento estratégico editorial”. Thomaz BF

Vila, em Campinas­‑ SP.

soluções completas da Educação Infantil ao Ensino Médio consolidadas a partir do pla-

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Rubens Chaves

Ao lado, o departamento administrativo na sede da Editora do Brasil em São Paulo. Abaixo, um dos objetos educacionais digitais produzidos pela editora, sendo utilizado em um dispositivo eletrônico.

Os ajustes de governança corporativa e de gestão da EBSA, como se viu, já foram feitos e estão em processo de amadurecimento. O alvo, agora, é tornar a empresa contemporânea e capaz de recobrar a condição de liderança que chegou a deter décadas atrás. O setor demanda contínuos projetos com forte conteúdo de inovação, e a empresa está encarando o desafio. Uma das frentes mais fortemente traFatCamera/iStockphoto.com

balhadas é a redução do gap tecnológico. A editora já implantou e vai seguir implantando diversos projetos, movidos por recursos eletrônicos, que incluem a edição de livros digitais (a exemplo da coleção de literatura Toda Prosa), de um portal educacional e de uma série de objetos educacionais em meio eletrônico – tudo concebido na linguagem entendida e praticada por nativos digitais. Alguns dos livros de maior sucesso nos programas de governo, cujo grande comprador é o PNLD, gerido pelo Ministério da Educação, têm sido produzidos tanto em papel como na versão digital, a exemplo da coleção Praticando Matemática e Projeto Apoema.

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Editora do Brasil/ABD

Reproduções das páginas de dois dos principais portais educacionais da Editora do Brasil. Originários de coleções didáticas de sucesso, esses portais são exemplos de tecnologia de ponta aplicada à educação básica.

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Tecnologia de ponta

A edito ra já

Um dos projetos mais ousados é a implantação do sistema Woodwing, que aporta a tec-

im pla n t ou e vai s eg uir implant ando

nologia mais avançada para a produção editorial, com evidentes ganhos em velocidade, qualidade e efetividade dos processos. Os ganhos, nesse caso, estão mais relacionados com a eficácia do sistema de produção da editora do que propriamente com os produtos.

div er s os projet os, m ov ido s

Sistema de automação para gerenciamento de ativos digitais, o Woodwing, para começar, descarta todas as planilhas e a possibilidade de registros redundantes. Seus recursos eliminam a necessidade de depender da memória das pessoas envolvidas nos processos.

por r e cursos e le tr ônicos [ ...] .

Ele se torna o repositório organizado de todo o acervo da empresa, seja na forma de textos, seja na forma de materiais iconográficos diversos. No limite, trata-se de um sistema informatizado que permite aceitação e rápida implementação de encomendas especiais – por exemplo, livros sob demanda, tão ao gosto de professores das escolas de primeiríssima linha, nas quais um professor pode montar um livro reunindo os melhores trechos, a seu ver, de determinada matéria e estágio de ensino com liberdade para envolver autores diferentes. Em outras palavras, fala-se aqui de dominar e aplicar tecnologia de ponta. Esses passos quase revolucionários sucedem a uma série de medidas básicas tomadas em anos anteriores. A área editorial, com mais de 100 colaboradores, ao lado do setor de divulgação, que reúne mais de uma centena de consultores comerciais e assessores pe-

Editora do Brasil/ABD

dagógicos, constitui a alma de uma editora de livros escolares. Para atingir os objetivos,

Página inicial do sistema ABD, o operador digital da produção editorial da EBSA.

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Rosimary Melo

foram tomadas diversas iniciativas de racionalização e especialização. Uma delas, cuja implantação já leva alguns anos, foi a segmentação da área editorial nos setores de edição e revisão – que antes trabalhavam sob critérios bastante difusos, o que dava margem ao risco de comprometer a qualidade final do produto.

Rede comercial acompanha inovações As inovações não se restringiram às áreas mencionadas anteriormente, já que elas têm a ver não só com tecnologia mas também com racionalidade empresarial. Nos anos recentes, a EBSA promoveu diversos ajustes em sua rede de comercialização. Aline BORGES

Como foi dito, no passado, a extensão nacional da rede de filiais e dos escritórios de representação era um dos orgulhos dos fundadores, muito especialmente do fundador líder, Dr. Carlos Costa. A empresa chegou a ponto de manter todas as filiais instaladas em imóveis comerciais próprios.

Fachada das filiais de Manaus e Rio de Janeiro, respectivamente. A editora continua, por meio de suas filiais, a tradição de estar presente em todo o território nacional.

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RR

AP

AM

MA

PA

CE PI

AC

PB PE AL SE

TO

RO

BA

MT DF

ADM São Paulo

RN

Departamento de marketing/Editora do Brasil/ABD

estrutura comercial 2018

GO

ADM Rio de Janeiro

MG MS

ES

Filial EBSA

SP

Consultores comerciais – Mercado Premium

RJ

PAR – Posto Avançado de Relacionamento

PR

Distribuidor

SC

Distribuidor Exclusivo Atendimento Filial/PAR/Distribuidor

RS

Essa imensa rede foi redefinida. Como mostra o mapa “Estrutura Comercial 2018”, convivem agora quatro modalidades de pontos avançados da editora ao longo do território nacional. Os estados desenhados em verde constituem gerências regionais adminis-

Mapa da estrutura comercial da Editora do Brasil no país.

tradas da sede, em São Paulo. Os desenhados em ocre são gerências regionais comandadas do escritório do Rio de Janeiro. A rede é completada pelos distribuidores exclusivos e não exclusivos. Mais recentemente, foram instituídos os chamados Postos Avançados de Relacionamento (PARs), que cuidam apenas da divulgação das obras em catálogo na rede escolar. A estrutura comercial está fadada a passar por novas alterações no futuro. Um dos fatores que determinarão mudanças é a movimentação do mercado editorial; outro é a evolução da tecnologia de transmissão de dados e documentos. Assim, o formato da rede se moldará aos avanços tecnológicos disponíveis.

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Ajustando o foco e ganhando prestígio Forte em educação infantil e de pré-adolescentes, a EBSA está ajustando o foco para segmentos mais exigentes, a exemplo dos materiais voltados para o Ensino Médio. Mesmo antes de essa estratégia estar definida, a empresa havia sido contemplada com um convite da Fundação Getulio Vargas (FGV) para a edição de livros de excelência. A FGV convoca autores acadêmicos consagrados e desenha, com a editora, os originais e a edição. A divulgação fica a cargo da Editora do Brasil. A FGV agrega valor e põe seu selo nas obras para venda direta às escolas e nas livrarias. Nos programas de governo, no entanto, só entra o selo da Editora do Brasil. A diretora e organizadora das obras, professora Marieta de Moraes Ferreira, costuma dizer que a escolha da EBSA para o projeto decorre de confiança, tradição e do fato de ser ela uma das poucas empresas com essência nacional no mercado brasileiro, entre as editoras de maior porte. No meio da temporada editorial de 2017/2018, três títulos dessa parceria estavam em catálogo: • Tempos modernos, tempos de Sociologia – volume único; • História em curso – volume único; • Entre linhas e pontos: tecendo literatura, língua e produção textual

Editora do Brasil/abd

– 1º ao 3º ano do Ensino Médio.

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Agência Volke

Outras obras dessa parceria (ainda fora de catálogo no primeiro semestre de 2018) são: • História em curso: da Antiguidade à globalização; • História em curso: o Brasil e suas relações com o mundo ocidental; • Matemática para o Ensino Médio.

Exercício de cidadania com os profissionais da Educação Uma das principais manifestações cidadãs da Editora do Brasil, o projeto Educa Brasil começou em 2016 e atingiu velocidade de cruzeiro no final de 2017. Foi elaborado com a participação direta de nove educadores pertencentes às melhores universidades e a instituições de renome do ambiente educacional. O Educa Brasil – concebido inicialmente para ser um programa de consultoria com atividades presenciais para professores da rede pública – foi primeiramente aplicado em três cidades. Entretanto, logo ficou evidente que as dificuldades de logística e os elevados custos operacionais limitariam seu alcance. Foi, então, redesenhado no formato Educação a Distância – EAD.

Evento do Educa Brasil realizado em São Paulo, 2016.

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S u p o r t a d o p o r 1 02 d i v u l g a d o r e s e d ez a p o i a d o r e s d i r e to s, o Educa Brasil leva em c o n t a a r e a l i d a d e cotidiana das e s c o l a s p ú b l i c a s.

Isso possibilitou a admissão de 2 mil professores. A primeira versão em EAD foi implantada entre dezembro de 2017 e junho de 2018. Os conteúdos tratados já estão direcionados para atender aos parâmetros da Base Nacional Comum Curricular, aprovada pelo Ministério da Educação no final de 2017. Suportado por 102 divulgadores e dez apoiadores diretos, o Educa Brasil leva em conta a realidade cotidiana das escolas públicas. O programa pretende oferecer instrumentos concretos para a superação dos principais desafios da educação pública brasileira. Para isso, aborda cinco áreas principais: 1. avaliações externas e avaliações internas; 2. educação inclusiva; 3. gestão inovadora; 4. neurociência aplicada à educação; 5. criatividade, motivação e práticas pedagógicas.

Marca como atitude de vanguarda Entre os desafios que a nova gestão da Editora do Brasil se propôs a enfrentar, estava um que envolvia a necessidade de adotar uma marca inovadora, que se mostrasse atual e permitisse múltiplas aplicações. Pesquisas qualitativas realizadas com o público-alvo dos produtos da empresa fizeram aflorar percepções inquietantes sobre a logomarca que prevaleceu durante décadas. Uma delas enxergava, na antiga logomarca, a identidade de uma tal “Editora da Bíblia”. O ponto de partida do trabalho executado por um celebrado escritório de design e branding foi a definição de missão, visão e valores. Como missão, a EBSA assume o desejo

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de ser a editora de melhor conteúdo e de mais presença na educação no mercado brasileiro. Como visão, propõe-se a disponibilizar a melhor oferta de conteúdo para alunos e educadores, aprimorando assim o aprendizado e a experiência com material didático. E, finalmente, os valores eleitos para pautar o comportamento das pessoas da empresa são: ética, envolvimento, reconhecimento por mérito, foco em resultado, evolução e inclusão. Para chegar à formatação da marca que define a identidade visual da editora – que agora prevalece –, os especialistas elaboraram o seguinte discurso da marca: Essa é a alma que nos move. A Editora do Brasil nasceu de um sonho: mudar o Brasil através da educação. E desde 1943 atuamos com essa vocação. É um sonho ousado, mas com pé no chão. Um desafio que começa dentro de casa. De brasileiro para brasileiro, provando que palavra é valor – seja para fazer negócios, desenvolver produtos, promover talentos ou inspirar a sociedade. Porque educar não é apenas formar cidadãos. É também transformar pessoas. Transformar objetivos, atitudes e até valores. Pode acreditar: é transformar um país.

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LIVRO 75 ANOS

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“ F a l a m o s d e b r a s i l e i ro p ara b r a s i l e i r o e c r i a m os u m d i s c u r s o c o l a b o r a ti vo com o nosso público, c o n st r u i n d o u m d i á l o g o .”

Em seguida, o trabalho percorreu os ambientes com os quais a editora se relaciona e

P a r ceir o s a s s o cia d o s

concluiu que os principais públicos tomadores de decisão são os educadores de escolas

A seguir, as principais entidades das quais a EBSA é sócia-fundadora ou

particulares, escolas públicas, autarquias e órgãos públicos. E os usuários finais são os alunos e professores de escolas particulares e públicas. Ao enumerar as conquistas e os atributos incorporados ao nome “Editora do Brasil”,

às quais é associada.

a equipe da Ana Couto Branding identificou o fato de o capital da empresa ser 100% • Abrelivros – Associação Brasileira de Editores de Livros Escolares www.abrelivros.org.br

brasileiro, de a editora contar com excelente reputação como lançadora de coleções e livros renomados – da Educação Infantil ao Ensino Médio – e de manter no ar relevante conteúdo multimídia colaborativo com professores. Além disso, entraram na conta, à época do desenvolvimento da marca, a experiência de 70 anos em conteúdo educacional,

• CBL – Câmara Brasileira do Livro

o pioneirismo nos programas do Ministério da Educação, a prestação de assessoria peda-

www.cbl.org.br

gógica especializada e, finalmente, o fato de ela ter sido sócia-fundadora de praticamente todas as entidades que envolvem o ambiente livreiro, como Abrelivros, CBL, FNLIJ, IPL,

• FNLIJ – Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil www.fnlij.org.br

SNEL (veja ao lado o nome por extenso das entidades mencionadas). Para concluir o discurso da marca, o relatório final sugere que a editora proceda sempre como parceira inspiradora, transparente e confiável.

• IPL – Instituto Pró-Livro www.prolivro.org.br • SNEL – Sindicato Nacional dos Editores de Livros www.snel.org.br

Falamos de brasileiro para brasileiro e criamos um discurso colaborativo com o nosso público, construindo um diálogo. Acreditamos no poder da educação e nossa voz demonstra isso. E completa: Quando falamos, criamos um laço com o nosso público. Entendemos suas necessidades e mostramos que somos uma marca com a qual ele pode contar. Transmitimos confiança ao falar com assertividade e pé no chão.

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a s o B r a s d e u m a v i d a | di dát i C os | Coleções há mais de 35 anos no mercado

Brincando com... Joanita Souza

assim eu aprendo Joanita Souza

vamos trabalhar Aninha Abreu e Eliana Almeida

tic‑tac Vilza Carla

tempo de matemática Miguel Assis Name

vencendo com a matemática Miguel Assis Name

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Crédito dAs CAPAs: editorA do BrAsil ilustrAção do livro As letrinhAs fAZem A festA

as letrinhas fazem a festa Celme Farias Medeiros

para compreender a história Renato Mocellin

Fé na vida Margarida Regina de Almeida e José Donizetti dos Santos

meus primeiros passos Celme Farias Medeiros

peC – projeto escola e Cidadania (ensino médio)

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LIVRO 75 ANOS

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a s o B r a s d e u m a v i d a | di dát i C os | novos produtos de sucesso no mercado

projeto apoema 6º ao 9º ano (todas as disciplinas) diversos autores

ilustrAção: MAurÍCio negro, dA Coleção AKpAlÔ

projeto mitanga Josiane Sanson e Meiry Mostachio

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Crédito dAs CAPAs: editorA do BrAsil

Coleção akpalô 1º ao 5º ano (todas as disciplinas) diversos autores

ilustrAção: rosinhA, dA Coleção AKpAlÔ

Coleção tempo 6º ao 9º ano (todas as disciplinas) diversos autores

Brincando com inglês Renato Mendes Curto Júnior, Josiane Sanson e Anna Carolina Guimarães 89

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A s o b r a s d e u m a v i d a | D i dát i c os | Sucesso em programas do governo

Praticando Matemática Álvaro Andrini e Maria José Vasconcelos

Tempos modernos, tempos de Sociologia Raquel Balmant Emerique e equipe

Apoema Ciências Monica Waldhelm e equipe

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Crédito dAs CAPAs: editorA do BrAsil ilustrAçÕes dA Coleção noVo Bem-me-quer

tempo de Ciências Organizadora: Editora do Brasil

Bem‑me‑quer matemática Elizabeth Ogliari e equipe

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A s o b r a s d e u m a v i d a | l i t e r at ur a | Títulos consagrados

A sementinha bailarina Iza Ramos de Azevedo Souza

Com a ponta dos dedos e os olhos do coração Leila Rentroia Iannone

Meu primeiro livro Telma Guimarães Castro Andrade

Ninguém é igual a ninguém Regina Otero e Regina Rennó

O jacarezinho egoísta Chlóris Arruda de Araújo

Pretinho, meu boneco querido Maria Cristina Furtado

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Crédito das capas: EDITORA DO BRASIL

A colcha de retalhos Conceil Corrêa da Silva e Nye Ribeiro

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ilustração: Ellen Pestili, do livro A colcha de retalhos

Amanda no País das Vitaminas Leonardo Mendes Cardoso

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A s o b r a s d e u m a v i d a | l i t e r at ur a | Livros premiados e reconhecidos

O mar de CecĂ­lia Rosinha

Quem vai e vem um jeito sempre tem Ellen Pestili

AlfabĂŠtico: almanaque do alfabeto poĂŠtico Jonas Ribeiro

Poemas Problemas Renata Bueno

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Crédito das capas: EDITORA DO BRASIL

Vento forte, de sul e norte Manuel Filho

Jubarte Luís Dill

ilustração: ionit zilberman, do livro com que roupa irei para a festa do rei?

A sala dos professores Carla Dulfano

Com que roupa irei para a festa do rei? Tino Freitas e Ionit Zilberman 95

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A s o b r a s d e u m a v i d a | l i t e r at ur a | Diversidade do catálogo de literários

Histórias africanas para contar e recontar Rogério Andrade Barbosa

Nem sim, nem não; muito pelo contrário Giselda Laporta Nicolelis

ilustração: Elma, do livro Areia na praia

A invenção de Celeste Telma Guimarães Castro Andrade

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Crédito das capas: EDITORA DO BRASIL

Abecedário de aromas César Obeid

Antes do alvorecer Caio Riter

Alto, baixo, num sussurro Romana Romanyshyn e Andriy Lesiv

Areia na praia Elma

Formas e cores da África Mércia Maria Leitão e Neide Duarte

Claro, Cleusa. Claro, Clóvis. Raquel Matsushita

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Pronta para o futuro Produzir livros que contribuíssem verdadeiramente para a formação das pessoas sempre foi o maior sonho do Dr. Carlos Costa, meu pai e principal fundador da Editora do Brasil. Não teríamos chegado a este momento tão especial de celebração e consolidação de um trabalho se não fosse o empenho dele e de seus sócios. Ao longo destas décadas, nossa empresa tem demonstrado o quanto o ímpeto empreendedor de meu pai foi fundamental para avançarmos, progredirmos e, realmente, fazermos a diferença em nosso segmento editorial. Fazer bem-feito, acertando da primeira vez – esse é um dos nossos lemas. Depois de muito esforço, acredito que agora contamos com uma Editora do Brasil mais apta a enfrentar os inúmeros obstáculos que virão. Tivemos de reunir muita coragem para abrir (e concluir) diversas frentes de trabalho, seja em qualidade editorial (modificando completamente nossa estrutura física), seja em senso de oportunidade, gestão, governança corporativa e relacionamento com o mercado. Na origem, agrupávamos muitos sócios. Hoje somos uma empresa híbrida, que equilibra respeitosamente o controle de uma família e o de alguns sócios, descendentes dos investidores da primeira geração. E temos sido capazes de incorporar modernidade e condição de destaque no mercado brasileiro, mesmo com todas as adversidades enfrentadas ao longo do tempo. Foco e perseverança são algumas das características que melhor nos definem atualmente. Por isso, podemos dizer que, aos 75 anos, a Editora do Brasil está novamente pronta para o futuro.

Aurea Regina Presidente da Editora do Brasil

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EDITORA DO BRASIL S/A ESTRUTURA DE COMANDO E CONTROLE

Comitê Consultivo EBSA (CCE), criado em 2016 Aurea Regina Cavalcante Costa – coordenadora Francisco Sciarotta Neto – membro independente Ricardo Reisen de Pinho – membro independente Otávio Villares de Freitas – secretário de governança Conselho Fiscal, renovado em 2017 Eduardo Georges Chehab André de Araújo Souza Demétrio de Souza DIRETORIA EXECUTIVA

Aurea Regina Cavalcante Costa – diretora presidente Vicente Tortamano Avanso – diretor-geral Mario Allan Mafra – diretor administrativo-financeiro Ednéia Rodrigues Silveira – diretora de relações institucionais Felipe Ramos Poletti – diretor editorial

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AGRADECIMENTOS

Os produtores desta obra agradecem aos entrevistados e apoiadores da pesquisa histórica, bem como destacam o envolvimento especial no projeto de: Bernardo Musumeci (neto do fundador Vitor Musumeci e executivo comercial da Editora), Cibele Mendes Curto Santos (ex-diretora editorial), Ednéia Rodrigues Silveira (diretora de relações institucionais) e Maria Lucia Kerr Cavalcante de Queiroz (ex-diretora executiva e atual consultora da diretoria).

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livro 75 anos

editora do brasil: 75 anos

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Editora do Brasil : 75 anos / [organização Floreal Rodriguez]. – São Paulo: Editora do Brasil, 2018. Bibliografia. ISBN 978-85-10-06899-4 (brochura) 1. Costa, Carlos, 2. Editora do Brasil (Editora) - História 3. Editora do Brasil. Editores e edição - História 4. Editora do Brasil - História - Brasil I. Brasil, Editora do. II. Rodriguez, Floreal. III. Título. 18-18114 CDD-070.50981 Índices para catálogo sistemático: 1. Brasil : Editora do Brasil : História 070.50981 2. Editora do Brasil : História : Brasil 070.50981 Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964

© Editora do Brasil S.A., 2018 Todos os direitos reservados Organização © Floreal Rodriguez

Edição: Gilsandro Vieira Sales Design gráfico: Raquel Matsushita Editoração eletrônica: Cecilia Cangello | Entrelinha Design Revisão: Otacilio Palareti e Maria Alice Gonçalves Pesquisa iconográfica: Léo Burgos e Daniel Andrade Tratamento de imagens: Vânia Maia Impresso na Gráfica Eskenazi

Rua Conselheiro Nébias, 887 São Paulo, SP – CEP: 01203-001 Fone: +55 11 3226-0211 www.editoradobrasil.com.br

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livro 75 anos

editora do brasil: 75 anos

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A Editora do Brasil comemora seus primeiros 75 anos de existência repleta de sonhos e planos para o futuro. Era exatamente esse o clima reinante em sua fundação, São Paulo uma editora de livros escolares marcada por um traço nobre: o compromisso com o lançamento de materiais de qualidade diferenciada e preços acessíveis. Com o tempo, a empresa foi à liderança do mercado editorial, fez pesados investimentos, ajustou a estrutura acionária e superou crises. Hoje conserva o jeito de ser que a projetou: é uma organização saudável e capaz de desenvolver projetos de inovação que a situam no

E d ito r a d o B r as i l

em 1943, quando um grupo de amigos decidiu criar em

E dit ora do B ra sil 75 anos

topo. Aos 75 anos, vivaz e de alma jovem, a Editora do Brasil mantém os olhos no futuro, pelo qual se conduz.

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