MATERIAL DIGITAL DE APOIO À PRÁTICA DO PROFESSOR
Elaborado por
Daniela Aparecida Francisco
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Arco 43, 2021 Adivinha quem foi o miolo do boi - Material digital de apoio à prática do professor 2a edição, 2021 Direção-geral
Vicente Tortamano Avanso
Arquivo pessoal
Direção editorial Gerência editorial Edição Assistência editorial Apoio editorial Supervisão de artes Editoração eletrônica Supervisão de revisão Revisão Supervisão de iconografia Pesquisa iconográfica Supervisão de controle de processos editoriais
Felipe Ramos Poletti Gilsandro Vieira Sales Paulo Fuzinelli Aline Sá Martins Maria Carolina Rodrigues Andrea Melo Bétula Editorial Elaine Silva Bétula Editorial Léo Burgos Daniel Andrade e Priscila Ferraz Roseli Said
Material elaborado por Daniela Aparecida Francisco, doutora em Literatura e Vida Social com ênfase em Literatura Infantil e Juvenil pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), e mestre em Literatura Infantil e Juvenil pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Graduada em Pedagogia pela Unesp, cursou magistério, atuou como professora do Ensino Fundamental e foi formadora no Programa Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. É coordenadora pedagógica na Educação Básica desde 2008. Atua também na formação continuada de professores e como docente em curso de Pedagogia.
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Sumário Carta ao professor e à professora........................................................................ 4 Propostas de atividades....................................................................................... 7 Pré-leitura................................................................................................................................. 7 Leitura..................................................................................................................................... 10 Pós-leitura............................................................................................................................... 14
Sugestões de conteúdos complementares........................................................ 24
Luciana Grether
Referências........................................................................................................ 26
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Carta ao professor e à professora
Arco 43
De acordo com a Base Nacionam Comum Curricular (BRASIL, 2018), durante os anos iniciais do Ensino Fundamental, as crianças devem ampliar suas interações com o espaço e com as múltiplas linguagens. Nesse sentido, a literatura insere-se no eixo leitura e suscita a interação ativa do leitor/ouvinte/espectador com diferentes textos escritos, orais e multissemióticos, permitindo sua participação no mundo letrado. Além disso, por meio de práticas com a arte literária, é possível contribuir para a formação humana do educando-leitor. Por meio da leitura de obras literárias, o leitor se torna capaz de desenvolver capacidades socioemocionais, reconhecer-se na situação do outro e promover a alteridade, característica que favorece a formação humana dos indivíduos. A BNCC também coloca que muitas das competências a serem desenvolvidas relacionam-se às práticas de leitura e de apreciação literária, com base no desenvolvimento da fruição, do senso estético e do respeito às diversas manifestações artísticas. Ao ofertar obras literárias aos alunos, é preciso ir além do ato de ler. Na definição apresentada pela Política Nacional de Alfabetização, a compreensão dos textos é um ato diverso da leitura, pois o entendimento do texto, além da decodificação, é influenciado por outros fatores, “como o vocabulário, o conhecimento de mundo e a capacidade de fazer inferências” (BRASIL, 2019a). A obra Adivinha quem foi o miolo do boi, escrita por Wilson Marques e ilustrada por Luciana Grether, favorece a formação leitora e o desenvolvimento de diversas competências estabelecidas pela BNCC, além de promover o prazer estético e o deleite, elementos essenciais para incentivar a leitura e ampliar o universo leitor dos estudantes com diferentes repertórios linguísticos. Adivinha quem foi o miolo do boi é uma narrativa curta do gênero textual conto, e os elementos que compõem esse gênero podem ser identificados durante a leitura do texto. O espaço da narrativa é a casa onde 4
Duda mora com sua família e a festa junina em que levam o primo Beto. O tempo em que a narrativa decorre são as férias dos personagens, que coincidem com a chegada das festas juninas, o que nos faz deduzir que as férias às quais o narrador se refere são as férias escolares que acontecem no meio do ano letivo. Além disso, é um tempo passado, pois o narrador conhece todos os acontecimentos e os fatos que se sucedem desde a chegada do primo Beto até a partida dele. Além do tempo, do espaço, do desenvolvimento e do narrador, temos também um conflito gerador, ou seja, as dificuldades que Duda e Beto enfrentam na relação entre eles. Os acontecimentos da história partem desse conflito original e se desenrolam até chegar ao clímax, marcado pelo sumiço do primo Beto e seu aparecimento posterior como miolo do boi. Após identificar o conflito gerador do enredo e os demais elementos que constroem a narrativa, estabelecemos a relação de causa e consequência entre as partes e os elementos do texto, o que permite maior compreensão sobre o desfecho do livro. As narrativas são extremamente importantes para a formação do ser humano. Advindas da oralidade, elas foram a primeira forma de preservar a memória, a história e a cultura de uma sociedade. As narrativas são utilizadas desde os primórdios, antes mesmo da cultura escrita, e eram disseminadas por meio da oralidade. Um texto narrativo dialoga com as necessidades primárias e básicas do ser humano de ouvir histórias, prática que foi modificada no decorrer do tempo e que permanece extremamente relevante nos dias de hoje. Os livros infantis que narram histórias da nossa cultura também nos oferecem a oportunidade de conhecer tradições de outras gerações, povos e sociedades, ampliando nosso conhecimento e nosso entendimento do mundo. Com isso, nos tornamos mais tolerantes e capazes de modificar nosso modo de ser, estar e agir na sociedade. Adivinha quem foi o miolo do boi aborda a cultura da região Nordeste do Brasil e tem como tema principal os encontros com a diferença. Valorizar a diferença pressupõe identificar e respeitar as particularidades de cada indivíduo e/ou grupo social. Nesse sentido, conhecer as diferenças possibilita a harmonia e a liberdade de ser e estar nos espaços públicos e privados, em um exercício constante de convivência com o outro em suas diferenças, potencialidades, escolhas, culturas e tradições. Sendo assim, obras como Adivinha quem foi o miolo do boi, de Wilson Marques, são de extrema importância por apresentarem manifestações culturais de determinadas regiões ao público geral. O livro de Wilson Marques, ilustrado por Luciana Grether, traz uma linguagem adequada ao leitor em formação e ilustrações atraentes e coloridas, que se abrem para a 5
possibilidade de novas leituras, ou seja, por meio da união entre texto e imagem, os leitores conseguem se apropriar dos sentidos da obra. Nelly Novaes Coelho (2000), crítica literária e uma das mais importantes pesquisadoras da leitura em nosso país, afirma que a presença de imagens nos livros gera prazer, descoberta e conhecimento de forma lúdica. Para melhor compreender uma obra, o ensino deve prever estratégias diversificadas que desafiem o estudante a se aprofundar nas temáticas, no gênero textual e nas diversas linguagens que dialogam com o livro, de modo que possa ampliar sua visão de mundo e formar seu campo de interesse. Bons leitores procuram por novas experiências leitoras o tempo todo, e um dos papéis da educação é formá-los, além de ampliar a capacidade de escolhas individuais de leitura. Para tanto, elencamos neste material diversas propostas de atividades que oportunizam estimular a literacia em sala de aula, envolver a família quando possível e abordar as quatro práticas de linguagem previstas na BNCC: leitura, escrita, oralidade e semiótica. Boa leitura!
Luciana Grether
Daniela Aparecida Francisco
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Propostas de atividades
Luciana Grether
As atividades a seguir estão alinhadas aos objetivos da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e à Política Nacional de Alfabetização (PNA), e pretendem consolidar aprendizagens anteriores e ampliar práticas de linguagem diversas. Sugerimos que antes de desenvolver as propostas apresentadas, você leia o texto e explore a linguagem verbal e não verbal. Se necessário, explore o significado de palavras com as quais você não está familiarizado. Todas as propostas são exatamente isso, propostas, assim, encorajamos você, professor, a mergulhar nas temáticas, checar as sugestões de conteúdos complementares indicadas ao final deste material e, se necessário, realizar outras pesquisas para aprofundar alguns conteúdos ou melhor adaptar as atividades para a realidade dos alunos.
Pré-leitura As atividades de pré-leitura têm como objetivo contextualizar a obra e os elementos que estão presentes nas temáticas abordadas para facilitar o momento de acesso do leitor ao texto e tornar a experiência literária ainda mais rica. Esses procedimentos fazem com que as crianças adentrem à cultura escrita e explorem a função do texto, sua estrutura, suporte e demais elementos que o constitui (JOLIBERT; SRÄIKI, 2008).
Pesquisa em família A PNA afirma que as práticas de literacia familiar nos anos iniciais do Ensino Fundamental favorecem o desenvolvimento cognitivo e afetivo das crianças (BRASIL, 2019a). Por isso, é importante que haja cooperação e integração entre comunidade escolar e família. Esta deve ser chamada para exercer seu papel fundamental na educação dos filhos e participar da vida escolar deles, conforme destaca o guia Conta pra mim: guia de literacia familiar (BRASIL, 2019b). 7
Luciana G rether
Para envolver as crianças com a temática que será desenvolvida no livro Adivinha quem foi o miolo do boi e favorecer práticas simples de literacia familiar, antes da leitura, solicite que a turma faça uma pesquisa, em família, sobre o Bumba Meu Boi. As crianças devem explorar informações sobre essa festa do folclore brasileiro e responder questões como: O que é a festa folclórica do Bumba Meu Boi? Em qual época do ano a festa acontece? Em qual região do país ela é mais comum? Qual é a história original do Bumba Meu Boi? Como são as roupas utilizadas pelos foliões? Há outras festas que envolvem a lenda do boi? Quais? Quais das descobertas que você fez durante a pesquisa mais lhe chamou atenção? As questões podem ser ampliadas e é possível solicitar aos alunos que tragam as respostas anotadas para a aula em que o livro será trabalhado. Se necessário, envie um bilhete às famílias com as questões e a indicação da data em que a pesquisa será compartilhada. Lembre-se de solicitar a pesquisa dias antes da leitura da obra para que todos tenham tempo de realizá-la, discutir as respostas em família e apresentar os resultados em sala de aula. Essa apresentação poderá ser realizada oralmente, de forma coletiva. Assim, é importante que eles estudem essas informações para o momento da conversa com a turma. Antes de abordar a temática pesquisada, permita que os estudantes compartilhem as experiências de como foi realizar essa pesquisa com os familiares. Solicite que contem quem os auxiliou, se já conheciam a festa do Bumba Meu Boi ou se entraram em contato com o assunto pela primeira vez. No dia estipulado, incentive todos a participar, respondendo às questões levantadas e expondo as informações que coletaram. Estimule questionamentos, caso queiram saber mais sobre algum aspecto ou tenham ficado em dúvida com alguma explicação. O objetivo é explorar essas informações de forma descontraída para aguçar o interesse deles. Aproveite o momento e, se possível, localize com a turma o estado do Maranhão no mapa do Brasil. É possível ampliar o trabalho sobre a região do Maranhão, exibindo não apenas o mapa mas também oportunizando o contato com outras informações sobre o estado. Para informações específicas sobre as cidades turísticas do Maranhão, acesse o site organizado pelo Ministério do Turismo do Brasil – Mapa do Turismo. Disponível em: www.mapa.turismo.gov.br/mapa/init.html#/home. Acesso em: 11 out. 2021. No site, é possível pesquisar sobre as regiões turísticas de todo o país. 8
Caso não seja possível acessar o site, comente que no estado do Maranhão, além da capital São Luís, os lugares turísticos mais famosos são: Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, Parque Nacional da Chapada das Mesas e Delta do Parnaíba. Se achar adequado, apresente imagens desses locais e pergunte: Por que esses locais são atrações turísticas? Discuta os aspectos com a turma. Relembre as informações já discutidas sobre a festa do Bumba Meu Boi e, com base nelas, fale sobre a culinária da região, as belezas naturais e as construções históricas do estado, ressaltando os locais pesquisados, entre outros assuntos que julgar pertinente. Analise a participação e o interesse dos estudantes nas discussões e responda às dúvidas suscitadas, sempre que possível. Esse conteúdo contempla as seguintes habilidades descritas na BNCC para o componente curricular Língua Portuguesa: EF15LP03, EF15LP09, EF15LP10 e EF15LP11.
Informações pré-textuais
a Greth Lucian
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O texto deve estar sempre no centro de qualquer trabalho com literatura, mas é importante ir além dele. Explorar a obra como objeto e buscar entender o seu contexto são ferramentas importantes para expandir o vocabulário, o conhecimento de mundo e a capacidade da criança de fazer inferências (BRASIL, 2019a). Assim, a proposta a seguir não pretende que os estudantes tenham todas as respostas corretas, mas explorem a habilidade de levantar hipóteses, que serão verificadas ao final da leitura. Após explorar a festa do Bumba Meu Boi na atividade anterior, apresente o livro Adivinha quem foi o miolo do boi, de Wilson Marques, com ilustrações de Luciana Grether. Explore a capa, as informações textuais e a ilustração e aproveite a oportunidade para nomear partes do livro para a turma: capa, lombada e quarta capa. Peça aos estudantes que leiam individualmente o texto que está na quarta capa e, ao final, selecione uma ou duas crianças para realizar a leitura desse texto em voz alta. Peça que descrevam em seguida a imagem de capa, ressaltando o que a imagem representa, quais as cores predominantes nela, que sentimentos e sensações ela desperta e de que maneira possivelmente se relaciona 9
com a história. Deixe que falem livremente e estimule-os a levantar hipóteses com base no que estão observando nesse momento de apreciação inicial. Explore então as informações sobre o autor, Wilson Marques, e a ilustradora, Luciana Grether. A seção Vamos falar sobre este livro? ao final do livro do estudante traz uma breve biografia de ambos. Recomendamos deixar a leitura integral da seção para depois da leitura da obra, mas as informações biográficas podem ser exploradas previamente. Explorados os elementos que compõem o objeto livro, continue incentivando os alunos a levantar hipóteses sobre a narrativa. Explore com eles o significado de “o miolo do boi”, no título, e o que eles acham que vai acontecer, onde a história se passa, quais são os personagens entre outras perguntas que você considerar relevante nesse momento. Esse conteúdo contempla as seguintes habilidades descritas na BNCC para o componente
Luciana Grether
curricular Língua Portuguesa: EF04LP09, EF15LP02, EF15LP13 e EF15LP18.
Leitura De acordo com a BNCC, a leitura deve compreender práticas de linguagem que valorizem a interação ativa do leitor com o texto e sua interpretação. Para isso, uma das competências específicas da Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental prevê o envolvimento do estudante em práticas de leitura literária para ampliação do senso estético, desenvolvimento de fruição e valorização da literatura como forma de acesso ao lúdico, imaginário e encantamento (BRASIL, 2018). A fruição implica na apreciação estética de produções artísticas e culturais, tendo a leitura literária como experiência transformadora e humanizadora. Assim, as propostas de leitura, mesmo quando perseguem outros objetivos, não devem perder seu objetivo primário de fruição estética enquanto obra de arte. De acordo com Vera Maria Tietzmann Silva (2009), a função do professor nesse processo, como leitor experiente, é apontar caminhos para as leituras, de forma a permitir o prazer das descobertas e das literaturas e contribuir para a formação da nova geração de leitores. 10
Leitura na escola
Luciana Grether
O momento de leitura deve ser planejado com antecedência e cuidado. Pense nos espaços mais apropriados para essa experiência em sua escola. A divisão dos textos por campos de atuação favorece a organização dos tempos e dos espaços escolares de forma mais didática, como prevê a BNCC (BRASIL, 2018). Além disso, em um ambiente mais acolhedor, arejado, com boa iluminação e conforto é possível propor exercícios de empatia e diálogo, mediados pela arte e pela literatura. Preparar um ambiente calmo e tranquilo para a realização da leitura torna esse momento mais prazeroso e favorece a concentração, a interação, a integração e o foco das crianças naquilo que está sendo realizado. Seria interessante realizar a leitura na biblioteca escolar ou em outros ambientes e contextos, como cantinhos de leitura ou até mesmo algum espaço organizado para isso. Se não for possível, organize a sala de aula de forma diferente, criando um ambiente de leitura que difere do ambiente tradicional usado no dia a dia. Inicialmente, solicite aos alunos que leiam individualmente a obra e estipule um tempo para essa proposta. Dependendo da habilidade de leitura de cada turma, pode ser necessária mais de uma aula para concluir a atividade. Em seguida, realize uma leitura compartilhada em voz alta, que deverá ser acompanhada pelos estudantes com seus livros. Assim, você pratica a modelagem de leitura, oferecendo a eles um exemplo de como ela deve ser feita. Isso é particularmente importante para que possam observar as pontuações e a maneira de ler cada uma delas, como enfatizar termos e frases, como ler determinados trechos, como realizar as pausas etc. Outra estratégia para a leitura compartilhada é a divisão do texto, para que pratiquem a leitura em voz alta. Separe a turma em duplas ou grupos, dependendo do tamanho da turma, e defina o trecho que cada dupla/grupo deverá ler. Você poderá combinar que cada um lerá uma página ou um parágrafo de maneira alternada, por exemplo. Ofereça um momento para que os alunos explorem o texto, treinem sua leitra etc. Realize a mediação sempre que necessário. Ao final, convide cada dupla/grupo para ler seu trecho em voz alta para o resto da turma.
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O trabalho em grupo é uma estratégia que favorece o aprendizado, já que coloca leitores iniciantes em contato com leitores fluentes, além de que a leitura em grupo amplia a construção dos sentidos do texto e desenvolve a capacidade de compreensão textual. Leitores iniciantes podem ser auxiliados no momento de decodificar o texto, além de dialogarem com leitores mais experientes sobre possíveis sentidos daquilo que se lê. O professor poderá estimular essa troca e favorecer esse momento de partilha entre os alunos. O momento da leitura é importante para os alunos compreenderem o comportamento leitor. No entanto, é também o momento de fruição, ou seja, o prazer estético da leitura literária precisa estar presente. Como existem muitas palavras que talvez os alunos desconheçam, peça que, ao final da leitura, eles apresentem as palavras desconhecidas cujo sentido não foi possível entender por meio do contexto. Em conjunto, procurem o significado das palavras no dicionário impresso ou digital e explore-o de forma coletiva. Esse conteúdo contempla as seguintes habilidades descritas na BNCC. para o componente curricular Língua Portuguesa: EF35LP03, EF35LP21, EF15LP15 e EF15LP16.
Lendo imagens Agora que a turma já conhece a história e refletiu de forma coletiva e sistematizada sobre ela, retome a narrativa realizada pelas ilustrações da obra. Reforce o fato de que as imagens contam uma história, assim como o texto escrito, ou seja, são dois tipos de textos diferentes dentro de uma mesma obra (texto verbal e não verbal). Em duplas, solicite que os estudantes analisem as imagens do livro. Peça que, de maneira dialogada, recontem a história apenas utilizando a sequência de imagens produzidas por Luciana Grether. Oriente as duplas para que observem aspectos sobre os espaços presentes nas ilustrações, as características de cada personagem, as cores predominantes etc. A apreciação das imagens, permeada pelo ludismo, possibilita prazeres e leituras diferentes em sala de aula. Professor, nesta proposta, seu papel pode ser o de mediador das duplas. É importante que a atividade seja produtiva e que, mesmo de maneira livre, a história traga o mesmo sentido proposto pelo autor ao ser recontada. curricular Língua Portuguesa: EF15LP04, EF15LP18, EF15LP19 e EF35LP03.
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Luciana Grether
Esse conteúdo contempla as seguintes habilidades descritas na BNCC para o componente
Leitura em família Estudos demonstram que o sucesso escolar está relacionado ao envolvimento familiar com a escola e às ações que são realizadas no seio da família em diferentes etapas da educação básica. As práticas de literacia, como já mencionamos, aproximam as famílias da vida escolar de seus filhos e contribuem para o desenvolvimento de leitores hábeis e entusiasmados (BRASIL, 2019b). Há diferentes práticas de literacia familiar, e a leitura dialogada é uma delas. Para incentivar essa prática, auxiliar a turma na compreensão da obra e expandir a formação leitora dos alunos, solicite que levem o livro para casa e leiam em voz alta para seus familiares. Lembre-os de que a leitura deverá ser realizada da mesma maneira que observaram na sala de aula durante a leitura compartilhada. Para garantir que essa proposta seja bem-sucedida, ela deve ser planejada com antecedência. Escreva uma nota aos responsáveis, solicitando a parceria da família e explicando que o aluno levará o livro para casa, mas que ele é propriedade da escola e deverá ser devolvido em dia previamente determinado. Envolva também a criança, explicando todos os detalhes da atividade. Isso incentiva o desenvolvimento de autonomia e responsabilidade. Caso considere pertinente, na nota enviada à família ou aos responsáveis, dê algumas informações sobre a importância da leitura e do acompanhamento familiar. Essa comunicação é também uma forma de estabelecer parceria formal entre a escola e a família, além de ser um meio de controle sobre a responsabilidade com o livro que será enviado. Sabemos que as famílias possuem realidades diferentes, assim como as crianças podem estar em níveis diferentes de apropriação da linguagem. Para incluir todos na proposta de leitura em família, proponha às crianças que não consigam realizar a leitura integral da obra em casa, que recontem a história por meio das ilustrações, conforme a proposta de atividade anterior. Essa também é uma estratégia lúdica e prazerosa de trabalhar o livro, e que valoriza o conhecimento do estudante. A leitura do livro em casa também é importante para que as famílias compreendam qual foi o objetivo da pesquisa inicial sobre o Bumba Meu Boi, além de servir como incentivo para a literacia familiar e para os momentos de interação significativa entre todos. Esse conteúdo contempla as seguintes habilidades descritas na BNCC para o componente
Luciana Grether
curricular Língua Portuguesa: EF35LP01, EF35LP22, EF35LP26 e EF15LP15.
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Pós-leitura As propostas metodológicas para o ensino da literatura devem pensar a obra e o leitor em interação, e propor vivências que coordenem esforços e considerem, principalmente, o aluno e suas necessidades e seus desejos enquanto leitor (BORDINI; AGUIAR, 1993). Assim, as propostas a seguir visam à realização de um trabalho efetivo com o texto, objetivando ampliar seus sentidos, estabelecendo o diálogo da obra literária com outras linguagens e possibilitando compreensão global do texto por parte dos alunos.
Compreensão do texto
Luciana Grether
Uma ferramenta muito importante para ampliar a compreensão do texto, é entender melhor o seu gênero textual. Em Adivinha quem foi o miolo do boi, o gênero textual é o conto. Apresente essa informação para a turma e pergunte se sabem definir esse gênero. É possível que eles consigam se lembrar de várias informações, caso o gênero conto tenha sido explorado em leituras anteriores. Leia com os estudantes, ou peça que leiam a seção Vamos falar sobre este livro?, disponível ao final do livro do estudante. Esse texto explora o gênero textual, entre outras informações relevantes. Após a retomada de conhecimentos prévios e leitura do texto complementar, convide os estudantes a listar os principais elementos narrativos que compõe o conto: narrador, tempo, espaço, introdução, desenvolvimento, clímax e desfecho. Crie um quadro na lousa com esses elementos e, junto com a turma, identifique cada um na narrativa criada por Wilson Marques. O quadro a seguir é uma sugestão de como essa atividade pode ser realizada.
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Elementos da narrativa em Adivinha quem foi o miolo do boi Gênero textual
Conto.
Narrador
Narrador-personagem (narrativa em primeira pessoa) – Duda.
Personagens
Duda, Beto, mãe e pai de Duda.
Tempo
Passado.
Espaço
Casa de Duda/região Nordeste do Brasil.
Introdução
O pai de Duda conta que o primo vai passar as férias com eles.
Desenvolvimento
Interação de Duda com Beto, seu tratamento do primo, ida à festa do Bumba Meu Boi etc.
Clímax
O sumiço de Beto e sua aparição como miolo do boi.
Desfecho
O pedido de desculpas e a reaproximação dos primos.
Ao identificar os elementos essenciais, aprofunde alguns pontos de forma dialógica. A seguir, listamos alguns questionamentos que poderão ser realizados com os estudantes, oralmente ou até mesmo por escrito. Caso opte pela execução escrita, abaixo de cada questão listamos as respostas esperadas que podem ser oferecidas como gabarito. Quando Beto foi à casa de Duda? •• Resposta esperada: durante o período das férias escolares. Por que Duda não estava gostando da presença do primo em sua casa? •• Espera-se que os alunos compreendam que os constantes elogios ao Beto fizeram com que Duda se sentisse inseguro e ficasse com raiva do primo. Qual a razão de Duda e Beto possuírem sotaques diferentes? •• Espera-se que os alunos comentem que Duda mora na região Nordeste do país, que possui um sotaque específico. Embora não saibamos exatamente de qual região é Beto, o fato de os primos se conhecerem apenas por rede social e de Beto ter viajado sozinho de avião indica que o garoto mora distante. 15
Quem levou os garotos para a festa de São João? •• Resposta esperada: o pai de Duda, que é tio de Beto. Qual a lenda folclórica contada dentro da história de Beto e Duda? •• Resposta esperada: Bumba Meu Boi. Que fato inusitado ocorreu que aproximou os dois primos? •• Resposta esperada: Beto desapareceu no meio da festa e, depois de um susto, Duda e seu pai descobriram que era Beto que estava no miolo do boi, dançando. A experiência foi tão legal que Beto pediu para que deixassem Duda ser também o miolo do boi e ambos se divertiram e se aproximaram após a experiência. Duda e Beto conversaram e se entenderam após os conflitos iniciais. Qual foi a surpresa que Duda teve após Beto ter ido embora? •• Resposta esperada: Duda descobriu que Beto havia combinado com seus pais que nas próximas férias escolares era Duda quem iria viajar até a casa de Beto. Esse conteúdo contempla as seguintes habilidades descritas na BNCC para o componente curricular Língua Portuguesa: EF35LP03, EF35LP04, EF35LP29 e EF15LP03.
Apreciação artística As práticas sociais são mediadas por linguagens, incluindo a linguagem visual, ou seja, a comunicação pode ocorrer também por meio de símbolos e imagens que precisam ser interpretadas pelo interlocutor para a atribuição de sentido. Uma das competências específicas para a área de linguagens no Ensino Fundamental pressupõe a utilização de diversas linguagens, incluindo a visual, para expressão e partilha de informações, de experiências, de ideias e de sentimentos nos variados contextos com produção de sentidos que propiciem o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação (BRASIL, 2018). Isso já foi trabalhado em atividades anteriores, mas será explorado mais a fundo neste momento. Retome o texto ao final do livro do estudante, Vamos falar sobre este livro?, mais especificamente a biografia da ilustradora, Luciana Grether. Lá, ela afirma se inspirou em fotografias que fez em sua viagem ao Maranhão para criar as ilustrações para o livro. Como os alunos já devem ter realizado a leitura desse texto, você pode também apenas realizar questionamentos para que eles relembrem as informações sobre o processo criativo da ilustradora da obra. Por exemplo: Como são as ilustrações da obra? Como elas foram criadas? Qual material a ilustradora utilizou para desenhar? Antes de ilustrar, qual foi a inspiração que ela teve? 16
Faça uma reflexão com a turma sobre a inspiração de Luciana Grether e explique que, assim como ela, outros artistas brasileiros se inspiraram em festas juninas, no Bumba Meu Boi e outras manifestações da cultura popular para compor suas obras. Elabore outros questionamentos, tais como: Vocês conhecem alguém que gosta de pintar? Há alguém na família que pinta telas ou produz outro tipo de arte? Vocês têm alguma pintura preferida? De qual tema ela trata? Já foram a algum museu? Para você, o que é arte? E o que é ser artista? Você pode inserir outras perguntas que julgar pertinentes. Ouça a turma com atenção e incentive a participação de todos, de maneira informal e prazerosa. Em seguida, convide as crianças a refletir sobre as diferenças entre fotografia e pintura. A primeira nos apresenta um retrato da realidade, enquanto a segunda não está restrita à realidade, podendo tomar diferentes formas. Isso fica claro quando vemos fotografias da festa folclórica Bumba Meu Boi ou de festas juninas e as comparamos com imagens de artistas que recriam essas mesmas festas em pinturas. Para essa atividade, recomendamos trazer para a sala de aula algumas fotografias dessas festas típicas e algumas pinturas sobre o mesmo tema. A seguir, listamos algumas sugestões. Pinturas sobre festa de São João, de Anita Malfatti. •• Bumba-meu-boi (1959), de Cândido Portinari. •• Pinturas sobre festa junina, de Aracy. •• São João (1969), de Di Cavalcanti. •• Se possível, distribua as imagens aos alunos ou projete-as para que todos possam apreciá-las. Comece com as fotografias e depois introduza as imagens das pinturas. Ao apresentar cada uma das obras, questione os alunos para estimulá-los na leitura e compreensão das imagens, fazendo perguntas como: Qual é o título da obra? Ele remete a quê? Que sensação ou sentimento a obra apresenta? Que cores vocês veem na obra e quais sensações elas transmitem? Quais formas e linhas vocês conseguem identificar?
Luciana Grether
Bandeirinhas (1960), de Alfredo Volpi. ••
Há sobreposição de elementos? Os elementos (desenhos) são proporcionais? Essa pintura é semelhante às fotografias ou traz algum elemento extra? Qual obra você gostou mais? Por quê? No final da atividade, os estudantes devem ter percebido que a festa folclórica Bumba Meu Boi ou a festa junina é um tema comum em todas as imagens, mas cada artista possui um estilo próprio de representação, que está relacionado também às vivências culturais que tiveram, às técnicas que usaram e ao estilo próprio de cada um. Reflita com os estudantes sobre as diferenças entre as festas típicas dentro do país, ressaltando a festa junina tradicional do Maranhão, descrita na obra Adivinha quem foi o miolo do boi. Aprender a ler imagens é um passo importante para o desenvolvimento leitor das crianças. Esse conteúdo contempla as seguintes habilidades descritas na BNCC para o componente curricular Arte: EF15AR01, EF15AR02, EF15AR23 e EF15AR25.
Palavras e seus significados Durante a leitura do livro, diversas palavras novas apareceram, especialmente se você e os alunos não residem na região Nordeste do país. Embora muitas delas vocês já tenham pesquisado o sentido, a intenção agora é organizar o aprendizado dessas palavras de forma sistematizada. Para isso, compartilhe o significado de uma palavra com a turma, por exemplo, a palavra “maracá”. Traga algumas definições da palavra de acordo com dicionários impressos ou virtuais. Em seguida, atribua uma palavra para cada dupla de alunos. Você pode utilizar palavras ou expressões como “burrinha”, “cazumbá”, “feiticeiro”, “camurça”, “canutilho”, “cuxá”, “comida típica”, “festa junina”, “Bumba Meu Boi”, “festa de São João”. Caso seja necessário, a proposta poderá ser desenvolvida em trios. Incentive os alunos a pesquisar em diferentes plataformas e suportes e ofereça a eles apoio e material para estudo, caso seja preciso. O objetivo é elaborar um verbete sobre cada palavra a eles designada. Ao final, após as devidas correções orientadas por você, proponha a criação de um glossário com todos os verbetes elaborados. A função social do glossário é apresentar o significado de palavras desconhecidas para ser consultado durante a leitura do texto. Com o glossário finalizado, providencie uma cópia dele para cada aluno e, em seguida, solicite nova leitura da obra, com a consulta ao glossário, para o esclarecimento das palavras. Essa leitura poderá ser realizada extraclasse, mediadas por alguém da família 18
Luciana Grether
ou de maneira individual. Oriente os estudantes sobre a maneira como a leitura será desenvolvida, de acordo com a realidade do grupo e com o nível de leitura autônoma de cada um. Esse conteúdo contempla as seguintes habilidades descritas na BNCC para o componente curricular Língua Portuguesa: EF04LP03, EF04LP22, EF04LP23 e EF35LP12.
Representação: Bumba Meu Boi Nas páginas 13 a 16 do livro Adivinha quem foi o miolo do boi, temos a história da origem do Bumba Meu Boi, ou seja, a história folclórica que embasa as festividades envolvendo o tradicional boi. O trecho está separado da narrativa e organizado como um texto teatral. Aproveite esse gênero textual diferente para realizar uma atividade com as crianças. Comece explicando as diferenças entre o gênero narrativo e o teatral, citando os elementos que diferem um do outro. O narrativo apresenta texto contado por um narrador, que descreve personagens, lugares, tempos e acontecimentos. O teatral, no entanto, não nos é contado, mas mostrado, com o texto organizado em marcação de falas e organização de cenas. É um texto dramático, ou seja, um texto que se relaciona à ação. Aliás, a palavra “drama” tem origem grega e significa ação. O texto teatral é escrito não para ser apenas lido mas também para ser encenado e sua composição abrange um texto principal (falas, discursos dos personagens) e texto secundário (rubricas – indicações das cenas, com as marcações dos cenários). Se achar relevante, ofereça aos alunos alguns exemplos para que eles possam diferenciar os dois tipos. Em seguida, apresente mais detalhes sobre o texto teatral. Ressalte que o teatro é uma arte cênica e envolve: um palco ou local onde o texto será apresentado; atores, que interpretam personagens; roupas e acessórios, que compõem o figurino e também contam uma história (por exemplo, se ela se passa no passado, presente ou futuro); personagem principal, que é conhecido como protagonista, pois está envolvido em toda a história etc. Você pode expandir essas informações, caso ache necessário. Com o embasamento teórico estabelecido, convide os alunos a explorar as páginas do livro que trazem o texto teatral do Bumba Meu Boi. Peça a eles que releiam o texto e identifiquem quem são os personagens, onde a história se passa, quais roupas e acessórios poderiam ser utilizados durante uma encenação etc. 19
Em seguida, convide-os a encenar esse texto teatral. Para isso, solicite que a turma forme grupos. Cada grupo deverá também se dividir em funções, como narrador e atores. As crianças também deverão contemplar outros papéis e funções que envolvam a organização do cenário, dos figurinos e até da sonoplastia (efeitos sonoros), que são ótimas opções caso algum aluno não queira atuar ou narrar. Feita essa divisão, ofereça um momento em sala de aula para que os alunos possam organizar a montagem teatral. Incentive a criatividade e ressalte que a representação deve ser curta e divertida! Estabeleça um tempo máximo de apresentação e uma data específica para cada grupo (as apresentações, por exemplo, podem ser feitas todas em seguida, durante a aula, ou marcadas de forma sequencial, com cada grupo apresentando ao final de cada aula). Faça mediações se houver disputas ou dificuldades na distribuição das funções. Outra opção para os estudantes que não queiram atuar é solicitar que realizem a leitura do texto e que assistam aos grupos, como plateia. Defina os espaços de cada grupo. A proposta é que as crianças se divirtam com a arte cênica e com as diferentes interpretações da história do Bumba Meu Boi. Dessa maneira, é possível estimular a manifestação de ideias, sentimentos e pensamentos por meio da linguagem artística. Esse conteúdo contempla as seguintes habilidades descritas na BNCC para os componentes curriculares Arte e Língua Portuguesa: EF15AR20, EF15AR23, EF15AR25, EF04LP25, EF04LP27 e EF35LP24.
Carta eletrônica: e-mail Como ressaltado em conteúdos anteriores, as propostas devem estar centradas no texto como unidade de trabalho e as atividades, inclusive as de produção de textos em mídias e semioses variadas, devem fazer parte dessa centralidade, ou seja, as propostas de produção de texto não devem acontecer destituídas de sentido para o aluno, sem contextualização ou significado real. Devem relacionar-se ao uso e à reflexão sobre a linguagem. Além disso, essas práticas devem prever o fato de que na linguagem contemporânea há novas formas e ferramentas de escrita. O aluno deve ser capaz de apropriar-se dessa linguagem escrita, com autonomia, interagindo e participando da cultura letrada e tornando-se paulatinamente protagonista da vida social (BRASIL, 2018). Assim, o conteúdo aqui proposto relaciona-se à centralidade do texto e insere-se em uma situação comunicativa de uso da linguagem. Ao final da narrativa, Beto volta para sua cidade e Duda descobre que nas próximas férias irá visitar o primo e começa a contar “os meses, as semanas, os dias” (p. 28). 20
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Relembre os alunos desse gancho, que abre possibilidades para uma continuação da narrativa. Proponha uma situação hipotética, em que Duda estaria tão ansioso para a chegada das férias que quis compartilhar sua animação com o primo Beto e decidiu, para isso, enviar um e-mail, contando ao primo como estaria se sentindo e fazendo perguntas sobre a rotina e a cidade de Beto. Os jovens, hoje em dia, costumam ter bastante familiaridade com as tecnologias, mas, caso ache necessário, estabeleça um paralelo entre cartas e e-mails, apresentando inclusive exemplos. Explore as características do gênero textual correspondência (que visa estabelecer uma comunicação entre duas pessoas): endereço (físico ou de e-mail), remetente, destinatário, assunto, saudação, corpo do texto (onde está a mensagem propriamente dita), despedida, (formais ou informais) e assinatura. Se as crianças nunca enviaram um e-mail, explique que, enquanto uma carta é entregue ao Correio para ser enviada fisicamente para a outra pessoa por meio de um processo que pode levar dias, um e-mail pode ser enviado pela internet e chega quase que instantaneamente. Caso a escola possua laboratório de informática, você poderá combinar com o profissional responsável pelo setor para trabalharem de forma interdisciplinar ou em parceria. No computador, as crianças podem explorar diferentes plataformas de e-mail e até enviar e-mails uns aos outros. É importante garantir a segurança digital dos alunos. Sendo assim, é indicada a troca de e-mails apenas entre os alunos ou, então, a criação de duas contas que podem ser usadas apenas para fins desta atividade. Na impossibilidade de realização da proposta com o uso das tecnologias, simule a escrita do e-mail utilizando o formato textual e as características desse gênero. Solicite que os estudantes produzam textos baseados na premissa hipotética apresentada e seguindo o formato de correspondência eletrônica. Ressalte a importância de 21
usar o vocabulário adequado para a escrita, assim como de fazer o uso correto de pronomes e de elementos que façam o texto ser coerente e coeso. Peça a eles que releiam o texto antes de entregar, corrigindo possíveis erros ortográficos ou de gramática. Esse conteúdo contempla as seguintes habilidades descritas na BNCC para o componente curricular Língua Portuguesa: EF04LP06, EF35LP08, EF35LP09 e EF15LP05.
História em família – podcast A incrível história de Boi Mimoso, Pai Francisco e Catirina Podcasts são programas de áudio transmitidos ou disponibilizados pela internet, que tratam de assuntos e temáticas diversos. A Unicef desenvolveu um site intitulado Deixa que eu conto, com histórias, brincadeiras e curiosidades em formato de podcast para crianças, famílias e professores. Nele, há diversas opções, com contação de histórias diversas e temáticas variadas. Divulgue esse site entre as famílias e incentive alunos e familiares a escutar ao menos uma história juntos. Para incentivar as crianças e suas famílias a conhecer mais sobre a história que deu origem à tradição cultural do Bumba Meu Boi, recomende que escutem juntos A incrível história de Boi Mimoso, Pai Francisco e Catirina. Esse podcast está disponível para download no endereço: www.deixaqueeuconto.org.br/programa/incrivel-historia-de -boi-mimoso-pai-francisco-e-catirina. Acesso em: 1 set. 2021. Esse link poderá ser enviado para a família ou você pode baixar o arquivo de áudio e enviá-lo diretamente. Se for melhor para todos, esse mesmo áudio está disponível no Youtube, no Canal da Unicef Brasil: www.youtube.com/watch?v=r_5Uq460P1A. Acesso em: 1 set. 2021. Podcast é uma forma prazerosa de adquirir conhecimento e de ouvir histórias. Além disso, os podcasts podem ser ouvidos enquanto outras tarefas diárias estão sendo executadas e favorecem o compartilhamento de momentos entre as crianças e suas famílias, promovendo a literacia familiar. Há muitas opções de podcasts. Para dar continuidade ao uso desse recurso, pesquise com os alunos outros podcasts que sejam adequados à faixa etária deles. Ouçam juntos a diversos programas, de temáticas diferentes. Por meio da exploração dessas possibilidades, você e os estudantes podem iniciar um projeto da turma para gravação de podcasts. Para isso, definam juntos qual será o objetivo do podcast, o que querem transmitir e qual será o destinatário principal (preferencialmente, toda a comunidade escolar). A criação do podcast também exige pesquisa e planejamento. Algumas temáticas possí22
veis são: histórias populares, contos diversos, resumos de livros para divulgar as obras e estimular a leitura. Essas são algumas sugestões, mas você, com os estudantes, pode também pensar em outros que interessem a todos. Depois de definir o foco principal do podcast, vocês deverão definir o formato que ele terá: bate-papo entre estudantes, entrevistas com professores e especialistas; monólogo etc. Com temática e formato definidos, é hora de criar o roteiro e estabelecer a periodicidade em que os podcasts serão gravados e compartilhados. Ao partir para a prática, reflita com os estudantes sobre quais materiais serão necessários para as gravações, quais aplicativos serão utilizados e quais as plataformas disponíveis para armazenar e divulgar os podcasts. A parceria com os professores responsáveis pela área de tecnologias e até mesmo com pessoas da comunidade que já trabalhem com podcasts poderá auxiliar vocês nesse projeto. Quando o trabalho for finalizado, os episódios podem ser divulgados para toda a comunidade escolar e para os familiares e/ ou responsáveis. Esse conteúdo contempla as seguintes habilidades descritas na BNCC para os componentes curriculares Arte e Língua Portuguesa: EF15AR17, EF15AR19, EF15AR25, EF35LP10, EF35LP11 e
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EF35LP19.
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Sugestões de conteúdos complementares As sugestões de conteúdos complementares disponibilizadas a seguir visam colaborar com as possibilidades que o livro oferece e ampliá-las, além de fornecer mais informações para que você, professor, possa complementar sua formação, se assim desejar.
Documentário TERREIROS do brincar. Direção: Renata Meirelles e David Reeks. Brasil: Maria Farinha Filmes, 2017. 1 vídeo (52 min). Disponível em: www.videocamp.com/pt/movies/terreirosdo-brincar-2017. Acesso em: 1 set. 2021. Documentário que retrata a participação de crianças em diversos grupos de manifestações populares em quatro estados brasileiros, incluindo o Maranhão, e propõe uma reflexão sobre a relação dessas manifestações culturais com um brincar coletivo, intergeracional e sagrado.
Livros AZEVEDO, Aluísio. O mulato. São Paulo: Editora Moderna, 2019.
BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. São Paulo: Loyola, 2002. O autor realiza uma reflexão sobre muitos mitos que estão relacionados ao preconceito linguístico, discutindo as implicações sociais da língua e a forma como ela pode sofrer alterações nos diferentes espaços e territórios, com recusa de que existe o certo ou o errado no uso da língua portuguesa falada e escrita no Brasil.
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Editora Loyola
Raimundo, personagem principal da narrativa, retorna à sua cidade natal, São Luís do Maranhão, após ter ficado alguns anos fora do país, estudando Direito. Filho de uma relação inter-racial – mãe negra e pai branco –, Raimundo é tratado de forma racista por muitos personagens. A ambientação da obra na cidade de São Luís, o tratamento dado ao tema e a qualidade literária da obra demonstram consciência nacional por parte do escritor. Publicado pela primeira vez em 1881, o livro tornou-se um clássico da literatura brasileira.
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CASCUDO, Luís da Câmara. Contos tradicionais do Brasil. São Paulo: Editora Global, 2014. Coletânea de contos de diferentes regiões do Brasil, que reúne cem histórias recolhidas pelo folclorista Câmara Cascudo, com notas eruditas escritas por ele que ajudam o leitor a compreender o contexto dos contos. O livro é fruto de um trabalho de pesquisa por meio da contação de histórias orais, que foram transcritas para a linguagem escrita. FAILLA, Zoara. Retratos da leitura no Brasil. São Paulo: Instituto Pró-Livro, 2021. Disponível em: www.prolivro.org.br/5a-edicao-de-retratos-da-leitura-no-brasil-2/principal-do-livro/ download/. Acesso em: 1 set. 2021.
FERREIRA, Taís. A escola no teatro e o teatro na escola. Porto Alegre: Mediação, 2000. A obra reflete sobre a importância do teatro no espaço escolar (fazer e assistir), ressaltando as contribuições que essa arte oportuniza ao desenvolvimento das crianças quando mediada de forma sistemática e problematizada pelos professores. Apresenta situações vividas por arte-educadores e analisa o papel da escola na oferta de vivências teatrais aos alunos.
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Editora Mediação
A pesquisa chega à sua quinta edição realizando mais um mapeamento do panorama da leitura em todo o território nacional. Com base em dados coletados, diferentes estudiosos, de variadas áreas do saber, realizaram análises com o objetivo de auxiliar aqueles que são comprometidos com a ampliação da leitura no país a buscar soluções em seu dia a dia para incentivar o hábito de leitura. O livro está disponível para download gratuito.
Referências BORDINI, Maria da Glória; AGUIAR, Vera Teixeira. Literatura: a formação do leitor – alternativas metodológicas. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 1 set. 2021. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Alfabetização. Conta pra mim: guia de literacia familiar. Brasília, DF: Ministério da Educação; Sealf, 2019b. Disponível em: http:// alfabetizacao.mec.gov.br/contapramim. Acesso em: 1 set. 2021. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Alfabetização. PNA: Política Nacional de Alfabetização. Brasília, DF: Ministério da Educação; Sealf, 2019a. Disponível em: http:// alfabetizacao.mec.gov.br/images/pdf/caderdo_final_pna.pdf. Acesso em: 1 set. 2021. BUMBA-MEU-BOI. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Verbete da enciclopédia. Disponível em: https://enciclopedia. itaucultural.org.br/obra1983/bumba-meu-boi. Acesso em: 30 ago. 2021. COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil: teoria, análise, didática. São Paulo: Moderna, 2000. DEIXA QUE EU CONTO: A incrível história de Boi Mimoso, Pai Francisco e Catirina. Locutores: Andrea Soares e Leandro Medina. [S. l.]: Unicef Brasil, [7 abr. 2021]. Podcast. Disponível em: www.deixaqueeuconto.org.br/programa/incrivel-historia-de-boi-mimosopai-francisco-e-catirina. Acesso em: 1 set. 2021. JOLIBERT, Josette; SRAÏKI, Christine. Caminhos para aprender a ler e escrever. São Paulo: Contexto, 2008. SILVA, Vera Maria Tietzmann. Literatura infantil brasileira: um guia para professores e promotores de leitura. Goiânia: Canone Editorial, 2009.
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