Revista Expressão Teológica Vol IV

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EXPRESSÃO TEOLÓGICA Um Pensar Sobre Salvação VOLUME IV

2014


2014 by FAEST Editora Gráfica Ltda Título: Um Pensar Sobre Salvação

Todos os direitos em língua Portuguesa reservados por:

Editora FAEST Rua Aparicio Ribeiro, 221 - Capinzal - SC Cep: 89.665-000 - F. (47) 9998-2999 www.editorafaest.com.br E-mail: editora@faest.com.br Editor Executivo Agissé Levi da Silveira Conselho editorial Agissé Levi da Silveira Orlando Martins Agissé Berto da Silveira Gesiel Pereira Capa: A. Levi Silveira Diagramação: A. Levi Silveira Revisão: Queila Oliveira Salvo por autorização expressa e formal, é proibida a reprodução integral ou parcial do texto que compõe esta obra.

270.82

Revista expressão teológica : Um pensar sobre Salvação. - Capinzal, SC : FAEST Editora v. 4, 2014. Semestral ISSN: 2178-1133 1. Salvação - Periódicos. 2. Teologia - Periódicos. I. Título.

Elaboração: Josiane Liebl Miranda (CRB-14: 1023)


SUMÁRIO

Editorial ........................................................................... 05

Artigos Um Pensar Sobre Salvação. Wilson Simerman ...................................................................................................................

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A Polaridade e os Sistemas Fechados da Soteriologia. Gesiel Pereira ...........................................................................................................................

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Eu, Extraterrestre Sérgio Lenz ...............................................................................................................................

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As Evidências da Salvação. Orlando Martins .....................................................................................................................

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Três Tempos da Salvação. Sadrac Pereira .......................................................................................................................... 32


EDITORIAL Este é o quarto volume da Revista: EXPRESSÃO TEOLÓGICA. O periódico semestral da FAEST (Formação Avançada de Estudos em Teologia) de Santa Catarina - SC. Neste semestre propomos aos autores que em seus trabalhos disponibilizassem aos leitores textos que servissem de alerta junto ao Ministério da Igreja, sendo que o interesse do periódico é apresentar produção discente teológica de qualidade, tendo como base pensadores e estudantes da área. Neste volume, como nos volumes anteriores da revista EXPRESSÃO TEOLÓGICA, atestamos as bases e a existência do pensamento teológico Pentecostal sendo um importante segmento da teologia brasileira e mundial. Nos artigos aqui encontrados os autores procuraram ressaltar a atenção que devemos ter diante do pragmatismo, hoje atribuída em alguns casos ao pensamento Pentecostal, mas que tem suas bases especificamente no movimento Neo-pentecostal. O 5


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que mostramos aqui é que esta realidade deve permanecer longe do ciclo de pensadores pentecostais e que o pensar teológico deve sobreviver ileso diante da força da influência imediatista contemporânea . Ressaltamos que aqui o leitor encontrará pesquisas e reflexões que partem de um ambiente naturalmente caracterizado como marginal no meio acadêmico, mas que clama o direito de iniciar seus trabalhos e assim crescer no meio de já “consagrados círculos de pensadores cristãos”. Temos como finalidade então a contribuição no crescimento cognitivo e espiritual daqueles que destes artigos fizerem uso, e a esperança de que o homem por conhecer melhor a palavra de Deus seja por ela transformado. Agissé Levi da Silveira Editor da Revista Expressão Teológica Inverno, 2014

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UM PENSAR SOBRE

“SALVAÇÃO” Wilson Simerman1

O

vocábulo em português é derivado do latim “salvare”, que significa salvar, e de “salus”

(saúde), e traduz o termo hebraico “Yeshü’â”, e cognatos, (facilidade, segurança), e o vocábulo grego “sõtêria” e cognatos (cura, recuperação, redenção, salvação, bem estar). Definindo melhor, é o ato e processo pelo qual Deus livra a pessoa da culpa e do poder do pecado e a introduz numa vida nova, cheia de bênçãos espirituais, por meio de Jesus Cristo. A Salvação é parte integrante e o centro do grande plano de Deus, para a restauração da criatura e da criação, que se deterioraram, pela entrada do pecado no mundo. O texto de Gênesis cap. 3, que relata a queda do homem, deixa registrados três itens da criação de Deus, que ficaram degenerados por causa do pecado, os quais estão 1

Wilson simerman, Pastor presidente da Assembleia de Deus em tubarão, Bacharel em teologia.

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sendo restaurados através do plano salvífico do Criador. 1. O relacionamento espiritual entre o homem e Deus: V.7 a 10, e V.22 e 23: “Então, disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, pois, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente, o Senhor Deus, pois o lançou fora do Jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora tomado. Rm 3.23: Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus (morte espiritual). 2. O corpo humano: v.16 e 19b: “E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor e a tua conceição: com dor terás filhos... No suor do teu rosto, comerás o teu pão, até que tornes a terra; porque dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás.” (morte física). 3. A natureza terrestre: V. 17 e 18: “...maldita é a terra por causa de ti, com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos e cardos também te produzirá; e comerás a erva do campo. No suor do teu rosto comerás o teu pão...” (deterioração da qualidade de vida). Das

três

fases

de

restauração,

estaremos

desenvolvendo apenas a primeira delas: A restauração do relacionamento espiritual entre o homem e o seu Criador, Deus. Desde que o homem pecou e atraiu a maldição sobre 8


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a raça humana, Deus procurou corrigir o caminho seguido por este, através de providências, que não surtiram os resultados necessários: 1. A tentativa de reiniciar a civilização, fazendo uma seleção humana através do dilúvio, mas na única família que restara, a família de Noé, logo o pecado tornou a manifestar-se. 2. Deus tentou separar uma nação, que servisse a Ele, escolhendo a Abraão e fazendo da sua descendência a nação de Israel. A este povo Ele se manifestou pessoalmente, depois de têlos tirado do Egito, através de grandes e poderosos sinais e deu-lhes através de Moisés, a Lei Mosaica, estabelecendoos na terra de Canaã, donde expulsaram grandes nações e se estabeleceram soberanamente. Desta lei constavam orientações e um culto divino com o sacrifício de animais (especialmente cordeiros), que eram oferecidos em holocausto e cujo sangue era derramado diante de Deus, no tabernáculo, a fim de serem perdoados. Mas, mais uma vez, também isto se mostrou ineficaz, por duas razões. Primeiro, porque este era um expediente provisório, pois não extinguia os pecados, apenas os cobria e a dívida da transgressão continuava perante Deus (Hb 10.11). Segundo, porque este era um culto que estava na mente do povo, mas não no coração e o povo de Deus novamente caiu em transgressão e tornou-se idólatra. Deus levantou 9


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entre eles muitos profetas que tentaram corrigi-los, porém sem o efeito esperado. E durante esse tempo, Deus usou alguns destes mesmos profetas, como o profeta Isaías (cap. 53), para prometer um Salvador, O Messias, como a solução definitiva. 3. Diante desta realidade, Deus permitiu que eles fossem vencidos pelo rei Nabucodonosor e transportados para Babilônia em cativeiro, por 70 anos. Mas após voltarem a sua terra, e ao seu culto, simplesmente transformaram este culto em uma religião, algo mecânico e sem vida, criando inclusive alguns partidos políticos religiosos, como o dos fariseus. E, foi neste contexto que Deus cumprindo a Sua promessa, enviou ao mundo o seu único Filho, Jesus Cristo, nascido da virgem Maria, em Belém de Judá. Ele não foi reconhecido e nem recebido pela maioria da Sua nação. Mas dentre os poucos que o reconheceram, como o Filho de Deus, esteve o profeta João Batista, que ao vê-lo, anunciou-o dizendo: Eis aí o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (João 1.29). Ali estava a manifestação concreta do grande amor de Deus pela humanidade perdida em seus pecados, e por isto o evangelista João registrou as palavras do próprio Jesus a Nicodemos: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crer, não pereça, 10


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mas tenha a vida eterna” (3.16). Jesus escolheu doze discípulos para auxilia-lo e aos 30 anos de idade, iniciou o seu ministério na Galileia e na Judeia, pregando o evangelho, realizando grandes milagres, fazendo muitos discípulos e implantando o Reino de Deus, na terra. Três anos e meio se passam e chega a hora de Jesus encerrar o Seu ministério terreno que culminou com a Sua prisão, julgamento e condenação, seguido de crucificação, em Jerusalém. O cordeiro de Deus cumprira a Sua maior missão, que era a de subir ao altar, simbolizado pela cruz, e dar a Sua vida, voluntariamente, como expiação pelos pecados de toda a humanidade, oferecendo a Deus o Seu próprio sangue, sendo este um sacrifício definitivo, o único aceito por Deus, para o perdão dos nossos pecados (Hb 9.11-14; 22-26). O sangue do Cordeiro de Deus, oferecido a Ele na cruz, se constituiu na moeda de troca para resgatar o homem que havia se vendido a Satanás, como seu escravo e escravo do pecado, o que se destaca em Ap 5.9: “E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir os seus selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus, homens de toda a tribo e povo e nação.” Esta transação, colocou à disposição de 11


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todo o ser humano a liberdade espiritual, constituindo-se o âmago do projeto de Salvação, e designado na Bíblia, como Redenção, Hb 9.12: “Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção.” Sepultado, ressuscitou ao terceiro dia, tendo durante 40 dias se apresentado e dado instruções aos discípulos, sendo depois disto assunto aos céus, onde se encontra à direita do Pai, intercedendo por aqueles que buscam a Salvação e aguardando o momento de voltar para levarnos aos céus. Foi dessa forma, concluído e formalizado diante de Deus, o plano divino, para a nossa salvação e aquisição da vida eterna. Mas, como entrar individualmente na posse desta Salvação? Indagaria você! O primeiro passo é reconhecerse um pecador, e como tal, necessitado da graça e da misericórdia de Deus: Sl 51.3,5: “Porque eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim. Eis que em iniquidade fui formado e em pecado me concebeu minha mãe.”; Rm 7,18-19: “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne não habita bem algum... Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse faço.” V.24: “Miserável homem que sou! 12


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Quem me livrará do corpo desta morte?” O segundo passo, é reconhecer que necessita de um Salvador, e que o único Salvador é Jesus Cristo, At 4.12: ”E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.” O terceiro passo é arrepender-se dos seus pecados e pedir perdão deles, a Deus. Pecar é errar o alvo, portanto andar no pecado é caminhar na direção contrária a Deus, sendo assim que, arrependimento é mudar de direção, Sl 32.5-6: “Confessei-te o meu pecado e a minha maldade não encobri; dizia eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado. Pelo que todo aquele que é santo orará a ti, a tempo de te poder achar; até no transbordar das muitas águas, estas a ele não chegarão.”; Sl 56.13: “Pois tu livraste a minha alma da morte, como também os meus pés de tropeçarem, para que eu ande diante de Deus na luz dos viventes.” O arrependimento somado à fé resulta na conversão e salvação, Ef 2.8: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não em de vós; é dom de Deus.” O quarto e último passo é confessar pela fé, o Senhor Jesus, como o seu Salvador pessoal, Rm 10.9: “A saber: se, com a tua boca, confessares ao Senhor Jesus e, em teu 13


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coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo.”

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2 A POLARIDADE E OS SISTEMAS FECHADOS DA SOTERIOLOGIA. Gesiel Pereira1

A

Soteriologia ou doutrina da salvação é uma das mais eminentes disciplinas da teologia siste-

mática, tendo seu conteúdo fundamental pleno revelado na Palavra soberana do Senhor, formulada por um estudo indutivo das Escrituras. A Soteriologia, em primeiro lugar é bíblica, depois desenvolvida teologicamente. Seu ”espaço”, desenvolvimento e aplicação, que vão, desde a presciência da parte de Deus, passando pelos oráculos divinos transmitidos pelos profetas do antigo pacto e sendo consumada na cruz do calvário na pessoa do Deus encarnado, e dada, gratuitamente a todos, pela graça por meio da Fé, mediante o arrependimento e conversão dos pecadores, seja judeus, seja gentios, não tem sido aceita de uma forma homogênea ou unificada, quando se trata da, Eleição, Predestinação e livre-arbítrio, seja durante o período da 1

Gesiel Pereira, Evangelista pela CIADESCP, Bacharel em teologia pela FATEBOV, coordenador teológico da FAEST, obreiro lotado na Assembleia de Deus em Capinzal.

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era patrística, escolástica, nem pós a reforma protestante, nem tão pouco nos dias de hoje. Neste periódico abordaremos apenas sobre a visão Calvinista (eleição incondicional) e a visão Arminiana (livre-arbítrio) da Soteriologia, que tem sido as duas grandes escolas, no desenvolvimento e aplicação desta doutrina e que infelizmente, tem gerado até um slogan: ”Eu sou Calvinista”. Já do outro lado, “Eu sou Arminiano” sendo que deveriam afirmar, “Eu sou Cristão”, fundamentado nas Escrituras. Argumentar sobre Armínio e Calvino não é tão difícil, porém extrair textos sagrados para uma dogmatização, e fazer uma apologia teológica para estes dois movimentos, não é tanto salutar para uma teologia sistemática que prima por uma teologia bíblica. Claro que o Calvinismo não se resume a doutrina da eleição incondicional, visto que as obras de Calvino muito contribuíram para o Cristianismo. Bem como o Arminianismo não se resume na doutrina do livre-arbítrio, mas, se tornaram seus carros-chefes e isto é necessário analisar. O CALVINISMO E O ARMINIANISMO COMO SISTEMAS FECHADOS Toda dogmatização, geralmente, se torna um 16


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sistema fechado. Segundo Dr. Chanplim, geralmente muitas Teologias são sistemas fechados, sendo assim, compreendemos por que calvinistas e arminianos nunca chegaram a uma concordância teológica, até porque se fortificar em sistemas fechados é conforto e segurança, para não ir além daquilo que já é suficiente. Mais esquisito ainda é quando afirmo que sou de um sistema e vivo em outro. Pode-se observar isto, muitas denominações dizem ser arminianos, porém pregam o Calvinismo, e, vivem o livre-arbítrio ou vice-versa. Quantas vezes você também já não presenciou isto? (“Tantos que estão, lá no mundo, mas Deus te Escolheu”)

(“Tenho vinte

na minha família, mas Deus escolheu apenas eu”). Claro que isso acontece geralmente de forma subjetiva e não objetiva, mas não deixa de ser um problema concernente ao mal entendimento da Soteriologia. Ainda que dualismo não exista dentro da teologia, apenas na filosofia, mas em relação ao Calvinismo e Arminianismo, gerou algo “dual” onde tal sistema tem se transformado negativamente em relação ao outro sistema, porém qual dos dois movimentos está errado? Sendo que os dois se fundamentam nas Escrituras com uma gama enorme de textos para sua apologia. Tanto o Calvinismo, bem como o Arminianismo não são movimentos totalmente criados 17


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pelos seus defensores, foram apenas fundamentados com um pensar teológico mais refinado. Agostinho já pensava e ensinava sobre eleição de alguns e rejeição para outros, então por que Calvino não lançou as âncoras da eleição incondicional na teologia agostiniana? Por que a teologia agostiniana faz parte da teologia católica, da qual Calvino, como reformador, era um oponente. Da mesma forma, Armínio foi o maior expoente do livre-arbítrio, porém a gênese desta doutrina não teve início apenas no século XVI, apenas fundamentou-a de uma forma brilhante a sua teologia. Muitos séculos antes, Erasmo já defendia o livre-arbítrio em contradição com a teologia de Agostinho. Os sistemas fechados de Calvino e Armínio quase geraram uma guerra civil nos Países baixos, onde o Sínodo de Dort (1618 -1644), de maneira injusta ou não, condenou a teologia Arminiana. Sendo que esta, não poderia ser ensinada nos Países baixos. As Igrejas Presbiterianas, Reformada, Episcopal, foram as maiores disseminadoras da teologia de Calvino, por outro lado, John Wesley fez renascer a teologia arminiana do livrearbítrio. Os pontos principais da doutrina de Calvino são: a) Eleição incondicional; b) Expiação limitada aos eleitos; c) Depravação total; d) Graça irresistível; e) Perseverança ou segurança eterna do Crente. Já a teologia arminiana 18


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consistia em fundamentos totalmente contrários: a) Eleição condicional; b) Cristo morreu por todos, embora somente os crentes sejam salvos; c) O homem é tão depravado que a graça divina é necessária tanto para fé como para as boas obras; d) A graça é resistível; e) É necessário perseverar para ser salvo. A POLARIDADE DA SALVAÇÃO Por polaridade se compreende aquilo que tem dois polos, sendo assim, é impossível compreender totalmente algo se observar apenas um dos “polos”. Podemos até estudar a imanência de Deus, porém não teremos a totalidade de Deus se não estudarmos a Sua transcendência, podemos até estudar o lado humano ou divino de Cristo, mas afirmar apenas um dos polos é entrar em contradição com uma das natureza de Cristo, seja a divina ou seja a humana. Quantos líderes religiosos, por observar apenas um dos polos, não negaram, seja a divindade ou humanidade de Cristo? Ou a transcendência ou imanência de Deus? Sendo assim, a polaridade, em muitas doutrinas bíblicas, só não é necessária, como é obrigatória. Tratando-se de Soteriologia, principalmente nesta questão, Eleição e livre-arbítrio, não que seja possível uma conciliação das duas doutrinas, mas simplesmente 19


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observando os polos, de cada uma delas, cada uma das duas doutrinas tem seu texto prova (capítulos ou versículos) das Escrituras, o que não pode ser negado tão facilmente. O grande problema do Calvinismo e Arminianismo com seus sistemas fechados é querer tornar o autor, ou escritor das Escrituras, um sistema fechado, de pensamento condicional aos seus sistemas, manipulando assim o próprio pensamento do autor ou escritor sagrado. O apóstolo Paulo, por exemplo, fala sobre a predestinação e Eleição em (Rm 8.28-30). O apòstolo usa o pronome demonstrativo, mais a preposição (de - daqueles) que dá a construção do texto ”...daqueles que são chamados por seu decreto” (vs28). Temos neste texto uma base para o sistema fechado dos calvinistas, porém afirmar que o apóstolo pensava que apenas alguns foram eleitos para a salvação, e outros não, é tornar a teologia do apóstolo um sistema fechado, visto que o próprio apóstolo escrevendo para o pastor Tito, expondo o seu conhecimento teológico dizendo: “Porque a graça de Deus se manifestou trazendo salvação a todos os homens” (Tt 2.11). Neste texto, há o ponto de apoio para a doutrina do livre-arbítrio. Parece um paradoxo, mas na verdade, é a polaridade da Soteriologia neste quesito. Tantos outros textos-provas são encontrados nas Escrituras, onde o mesmo autor ora 20


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direciona o seu olhar para uma direção, ora para outra direção. Não chamamos isto de confusão escriturística, mas sim de polaridade. Há teologias que observam apenas para um lado, negando verdades necessárias, que estão contidas em teologias, assuntos em que muita das vezes não são adeptos e isto gera extremismos teológicos não viáveis para o desenvolvimento de uma doutrina bíblica satisfatória. Lawrence O. Richards, em seu comentário histórico-cultural do Novo Testamento, argumentando sobre o capítulo primeiro Efésios sobre a eleição e a predestinação, faz o seguinte comentário: “Deus é soberano” e “o homem tem livre-arbítrio” parecem contraditórias. Mas, biblicamente, o ensino que Deus escolhe, predestina e deseja está no lado do convite - quem desejar, poderá vir- sem nenhuma espécie de contradição. (p.422) O objetivo deste argumento teológico, não é, interpretar ou explicar a doutrina da eleição, predestinação e do livre-arbítrio, mas abordá-la, com intuito de fazer refletir as dificuldades que encontraremos quando optarmos por permanecermos apenas em um “polo” que denominamos de: sistema fechado teológico. Toda teologia sistemática, que não está presa a um sistema teológico fechado, e 21


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consegue assimilar que, verdades absolutas às vezes estão em lados opostos, não terá dificuldade para compreende e aceitar que a eleição e a predestinação envolvem o lado divino da Salvação e o livre-arbítrio o lado humano para a salvação e isto não é excluir Deus da Sua soberania, muito menos incluir o homem numa posição de igualdade, de decidir por Deus.

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EU, EXTRATERRESTRE

A

Sérgio Lenz 1

vida é estranha. Quanto mais vivo, mais aprendo e mais

descubro que nada sei. Existe paradoxo maior? Aprendo diuturnamente que nada sei. Outro dia, em minhas meditações durante as orações, veio ao meu coração uma assertiva estranha: Vivemos nosso Cristianismo em busca do título de “EXTRATERRESTRE”. Parece um tanto cômico, mas pense assim: Queremos ser bênção para o mundo; queremos ser o sal da terra; queremos ser a luz do mundo; queremos ser porta-voz de Cristo aos homens; queremos refletir a santidade de Deus aos homens; queremos viver a Palavra para enfim, após vivermos como cidadãos celestiais, sermos dignos de habitar o tabernáculo celestial. E devemos ser tudo isso mesmo. 1

Sergio Lenz: Bacharel em Teologia, pastor auxiliar na Assembleia de Deus em São José, professor de teologia, coordenador de teologia na AD são José.

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O grande problema é que esquecemos de que não somos do mundo, porém vivemos no mundo. Fazemos parte do mundo. Somos habitantes do planeta Terra com cidadania e CPF. Ou seja, as tragédias e calamidades inerentes ao ser humano também estão disponíveis a nós, cristãos. É maravilhosa a experiência de orar por um enfermo e vê-lo sendo curado. É gratificante anunciar a verdade do Evangelho ao “peregrino” e acompanhá-lo na experiência de ter um encontro salvífico com Cristo. É reconfortante ter uma palavra de fortalecimento a uma mãe que tem seu filho nas drogas. É encantador aconselhar um jovem casal quanto às dificuldades de adaptação dos primeiros tempos da vida a dois. É admirável repassar toda a nossa experiência de vida a um jovem que está na crise da puberdade. Enfim, é bom pregar aos outros. Mas quando somos nós que estamos inseridos em algum contexto de crise e tragédia? E quando os problemas batem em nossa própria porta? Eu, por exemplo, tenho prazer em orar pelos outros para serem curados de suas enfermidades, todavia quando eu mesmo estou doente, me isolo em algum canto para “lamber as feridas” e não ver ninguém até que esteja novamente convalescido. É aí que Deus ministrou ao meu coração essa verdade: 24


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Eu não sou extraterrestre! Sou carente da graça, aquela mesma graça que o Senhor ofertou ao apóstolo Paulo quando este orou pedindo que Deus tirasse o espinho de sua carne. “A minha graça te basta.” Deus ainda hoje está dizendo para mim e você: A minha graça te basta, filho meu. A serpente no paraíso tentou dizer o inverso para Adão e Eva quando, ofertando o fruto proibido, afirmou que ambos teriam os olhos abertos e seriam semelhantes a Deus, conhecendo o bem e o mal. Em outras palavras, eles estariam acima dos problemas. Não estamos acima dos problemas e como diz o velho adágio: “Se a barba do vizinho está queimando, põe a tua de molho”. Ao ver seu irmão em sofrimento não julgue nem tente entender o porquê, pois, a exemplo de Jó, certas coisas não têm explicação, apenas devem ser aceitas, como aceitamos o bem proveniente de Deus. No último capítulo de Efésios, três vezes Paulo se refere a “estar firmes”, pois o dia mal vem. Quem sabe esse tem sido o motivo pelo qual muitos cristãos hodiernos têm sucumbido diante dos traumas emocionais oriundos das infrutíferas tentativas de sucesso, prosperidade e fama tão prometidas em festivais de palratórios evangélicos vazios. Acreditam 25


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que, ao ingressarem no corpo de Cristo estarão, como extraterrestres, dentro de uma nave espacial imune às intempéries do planeta, esquecendo que o corpo de Cristo foi (e o é diariamente) surrado, moído e crucificado em favor deste mundo. Resumindo, nem eu, nem você somos extraterrestres. Apesar de não sermos adeptos da “teologia da pobreza e da miséria”, sim, ela poderá bater à nossa porta se isso for do agrado do Senhor por algum motivo que só saberemos na eternidade. “Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós, para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse; mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis.” I Pe 4:12,13

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AS EVIDÊNCIAS DA SALVAÇÃO Orlando Martins1

“Porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade. Também, nele, estais aperfeiçoados.” Cl 2:9-10

A

cerca da salvação, existem muitas teorias e linhas de pensamento, entretanto só existe um

caminho que conduz o homem a salvação: “Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.” (João 14:6). Portanto o Cristianismo é um relacionamento todo-suficiente com um Cristo todo-suficiente, sendo que assim como Cristo é absolutamente santo e divino, também nós somos totalmente suficientes nele, pois quando o adoramos em espirito e em verdade, não precisamos de nada além dele. 1

Orlando Martins, Vice-presidente da AD Mais de Cristo em Florianópolis; Pastor auxiliar; Bacharel em teologia e jornalismo; Especializando em educação; Escritor; Diretor da Faculdade Mais de Cristo e professor de matérias teológicas na FAEST e em outros seminários e faculdades no estado de SC.

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A Nossa suficiência em Cristo Contudo alguns querem impor o legalismo e a religiosidade como condição de salvação, mas esquecem de que Cristo já conquistou a nossa salvação na Cruz e para isso basta crer e confiar. Contudo, como crentes em Cristo e estudantes da Palavra, devemos buscar cada vez mais o aprimoramento na verdade que é Cristo, para que possamos não apenas crescer em conhecimento, mas também em fé, graça, amor, compreensão, humildade e principalmente nos tornarmos mais quebrantados e cheios do Espírito Santo e assim o adorarmos em espírito e em verdade. Fruto do Espírito: Expressão do caráter de Cristo em nossas vidas O Espírito Santo efetua no cristão a santificação e Ele o inclina para as coisas do Espírito (Rm 8:5,8 e 9) e contenda com as coisas da carne e gera em cada cristão a santificação por meio do fruto do Espírito que são expressões do caráter de Cristo em nossas vidas. A ação do Espírito em favor de cada cristão vai transformando este de glória em glória de valor em valor, fazendo com que cada cristão se torne mais parecido com Jesus, até porque o grande poder do evangelho não é a mudança externa, 28


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mas sim a interna, haja vista que o evangelho não envolve o legalismo, regras ou dogmas, mas sim o amor, a paz e a justiça, pois a proposta de Jesus vai além do pacotinho da religiosidade, envolvendo a subordinação à vontade de Deus em detrimento da vontade pessoal, ação precedida de arrependimento e eivada de esperança. Todo seguidor de Cristo deve ficar ciente que será incompreendido por muitos, mas aceito por aqueles que foram alvos da verdade, pois neste devemos sempre nos lembrar de que o Senhor procura por adoradores que o adorem em espírito e em verdade, independente das situações. Adoração como estilo de vida Adoração não é apenas um mero conceito, ou um momento de cântico no culto, mas um estilo de vida que desafia os paradigmas impostos pelo legalismo ilógico e pelo dogmatismo árido. Contudo, paradoxalmente do que este ou aquele grupo fala ou defende, devemos nos pautar na Bíblia e ela nos ensina claramente que Cristo riscou a cédula que era contra nós, cravando-a na cruz. Somente em Cristo existe misericórdia, pois no calvário existe completo perdão, completa salvação e completa vitória. Quando compreendemos a essência de nossa suficiência em Cristo, sabemos que nele, apenas nele temos a nossa 29


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vitória, pois nele estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do entendimento. A misericórdia como ato da graça divina em nossas vidas Os escritores bíblicos expressam o quanto conheciam da misericórdia de Deus apresentando Deus como aquele que se compadece, como o pai misericordioso e compassivo (Sl 51 e 103). Como servos de Deus somos desafiados diariamente a usar da mesma misericórdia. “Bem aventurado os misericordiosos” (Mt 5:14). Somos discípulos do Senhor porque fomos alcançados um dia pela Sua misericórdia: “Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas nos vivificou juntamente com Cristo” (Ef 2:4-5). O discípulo não perdoou para ser perdoado; mas este deve exercer a prática do perdão porque um dia também foi perdoado, reconhecendo o quanto Deus tem sido misericordioso com ele. Segundo o teólogo alemão Dietrich Bonhoeffer: “O misericordioso empresta a honra própria ao descaído e toma sobre si a sua vergonha, procura a companhia dos publicanos e pecadores, suportando prazerosamente a vergonha de sua companhia”. Assim, que o exercício da misericórdia seja a razão de ser 30


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de nossa missão evangelística! De acordo com os ensinamentos de Cristo, somente quando perco minha vida eu a encontro. Quando me entrego como sacrifício vivo ao Senhor, coloco-me à disposição do meu próximo, sendo que quanto mais eu me aproximo de Cristo, mais exerço minha missão e assim encontro a verdadeira razão de minha existência: O Serviço Cristão.

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5 TRÊS TEMPOS DA SALVAÇÃO.

S

Sadrac Pereira 1

alvação é um termo muito amplo. C. I. Scofield, no seu comentário sobre Rom. 1:16, diz muito

aptamente: “As palavras hebraicas e gregas para salvação implicam as ideias de livramento, segurança, conservação, cura e santidade”. Salvação é a grande palavra inclusiva do Evangelho, reunindo em si todos os atos e processos redentivos: como justificação, redenção, graça, propiciação, imputação, perdão, santificação e glorificação. Salvação, portanto, no seu sentido lato, tem que ver tanto com a alma como com o corpo, com a vida presente bem como com a futura. Ela faz referência não só à remissão da penalidade do pecado e à remoção de sua culpa, mas também à conquista do hábito do pecado e à remoção final da presença do pecado no corpo. É só pelo reconhecimento disto que alguém pode agarrar o alcance 1

Bacharel em teologia (FEPAR), Bacharel em filosofia (UFPR), Licenciado em filosofia (BAGOZZI). Pós-graduado em gestão escolar (UCP) e docência do ensino religioso (FACEL); Mestrado livre em teologia (SETEFI) sadracpereira@msn.com

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completo da doutrina bíblica de salvação. E é só por se poder classificar cada passagem que trata da salvação na base dos fatos precedentes que alguém pode evitar a confusão na mente do crente mediano. Podemos realizar este fim melhor notando que se fala da salvação em três tempos e considerando cuidadosamente cada tempo. Todos os três tempos estão rascunhadamente somados em 2 Cor. 1:10 “Que nos livrou (passado) de uma tão grande morte e livra ainda (presente); em Quem confiamos que ainda nos livrará (futuro)”. I. O TEMPO PASSADO DA SALVAÇÃO “A tua fé te salvou” (Lc. 7:50). “Pela graça fostes salvos por meio da fé” (Ef. 2:8). “... que nos salvou e chamou com uma santa vocação” (2 Tim. 1:9). “... salvounos segundo Sua misericórdia” (Tito 3:5). Todas estas passagens e muitas outras como elas falam da salvação como uma obra terminada no passado. Este tempo de salvação coincide com a santificação passada do crente. Ela tem que ver com a alma; com a remissão da penalidade do pecado, a remoção da culpa e mesmo a remoção da presença do pecado da alma. Neste sentido a salvação do crente está completa. Como dissemos da justificação, assim podemos dizer deste 33


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tempo da salvação: é um ato e não um processo: ocorre e se completa no momento em que o indivíduo crê; não admite graus nem estágios. É sob este tempo de salvação que devemos classificar as passagens que falam do crente como possuindo vida eterna agora. Vide João 5:24, 6:47, 17:2,3; 1 João 3:13, 5:11,13. Isto quer dizer, simplesmente, como expresso em João 5:24, que o crente passou de sob todo perigo de condenação e do poder da segunda morte. II. O TEMPO PRESENTE DA SALVAÇÃO “A palavra da cruz é loucura para os que se perdem; mas, para nós que estamos salvos (marg., estamos sendo salvos) é o poder de Deus” (1 Cor. 1:18). O particípio grego na passagem supra está no tempo presente e denota “aqueles sendo salvos, o ato... estando em progresso, não completado” (E. P. Gould). É com referência ao tempo presente da salvação que Fil. 2:12 fala, quando diz: “Operai a vossa própria salvação com temor e tremor.” O sentido desta passagem é que os crentes filipenses tiveram de efetivar em suas vidas a nova vida que Deus implantara nos seus corações. Outras passagens há nas quais a salvação não está mencionada, as quais, não obstantes, referem o processo 34


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presente de salvação, tais como Rom. 6:14; Gal. 2:19,20; 2 Cor. 3:18. No tempo presente da salvação os crentes estão sendo salvos, através da obra do Espírito morador, do hábito e domínio do pecado. A salvação é, assim, equivalente à santificação progressiva: não tem que ver com a alma nem com o corpo, mas com a vida. III. O TEMPO FUTURO DA SALVAÇÃO Nas passagens seguintes a salvação é falada como algo ainda futuro: Rom. 5:9,10, 8:24, 13:11; 1 Cor. 5:5; Efe. 1:13,14; 1 Tess. 5:8; Heb. 10:36; 1 Ped. 1:5; 1 João 3:2,3. Em Rom. 8:23 Paulo nos fala do que é, em geral, esta salvação futura. “É a redenção de nossos corpos”, o que ele quer dizer é a aplicação da redenção ao corpo de crente. Isto terá lugar na ressurreição dos que dormem em Cristo (1 Cor. 15:52-56; 1 Tess. 4:16) e no rapto dos que estiverem vivos na vinda de Cristo no ar (1 Tes. 4:17). É só então que o espírito regenerado entrará em completa fruição da salvação. Assim lemos que o espírito é para ser salvo “no dia do Senhor Jesus” (1 Cor. 5:5). Este tempo de salvação tem que ver principalmente com o corpo e a presença do pecado no corpo. 35


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É sob esta epígrafe que devemos classificar todas as passagens que tratam da vida eterna como de alguma coisa que o crente receberá no futuro. Vide Mat. 25:46; Mar. 10:30; Tito 1:2, 3:7. Temos assim a bela harmonia que existe entre todas as passagens que tocam o assunto da salvação. Não há conflito entre estas passagens, porque elas se referem a diferentes fases da salvação. Absurdo e herético é qualquer homem tirar um grupo das três, não importa que grupo ele tire, e procurar negar ou nulificar um ou outro, ou ambos, dos dois grupos restantes. O modo da verdade é tomar todos eles corretamente divididos. Seja observado, ao encerrar, que a salvação em todos os seus tempos e fases é do Senhor. Paulo dá-nos o método de Deus no trabalho da salvação, do princípio ao fim em Fil. 1:6 e 2:13. Deus inicia a obra da salvação e a levará até sua consumação. E por toda a caminhada Ele opera em nós “tanto o querer como o fazer Seu bom prazer”. E mais, é tudo de graça pela fé. “Porque nEle se revela a justiça de Deus de fé em fé; como está escrito: O justo viverá pela fé.” (Rom. 1:17).

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