Guia de Estudos - Lutero e a Reforma - CFL

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GUIA DE ESTUDOS Lutero e a Reforma


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Ligonier Connect Guia de Estudos Traduzido do original em inglês Luther and the Reformation Copyright©2011 by R. C. Sproul ▪ Publicado por Ligonier Ministers Copyright©2017 Curso Fiel de Liderança 1ª Edição em Português 2020 ▪ Todos os direitos em língua portuguesa reservados por Curso Fiel de Liderança da Missão Evangélica Literária PROIBIDA A REPRODUÇÃO DESTE CONTEÚDO POR QUAISQUER MEIOS, SEM A PERMISSÃO ESCRITA DOS EDITORES, SALVO EM BREVES CITAÇÕES, COM INDICAÇÃO DA FONTE. ▪ Caixa Postal 1601 CEP 12230-971 São José dos Campos – SP PABX: (12) 3919-9999 www.cursofieldelideranca.com.br

Diretoria Administrativa: Alexandre da Costa Oliveira Diretoria Acadêmica: Tiago José dos Santos Filho Coordenação Pedagógica: Laise Helena Oliveira Tradução: Reinaldo Ribeiro da Silva Franco Revisão: Laise Helena Oliveira Diagramação: Laise Helena Oliveira Capa: Laise Helena Oliveira

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SUMÁRIO

O CURSO FIEL DE LIDERANÇA...............................................................................

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COMO USAR ESTE GUIA.......................................................................................

05

AULA 1 – LUTERO ATÉ O RAIO.............................................................................

07

AULA 2 – CRISES NO MONASTÉRIO E EM ROMA..................................................

13

AULA 3 – A EXPERIÊNCIA DA TORRE..................................................................... 20 AULA 4 – CONSTRUINDO A BASÍILCA DE S. PEDRO...............................................

26

AULA 5 – A CONTROVÉRSIA DAS INDULGÊNCIAS.................................................

32

AULA 6 – CAMINHANDO PARA WORMS..............................................................

39

AULA 7 – A VISÃO ROMANA DA JUSTIFICAÇÃO – I ..............................................

48

AULA 8 – A VISÃO ROMANA DA JUSTIFICAÇÃO – II .............................................

56

AULA 9 – A VISÃO PROTESTANTE DA JUSTIFICAÇÃO ...........................................

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AULA 10 – RESPOSTAS ÀS OBJEÇÕES ROMANAS..................................................

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O CURSO FIEL DE LIDERANÇA O Curso Fiel de Liderança (CFL) é o ministério de educação teológica da Missão Evangélica Literária (Ministério Fiel), idealizado há mais de 20 anos pelo missionário Richard Denham Jr., fundador da “Fiel”, que tem como alvo primário oferecer aos pastores, líderes, professores e estudantes de teologia uma oportunidade de refletir e aprofundar seus conhecimentos em temas bíblicos, baseados em uma cosmovisão reformada, cooperando com o seu crescimento na fé e na sã doutrina, o que será refletido em seu ministério de ensino e instrução do povo de Deus, na igreja local. Em 2011, o CFL ganhou corpo, com o planejamento do primeiro curso. As gravações das aulas tiveram início no ano de 2012. A quantidade de cursos foi aumentando até que, em 2017, surgiu o CFL Assinatura, através do qual o estudante acessa uma plataforma com diversos cursos, vídeos das Conferências Fiel, audiolivros, palestras, workshops, entre outros recursos. O número de cursos oferecidos pelo CFL tem crescido consideravelmente ano a ano. O CFL, em parceria com diversas instituições nacionais e internacionais possui um corpo docente composto por brasileiros e estrangeiros, mestres e doutores em teologia, que têm se dedicado ao ensino e influenciado positivamente o cenário teológico contemporâneo. O Curso Fiel de Liderança zela pela qualidade teológica dos cursos oferecidos para que você, ao estudar, seja enriquecido na Palavra. Que o conteúdo deste curso sirva para edificar sua vida e aquecer o seu coração.

Equipe CFL Ministério Fiel

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COMO USAR ESTE GUIA Este Guia de Estudos foi desenvolvido para ser utilizado juntamente com as aulas do curso Lutero e a Reforma. Se você é um aluno assinante no CFL, tem permissão para fazer o download desse material que se encontra no Portal do Aluno. Este recurso tem a finalidade de colaborar com os seus estudos pessoais, através de um melhor aproveitamento do conteúdo do curso. Neste guia, para cada aula, você encontrará uma breve introdução; indicações de leituras bíblicas, as quais consideramos extremamente importantes, pois auxiliarão na fixação da matéria ministrada; uma descrição dos objetivos do processo de aprendizagem; uma ou mais citações que corroboram com o conteúdo ministrado em aula; o esboço da aula; exercícios de fixação (a quantidade de exercício proposta no guia excede o número proposto ao longo do curso) e exercícios de reflexão. Algumas dessas atividades foram utilizadas ao longo do curso. Assim, nossa recomendação é para que, embora tenhamos parte do Guia de Estudos nas atividades do portal, você o imprima e o utilize durante o acompanhamento das videoaulas, sabendo que essa atitude será enriquecedora para seus estudos particulares. Oramos para que este Guia de Estudos seja enriquecedor para seus estudos.

Equipe CFL Ministério Fiel

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AULA 1 LUTERO ATÉ O RAIO

Introdução Protestantes de todo o mundo celebram as suas diferenças da Igreja Católica Romana com orgulho e regularidade. Entretanto, quantos conhecem realmente a história que está por trás desta separação? O velho ditado “Você não pode saber aonde está indo, sem saber de onde você veio”, pode até não ser aplicável em todas as situações; mas ao ver o triste estado da ortodoxia bíblica das igrejas protestantes atuais, entendemos o valor deste antigo provérbio. Os acontecimentos que culminaram na Reforma do século XVI, ocorreram em resposta ao entendimento equivocado, descuidado e alterado da Palavra de Deus, defendidos pela Igreja Católica Romana. Nesta primeira aula deste curso, o Dr. Sproul apresenta o homem que desafiou este errado estado de coisas e acendeu a chama da mudança que queima até os dias de hoje: Martinho Lutero.

Leitura Bíblica Diz o insensato no seu coração: Não há Deus. Corrompem-se e praticam abominação; já não há quem faça o bem. Do céu olha o Senhor para os filhos dos homens, para ver se há quem entenda, se há quem busque a Deus. Todos se extraviaram e juntamente se corromperam; não há quem faça o bem, não há nem um sequer. – Salmos 14:1-3

Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer. – Romanos 3:10-12

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Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. – Romanos 7:18-19

Objetivos da Aula 1. Entender a teologia católica romana do sacerdócio. 2. Familiarizar-se com os eventos pessoais que levaram Lutero a empreender a sua transição para a vida monástica. 3. Compreender a sua astuta percepção da natureza das leis e a sua aplicação na vida.

Citação "Hoje vocês queimam um ganso, mas daqui a cem anos um cisne surgirá que vocês serão incapazes de cozer ou assar" – Jan Huss

Esboço 1.

AS RAÍZES DA REFORMA

A. A frase latina “post tenebra, lux” – depois das trevas, luz – traduz o sentido da Reforma do século XVI. Estas “trevas” se referem à compreensão errônea da Bíblia que a cristandade foi desenvolvendo gradualmente, durante a chamada Idade das Trevas, depois, durante a Idade Média, e entrando na época da própria Reforma. B. A Teologia do Sacerdócio dominava a igreja. E o sacerdotismo propunha que a salvação só poderia ser alcançada através das ministrações da igreja, através de seus sacerdotes; e, particularmente, por meio da administração dos sacramentos. C. Os reformadores responderam a este sistema mais enfaticamente no século XVI. No entanto; eles não viam a sua reação como revolucionária, mas apenas como um

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trabalho de reforma, chamando o povo a voltar para as formas originais de culto, e para a teologia da igreja apostólica.

2.

AS RAÍZES DE MARTINHO LUTERO

A. Lutero nasceu em 1483, em Eisleben, Alemanha, filho de Hans e Magareth, um casal de Camponeses. A engenhosidade de Hans levou a família da pobreza a uma boa situação financeira, e ele aspirava para seu filho, Martinho; que se tornasse um proeminente e rico advogado. B. Desde a sua juventude, Lutero mostrou aptidão para os estudos, e recebeu um diploma de Mestre em Artes da Universidade de Erfurt; e foi arrolado no curso de direito da mesma universidade. A sua educação clássica (na qual aprendeu também o latim), assim como os seus estudos de direito, o ajudaram grandemente pelo restante de sua vida. C. Em julho de 1505, um raio quase atingiu Lutero quando ele andava para casa voltando da universidade. Ele gritou: “– Santa Ana, Me Acuda! Prometo me tornar um Monge!”. Ele escapou. E interpretou esta situação como um sinal de Deus. Por este motivo; e também para cumprir seu voto, ele entrou para o rigoroso monastério agostiniano que havia em sua cidade, o que entristeceu muito a seu pai. D. Lutero se entregou totalmente às suas funções monásticas, buscando ganhar a sua passagem para o céu através de uma vida de monge rígida e reta. Não obstante, ainda que ele tivesse um exercício contínuo de disciplina espiritual, Lutero não conseguia aplacar a culpa que sempre sentia dentro de si. A sua mente, exercitada no direito, aplicava meticulosamente os mandamentos de Deus a si mesmo; e ele buscava incessantemente a experiência real de ter o alívio que vem do perdão de seus pecados, que estavam sempre presentes em sua mente e coração. O monastério não conseguia oferecer nada para aliviar a sua consciência.

Exercícios de Fixação 8


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1. A frase latina “post tenebras, lux” que traduz o sentido da Reforma quer dizer, literalmente ____________. a. A luz sobressai sobre as sombras. b. Depois das trevas, luz. c. Um retorno a verdade. d. O Evangelho é a luz.

2. Os reformadores do século XVI se uniram, e se organizaram, para fazer uma revolta contra a igreja e contra a cristandade histórica. a. Verdadeiro b. Falso

3. Depois que Lutero concluiu a sua educação clássica e um mestrado em artes, ele se inscreveu na universidade de Erfurt para estudar ___________. a. Filosofia b. Engenharia c. Matemática d. Direito

4. Havia uma pergunta rotineira, feita aos que estavam sendo admitidos no monastério: “O que você está procurando?”. Lutero respondeu a esta pergunta com o seguinte: a. Alimento e água. b. A graça e a misericórdia de Deus. c. Absolvição. d. A entrada no céu.

5. Qual foi o mártir tchecoslovaco que predisse a eminência de um reformador que a Igreja Católica Romana não conseguiria silenciar? a. John Wycliffe 9


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b. Hugh Latimer c. Nicholas Ridley d. Jan Huss

6. Lutero encontrou verdadeiro conforto e alívio no confessionário. a. Verdadeiro b. Falso

Exercícios de Reflexão 1. A respeito de quais trevas o lema dos reformadores, “post tenebras, lux”, se referia? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

2. Explique o sacerdotalismo. Como a Escritura lida com esta posição teológica? Consulte textos bíblicos específicos a respeito. _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

3. Como é que os reformadores do século XVI explicavam que a sua resistência à Igreja Católica Romana era uma reforma e não uma revolução? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

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4. Leia Romanos 3:20. O que diz Paulo a respeito do uso da lei para a justificação dos pecadores? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

5. Usando os argumentos discutidos na questão 4; o que ocasionou a luta interna de Lutero com o pecado e o perdão, ao se deparar com o entendimento que a Igreja Católica tinha do pecado e do perdão? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

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AULA 2 CRISES NO MONASTÉRIO E EM ROMA

Introdução A palavra “santo” tem sido apregoada muito frequentemente na cultura contemporânea. Alguns utilizam o termo ligado a ideias arcaicas, ou sagradas; ou ainda a itens pertencentes a antigas civilizações. Outros combinam este adjetivo com uma expressão repentina de espanto ou maravilha. Infelizmente, o uso leviano deste termo designativo, acabou por tirar dele o seu significado único; pois apenas o único Deus vivo e verdadeiro, e, consequentemente, as pessoas e as coisas que ele separa são santas. Martinho Lutero compreendeu este princípio com astúcia. Nesta aula, o Dr. Sproul expõe a impossibilidade de Martinho Lutero em reconciliar a sua culpa com a santidade de Deus, por meio das tradições e práticas da Igreja Romana.

Leitura Bíblica Disse o Senhor a Moisés: Fala a toda a congregação dos filhos de Israel e dize-lhes: Santos sereis, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo. Cada um respeitará a sua mãe e o seu pai e guardará os meus sábados. Eu sou o Senhor, vosso Deus. Não vos virareis para os ídolos, nem vos fareis deuses de fundição. Eu sou o Senhor, vosso Deus... Portanto, santificai-vos e sede santos, pois eu sou o Senhor, vosso Deus.... Ser-me-eis santos, porque eu, o Senhor, sou santo e separei-vos dos povos, para serdes meus. – Levítico 19:1-4; 20:7, 26

Viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração; – Gênesis 6:5

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Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a opressão não podes contemplar; por que, pois, toleras os que procedem perfidamente e te calas quando o perverso devora aquele que é mais justo do que ele? – Habacuque 1:13

Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós. – 1 João 1:810

Objetivos da Aula 1. Compreender melhor a situação terrível na qual Lutero se encontrava, interna e externamente. 2. Destacar a angústia que Lutero viveu em relação a sua culpa diante das exigências da Lei de Deus; 3. Analisar as crises de fé que a culpa criou dentro dele.

Citação Nunca deixo de me surpreender com milhões e milhões de pessoas passam suas vidas sem nunca pensar sobre o que vai acontecer com elas quando estiverem diante do Deus santo, para prestarem contas de cada palavra ociosa que disseram. - R. C. Sproul

Esboço 1.

O INÍCIO DA VIDA MONÁSTICA DE LUTERO

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A. Estudiosos de muitas áreas no século XX, examinaram a vida e o comportamento de Lutero buscando esclarecer as razões de sua posição contrária à Igreja Católica Apostólica Romana. B. Estes estudos os levaram a analisar a sua maneira diferenciada de desafiar os seus oponentes, e de usar uma linguagem crítica, mordaz, e até mesmo maliciosa para descrevê-los. Por outro lado, os psicólogos, em particular, ficaram fascinados ao ver o sentimento de culpa que Lutero sentia em relação aos seus próprios pecados. C. Apesar de seus maiores esforços, que incluíam longas confissões, autoflagelações, e muitas outras formas de rigor ascético, Lutero não obtinha paz de espírito e nem aplacava a sua consciência. O desespero prevalecia em seu coração, até ao ponto no qual ele passou a odiar veementemente a Deus, por causa do julgamento que ele sabia que estaria esperando por ele por conta de seus pecados. D. Lutero levava a Escritura a sério, e, diferente de muitos outros, não tentava negar ou racionalizar a sua iniquidade. Ele constantemente a colocava diante de si mesmo com toda a clareza, e, conhecendo as exigências da Lei de Deus, Lutero temia tremendamente o juízo divino. Ele nem mesmo se atrevia a ministrar o sacramento da Eucaristia (que era uma prerrogativa apenas dos sacerdotes ordenados); pois o simples pensamento de estar na presença do Santo Cristo (de acordo com a doutrina católico romana da transubstanciação, na qual os elementos da Ceia do Senhor se transformam no corpo e sangue de Cristo, no momento em que o padre faz esta invocação), o aterrorizava até o deixar sem fala.

2.

A PEREGRINAÇÃO DE LUTERO ATÉ ROMA

A. As peregrinações na era medieval constituíam uma parte importante da vida cristã, de acordo com a tradição católica. Nestas peregrinações, uma pessoa podia receber diversas indulgências e o perdão de pecados, o que contribuía tanto para uma melhor vida na terra; quanto para o purgatório (o processo de purificação pelo qual a alma vai se preparando para sua entrada no céu). Isto era obtido pelo contato com relíquias que foram santificadas por terem sido usadas por santos do passado.

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B. O monastério de Lutero o premiou a ele e a um colega com uma oportunidade de viajar para Roma, que era um dos principais destinos para peregrinos ansiosos; devido a abundância e a importância das relíquias hospedadas ali no centro da Igreja Católica Romana. C. Ele chegou em Roma em 1511 e ficou pasmo com aquilo que viu. O sacerdócio praticava todo o tipo de corrupção

imaginável;

desde

a

extorsão

até

a

promiscuidade sexual; e esta visão criou uma cicatriz permanente na mente de Lutero. D. Apesar deste grande desapontamento com o estado em que se encontrava o clero, Lutero ainda manteve o seu objetivo de praticar alguns ritos em sua peregrinação. Um destes ritos incluía subir os degraus sagrados da escada da Igreja de Latrão (esta escada foi, supostamente, transportada de Jerusalém para Roma pelos cruzados; e seria a escada pela qual Cristo subiu no dia do seu julgamento diante de Pilatos). E. Depois de haver cumprido todo um ritual elaborado de penitência, Lutero chegou ao topo da escada. Chegando ali, ele apenas experimentava uma sensação de dúvida extrema, a respeito da veracidade das crenças da igreja. Esta dúvida o perseguiu e o afligiu pelos próximos cinco anos.

Exercícios de Fixação 1. De acordo com aquilo que era comumente usado nas técnicas de debate daquela época; Lutero chamou aqueles que discordavam dele de ___________ . a. idiotas desajeitados b. adversários respeitáveis c. cães d. “atrações de segunda classe”

2. A corrupção dentro do clero atingiu um ponto bem baixo durante os séculos XV e XVI. a. Verdadeiro 15


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b. Falso

3. O melhor caminho, nos tempos de Lutero, para assegurar a sua salvação era entrar para as ordens sacras, possuir uma santa vocação e, especialmente, entrar para um monastério. a. Verdadeiro b. Falso

4. Lutero não pronunciava a oração de consagração sobre os elementos da Eucaristia, porque ele ____________ a. realmente acreditava que se encontrava na divina presença de Cristo, o que o deixava aterrorizado. b. ele esquecia as palavras. c. alguns de seus colegas monges protestaram em alta voz. d. ele não acreditava na transubstanciação.

5. Lutero e muitos outros cristãos tentavam obter as indulgências, subindo os degraus da escada sagrada: a. Nas mãos e joelhos. b. Nas suas barrigas. c. Correndo rapidamente. d. Em silêncio.

6. Lutero experimentou conforto para sua alma no momento em que alcançou o topo da escada de degraus sagrados. a. Verdadeiro b. Falso

Exercícios de Reflexão 16


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1. Porque muitos acadêmicos, psicólogos em particular, acham intrigante a vida e o procedimento de Lutero? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

2. Os monges da Idade Medieval (e depois disto) praticavam diversas formas de ascetismo (com a crença de que a negação pessoal faz crescer em espiritualidade). De onde é que foi tirada esta noção? Ela está correta? Explique.

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3. Qual é o modo mais comum das pessoas racionalizarem a sua culpa? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

4. Como o cristão pode se colocar diante da santidade de Deus, tendo em mente que nunca estará completamente livre de pecar durante a sua existência terrestre?

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5. Como você poderia demonstrar a um católico romano a falsidade que existe em venerar relíquias?

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6. Os cristãos precisam passar pelo purgatório após a sua morte física? Explique. _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

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AULA 3 A EXPERIÊNCIA DA TORRE

Introdução As sociedades globalizadas e individualistas, criadas e impulsionadas pelo pecado; operam debaixo da conclusão de que os sucessos e os fracassos na vida, resultam estritamente das decisões e ações de cada indivíduo. Os seres humanos são criaturas autônomas, independentes, entidades completas em si mesmas. E, diante disto, a simples ideia da Justiça Imputada (a aplicação da Justiça de uma pessoa sobre outra pessoa) é um ataque ao cerne desta ideia. No entanto, a própria realidade, dia a dia, contradiz este princípio a todo o tempo. A cada estágio da vida, nós vivenciamos o efeito das ações de outros sobre as nossas vidas de maneira permanente e incontrolável; do mesmo modo que nós estamos causando este mesmo efeito na vida de outros. Nesta aula, Martinho Lutero fica “face a face” com a noção da justiça imputada, um conceito anteriormente inexistente e estranho para ele enquanto estava preso aos ensinos da Igreja Católica Romana.

Leitura Bíblica Eis o soberbo! Sua alma não é reta nele; mas o justo viverá pela sua fé. – Habacuque 2:4

Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego; visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé. – Romanos 1:16,17

(...) e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de 19


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Deus. Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção, – Coríntios 1:28-30

Objetivos da Aula 1. Descrever como foi a transferência de Lutero de Erfurt para Wittenberg, na qual Lutero iria experimentar a terceira e mais impactante crise de sua vida. 2. Explicar o impacto que a interpretação Bíblica teve sobre Lutero. 3. Introduzir a primeira exposição que Lutero fez a respeito da justificação pela fé somente.

Citação Não importa se você praticamente entrou nas profundezas do Inferno. Não importa se você é culpado de assassinato ou de outro pecado tão vil quanto este. Não importa qual é o ponto em que você está, distante de ser justificado diante de Deus. Você está tão desesperado e perdido quanto a pessoa mais respeitável e com a moral mais elevada do mundo. – Martin Lloyd-Jones

Esboço 1.

A TRANSFERÊNCIA DE LUTERO PARA WITTENBERG

A. Um pouco depois de seu retorno de Roma para Erfurt, Lutero se transferiu para o monastério agostiniano, em Wittenberg, e se juntou a faculdade desta cidade, com o apoio de Frederick, o Sábio; Príncipe-Eleitor da Saxônia. B. Frederick desejava transformar Wittenberg em um centro religioso e intelectual que rivalizasse com Roma, e, neste projeto, ele adquiriu mais de 19.000 relíquias para o relicário de Wittenberg; e trouxe alguns estudantes promissores para a universidade, incluindo Lutero. 20


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C. Apesar do pequeno tamanho da cidade de Wittenberg, Frederick exercia grande poder sobre o Sacro Império Romano. Esta autoridade terá um papel importante na vida de Lutero.

2.

O INÍCIO DA VIDA DE LUTERO COMO PROFESSOR EM WITTENBERG

E. Um exímio linguista e um intérprete fora do comum das Escrituras, Lutero iniciou sua carreira em Wittenberg ministrando longas palestras a respeito dos Salmos. F. Os intérpretes da Idade Média, praticamente com exclusividade, utilizavam um método chamado “quadriga” para interpretar a Escritura. Este termo se remete a uma carruagem, ou um carro, puxado à frente por quatro cavalos. E os estudiosos medievais, utilizavam este termo para descrever o método quádruplo de interpretação que usavam. Primeiramente, eles descobriam o sentido literal do texto. Em seguida, o sentido ético. Depois, o místico; e, por fim, o alegórico. G. Lutero desprezava a imposição deste esquema de quadriga para interpretar os textos. Julgava que isto resultava em grandes especulações, e em interpretações imaginativas. Como resposta, ele desenvolveu um método próprio de interpretação, ao qual chamou de “sensus literalis”. H. O sensus literalis (“senso literal”) procura interpretar a Bíblia de acordo com aquilo que está escrito. Ele tem a intenção de compreender a Escritura da maneira como o autor a escreveu, e assim procurar o sentido real do texto; desprezando as interpretações místicas e espiritualizadas da Palavra de Deus. I. em 1515, Lutero recebeu a tarefa de dar estudos no livro de Romanos. E quando ele chegou em Romanos 1:16-17, Lutero experimentou a terceira, e mais importante, crise em sua jovem vida. J. Lutero revoltou-se, inicialmente, com a ideia da “justiça de Deus”, apresentada no versículo 17, pois Lutero entendia que ele nunca conseguiria alcançar as exigências desta justiça de Deus. Mas então, depois de muita reflexão, a compreensão que Lutero tinha deste texto mudou. K. Quando ele leu a declaração “o justo viverá pela fé”, Lutero reconheceu que esta justiça descrita teria que ser recebida passivamente pela fé, e não conquistada 21


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ativamente. Em complemento a isto, uma análise da palavra grega dikaiosune revelou uma falha no entendimento popular da palavra justificação. Utilizando a palavra latina justificare (“tornar alguém justo”), o clero romano acreditava que Deus justificava os seres humanos através da distribuição apropriada e a participação nos sacramentos. Dikaiosune, ao contrário, significava literalmente “declarar justo”, e Lutero compreendeu que Deus é quem declarava uma pessoa justa, por conta de sua aceitação passiva da justiça de um outro. Esta justiça externa, esta justiça “de um outro” é a justiça que pertence a Cristo. L. Esta revelação chocou Lutero. E ele declara ser este o momento no qual o Espírito Santo de Deus despertou o seu espírito para a vida.

Exercícios de Fixação 1. Frederick, o Sábio, possuía o título de “Eleitor da Saxônia”, pois ele tinha poder de voto na eleição __________. a. dos papas b. dos lordes locais c. do clero local d. do Sacro Império Romano

2. Lutero começou a ministrar suas aulas em Wittenberg sobre o livro de __________. a. Provérbios b. Salmos c. Romanos d. Filipenses

3. A quadriga incorporava quatro diferentes formas de interpretação. Na ordem utilizada, elas são ________ . a. alegórica, ética, literal, mística b. literal, ética, mística, alegórica 22


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c. ética, alegórica, mística, literal d. literal, ética, alegórica, mística

4. Lutero desdenhava do sensus literalis e, em lugar dele, preferia interpretar o texto usando a ética. a. Verdadeiro b. Falso

5. A palavra justificare desvendou para Lutero a recepção passiva da justiça no ato de justificação a. Verdadeiro b. Falso

Exercícios de Reflexão 1. Faça uma breve pesquisa a respeito do Sacro Império Romano. Qual a sua origem, e em qual era foi o seu apogeu? Em que condições estava este Império no início de século XVI? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

2. Porque a quadriga levou à tantas interpretações errôneas durante a Idade Média? O que significa “alegórico”? Porque é que este método de interpretação poderia levar a alguns erros dentro da vida da igreja? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 23


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3. Se os autores originais da Bíblia escreveram, com suas penas, a Palavra de Deus, milhares de anos atrás, em países e culturas diferentes, como podem os intérpretes descobrir o sentido original do texto? Será que este sentido pode se aplicar aos dias de hoje? Explique. E procure ressaltar o papel do Espírito Santo em todo este processo. _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

4. Como pode Deus declarar alguém justo? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

5. Você pensa que a cultura mundial, atualmente, enxerga a ideia da imputação da justiça de um outro sobre si, como: 1- Impossível ou 2- repugnante? Explique. _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

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AULA 4 CONSTRUINDO A BASÍLICA DE S. PEDRO

Introdução Tristemente, a igreja, composta de homens e mulheres pecadores, não escapa da infiltração da depravação e, frequentemente, sofre grandemente por causa disto. A corrupção entre os oficiais, particularmente os que estão em altas posições de liderança, tem sérias ramificações dentro e fora das fronteiras da igreja. A lição de hoje demonstra esta verdade incisivamente. A maldade incrustada no coração, fica confirmada pela venda de indulgências e de cargos na igreja, com o objetivo de alimentar o tesouro da Igreja Católica Romana. Não obstante, os cristãos podem manter a sua esperança; pois Deus promete manter a presença de seu Espírito entre os verdadeiros membros de sua igreja invisível, composta pelos homens e mulheres que participam da igreja visível; mas que verdadeiramente pertencem ao Pai através do Filho. Uma grande prova de que Deus continua trabalhando pelo bem de sua igreja, está nos protestos de Martinho Lutero e dos seus apoiadores.

Leitura Bíblica Bem-aventurado aquele cuja iniquidade é perdoada, cujo pecado é coberto. Bemaventurado o homem a quem o Senhor não atribui iniquidade e em cujo espírito não há dolo. – Salmos 32:1,2

Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas. – Efésios 2:8-10

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Que, pois, diremos ter alcançado Abraão, nosso pai segundo a carne? Porque, se Abraão foi justificado por obras, tem de que se gloriar, porém não diante de Deus. Pois que diz a Escritura? Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça. Ora, ao que trabalha, o salário não é considerado como favor, e sim como dívida. Mas, ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça. E é assim também que Davi declara ser bem-aventurado o homem a quem Deus atribui justiça, independentemente de obras: Bem-aventurados aqueles cujas iniquidades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos; bem-aventurado o homem a quem o Senhor jamais imputará pecado. – Romanos 4:1-8

Objetivos da Aula 1. Conhecer quais foram as interpretações errôneas da Bíblia que levaram a criar as indulgências. 2. Entender as circunstâncias históricas dos séculos XV e XVI que estimularam o ritmo desenfreado de vendas de indulgências na Alemanha. 3. Verificar a intenção de Martinho Lutero em seu protesto.

Citação É claro para mim que nossos prelados na concessão de indulgências normalmente blasfemam da soberania de Deus. - John Wycliffe

Esboço 1.

A CORRUPÇÃO PAPAL NO TEMPO DE LUTERO

A. Dois papas corruptos, em particular, presidiram a Igreja Católica Romana durante O mandato de Lutero na ordem monástica agostiniana, Julius II e Leão X.

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B. Julios II, apelidado de “O Papa Temível” e “O Papa Guerreiro”, executou um bom número de ações ambiciosas durante o seu tempo como pontífice romano. Além de suas tendências expansionistas, Julius desejava construir uma nova catedral para o bispo de Roma; uma nova basílica (chamada de “São Pedro”) que pudesse rivalizar com o Parthenon, e que abrigasse os restos dos apóstolos Pedro e Paulo. Entretanto, logo após ser lançada a pedra fundamental, Julius faleceu. C. Seu sucessor, Leão X, provou ser um substituto terrível, e, sob a sua liderança; a igreja experimentou ainda mais corrupção e chegou a ficar na beira da falência. Naturalmente, a construção da Basílica de São Pedro foi interrompida. D. Por volta desta mesma época de Leão X, um jovem, príncipe alemão da linhagem dos Hohenzollern, que se chamava Príncipe Albert de Brandenburg, estava buscando tornar-se o clérigo mais poderoso de toda a Alemanha. Através da prática nefasta da simonia (compra de cargos e concessões oficiais na igreja), o jovem Albert já havia comprado dois bispados; mesmo que as leis da igreja claramente só permitissem que cada bispo só tivesse apenas um bispado. E, além do mais, Albert não havia atingido a idade mínima apropriada, e exigida pela lei canônica, para se tornar um bispo. E. Quando um arcebispado foi aberto na cidade de Mainz, Albert imediatamente correu atrás da oportunidade de adquirir mais este título. Depois de algumas barganhas com o financeiramente “quebrado” papa Leão X, Albert conseguiu sua nova posição pela quantia de 10.000 ducados; e Leão X também lhe concedeu a permissão de distribuir indulgências através de toda a Alemanha para reaver esta quantia que precisou investir nesta compra.

2.

A NATUREZA DAS INDULGÊNCIAS

A. De acordo com a interpretação de Mateus 16 pela Igreja Católica, o pontífice romano, como sucessor do apóstolo Pedro, e vicário de Cristo; possuía as chaves do reino. Estas chaves garantiam ao papa o acesso ao “tesouro do mérito”; que é o depositário de todos os méritos obtidos por Jesus, Maria, José, os apóstolos originais, e os santos canonizados. 27


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B. De acordo com o dogma da Igreja Católica, uma pessoa só pode entrar no céu, se ele ou ela for completamente justo, não tendo nenhuma mancha de pecado nem mortal e nem venial. Se um indivíduo morre com algum resíduo de pecado, não tendo conseguido praticar a quantidade de méritos necessária para cobrir as suas manchas, ele terá que entrar no purgatório, que é o lugar para ser “purgado”, para ser “limpo”. C. Esta doutrina dos méritos encorajava aqueles que não possuíam justiça inerente a buscar preencher esta lacuna; ou pelo menos diminuir um pouco o tempo que iriam ficar nas chamas do purgatório aguardando. Entretanto, alguns indivíduos; tais como Jesus, sua família, os apóstolos originais, e ainda outros santos; não apenas possuíam esta justiça inerente, mas também haviam realizado atos de obediência que foram até mesmo além das ordens de Deus. Eles conseguiram realizar trabalhos de superrogação, trabalhos que estavam acima e além de suas tarefas. Este mérito era retirado do tesouro do mérito, do qual apenas o papa tinha a chave, assim podendo controlar o conteúdo. D. Esta concessão papal de méritos era através das indulgências que ele distribuía. Os indivíduos podiam conseguir indulgências praticando atos de penitência, particularmente esmolas. Enquanto a lei canônica proibia que esta atividade se tornasse uma venda escancarada de perdão; a prática de conceder indulgências na Alemanha começou rapidamente a se parecer com comércio. Os agentes do papa Leão negociavam o perdão. Esse escândalo provocou a reação veemente de Lutero.

Exercícios de Fixação 1. Os historiadores católicos romanos veem os papas Julius II e Leão X como modelos de decência. a. Verdadeiro b. Falso

2. De qual indivíduo se deriva a palavra “simonia”? 28


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a. Simão Pedro b. Simão de Cirene c. Simão Mago d. Simão Bem Hur

3. O príncipe Albert comprou o arcebispado de Mainz por 7.000 ducados de ouro a. Verdadeiro b. Falso

4. A Igreja Católica Romana distingue três tipos de méritos. Eles são chamados __________________. a. condigno, congruente, e mérito superrogatório. b. condigno, congruente, e mérito de irrigação. c. complementar, supérfluo, e mérito exemplar. d. condigno, justaposto, e mérito superrogatório.

5. As indulgências requerem um tipo de imputação a. Verdadeiro b. Falso

Exercícios de Reflexão 1. Leia Atos 8:9-25. À luz desta passagem, explique as ramificações da prática da simonia. Pedro denuncia o mágico Simão. O que podemos descobrir nesta resposta do mágico? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

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2. Será que a igreja deve separar uma grande quantidade de dinheiro para embelezar as suas propriedades e seu templo? Explique e defenda a sua resposta. _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

3. Para quem Jesus deu as chaves do reino? A Igreja Católica Romana está certa em sua interpretação desta declaração de Jesus: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja”? Porque sim, ou porque não? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 4. As chaves do reino dão, de fato, acesso ao tesouro do mérito? Se sim, explique melhor. Se não, ao que estas chaves dão acesso?

_______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

5.

Que lugar o mérito tem na vida cristã?

_______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

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AULA 5 A CONTROVÉRSIA DAS INDULGÊNCIAS

Introdução As disputas teológicas ocorrem frequentemente dentro dos limites da igreja. Algumas vezes, as diferences entre irmãos e irmãs em Cristo levam a rachas e divisões, algumas com animosidade; que cresce por conta de um comportamento deseducado e sem haver um espírito manso. Na lição de hoje, nós testemunhamos o momento divisor de águas do qual passaria a fluir o movimento da Reforma Protestante. Não obstante, nós vemos Martinho Lutero expressando a sua contrariedade com as técnicas de mercado de Johannes Tetzel de uma forma humilde. Contrariamente ao que se diz, Lutero não lutou bombasticamente contra a Igreja Romana ao ouvir sobre a venda de indulgências; mas ele desejou encaminhar esta questão para ser discutida no fórum apropriado com o decoro necessário. Ainda que o Senhor tinha outras ideias para Lutero, nós podemos aprender valiosas lições da temperança de Lutero e dos eventos históricos que o cercavam.

Leitura Bíblica Meus irmãos, se algum entre vós se desviar da verdade, e alguém o converter, sabei que aquele que converte o pecador do seu caminho errado salvará da morte a alma dele e cobrirá multidão de pecados. – Tiago 5:19,20

Não aborrecerás teu irmão no teu íntimo; mas repreenderás o teu próximo e, por causa dele, não levarás sobre ti pecado. – Levítico 19:17

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Por esta razão, também nós, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós e de pedir que transbordeis de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual; – Colossenses 1:9

Objetivos da Aula 1. Entender os eventos que impulsionaram Lutero a pregar as 95 teses nas portas da Igreja de Wittenberg. 2. Observar as intenções de Lutero ao protestar e os acontecimentos decorrentes. 3. Compreender as posições bíblicas e teológicas que Lutero já possuía, contra as indulgências e outros erros existentes na Igreja Romana.

Citação Você precisa saber disto: Qualquer um que confessar o seu pecado e estiver contrito, e colocar esmolas dentro da caixa, como o seu confessor o aconselha, terá todos os seus pecados perdoados... Então; porque você está parado aí à toa? Corram! Todos vocês! Corram para a salvação de suas almas. – Johannes Tetzel

Esboço 1.

A DISTRIBUIÇÃO DE INDULGÊNCIAS NA ALEMANHA

A. Ainda que o Príncipe Albert possuísse o direito exclusivo de venda e lucro das indulgências, através da Alemanha, ele não podia oferecer indulgências em algumas áreas proibidas da Alemanha, dentre as quais a Saxônia. Frederick, o Sábio, havia proibido esta prática dentro dos limites sob sua autoridade. B. Johannes Tetzel, um monge dominicano, coordenava a venda, distribuição, e marketing das indulgências na Alemanha. Ele apresentava o seu produto com muita

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criatividade e pompa; atraindo o povo, inclusive os de Wittenberg, na Saxônia, a viajar para longe para conseguir comprar indulgências.

2.

A RESPOSTA DE LUTERO

A. Em resposta às estratégias de marketing de Tetzel e seus meios de comunicação, Lutero escreveu suas 95 teses em linguagem clara e concisa. Elas eram um protesto contra a corrupção envolvida na venda das indulgências. Ele apontava as suas acusações contra Tetzel e a sua deturpação da igreja. E, na aurora do dia de Todos os Santos, ele marchou com seu amigo Agrícola até as portas da Igreja de Wittenberg e pregou ali as suas 95 teses. B. Lutero escreveu as teses em latim e em linguagem acadêmica; pois queria instigar uma discussão na faculdade, dentro da universidade, a portas fechadas. Mas nenhum acadêmico respondeu ao seu convite e, para sua grande surpresa, alguns estudantes da cidade, traduziram as teses para o alemão comum e distribuíram o material por toda a Alemanha.

3.

A CONSEQUÊNCIA IMEDIATA

A. Numa tentativa de acalmar o príncipe Albert, Lutero escreveu uma exposição de cada uma das teses em uma linguagem mais branda. Porém, Tetzel também contactou Albert com reclamações a respeito da interferência de Lutero. B. A tentativa de Lutero não aplacou Albert, e este enviou cópias das exposições de Lutero e das teses para Roma, em protesto contra Lutero. C. Embora, a princípio, o Papa tenha desprezado as ações de Lutero, como se não fossem trazer consequências, as tensões crescentes entre as ordens monásticas dos dominicanos e agostinianos, a tensão elevada em Wittenberg e o pedido de muitos indivíduos para que Lutero fosse acusado, motivaram o papa a trazer Lutero a Roma para ser julgado. Não obstante, Frederick, o Sábio, intercedeu a favor de Lutero e o papa voltou atrás em sua ordem.

4.

OS DEBATES DE LUTERO EM HEIDELBERG 33


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A. A maior contestação de Lutero era contra a questão das indulgências e do tesouro dos méritos, sobre a qual elas se apoiavam. B. Além disto, Lutero desprezava a maneira como Tetzel apresentava as indulgências, pois este alimentava o pavor, a atrição (o arrependimento pelo medo da punição e do inferno). O que é oposto à contrição (o arrependimento

motivado

por

um

sério e profundo sentimento de tristeza por haver ofendido a Deus com seu pecado). C. Três encontros significantes aconteceram na sequência do dia em que Lutero pregou as 95 teses. E estes encontros terão um papel importante nos posicionamentos de Lutero. D. O primeiro teve lugar em abril de 1518, em Heidelberg, Alemanha. Neste debate se colocavam os dominicanos contra os agostinianos a respeito da questão do nominalismo e realismo. Lutero representava a faculdade agostiniana de Wittenberg, e, durante o debate, ele acabou “roubando a cena”. Ele não apenas apresentou alguns de seus conceitos a respeito da teologia da cruz, como também demonstrou incrível perspicácia e modéstia em todos os assuntos que tratava. E. Lutero continuou a receber palavras de Roma a respeito de suas posições teológicas, e ele requisitava oportunidades para ter debates públicos com representantes de Roma, na intenção de resolver estas posições. F. Devido, em grande parte, as intervenções de Frederick, o Sábio, Lutero recebeu esta chance em duas ocasiões: em um fórum em Augsburg e em um fórum em Leipzig.

Exercícios de Fixação 1. O príncipe Albert e a Igreja Católica Romana acreditavam que as indulgências dependiam apenas do ato de dar a esmola. a. Verdadeiro b. Falso

2. Quando Lutero pregou as 95 Teses nas portas da Igreja de Wittenberg, ele vandalizou escandalosamente a propriedade da igreja. 34


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a. Verdadeiro b. Falso

3. Lutero escreveu as 95 Teses em latim porque ele desejava _______________. a. parecer mais esperto do que ele era b. envolver todas as pessoas da cidade c. se endereçar aos estudantes da faculdade de Wittenberg d. dar um golpe agudo contra a Igreja Romana

4. Lutero argumentou em Heidelberg que a igreja havia sido presa em ___________. a. sua própria autoexaltação b. sua interpretação bíblica c. seu expansionismo d. sua politica

5. Martin Bucer, um jovem monge dominicano, que iria eventualmente exercer um importante papel na vida de João Calvino, foi repelido pelas técnicas de debate ousadas e inapropriadas de Lutero. a. Verdadeiro b. Falso

6. Em quantos encontros significantes Lutero esteve envolvido, para poder levar a frente a Dieta de Worms? a. Dois b. Três c. Quatro d. Cinco

Exercícios de Reflexão 35


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1. Explique a prática de dar esmolas. Esta atividade encontra base na Bíblia? Defenda e apoie a sua resposta. Devem os cristãos dar esmolas hoje? Porque sim, ou porque não? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

2. Você concorda com as respostas que Lutero deu, particularmente, às práticas de Tetzel? Porque sim, ou porque não? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

3. Como as nossas ações podem afetar as outras pessoas, de maneiras que nós não reconheçamos isto imediatamente? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

4. A atrição tem um lugar na vida do cristão? Explique. _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

5. Quais são os canais e os métodos para resolver disputas na igreja? Dentro ou fora da igreja? De que maneira a conduta pessoal é importante nestas ocasiões? 36


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_______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

6. Explique a teologia da cruz e a sua importância para o cristão e para a vida cristã. Refira-se a Filipenses 2:5-11 e Colossenses 1:9-18. _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

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AULA 6 CAMINHANDO PARA WORMS

Introdução A perseguição sempre existiu entre o povo de Deus desde o início dos tempos, notadamente desde o assassinato de Abel pelas mãos de seu irmão Caim. Este sofrimento não acontece aleatoriamente ou sem razão, mas sempre houve homens e mulheres que mantiveram as suas posições diante de Deus, debaixo de sua soberania e para a sua glória. Martinho Lutero enfrentou muitos desafios desta natureza muitas vezes durante a sua vida monástica, mas isto foi crescendo até o evento da Dieta de Worms. A sua resposta e sua fé em face da oposição, demonstra a verdade da afirmação de Deus de que ele nunca nos daria uma dificuldade tão grande que não pudéssemos suportar.

Leitura Bíblica Então, Jesus passou a dizer-lhes: Vede que ninguém vos engane. Muitos virão em meu nome, dizendo: Sou eu; e enganarão a muitos. Quando, porém, ouvirdes falar de guerras e rumores de guerras, não vos assusteis; é necessário assim acontecer, mas ainda não é o fim... Estai vós de sobreaviso, porque vos entregarão aos tribunais e às sinagogas; sereis açoitados, e vos farão comparecer à presença de governadores e reis, por minha causa, para lhes servir de testemunho. Mas é necessário que primeiro o evangelho seja pregado a todas as nações. Quando, pois, vos levarem e vos entregarem, não vos preocupeis com o que haveis de dizer, mas o que vos for concedido naquela hora, isso falai; porque não sois vós os que falais, mas o Espírito Santo. Um irmão entregará à morte outro irmão, e o pai, ao filho; filhos haverá que se levantarão contra os progenitores e os matarão. Sereis odiados de todos por causa do meu nome; aquele, porém, que perseverar até ao fim, esse será salvo. – Marcos 13:5-13

Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, 38


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sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes. Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida. – Tiago 1:2-5

E, quando se encontraram com ele, disse-lhes: Vós bem sabeis como foi que me conduzi entre vós em todo o tempo, desde o primeiro dia em que entrei na Ásia, servindo ao Senhor com toda a humildade, lágrimas e provações que, pelas ciladas dos judeus, me sobrevieram, jamais deixando de vos anunciar coisa alguma proveitosa e de vo-la ensinar publicamente e também de casa em casa, testificando tanto a judeus como a gregos o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus [Cristo]. E, agora, constrangido em meu espírito, vou para Jerusalém, não sabendo o que ali me acontecerá, senão que o Espírito Santo, de cidade em cidade, me assegura que me esperam cadeias e tribulações. Porém em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus. Agora, eu sei que todos vós, em cujo meio passei pregando o reino, não vereis mais o meu rosto. Portanto, eu vos protesto, no dia de hoje, que estou limpo do sangue de todos; porque jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus. Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue. – Atos 20:18-28

Objetivos da Aula 1. Entender as manobras da Igreja Católica Romana para condenar Lutero como herege. 2. Compreender as complexidades da Dieta de Worms. 3. Compreender como Lutero interagiu no debate e a angústia pela qual passou ao defender sua fé.

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Citação Posto que vossa graciosa majestade e vossos senhores me pedem uma resposta, então a darei sem alardes: A menos que se me convença por testemunho da Escritura ou por razões evidentes; eu não posso retratar-me, pois estou acorrentado pelos textos escriturísticos que tenho citado e minha consciência é uma escrava da palavra de Deus. Não posso nem quero retratar-me em nada, porque não é seguro nem honesto atuar contra a própria consciência. Que Deus me ajude. Amém. – Martinho Lutero

Esboço 1.

LUTERO EM AUGSBURG

A. Em 1518, Roma enviou um emissário, o cardeal Cajetan, por requisição de Augsburg; e chamou Lutero para encontrar-se com ele e discutir questões teológicas e eclesiásticas, nas quais havia opiniões divergentes. B. A despeito das promessas de segurança dadas pelo papa, os amigos de Lutero, temendo por sua vida, o aconselharam a não comparecer. Mesmo assim, Lutero pensou que seria uma ótima oportunidade para debater racionalmente as questões que estavam causando conflito. Ele então ignorou o alerta dos amigos e partiu para Augsburg. C. Enquanto estava em Augsburg, Lutero teve quatro encontros com Cajetan, e nenhum deles correu bem. Cajetan usou as oportunidades para tentar manobras que deixassem Lutero preso numa “sinuca”, forçando-o a admitir que ele havia negado tanto a venda de indulgências, quanto o tesouro dos méritos, que haviam sido autorizados pelo papa Bonifácio VII, e pelo papa Clemente VI em 1343, respectivamente. Lutero desafiava estes dois papas biblicamente, com a posição bíblica de que não há na escritura nenhum texto que apoie as indulgências ou o 40


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tesouro dos méritos. E, sendo assim, Bonifácio e Clemente, teriam que ter cometido erros. D. Esta posição de Lutero rejeitava a posição aceita, mesmo que não oficialmente, da doutrina da infabilidade papal; e, depois destas entrevistas com Cajetan, Lutero por pouco consegue escapar com vida das garras do enraivecido Cajetan.

2.

LUTERO EM LEIPZIG

A. As entrevistas de Lutero em Augsburg e a consequente acusação de heresia, impulsionaram a Igreja Romana a convidar Lutero, para um debate em Leipzig com John Eck, o teólogo chefe da Igreja Católica na Alemanha. B. Durante esta disputa, Eck manobrava, assim como fez Cajetan, para que Lutero caísse em alguma armadilha. Ele forçou Lutero a concordar com a posição de Jan Huss (John Huss), de que somente a Escritura limita a consciência do cristão. E, como Huss discordava com o concílio da igreja, e este mesmo o condenara; por extensão Lutero acreditava que o concílio havia errado na sua posição e na sua sentença contra Huss. Sendo assim, Lutero acreditava que, tanto o concílio quanto o papa, eram passíveis de cometer erros, uma crença que não existia entre os altos oficiais do clero católico romano. (A autoridade infalível tinha que existir em pelo menos um destes; ou no papa, ou no concílio, de acordo com o sentimento católico).

3.

A IMPERIAL DIETA DE WORMS

A. Quando o sagrado imperador Romano, Maximiliano, ouviu a respeito deste tumulto, ele ficou enfurecido com Lutero e decidiu se envolver. Entretanto, ele faleceu, e o seu sucessor, Carlos da Espanha (apoiado por Frederick, o Sábio), herdou a agitação. B. Charles convocou uma Dieta Imperial (uma tentativa de solução supervisionada pelo imperador) em 1521, na cidade de Worms, para decidir a situação. C. Os amigos de Lutero, convencido de que os “diabos” participantes da Dieta iriam superar Lutero, pediram mais uma vez que ele se abstivesse de participar. Não obstante, Lutero partiu determinado a enfrentar o desafio na dieta debatendo a sua

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posição. Ele e seus amigos chegaram a Worms em meio a muito alarde da população local. D. Quando a dieta começou, Lutero não teve nenhuma chance de debater. Um representante da igreja chamado Eck (não o John Eck) ordenava simplesmente que ele se retratasse perante o Imperador e o papa de todos os seus escritos, que eles haviam convenientemente reunido na sala bem diante dele. E. Como havia um grande número de obras escritas, Lutero pediu que fosse indicado de qual obra ele deveria se retratar e porquê. Eck não respondeu à questão, mas ordenou que ele negasse a totalidade dos seus trabalhos em uma renúncia direta e simples. Com o silêncio tomando conta da sala, Lutero respondeu de maneira inaudível. Mas, num rápido impulso, ele pediu em alta voz, e recebeu, mais 24 horas para meditar em sua decisão. F. Naquela noite, Lutero orou fervorosamente; e, na manhã seguinte, ele se postou diante do Imperador e os enviados do papa e corajosamente manteve a sua posição. Sua consciência se manteve cativa à Palavra de Deus, Lutero não podia negar o que ele havia compreendido com tanta clareza nas Escrituras. Esta posição foi o momento divisor de águas na Reforma Protestante. G. Depois da explosão que se seguiu, os amigos de Lutero o arrebataram dali, encenando um sequestro. Eles o levaram secretamente ao Castelo de Wartburg, aonde ele trabalhou por um ano traduzindo o Novo Testamento para o alemão. Neste tempo ele usou o disfarça de um guerreiro com o nome de Sir. Jorge.

Exercícios de Fixação 1. O cardeal Cajetan fez uma armadilha para Lutero fazendo-o negar a não oficial, mas largamente aceita, doutrina _____________. a. da inerrância das Escrituras b. da canonização c. da transubstanciação d. da infabilidade papal 42


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2. O papa Clemente VI escreveu uma encíclica papal chamada unigenitus na qual ele desenvolvia e autorizava a doutrina do tesouro dos méritos a. Verdadeiro b. Falso

3. A doutrina da infabilidade papal não foi decretada oficialmente até o Vaticano I, que ocorreu em ________ . a. 1556 b. 1673 c. 1701 d. 1870

4. Jan Huss foi condenado por heresia no Concílio de _________ . a. Nicéia b. Worms c. Constança d. Helsborg

5. Exsurge Domine, a frase latina iniciando a bula papal que condenava Lutero como herege, significa ________ a. Expulse o Herege b. Apague-o, Oh Senhor c. Levante-se, Oh Senhor d. Louve ao Senhor

6. Lutero quase não consegue chegar a Worms devido a hostilidade dos habitantes locais, tanto os da cidade quanto os dos campos vizinhos. a. Verdadeiro b. Falso 43


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7. Lutero proferiu esta famosa sentença em resposta as exigências de que se retratasse de seus escritos: a. “Vocês são os Heréticos.” b. “Aqui permaneço eu.” c. “Que a Varíola caia sobre vocês.” d. “Eu farei como vocês me disseram.”

Exercícios de Reflexão 1. Se Lutero tivesse se recusado a participar das entrevistas ou debates para os quais ele recebeu convocações, ele estaria cometendo pecado? Explique. Se Lutero tivesse se retratado, e negado os seus trabalhos, teria esta retratação o condenado eternamente? Mais uma vez, explique. _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

2. Como na questão anterior, qual deve ser a posição de um cristão diante da perseguição? Particularmente a perseguição só dá a opção entre a retratação de sua fé ou a pena de morte?

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3. Como podemos responder às doutrinas da infalibilidade papal e da infalibilidade dos concílios da igreja? Aonde podemos encontrar esta autoridade infalível na vida cristã? Procure em textos tais como 2 Timóteo 3:16-17. 44


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4. Em qual versículo foi baseada a frase “Tem um javali solto na tua vinha”? O que significa esta frase? E qual é o seu significado no contexto da passagem bíblica? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

5. Que lugar tem o Estado nos negócios da igreja? Existe um vice-versa? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

6. Os cristãos, hoje em dia, vivenciam ataques de Satanás ou isto é, simplesmente, um conceito medieval? Explique. _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

7. Se Lutero houvesse perecido nas mãos da Dieta, teria isto provado que Deus não respondeu as suas orações? Como podemos relacionar Deus e o sofrimento humano? Apoie as suas respostas biblicamente. _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 45


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AULA 7 A VISÃO ROMANA DA JUSTIFICAÇÃO - I

Introdução Muitos membros do protestantismo, hoje, não entendem perfeitamente suas origens; nem quais foram os tais “protestos” que os seus predecessores tinham contra a Igreja Católica Romana. Quando perguntados a respeito das respectivas diferenças, eles podem responder com alguns estereótipos do tipo: “Eu não adoro Maria”, “Eu acredito na justificação pela fé, e não pelas obras”, ou “O pão e o vinho da Ceia do Senhor, não se transformam realmente no corpo de Cristo”. Nesta lição, o Dr. Sproul nos explica quais foram os reais, e sérios, pontos de doutrina que foram tratados desde o tempo de Martinho Lutero até a Reforma, tendo especial atenção na doutrina da justificação, e o seu lugar no pensamento do catolicismo romano.

Leitura Bíblica Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante? De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos? Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida. Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição, sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos; porquanto quem morreu está justificado do pecado. – Romanos 6:1-7

Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus. – 1 Coríntios 6:11

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(...) em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor da nossa herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória. – Efésios 1:13,14

Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador, a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna. – Tito 3:4-7

Objetivos da Aula 1. Entender a justificação de acordo com a doutrina católico romana 2. Compreender o lugar que os méritos têm na doutrina da justificação romana.

Citação O Apóstolo diz que o homem é justificado pela fé e sem merecimento. Estas palavras devem ser entendidas tais como sempre concordemente a Igreja Católica as manteve e explicou. "Nós somos justificados pela fé": assim dizemos, porque "a fé é o princípio da salvação humana", o fundamento e a raiz de toda justificação, sem a qual é impossível agradar a Deus e alcançar a companhia de seus filhos. Assim, pois, se diz que somos justificados gratuitamente, porque nada do que precede à justificação, nem a fé, nem as obras, merece a graça da justificação. Porque se ela é graça, já não procede das obras; do contrário a graça, como diz o apóstolo, já não seria graça. Deste modo, portanto, devem ser propostas aos homens justificados, quer tenham conservado a graça recebida, quer a tenham recuperado depois de 48


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perdida, as palavras do apóstolo: Sede ricos em todas as boas obras, sabendo que o vosso trabalho não é inútil no Senhor, pois não é Deus injusto para se esquecer da vossa obra e do amor que mostrastes ao seu nome. E estas outras: Não queirais perder a vossa confiança, que tem uma grande remuneração. E por isso aos que trabalham fielmente até ao fim e esperam em Deus, se há de propor a vida eterna como graça misericordiosamente prometida por Cristo aos filhos de Deus, e "como recompensa" que, segundo a promessa do próprio Deus, será fielmente concedida pelas suas obras e merecimentos. - O Concílio de Trento

Esboço 1.

O SIGNIFICADO DA PALAVRA JUSTIFICAÇÃO

A. Lutero argumentou que a Doutrina da Justificação pela Fé Somente é o ponto sobre o qual a igreja fica em pé, ou cai. Esta doutrina dividiu a igreja, e, a partir de então, sempre mereceu cuidadosa atenção e análise. B. Como já analisamos anteriormente, parte do problema com a justificação envolve a própria palavra. Os primeiros pais latinos; usando a tradução latina da Bíblia, a Vulgata, desenvolveram a sua compreensão da justificação a partir do sistema do direito romano, e da interpretação literal da palavra latina justificare, que significa “tornar alguém justo”. Consequentemente, surge a questão: como pode uma pessoa injusta, um pecador decaído, criar justiça? C. Somando-se a este posicionamento, os clérigos católicos romanos, desenvolveram uma ordem de salvação, na qual a justificação seguiria a santificação (literalmente “tornar alguém santo”). D. Acadêmicos protestantes, utilizando a versão grega do Novo Testamento, desenvolveram o seu entendimento da justificação a partir da tradução da palavra dikaiosune, que significa “declarar justo”. E, como resultado, eles inverteram justificação e santificação na ordem da salvação. Esta diferença se desenvolveu cedo na Reforma. 49


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2.

A JUSTIFICAÇÃO E OS SACRAMENTOS

A. Como já analisamos anteriormente, de acordo com os dogmas Católicos Romanos, a justificação ocorre a

partir do uso apropriado e a boa operação dos

Sacramentos. Portanto, a justificação começa com o primeiro sacramento: O batismo. B. Ainda que a Igreja Católica Romana negue que o batismo, automaticamente, coloca a pessoa em um estado de graça (pois o que a recebe não pode ter hostilidade contra este estado), ela tem a visão de que o Batismo é muito importante; pois o batismo imputa graça. C. Usando uma linguagem quantitativa, a Igreja católica Romana, afirma que o batismo despeja graça dentro da alma do indivíduo, depois do que a pessoa deve cooperar e concordar (cooperate et assentare) com esta infusão. Se um indivíduo faz isto, ele ou ela, entra em um mutável estado de graça.

3.

JUSTIFICAÇÃO E PECADO

A. De acordo com Roma, a justificação não garante a salvação, pois o cristão ainda pode cair de seu estado de graça. Ainda que alguns pecados não retirem alguém do estado de graça (os pecados veniais); os pecados mortais trazem o aniquilamento do estado de graça (contrariamente a interpretação bíblica dos Protestantes). B. O que acontece se um cristão batizado, que está no estado de graça, comete um pecado mortal? A despeito de sua queda da graça, há um antídoto na forma de um outro sacramento: penitência. C. A penitência possui muitos componentes, mas a principal questão é a respeito da santificação. A doutrina católica romana declara que, para alcançar e manter um estado de graça, um indivíduo tem que possuir fé, graça e mérito. A penitência assegura que os cristãos podem manter, ou reconquistar o seu estado inerente de justiça, por meio de trabalhos de mérito congruentes. Estas ações podem obter este efeito apropriado (ou seja, congruente), e Deus restaura esta pessoa a um estado de graça e de inerente justiça. 50


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D. Lutero negava veementemente qualquer mérito ou satisfação, que pudesse valer alguma coisa em seu esquema de justificação pela fé somente. No entanto, como demonstramos anteriormente, a fé tinha um lugar no sistema católico romano de justificação, o que irá receber nossa atenção na próxima lição.

Exercícios de Fixação 1. A palavra justificare significa ____________. a. justificar b. tornar alguém justo c. dispensar justiça d. ter uma preocupação justa

2. Os intérpretes bíblicos protestantes usaram a tradução de uma palavra grega do Novo Testamento para chegar a um diferente entendimento da justificação. a. Verdadeiro b. Falso

3. Na ordem católica romana da salvação, a justificação precede a santificação. a. Verdadeiro b. Falso

4. “Ex opere operato” significa _________. a. a oportunidade certa b. pela obra operada c. pela operação primária d. o trabalho apropriado

5. De acordo com a doutrina católico romana, o batismo infunde na alma uma certa quantidade de graça, com a qual o indivíduo deve cooperar. 51


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a. Verdadeiro b. Falso

6. O resultado de um pecado venial é cair da graça. a. Verdadeiro b. Falso

7. A Bíblia adverte os cristãos contra confessar os seus pecados a outros cristãos. a. Verdadeiro b. Falso

Exercícios de Reflexão 1. Estariam os cristãos de hoje atolados em assuntos doutrinários de segunda e terceira importância? Se é assim, como isto foi acontecer, e quais são os passos que os cristãos tem que tomar para evitar isto? Utilize exemplos em sua resposta. _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

2. Que benefícios pode ter um estudante da Bíblia quando conhece as línguas originais das Escrituras? Quais são os perigos que este conhecimento evita? Usar apenas o vernáculo (a linguagem comum), é errado? Explique. _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

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3. De acordo com a interpretação protestante, o que é o batismo, e o que é que ele faz? Utilize as Escrituras em sua resposta. _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

4. O que são os sacramentos de acordo com a doutrina protestante? Que propósito eles têm na vida cristã? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

5. As obras tem algum valor na área da nossa justificação? Explique. Nós cooperamos de alguma maneira para conseguir a nossa salvação? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

6. Um cristão pode “cair da graça”? Existe algum pecado imperdoável? Defenda suas respostas biblicamente. _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

7. Porque Tiago 5:16 exorta os cristãos a confessarem os seus pecados uns aos outros?

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AULA 8 A VISÃO ROMANA SOBRE JUSTIFICAÇÃO - II

Introdução Seria uma surpresa para você, saber que, a atual doutrina católica romana, declara todos os Protestantes amaldiçoados? É demarcável que, se fosse feita uma pesquisa a este respeito, a maioria dos protestantes receberia esta possibilidade com incredulidade. E assim mesmo, ele continua sendo verdade, e a Igreja Romana continua mantendo esta mesma posição hoje; tal qual a definiu no século XVI no Concílio de Trento. A maior área de disputa no Concílio de Trento se referia à doutrina da justificação, e notadamente o papel da fé nesta doutrina. Um minucioso e claro conhecimento da justificação continua sendo imperativo para um conhecimento apropriado das diferenças entre o protestantismo histórico e o catolicismo romano. O Dr. Sproul nos oferece estes esclarecimentos nesta lição.

Leitura Bíblica Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas; (...) a fim de que, como o pecado reinou pela morte, assim também reinasse a graça pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor. - Romanos 3:21; 5:21

Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós. – Romanos 8:33,34

Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. – 1 João 1:9 55


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Objetivos da Aula 1. Entender a importância do Concílio de Trento, no século XVI, para a doutrina católico romana. 2. Compreender a posição da fé no sistema de justificação católico romano

Citação A real razão pela qual a doutrina da justificação pela graça somente, através da fé somente, é impopular; é que ela fere gravemente o nosso orgulho. - John R. W. Stott

Esboço 1.

O LEGADO DO CONCÍLIO DE TRENTO

A. Em resposta à Explosão Teológica causada pela doutrina da justificação, a Igreja Católica Romana convocou um grande concílio ecumênico na metade do século XVI. Ele teve lugar na cidade de Trento, na Itália, e este concílio ecumênico apresentou os decretos oficiais católico romanos sobre a justificação. Decretos que persistem e são relevantes ainda hoje, levando em conta a visão triunfante que a Igreja Romana tem da imutável autoridade de sua igreja e de sua tradição. B. Mantido por muitas sessões e tratando de uma enormidade de assuntos, o Concílio de Trento tratou da doutrina da justificação na sua sexta sessão. O concílio desenvolveu uma série de regras, rotulando a doutrina da reforma da justificação pela fé somente como herética e anátema (amaldiçoada). C. Esta condenação atacou um princípio fundamental da mensagem do evangelho, efetivamente eliminando qualquer esperança de união entre protestantes e católicos romanos, por conta desta diferença neste alicerce do evangelho.

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2.

O CONCÍLIO DE TRENTO E A JUSTIFICAÇÃO

A. O concílio ensinou com clareza que a fé é condição necessária para a justificação. B. A fé possui três elementos, ou passos: o initium (a fé inicia no ponto inicial da justificação), o fundamentum (a fé serve como fundamento, o alicerce estrutural sobre o qual a justificação repousa), e o rodex (a fé é a raiz central da justificação). De acordo com isto; a justificação não pode seguir em frente sem a fé. C. Não obstante, a fé, ainda que seja uma condição necessária, não é uma condição suficiente, significando que, se a condição de fé existe; ele não irá por si só produzir o resultado desejado (assim como apenas o oxigênio não é suficiente para iniciar e manter o fogo). D. Um cristão pode cair do estado de graça, perdendo a justificação, e ainda assim manter a sua fé. E isto demonstra a insuficiência da fé no sistema católico romano. E. Qual é a causa instrumental da justificação? O concílio designou o sacramento do batismo como o instrumento, a ferramenta, pela qual um indivíduo entra em um justificado estado de graça. Esta posição causava repulsa nos reformadores, pois eles criam que a entrada no estado de graça acontece através do instrumento da fé somente, e não através da fé mais um sacramento. F. Além disto, a Igreja Católica Romana sustenta uma visão analítica da justificação. No pensamento de que uma afirmação analítica é inerentemente verdadeira. Por conseguinte, enquanto protestantes e católicos romanos podem concordar que Deus deve declarar um indivíduo justificado por uma justificação que irá ocorrer; a visão analítica católica pede que a pessoa já possua uma justiça inerente que mereça esta declaração. Ou seja, Deus precisa ver perfeita justiça, para declarar perfeitamente justo. G. Esta posição provocou uma resposta por parte dos reformadores; pois eles não podiam conciliar com as Escrituras, ou com suas próprias consciências, este insustentável fardo que era colocado sobre as costas das pessoas nesta visão analítica.

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Exercícios de Fixação 1. Os decretos do Concílio de Trento, não tem mais lugar nas práticas e doutrinas Católico Romanas atualmente. a. Verdadeiro b. Falso

2. Algumas das regras da sexta sessão do concílio, se referindo a justificação, não demonstravam

compreensão

correta

da

posição

dos

reformadores,

e

consequentemente, não as condenavam. a. Verdadeiro b. Falso

3. No sistema católico romano de justificação, a fé é _______________. a. um componente arbitrário da justificação b. uma condição suficiente para a justificação c. uma condição necessária para a justificação d. um componente terciário para a justificação

4. De acordo com o catolicismo romano, se alguém comete um pecado mortal, _________. a. perde a justificação e a fé. b. perde a fé, mas não a justificação c. perde a justificação, mas não a fé d. não perde a fé nem a justificação

5. A Igreja Católica Romana tem um complexo sistema de causalidade. Isto resulta primariamente de qual influência? a. Platão b. Xeno 58


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c. Aristóteles d. Sócrates

6. A Igreja Católica Romana adota uma visão analítica em relação a justificação. a. Verdadeiro b. Falso

Exercícios de Reflexão 1. Qual é o papel dos concílios na igreja protestante de hoje? Qual é a natureza e a extensão de sua autoridade? A Bíblia dá algum precedente para o uso deste recurso? Explique. _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

2. Devem os protestantes se engajar em fóruns ecumênicos e tratados com a Igreja Católica Romana, ou outras seitas, se há divergências em aspectos fundamentais do evangelho? Explique e apoie sua posição com textos bíblicos. _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

3. Como irá viver e agir, alguém que está sob a crença de que a sua salvação eterna pode ser perdida a qualquer hora, apenas se cometer algum pecado? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

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_______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

4. Defenda a justificação pela fé somente de uma perspectiva baseada nas Escrituras. O livro de Tiago é uma ajuda ou uma dificuldade nesta tarefa? Explique. _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

5. Pode um cristão alcançar justiça inerente em algum estágio de sua vida, sem ser na pessoa de Cristo? Se ele pode, como? Se ele não pode, porque? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

6. Em sua visão, este sistema de justificação católico romano tem algum atrativo; alguma sedução? Porque sim, ou porque não? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

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AULA 9 A VISÃO PROTESTANTE DA JUSTIFICAÇÃO

Introdução Muitas pessoas na cultura contemporânea naufragam na ideia da dupla imputação, que é inerente ao entendimento presbiteriano da justificação. Eles dizem que, o fato de Deus colocar os pecados de outros sobre o seu próprio Filho, enquanto, simultaneamente, declara o culpado como justo, por conta do sacrifício de Cristo, é algo que desafia a razão e cria uma espécie de “abuso infantil cósmico”. No entanto, este pensamento, demonstra uma séria falha; pois o Pai não está abusando de seu Filho. Pelo contrário, nossas próprias iniquidades é que estão pesando sobre os ombros de Cristo na cruz, e ele suporta estas chagas voluntariamente pelo bem do seu rebanho. E além disso, uma posição contra a dupla imputação subestima seriamente o amor de Deus por seus filhos. Este amor, como o Dr. Sproul irá mostrar nesta lição, que arranca os pecadores de um lugar de imutável desespero e lhes concede a salvação.

Leitura Bíblica Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus. – 2 Coríntios 5:21

(...) visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé. – Romanos 1:17

Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas! Mas nem todos 61


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obedeceram ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem acreditou na nossa pregação? E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo. Mas pergunto: Porventura, não ouviram? Sim, por certo: Por toda a terra se fez ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos confins do mundo. – Romanos 10:13-18

Objetivos da Aula 1. Entender a doutrina protestante da justificação. 2. Contrapor a doutrina protestante da justificação com a doutrina católica romana.

Citação E Lutero foi o homem que, guiado pela experiência na vida de sua própria alma, fez com que o povo novamente entendesse o verdadeiro e original significado do evangelho de Cristo. Assim como o termo – “justiça de Deus, assim também a palavra “penitência”, foram para ele as palavras mais amargas que existiam na Palavra de Deus. Mas quando, em Romanos 1:7, ele conheceu a “Justiça pela Fé”; ele também conheceu “a verdadeira forma de pagar pelos pecados”. Ele então compreendeu, que o arrependimento requerido em Mateus 4:17 não tinha nada a ver com os trabalhos de santificação exigidos pelas instituições de confissão e Roma; mas que consistiam em uma “mudança de mente, produzida por uma contrição interior verdadeira”, e, que todos os benefícios decorrentes, eram todos eles frutos desta mesma graça. - Herman Bavinck

Esboço 1.

SOLA FIDE E O ENTENDIMENTO PROTESTANTE DA JUSTIFICAÇÃO

A. Sola Fide significa “Somente pela Fé”, e esta frase representa a fundamental diferença entre o protestantismo que o catolicismo romano, que criou esta épica 62


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agitação no século XVI. As cinco Solas, que incluem a Sola Fide, apontam para a central importância da doutrina da justificação pela fé somente. B. Protestantes reformados proclamam que a fé em Cristo e o que Cristo realizou providenciam a justificação, e que desta justificação frutificam as obras. O catolicismo romano, por outro lado, assevera que é a fé somada as obras que produz a justificação.

2.

A DOUTRINA DA JUSTIFICAÇÃO

A. Como pode alguém permanecer perante as exigências e a presença de um Deus santo e justo, já que, segundo Paulo, todos nós pecamos e carecemos da glória de Deus por causa de nossa injustiça? (ver Romanos 3) B. Em contraste com a visão analítica da justificação, defendida pelo catolicismo romano, que afirma que Deus pode apenas declarar um indivíduo justo se ele já possuir uma justiça inerente; a visão Reformada designa a justificação como sendo sintética. Quando Deus declara um indivíduo justo aos seus olhos, ele não o faz por conta de qualquer coisa que seja inerente a esta pessoa, mas, sim, com base em algo que foi imputado a ele. Esta imputação, ou adição, é a justiça de Cristo; a justiça que Lutero chamou de extra nos (fora de nós) e rotulou como justitia aliena (uma justiça externa) C. A doutrina da imputação entra também neste “mix”, e acaba por aumentar a divisão entre o pensamento reformado e o católico romano. D. Usando Abraão como exemplo, o apóstolo Paulo expõe que, ainda que houvesse pecados na vida de Abraão; Deus o declara justo porque ele creu na promessa. Deus imputou nele a justiça de Cristo, legalmente transferindo a justiça de Cristo e aplicando-a em Abraão por conta de sua Fé. E. Além disto, Lutero cunhou a frase simul justus et peccator: “simultaneamente justo e pecador”. De uma perspectiva, os cristãos são pecadores. Mas, de outra perspectiva, cristãos são considerados justos aos olhos de Deus por conta da imputação da justiça de Cristo. Este é o coração do Evangelho, e permite a reconciliação do homem com Deus. 63


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F. A dupla imputação. A transferência dos pecados do cristão para Cristo, e da justiça de Cristo para o cristão; estão no coração da Reforma, e é sobre esta questão que uma igreja se mantém em pé ou cai. Naturalmente, a Igreja Católica Romana não irá ficar calada em resposta a esta divergência.

Exercícios de Fixação 1. Os reformadores desenvolveram _______ solas apontando os pontos importantes da doutrina da justificação pela fé somente. a. duas b. cinco c. dez d. catorze

2. Católicos romanos e reformadores concordam na necessidade de ____________ . a. fé b. fé somente c. atos de justiça d. penitência

3. A justificação não exige o cumprimento das obras da lei para salvação. a. Verdadeiro b. Falso

4. Os reformadores empregaram o método analítico em seu sistema de justificação. a. Verdadeiro b. Falso

5. Paulo usou o patriarca ______________ como um modelo da justificação pela fé, apesar da presença do pecado. 64


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a. Abraão b. Isaque c. Jacó d. José

6. Simul justus et pecator significa _________________________. a. Simultaneamente justo e correto b. Simultaneamente justo e santo c. Simultaneamente justo e pecador d. Simulando o injusto e pecador

7. A justificação pela fé somente representa um dos caminhos para alcançar a salvação eterna. a. Verdadeiro b. Falso

Exercícios de Reflexão 1. Como revisão, explique a diferença entre a condição necessária, e a condição suficiente para a justificação. _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

2. Quais são as boas novas do evangelho? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ 65


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3. Nomeie algumas doutrinas do Evangelho nas quais nenhum cristão pode ter dúvidas nem se comprometer. Apoie a sua lista com textos bíblicos. _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

4. Que lugar as obras da Lei têm no processo de justificação? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

5. Porque pessoas, tanto cristãs quanto seculares, brigam tanto contra a doutrina da imputação? O que isto nos revela sobre a natureza humana? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

6. Como pode Deus declarar uma pessoa justa, se esta pessoa tem pecados, e continua pecando depois da declaração que Deus faz? Use exemplos da Escritura para apoiar sua resposta. _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

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7. Deus está comprometendo a sua integridade por causa desta doutrina da justificação pela fé somente? Explique. _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

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AULA 10 RESPOSTAS ÀS OBJEÇÕES DE ROMA

Introdução A cultura secular, e até mesmo alguns que se professam evangélicos, descrevem Deus como todo-perdoador, carinhosamente compreendendo e aceitando todas as pessoas de todos os caminhos de vida em seus sempre abertos e receptivos braços. Com isto, fica defendida a liberdade de se agir de qualquer maneira que se queira, pois Deus é um Deus de amor e, com certeza, ele não irá discriminar ninguém. Este quadro perdeu a noção absolutamente! Ao contrário, o santo Deus dos exércitos exige uma rígida disciplina moral da sua criação. Ainda que seja Deus, sozinho, quem aja em prol de seus filhos para sua justificação, e assim eles entrem neste estado de graça. Ele requer de seus filhos que cooperem com ele e cumpram os seus mandatos e leis, vivendo dignamente como seus filhos. O Dr. Sproul explora as consequências de entrar neste estado da graça pelo processo da justificação nesta lição final sobre Lutero e a Reforma.

Leitura Bíblica Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus. – Salmo 51:17

Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas! – 2 Coríntios 5:17

Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim. – Gálatas 2:20

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Se dessa forma fomos unidos a ele na semelhança da sua morte, certamente o seremos também na semelhança da sua ressurreição. Pois sabemos que o nosso velho homem foi crucificado com ele, para que o corpo do pecado seja destruído, e não mais sejamos escravos do pecado; pois quem morreu foi justificado do pecado. – Romanos 6:5-7

Objetivos da Aula 1. Entender a resposta católico romana para a declaração protestante a respeito da justificação pela fé somente. 2. Reconhecer a profundidade desta doutrina da justificação pela fé somente, e a sua legitimidade e validade Bíblica em face de um questionamento.

Citação Porque, então, nós somos justificados pela fé? Porque pela fé nós recebemos a justiça de Cristo, que é o único mediador para a nossa reconciliação com Deus. Mas isto (a justificação) você não pode alcançar, sem ao mesmo tempo alcançar a santificação... Cristo, portanto, não justifica ninguém que ele também não irá santificar.

Estes

benefícios

estão

perpetuamente

e

indissoluvelmente

conectados; de maneira que, aquele que ele ilumina com a sua sabedoria, a este ele redime; e aquele a quem redime, ele justifica; e aquele a quem justifica, ele santifica... Sendo assim, o Senhor nos permite desfrutar destas bênçãos apenas como uma doação de si mesmo. Ele nos dá as duas (justificação e santificação) ambas juntas, e nunca uma separada da outra. E assim nós vemos o quanto é verdade que somos justificados não sem que haja obras (pois a santificação nos leva a agir); mas nunca através das obras (pois a justiça de Cristo nos é imputada sem que nada façamos). Assim é a nossa união com Cristo pela qual nós somos justificados; ela contém tanto a santificação quanto a justiça. - João Calvino

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Esboço 1.

A PRIMEIRA OBJEÇÃO DE ROMA CONTRA A JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ SOMENTE

A. A primeira objeção de Roma contra as posições oferecidas pelos reformadores em relação à justificação pela fé somente consistiu num ataque de antinomianismo contra os reformadores. Este desafio acusava os protestantes de viver deliberadamente em pecado; de viver vidas indignas enquanto continuavam a afirmar que perseveravam no estado de graça. B. Os reformadores responderam afirmando que a justificação pela fé somente não gerava uma fé destituída de obras. Pelo contrário, todo verdadeiro cristão deve possuir os três elementos que compõe a fé salvífica: notitia, que se refere ao conhecimento intelectual do que significa a pessoa e a obra de Cristo; assensus, que significa que o cristão não apenas conheça os fatos a respeito do evangelho, mas também concorde com eles e acredite em sua veracidade; e fidúcia, que chama o cristão a colocar a sua confiança pessoal em Jesus como Salvador de seus pecados. Estes componentes da fé salvífica diferem do que, digamos, aquilo que satanás e seus demônios dizem ser. E o verdadeiro cristão reconhece e alegremente concorda com a doçura, amor e excelência de nosso Senhor Jesus Cristo. C. E além disso; a fé salvífica apenas ocorre a partir da regeneração promovida e completada pela ação do Espírito Santo.

2.

A SEGUNDA OBJEÇÃO DE ROMA CONTRA A JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ SOMENTE

A. Roma também proclamou que esta declaração de justiça dada por Deus como descrita pelos Reformadores só poderia ser ficção, pois, como é que Deus poderia declarar um pecador justo? B. Os protestantes responderam a esta objeção de maneira clara e suscinta. Gos pode declarar as pessoas justas por conta da justiça real de Cristo que é imputada sobre eles. A ficção nem entra nesta equação.

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3.

A TERCEIRA OBJEÇÃO DE ROMA CONTRA A JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ SOMENTE

A. Roma utilizou o ensino do livro de Tiago como o seu mais significante instrumento na sua refutação da Reforma Protestante. B. Os legados Romanos citaram Tiago 2, e a declaração “Vemos então que o homem é justificado pelas obras e não somente pela fé” este foi o ponto crucial de sua refutação. Claramente, eles argumentavam, a fé somente não preenchia o escrutínio da Escritura, e, portanto, o mérito tinha o seu lugar no processo de justificação, e os Protestantes teriam que aceitar isto. C. No entanto, Romanos 3-5 parece contradizer Tiago 2, nos quais Paulo frequentemente fala a respeito da justificação pela fé somente. D. Desde que a doutrina da inspiração das Escrituras exclui a possibilidade de contradição, deve existir uma reconciliação entre os dois textos. E. Tanto Paulo, quanto Tiago, usam a mesma palavra (dikaiosune) para justificação e apontam para o mesmo patriarca (Abraão) como seu modelo. F. Duas considerações aparecem resolvendo esta dificuldade. Primeiro, Paulo se refere a Gênesis 15 em sua avaliação da justificação de Abraão, enquanto que Tiago utiliza o relato de Gênesis 22. Por conseguinte, de acordo com esta linha do tempo, Abraão já estava em um estado de Justificado antes de sua interação com Isaque nos capítulos posteriores de Gênesis. G. Segundo, a real solução para o problema chega, quando um exame adequado das respectivas questões levantadas pelos apóstolos é feito. Em Tiago 2:14, ele não está pretendendo falar a respeito do processo de justificação, ele está, sim, preocupado com as confirmações e provas da verdadeira justificação. De acordo com Tiago, a verdadeira fé irá produzir obras de justiça como um fruto do Espírito e de gratidão, o que, por outro lado, é também verifica a existência de uma verdadeira fé. Todos os protestantes concordam com esta noção, e Lutero nomeou esta fé como fides viva, a vital, a fé viva. Estas obras não contribuem para a justificação, mas fluem a partir dela. H. Paulo, por outro lado, usa o termo Justificação, no mais alto nível teológico da palavra. E ele queria demonstrar o papel da fé em produzir a justificação em sua 71


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carta aos Romanos. A fé somente. Instituída no coração do indivíduo pelo Espírito Santo, resulta na declaração de - justo! – por parte de Deus. I. E, além disto, enquanto Paulo e Tiago falam a respeito de justificação, eles o fazem por diferentes propósitos: J. Paulo nos explica como a salvação pode ser obtida; Tiago quer nos mostrar que uma fé verdadeira e viva, produzirá frutos dignos de um filho de Deus. K. Ainda que esta verdade permaneça simples, ela é a pedra fundamental do cristianismo, e a necessidade de manter a total dependência de Deus, impeliu os Reformadores a constantemente proclamar Soli Deo Gloria: “Glória Somente a Deus”, pois a salvação pertence somente a ele.

Exercícios de Fixação 1. A Igreja Católica Romana declarou cinco questões majoritárias de confronto contra os reformadores e a sua doutrina de justificação. a. Verdadeiro b. Falso

2. A Igreja Romana acusou os reformadores protestantes de _________________ em sua doutrina da justificação. a. fatalismo b. antinomianismo c. pelagianismo d. nestorianismo

3. De acordo com os reformadores, a fé salvífica possui três elementos. São eles: a. notitia, assensus, e dimensia b. notitia, assensus e fiducia c. justus, assensus e fiducia d. notitia, justus e fiducia 72


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4. Edwards define a vontade como a escolha da mente. a. Verdadeiro b. Falso

5. A Igreja Católica Romana era contra a visão analítica da declaração divina de justificação que era defendida pelos protestantes. a. Verdadeiro b. Falso

6. Lutero questionava a canonicidade da epístola de Tiago, chamando-a uma epístola de palha. a. Verdadeiro b. Falso

7. Paulo, em sua epístola aos Romanos, escreveu a respeito de receber a salvação através do processo de justificação, enquanto Tiago escreveu a respeito de ____________. a. as obras que fluem da verdadeira fé b. a salvação do homem através das obras c. a escala de méritos d. a teologia do triunfalismo

Exercícios de Reflexão 1. Será que a “fé-Fácil” existe entre os cristãos de hoje? Defenda a sua resposta, e, se é sim; como você poderia tentar mudar este estado de coisas? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

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_______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

2. Dos três elementos da fé salvífica, quais elementos Satanás e seus demônios possuem? Porque eles persistem em sua posição de condenados? Como podemos compará-los com os homens não regenerados? _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

3. A crença dos verdadeiros cristãos pode envolver atividades da mente? E emoções? Explique a sua resposta utilizando textos bíblicos. _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

4. Pode um cristão estar em uma verdadeira inimizade com Deus? Pode um cristão viver a vida como um descrente e ainda assim continuar debaixo da graça? Explique a sua resposta. _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

5. Escritura se contradiz? Se parece que ela faz isto; então qual poderia ser o problema? Quais passos podem ser tomados para reconciliar passagens aparentemente contraditórias?

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_______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

6. O que as ações de indivíduos isolados indicam a respeito de sua posição no estado de graça? Devem os crentes julgar aos outros? Explique. _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ _______________________________________________________________________

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GABARITO DOS EXERCĂ?CIOS DE FIXAĂ‡ĂƒO Aula 1 1. Alternativa b 2. Alternativa b 3. Alternativa d 4. Alternativa b 5. Alternativa d 6. Alternativa b Aula 3 1. Alternativa d 2. Alternativa b 3. Alternativa b 4. Alternativa b 5. Alternativa a Aula 5 1. Alternativa b 2. Alternativa b 3. Alternativa c 4. Alternativa b 5. Alternativa b 6. Alternativa b Aula 7 1. Alternativa b 2. Alternativa a 3. Alternativa b 4. Alternativa b 5. Alternativa a 6. Alternativa b 7. Alternativa b Aula 9 1. Alternativa b 2. Alternativa a 3. Alternativa a 4. Alternativa b 5. Alternativa a 6. Alternativa c 7. Alternativa b

Aula 2 1. Alternativa c 2. Alternativa a 3. Alternativa a 4. Alternativa a 5. Alternativa a Aula 4 1. Alternativa b 2. Alternativa c 3. Alternativa b 4. Alternativa a 5. Alternativa a Aula 6 1. Alternativa d 2. Alternativa a 3. Alternativa d 4. Alternativa c 5. Alternativa c 6. Alternativa b 7. Alternativa b Aula 8 1. Alternativa b 2. Alternativa b 3. Alternativa c 4. Alternativa c 5. Alternativa c 6. Alternativa a Aula 10 1. Alternativa b 2. Alternativa b 3. Alternativa b 4. Alternativa a 5. Alternativa b 6. Alternativa a 7. Alternativa a

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