ReflexĂľes de2 uma
ReflexĂľes de2 uma
Doris C. Aldrich
Reflexões de Uma Mãe Traduzido do original em inglês Musings of a Mother Copyright © Moody Bible Institute Publicado originalmente por Moody Press em 1949
Copyright © 1978 Editora Fiel Primeira edição em português: 1978 Reimpressões: 1985, 1991 Segunda edição em português: 2013
Todos os direitos em língua portuguesa reservados por Editora Fiel da Missão Evangélica Literária Proibida A Reprodução Deste Livro Por Quaisquer Meios Sem A Permissão Escrita Dos Editores, Salvo Em Breves Citações, Com Indicação Da Fonte.
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Diretor: James Richard Denham III Presidente emérito: James Richard Denham Jr. Editor: Tiago J. Santos Filho Diagramação: Spress/ Rubner Durais Capa: Rubner Durais ISBN: 978-85-8132-135-6
Índice Introdução ..................................................................... Você Está Contente, Mamãe? ......................................... A Recompensa................................................................ Deixando a Luz Atravessar ............................................ Desapontamento ............................................................ Só Espiando.................................................................... Comunhão ..................................................................... Quem Vai Cuidar de Nós? .............................................. Tão Distantes e Tão Pesados .......................................... Onde Está o Seu Interesse? ............................................. Mais do Que um Prego .................................................. Restrição ........................................................................ Aritmética Celeste .......................................................... Oração em Voz Baixa ..................................................... “Morandinhos” e “Quespinhos” de Arroz...................... Um Mediador ................................................................. “Quero Crescer Onde Jesus Está” ................................... Em Seus Passos ............................................................... De um Leito de Hospital ................................................. Meu Dia ......................................................................... Zinho Investe Cinco Cruzeiros ....................................... O Senhor Jesus Está Contente Com a Gente? .................. Alguém Para Ficar Perto ................................................ Só a Família .................................................................... Nada no Meio ................................................................
7 9 13 14 15 16 16 18 19 20 21 23 24 26 28 30 33 35 38 40 41 43 45 47 50
“Estarei Contigo”............................................................ 52 Não me Morde................................................................ 54 Eu te Amei....................................................................... 55 Valores Eternos............................................................... 57 “O Senhor é o Meu Pastor”............................................. 60 Assim Depressa... Para o Céu .......................................... 63 Oração Não Respondida................................................. 66 Trenzinhos no Céu........................................................... 67 Júnia Faz Oito Anos........................................................ 69 “Provai, e Vede”.............................................................. 71 “Como Um Pai”.............................................................. 73 De Mãos Postas............................................................... 79 Quero Ver o Seu Rosto.................................................... 82 Aninha Fala Sobre o Céu................................................. 84 Por Que Nós Queremos que Ele Venha?........................... 86 Com os Olhos Fechados.................................................. 88 Inteiramente Pago............................................................ 90 No Regaço do Pai............................................................ 91 Vésperas de Natal............................................................ 94 Servindo Onde Deus nos Põe........................................... 95 Gratidão Pelo Natal......................................................... 98 Onde Estava Marcos?...................................................... 100 De que Lado Você Está?................................................... 102 As Trocas de Deus........................................................... 105 Conhecendo Melhor o Papai............................................ 106 “Trabalhar Junto... Agora”............................................. 108 Ele Se Importa................................................................. 110 Expressões de Amor........................................................ 113 Sulcos Retos.................................................................... 116
Introdução “VOCÊ ESTÁ CONTENTE, MAMÃE?” Com esse primeiro artigo este livro nos introduz no seio de uma família de onze pessoas: o Papai, a Mamãe e nove crianças (de doze anos para baixo – cinco meninas e quatro meninos!). Os artigos que seguem não obedecem propriamente a uma sequência. São antes uma coletânea dentre vários artigos, em que a Mamãe – Doris Coffin Aldrich – divide conosco experiências do seu dia a dia, no correr de alguns anos. Esposa de um pastor evangélico e professor numa Escola Bíblica dos Estados Unidos, a Mamãe, em linguagem simples, natural e direta, usando fatos da vida em família, transmite-nos preciosas lições, aprendidas no seu andar diário em comunhão com o Senhor. Este livrinho delicioso nos estimula o apetite espiritual por um andar também assim, com Deus. E como se a autora nos dissesse, com as palavras do salmista: “Provai, e vede que o Senhor é bom.”
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Você Está Contente, Mamãe? “As outras crianças já sabem? O que elas vão achar? E você está contente, mamãe?“ Mamãe sorriu ante o jato de perguntas de Júnia, que tem o privilégio de estar a par dos assuntos, por ser a mais velha dos oito e já ter quase onze anos e meio. Ela pensou no palpite de Zinho, um pouco antes: “Se a gente vendesse bastante pêra, quem sabe se podia até vir mais um nenê”, os olhos esperançosos, voltados para a Mamãe. “Mais um o quê?” tinha perguntado a Mamãe, para ver se entendera bem. “Mais um nenê”, dissera ele meio impaciente. “Não ia ser gostoso? O Marcos já está tão grande.” (Fez dois anos em junho...) A Mamãe se lembrou ainda do aparte de Lili: – Nós já estamos ficando com falta de nenês.” Não havia dúvida sobre o que todos iam achar, quando soubessem. “E você está contente?” havia sido a pergunta de Júnia. A Mamãe voltou o pensamento para tempos atrás, quando tinha encarado esse assunto de ficar contente. Mas lembrou-se de alguns problemas no caminho de ficar “contente”, desta vez. Reflexões de2 uma
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Aquele sentimento de incapacidade... “Mas Senhor, eu me zango tão mais com as crianças agora”. Sinto-me incapaz de estar à altura da atividade delas, tantas vezes. Elas são vigorosas e exigem tanto das nossas forças. Eu nem sempre me sinto à altura do que deveria ser para elas, e me envergonho de como me porto – esbravejando, quando deveria ser paciente, afastando-as de mim, quando precisam de carinho e atenção! “Mas há momentos em que me parece impossível ser o que eu deveria ser...” * * * “A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza”... mesmo a tua fraqueza, segredou-me Ele com amor. * * * “E claro que isto é tolice minha, e eu sei que é egoísmo, mas eu esperava estar livre para sair um pouco este ano, já que os gêmeos estão no primeiro ano e Aninha no Jardim, e só Marcos está em casa. Os almoços com as senhoras, e todas aquelas coisas... seria tão bom poder ir. E também o meu tailler, quase sem uso...” * * * 10
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“Mas se este é o meu plano para ti, será sacrifício demais fazeres a minha vontade, sabendo que ele é para o teu bem e para que possas provar a minha suficiência, exatamente nesta circunstância? E é muito grande o sacrifício, comparado com o que outros têm deixado para ir a terras distantes... e passar solidão – por Mim?” * * * “Mas o que os outros vão pensar? Pode nem ser um bom testemunho. Aliás, pode até ser pedra de tropeço. Podem duvidar que seja prudente ter tantos filhos, quando o mundo está tão cheio de problemas. E toda a provisão que vai ser necessária... será certo?” * * * “Ele chama pelo nome as suas próprias ovelhas, e as conduz para fora. Depois de conduzir para fora todas as que lhe pertencem, vai adiante delas.” A responsabilidade de qualquer orientação e de tudo o que ela possa envolver é dEle. A nossa parte é segui-LO, á medida que nos guia. O nosso Deus deleita-Se em provar a Sua fidelidade. * * * Reflexões de uma
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“Você está contente, mamãe? E se for menina vai ser Débora, como ia ser o Marcos se não fosse menino? E eu posso trazer o nenê no colo, quando sair do hospital, como eu trouxe a Aninha?” (A Mamãe teve uma rápida visão do Papai e os oito, voltando do hospital com o novo bebê... e a Mamãe.) Ela se lembrou da recepção que Marcos tivera, e sentiu-se muito alegre. “Sim, filhinha, eu estou contente”. Vai ser gostoso agora no Natal, quando estivermos agradecendo a Deus porque nos mandou o Seu Filho amado como um nenê, para ser o nosso Salvador, sim, vai ser gostoso pensar que Ele nos dá a alegria de termos mais um nenê em casa para criarmos para Ele. “Pense, Júnia, que o Senhor Jesus esteve disposto a nascer como um nenê, dependente em tudo, tendo que passar por todos os anos de crescimento, aprendendo as coisas. E então, quando ficou homem, esteve pronto a morrer por nós.” (É curioso como o fato de ter outro bebê em casa parecia tornar real a maravilha do plano de Deus para a nossa salvação. Quanta humildade... quanto amor... que graça incomparável!) “Sim, June, a Mamãe está contente... e agradecida.” Vamos orar para que este nenê venha a ser usado por Deus para falar de Jesus a outros. 12
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E a Mamãe estava contente, também, por tudo o que este Salvador significa para cada mãe que vem a Ele em busca de mais força, mais paciência, mais coragem. E Ele lhes dá tudo! E tudo cercado de Seu amor e carinho. Sim, “As que amamentam, ele guiará mansamente” (Isaías 40.11)!
A Recompensa “Senhor,” orou a Mamãe,” não há sentido em ter tido os nove, se for apenas para acrescentar mais este punhado a um mundo superpopuloso! Mas ter nove que possam ser usados para a Tua glória...” Isto seria o apogeu, o preenchimento de todos os longos anos de disciplina, cuidado e amor.
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Deixando a Luz Atravessar No parapeito do vitrô da cozinha temos um joguinho de quatro vasilhinhas de vidro, em forma de bonecas, para servir geleia, açúcar, etc. Foram da Mamãe quando pequena. A luz brilha através delas e lança uns raios bonitos pelo aposento. Em dias bruscos elas são gostosas ao coração. Para que elas possam estar sempre brilhando, precisam estar sempre limpas, lavadas com água quente e sabão. E todo o tempo em que estão ali brilhando, têm uma lição para nos ensinar: Se é para a luz do conhecimento do Senhor brilhar através de nós, precisamos estar limpos. “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (I João 1.9). Faz lembrar a meninazinha que não sabia o que era um santo. Um dia levaram-na para ver os custosos vitrais de uma grande catedral. Ali, em meio à beleza e silêncio, exclamou: “Agora eu sei o que são santos. São gente que deixa a luz atravessar!” Ó amado Senhor, que as nossas vidas não impeçam a Tua beleza de brilhar através de nós! 14
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Desapontamento A Mamãe queria que Júnia, sua pequena de três anos, soubesse quanto ela a amava. Com o coração cheio, ela lhe disse: “A Mamãe gosta tanto de você, filhinha!” “Eu também gosto de mim,” respondeu Júnia. Quando Júnia começou a resposta, o coração da Mamãe ficou certo de que ia receber uma resposta de amor. Nada mais gostoso para ela do que ouvir da pequenina: “Eu também gosto de você, mamãe.” Mas, imaginem a surpresa! Deus nos disse: “Eu te amei” , quando mandou o Seu Filho unigênito ao mundo e à cruz, para ser o nosso Salvador. E o apóstolo João expressou a resposta ao amor divino que deleita o coração de Deus: “Nós amamos, porque ele nos amou primeiro”(I João 4.19). E o apóstolo Paulo foi constrangido pelo amor de Deus a não viver mais para si, mas para Aquele que por nós morreu e ressuscitou. Quando um filho de Deus, por sua vida centralizada em torno de si mesmo, responde ao amor do Pai, dizendo: “Eu também gosto de mim”, não será que há desapontamento no coração de Deus?... Reflexões de2 uma
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Só Espiando Quando a Mamãe entrou, Zinho estava tapando rápido o açucareiro. “Zinho!” Ele sorriu meigo, e respondeu depressa: “Só ipiando, mamãe.” Quando o réu tem apenas dois anos, achamos graça no pequeno maroto. Mas quando um adulto está “só espiando” a coisa proibida, ficamos preocupados, pois poderá ser levado ao próximo passo, que prejudicará a sua vida. Quanto agradecemos ao Senhor pelas vezes em que Ele nos chama a atenção, quando estamos “só espiando.” E como devemos orar por um coração obediente à Sua voz. Lembremo-nos de Ló, que espiou por tanto tempo, e do mal que isso lhe trouxe!
Comunhão Júnia estava fazendo quatro anos, e para comemorar o acontecimento, fomos juntas à cidade e compramos para ela o seu primeiro par de sapatinhos de verniz. Depois fomos a uma confeitaria tomar sorvete. June quis um “cor-de-rosa” e a Mamãe um de chocolate. 16
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Seus olhinhos brilhavam de alegria, e o coração da Mamãe estava aquecido. Qual o motivo especial de satisfação? Que ela era minha filha, somente? Não – é que a minha filha já estava ficando grande bastante para comunhão, para companheirismo, para termos experiências juntas. Ela parecia uma menina grande, sentada no banquinho alto, atarefada com o sorvete e dando espiadelas rápidas nos pezinhos pendurados, com os sapatinhos novos. Volta e meia era um sorriso que se abria, como que dizendo: “Nós estamos nos divertindo juntas.” Enquanto esperávamos pelo “elevador”, sua mãozinha quente movia-se dentro da minha. * * * Não será que o nosso gozo no Senhor seria mais completo e o Seu prazer em nós satisfaria mais o Seu coração, se tivéssemos mais desse sentimento de “estarmos juntos”, em nosso andar diário com Ele? Estamos nós crescendo no conhecimento do Senhor e no prazer da comunhão com Ele? Nós podemos ter comunhão com Ele até em coisas triviais, como trabalho de cozinha e pendurar roupas no varal. É a comunhão que faz a diferença e traz prazer ao nosso coração... e ao dEle. Reflexões de uma
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Quem Vai Cuidar de Nós? O Papai tinha viajado, e a sua falta estava sendo muito sentida. O pequeno trio andava meio sem graça e sem rumo, para lá e para cá, na manhã seguinte. Os pijaminhas caindo pareciam combinar com o estado de espírito de todos. “dê o Papai?” perguntou Zinho, e os olhos escuros de Zeca voltaram-se para a Mamãe, esperando resposta. “O Papai foi viajar, mas ele volta logo, logo.” “E quem vai cuidar da gente?” perguntou Júnia, com os olhos cheios de lágrimas. “A Mamãe cuida! A Mamãe cuida de vocês, filhinha.” Por um momento Júnia se satisfez; mas então, numa explosão de lágrimas, exclamou: “Mas quem vai cuidar de você, Mamãe?” Ela parou de chorar, quando a Mamãe explicou que Jesus ia cuidar de todos, porque Ele nunca tem que viajar, e sempre está “em casa”. “Quem vai cuidar de você?” Há muitos lares hoje de onde o Papai já partiu – e a casa parece tão vazia. Aqueles que conhecem o Senhor experimentam a “paz que excede todo o entendimento”. E para aqueles que ainda não O conhecem, está de pé o convite: “Vinde a 18
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mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei... e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora” (Mateus 11.18 e João 6.37). “Sim, queridinha, o Senhor Jesus vai cuidar da Mamãe, da Júnia, do Zinho, do Zeca e da Lili, porque Ele nos ama e nós somos dEle.” Você já é dEle? Já pertence a Ele? Seu coração de amor anseia por você... Qual a resposta do seu coração?
Tão Distantes e Tão Pesados Estávamos fazendo biscoitos, e Júnia enrolava e enrolava seu pedacinho de massa já meio acinzentado. Mais uma vez fez a pergunta: “Mas mamãe, como é que a gente vai pro céu?” Parou um pouco, atenta para ouvir a resposta. Eu lhe disse que o Senhor Jesus cuidaria de tudo para nós. Ela, porém, replicou: “Mas mamãe, é tão longe aqui em baixo, e a gente é tão pesada.” Achamos graça, mas há uma realidade espiritual sob essas palavras. “Tão longe aqui em baixo...” O nosso coração se comove ao pensar quanto Ele teve que descer Reflexões de2 uma
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desde a glória do Céu até este mundo de pecado. Tão aqui em baixo! Mas Ele veio porque o Seu amor O impeliu. “... e a gente é tão pesada.” Sim! O peso de todo o meu pecado foi posto sobre Ele. “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Coríntios 5.21). Sim, Ele pode levar-nos ao Céu, porque veio tão longe, aqui em baixo, e suportou tão grande peso de pecado. “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16).
Onde Está o Seu Interesse? “Onde é que o Senhor Jesus está agora, mamãe?” perguntou Joelzinho, de mais ou menos três anos. A Mamãe parou um instante de varrer a cozinha. “O Senhor Jesus está no céu, Zinho.” “E o Senhor Jesus tem um pacote de balas?” Outra pausa, enquanto a Mamãe adaptava sua teologia à mente de um pequeno de três anos. “Sim, eu penso que o Senhor Jesus tem um pacote de balas.” 20
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“E Ele tem um pacote grande, mamãe?” Sabendo de Seu abundante suprimento, a Mamãe respondeu: “Sim, Ele tem um pacote grande...” “Como é que a gente vai lá?” Ah, pequeno Zinho, com o seu desejo pelo Céu – um desejo de ganho material. Mas, um momento – em que direção está o nosso desejo pelo Céu? Nas “muitas moradas”, nas ruas de ouro, na suficiência de todas as coisas? Ou a nossa expectação pelo Céu se ilumina ao pensamento do seu mais caro tesouro: o Senhor Jesus, mesmo... O que nos atrai é o que Ele tem para oferecer, ou a comunhão com Ele mesmo? E qual o nosso interesse aqui na terra: coisas, ou o Senhor Jesus Cristo? “... Jesus Cristo, a quem, não havendo visto, amais”; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória” (1 Pedro 1.7,8).
Mais do que Um Prego Era apenas um prego, embrulhado num pedaço amarrotado de papel pardo e amarrado com um barReflexões de2 uma
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bante encardido. Mas teve o seu lugar junto ao bolo de aniversário, que ali estava todo enfeitado de velinhas vermelhas e tufos de papel crepom azul. Era mais do que um prego – era o presente de Zinho ao Papai. E foi recebido com toda a honra devida a um coraçãozinho amoroso, que com tanta dificuldade o havia embrulhado. Assim, ali ficou ele entre os demais presentes, muito maiores e mais caros. Lá, entre as ofertas apresentadas ao Senhor, está uma, tão pequena e pobre, que certamente não seria notada. Mas às vezes a sua própria insignificância a faz destacar-se entre as dádivas mais pretenciosas. E podemos estar certos de que o grande coração de amor do Pai verá aquele presente e se alegrará nele, pois os Seus olhos são exímios em notar cada sinal de amor. As coisas ficaram um pouco embaçadas e as velas tremeluziram no bolo, quando o Papai desembrulhou o presente de Zinho e olhou para o seu rostinho ansioso. E o amor de Deus ultrapassa de longe o amor de um pai terreno. Afinal, precisa Ele de alguma coisa? Não é Ele o Criador dos céus e da terra? Ah, mas não é a dádiva em si, e, sim, o coração que está atrás dela – isso é que tem significado para Ele. O amor vê além do presente... e compreende. 22
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