O sabiá e a girafa

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O sabia ea


Leo Cunha Ilustrações

Graça Lima

O sabia ea

Considerado Altamente Recomendável pela FNLIJ – 1994 Prêmio Jabuti na categoria Ilustrações – 1994 3.a edição

Curitiba – 2013


Copyright © Leo Cunha, 2013 Todos os direitos reservados à EDITORA UNIVERSITÁRIA CHAMPAGNAT Rua Imaculada Conceição, 1155 – Prédio da Administração – 3o andar Campus Curitiba – CEP 80215-901 – Curitiba – PR Tel. (0-XX-41) 3271-1701 Internet: www.editorachampagnat.pucpr.br

Editora responsável Rosane de Mello Santo Nicola Revisora Bruna Perrella Brito

Leo Cunha é escritor de literatura para crianças e jovens. Doutor em Artes/Cinema e mestre em Ciência da Informação, também atua como professor universitário, tradutor e jornalista. Recebeu o prêmio de Escritor Revelação, da FNLIJ, em 1993, e o Jabuti – Autor Revelação, em 1994.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Cunha, Leo O sabiá e a girafa / Leo Cunha ; ilustrações Graça Lima. – 3. ed. – Curitiba: Editora Champagnat – PUC-PR, 2013. ISBN 978-85-7292-287-6 1. Contos – Literatura infantojuvenil I. Lima, Graça. II. Título. 13-00709 CDD-028.5 Índices para catálogo sistemático: 1. Contos : Literatura infantil 028.5 2. Contos : Literatura infantojuvenil 028.5

Fundada em 1983, a Editora Universitária Champagnat, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, publica livros em todas as áreas do conhecimento. Tendo como premissa a relevância científica, literária, artística e cultural, visa a atender aos interesses de ensino, pesquisa e extensão da comunidade acadêmica e da sociedade como um todo.

A primeira edição deste livro foi publicada pela Editora Nova Fronteira (1993).


À Vá e à Caró. Aos meus pais. Aos meus padrinhos literários, Fanny, Sylvia, Tato e Edmir.


O sabia


a


Sabia que o sabiá sabia assobiar? Dizia o meu avô. Sabia que o sabiá sabia avoar? Avoa, vô, avoa. E de ave ele entendia.


Mas o sabiá da minha história não sabia avoar. Assobiar ele sabia. Mas, por mais que batesse as asas, o sabiá não subia. Avoa, sô, avoa! O pobre não decolava. Pulava lá do galho, aterrizava na bacia.

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Não desistia o sabiá. Saltava, caía, pulava, caía, tentava, caía. Sabiá na bacia. À toa, sô, à toa. Todo mundo até ria, mas no fundo já sabia: o sabiá não sabia avoar.


Vivia a assobiar seu apetite: comer o ar, caber no ar. Passar por cima das casas, das ruas, das gentes, do medo. Passar de passarinho, passear devagarinho, sem pra onde nem caminho. À toa, à toa, a esmo. Só queria mesmo avoar.

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Sonhos também havia. Asas arranhando a barriga das nuvens, voos atravessando a manhã vazia. Mas, entre as trapaças da brisa, o sabiá não saía.


Assobiava que eu nem te conto. Antes o canto de tenor, a cor na noite escura. Depois o canto de temor, a dor da falta de altura. Cantava que eu nem te canto, o sabiá desencantado.

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Dias de sonhos rasantes, noites de sono arrasado. Mas ele, ressabiado, teimava em assobiar. Dorremifava macio, no galho ou na bacia, o desejo de avoar.


Um dia, o sabiá dizia, um dia eu consigo avoar.

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