Degustação - Jogos depois da chuva

Christina Dias

Chuvas fortes provocam enchente em uma pequena cidade, obrigando seus habitantes a se abrigarem em um ginásio local.

Mesmo diante da tragédia, um grupo de crianças aproveita o tempo livre para brincar e se divertir.

JOGOS DEPOIS DA CHUVA

Pelo olhar infantil, em contraste com o do noticiário, acompanhamos o cotidiano no abrigo

ISBN 978-85-20-00316-9

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e a esperança dos moradores de voltar para casa.

Christina Dias

JOGOS DEPOIS DA CHUVA

Ilustrações

Carla Irusta

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Christina Dias

JOGOS DEPOIS DA CHUVA

Ilustrações

Carla Irusta

1ª. edição São Paulo – 2015

Copyright © Christina Dias, 2015 Todos os direitos reservados à EDITORA FTD S.A. Matriz: Rua Rui Barbosa, 156 – Bela Vista – São Paulo – SP CEP 01326-010 – Tel. (0-XX-11) 3598-6000 Caixa Postal 65149 – CEP da Caixa Postal 01390-970 Internet: www.ftd.com.br E-mail: projetos@ftd.com.br Diretora editorial Gerente editorial Editora Editor assistente Preparadora Revisora Editora de arte Projeto gráfico Diagramação Diretor de operações e produção gráfica

Ceciliany Alves Valéria de Freitas Pereira Cecilia Bassarani J. Augusto Nascimento Bruna Perrella Britto Elvira Rocha Andréia Crema Carla Irusta Paulo Minuzzo Reginaldo Soares Damasceno

Christina Dias nasceu em 1966, em Porto Alegre. É formada em Letras pela UFRGS e em Psicopedagogia pela ULBRA Canoas. Tem 24 livros publicados. Recebeu, em 2006, o Prêmio O Sul, Nacional e os Livros e o Prêmio Açorianos de Literatura, na categoria Literatura Infantil; o Prêmio Ages Livro do Ano 2008, na categoria Infantil; o Prêmio Ages Livro do Ano 2011, na categoria Juvenil, com Airton Ortiz, Luiz Paulo Faccioli, Carlos Urbim, Nazareth Ara e Sergio Napp, integrantes do grupo Osseis de Poa, um coletivo de arte literária. Foi finalista do Prêmio Jabuti, na categoria Infantil, em 2012. Oferece oficinas para professores que se interessam pela formação de alunos-​leitores.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Dias, Christina Jogos depois da chuva / Christina Dias; ilustrações Carla Irusta. – 1. ed. – São Paulo: FTD, 2015.

ISBN 978-85-20-00316-9 1. Contos - Literatura infantojuvenil II. Título.

15-04272

I. Irusta, Carla.

CDD-028.5

Índices para catálogo sistemático: 1. Contos: Literatura infantil 028.5 2. Contos: Literatura infantojuvenil 028.5

“Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.”

Oswaldo Montenegro, “Metade”.

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– Tá comigo! Deixa – e a turma saiu correndo ao redor das camas improvisadas no chão.

– Peguei. A bola está comigo e eu vou escolher...

E a turma toda se escondeu atrás das mochilas, malas e trouxas de roupa.

– Vocês não vão parar, hein? Nossa noite foi complicada demais pra aguentar gritaria de criança por aqui.

Parem um pouco de brincar.

Não adiantou nada. A turma tinha muito o que fazer naquela tarde. Muitas brincadeiras novas estavam loucas para serem brincadas. Brincadeiras que somente os dias de chuva promovem.

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– Ganhei! Fui o último a pegar a bola. Ganhei, bati, sou o campeão.

João disse isso e saiu correndo pelo pavilhão comemorando a vitória. A turma reagiu contrariando a farra dele, que continuou com o peito estufado na sua volta olímpica.

– Não valeu.

– Não é justo.

– Eu só perdi porque a dona Helena passou carregando o fogão bem naquela hora. Portanto, não valeu!

– E eu tive que esperar o Pereira descarregar o carrinho de comida que chegou. Demorou mais ainda. Tava tripesado e ele passou bem devagarinho.

– Então eu venci e pronto – concluiu João.

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Fenômeno La Niña provoca temporal Na última sexta-feira, um terrível temporal atingiu a cidade de Morro Azul. Os meteorologistas se dividem nas interpretações. Alguns afirmam ser consequência do fenômeno La Niña. Outros dizem que ocorreu um ciclone. Outros ainda falam em furacão.

O resultado foi arrasador.

Um bairro inteiro completamente destruído pela força do vento e pelo volume de água.

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Blém, blém, blém!

– O sino. Hora da comida.

A turma saiu em disparada para achar lugar na mesa enorme do refeitório que fizeram às pressas no ginásio.

– Venci de novo!

Era João anunciando que foi o primeiro a sentar.

– Ninguém tá jogando.

– Venci, venci, venci. Assim são três a zero.

– Dois a um.

– Viu como era jogo.

A sopa foi servida e estava quente à beça. Tão quente que formava uma fumaça de embaçar a vista.

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Mariana começou a assoprar a nuvem, que foi até o lugar de Antônio. Depois Andreia, Roberto, Melissa e João.

Cada um desenhando no ar. O vapor formava imagens, e a turma aproveitava para se divertir com elas.

– Um cavalo... uma onda... uma nuvem...

Era tudo isso se misturando no ar.

Bonito de olhar a nuvem até sumir na sala.

Depois os olhos voltaram para o prato.

– Dois – disse João.

– Quatro – disse Antônio.

– Um – disse Mariana.

– Três – disse Andreia.

– Empate. Dois – disse Roberto.

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– Nenhum – disse Melissa.

– Nenhum?!

– Nenhum. Olhem só – e Melissa apontou para o seu prato para que todos pudessem ver.

– Então vamos dividir.

Antônio, que tinha quatro pedaços de batata na sua sopa, foi o primeiro. Depois Andreia, que tinha três. Dividiram até que todos ficassem com dois cada um. O suficiente para aguentar a fome até a próxima refeição. Até o final da divisão, a sopa tinha esfriado o suficiente. Eles tomaram com gosto e rápido. Tinham muito o que fazer.

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