stela barbieri * fernando vilela
stela barbieri * fernando vilela
continentes, culturas, modos de vida e crenças.
Elas foram inspiradas nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, propostos pela ONU, e que ainda continuam sendo desafios para toda a humanidade.
Leia, comova-se, divirta-se e também reflita sobre cada uma destas histórias!
ISBN 978-85-96-00008-6
9
788596 000086
13300746
Luís Camargo
como mudar o mundo?
As histórias deste livro vão levar você para diferentes
*
ilustrações
fernando vilela
1ª. edição
São Paulo – 2015
Copyright © Stela Barbieri e Fernando Vilela, 2015 Todos os direitos reservados à EDITORA FTD S.A. Matriz: Rua Rui Barbosa, 156 – Bela Vista – São Paulo – SP CEP 01326-010 – Tel. (0-XX-11) 3598-6000 Caixa Postal 65149 – CEP da Caixa Postal 01390-970 Internet: www.ftd.com.br E-mail: projetos@ftd.com.br Diretora editorial Ceciliany Alves Gerente editorial Valéria de Freitas Pereira Editor assistente Luís Camargo Preparadora Marta Lúcia Tasso Revisora Bruna Perrella Brito Editora de arte Andréia Crema Projeto gráfico e capa Fernando Vilela Diagramação Marilda Donatelli Editoração eletrônica Paulo Minuzzo Diretor de operações e produção gráfica Reginaldo Soares Damasceno Stela Barbieri, artista plástica, foi curadora educacional da Fundação Bienal de São Paulo de 2009 a 2014. É assessora de artes da Escola Vera Cruz, contadora de histórias e autora de livros infantojuvenis. É conselheira na Fundação Calouste Gulbenkian desde 2012. Foi diretora da Ação Educativa do Instituto Tomie Ohtake por 12 anos. Atualmente dirige com Fernando Vilela o Bináh Espaço de Arte. Fernando Vilela é artista plástico, autor, ilustrador, professor e mestre em Artes pela Universidade de São Paulo. Recebeu o Prêmio FNLIJ em cinco categorias, o Jabuti em três categorias e a Menção Honrosa na categoria Novos Horizontes do Prêmio Bologna Ragazzi 2007. Os contos que compõem este livro foram publicados separadamente na coleção Jeitos de Mudar o Mundo pela Escala Educacional (2008).
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Barbieri, Stela Como mudar o mundo? / Stela Barbieri, Fernando Vilela; ilustrações Fernando Vilela. – 1. ed. – São Paulo: FTD, 2015. ISBN 978-85-96-00008-6 1. Contos – Literatura infantojuvenil I. Vilela, Fernando. II. Título. 14-06232
CDD-028.5
Índices para catálogo sistemático: 1. Contos : Literatura infantil 028.5 2. Contos : Literatura infantojuvenil 028.5
7
Pequenos gestos
9
A menina do feijão suculento
19
O reino dos mamulengos
31
Radija e os tapetes mágicos
41
Na sombra do baobá
51
Satiko e o vulcão
61
O gênio do poço encantado
73
O amigo dos animais
83
A ponte
6
Pequenos gestos
As histórias deste livro vão levar você para diferentes continentes, culturas, modos de vida e crenças. Isso você vai logo perceber pelas ilustrações. Algumas histórias são inspiradas em contos populares, outras em mitos, outras em costumes e tradições. Será que alguma delas termina como os contos de fadas em que os personagens se casam e vivem felizes para sempre? Leia e descubra você mesmo. Se prestar bem atenção, você vai perceber que mais do que falar sobre a vida de pessoas e de famílias, o personagem principal dessas histórias são as comunidades, os lugares, pequenos ou grandes, onde os seres humanos se reúnem para viver e precisam enfrentar inúmeros desafios: alimentação, água, saúde, educação, respeito à natureza. Os contos deste livro foram inspirados nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, propostos pela ONU, no ano 2000, mas que ainda continuam sendo desafios para toda a humanidade. Nessas histórias, você vai poder descobrir que pequenos gestos de um, somados a pequenos gestos de outros, podem fazer diferença para mudar o mundo! Luís Camargo
7
8
9
A menina do feijão suculento
10
N
um lugar muito distante daqui, vivia uma meni-
na chamada Mahura que, além de animada e bonita, tinha o cabelo todo cheio de fitas. Ela morava na roça, numa casa de barro vermelho. Mahura gostava de andar pela estrada de terra, visitando os sítios da vizinhança para brincar com as outras crianças. Juntas, corriam para a f loresta, subiam nas árvores e nadavam nos rios. Lá se esqueciam do tempo, às vezes anoitecia e as crianças ficavam tão entretidas na brincadeira que nada de ir para casa. Os pais ficavam preocupados e iam procurar os filhos, passavam uns nas casas dos outros perguntando se eles estavam aqui, acolá. Quando encontravam as crianças, ficavam bravos, e cada um levava seu filho para casa, dando-lhe uma bronca. No dia seguinte, as crianças iam felizes brincar de novo e durante algum tempo tomavam mais cuidado para chegar em casa antes do anoitecer, mas depois se distraíam e novamente perdiam a hora. As famílias trabalhavam com plantação e criação de animais. As crianças eram cuidadas por todos,
11
almoçavam na casa mais próxima de onde estavam brincando e em todo lugar eram tratadas com carinho. Acontece que durante muitos e muitos dias não choveu uma gota de água naquele lugar, e, com a seca, as plantações de feijão, milho, abóbora foram morrendo. Os porcos, os bois, as galinhas começaram a definhar. Os rios caudalosos se transformaram em fiozinhos de água. Foi ficando tudo seco. As pessoas passavam fome, a comida era pouca. Os homens e as mulheres que antes saíam de suas casas dispostos para o trabalho, agora se encontravam sentados, cabisbaixos, nas portas das casas, e até as crianças estavam tristes. A única que nunca desanimava era Mahura. Ela continuava indo às outras roças convidar os 12
amigos para brincar, mas ninguém queria. Quando estava na casa de algum amigo, na hora do almoço, percebia que as pessoas esperavam, inquietas, que ela fosse embora para então fazer a refeição, pois a comida era tão pouca que, se mais uma boca comesse ali, faltaria para alguém. Com o passar do tempo, quando Mahura ia à casa de seus amigos, o desânimo era tanto que ninguém queria falar com ela. Mahura também foi ficando triste. Um dia, ela chegou em casa com tanta fome que começou a vasculhar os potes de barro, onde sua mãe guardava os mantimentos. Estava aflita, procurando algo que diminuísse sua fome. Depois de procurar algo em muitos potes vazios, encontrou no fundinho do último pote um punhado de feijão. Ela se virou para a mãe e disse com entusiasmo:
13