Degustação - Pequenas guerreiras

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Yaguarê Yamã

Cinco pequenas guerreiras Pequenas guerreiras

vão brincar em um lago. Surgem homens da aldeia inimiga. Mas elas não são medrosas, são filhas das amazonas, as famosas mulheres guerreiras.

ISBN 978-85-322-8428-0

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788532 284280

13309002

Ilustrações





Ilustrações

1a edição

São Paulo – 2013


Copyright © Yaguarê Yamã, 2013 Todos os direitos reservados à EDITORA FTD S.A. Matriz: Rua Rui Barbosa, 156 – Bela Vista – São Paulo – SP CEP 01326-010 – Tel. (0-XX-11) 3598-6000 Caixa Postal 65149 – CEP da Caixa Postal 01390-970 Internet: www.ftd.com.br E-mail: projetos@ftd.com.br

Diretora editorial Editora

Editora adjunta

Editor assistente

Silmara Sapiense Vespasiano Ceciliany Alves Cecilia Bassarani Luís Camargo

Assistentes de produção Ana Paula Iazzetto Lilia Pires

Assistentes editoriais Ândria Cristina de Oliveira Tássia Regiane Silvestre de Oliveira Preparadora Revisora

Coordenador de produção editorial Editora de arte

Elvira Rocha Bruna Perrella Brito Caio Leandro Rios Andréia Crema

Diagramação Luis Vassallo Sheila Moraes Ribeiro Gerente executivo do parque gráfico

Reginaldo Soares Damasceno

Yaguarê Yamã nasceu em 1973, na aldeia Yãbetué’y, no município de Nova Olinda do Norte, Amazonas. Pertence ao clã Aripunãguá, dos indígenas Maraguá, e descende dos Saterê-Mawé por parte de pai. Estreou como escritor em 2001, com Puratig̃, o remo sagrado. Tem 12 livros publicados, a maior parte para crianças e jovens, dois deles selecionados para o PNBE. Participou de duas antologias: Puratig̃, o remo sagrado e outros contos, selecionada para o PNBE 2003, e Cuentos infantiles brasileños, publicada pela Embaixada do Brasil na Costa Rica.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Yamã, Yaguarê Pequenas guerreiras / Yaguarê Yamã ; ilustrações Taisa Borges. — 1. ed. — São Paulo: FTD, 2013. ISBN 978-85-322-8428-0 1. Contos indígenas brasileiros – Literatura infantojuvenil I. Borges, Taisa. II. Título. 13-02936

CDD-028.5

Índices para catálogo sistemático: 1. Contos indígenas : Literatura infantojuvenil 028.5 2. Contos indígenas : Literatura juvenil 028.5


A Quezia, Queila e Quelice.



Um livro que surgiu de um sonho Dias antes de viajar para o 11o. Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens, no Rio de Janeiro, tive um sonho um tanto curioso. Nesse sonho, eu lia um livro escrito em Maraguá com o título

Mirixawa kunhãtãi’ná (Pequenas guerreiras). Lembro-me que via nitidamente as palavras e que o autor se chamava Yaguarê. Quando acordei, contei o sonho a um amigo, e ele disse: “Yaguarê é você!”. Nunca me havia passado pela cabeça escrever um livro sobre meninas amazonas. Fiquei pensando e logo comecei a escrever. Assim me concentrei no sonho e nas famosas ikamiabas ou amazonas – as incríveis mulheres guerreiras dos relatos de frei Gaspar de Carvajal na época da descoberta do rio Amazonas pelos espanhóis. Depois imaginei como poderia ser o cotidiano das meninas daquele lugar, numa época em que os indígenas eram os únicos habitantes dessas terras que hoje chamamos Brasil. Na aldeia onde nasci, histórias de aventuras na floresta são muito comuns. Mesmo já passados tantos anos, quase nada mudou nas brincadeiras indígenas tradicionais. Como os meninos, as meninas também têm seus momentos de lazer, por isso achei importante relatar algo dessas aventuras infantis. É claro que é tudo “sonho”, ficção, mas com base no que poderia ter acontecido. A coragem, a amizade e o conhecimento da mãe-floresta são itens básicos da vivência além das fronteiras do mundo urbano.

Yaguarê Yamã

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ós somos ikamiabas! — disse Tainá, de 7 anos. — Nossas mães são famosas na guerra e, assim como elas, também seremos um dia. — Sim, mas não precisamos ser tão bravas — disse Awyá, um ano mais velha que Tainá. — Ei, meninas, que tal irmos ao lago nos banhar? — propôs Tainá. — Legal! Vamos! — Marinára e Dimára responderam ao mesmo tempo. — Mas antes é melhor avisarmos nossas mães. — disse Awyá.

Ikamiabas ou amazonas são mulheres guerreiras

indígenas que, segundo a lenda, viveram na região dos rios Nhamundá e Abacaxis, no Amazonas.

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O tempo em que as meninas passariam pelas provas de maioridade, seguindo a tradição das amazonas, estava próximo, por isso Yaguy, mãe de Awyá, não se opôs. Virou-se para Pátea, a líder das amazonas, e disse: — Deixe-as ir! O passeio serve de aprendizagem, além do mais elas precisam se divertir enquanto é tempo de paz. — Mas e se correrem perigo? Quem estará lá para acudi-las? — Elas têm que começar a resolver seus problemas. — Está bem, mas, para garantir, chame uma das moças e mande-a ao lago para vigiá-las, sem que as meninas saibam.

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Depois de liberadas, as cinco amigas passaram correndo pelo portão da aldeia rumo ao lago. Tainá, a mais animada, conduzia sua cadelinha: — Quando crescer, minha xerimbabo será a cadela mais bonita da aldeia! — Por aqui, Çurinára! — gritava Awyá, a líder do grupo, preocupada com a última menina, de apenas 4 anos de idade. — Você ainda é muito pequena, é melhor ficar. — Deixa, Awyá! Deixa a Çurinára ir conosco. — pediu Tainá. — Afinal, para nossas mães, esses passeios são aprendizagem. — Tem razão — disse Marinára. — Todas nós iremos cuidar de você, Çurinára. Você concorda, Dimára? — Sim — disse Dimára, uma menina loira, filha de Pátea com um estrangeiro que diziam ser irmão do sol por causa de sua cor clara e que havia estado por lá na época em que as Amazonas avistaram duas enormes canoas lotadas de homens de pelo no rosto.

Xerimbabo significa animal de estimação. 12



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