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Filosofia: História e Dilemas

Renato dos Santos Belo

VOLUME

ÚNICO

Filosofia História e Dilemas

ISBN 978-85-96-00018-5

9

788596 000185

11699114

VOLUME

ÚNICO


Renato dos Santos Belo Professor Adjunto do curso de Licenciatura em Filosofia do Departamento de Ciências Humanas da Universidade Federal de Lavras. Pós-Doutor em Filosofia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Bacharel em Filosofia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.

Filosofia História e Dilemas

VOLUME

ÚNICO

1ª. edição São Paulo – 2015


Copyright © Renato dos Santos Belo, 2015 Diretor editorial Lauri Cericato Gerente editorial Flavia Renata P. de Almeida Fugita Editoras Angela C. Di Cesare M. Marques, Valquiria Baddini Tronolone Editores assistentes João Carlos Ribeiro Jr., Maiza Garcia Barrientos Agunzi Colaboradores Caio Mazzili, Carolina Bussolaro Marciano, Maria Fernanda Álvares Gerente de produção editorial Mariana Milani Coordenadora de produção Marcia Berne Coordenadora de arte Daniela Máximo Projeto gráfico e capa Casa Paulistana Supervisor de arte Roque Michel Jr. Editor de arte Edgar Sgai Diagramação YAN Comunicação Tratamento de imagens Ana Isabela Pithan Maraschin, Eziquiel Racheti Ilustrações Cecília Ywashita, Marcos Guilherme/Arte Figuras, Mariana Coan, Marcus Penna, Ricardo Dantas, Soud, Vitor Flynn Coordenadora de preparação e revisão Lilian Semenichin Preparação Líder: Sônia Cervantes. Preparadoras: Fernanda Rodrigues, Veridiana Maenaka Revisão Líder: Viviam Moreira. Revisores: Aline Araújo, Carina de Luca, Fernando Cardoso, Rita Lopes Supervisora de iconografia Célia Maria Rosa de Oliveira Iconografia Assistente de iconografia: Priscila Massei. Pesquisadoras: Elaine Bueno, Etoile Shaw, Odete Ernestina Pereira Diretor de operações e produção gráfica Reginaldo Soares Damasceno

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Belo, Renato dos Santos 360º filosofia : história e dilemas, volume único / Renato dos Santos Belo. – 1. ed. – São Paulo : FTD, 2015. ISBN 978-85-96-00018-5 (aluno) ISBN 978-85-96-00019-2 (professor) 1. Filosofia (Ensino médio) I. Título. 15-06086 CDD-107.12 Índices para catálogo sistemático: 1. Filosofia : Ensino médio 107.12 Envidamos nossos melhores esforços para localizar e indicar adequadamente os créditos dos textos e imagens presentes nesta obra didática. No entanto, colocamo-nos à disposição para avaliação de eventuais irregularidades ou omissões de crédito e consequente correção nas próximas edições. As imagens e os textos constantes nesta obra que, eventualmente, reproduzam algum tipo de material de publicidade ou propaganda, ou a ele façam alusão, são aplicados para fins didáticos e não representam recomendação ou incentivo ao consumo. Reprodução proibida: Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Todos os direitos reservados à

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Apresentação Caro estudante, É bastante comum que a Filosofia formule suas principais interrogações de modo aparentemente simples. Por exemplo: Quem somos? De

Filosofia

onde viemos? Somos livres? Essas perguntas, entretanto, repercutem decisivamente em nossas vidas. A proposta do livro que você tem em mãos é oferecer alguns percursos para a exploração dessas e de muitas outras questões filosóficas. A tarefa é desafiadora. Reunir em uma só obra as inquietações e descobertas de séculos de Filosofia não é nada fácil. Por outro lado, os tópicos principais dessa trajetória intelectual são incontornáveis. Afinal, ainda que a Filosofia sempre se renove, ela nunca deixa de homenagear seu passado. Por isso o texto que ora apresentamos assenta-se, primordialmente, no enfoque histórico da Filosofia, recuperando tanto as disputas e controvérsias antigas quanto o conjunto de problemas que se mostra importante nos dias atuais. Ao mesmo tempo, são reservados espaços para estimular a troca de opiniões e a defesa de ideias. Assim, além de contribuir para a promoção da cidadania, entendemos que a Filosofia promove o desenvolvimento das capacidades mais nobres do ser humano. Pois o contato com a disciplina filosófica alarga nossos horizontes e permite percorrer com mais vitalidade o caminho de nossa existência. A presente obra, portanto, espera contribuir para a sua educação integral, caro estudante. Nossos esforços, durante a escrita, foram guiados pelo objetivo de formação do pensamento autônomo e pela busca constante do bem viver. Pretendemos, dessa maneira, estimular o encontro com o conhecimento pautado pela generosidade, a forma mais elevada de respeito e estímulo à inteligência livre. Bons estudos! O autor


Conheça o seu livro

Unidade

3

Grandes temas da Filosofia

Capítulo 17: Ética e liberdade Capítulo 18: Estado e poder

A Filosofia e seus temas

Capítulo 19: Estética

A Filosofia é uma ciência? Qual é o objeto da Filosofia? De maneira muito genérica, podemos dizer que a Biologia é a ciência que estuda a vida. A História é a ciência das relações humanas em perspectiva temporal. A Geografia tem como objeto tudo o que se passa na superfície da Terra ou, de forma mais específica, tem como objeto o espaço. Mas do que trata a Filosofia? É comum ouvirmos dizer que a Filosofia não tem objeto próprio. Nesse sentido, a Filosofia não seria uma ciência, pois poderia tratar de qualquer tema. Daí vem a conhecida e, por vezes, mal compreendida expressão kantiana: não se ensina filosofia, apenas se ensina a filosofar. Kant não queria dizer que algo como a História da Filosofia não poderia ser ensinada. Há uma tradição filosófica consolidada e a História da Filosofia é a melhor forma, sem riscos de “achismos” e de reprodução do senso comum, de iniciar o aluno na própria Filosofia. Por outro lado, a Filosofia é mais do que transmissão de conteúdos. Ela é também, e essencialmente, uma certa maneira de abordar seus objetos. Essa maneira é a do conceito. Dessa forma, ainda que qualquer assunto possa ser objeto da reflexão filosófica, ele só será verdadeiramente filosófico se for criação conceitual. Essa maneira de ver as coisas e de se conceber a própria Filosofia explica a variedade temática que constitui o núcleo da terceira unidade desta obra. É assim que se pode falar de uma articulação entre Filosofia e Ciência, Filosofia e Conhecimento, Filosofia e Linguagem, Filosofia e Arte, Filosofia e Política. O objetivo desta parte é apresentar, por meio de todos esses objetos que se dão à reflexão filosófica, qual é o tratamento especificamente filosófico para temas tão variados. Vamos lá!

Capítulo 20: Conhecimento Capítulo 21: Filosofia da ciência

Loic Poidevin/Naturepl/Isuzu Imagens

Capítulo 22: Lógica e argumentação

O filósofo Hegel dizia ser a Filosofia a ave de Minerva (coruja) que só levanta voo ao entardecer, uma alusão ao material sobre o qual a Filosofia deve se debruçar: os acontecimentos do mundo. Assim, ele afirma que o pensamento filosófico se ocupa daquilo que já passou, sem propósito de predição. Nesta foto, a espécie coruja-do-nabal ou coruja-do-campo.

Unidades

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Na abertura de cada uma das três unidades do livro, uma imagem significativa e um texto introdutório que apresenta as principais características dos capítulos que as compõem.

Abertura de capítulo

CAPÍTULO 18

A abertura prepara o estudante para os principais temas a serem estudados, estimulando, sempre que possível, a reflexão a respeito de experiências próprias. Questões aproximam os problemas investigados pelos filósofos, e que serão desenvolvidos ao longo do capítulo, do contexto atual.

Estado e poder

Palavras-chave Estado Utilitarismo Sociedade Liberalismo Poder Democracia

Pensar o poder Poder e autoridade frequentemente são entendidos como sinônimos. A confusão entre o significado dessas palavras leva a definir o exercício do poder como obediência a uma autoridade reconhecida por uma comunidade. Por exemplo, o diretor de uma escola exerce poder sobre professores e alunos porque os membros da comunidade escolar consideram legítima a autoridade atribuída ao cargo de diretor. Os políticos exercem poder porque os eleitores reconhecem a autoridade dos candidatos eleitos aos cargos públicos. Esta não é, entretanto, a única definição para entender o exercício do poder. O poder também pode ser exercido mesmo quando sua legitimidade não é reconhecida pelos membros da comunidade que deve obedecer-lhe. Assim, é preciso elaborar uma definição de poder que não exclua os casos em que o poder seja exercido sem nenhuma legitimidade ou reconhecimento. Segundo o filósofo francês Gérard Lebrun (1930-1999), o poder deve ser entendido como potência, força e dominação. Potência é a capacidade de alguém desempenhar uma ação a qualquer tempo, independentemente de essa ação se efetivar ou não. Força é o meio utilizado para influenciar o comportamento de alguém e, enfim, dominação é a oportunidade de impor a própria vontade contra qualquer resistência. É com base nessas três categorias que o conceito de poder e de política pode ser entendido.

Ricardo Dantas

• Diante dessa definição de Lebrun, reflita sobre situações cotidianas e discuta com seus colegas de que forma o poder se manifesta no dia a dia. Em que ele se diferencia da autoridade?

Para entender melhor

PARA ENTENDER MELHOR

A gênese do mundo por Hesíodo Em algumas passagens da obra Teogonia, Hesíodo narra o surgimento dos deuses primordiais. São seres semelhantes a entidades da natureza. Observe que se tratam de figuras bastante diferentes da noção de divindade que aprendemos com a cultura judaico-cristã. Note no trecho a seguir o uso que o poeta faz de entidades como Terra, Céu e Oceano.

Os Deuses primordiais Soud

Sim bem primeiro nasceu Caos, depois também Terra de amplo seio, de todos sede irresvalável sempre, dos imortais que têm a cabeça do Olimpo nevado, e Tártaro nevoento do fundo do chão de amplas vias, e Eros: o mais belo entre Deuses imortais, solta-membros, dos Deuses todos e dos homens todos ele doma no peito o espírito e a prudente vontade. Do Caos Érebos e Noite negra nasceram. Da Noite aliás Éter e Dia nasceram, gerou-os fecundada unida a Érebos em amor. Terra primeiro pariu igual a si mesma Céu constelado, para cercá-la toda ao redor e ser aos Deuses venturosos sede irresvalável sempre. Pariu altas Montanhas, belos abrigos das Deusas ninfas que moram nas montanhas frondosas. E pariu a infecunda planície impetuosa de ondas o Mar, sem o desejoso amor. Depois pariu do coito com Céu: Oceano de fundos remoinhos e Coios e Crios e Hipérion e Jápeto e Teia e Reia e Têmis e Memória e Febe de áurea coroa e Tétis amorosa.

Com este boxe, aspectos mais complexos do conteúdo enfocado são explicados em detalhes. Geralmente há comentários que esclarecem passagens mais difíceis de textos filosóficos, ilustrando um dos modos possíveis de leitura.

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Unidade 3

E após com ótimas armas Crono de curvo pensar, filho o mais terrível: detestou o florescente pai. Pariu ainda os Ciclopes de soberbo coração:

Palavra de filósofo

Trovão, Relâmpago e Arges de violento ânimo que a Zeus deram o trovão e forjaram o raio. Eles no mais eram comparáveis aos Deuses, único olho bem no meio repousava na fronte.

PALAVRA DE FILÓSOFO

Ciclopes denominava-os o nome, porque neles circular olho sozinho repousava na fronte. Vigor, violência e engenho possuíam na ação.

O papel da experiência

Outros ainda da Terra e do Céu nasceram,

Na obra Metafísica, Aristóteles trata, entre outros temas, do conhecimento adquirido pela experiência, ou seja, pelos sentidos. A esse respeito, leia o trecho a seguir:

três filhos enormes, violentos, não nomeáveis. Cotos, Briareu e Giges, assombrosos filhos. Deles, eram cem braços que saltavam dos ombros,

[...] Com efeito, os homens adquirem ciência e arte por meio da experiência. A experiência, como diz Polo, produz a arte, enquanto a inexperiência produz o puro acaso. A arte se produz quando, de muitas observações da experiência, forma-se um juízo geral e único passível de ser referido a todos os casos semelhantes.

improximáveis; cabeças de cada um cinquenta brotavam dos ombros, sobre os grossos membros. Vigor sem limite, poderoso na enorme forma. (HESÍODO, 2007, p. 109-111)

Unidade 1

Capítulo 1

17

Por exemplo, o ato de julgar que determinado remédio faz bem a Cálias, que sofria de certa enfermidade, e que também fez bem a Sócrates e a muitos outros indivíduos, é próprio da experiência; ao contrário, o ato de julgar que a todos esses indivíduos, reduzidos à unidade segundo a espécie,

Em meio à exposição do texto-base, essa seção permite o acesso a formulações originais dos filósofos estudados. Nela há questões que ajudam a explorar os principais tópicos da citação.

que padeciam de certa enfermidade, determinado remédio fez bem (por exemplo, aos fleumáticos, aos biliosos e aos febris) é próprio da arte. [...] De fato, o médico não cura o homem a não ser acidentalmente, mas cura Cálias ou Sócrates ou qualquer outro indivíduo que leva um nome com eles, ao qual ocorra ser homem. Portanto, se alguém possui a teoria sem a experiência e conhece o universal mas não conhece o particular que nele está contido, muitas vezes errará o tratamento, porque o tratamento se dirige, justamente, ao indivíduo particular (ARISTÓTELES, 2002, p. 3-5).

ATIVIDADES 1. Para os gregos antigos, arte significava técnica. A arte de pintar e a arte de curar eram o mesmo que a técnica de pintar e a técnica de curar. De acordo com o texto, qual é a importância da experiência para a consolidação da arte? 2. Para Aristóteles, quais são os riscos do conhecimento teórico sem experiência?

Em busca da felicidade

A Ética epicurista

Ataraxia: Diz respeito à tranquilidade da alma, estado de quietude.

Atualmente, o hedonismo é entendido como a busca pelo prazer acima de tudo, e uma pessoa hedonista é vista como alguém individualista e egoísta. O epicurismo dedicou grande importância ao prazer, o que levou muitas pessoas a interpretarem-no com o mesmo sentido contemporâneo da palavra hedonismo. Contudo, veremos que essas duas concepções sobre o prazer são muito diferentes. Segundo Epicuro, o sentido da vida é a busca pela felicidade e as pessoas são felizes quando atingem o prazer. Contudo, nem todo prazer é bom ou conveniente para a felicidade. O prazer momentâneo, passageiro e que leva à infelicidade deve ser evitado. Por outro lado, a dor que conduz à felicidade futura é preferível ao prazer imediato que não traz felicidade.

PARA PENSAR

O prazer ontem e hoje Sobre o modo como o epicurismo tratou o prazer, leia o que é dito na Carta a Meneceu: Quando dizemos que o prazer é a meta, não nos referimos aos prazeres dos depravados e dos bêbados, como imaginam os que desconhecem nosso pensamento ou nos combatem ou nos compreendem mal, e sim à ausência de dor psíquica e à ataraxia da alma. Não são com efeito as bebedeiras e as festas ininterruptas, nem o prazer que proporcionam os adolescentes e as mulheres, nem comer peixes e tudo mais que

uma rica mesa pode oferecer que constituem a fonte de uma vida feliz, mas aquela sóbria reflexão que examina a fundo as causas de toda escolha e de toda recusa e que rejeita as falsas opiniões, responsáveis pelas grandes perturbações que se apoderam da alma. Princípio de tudo isso e bem supremo é a prudência. Por isso, ela é ainda mais digna de estima do que a filosofia... (Apud MORAES, 1998, p. 93)

National Archaeological Museum, Espanha

A boa compreensão do hedonismo epicurista e de seu elogio do prazer exige que nos distanciemos dos valores que a sociedade contemporânea, de forma geral, nos ensina e incentiva a perseguir. Releia o trecho destacado da Carta a Meneceu e reflita sobre as principais diferenças entre a compreensão epicurista do prazer e os valores de nossa sociedade atual. Adquirir sabedoria é o melhor modo de distinguir entre os prazeres que levam à felicidade e aqueles que nos distanciam dela. Também é o meio para reconhecer a dor que deve ser suportada em nome da felicidade. A sabedoria é a virtude suprema e permite aos seres humanos avaliar suas condutas, bem como diferenciar os três tipos de prazer.

Para pensar Inspirados em temas do próprio capítulo, questões do mundo contemporâneo são abordadas em perguntas que convidam o estudante a aproveitar os conceitos da Filosofia para elaborar e expor livremente suas próprias reflexões.

Unidade 1

Admite-se geralmente que toda arte e toda investigação, assim como toda ação e toda escolha, têm em mira um bem qualquer; e por isso foi dito, com muito acerto, que o bem é aquilo a que todas as coisas tendem. Mas observa-se entre os fins uma certa diferença: alguns são atividades, outros são produtos distintos das atividades que os produzem. Onde existem fins distintos das ações, são eles por natureza mais excelentes do que estas (ARISTÓTELES, 1973b, p. 249).

Unidade 1

Capítulo 4

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Jusnaturalismo Doutrina jurídica que faz distinção entre direito natural e direito positivo. De acordo com ela, o direito natural precede e é superior ao direito positivo, cuja elaboração é feita pelas sociedades humanas. Nas Filosofias antiga e medieval, o direito natural tinha origem em Deus ou na natureza. Na Filosofia moderna, principalmente depois dos estudos do jurista Hugo Grócio (15831645), a razão tornou-se a fonte e a origem do direito natural.

Boxe explicação

Diferentemente de Sócrates, Platão e Aristóteles, que acreditavam que os bens supremos que conduziam à felicidade eram os bens da alma, Epicuro valorizava muito o prazer do corpo. Para ele, a essência humana é material, pois tanto o corpo quanto a alma são constituídos por átomos. É nesse sentido que se pode dizer que ele tinha uma concepção hedonista da felicidade bem distinta do hedonismo dos dias de hoje, pois, ao buscar os prazeres moderados, os sofrimentos indesejados são evitados. Na imagem ao lado, feita por volta de 400 a.C., a representação de um banquete em que os convidados divertem-se e ouvem música após a refeição.

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A felicidade foi um tema investigado por Aristóteles em suas reflexões éticas. As principais obras que chegaram até nós a esse respeito foram os três tratados de Ética: Grande ética, Ética a Eudemo e, principalmente, Ética a Nicômaco. O nome desse último foi uma homenagem de Aristóteles a seu filho de mesmo nome. Nicômaco também foi o nome do pai de Aristóteles, que morreu quando o filósofo era bem jovem e ainda não havia se tornado discípulo de Platão. Apesar de não ter acompanhado a vida adulta de Aristóteles, acredita-se que seu pai, Nicômaco, o tenha introduzido nos assuntos de seu ofício, a medicina, o que pode justificar os interesses científicos do filósofo. De acordo com a divisão de Aristóteles, a Ética e a Filosofia Política fazem parte das ciências práticas, ou seja, as que não têm um fim em si mesmas, mas estão subordinadas e dizem respeito a uma atividade prática. E os seres humanos, em suas atividades práticas, visam a um bem. Segundo Aristóteles:

Capítulo 5

Pequeno verbete com definição de conceitos, expressões filosóficas ou eventos históricos.

Glossário

O Estado foi tema de reflexão principalmente para Thomas Hobbes (15881679), que utilizou o conceito de estado de natureza para explicar os fundamentos e o funcionamento dessa organização política. Em geral, o estado de natureza refere-se a uma situação hipotética em que os indivíduos se encontram quando o Estado não existe. Para alguns pensadores, as características dos seres humanos no estado de natureza são seus direitos naturais, constituídos antes mesmo de qualquer regulamentação legal que venha a ser feita. Esse pensamento ficou conhecido como jusnaturalismo. No início da Idade Moderna, o absolutismo orientou as reflexões sobre o Estado. De acordo com esse sistema, o Estado deveria concentrar os poderes individuais de toda a população. O poder absoluto, resultante da reunião dos poderes dos indivíduos, era exercido por um soberano que encarnava a figura do próprio Estado. No decorrer da Idade Moderna, no entanto, o absolutismo foi enfraquecido como doutrina política e substituído por uma concepção menos autoritária. Tornava-se necessário estabelecer limites legais para o exercício do poder.

Maquiavel e o poder

Republicano: Diz respeito à república, ou seja, coisa pública, de interesse de todos os cidadãos.

Explicação simples e direta sobre o sentido contextualizado de palavras pouco usuais.

Virtude Diz respeito à excelência de algo. Expressão geralmente empregada em contexto moral. Para o cristianismo, virtude opõe-se a vício e é a qualidade de quem age de acordo com as regras de condutas cristãs. Na obra de Maquiavel, significa uma potência ou uma capacidade que alguém possui e que o habilita a realizar alguma coisa: um governante é virtuoso quando sabe qual é o melhor momento para declarar a guerra ou para celebrar a paz.

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Unidade 2

Nascido em Florença, na Itália, Nicolau Maquiavel foi um pensador do início da Filosofia moderna, mais propriamente do Renascimento. Com reflexões voltadas para a ação humana e para o caráter mais prático da vida, ele pouco se dedicou a temas especulativos ou metafísicos, investigando o modo como a política efetivamente se desenrola, isto é, o jogo de forças e interesses em seu próprio tempo. Maquiavel escreveu de biografias históricas a tratados políticos, mas duas obras se destacam por sua importância: O príncipe e Comentários sobre a primeira década de Tito Lívio. Apesar de os dois trabalhos terem sido iniciados em 1513, há uma diferença marcante entre eles. O primeiro dá conselhos a um monarca absoluto para conquistar e manter-se no poder, enquanto o segundo apresenta uma visão republicana da política. O que teria motivado Maquiavel a escrever uma obra voltada a um monarca absoluto ao mesmo tempo que elaborava uma obra republicana? Para essa pergunta, surgiram respostas variadas. Para alguns, Maquiavel pretendia agradar Lourenço de Médici (1449-1492), governante de Florença. Outros acreditam que Maquiavel estava, na verdade, prevenindo a população contra as artimanhas da política e, sobretudo, dos políticos. O pensamento de Maquiavel também é polêmico por outros motivos. De acordo com o filósofo Maurice Merleau-Ponty (1962), Maquiavel separou a política da virtude moral, vínculo mantido pelos pensadores antigos e medievais. O filósofo florentino pensava que a virtude do príncipe não devia ser a mesma que orientava as ações individuais das pessoas comuns. No entanto, Maquiavel não apresentou uma visão distorcida e amoral da política, pois não deixou de ser partidário da virtude. Segundo ele, a política exige uma moralidade própria, muito diferente da moral do cidadão comum. As obras de Maquiavel desconcertavam os leitores porque investigavam um aspecto da moral ignorado pela maioria deles: a moral política. Com esse novo conceito, o bom governante deixava de se orientar pela moral cristã, pois nem sempre valores como paz e caridade são suficientes para preservar o poder. A moral do “bom” governante passou a ser a que preserva o seu governo, e não mais a que é preenchida de virtudes morais do senso comum. As controvérsias levantadas pelas obras de Maquiavel podem ser resultado de sua originalidade. Ao analisar efetivamente as circunstâncias em que ocorre a ação política, ele mudou o enfoque dos pensadores antigos, no


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TEXTO COMPLEMENTAR O continente e a ilha O continente e a ilha (ou tradição anglo-americana) são uma metáfora que ilustra a divisão que a Filosofia assumiu no século XX. De modo geral, a Filosofia do continente ficou marcada pela fenomenologia, pela hermenêutica e pelo marxismo. Já a Filosofia da ilha ficou conhecida pela Filosofia da linguagem, pela leitura analítica e pelo pragmatismo. A seguir, Ivan Domingues apresenta essas concepções: A força da tradição continental está no uso da história da filosofia capaz de dar o contexto dos problemas, fornecendo os meios para o estudioso adquirir a familiaridade, afastando as ilusões da originalidade e preparando a mente para realizar as verdadeiras descobertas e reconhecer as intuições seminais. O risco está no servilismo, na erudição livresca e na morte do pensamento, como já tinham visto Sêneca e Santo Tomás, que alegaram que a filosofia não consiste em conhecer a opinião dos filósofos, mas em estudar o mundo que nos cerca, e que “a filosofia, quando se torna história da filosofia, não estuda as próprias coisas, mas o que foi pensado por outros”. A força da tradição anglo-americana está na coragem do pensamento, verificada na decisão de fazer tábula rasa da história e pensar os problemas com os meios do pensamento, meios lógicos como nos experimentos mentais, e não factuais ou empíricos, como na história da filosofia. Os riscos são o oposto da tradição continental, mas não menos perigosos: o filósofo acreditar que descobriu a América quando apenas criou mais um puzzle, a filosofia se converter num jogo de xadrez intelectual (jogo de salão) e os experimentos mentais, em vez de “higienizar” e fortalecer, levarem à renúncia ao pensamento. [...]

Texto complementar

Foi pensando nessas coisas que pensei um outro caminho para a filosofia e o filosofar, um caminho equidistante tanto da via da história da filosofia, que leva ao historicismo, quanto da via dos experimentos mentais, que leva ao logicismo. Distante da história da filosofia e dos problemas historicamente constituídos, por enraizar a reflexão filosófica em problemas contemporâneos. Distante dos experimentos mentais e da análise de conceitos da lógica, por apoiar a reflexão filosófica numa experiência propriamente “existencial”, como Platão na República ao falar da velhice e dos efeitos da idade na pergunta do filósofo pelo bom governo e pela cidade ideal. Entendo que é este mesmo filtro “existencial” que vamos encontrar nas filosofias de Aristóteles, Sêneca, Agostinho, Descartes, Pascal, Rousseau, Nietzsche, Kierkegaard, Wittgenstein, Heidegger e em inúmeros outros que marcaram a filosofia desde a aurora do pensamento grego e que está perigosamente sentenciado de morte em diferentes segmentos da filosofia contemporânea, todos eles cada vez mais técnicos, uns mais lógicos e outros mais eruditos – mas igualmente sem nenhum pensamento e sem nenhuma relevância. Para dar expressão conceitual aos problemas e ao filtro da experiência existencial ao abordar os problemas filosóficos, será preciso um espaço de argumentação mais amplo do que o espaço lógico da filosofia analítica e de outras vertentes da tradição anglo-americana: maior do que o espaço do claim, do argumento e do contra-argumento, e maior também do que o foco do laser pointer dos experimentos mentais (exemplos e contraexemplos), como viu Appiah. E ao mesmo tempo um espaço menor do que as reconstruções históricas sem fim e descarregado do contextualismo excessivo da tradição continental. [...] E como Montaigne, Sócrates e Rousseau penso que aquilo que define a reflexão filosófica, o éthos do filósofo, e caracteriza o espaço filosófico da reflexão com seu filtro existencial são o sentido dos problemas, a meditação paciente, a palavra interior e o esforço de falar aos corações das pessoas (Rousseau), nada mais. (DOMINGUES, 2009, p. 91-95) 1. O pensamento original sintetiza a meta que pode ser alcançada tanto pela tradição continental como pela tradição anglo-americana. No entanto, as duas tradições também podem afastar o filósofo desse objetivo. Explique como cada uma dessas tradições pode aproximar ou afastar o pensador de uma Filosofia verdadeiramente original. 2. O texto propõe que os problemas da Filosofia devem ser contemporâneos e que a reflexão filosófica deve estar apoiada em uma experiência existencial. De que modo essa proposta se afasta da tradição continental e da tradição anglo-americana?

Capítulo 16

Nesta seção, textos de pensadores que abordam e aprofundam temas e conceitos trabalhados no capítulo. Há também perguntas que exploram seus principais aspectos.

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AMPLIANDO

Por dentro do pan-óptico

Jeremy Bentham expôs a ideia do pan-óptico em obra publicada em 1786. Segundo o filósofo, a aplicação de sua arquitetura da vigilância seria ampla: “Para dizer tudo em uma palavra, ver-se-á que ele é aplicável, penso eu, sem exceção, a todos e quaisquer estabelecimentos, nos quais, num espaço tão demasiadamente grande para que possa ser controlado ou dirigido a partir de edifícios, queira-se manter sob inspeção certo número de pessoas. Não importa quão diferentes, ou até mesmo quão opostos, sejam os propósitos: seja o de punir o incorrigível, encerrar o insano, reformar o viciado, confinar o suspeito, empregar o desocupado, manter o desassistido, curar o doente, instruir os que estejam dispostos em qualquer ramo da indústria [...]” (BENTHAM, 2008, p. 19).

A Ilha da Juventude (antiga Ilha dos Pinheiros), em Cuba, é um dos lugares em que foi construído um presídio-modelo baseado no pan-óptico de Bentham, na década de 1920. Trata-se de um conjunto de cinco edifícios com capacidade para 5 mil prisioneiros no total. Fechado definitivamente em 1967, o local foi declarado patrimônio nacional e nele atualmente funciona um centro de pesquisa. Friman

O Pan-óptico de Bentham

© 2008 Jason Florio

Presídio-modelo. Cuba, 2010.

Jeremy Bentham

Vista da cela

Nasceu em Londres, em 1748. Filho de um advogado, seguiu a carreira do pai, preferindo, no entanto, dedicar-se ao estudo da teoria do Direito. Fundador do utilitarismo, acreditava que os indivíduos deviam medir suas ações com o objetivo de conquistar o máximo de felicidade e o mínimo de sofrimento. Esse raciocínio também servia à economia política e orientava os princípios dos bons governos, quais sejam, os de tomar medidas que garantem o máximo de felicidade para a maioria da população governada.

Projeto arquitetônico

A arquitetura do edifício prisional elaborado por Bentham era a de uma construção anelar com uma torre de observação localizada do centro. Situados nessa torre central, os vigilantes podiam ter uma visão de todos os presos, mas os presos não teriam condições de saber se estavam realmente sendo vigiados. O modelo arquitetural de Bentham influenciou a construção de presídios em vários países.

Vista da torre

Mansell/The LIFE Picture Collection/Getty Images

Fresta pela qual o olhar opressor do Estado vê, mas não pode ser visto. Segundo o filósofo francês Michel Foucault (1926-1984), trata-se de um olhar “que vigia e que cada um, sentindo-o pesar sobre si, acabará por interiorizar, a ponto de observar a si mesmo; sendo assim, cada um exercerá essa vigilância sobre e contra si mesmo” (FOUCAULT, 2002, p. 218).

No desenho do pan-óptico de Bentham, vê-se a construção circular com as celas distribuídas em volta e uma torre no centro para vigilância.

Distribuídos ao longo da obra, infográficos e exploração de imagens significativas convidam a uma compreensão mais apurada de assuntos importantes, com textos sintéticos e qualidade visual.

© 2008 Jason Florio

Não é preciso que os vigilantes estejam sempre presentes no interior da torre, pois os detentos não conseguem enxergá-los. O objetivo é levar os detentos a internalizar a vigilância e evitar o crime.

Ampliando

337

Atividades Localizada no final de cada capítulo, seleção de atividades de tipos e dificuldades variadas.

FIXAR CONHECIMENTOS 1. As palavras ética e moral possuem praticamente o mesmo significado etimológico. Qual seria, então, a diferença entre elas? 2. Como a responsabilidade é entendida em uma moral baseada na liberdade e em uma moral baseada na determinação? 3. A falta de consenso entre as morais particulares é um obstáculo que precisa ser resolvido por uma moral universal. De que modo Kant resolveu esse problema? 4. Compare a moral kantiana e a moral existencialista. 5. Qual foi a importância de Maquiavel para a relação entre moral e política?

Fixar conhecimentos

6. O que é o conflito entre a ética das convicções e a ética da responsabilidade? 7. Quais são os argumentos utilizados por Hugh Lacey para sustentar a tese de que ciência não é livre de valores?

APLICAR CONCEITOS

Questões verificam o aprendizado dos conteúdos estudados.

8. Leia no trecho da notícia a seguir o que declarou o biólogo britânico Lewis Wolpert (1929-), comente sua afirmação e explique os argumentos utilizados em defesa da separação entre ciência e valores sociais ou morais. Um biólogo britânico defendeu esta segunda-feira, no Porto, que os cientistas não deviam ocupar-se com questões éticas. “A ciência é livre de valores”, disse Lewis Wolpert, professor numa universidade de Londres. [...] Para o biólogo, a ciência “não deveria ser confundida com tecnologia ou com as aplicações da ciência” e disse que o que deveria ser sujeito a considerações de valor é o que a sociedade faz com o conhecimento científico (A CIÊNCIA..., 2009).

INTERPRETAR TEXTOS FILOSÓFICOS

Aplicar conceitos O estudante é convidado a interpretar situações novas ou cotidianas com base em conceitos filosóficos desenvolvidos no capítulo.

Interpretar textos filosóficos

ATIVIDADES

9. Friedrich Nietzsche fez a crítica da moral de sua época, mas levantou uma questão profundamente original, como veremos no texto a seguir. Pondo de lado até o valor de certas afirmações, como, por exemplo, de “se existe em nós um imperativo categórico”, ainda podemos perguntar: o que nos ensina tal afirmação acerca da pessoa que afirma? Há morais que têm por fim justificar o seu autor ante a opinião dos outros: outras tranquilizá-lo e deixá-lo satisfeito consigo mesmo, noutras o autor quer crucificar-se, humilhar-se; outras servem para a vingança; outras para a solidão; outras para o autor glorificar-se, elevar-se longinquamente às alturas. Às vezes a moral serve ao seu autor para esquecer, ou para fazer esquecer a si totalmente ou em parte. Alguns moralistas querem desafogar na humanidade suas ambições, suas megalomanias e vontade criadora. Outros, finalmente, talvez até Kant, dão a entender com sua moral: “O que há em mim de respeitável é que sei obedecer e vós deveis fazer o mesmo”. Numa palavra, a moral não é outra coisa que a linguagem figurada dos afetos (NIETZSCHE, 2009, p. 97-98).

328

a) Elaborar novos princípios morais ou mesmo a forma de toda ação moral, como fez Kant, é um procedimento que pode ser adotado por pensadores e moralistas. Esse procedimento foi adotado por Nietzsche em seu texto? Justifique sua resposta.

Atividade focada na análise e interpretação de um texto filosófico significativo para os propósitos do capítulo.

b) De acordo com o texto, os princípios morais estão baseados na revelação divina? E na razão? Justifique sua resposta. c) Segundo a resposta do item anterior e sabendo que os afetos variam de indivíduo para indivíduo, a moral pode ser universal? Justifique sua resposta.

TRABALHAR COM FILOSOFIA – BLOG 10. O mundo contemporâneo levantou novos problemas políticos e sociais. Entre eles o surgimento das novas tecnologias e as novas formas de se organizar politicamente e de se relacionar com outras pessoas. Os movimentos sociais de grupos considerados minoritários (como as mulheres, os negros e os homoafetivos), que lutam por seus direitos. A crise ambiental e suas consequências. O objetivo desta atividade é promover uma discussão livre e mais demorada sobre um desses problemas em um blog, onde seu posicionamento deve ser publicado. Publique também links de textos e vídeos que enriqueçam o debate. Siga as orientações a seguir. • Reúna-se com mais cinco colegas de sua sala de aula.

Trabalhar com Filosofia

• Juntos, escolham um dos três temas mencionados anteriormente. Se necessário, tornem o tema mais específico. Por exemplo: o grupo pode escolher um único aspecto da crise ambiental, como o desmatamento na Amazônia ou o aquecimento global. • Selecionem um dos serviços gratuitos da internet de gerenciamento de blog. Você e seu grupo não encontrarão dificuldades para criar o blog, pois esses serviços geralmente orientam passo a passo como fazer. • Elejam um nome para o blog e formulem a pergunta que conduzirá o debate virtual. • Apenas os membros do grupo podem postar nova publicação no blog. • Após duas semanas de debate virtual, os membros do grupo devem elaborar um breve relatório e apresentar para a sala suas impressões e reflexões. O debate pode permanecer por quanto tempo desejarem. Bom trabalho.

SUGESTÕES LIVRO VALLS, Álvaro L. M. O que é ética. 9. ed. São Paulo: Brasiliense, 1996. O autor apresenta e problematiza várias questões éticas. Faz uma abordagem histórica da questão na Grécia antiga e nos dias atuais. Entre os problemas colocados no livro estão a relação entre ética e religião, a questão dos comportamentos morais e o tema central da liberdade.

FILME BRILHO eterno de uma mente sem lembranças. Direção: Michel Gondry. Estados Unidos: Universal Pictures, 2004. 1 DVD (108 min), son., color. O filme aborda o fim de um relacionamento amoroso entre um homem e uma mulher. A personagem feminina, disposta a pôr um ponto-final no que havia vivido, submete-se a um procedimento científico em que todas as memórias relativas a seu antigo relacionamento são apagadas. Sabendo da decisão de sua amada em esquecê-lo, o personagem decide também se submeter ao procedimento, mas desiste na última hora. O filme trata de uma questão ética importante: e se pudéssemos decidir por quais experiências passar em nossas vidas? Nesse caso, as experiências difíceis e dolorosas podem ser simplesmente apagadas de nossa memória?

Unidade 3

Capítulo 17

PROJEÇÕES FILOSÓFICAS

329

Elaboração de atividades práticas baseadas nos temas e conteúdos filosóficos estudados.

Livros e filmes Indicação de livros e filmes adequados ao aprofundamento ou ampliação dos estudos.

V DE VINGANÇA

Filme de James McTeigue. V de vingança. Reino Unido, EUA, Alemanha. 2005

Sinopse V de Vingança é uma adaptação cinematográfica da história em quadrinhos homônima escrita por Alan Moore e publicada entre os anos de 1982 a 1989. O filme é ambientado em Londres, Inglaterra, e se passa em um futuro próximo, no qual o Reino Unido é governado pelo partido Fogo Nórdico, cujo líder, o chanceler Adam Sutler, exprime características ditatoriais. O personagem principal é o misterioso V, um opositor que usa uma máscara para esconder sua identidade. Seu objetivo é explodir o parlamento inglês e incitar a população a se rebelar contra a ordem vigente. Para tanto, ele vai contar com a colaboração da jovem trabalhadora Evey.

Preparação

Título: V de Vingança Título original: V for Vendetta Direção: James McTeigue Ano de produção: 2005 Países: EUA/Reino Unido/Alemanha Duração: 132 min

• Organize-se para ver o filme com seus colegas. Anote os nomes dos personagens, suas características principais e o que eles representam em termos de posição ou ideal político. • Apesar de ser uma obra futurista, sua narrativa permite comparações com eventos históricos. Entretanto, não perca de vista o universo criado pelo próprio filme. • Faça uma pesquisa sobre a produção do filme (contexto e pessoas envolvidas). Se tiver oportunidade, leia também a história em quadrinhos de Alan Moore.

Ilustrações: VITOR FLYNN

336

Projeções filosóficas Localizada ao fim de cada uma das três unidades, contém atividades, baseadas no roteiro de estudo de um filme, que encerram um largo período de estudos e podem ser realizadas individualmente ou em grupo.

Para refletir e filosofar

312

1. Em termos políticos, quais são os valores representados por V, Evey e Adam Sutler? 2. De que maneira a liberdade religiosa e a liberdade de expressão aparecem no filme? 3. De que modo a ideia de contrato social faz parte da narrativa? 4. Antes das ações de V, é possível tratar a relação da população com o governo nos termos de uma servidão voluntária? 5. Recentemente, máscaras do personagem V foram usadas em manifestações em vários países do mundo. Em sua opinião, o que esse símbolo significa?

313


Sumário Texto complementar – O enigma

Unidade 1 Filosofias antiga e medieval

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Atividades

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47

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Sugestões de livros e filmes

Capítulo 1

A aurora da Filosofia

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14

O pensamento mítico As questões fundamentais Do mito ao logos A narrativa mítica: um universo distante Para entender melhor – A gênese do mundo por Hesíodo

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Para pensar – Mitos de origem

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16

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A busca pelo princípio originário Continuidade ou ruptura? A Filosofia é grega? Os primeiros filósofos Escolas de pensamento Palavra de filósofo – Aristóteles Escola jônica Escola pitagórica Escola eleata Heráclito Os pluralistas A virada humanística Texto complementar – As limitações do termo “pré-socrático”

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18 19 19

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Atividades

17

21 21

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31 32

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Capítulo 2 Sócrates e a interrogação filosófica

34 34

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35

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36

A sofística e a Filosofia A visão de Platão sobre os sofistas A importância dos sofistas Para pensar – A arte de convencer

51

A descoberta do suprassensível Entre Sócrates e Platão Sócrates histórico ou platônico? A academia de Platão

52 52 53 53

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38 38 38

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As figuras de Sócrates O Sócrates de Aristófanes Para entender melhor – O olhar do crítico O Sócrates de Xenofonte Palavra de filósofo – Xenofonte O Sócrates de Aristóteles O Sócrates de Platão “Só sei que nada sei” A maiêutica O julgamento de Sócrates O legado de seu último gesto

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A doutrina das ideias A alegoria da caverna

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Para pensar – Ver com os olhos da alma O conhecimento do bem O demiurgo

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O rei-filósofo ou o filósofo-rei

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57

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58

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59

Palavra de filósofo – Platão A condenação dos artistas

Para entender melhor – A poesia não diz a verdade

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Texto complementar – Sócrates ou Platão? Atividades

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Capítulo 4

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60 60

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63

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As ideias de Aristóteles

Vida e obra de Aristóteles A delimitação das ciências A Lógica

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64 65 65 66

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A Filosofia Primeira O conhecimento superior A definição de Metafísica

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Palavra de filósofo – Aristóteles Em busca da felicidade

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67 67 68

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69

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69

Para pensar – A felicidade em nós As ideias políticas As formas de governo

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71 71 72 73 73

40 41

Texto complementar – O princípio da não contradição

74

41 41 42 44 44

Atividades

75

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55 56 56

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39 40

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54 54

Para entender melhor – O critério da cidadania Novamente a sofística

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33

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A passagem para o humanismo A democracia ateniense A participação política e a argumentação racional Ampliando – A Acrópole de Atenas

Capítulo 3 Platão e a doutrina das ideias

Sugestões de livros e filmes

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Sugestões de livros e filmes

50

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45 45

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Sugestões de livros e filmes

Capítulo 5

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As escolas helenísticas

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79

Aspectos históricos do período helenístico


Características das escolas helenísticas Cinismo: uma vertente de ações exemplares O enfraquecimento da pólis O epicurismo O conhecimento no epicurismo A Física epicurista A Ética epicurista Para pensar – O prazer ontem e hoje

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79 80

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84

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O estoicismo A divisão estoica da Filosofia A Física estoica A Ética estoica O ceticismo A atitude cética A suspensão do juízo As escolas helenísticas da fase imperial Cícero e Lucrécio O estoicismo romano O ceticismo na era imperial O ideal do sábio

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85 86 86 86 87 88 88 88

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90 90 90 90

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Para entender melhor – O sábio é virtuoso Novos caminhos para a felicidade Texto complementar – O epicurismo em nosso tempo

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105 105

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107

Texto complementar – Cristianismo e Filosofia

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107

Atividades

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108

Sugestões de livros e filmes

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Capítulo 7 Tomás de Aquino e a escolástica

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92 92

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112 112 113

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114

O argumento ontológico

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O pensamento medieval e a Filosofia cristã Razão e crença Fundadores da patrística

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97 97

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Santo Agostinho Trajetória e pensamento Primeiros estudos de Agostinho Para entender melhor – A verdade é provável? Passagem pelo maniqueísmo O neoplatonismo Filosofar e confessar: principais temas A existência de Deus O problema do mal e o livre-arbítrio Palavra de filósofo – Santo Agostinho

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Atividades

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Sugestões de livros e filmes

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Capítulo 8 Filosofias árabe-islâmica e judaica

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Razão e fé no pensamento medieval Interpretações sobre a Filosofia medieval Três religiões, três filosofias A denominação A Filosofia árabe-islâmica

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126

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A cidade de Deus

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111 111 112

Para entender melhor – O argumento de Santo Anselmo Críticas Para pensar – O crer e o saber Deus cristão e deus pagão O conhecimento O fim da escolástica A universidade As ordens religiosas A escolástica depois do tomismo A querela dos universais Texto complementar – Os universais como criações mentais

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Capítulo 6 Santo Agostinho e a patrística

110

Os primórdios Escoto Erígena Pedro Abelardo Tomás de Aquino O retorno a Aristóteles Teologia e Filosofia Palavra de filósofo – São Tomás de Aquino

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Sugestões de livros e filmes

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Atividades

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Palavra de filósofo – Epicuro

Duas cidades Eternidade e tempo Para pensar – Onisciência e livre-arbítrio

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Ampliando – A Alhambra de Granada Rever o passado Primeiros pensadores Avicena Averróis

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128 128 129 130 132 132 133 133


Sumário Para pensar – Filosofia para poucos? Palavra de filósofo – Averróis A Filosofia judaica Maimônides Para entender melhor – Deus não tem atributos Texto complementar – Filósofos ou transmissores? Atividades Sugestões de livros e filmes

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Descartes A dúvida metódica Para entender melhor – O caminho da dúvida As regras do método Cogito, ergo sum A existência de Deus O dualismo cartesiano Espinosa O conhecimento imaginativo O conhecimento verdadeiro A unicidade substancial Leibniz As mônadas O Deus de Leibniz Verdade, sujeito e predicado Liberdade e fatalismo Palavra de filósofo – Leibniz

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Projeções filosóficas – encerramento da unidade 1

As concepções modernas de Filosofia

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Capítulo 9 Filosofia da Renascença

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Características do Renascimento 153 Antropocentrismo e racionalismo 153 Humanismo e individualismo 154 Superar a escolástica 154 Estudos de humanidades 155 Para entender melhor – O elogio do ser humano 156 Transformações culturais 156 A Ciência e o ser humano 157 As Artes Plásticas 157 A Literatura 157 Ampliando – Escola de Atenas: reencontro com o mundo clássico 158 Enfraquecimento da Igreja Católica 160 A Reforma protestante 160 A Contrarreforma 163 Novos estudos da natureza 164 Entre o antigo e o moderno 164 Giordano Bruno 165 Para pensar – Ideias perigosas 166 Galileu Galilei 166 Palavra de filósofo – Galileu Galilei 168 Isaac Newton 169 Novo entendimento do Universo 169 Texto complementar – Intérpretes do Renascimento 169 Atividades 170 Sugestões de livros e filmes 171 .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

187

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A concepção empirista

180 180 182 182

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176 176 177 178 179

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173 173

183 183 185 185 185

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Unidade 2 Filosofias moderna e contemporânea

173

Locke Conhecimento e tábula rasa Berkeley Ser é ser percebido Para pensar – Questionar as autoridades

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Hume Empirismo cético O ceticismo de Hume Uma questão em aberto

188 188 190 190 191

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192 192 193

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193

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Texto complementar – Hume e as nossas certezas

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194

Atividades

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195

Sugestões de livros e filmes

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197

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Capítulo 10 Racionalistas e empiristas

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Capítulo 11

A razão iluminista

As luzes da razão

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A religião para os iluministas Deísmo Ateísmo Razão e experiência

199

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200 201 202

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202

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O Iluminismo francês e a Enciclopédia

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Para entender melhor – Razão e experiência D´Alembert Palavra de filósofo – D’Alembert Diderot Voltaire Para pensar – Tolerância zero?

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203 204 205

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205 206 206

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172

198


Montesquieu Rousseau O Esclarecimento alemão Wolff Texto complementar – A ideia de progresso

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208 208

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209

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Ampliando – Os salões do Iluminismo Atividades

207 207

210

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Sugestões de livros e filmes

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212 213

Palavra de filósofo – Espinosa

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Locke e a resistência política Função do pacto social Resistência ao soberano A lei e a liberdade em Rousseau O contrato social Palavra de filósofo – Rousseau

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A filosofia de Kant

214

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Kant e a Metafísica O esclarecimento de Kant A obra kantiana Para pensar – Usos da razão O período pré-crítico O aparecimento da Crítica da razão pura Palavra de filósofo – Kant A inversão copernicana de Kant Para entender melhor – A revolução copernicana, segundo Kant

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222

O fim da Metafísica clássica

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222

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243 243

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245

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Montesquieu e os três poderes O princípio do governo A separação dos poderes O direito em Kant Paz perpétua Texto complementar – A ética da política

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247 247

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248

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249

Sugestões de livros e filmes

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Capítulo 14 Do idealismo alemão a Nietzsche

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O amanhecer do mundo contemporâneo Romantismo A Filosofia crítica e o idealismo alemão A importância de Kant Fichte e o encontro com Kant O momento de Schelling A filosofia de Hegel A Fenomenologia do espírito A dialética hegeliana A tradição hegeliana De discípulos a críticos A Antropologia de Feuerbach Marx e as classes sociais As fontes do pensamento marxista Palavra de filósofo – Marx e Engels

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Sugestões de livros e filmes

218 219

Atividades

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223 224 225

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Capítulo 13 Filosofia política moderna Pensar o Estado

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226

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227

Maquiavel e o poder Um filósofo maquiavélico? Para entender melhor – Maquiavel e a liberdade Conselhos ao novo governante Para entender melhor – Maquiavel e a virtude

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Thomas More e a utopia Um lugar que não existe Para pensar – As condições da igualdade

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La Boétie e a vontade de servir O Discurso da servidão voluntária Hobbes e o Leviatã O surgimento do Estado O poder e a liberdade Ampliando – O Leviatã

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234 234 236 237 237

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238

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A política em Espinosa O papel do Estado O poder teológico-político

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240 240 241

245 245 246

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Texto complementar – Despertar do sono dogmático Atividades

215 215 216

242 242 243

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Capítulo 12

242

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252 253 253 254 254 254 255 256 256 258 259 260 260

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261 262

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263

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Schopenhauer: vontade e representação O mundo como representação O mundo como vontade Pessimismo e ascese Para entender melhor – Filiações filosóficas

251

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264 264 265 265

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266

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Kierkegaard e a defesa da existência Filosofia e religião A angústia Comte e o positivismo Os três estágios A Sociologia Nietzsche: filósofo da suspeita Dioniso e Apolo A transvaloração dos valores O eterno retorno

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267 267 269 269 270 270 271 271 272 273


Sumário Para pensar – Argumentos para a opressão

Unidade 3 274

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Texto complementar – Ideologia Atividades

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275

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276

Sugestões de livros e filmes

278

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Grandes temas da Filosofia Capítulo 17

314

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Ética e liberdade

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316 317 317 318 319

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Ética e moral A liberdade O determinismo Em busca de segurança O imperativo categórico

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Capítulo 15 Correntes do pensamento contemporâneo 279 .......................................................

Analíticos e continentais

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A tradição fenomenológica Husserl e o conhecimento Para entender melhor – O que é a fenomenologia? Sartre e o Existencialismo A hermenêutica O círculo hermenêutico O marxismo e os intérpretes marxistas Os primeiros intérpretes Palavra de filósofo – Marx e Engels O marxismo ocidental Para pensar – Seguir uma ideia A Escola de Frankfurt Texto complementar – As emoções humanas

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Palavra de filósofo – Kant A moral existencialista Ética e política Ética das convicções e ética da responsabilidade Ética e conhecimento

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323

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286 287

Para pensar – Usos da ciência Ciência e valores Para entender melhor – O ideal e o real

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Texto complementar – O princípio moral kantiano

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327

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Atividades

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325 325

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Sugestões de livros e filmes

Capítulo 18

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Estado e poder

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Poder e política A visão do liberalismo clássico Estado e sociedade civil Hegel e o Estado A crítica de Marx a Hegel Para entender melhor – A classe operária e a revolução O utilitarismo Ampliando – O Pan-óptico de Bentham O liberalismo de John Rawls Para pensar – As novas exigências políticas Autoritarismo e totalitarismo Palavra de filósofo – Pierre Clastres O desafio democrático Texto complementar – Uma definição de poder

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Atividades

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294

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Sugestões de livros e filmes

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297

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298

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299

Capítulo 16 Pragmatismo e filosofia analítica A Filosofia da ilha

295

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O pragmatismo O pragmatismo de Peirce O pragmatismo de James Para entender melhor – Crítica à Metafísica O instrumentalismo de Dewey Para pensar – A Filosofia sob julgamento

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299 300 301

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302 302

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303

A Filosofia analítica Wittgenstein: pensamento e vida Palavra de filósofo – Wittgenstein

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304 304

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Texto complementar – O continente e a ilha

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309

Atividades

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Atividades

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336 338 338 339 340 341 342 343

Estética

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A arte ontem A arte e a Metafísica Arte e Ética A imitação A poética em Aristóteles A arte e o conhecimento

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334 335

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Sugestões de livros e filmes

Capítulo 19

330 331 331 332 332 332

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Uma disciplina tardia

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Projeções filosóficas – encerramento da unidade 2

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Sugestões de livros e filmes

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329

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344 345 346 347 347 348 348 349 350


A Estética como disciplina Hume e a crítica do gosto Para pensar – O gosto dos outros Kant e o juízo estético Para entender melhor – Crítica do gosto As Filosofias da arte A arte supera a Filosofia A Filosofia compreende a arte A Filosofia é arte A Estética contemporânea O conceito de arte Arte e engajamento Palavra de filósofo – Sartre A reprodução da obra de arte Indústria cultural Estética para quê? Texto complementar – Ainda sobre o problema do gosto Atividades Sugestões de livros e filmes

351 351

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353 354

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355

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359 360 360

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361 362 362

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Empiristas lógicos e o princípio da verificação

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Para entender melhor – Proposições verificáveis As objeções de Quine A falseabilidade de Karl Popper

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Para pensar – Uma crise de paradigmas Kuhn e os paradigmas da Ciência

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Palavra de filósofo – Thomas Kuhn

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Questões necessárias Para pensar – Ética e conhecimento É possível conhecer? Palavra de filósofo – Aristóteles Para que serve o conhecimento? Teoria do Conhecimento Céticos e dogmáticos Sofistas O idealismo singular de Platão O realismo de Aristóteles O idealismo de Descartes Empiristas ingleses O ceticismo de Montaigne e Hume O idealismo crítico de Kant Para entender melhor – Experiência e razão O pragmatismo A fenomenologia Texto complementar – Ciência e Filosofia Atividades Sugestões de livros e filmes

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Texto complementar – O espírito científico

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Atividades

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Sugestões de livros e filmes

Capítulo 22

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Lógica e argumentação

Introdução à Lógica Um longo percurso

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A Lógica clássica O raciocínio lógico A argumentação no cotidiano Dedução e indução

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Palavra de filósofo – Gottlob Frege Operadores lógicos e tabelas de verdade

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Para pensar – A invenção de uma linguagem Introdução ao cálculo lógico O cálculo de predicados

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As falácias Falácias formais Falácias informais A Lógica paraconsistente

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Atividades

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Sugestões de livros e filmes

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Texto complementar – Uma Lógica incerta

O exame da linguagem A virada linguística Epistemologia O exame da atividade científica

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A Lógica simbólica A linguagem artificial

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Filosofia da ciência

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Para entender melhor – O instrumento do raciocínio

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Capítulo 21

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Capítulo 20 Conhecimento

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Projeções filosóficas – encerramento da unidade 3 Vocabulário

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Referências bibliográficas

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418 419 421

422 424 429


Unidade

1

Filosofias antiga e medieval

Capítulo 1: A aurora da Filosofia Capítulo 2: Sócrates e a interrogação filosófica Capítulo 3: Platão e a doutrina das ideias Capítulo 4: As ideias de Aristóteles Capítulo 5: As escolas helenísticas Capítulo 6: Santo Agostinho e a patrística Capítulo 7: Tomás de Aquino e a escolástica Capítulo 8: Filosofias árabe-islâmica e judaica

12

Por influência da mitologia grega, a noite foi considerada o momento do pensamento filosófico e da revelação intelectual e a coruja, por ser uma ave noturna, acabou representando essa busca pelo saber. Nesta foto, uma ave da espécie mocho-galego.


Uma abordagem da Filosofia feita, fundamentalmente, a partir de uma perspectiva histórica requer algumas considerações. Façamos um paralelo com a História das ciências. Imagine um físico que, nos dias de hoje, tenha que explicar um evento simples para a ciência contemporânea: a sucessão dos dias e das noites e as mudanças de estação ao longo do ano. Certamente sua explicação recorreria aos movimentos de rotação e translação da Terra. Em nenhum momento esse cientista pensaria em retomar as concepções de Aristóteles e Ptolomeu sobre o universo. Afinal, para ele, não teria cabimento recuperar concepções tidas como ultrapassadas e a razão é bem simples: a ciência atual não pode considerar seriamente teorias que afirmavam ser a Terra um centro imóvel do universo. Para o nosso hipotético cientista, as concepções citadas estão simplesmente erradas e despertam interesse apenas para a história da ciência, nunca para a própria ciência. Algo completamente diferente ocorre com a relação entre a Filosofia e a sua história. Diferentemente da ciência, a Filosofia não trabalha com a ideia de progresso. O que um filósofo, digamos, do século XXI tem a dizer ao mundo não é necessariamente melhor ou mais correto do que as afirmações daqueles outros pensadores que viveram centenas ou milhares de anos antes de nossa época. Bem ao contrário, frequentemente os filósofos investigam as ideias de pensadores de tempos remotos para elaborar seu próprio pensamento. E essa diferença com a ciência nos ajuda a entender o papel relevante que a História da Filosofia guarda em relação à compreensão da própria Filosofia. Nesta primeira unidade de nosso livro, entraremos em contato com os primórdios da Filosofia ocidental e percorreremos um longo caminho até o que se tornou o pensamento filosófico em finais da Idade Média. Trata-se de um primeiro despertar para a Filosofia. Seja bem-vindo!

Ramón Navarro/Keystone

A Filosofia e sua história

13


CAPÍTULO 1

A aurora da Filosofia

Palavras-chave Mito Cosmologia Logos Physis Arkhé Verdade

Filosofar é preciso Pode-se dizer que a Filosofia foi um acontecimento. Certamente os seres humanos buscaram explicações para o sentido de suas vidas e suas próprias origens, assim como as origens do mundo e do universo que os cercavam, bem antes do surgimento do pensamento filosófico. Esta forma de pensar inaugurou, entretanto, um modo próprio de especulação acerca da natureza e da existência humana, pois nela havia a preocupação em se afastar das explicações míticas que circulavam na Antiguidade, sobretudo grega. Com isso, formulava-se um rigoroso critério para a investigação da realidade: a racionalidade. Toda explicação, para ser filosófica, não pode ser mágica nem representar uma ruptura abrupta na ordem de razões. Ela precisa partir do pressuposto de que os seres que a praticam são racionais e será essa unidade mínima, a razão, que orientará a diferença entre a especulação propriamente filosófica e as diferentes formas de discurso acerca da natureza presentes no advento da Filosofia. Essa nova maneira de organizar e explicar o mundo deu margem a muitos estereótipos. O principal deles talvez esteja classicamente representado pela figura de Tales de Mileto. De acordo com a história que se conta, Tales vivia tão absorto em seus pensamentos que certa vez, caminhando pelas ruas da Grécia e observando os astros, caiu num buraco. Uma pessoa que passava lhe disse: “Tales, como quer conhecer os mistérios do céu se mal sabe por onde anda?”. Desde então, essa figura que não mais se satisfez com as explicações tradicionais passou a ser chamada, às vezes com certa ironia, de filósofo. 1. Acerca da imagem representada no texto e na ilustração, indique suas próprias impressões sobre o filósofo e a Filosofia.

Cecília Iwashita

2. De acordo com sua própria experiência como ser pensante, de quais critérios você se vale para a explicação de um fato inusitado ou novo em sua vida?


O pensamento mítico

Fox 2000 Pictures/The Kobal Collection/Keystone

A Filosofia é uma elaboração teórica, prática e conceitual relativamente recente na história da humanidade. Sua origem data do século VII a.C., quando, em algumas colônias gregas, pensadores inauguraram uma forma de interrogar e explicar o mundo baseada na explicação racional. A palavra grega philosophia significa amor à sabedoria. O filósofo, assim, é um amante do conhecimento. O tipo de pensamento que existia na Grécia antiga e do qual a Filosofia precisou se diferenciar ficou conhecido como pensamento mítico. Ele era constituído por um conjunto variado de mitos que explicavam a organização do universo e os fenômenos naturais. De certo modo, o conteúdo desses mitos nos é familiar porque a cultura ocidental se encarregou de mantê-los vivos em nossa memória. As histórias dos heróis, deuses e semideuses gregos frequentemente são objeto da narrativa cinematográfica. A explicação mítica não está baseada na ordenação racional, que caracteriza o discurso lógico. Ela não se preocupa com a verossimilhança dos fatos narrados. Por vezes, o pensamento mítico opera por saltos e apela para o domínio do fantástico ou do sobrenatural. Não cabe ao ouvinte de um mito o questionamento sobre a sua verdade. Por não recorrer à racionalidade da comunidade a quem se dirige, o pensamento mítico se funda sobretudo na autoridade de quem o transmite e na força da tradição. Sempre numa perspectiva totalizadora, ordenada e organizada, ele dizia respeito à espécie humana, isto é, dirigia-se aos gregos e seus deuses tinham características antropomórficas. O papel dessas narrativas era fundamental na Grécia antiga porque elas desempenhavam, por assim dizer, uma função pedagógica na formação do homem grego. Alguns estudiosos advogam que a Filosofia significou algo radicalmente novo, promovendo uma ruptura com a maneira então vigente de explicar o mundo. Para outros, ao contrário, é possível identificar uma relação de continuidade entre a narrativa mítica e o pensamento filosófico. De qualquer forma, é possível dizer que as questões formuladas pela Filosofia já recebiam atenção antes mesmo que a especulação filosófica fosse assim nomeada. Portanto, a atitude e inclinação dos seres humanos para entender o mundo que os cerca são bem anteriores ao nascimento da Filosofia.

Os mitos antigos ainda hoje estão presentes na cultura ocidental, sendo constantemente revisitados por obras artísticas de variados gêneros. Na imagem acima, uma cena do segundo filme da saga Percy Jackson, baseada na história de um jovem que se descobre filho de Posêidon, rei dos mares na mitologia grega.

As questões fundamentais As principais fontes do pensamento mítico grego são as obras Ilíada e Odisseia, ambas atribuídas ao poeta Homero (século IX a.C.), bem como Os trabalhos e os dias e Teogonia, do também poeta Hesíodo (século VIII a.C.). Esse conjunto de textos narra as aventuras de heróis e outros mortais e a influência que os deuses gregos exerciam na vida dos humanos, além da genealogia desses deuses e a formação do Universo. Eles explicam a origem de todo o panteão da Grécia antiga, surgido do Caos originário. Por esses textos também é possível conhecer a maneira como os gregos acreditavam terem suas vidas alteradas pelas vontades divinas. Essas narrativas não devem ser compreendidas, portanto, como mera invenção e atividade ficcional; elas compunham a mentalidade e o horizonte de formação das sociedades gregas. As histórias míticas eram transmitidas oralmente; sua veracidade e capacidade de explicação do mundo estavam fundadas na autoridade de uma tradição personificada nas figuras dos poetas lendários da Grécia. Elas são, assim, uma forma de resposta às perguntas que vêm acompanhando as civilizações muito antes do nascimento da Filosofia: quem somos e de onde viemos? Como funciona a ordem da natureza?

Genealogia: Estudo da origem e dos antepassados de uma família ou comunidade. Panteão: Conjunto de deuses que compõem a religião grega antiga.

Capítulo 1

15


Do mito ao logos

Giulio Romano. 1526-1535. Sala dei Giganti/Palazzo del Te, Mântua, Itália. Foto: Pietro Baguzzi/AKG-Images/Latinstock

Os deuses olímpicos assistem à queda dos titãs, afresco de Giulio Romano, de 1526-1535. As narrativas míticas descritas pelos poetas Hesíodo e Homero marcaram o pensamento grego antes do nascimento da Filosofia.

Os mitos gregos antigos encontraram na origem dos deuses a explicação para o princípio do cosmo e da vida humana. Por exemplo, neles a criação dos seres humanos é contada como obra dos titãs, deuses nascidos no início dos tempos. O titã Epimeteu os teria feito a partir do barro. Seu irmão Prometeu, por compaixão, teria roubado o fogo do Olimpo, a morada dos deuses, e dado vida à nova criação, originando a espécie humana. A Filosofia não deixou de lidar com preocupações semelhantes, mas passou a elaborar respostas diferentes sobre a origem das coisas e dos seres, pois se orienta por um princípio bastante diferente daquele adotado pela narrativa mítica. O discurso filosófico dispensa explicações fantásticas e sobrenaturais porque é guiado inteiramente pelo logos. Logos é um termo traduzido frequentemente pelo vocábulo razão. Contudo, o logos filosófico possuía um alcance bem maior, significando a razão, como ordenação coerente da realidade; a linguagem, como meio de expressão dessa racionalidade; e, finalmente, o próprio pensamento, doravante erguido não mais sobre a base da mera autoridade, mas fundamentado em argumentação, portanto, passível de ser questionado. Independentemente do modo como cada filósofo procurou estruturar sua própria explicação, o fato essencial e distintivo é que, pela primeira vez na história do pensamento humano, o discurso acerca de nossas próprias origens e também acerca do funcionamento da natureza se orientava por um critério, a princípio, comum a todos. É a imposição dessa racionalidade, inerente ao discurso filosófico, que marca propriamente a distinção entre o discurso da tradição mítica e essa nova maneira de encadeamento das ideias, à qual se deu o nome de Filosofia. Dessa forma, a postura filosófica exigirá que o filósofo dê todas as explicações e demonstrações para que outros seres humanos, igualmente dotados de racionalidade, possam avaliar a importância e a validade da resposta apresentada. Enquanto os poetas e os sacerdotes antigos diziam anunciar a verdade trazida a eles pelos deuses e pelas musas, o filósofo necessita explicar racionalmente aquilo que considera a verdade. Em resumo, na passagem do mito à Filosofia, marca-se também uma transformação na concepção da função do ser humano de mero transmissor da verdade para aquele que ativamente a elabora ou desvela.

A narrativa mítica: um universo distante Judaico-cristão O cristianismo apropriou-se de alguns dos ensinamentos do judaísmo. Juntas, essas duas religiões influenciaram fortemente a cultura ocidental, mesmo em seu aspecto não religioso. Portanto, quando se faz referência a esse termo como uma tradição, ele é tomado em seu sentido cultural mais amplo, e não como um tipo de religião específica.

16

Unidade 1

Quando estudamos o pensamento mítico, a Filosofia e a cultura gregas, é preciso considerar que há uma enorme diferença em relação à nossa maneira contemporânea de pensar. Devemos nos lembrar de que a religião grega, assim como a Filosofia, era pagã e não considerava as ideias de criação, revelação e de um Deus pessoal, absolutamente essenciais para a tradição judaico-cristã. Os mitos gregos foram elaborados sem a ideia de uma verdade revelada por um criador único do Universo e de tudo o mais, fazendo-os a partir do nada. Da mesma forma, a Filosofia clássica, ainda quando se utiliza de termos como deus ou demiurgo, não se assemelha ao modo judaico-cristão de conceber o mundo. Aquilo que, em geral, entendemos corriqueiramente por divindade não estava presente na narrativa mítica nem na Filosofia antiga. É necessário termos isso sempre bem claro para que não acabemos por impor ao mundo grego antigo elementos de compreensão próprios da nossa cultura ocidental. Assim, quem já nasceu no interior de uma cultura judaico-cristã, como é o caso de muitos de nós, precisa se esforçar para compreender o paganismo antigo.


PARA ENTENDER MELHOR

A gênese do mundo por Hesíodo Em algumas passagens da obra Teogonia, Hesíodo narra o surgimento dos deuses primordiais. São seres semelhantes a entidades da natureza. Observe que se tratam de figuras bastante diferentes da noção de divindade que aprendemos com a cultura judaico-cristã. Note no trecho a seguir o uso que o poeta faz de entidades como Terra, Céu e Oceano.

Os Deuses primordiais Soud

Sim bem primeiro nasceu Caos, depois também Terra de amplo seio, de todos sede irresvalável sempre, dos imortais que têm a cabeça do Olimpo nevado, e Tártaro nevoento do fundo do chão de amplas vias, e Eros: o mais belo entre Deuses imortais, solta-membros, dos Deuses todos e dos homens todos ele doma no peito o espírito e a prudente vontade. Do Caos Érebos e Noite negra nasceram. Da Noite aliás Éter e Dia nasceram, gerou-os fecundada unida a Érebos em amor. Terra primeiro pariu igual a si mesma Céu constelado, para cercá-la toda ao redor e ser aos Deuses venturosos sede irresvalável sempre. Pariu altas Montanhas, belos abrigos das Deusas ninfas que moram nas montanhas frondosas. E pariu a infecunda planície impetuosa de ondas o Mar, sem o desejoso amor. Depois pariu do coito com Céu: Oceano de fundos remoinhos e Coios e Crios e Hipérion e Jápeto e Teia e Reia e Têmis e Memória e Febe de áurea coroa e Tétis amorosa. E após com ótimas armas Crono de curvo pensar, filho o mais terrível: detestou o florescente pai. Pariu ainda os Ciclopes de soberbo coração: Trovão, Relâmpago e Arges de violento ânimo que a Zeus deram o trovão e forjaram o raio. Eles no mais eram comparáveis aos Deuses, único olho bem no meio repousava na fronte. Ciclopes denominava-os o nome, porque neles circular olho sozinho repousava na fronte. Vigor, violência e engenho possuíam na ação. Outros ainda da Terra e do Céu nasceram, três filhos enormes, violentos, não nomeáveis. Cotos, Briareu e Giges, assombrosos filhos. Deles, eram cem braços que saltavam dos ombros, improximáveis; cabeças de cada um cinquenta brotavam dos ombros, sobre os grossos membros. Vigor sem limite, poderoso na enorme forma. (HESÍODO, 2007, p. 109-111)

Capítulo 1

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