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Literatura em Contexto: a arte literária luso-brasileira PARTE I

788520 003053

ÚNICO

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VOLUME

ISBN 978-85-20-00305-3

Clenir Bellezi de Oliveira

Literatura em Contexto: a arte literária luso-brasileira PARTE I

VOLUME

ÚNICO


Clenir Bellezi de Oliveira Bacharel em Letras pela Universidade de São Paulo (USP) e doutoranda em Literatura Portuguesa pela mesma universidade. Professora de diversos segmentos de ensino-aprendizagem há mais de 20 anos. Larga experiência na rede particular e pública, no ensino superior e cursinhos pré-vestibulares. Alguns exemplos: Colégio Stockler, Augusto Laranja, Mater Amabilis, Palmares, Universidade Estadual do Amapá, Universidade Paulista (Unip), Anglo Vestibulares e Universitário Vestibulares. Ministra cursos para professores, é autora de livros didáticos, colabora na produção de diversos periódicos e integra o grupo de recitais no Centro Cultural São Paulo e no Itaú Cultural.

Literatura em Contexto: a arte literária luso-brasileira PARTE I

VOLUME

ÚNICO

1ª. edição São Paulo – 2015


Copyright © Clenir Bellezi de Oliveira, 2015 Diretor editorial Lauri Cericato Gerente editorial Flavia Renata P. de Almeida Fugita Editoras Angela C. Di Cesare M. Marques, Valquiria Baddini Tronolone Editores assistentes Fernando Mauro S. Pires, Lilian Ribeiro de Oliveira, Roberta Vaiano, Thaís Totino Richter Gerente de produção editorial Mariana Milani Coordenadora de produção Marcia Berne Coordenadora de arte Daniela Máximo Projeto gráfico Casa Paulistana, Tereza Yamashita (Matéria-Prima Editorial; projeto gráfico original) e Roque Michel Jr. (adaptação do projeto gráfico original) Editor de arte Roque Michel Jr. Diagramação Andréa Wolff Gowdak Noto, Isabel Cristina Corandin Marques, Lucas Trevelin, Priscila Sanches Tobal, Setup Bureau, Rafael Ribeiro Tratamento de imagens Ana Isabela Pithan Maraschin, Eziquiel Racheti, Vânia Aparecida Maia de Oliveira Ilustrações Marcos Guilherme Coordenadora de preparação e revisão Lilian Semenichin Preparação Líder: Sônia Cervantes. Preparadoras: Ana Lúcia Horn, Maria de F. Cavallaro, Veridiana Maenaka Revisão Líder: Viviam Moreira. Revisores: Aline Araújo, Cristiane Casseb, Desirée Araújo, Katia Cardoso, Lilian Vismari, Oswaldo Cogo, Rita Lopes Supervisora de iconografia Célia Maria Rosa de Oliveira Iconografia Assistente de iconografia: Priscila Massei. Pesquisadoras: Cristiane Mota, Daniela Ribeiro, Graciela Naliati Diretor de operações e produção gráfica Reginaldo Soares Damasceno

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Oliveira, Clenir Bellezi de 360º : literatura em contexto : arte literária luso-brasileira : partes 1, 2 e 3 : volume único / Clenir Bellezi de Oliveira. – 1. ed. – São Paulo : FTD, 2015. ISBN 978-85-20-00305-3 (aluno) ISBN 978-85-20-00306-0 (professor) 1. Literatura brasileira 2. Literatura portuguesa I. Título. 15-03884 CDD-869.9 869.87 Índices para catálogo sistemático: 1. Literatura brasileira 869.9 2. Literatura portuguesa 869.87

Envidamos nossos melhores esforços para localizar e indicar adequadamente os créditos dos textos e imagens presentes nesta obra didática. No entanto, colocamo-nos à disposição para avaliação de eventuais irregularidades ou omissões de crédito e consequente correção nas próximas edições. As imagens e os textos constantes nesta obra que, eventualmente, reproduzam algum tipo de material de publicidade ou propaganda, ou a ele façam alusão, são aplicados para fins didáticos e não representam recomendação ou incentivo ao consumo.

Reprodução proibida: Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998 Todos os direitos reservados à

Editora ftd S.A. Rua Rui Barbosa, 156 – Bela Vista – São Paulo – SP CEP 01326-010 – Tel. (0-XX-11) 3598-6000 Caixa Postal 65149 – CEP da Caixa Postal 01390-970 www.ftd.com.br E-mail: ensino.medio@ftd.com.br


Apresentação Literatura em Contexto é uma obra para os três anos do Ensino Médio que apresenta um caminho organizado e orgânico para formar leitores críticos e pensantes, bem como apreciadores capacitados das Artes Plásticas. A obra parte da teorização da arte como fenômeno, prossegue com o estudo cronológico da Literatura desde a herança artística da Antiguidade Clássica Greco-Romana (periodicamente resgatada em nossa cultura), passa pelo início da Literatura lusófona com o Trovadorismo e chega até nossos dias, incluindo as produções africanas em Língua Portuguesa. À medida que os conteúdos se avolumam, são propostos exercícios que requerem raciocínio intertextual e interdisciplinar. Assim, os movimentos estudados anteriormente são resgatados e cotejados com os que estão sendo abordados. A interdisciplinaridade se dá no diálogo da Literatura com a História, a Filosofia e as demais artes. Os autores que integram determinada estética são abordados inicialmente em Portugal, depois no Brasil; isto é, uma vez estabelecidas as características de época, são definidos os estilos individuais. Entre as diversas células que integram o todo de cada capítulo, mais exercícios são propostos. Há os de sala de aula, que devem ser realizados após as exposições teóricas, e os que são para casa, que visam reforçar o aprendizado. No final de cada unidade, a seção “Caiu no Enem e no vestibular” busca inteirar o estudante a respeito do tipo de questões que enfrentará por ocasião dos exames seletivos das grandes universidades. Dessa maneira, espera-se que esta obra aprimore os conhecimentos a fim de que grandes progressos escolares sejam alcançados. Bons estudos!


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A página inicial apresenta uma imagem representativa e um texto literário relacionados aos conteúdos que serão trabalhados.

Almada Negreiros/SPA, 2012

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Abertura do capítulo

Autorretrato num grupo, 1925, de Almada Negreiros (1893-1970).

Ode triunfal Notícias desmentidas dos jornais, Artigos políticos insinceramente sinceros, Notícias passez à-la-caisse, grandes crimes -Duas colunas deles passando para a segunda página! O cheiro fresco a tinta de tipografia! Os cartazes postos há pouco, molhados! Vients-de-paraitre amarelos com uma cinta branca! Como eu vos amo a todos, a todos, a todos, Como eu vos amo de todas as maneiras, Com os olhos e com os ouvidos e com o olfacto E com o tacto (o que palpar-vos representa para mim!) E com a inteligência como uma antena que fazeis vibrar! Ah, como todos os meus sentidos têm cio de vós! (Álvaro de Campos)

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O mundo em expansão Apesar do rigor imposto pela Contrarreforma, o mundo continuou sentindo um dos efeitos mais fortes das descobertas ultramarinas: a expansão do comércio. Com o afrouxamento da ação contrarreformista, essa expansão se intensificou e foi acompanhada de um desenvolvimento tecnocientífico que tornou os meios de produção mais ágeis e eficientes. A expansão econômica desenvolvia o capitalismo comercial e, ao mesmo tempo, promovia uma relação cada vez maior entre a Europa, o Novo Mundo e o Oriente. Nessa conjuntura, a burguesia europeia ascendia, enveredando-se por esses novos caminhos abertos na economia. Nesse contexto, ocorreu um espantoso êxodo rural; pessoas do campo, atraídas por oportunidades de emprego, partiam para as cidades. Ao mesmo tempo, a nobreza arruinava-se, sem encontrar lugar adequado dentro da nova ordem. O absolutismo monárquico declinava dando lugar ao despotismo esclarecido, uma proposta de governabilidade rígida e autoritária que pretendia oferecer respaldo ao capitalismo comercial, especialmente onde a classe burguesa ainda não criara condições para se desenvolver economicamente de forma autônoma. Para Saber MaiS Essas mudanças sociais foram acompaMedidas tomadas pelos déspotas esclarecidos: nhadas de novas propostas filosóficas e artís• incentivo ao desenvolvimento econômico; ticas. Não era mais tempo de temer o Inferno, • estímulo à agricultura e à manufatura; a História entrava em ebulição esquecida do • combate ao analfabetismo; Juízo Final. A razão arrefeceu o medo de Deus • valorização da educação científica. e pediu licença para dar sua versão dos fatos.

Neoclassicismo ou Arcadismo

Contexto histórico e filosófico Ao longo da exposição teórica, são apresentados os contextos histórico e filosófico do movimento estudado, bem como os fatos ocorridos no plano internacional e nacional. A influência das organizações sociais da época estudada e seus reflexos no fazer artístico também são abordados.

O Século das Luzes O século XVIII é chamado de o Século das Luzes em função das inúmeras contribuições intelectuais que legou à humanidade. O desequilíbrio angustiado e caótico do Barroco foi sendo temperado por uma busca de ordem e clareza patrocinada pela razão. Várias correntes de pensamento surgiram, entre elas o Iluminismo, o movimento mais importante do período. O Iluminismo teve origem na Inglaterra, encontrou na França seu ponto de disseminação e teve acolhida e aperfeiçoamento na Alemanha. Essa trajetória foi descrita, segundo os estudiosos Calvo Martínez e Navarro Cordón, da seguinte maneira: Vocabulário Em Inglaterra, num enquadramento de tensão sociopolítica, o Iluminismo (Enlightenment) teve um caráter preponderantemente empirista-epistemológico, cultivou as ciências da natureza e questões sobre a religião num espírito de liberdade e tolerância. Em França, onde se conjugavam uma organização política autoritária e uma ascendente classe média burguesa, com uma progressiva tensão social, são as questões de ordem moral, de direito (especialmente direito político) e do progresso histórico as mais relevantes. O Iluminismo alemão caracterizar-se-á não por novos temas, mas pela análise da ‘razão’ no intuito de encontrar nela e dela fazer o sistema de princípios que oriente fundadamente e a partir de si própria o saber da natureza e a ação moral e política da vida humana.

empirista aquele que acredita que todo conhecimento se origina da experiência, negando inclusive a existência de princípios puramente racionais que levem ao conhecimento da verdade sem o aval da experiência epistemológico relativo ao estudo dos princípios, hipóteses e resultados das ciências já constituídas que visa determinar os fundamentos lógicos, o valor e o alcance objetivo delas

História da Filosofia. Lisboa: Edições 70, 1983. v. 2.

a Geração de 1922 207

• Brasil – Modernismo: Geração de 1922

Apresentação dos autores

OSWALD Tarsila do Amaral. 1922. Óleo sobre tela. Coleção particular.

Os capítulos trazem uma biografia resumida de autores nacionais e portugueses, abordando também as principais características da estética a que pertecem.

Após a Semana de Arte Moderna de 1922, ocorreu uma verdadeira revolução nas artes brasileiras, revelando novas linguagens e abordagens que provocavam reações contrárias pelo ineditismo e ousadia. O período vivido pela Geração de 1922, também chamado de fase heroica, foi caracterizado por intenso experimentalismo, tanto formal quanto temático. Configurou-se como uma tentativa de incorporar à literatura os pressupostos vanguardistas e, ao mesmo tempo, criar uma literatura nacional, com identidade própria – tendência já anunciada pelos escritores pré-modernistas. Nessa primeira fase do Modernismo, desenvolveram-se a poesia, a prosa e a prosa-poética. Em todas essas formas, observaram-se inovações radicais e nova maneira de conceber o texto literário.

GaLeRIa

Pinturas, esculturas e outras formas de arte são apresentadas com a finalidade de aproximar as características das escolas literárias às artes plásticas.

Mármore. Galeria Borghese, Roma. Foto: Photoservice Electa/U/Age Fotostock/Easypix

Senhora, de Baciccia, Ascensão de Nossa Senhora século XVII, de Giovanni Battista Gaulli.

Mármore. Galeria Borshese, Roma. Foto: Andrea Jemolo/AKG-Images/Latinstock

Marcio Cabral/Opção Brasil

José Oswald Nogueira de Andrade esteve presente, como protagonista ou antagonista, nos principais eventos ligados ao Modernismo brasileiro. Retomar sua vida, portanto, é retomar a história da cultura modernista paulistana e nacional do início do século XX, que reverbera até os dias de hoje. Retrato de Oswald de Andrade, feito por Tarsila Nascido a 11 de janeiro de 1890, era filho único de do Amaral, 1922. um rico proprietário de terras, que lidava com negócios imobiliários e com café, além de ter exercido alguns mandatos como vereador. Sua mãe, Inês, muito católica, desde cedo ensinou a seu pequeno Nonê (Nosso Nenê) as rezas obrigatórias e outros preceitos de sua religião.

Galeria

Detalhe de Davi, século XVII, do escultor barroco Gian Lorenzo Bernini (1598‑1680).

Parte interna da Igreja da Ordem de São Francisco, Salvador, Bahia.

O sarcasmo, a cólera e até o distúrbio são necessidades de ação e dignas operações de limpeza, principalmente nas eras de caos, quando a vasa sobe, a subliteratura trona e os poderes infernais se apossam do mundo em clamor.

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São João Batista, século XVII, de Caravaggio.

Detalhe de O rapto de Prosérpina. 180

(1890-1954)

Nessa pintura, vê-se a ascensão da Virgem aos céus. Note o contraste com as cores do mundo terreno, que ela abandona rumando para a luz divina.

Note o tratamento sensual dado à figura de São João Batista, personagem importante do Cristianismo. Repare também que o pintor focaliza o santo em uma fase da vida rara na história da arte sacra: trata-se de um adolescente.

Observe a grandiosidade e a quantidade de detalhes presentes na arquitetura barroca dessa igreja. Além das minúcias empregadas em sua construção, suas paredes e altares são revestidos com folhas de ouro.

ANDRADE

As características essenciais da Geração de 1922 são: • ruptura com o passadismo e o academicismo literário; • rompimento com a gramática normativa, especialmente com a sintaxe; • a liberdade formal, caracterizada em especial pelo verso livre, pelas formas de composição sem regularidade, pela pontuação subjetiva do texto ou pela ausência total de pontuação; • a livre associação de ideias; • a incorporação e valorização do prosaico, do vulgar, do cotidiano, incluindo a linguagem coloquial; • uma postura crítica perante determinados valores sociais, principalmente os da elite burguesa; • o humor como recurso crítico: poema-piada (curto e com intenção humorística) e poema-paródia (recriação de textos consagrados da Literatura brasileira, satirizando sobretudo o sentimentalismo romântico e o formalismo parnasiano); • a pesquisa das raízes nacionais; • o nacionalismo crítico ou ufanista, dependendo da corrente em que se insere. Como vimos, o nacionalismo crítico tinha orientação política de esquerda e teve como correntes de representação no Movimento Pau-Brasil e no Antropofágico. O nacionalismo ufanista tinha orientação de direita, e teve como representantes o Verde-Amarelismo e a Escola da Anta.

Mármore. Galeria Borghese, Roma. Foto: Museu Art Images Archive/Glow Images

Amor sagrado e amor profano, século XVII, de Giovanni Baglione (1566‑1643).

Óleo sobre tela. Museu da Casa Brasileira, São Paulo

Óleo sobre tela. Palazzo Barberini, Roma. Foto: Art Images Archive/Glow Images

Óleo sobre tela. Galleria Doria Pamphilj, Roma. Foto: Alinari/The Bridgeman Art Library/Glow Images

Nessa pintura do artista barroco Baglione, um anjo do Senhor, que simboliza o “amor sagrado”, triunfa sobre o profano, interrompendo um colóquio entre Cupido (à direita) e a figura de um mortal satanizado.

DE

Para Saber MaiS

Brasil – Modernismo: Geração de 1922

Conheça o seu livro

Capítulo

• Modernismo em Portugal – Orphismo

É interessante notar como o mesmo autor alternava em suas obras a temática cristã, representada acima pela obra Davi – na qual retrata o heroico enfrentamento do pastor ao gigante Golias –, e a temática pagã, representada à esquerda pela obra O rapto de Prosérpina – na qual retrata um episódio da mitologia romana: em razão de sua beleza, a filha da deusa Ceres é raptada por Plutão, deus do mundo subterrâneo. O rapto de Prosérpina, século XVII, escultura em mármore, de Gian Lorenzo Bernini.

181


Sua vez! Poesia romântica brasileira

1. Existe sensualidade na concepção da musa neste poema? Justifique sua resposta. 2. Em que medida o poema é romântico? 3. Comparando-se esse poema com as características da poesia de Álvares de Azevedo, quais diferenças podem ser observadas em relação ao tratamento da figura feminina? 4. Que função a natureza assume no poema (notadamente o galho do jasmim)?

Sua vez!

SINTETIZANDO

Esta seção traz questões que promovem uma reflexão maior por parte dos alunos em relação ao que foi estudado na exposição teórica.

CAPÍTULO 10

Este ícone indica a existência de um objeto educacional digital (OED). Trata-se de uma ferramenta multimídia relacionada ao tema ou assunto que você está estudando.

Principais características da poesia romântica brasileira: • afirmação da nacionalidade brasileira; • influência da literatura estrangeira em razão da chegada da corte portuguesa ao Brasil e do maior contato com artistas estrangeiros; • exaltação do exotismo da paisagem e dos habitantes primitivos do Brasil. Primeira geração romântica brasileira – exaltação dos indígenas e do exotismo da paisagem (idealizados). Principais poetas: Gonçalves de Magalhães e Gonçalves Dias. Segunda geração romântica brasileira – Ultrarromantismo, Mal do Século, ou Byronismo – geração de poetas ultrarromânticos, influenciados pelas obras de Lord Byron e de Alfred de Musset. Principais poetas: Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Junqueira Freire e Fagundes Varela. Terceira geração romântica brasileira – poesia de combate social, hugoana, ou condoreira. Principal poeta: Castro Alves.

A PROPÓSITO DO TEMA

CAPÍTULO 10

Aprecie As obras dos pintores românticos brasileiros, em especial Victor Meirelles, Pedro Américo, Rodolfo Amoedo, Almeida Júnior e Araújo Porto-Alegre. Esses artistas, que receberam forte apoio do imperador D. Pedro II, empenharam-se em consolidar um repertório iconográfico próprio e foram os principais responsáveis por criar um imaginário visual nacionalista que até hoje é referência para a identidade brasileira. Dentre as obras desses artistas, destacam-se: • Independência ou morte, 1888, de Pedro Américo; • Batalha de Guararapes, 1879, de Victor Meirelles; • O último tamoio, 1883, de Rodolfo Amoedo; • A batalha do Avaí, 1872-1877, de Pedro Américo; • O violeiro, 1899, de Almeida Júnior; • A primeira missa no Brasil, 1861, de Victor Meirelles; • Selva brasileira, de Araújo Porto-Alegre; • Moema, 1866, de Victor Meirelles.

Sintetizando Ao retomar os conteúdos teóricos vistos no capítulo, esta seção apresenta um resumo em forma de tópicos.

Assista Castro Alves – retrato falado do poeta, de 1999, dirigido por Silvio Tendler. É um filme brasileiro, misto de documentário e ficção, que apresenta a vida e a luta do poeta condoreiro pela proclamação da República e pela abolição da escravatura.

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A propósito do tema Esta seção traz indicações de livros, filmes, peças de teatro, obras de arte, dentre outras manifestações artísticas, pertinentes ao movimento estudado.

2. A seguir, de volta à arte literária, reproduzimos quatro poemas que abordam o mesmo tema: o amor. Leia-os com atenção procurando perceber se o poeta fez uma abordagem sensual ou espiritualista do tema; como ele situa o amor diante do mundo e da própria vida e quais são os efeitos de prazer e de dor que esse sentimento provoca. Procure também o que há em comum entre eles.

Teste seus conhecimentos

Têmpera sobre madeira. The Metropolitan Museum of Art, Nova York, EUA

1. Observe as obras de arte a seguir. São pinturas de períodos e autores distintos, mas tratam de um mesmo tema: Maria e o Menino Jesus. Note que os artistas usaram técnicas, iluminação e cores diferentes. Perceba também que o conteúdo dos quadros revela diferentes concepções sobre os personagens representados. Procure estabelecer algumas dessas diferenças.

Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer;

É querer estar preso por vontade; É servir a quem vence, o vencedor; É ter com quem nos mata lealdade.

É É É É

Mas como causar pode seu favor Nos corações humanos amizade, Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

um não querer mais que bem querer; solitário andar por entre a gente; nunca contentar-se de contente; cuidar que ganha em se perder;

Luís de Camões. In: Massaud Moisés. A literatura portuguesa através dos textos. 14. ed. São Paulo: Cultrix, 1985. p. 72.

Texto 2 O gondoleiro do amor Teus olhos são negros, negros, Como as noites sem luar... São ardentes, são profundos, Como o negrume do mar;

Imagem 1

[...] Teu sorriso é uma aurora, Que o horizonte enrubesceu, – Rosa aberta com biquinho Das aves rubras do céu.

Madona e criança, 1228-1236, de Berlinghiero (século XIII).

Teste seus conhecimentos

Texto 1

[...] Teu seio é vaga dourada Ao tíbio clarão da lua, Que, ao murmúrio das volúpias, Arqueja, palpita nua;

Imagem 2 Tê m

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tela. Herm

itage, São Petersb

Teste seus conhecimentos Ao final de cada capítulo, há exercícios adicionais sobre o conteúdo estudado que podem ser utilizados como “lição de casa”.

[...] urgo,

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Teu amor na treva é -- um astro, No silêncio uma canção, É brisa -- nas calmarias, É abrigo -- no tufão; Por isso eu te amo, querida, Quer no prazer, quer na dor,... Rosa! Canto! Sombra! Estrela! Do Gondoleiro do amor. Castro Alves. Espumas flutuantes. São Paulo: Ateliê, 1997. p. 103-104.

1. (UEL-PR) Leia atentamente os textos abaixo, respectivamente de Platão e de Aristóteles: [...] a admiração é a verdadeira característica do filósofo. Não tem outra origem a filosofia. (Platão. Teeteto. Tradução de Carlos Alberto Nunes. Belém: Universidade Federal do Pará, 1973. p. 37.)

Virgem com o menino, c. 1503, de Rafael Sanzio (1483-1520).

Com efeito, foi pela admiração que os homens começaram a filosofar tanto no princípio como agora; perplexos, de início, ante as dificuldades mais óbvias, avançaram pouco a pouco e enunciaram problemas a respeito das maiores, como os fenômenos da Lua, do Sol e das estrelas, assim como a gênese do universo. E o homem que é tomado de perplexidade e admiração julga-se ignorante (por isso o amigo dos mitos é, em certo sentido, um filósofo, pois também o mito é tecido de maravilhas); portanto, como filosofavam para fugir à ignorância, é evidente que buscavam a ciência a fim de saber, e não com uma finalidade utilitária.

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Caiu no Enem e no vestibular

(Aristóteles. Metafísica. Livro I. Tradução Leonel Vallandro. Porto Alegre: Globo, 1969. p. 40.)

Trata-se de uma seção que traz questões propostas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e em vestibulares de todo o Brasil.

Com base nos textos acima e nos conhecimentos sobre a origem da filosofia, é correto afirmar: a) A filosofia surgiu, como a mitologia, da capacidade humana de admirar-se com o extraordinário e foi pela utilidade do conhecimento que os homens fugiram da ignorância. b) A admiração é a característica primordial do filósofo porque ele se espanta diante do mundo das ideias e percebe que o conhecimento sobre este pode ser vantajoso para a aquisição de novas técnicas. c) Ao se espantarem com o mundo, os homens perceberam os erros inerentes ao mito, além de terem reconhecido a impossibilidade de o conhecimento ser adquirido pela razão. d) Ao se reconhecerem ignorantes e, ao mesmo tempo, se surpreenderem diante do anseio de conhecer o mundo e as coisas nele contidas, os homens foram tomados de espanto, o que deu início à filosofia. e) A admiração e a perplexidade diante da realidade fizeram com que a reflexão racional se restringisse às explicações fornecidas pelos mitos, sendo a filosofia uma forma de pensar intrínseca às elaborações mitológicas.

Fernando Gonsales. Níquel Náusea

2. (UEL-PR) Observe a tira e leia o texto a seguir:

Assentemos, portanto, que, a principiar em Homero, todos os poetas são imitadores da imagem da virtude e dos

Caiu no Enem e no Vestibular

Caiu no ENEM e no VESTIBULAR

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restantes assuntos sobre os quais compõem, mas não atingem a verdade [...] parece-me que o poeta, por meio de palavras e frases, sabe colorir devidamente cada uma das artes, sem entender delas mais do que saber imitá-las. Platão. A República. Livro X. 8. ed. Trad., introdução e notas: Maria Helena da Rocha Pereira. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1996. p. 463. Com base no texto e nos conhecimentos sobre a mimese (imitação) em Platão, é correto afirmar: a) Dispõe o poeta da perfeição para colorir tão bem quanto o pintor, por isso descreve verdadeiramente os ofícios humanos. b) A mimese apresenta uma imagem da realidade e assim representa a verdade última das atividades humanas. c) Por sua capacidade de imitar, o poeta sabe acerca dos ofícios de todos os homens e, por esse motivo, pode descrevê-los verdadeiramente. d) Por saber sobre todas as artes, atividades e atos humanos, o poeta consegue executar o seu ofício descrevendo-os bem. e) Por meio da imitação, descrevem-se com beleza os atos e ofícios humanos, sem, no entanto, conhecê-los verdadeiramente. 3. (Enem-MEC) Gênero dramático é aquele em que o artista usa como intermediária entre si e o público a representação. A palavra vem do grego drao (fazer) e quer dizer ação. A peça teatral é, pois, uma composição literária destinada à apresentação por atores em um palco, atuando e dialogando entre si. O texto dramático é complementado pela atuação dos atores no espetáculo teatral e possui uma estrutura específica, caracterizada: 1) pela presença de personagens que devem estar ligados com lógica uns aos outros e à ação; 2) pela ação dramática (trama, enredo), que é o conjunto de atos dramáticos, maneiras de ser e de agir das personagens encadeadas à unidade do efeito e segundo uma ordem composta de exposição, conflito, complicação, clímax e desfecho; 3) pela situação ou ambiente, que é o conjunto de circunstâncias físicas, sociais, espirituais em que se situa a ação; 4) pelo tema, ou seja, a ideia que o autor (dramaturgo) deseja expor, ou sua interpretação real por meio da representação. A. Coutinho. Notas de teoria literária. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1973. (Adaptado). Considerando o texto e analisando os elementos que constituem um espetáculo teatral, conclui-se que: a) a criação do espetáculo teatral apresenta-se como um fenômeno de ordem individual, pois não é possível sua concepção de forma coletiva. b) o cenário onde se desenrola a ação cênica é concebido e construído pelo cenógrafo de modo autônomo e independente do tema da peça e do trabalho interpretativo dos atores. c) o texto cênico pode originar-se dos mais variados gêneros textuais, como contos, lendas, romances, poesias, crônicas, notícias, imagens e fragmentos textuais, entre outros. d) o corpo do ator na cena tem pouca importância na comunicação teatral, visto que o mais importante é a expressão verbal, base da comunicação cênica em toda a trajetória do teatro até os dias atuais. e) a iluminação e o som de um espetáculo cênico independem do processo de produção/recepção do espetáculo teatral, já que se trata de linguagens artísticas diferentes, agregadas posteriormente à cena teatral.

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Sumário PARTE I

O Trovadorismo em Portugal Cantigas líricas Cantigas de amigo Cantigas de amor Cantigas satíricas Cancioneiros e trovadores Novelas de cavalaria

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74 76 76 79 81 83 84

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85

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Capítulo 1 Artes

12

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A arte e o artista

Os primórdios da arte A escrita

13

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18

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20

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23

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30

A arte literária: das origens ao presente As formas literárias (prosa e verso) Teste seus conhecimentos

17

Caiu no Enem e no vestibular

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38

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Galeria

Teste seus conhecimentos

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Caiu no Enem e no vestibular

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Capítulo 4 – Humanismo

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Humanismo – o início do resgate

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43

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44

Teste seus conhecimentos

A herança grega

40

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41

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A épica e a lírica grega Ilíada

43

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45

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46

Odisseia

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47

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48

Anacreonte Píndaro

O gênero dramático

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49

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50

O período pré-socrático

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50

O período socrático

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51

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51

Noções herdadas da filosofia grega

Sócrates Platão

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Aristóteles

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O mundo helenístico

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53 53 54

A filosofia romana

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54

A arte helenística

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55

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56

Galeria

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Caiu no Enem e no vestibular Capítulo 5 – Classicismo

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Um novo mundo

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Caiu no Enem e no vestibular

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Capítulo 3 – Trovadorismo

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63

65

A razão e a fé do homem medieval Santo Agostinho

59

115 118

120

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121

A filosofia na Renascença Erasmo de Roterdã

123 123

Galeria

124

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Portugal e o Classicismo Sá de Miranda e o verso de medida nova Camões: o genial espelho da alma lusa Camões épico (Os Lusíadas) Camões lírico (Rimas)

126 126 127 128 142

Outros autores do Classicismo português Bernardim Ribeiro João de Barros Antônio Ferreira

145 145 145 146

............................................................................................................

................

..........................

........................................

......................................................................

....................

........................................................................................................................

.......................................................................................................................................

.................................................................................................................................

Teste seus conhecimentos

97

98 103 104 107

..................................................................................

Safo

95

........................................................................................

.............................................................

Gêneros literários

92

94

.....................................................................

Humanismo português Historiografia de Fernão Lopes, o cronista de Portugal A prosa didática do século XV A poesia palaciana – Cancioneiro geral O teatro de Gil Vicente

Capítulo 2 – A herança

87

Teste seus conhecimentos

...................................................................................................

147

.................................................................................

149

....................................................................................................................

152

Caiu no Enem e no vestibular Capítulo 6 – Q uinhentismo no Brasil

..........................................................

66

....................................................................................................................

67

A chegada dos portugueses

153

68

Literatura de Informação

154

São Tomás de Aquino

...........................................................................................

.........................................................................................

.......................................................................................................


A carta de Pero Vaz de Caminha

...............................

Hans Staden

154

Basílio da Gama

159

Santa Rita Durão

.....................................................................................................................................

.............................................................................................................

..........................................................................

162

Teste seus conhecimentos

................................................................................................................

163

Caiu no Enem e no vestibular

Gabriel Soares de Sousa Literatura de Formação

..................................................................................................................

Padre Manuel da Nóbrega

.............................................................

164

Padre José de Anchieta

.............................................................................

165

Teste seus conhecimentos

...................................................................................................

PARTE II

174

Uma era revolucionária

243

..................................

175

Barroco: a arte dos contrastes

...............................................................................

175

..........................................................................................................

A linguagem literária

..............................................................................................

................................................................................................

...............................................................................................................

Romantismo: as origens

............................................................................................................

Por uma estética da emoção

248

179

A fuga da realidade

248

...................................................................................................................................

................................................................................................................

Portugal e o domínio espanhol

.........................................................................

182

A crise portuguesa

Barroco em Portugal

.............................................................................................................................

183

Romantismo em Portugal – primeiro momento

Padre Antônio Vieira

........................................................................................

Sóror Mariana Alcoforado

..............................................................

183 187

Barroco no Brasil

.................................................................................................................................................

Gregório de Matos e Guerra

.....................................................

191 191

197

Bento Teixeira

...........................................................................................................................

....................................................

198

..................................................................................................

200

Manuel Botelho de Oliveira Teste seus conhecimentos

Caiu no Enem e no vestibular

.................................................................................

204

Capítulo 8 – N eoclassicismo ou Arcadismo

......................................................................................

206

O mundo em expansão O Século das Luzes

...................................................................................................................................................................................................

......................................................................................................................................

....................................................................................................................

Almeida Garrett

................................................................................................................

251

252 252 253

Alexandre Herculano

.......................................................................................

255

Feliciano de Castilho

...........................................................................................

270

Romantismo em Portugal – segundo momento

271

.....................................................................................................................

Soares de Passos: o poeta do sepulcro

...........................................................................

Camilo Castelo Branco

272

..................................................................................

274

Romantismo em Portugal – terceiro momento

........................................................................................................................

281

João de Deus

...............................................................................................................................

281

Júlio Dinis

................................................................................................................................................

284

................................................................................................................

207

Teste seus conhecimentos

......................................................................................................................

207

Caiu no Enem e no vestibular

292

Capítulo 10 – Poesia romântica brasileira

294

Os lusíadas invadem novamente nossa praia

295

Um país chamado Brasil

297

Arcádias versus “mau gosto”

...................................................................................

..................................................................................................

.................................................................................

210

Século XVIII em Portugal

.........................................................................................................

211

Galeria

...................................................................................................................................................................................................

212

.........................................................................................................

..........................................................................................................................................................

Arcadismo em Portugal

...............................................................................................................

214

.....................

214

..................................................................................................................................

219

Manuel Maria Barbosa du Bocage Tomás Antônio Gonzaga

......................................................................

Cláudio Manuel da Costa

...................................................................

290

208

....................................................................

Características do Arcadismo

Arcadismo no Brasil

246

178

Galeria

..................................................................................................................................................................................................

.......................................................................................

245

A idealização do herói, do amor e da mulher

180

Galeria

239

242

A Reforma Católica ou Contrarreforma

Cultismo e conceptismo

236

Capítulo 9 – R omantismo em Portugal

..................................................................................

...........................................................................................................................

.................................................................................

232

172

Caiu no Enem e no vestibular Capítulo 7 – Barroco

170

..................................................................................................

228

.............................................................................................................

Primeira geração romântica brasileira: o indígena e a terra

297

220

Gonçalves de Magalhães

......................................................................

298

226

Gonçalves Dias

.......................................................................................................................

298

................................................................................................................


Sumário Cesário Verde

Segunda geração romântica brasileira: o mal do século

.............................................................................................................................

.....................................................................................................................................

Teste seus conhecimentos

315 317

Caiu no Enem e no vestibular

..................................................................................................................

Fagundes Varela

...............................................................................................

................................................................................................................

Terceira geração romântica brasileira: poesia de combate

...................................................................................................

..................................................................................

Capítulo 13 – Realismo/Naturalismo no Brasil

320

.....................................................................................................................................

321

Um tempo de libertação e contestação

328

A prosa realista/naturalista no Brasil

..................................................................................................

Caiu no Enem e no vestibular

.................................................................................

334

..............................................................................................................

Machado de Assis Aluísio Azevedo

Capítulo 11 – Prosa romântica brasileira

Raul Pompeia

...........................................................................................................

421

...........................................

421

.........................................................................................................

422

................................................................................................................

448

.............................................................................................................................

458

Caiu no Enem e no vestibular

464

Capítulo 14 – P arnasianismo no Brasil

466

...................................................

342

....................................................................................................................

347

Visconde de Taunay

..............................................................................................

Bernardo Guimarães

...........................................................................................

364 368

......................................................................................................................

Teatro romântico brasileiro

...........................................................................................

Martins Pena

................................................................................................................................

..................................................................................................

Caiu no Enem e no vestibular

.................................................................................

..................................................................................................

462

.................................................................................

337

..................................................

Teste seus conhecimentos

.................................

337

Joaquim Manuel de Macedo

Franklin Távora

420

Teste seus conhecimentos

.................................................................................................

José de Alencar

418

336

Prosa romântica brasileira

Manuel Antônio de Almeida

413

318

....................................................................................................................

Teste seus conhecimentos

397

400

.......................................................................................................................

......................................................................................................

Casimiro de Abreu

Castro Alves

Eça de Queirós

307

Álvares de Azevedo Junqueira Freire

306

374

375 375 378 382

.............................................................................................................

O Parnasianismo

.................................................................................................................................................

Olavo Bilac

...........................................................................................................................................

Raimundo Correia

.......................................................................................................

Alberto de Oliveira

..................................................................................................

Vicente de Carvalho Teste seus conhecimentos

467 468 473 475

.............................................................................................

477

..................................................................................................

479

Caiu no Enem e no vestibular

482

.................................................................................

Capítulo 12 – Realismo/Naturalismo em Portugal

.............................................................................................................

............................................................................................

384

............................................................

485

...........................................................................................................................................

485

...............................................................................................................................................

487

385

O Impressionismo

.............................................................................................

385

A arte simbolista

........................................................................................................

386

Galeria

.........................................................................

386

O Simbolismo em Portugal

....................................................................................

386

O Positivismo de Comte

O Evolucionismo de Darwin O Determinismo de Taine

Literatura realista/naturalista

................................................................................

387

388

Galeria

..................................................................................................................................................................................................

Crise portuguesa

...............................................................................................................................................

Questão Coimbrã

.............................................................................................................................................

484

O decadentismo de fim de século

.....................................................................

Século XIX, o gérmen do futuro

O Socialismo de Marx

Capítulo 15 – Simbolismo

.................................................................................................................................................................................................

488

..............................................................................................

Eugênio de Castro

493

......................................................................................................

493

Camilo Pessanha

..............................................................................................................

497

Antônio Nobre

......................................................................................................................

499

O Simbolismo no Brasil

................................................................................................................

501

...................................................................................................................................

501

389

Cruz e Sousa

389

Alphonsus de Guimaraens

...............................................................

505

..................................................................................................

509

Antero de Quental

...................................................................................................

392

Teste seus conhecimentos

Guerra Junqueiro

..........................................................................................................

396

Caiu no Enem e no vestibular

511

...................................................................................


Modernismo português – terceiro momento

PARTE III

.........................................................................................................................

Capítulo 16 – Pré-Modernismo

514

...................................................................

Brasil – entrando no século dos séculos

................................

515

Pré-Modernismo

..................................................................................................................................................

516

Augusto dos Anjos

516

Euclides da Cunha

.......................................................................................................

521

Lima Barreto

..................................................................................................................................

526

....................................................................................................

Monteiro Lobato

Caiu no Enem e no vestibular

..................................................................................

Capítulo 19 – M odernismo brasileiro – Semana de Arte Moderna de 1922

614 616

618

.....................................................................................................................

Brasil: um país plural

.............................................................................................................................

619

............................................................................................................

532

.............................................................................................................................

537

Fatos precursores da Semana de Arte Moderna

541

A Semana de Arte Moderna de 1922

.............................................

625

544

Revistas e correntes literárias pós-Semana de 22

.......................................................................................................................

631

Caiu no Enem e no vestibular

638

Graça Aranha

Teste seus conhecimentos

..................................................................................................

Caiu no Enem e no vestibular

................................................................................

.................................................................................

.................................................................................

Capítulo 17 – Vanguardas europeias

......................................................................................................

622

546

O caos e a efervescência do século XX

547

A revolução cultural

548

.....................................

Capítulo 20 – B rasil – Modernismo: Geração de 1922

640

A Geração de 1922

641

.................................................................

................................................................................................................................

......................................................................................

549

................................................................................................................................................

550

As vanguardas europeias Futurismo

Expressionismo

.....................................................................................................................

Cubismo

.......................................................................................................................................................

Dadá (ou Dadaísmo)

552 553

............................................................................................

554

.......................................................................................................................................

555

..................................................................................................................................................................................................

557

Surrealismo Galeria

Teste seus conhecimentos

561

...................................................................................................

Caiu no Enem e no vestibular

.................................................................................

564

...................................................................................................................................

Oswald de Andrade Mário de Andrade Manuel Bandeira Menotti del Picchia Raul Bopp Cassiano Ricardo Guilherme de Almeida Ronald de Carvalho Alcântara Machado Juó Bananére

..............................................................................................

............................................................................................................

.................................................................................................

...............................................................................................................................................

...............................................................................................................

..................................................................................................

.................................................................................................................

.................................................................................................................

................................................................................................................................................

Teste seus conhecimentos

Capítulo 18 – M odernismo em Portugal

.........................................................................................

566

A grande crise portuguesa

...............................................................................................

567

.................................................................................

Capítulo 21 – B rasil – Pós-Modernismo: Geração de 1930 (prosa)

567

A revista A Águia

............................................................................................................................

567

A revista Orpheu

..............................................................................................................................

568

Um tempo de dissolução

Teixeira de Pascoaes

569

Fernando Pessoa

............................................................................................

Modernismo português – segundo momento

......................................................................................

.......................................................................................................................

690

692

........................................................................................................

693

O Brasil e a era Vargas

....................................................................................................................

694

574

O Pós-Modernismo

....................................................................................................................................

695

608

A prosa Graciliano Ramos José Lins do Rego

695 696 708

...............................................................................................................

Mário de Sá-Carneiro

688

..................................................................................................

Caiu no Enem e no vestibular

Modernismo português - primeiro momento

.............................................................................................................

641 651 665 671 672 674 676 678 681 685

.......................................................................................................

.....................................................................................................................

...............................................................................................................................................................................................

...........................................................................................................

613

..........................................................................................................


Sumário Rachel de Queiroz

.......................................................................................................

718

Erico Verissimo

.......................................................................................................................

721

Jorge Amado

...............................................................................................................................

725

Contracultura: entre espinhos, o poder da flor

......................................................................................................................

O Brasil e a repressão

........................................................................................................

Caiu no Enem e no vestibular

.................................................................................

728

Os novíssimos tempos da arte brasileira

..................................................................................................................

A poesia pós-modernista

798

....................................................................................................................

798

Bossa Nova, Jovem Guarda e música ......................................................................................................................

798

..................................................................................................................................................

799

de protesto 730

......................................................................................................

731

Carlos Drummond de Andrade

.......................................

731

Vinicius de Moraes

....................................................................................................

738

Jorge de Lima

Poesia-práxis

..................................................................................

800

.................................................................................................................................................

800

747

Poesia social

.......................................................................................................................

749

.....................................................................................................................

.................................................................................

A poesia da Geração de 1960

Poema-processo

Murilo Mendes

Caiu no Enem e no vestibular

Tropicália

742

.............................................................................................................................

Cecília Meireles

753

..................................................................................................................................

801

......................................................................................................................................................

801

Poesia marginal e outras aventuras sem volta

................................................................................................................

Os últimos anos do século XX Capítulo 23 – B rasil – Neomodernismo: Geração de 1945

..................................................................

756

Brasil e o pós-guerra

.............................................................................................................................

Um novo ciclo literário

...................................................................................................................

757 757

.......................................................................................................................

758

João Guimarães Rosa

........................................................................................

758

Clarice Lispector

................................................................................................................

766

.........................................................................................................

772

João Cabral de Melo Neto

.................................................................................

772

Décio Pignatari

.......................................................................................................................................

783

Haroldo de Campos

.................................................................................................................

Augusto de Campos

...............................................................................................................

Caiu no Enem e no vestibular

.................................................................................

Apêndice – A literatura brasileira dos últimos anos e a literatura africana de língua portuguesa

..................................................................

785 787 789

792

802

806

...............................................................................

Brasil: novamente uma democracia

....................................................

807

...............................................................................................................................................................

807

A arte e a literatura dos últimos anos no Brasil

A poesia (Antologia poética)

A prosa neomodernista a Geração de 1945

A poesia neomodernista

797

.............

O Cinema Novo Capítulo 22 – B rasil – Pós-Modernismo: Geração de 1930 (poesia)

794

...................................................................

A prosa (Antologia em prosa)

807

................................................................

811

A literatura africana de língua portuguesa Moçambique

......................................................................................................................

821

..................................................................................................................................................

823

José João Craveirinha

......................................................................................

823

Paulina Chiziane

...............................................................................................................

824

Mia Couto

..............................................................................................................................................

826

................................................................................................................................................................................

827

Angola

Uanhenga Xitu

......................................................................................................................

827

Pepetela

......................................................................................................................................................

829

Cabo Verde

.........................................................................................................................................................

829

Baltasar Lopes da Silva

................................................................................

830

A segunda revolução cultural do século XX

....................................................................................................................................................................

793

Bibliografia

..........................................................................................................................................................................

831


Sumário – Parte I Capítulo 1 Artes

...................................................................................................

Capítulo 2 A herança

....................................................................................

Capítulo 3 Trovadorismo Capítulo 4 Humanismo Capítulo 5 Classicismo

65

..............................................................................

94

............................................................................

120

.......................................

152

............................................................................................

174

Capítulo 8 Neoclassicismo ou Arcadismo Autor desconhecido. s.d. Biblioteca/Arquivo Teatro Nacional D. Maria II, Portugal

40

........................................................................

Capítulo 6 Quinhentismo no Brasil Capítulo 7 Barroco

12

...................

206


Capítulo Charles Meynier. Séc. XIX. The Cleveland Museum of Art, Cleveland. Coleção particular

• Artes

1

Érato, musa da poesia lírica, século XIX, de Charles Meynier.

De todas as cousas humanas, a única que tem o seu fim em si mesma é a arte. (Machado de Assis)

12


A arte e o artista

Musée National du Château de Compiège, França. Foto: RMN/Otherimages

Primeira arte: música (arte do som). Partitura de Querelle d´Amour, música de Adolphe Nibelle e poesia de Pierre Véron, século XIX.

Segunda arte: dança (arte do movimento). Isadora Duncan (1877-1927), bailarina norte-americana, é considerada uma das pioneiras da dança moderna.

Terceira arte: pintura (arte da cor).

Óleo sobre tela. Museu de Arte Moderna, Nova York, EUA

Arnold Genthe, c. 1917. Coleção particular. Foto: Everett Collection Inc./Keystone

Artes

Para definirmos o conceito de arte é necessário reconhecermos que algumas pessoas são dotadas de uma capacidade criadora que as habilita a conceber objetos ou a realizar atividades que expressam emoções, estados de espírito e acontecimentos, traduzindo um modo único de perceber a realidade e/ou de transformá-la. Aqueles que têm esse dom são os artistas, os que produzem arte. A arte não tem uma finalidade utilitária, ela tem um fim em si mesma, e várias são as formas de expressão artística – uma delas, a Literatura. Em 1911, o crítico de cinema italiano Ricciotto Canudo escreveu o Manifesto das Sete Artes, publicado somente em 1923, em que definia o cinema como a sétima arte. No manifesto, ele ordenou as outras seis de acordo com uma ordem consensual, ou seja, segundo uma maioria que concordava com essa disposição. Mais tarde, historiadores da arte acrescentaram a esse manifesto mais quatro artes, estabelecendo uma ordenação que se consagrou.

Quando eu tenho uma necessidade grande de religião, saio à noite para pintar as estrelas. (Van Gogh)

Noite estrelada, 1889, de Vincent van Gogh (1853-1890).

13


CAPÍTULO 1 • ARTES

Basílica de São Pedro, Vaticano. Foto: Art Images Archive/Stock Photos/Glow Images

Quarta arte: escultura (arte do volume).

Produtor: Germano Soares Baía/Foto: Priscila Prade

Detalhe da escultura em mármore La Pietà, 1499, de Michelangelo (1475-1564).

Quinta arte: teatro (arte da representação).

Paulo Autran (1922-2007) na peça O avarento, de Molière, em 2007.

Sexta arte: literatura (arte da palavra). Ismália

Filme de Charles Chaplin. Tempos Modernos, 1936. EUA

Sétima arte: cinema (arte que reúne elementos das seis anteriores).

Quando Ismália enlouqueceu, Pôs-se na torre a sonhar... Viu uma lua no céu, Viu outra lua no mar. No sonho em que se perdeu, Banhou-se toda em luar... Queria subir ao céu, Queria descer ao mar... E, no desvario seu, Na torre pôs-se a cantar... Estava perto do céu, Estava longe do mar... E como um anjo pendeu As asas para voar... Queria a lua do céu, Queria a lua do mar...

Cena do filme Tempos modernos, 1936, de Charles Chaplin (1889-1977).

As asas que Deus lhe deu Ruflaram de par em par... Sua alma subiu ao céu, Seu corpo desceu ao mar... Alphonsus de Guimaraens (1870-1921), poeta brasileiro, representante do Simbolismo.

14


Oitava arte: fotografia (arte da imagem).

Artes

Istambul, 1964, foto de Henri Cartier-Bresson (1908-2004). Observe como a arquitetura da escada e das construções, com a interferência de elementos humanos, gera uma imagem intrigante.

Leonardo de Oliveira Leite

Henri Cartier-Bresson. Magnum Photos/Latinstock

Nona arte: história em quadrinhos (arte sequencial).

Blue bird, 2011, de Leonardo Syron.

Décima primeira arte: arte digital (inclui as artes gráficas produzidas em computador em duas ou três dimensões). Corel Stock Photo

Photo12/Nintendo/Otherimages

Décima arte: jogos eletrônicos.

Cena do jogo Super Mário Kart, 1992, da Nintendo, criado por Shigeru Miyamoto.

Esta figura é um fractal, imagem criada por computador a partir de funções matemáticas.

15


A atriz, diretora de teatro, bailarina e coreógrafa brasileira Clarisse Abujamra costuma dizer que há duas espécies de artistas: os ativos e os passivos. Os ativos são aqueles que produzem obras de arte; os passivos são aqueles que têm talento para apreciar o objeto artístico. Além da sensibilidade que já nasce conosco para quaisquer desses dons, é possível treinar, estudar, ampliar os horizontes culturais para que possamos nos apropriar mais e mais das competências, ou do fazer ou da contemplação da arte. Em outras palavras, algumas pessoas dominam ativamente a concepção do objeto artístico, conseguindo executá-lo, criá-lo. Outras, apesar de não serem criadoras, interagem com ela por meio de sua apreciação, descobrindo-lhe novas dimensões e sentidos. O artista conta com a cumplicidade do apreciador da arte. Walt Whitman, o mais expressivo poeta estadunidense do século XIX, diz em um de seus poemas: Você, leitor que pulsa de vida e orgulho e amor, assim como eu: para você, por isso, os cantos que aqui seguem! Walt Whitman. Folhas das folhas de relva. São Paulo: Brasiliense, 1989. p. 17. Walt Whitman (1819-1892), retrato de 1880.

Este livro tem como objetivo fundamental tornar os leitores mais aptos à apreciação especialmente da arte literária. Ou seja, a obra tem como meta tornar você, leitor, um artista passivo competente. Vocabulário enleio aquilo que prende

Duas considerações são fundamentais para a iniciação neste processo. Primeiramente, não importa a sinceridade com que o artista concebeu sua obra, mas sua habilidade em fazê-lo. O papel dele é proporcionar uma emoção estética em quem consome sua criação, independentemente de tê-la. Além disso, é preciso entender que a arte é feita de forma e conteúdo, e que ambos são indissociáveis, como veremos adiante. Leia um trecho do poema de Fernando Pessoa: Isto Dizem que finjo ou minto Tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto Com a imaginação. Não uso o coração. Tudo o que sonho ou passo, O que me falha ou finda, É como que um terraço Sobre outra coisa ainda. Essa coisa é que é linda.

16

Por isso escrevo em meio Do que não está ao pé, Livre do meu enleio, Sério do que não é. Sentir? Sinta quem lê! Fernando Pessoa. Obra poética. Rio de Janeiro: Companhia José Aguilar, 1969. p. 165.

© Almada Negreiros/SPA, 2012

Para Saber Mais

Mondadori/UIG/Age Fotostock/Easypix

CAPÍTULO 1 • ARTES


Os primórdios da arte

Artes

É virtualmente impossível determinar quais seriam as primeiras manifestações artísticas. Quem teria sido o primeiro hominídeo consciente a fazer um conjunto de sons, provavelmente percussivos, com ritmo? Quem teria feito movimentos corporais em consonância com esse ritmo? São dados perdidos na história da humanidade. Entretanto, existem registros pictóricos nas paredes das cavernas: as pinturas rupestres. As primeiras pinturas rupestres, encontradas em 1879, foram as da caverna de Altamira, na Cantábria, Espanha. O segundo grupo de pinturas foi descoberto em 1922, na caverna de Pech Merle, em Lot, França. A datação em carbono 14 indica que estas foram feitas há cerca de 25 mil anos, sendo 10 mil anos mais antigas que as de Altamira. Para Saber MaiS Corel Stock Photo

Esta pintura pertence ao famoso grupo de cavernas de Lascaux, França, casualmente encontradas por quatro adolescentes em 1940. Nas cavernas há um precioso conjunto de obras datadas aproximadamente de 15000 a.C., mesmo período dos desenhos descobertos na Espanha. Outros lugares, como Portugal, Austrália, Tailândia, Somália, Líbia, Malásia e Argélia, também guardam patrimônios dessa natureza. No Brasil há vários sítios arqueológicos com pinturas rupestres, como em Minas Gerais (Gruta do Gentio), Rio Grande do Norte (Sítio Arqueológico do Lajedo de Soledade), Paraíba (Vale dos Dinossauros), Piauí (Parque Pintura rupestre encontrada nas cavernas de Lascaux, França. Nacional Serra da Capivara), Ceará (Monumento Natural dos Monólitos de Quixadá), Santa Catarina (Sítio Arqueológico da Praia do Santinho), Bahia (Serra das Paridas), entre outras localidades.

Difícil também é precisar o nível de consciência do homem primitivo. É de se supor que ele estivesse restrito ao primeiro instinto animal: o de autopreservação. Portanto, sua luta cotidiana era pela busca de alimentos e disputa de território. Mas houve um momento em que adquiriu consciência de si, provavelmente no confronto com a morte, a que temeu. Tudo o que não podia explicar atribuiu a forças de comando invisíveis. Criou, então, rituais para aplacar a ira dessas forças. Prisioneiro entre os mistérios da origem e os de além-morte, o ser humano vem tentando desvendar essas duas pontas obscuras entre as quais se equilibra até hoje. Talvez o primeiro deus tenha surgido dos questionamentos originários do limbo que fica entre estes dois extremos de interrogação: o da origem e o da extinção. A esse deus, seguiram-se outros para os quais erigiu altares, procurando materializá-los em carvão, pigmentos e pedras, numa tentativa de apaziguar as forças selvagens da natureza e de enfrentar as batalhas a serem travadas com um mundo hostil que provocava insegurança e medo. 17


Muitos estudiosos atribuem ao homem de Neandertal, que viveu há cerca de 300 mil anos, as primeiras preocupações de ordem estética, ou seja, da apreciação do belo, do artístico, e de ordem espiritual, na cadeia da evolução humana. Hipoteticamente, teria intuído sua transitoriedade, sua fragilidade diante do mundo infinito, e teve necessidade de transcendência, de ultrapassar os limites da matéria, do mundo físico, de buscar um elo entre a fugacidade aparente da vida e a eternidade. A inevitável e estimulante interação com o mundo físico fez com que ele caminhasse para uma tomada de consciência cada vez mais sofisticada. Teve necessidade de evocar supostas forças invisíveis, de fixar seu dia a dia e deixar seu rastro. O homem primitivo registrou imagens nas paredes das cavernas. Essas cenas, mais do que instantâneos extraídos de seu cotidiano, representavam sua percepção cada vez mais Recriação do homem de Neandertal, tendo como base esqueletos acurada do meio em que vivia, dando-nos um fósseis. vislumbre do passado. Em um sentido mais amplo, o homem observava os ciclos da vida e das coisas que desafiavam sua curiosidade infinita. Ele fez associações, verificou certas constâncias que pareciam apontar para regras e sistemas, e, mais e mais tomado de razão, começou a caminhar no eterno desvendar do mundo da matéria. Com o decorrer do tempo, cada vez mais uma parte da natureza humana que não se alimenta apenas da interação com o mundo concreto foi se sofisticando e manifestando. Há caminhos mais abstratos a percorrer, sentimentos e necessidades que nem sempre são objetivos ou equacionáveis. A arte procura expressar essas necessidades e sentimentos.

Museu Neanderthal, Croácia. Foto: Hemis/Easypix

CAPÍTULO 1 • ARTES

A escrita procura representar o pensamento por meio de caracteres convencionais. Até que esses caracteres fossem estabelecidos, um longo caminho foi percorrido. Os seres humanos começaram por desenhar objetos que podiam ser associados aos fatos que desejavam registrar de modo duradouro. Essa foi a fase da pictografia. Passaram, então, a representar ideias abstratas por meio dos objetos que tinham maior poder de analogia, de comparação, com a ideia que pretendiam expressar. Foi a fase do simbolismo, ou ideografismo, cujos sinais podem ser encontrados nos idiomas japonês, chinês e nos hieróglifos egípcios. 18

Art Media/Heritage Imagestate/Glow Images

A escrita

Detalhe do Livro dos mortos com hieróglifos, c. XIV a.C.


Analectos, de Confúcio (551-479 a.C.), em chinês.

Só então surgiu a ideia de convencionar sinais para representar os sons da fala, cujos símbolos escritos constituem as sílabas das palavras. Estava configurada a escrita silábica. Em seguida, veio o alfabetismo, caracterizado por um inventário de letras que representam os fonemas da língua falada. As letras, que por sua vez compõem as sílabas, formam as palavras, as quais designam conceitos e seres.

Artes Ancient Art and Architecture Collection Ltd./The Bridgeman Art Library/Keystone

Kenya Chiba/Aflo RM/Glow Images

Os ideogramas, sinais gráficos que representam ideias ou coisas, quando combinados, expandem-se em novos sentidos. Por exemplo, a palavra conflito, em chinês, é composta pelos ideogramas “crise” e “crescimento”: . O processo de composição por ideogramas, além de caracterizar uma forma de registro, ensina uma filosofia de vida. De fato, o conflito é detonado por uma crise, cuja solução resulta em crescimento pessoal.

Placa sumérica de terracota com escrita cuneiforme, c. 3500 a.C.

Ilustrações: Getúlio Delphim

Para Saber MaiS Devemos aos fenícios, antiga civilização que se desenvolveu onde hoje se localizam Síria, Líbano e Israel, a criação do primeiro alfabeto conhecido, composto somente de consoantes. Os gregos criaram os diferentes sinais para representar vogais, bem como a convenção de escrever da esquerda para a direita, de cima para baixo.

Alfabeto fenício.

Alfabeto grego em letras maiúsculas.

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