Maria Inês Batista Campos Nivia Assumpção
Língua Portuguesa Esferas das Linguagens
VOLUME 1
PARTE I
Maria Inês Batista Campos
Nivia Assumpção
Licenciada em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Licenciada em Letras Português – Alemão pela Universidade Mackenzie de São Paulo Mestra em Língua Portuguesa pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Doutora em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Pós-doutora pelo Programa de Estudos Pós-Graduados em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Estágio pós-doutoral pelo Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas do Instituto de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Estágio pós-doutoral pela Université Paris 8 – Vincesses-Saint-Denis Professora de Língua Portuguesa da Universidade de São Paulo Pesquisadora dos Grupos de Pesquisa: Linguagem, Identidade e Memória; Estudos do Discurso
Licenciada em Letras Português pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Mestre em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Professora de Língua Portuguesa na rede particular de Ensino Fundamental e Ensino Médio por vários anos
Língua Portuguesa Esferas das Linguagens VOLUME 1
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Copyright © Maria Inês Batista Campos, Nivia Assumpção, 2017 Diretor editorial Gerente editorial Editora Editores assistentes Assessoria Gerente de produção editorial Coordenador de produção editorial Gerente de arte Coordenadora de arte Projeto gráfico Projeto de capa Supervisora de arte Editora de arte Diagramação Tratamento de imagens Coordenadora de ilustrações e cartografia Cartografia Coordenadora de preparação e revisão Supervisora de preparação e revisão Revisão
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Campos, Maria Inês Batista 360º língua portuguesa : esferas das linguagens, volume 1 / Maria Inês Batista Campos, Nivia Assumpção. – 1. ed. – São Paulo : FTD, 2017. ISBN: 978-85-96-00892-1 (aluno) ISBN: 978-85-96-00893-8 (professor) 1. Português (Ensino médio) I. Assumpção, Nivia II. Título. 17-01051
CDD-469.07 Índices para catálogo sistemático: 1. Português : Ensino médio 469.07
1 2 3 4 5 6 7 8 9 Envidamos nossos melhores esforços para localizar e indicar adequadamente os créditos dos textos e imagens presentes nesta obra didática. No entanto, colocamo-nos à disposição para avaliação de eventuais irregularidades ou omissões de crédito e consequente correção nas próximas edições. As imagens e os textos constantes nesta obra que, eventualmente, reproduzam algum tipo de material de publicidade ou propaganda, ou a ele façam alusão, são aplicados para fins didáticos e não representam recomendação ou incentivo ao consumo. Reprodução proibida: Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Todos os direitos reservados à EDITORA FTD.
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Apresentação
Língua Portuguesa
Caro(a)estudante seja bem-vindo(a)!
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A experiência de ouvir e contar histórias até hoje fascina a humanidade. Quem não se encanta com a mágica de reinos de faz de conta, de galáxias distantes? Pois é, os livros nos dão o poder de viajar para outros lugares e para outros tempos (passados ou futuros), a possibilidade de nos transformar em qualquer pessoa. Aprendemos quem somos a partir da relação que estabelecemos com o outro, que vive em situações bem definidas. Esses mundos imaginários são construídos com um material muito sutil: as palavras. Sendo invenção coletiva, elas nos permitem compreender a sociedade e participar dela como cidadãos. Você é nosso(a) convidado(a) a participar de um diálogo com autores a princípio desconhecidos. Aos poucos, no entanto, eles o(a) ajudarão a ampliar seus conhecimentos sobre a língua portuguesa, a leitura e a escrita. Nosso ponto de partida serão situações cotidianas que oferecem base para uma ampla variedade de atividades orais e escritas; elas o(a) ajudarão a escrever textos coerentes, capazes de transmitir conhecimentos e emoções. Nesta obra, os textos literários têm importante papel. Pretendemos ajudar você a desenvolver a capacidade de transformar informações disponíveis na sociedade em conhecimento próprio. Você experimentará como um texto literário pode ser lido de várias maneiras e como ele dialoga também com textos de outras épocas. Seu mundo ficará muito mais rico e bonito e você conhecerá muitos autores, personagens e lugares fascinantes. Juntos, faremos uma viagem pela literatura brasileira e portuguesa, passando pela africana em língua portuguesa. Com atividades criativas, você produzirá textos para circular em diferentes esferas: cotidiana, jornalística, publicitária e artística, incluindo as artes plásticas. Vamos aprender a usar a linguagem oral em situações coloquiais e formais. Para que tudo isso seja útil para sua vida, é preciso conhecer melhor a língua que falamos. É surpreendente perceber como a organização da língua nos ajuda a usá-la em todas as situações. “Minha pátria é a língua portuguesa”, escreveu o poeta Fernando Pessoa. Que tal acessarmos esse gigantesco e instigante território da linguagem? Bons estudos!
As autoras
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Capítulo 1
Cada volume da coleção é constituído de 9 unidades e cada unidade é composta de 3 capítulos, segundo os eixos: Leitura e literatura; Texto, gênero do discurso e produção; e Língua e linguagem.
Texto, gênero e discurso Oficina de imagens Ben Heine
Retalhos do cotidiano
Capítulo 2
Texto, gênero do discurso e produção
Gênero jornalístico: notícia de primeira página
Língua e linguagem
Capítulo 3
Folhapre ss
Estadão Conteúdo
Vivemos mergulhados em notícias. Acessamos a internet e percebemos que novos acontecimentos surgem a cada momento. O mesmo ocorre quando ligamos o rádio, assistimos ao noticiário televisivo ou lemos o jornal impresso. Esse universo de informações se modifica constantemente. Dependendo da mídia em que circula, a notícia ganha composições tão diferentes que, às vezes, temos dúvida A montagem fotográfica foi produzida pelo artista belga Ben Heine, co-estamos diante do mesmo fato. de que Artista visual, criatividade nhecido por articular diferentes linguagens em suas produções, como em seu sem limites projeto original Pencil vs camera (em tradução livre, “lápis versus câmera”), no Artista belga contemporâneo, qual ele mistura fotografia e desenho. A mão do artista aparece na foto, inseBen Heine (1983) nasceu na rindo um desenho repleto de imaginação. Ao introduzir uma ilustração em uma Costa do Marfim e descreve a si fotografia real, o autor explora graficamente uma maneira diferente de enxergar mesmo como um artista visual o mundo, destacando um posicionamento particular, um sonho, uma forma multidisciplinar. Pintor, ilustrador poética de olhar para a realidade. Na imagem, o artista fotografa a sua mão e fotógrafo, este artista cria segurando o desenho da evolução da espécie humana e se encaixa filmando a surpreendentes desenhos em cena, posicionando-se na imagem como uma das etapas da evolução humana. tamanho natural que parecem Na era digital, tudo é texto. Uma propaganda, uma fotografia, um vídeo, um ser tridimensionais, fazendo gráfico, uma conversa produzida oralmente — enfim, toda atividade humana, uso de uma técnica chamada constituída de diferentes linguagens, com a finalidade de informar, comunicar, anamorfose, isto é, torna a produzir sentidos, é um texto. É necessário valorizar a noção de texto no mundo imagem legível, com um efeito contemporâneo. O texto não é mais exclusividade da escrita, pois combina 3D, quando vista de um determipalavras, imagens, sons, símbolos e gestos, visando produzir discursos, ou nado ângulo e a certa distância. seja, expressar valores, ideologias, por meio da linguagem. Depois de pronto o trabalho, Ben A linguagem humana tem finalidade comunicativa e, por meio dela, as Heine tira fotos de si mesmo pessoas produzem diferentes textos para determinados interlocutores, com interagindo com seu desenho. objetivos específicos, dependendo do contexto social e histórico a que pertencem. Neste capítulo, vamos compreender os conceitos de texto, gênero e discurso, bem como sua relação com os recursos da língua.
Tempos verbais Explorando os mecanismos linguísticos Texto 1 Leia atentamente a legenda da foto e o texto verbal de uma notícia de primeira página do jornal Folha de S.Paulo, de 27 de fevereiro de 2016.
Ben Heine
Folhapress
Pencil vs camera — 55, de Ben Heine. Fotografia tirada em 1o de junho de 2011.
ss Folhapre
Conheça o seu livro
AS UNIDADES
Leitura e literatura
Projeto Pencil vs camera Ben Heine criou este projeto em 2010, reunindo fotografias e desenhos, milimetricamente encaixados. Ao inserir imagens desenhadas dentro de situações O gênero jornalístico notícia tem por objetivo informar o leitor sobre fatos e acontecimentos. Para transmitir Ben Heine,ofotografia 2014.marcas linguísticas, como primeira pessoa do singular, adjetivos, advérbios e reais fotografadas, o artista cria um efeito de composição muitas vezes surreal. o caráter de verdade, jornal de evita
(Des)construindo o gênero
verbos de caráter pessoal, opinativo ou valorativo.
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Capítulo 1 – Texto, gênero e discurso
Notícia e objetividade Nos verbetes a seguir, um manual de redação regula a prática jornalística de sua editoria:
Eleito presidente da Fifa, Infantino fala em ‘nova era’
Notícia — Puro registro dos fatos, sem opinião. A exatidão é o elemento-chave da notícia, mas vários fatos descritos com exatidão podem ser justapostos de maneira tendenciosa. Suprimir ou inserir uma informação no texto pode alterar o significado da notícia. Não use desses expedientes. Objetividade — Não existe objetividade em jornalismo. Ao escolher um assunto, redigir um texto e editá-lo, o jornalista toma decisões em larga medida subjetivas, influenciadas por suas posições pessoais, hábitos e emoções. [...] Isso não o exime, porém, da obrigação de ser o mais objetivo possível.
Gianni Infantino superou em votação o xeque Salman al-Khalifa e é o novo presidente da Fifa. Sucessor de Joseph Blatter, promete resgatar a imagem da entidade, abalada por corrupção, relata Sérgio Rangel, enviado a Zurique. “Estamos começando uma nova era.” Esporte B9
FOLHA DE S.PAULO. Manual da redação. São Paulo: Publifolha, 2001. p. 45 e 88.
Transparência e objetividade nas informações são orientações definidas pelos jornais em seus manuais de redação, o que não significa que sejam alcançadas plenamente. Nas notícias e reportagens, por exemplo, os fatos são retratados segundo o ponto de vista de quem redige e de quem edita, o que marca uma dose de subjetividade nos textos publicados. Abrindo os olhos para a composição do projeto gráfico e comparando diferentes fontes informativas, podemos nos tornar leitores críticos e competentes diante de nossa realidade social. Fique esperto: não se deixe manipular pela mídia. Observe, na próxima página, o projeto gráfico de primeira página de dois jornais de grande circulação no estado de São Paulo — Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo — publicados em 12 de fevereiro de 2016. O destaque do dia é para o mesmo fato — a descoberta de ondas gravitacionais previstas por Einstein 100 anos atrás. Texto, gênero do discurso e produção
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O suíço com ascendência italiana Gianni Infantino, 45, eleito ontem presidente da Fifa. FOLHA DE S.PAULO. São Paulo, 27 fev. 2016, p. 1. Folhapress.
Língua e linguagem
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ABERTURA DE UNIDADE Asas da imaginação: indivíduo e consumo © Vladimir Kush
Unidade 3
A abertura de unidade apresenta uma imagem e um texto que contextualiza a imagem e seus elementos, explicita o tema integrador e traz uma breve sinopse dos capítulos que compõem a unidade.
A sugestão de que a arte continuamente reinterpreta a vida está presente em diversas manifestações da linguagem artística. Na obra O atlas de Wander, do artista russo Vladimir Kush (1965), a árvore insere, ao mesmo tempo, uma referência à natureza e ao conhecimento, já que parte de seu tronco é formada por um livro, tornando-se uma janela para o mundo e para as inúmeras interpretações da realidade; a árvore torna-se produtora da vida (do livro) que se renova. Há, portanto, uma metáfora visual do livro, da arte como algo que possibilita conhecimento. A obra de arte abrange todas as atividades de uma cultura em que se trabalham o sensível e o imaginário, com o objetivo de recuperar a dimensão simbólica de um povo ou de uma classe social. Cada obra é um diálogo permanente entre quem a faz e quem a contempla, num processo de interação discursiva em um tempo e em um espaço definidos. É o conjunto desses elementos que nos permite ler e entender um texto. A imagem constitui uma metáfora dos gêneros literários, que se ramificam em várias temáticas e estimulam o despertar de nossos olhares para a literatura, em sua leitura, produção escrita e os estudos linguísticos. Os gêneros literários articulam linguagem e vida, criando novas relações entre as palavras, estabelecendo associações inesperadas. Ritmo, sons e imagens levam o leitor a conhecer mundos imaginários e prazerosos, nos quais, por meio da poesia ou da prosa, é possível dar asas à imaginação. Nesta unidade, vamos discutir o tema integrador “Asas da imaginação: indivíduo e consumo”. No capítulo de Leitura e literatura, vamos estudar alguns gêneros literários, com o objetivo de recriar o cotidiano por meio das palavras, valorizando características e elementos estilísticos da linguagem literária. Ler e escrever diferentes gêneros literários pode ser um exercício consciente da linguagem, envolvendo a assimilação de aspectos culturais do conhecimento humano. No capítulo de Texto, gênero do discurso e produção, analisaremos o texto publicitário comercial, sua forma composicional e suas estratégias de persuasão para tomarmos uma posição crítica como consumidores e produzirmos alguns anúncios. No capítulo de Língua e linguagem, estudaremos a ambiguidade como recurso linguístico, em que o mesmo texto tem mais de um sentido, exigindo um leitor atento e participativo, capaz de ler nas entrelinhas.
O atlas de Wander, de Vladimir Kush. Óleo sobre tela. 61 53 cm. Coleção particular.
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Capítulo 7 – Gêneros literários
Leitura e literatura
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Capítulo 7
Leitura e literatura
OS CAPÍTULOS E SUAS SEÇÕES
Gêneros literários Oficina de imagens Observe ao lado a litografia do artista gráfico M. C. Escher e procure dirigir o seu olhar para as formas das janelas, portas, túneis, telhados, escadas e linhas que criam uma linguagem visual, dando composição ao todo da obra. Essa litografia retrata situações inventadas pelo artista para criar ilusões de ótica. Com base na Matemática e na Física, ele reproduziu o triângulo do matemático inglês Roger Penrose (1931) três vezes no interior da gravura. Inicialmente, o que a imagem lhe sugere é que o edifício da base até o topo não encontra nenhum obstáculo, no entanto, a construção tem rachaduras. Dirija novamente seu olhar para A cascata e observe com atenção todo o conjunto. Nessa obra, o artista usa como recurso duas torres que sustentam uma forma geométrica estrelada e que dão a ilusão de ter a mesma altura. No entanto, a torre da direita se mantém um andar mais baixo do que a da esquerda, permitindo que a água passe pelos canais, por causa do desnível. Vamos examinar cada parte. Comece olhando o movimento da água que passa e põe em movimento um moinho. Note que ela sobe em zigue-zague pelas calhas e depois volta para o mesmo lugar. Sabemos que a água não sobe, de modo que Escher distorceu a perspectiva para fazer com que isso tudo pareça possível.
Os capítulos apresentam seções específicas, conforme os eixos Leitura e literatura, Texto, gênero do discurso e produção e Língua e linguagem.
Leitura e literatura Oficina de imagens
Nos capítulos de Leitura e literatura, a primeira seção é Oficina de imagens, com a proposta de sensibilizar o aluno para o tema de leitura ou texto literário que será apresentado. Há uma variedade de imagens (pinturas, esculturas, fotografias, iluminuras, desenhos, mapas, grafites, cartazes, capas de livros etc.) para auxiliar na sensibilização em relação ao tema e para o desenvolvimento da leitura do texto visual. A Atividade em grupo proposta na seção envolve o cognitivo, o sensitivo e o social.
A cascata, litografia de M. C. Escher, 30 × 38 cm, 1961.
Material necessário: • uma folha de papel sulfite; • recortes de jornal relacionados a interior de ambientes, pessoas e objetos; • canetas coloridas; • cola e tesoura; • sucatas, como botões e tampinhas de refrigerante. Anton_Ivanov/Shutterstock.com
O que é litografia? Litografia é o processo técnico afim com a gravura. Consiste no traçado de um desenho com lápis gorduroso em pedra calcária, depois tratada com um ácido que torna repelentes à tinta as zonas não protegidas pelo sinal gorduroso. Assim, a tinta adere apenas sobre o desenho traçado, que, prensado, transfere-se à folha de papel.
Teatro medieval Modo de fazer: Reúna-se com três colegas e escolham uma das partes da imagem de Escher da página anterior eAuto a copiem era uma modalidade do numa folha de papel sulfite, mudando alguns objetos de lugar. teatro medieval, com assunto Colem os recortes de jornais ou de revistas, ou ainda a sucata, sobre a imagem na folha de sulfite. basicamente religioso. No século Façam, na parte dessa imagem, intervenções que surpreendam seu interlocutor. XVI, os assuntos passaram a Exponham para a classe a obra produzida, explicando os sentidos decorrentes das alterações de perspectiva ser também profanos, sérios ou feitas a partir da litografia de Escher. A exposição pode ser feita no formato de varal.
ARGAN, G. C. História da arte italiana: da antiguidade a Duccio. São Paulo: Cosac & Naify, 2004. v. 1. p. 440.
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Maurits Cornelis Escher (1898-1972), artista gráfico holandês, baseou-se em conceitos matemáticos, particularmente na geometria, para criar suas obras com uma perspectiva visual possível apenas no desenho, gerando imagens com efeitos de ilusão de ótica.
© 2016 The M. C. Escher Company-The Netherlands. All rights reserved.
• Inicialmente, o que a imagem lhe sugere quanto ao espaço e às atividades desenvolvidas pelas pessoas nela representadas?
Atividade em grupo
cômicos. Divertiam, moralizavam pela crítica aos costumes e ainda ensinavam as verdades da fé, de modo vivo e acessível. Mesmo com a implantação do teatro Texto publicitário e texto artístico clássico no século XVI, o interesse Leia os dois textos a seguir. À esquerda, está a capa do livro Gertrudes e Cláudio, do estadunidense John autos não acabou. popular pelos Updike (1932); ao lado, a pintura Retrato de um homem e uma mulher na janela (1440), do italiano Fra Filippo O poeta português Camões Lippi (1406-1469). chamava seus textos teatrais de Teatro de Epidauro, na cidade de Corinto na Grécia, construído por Policleto, o Jovem (350 a.C.). Os teaautos, embora fosse homem do tros gregos eram auditórios ao ar livre, e o espetáculo começava ao amanhecer. Os três maiores autores Renascimento.
M. C. Escher’s. 1961. Litografia. M. C. Escher’s “Waterfall” © 2016 The M. C. Escher Company-The Netherlands. All rights reserved.
Mudando de perspectiva
M. C. Escher.
Capítulo 7 – Gêneros literários
Astúcias do texto
A segunda seção do capítulo, Astúcias do texto, tem como foco a leitura e a compreensão de textos de vários gêneros: histórias em quadrinhos, charges, notícias de jornal, reportagens, resenhas e, principalmente, produções literárias.
Fra Filippo Lippi, 1440. Têmpera sobre madeira. 64,1 41,9 cm. Metropolitan Museum of Art, Estados Unidos. Foto: FineArt/Alamy/Latinstock
Companhia das Letras
Astúcias do texto
do teatro grego foram Sófocles, Ésquilo e Eurípedes. Fotografia de 2016.
Características do gênero dramático
• O texto é escrito para ser encenado no teatro diante do público. Pode ser produzido em verso ou em prosa. • A ação do texto é concentrada em momentos decisivos e em situações determinadas: a descoberta da verdadeira identidade, o sofrimento de uma personagem, a vingança de alguém. • O mundo representado mostra-se por meio dos diálogos, criando uma sequência de cenas e relações de causa e de consequência. Retrato de um • O texto escrito para ser representado traz instruções à parte para o diretor da cena. homem e uma • As principais formas de manifestação do gênero dramático são a tragédia e a comédia. mulher na janela, Capa criada Baptistaos conflitos humanos, provocando uma reflexãodesobre Fra Filippo Lippi, da existência. • A tragédia é de origem gregapore João apresenta o sentido da Costa Aguiar para o livro 1440. Metropolitan • A comédia surgiu na Grécia eantiga e estava vinculada a uma festa popular profana: a colheita. Gertrudes Cláudio, de MuseumEram of Art,usadas máscaras como forma de representação, buscando provocar o riso por meio da caricatura. John Updike. Nova York.
1. Na tela está retratada uma cena doméstica burguesa: o casamento de Angiola Sapiti e Lorenzo Scolari na Itália do século XV. Como estão representados o homem e a mulher (vestimentas, joias)? Qual foi a finalidade dessa pintura para seus contemporâneos?
Na trama dos textos
FAÇA NO CADERNO
2. A pintura do século XV reaparece na capa do livro, mas compondo um cenário do século XII: o casamento da rainha Gertrudes (mãe de Hamlet, personagem da obra homônima de William Shakespeare) com Cláudio, irmão e assassino do rei Hamlet, da Dinamarca. Podemos dizer que a cena doméstica representada na capa do livro é ajámesma a representada na telavida de Fra Filippo Lippi? Por quê? Você ouviuque as expressões “minha daria um romance”, “esse filme é um épico” ou “vamos acabar logo como esta novela”? Provavelmente, compreende o sentido dessas afirmações em vista o contexto em 3. Compare quadro do monge florentino Fra você Filippo Lippi, pintado em 1440, e a capa do livro, tendo publicado que a conversa acontece. Atualmente, os estudos da linguagem enfatizam a teoria dos gêneros do discurso, produem 2001. zidos em situações do cotidiano. em uma atividade humana, as pessoas estabelecem interações verbais. a) Aponte a semelhança de conteúdos entre Com os doisbase textos. O gênero literário romance, criado no século XVIII, incorpora e reelabora diversos gêneros do cotidiano, como b) Embora a imagem seja a mesma, o retrato de um homem e de uma mulher, os textos têm objetivos diferentes. cartas, bilhetes, diálogos, piadas, notícias e debates. Ao entrarem no texto literário, os gêneros do cotidiano Qual é a finalidade de cada um deles? perdem o vínculo com a realidade e adquirem outro sentido. Não se pode estudá-lo sem estabelecer relações c) Que elementos diferenciam os dois textos? com a esfera da atividade humana em que aparece. O que faz um texto ser considerado romance, conto ou poema? 71 literários? Leitura e literatura Por que esses textos são considerados literários? Qual é a diferença entre eles e os textos não Leia os dois textos a seguir e observe a diferença de gêneros.
Do texto não literário ao texto literário
Na trama dos textos
A finalidade da seção Na trama dos textos é proporcionar um diálogo entre os textos literários e os textos fílmicos, canções, quadrinhos, charges etc.
Padroeiro da Internet A Internet vai ganhar seu santo protetor. O papa João Paulo II deve em breve nomear Santo Isidoro de Sevilha como padroeiro da rede mundial. Nascido no século 7 em Cartagena, na Espanha, o santo foi um escritor prolífico e versátil. Ele foi o primeiro católico a compilar os conhecimentos universais de seu tempo — daí seu vínculo com a Internet — numa outra obra enciclopédica intitulada Etymologiae, que trata tanto de assuntos religiosos quanto de gramática, medicina, legislação, ciências, geografia e agricultura, entre outros temas. O dia de Santo Isidoro é comemorado em 4 de abril.
Texto, gênero do discurso e produção GLOBO RURAL. Disponível em: <http://globorural.globo.com/edic/185/rep_digitala.htm>. Acesso em: 21 maio 2007.
Texto, gênero do discurso e produção
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Na seção (Des)construindo o gênero desenvolvem-se as atividades de produção de texto, iniciando-se com a leitura do gênero a ser estudado (anúncio, notícia, reportagem, cartum, fichamento, resumo, resenha crítica, seminário de pesquisa etc.). Em seguida, passa-se para a identificação de sua esfera de circulação e análise do texto verbal, sua estrutura composicional, vocabulário, organização do texto, suas características e a esfera de recepção.
Gênero publicitário: propagandas institucionais Diversas propagandas circulam diariamente em diferentes meios de comunicação. Acontece que muitas vezes elas não vendem produtos mas propagam informações para conscientizar e instruir a população sobre questões sociais que envolvem todos os cidadãos. As “propagandas institucionais”, de diferentes maneiras, procuram convencer a população a participar de trabalhos voluntários, preservar o meio ambiente, cuidar da saúde, ter acesso à cultura, manter a ética e conhecer as dimensões que ligam o cidadão à vida social. Você já reparou nesse tipo de propaganda? Já leu, no verso de uma embalagem de cigarro, a mensagem “O Ministério da Saúde adverte: [...]”? Em período de férias e no Carnaval, é comum haver muitas campanhas direcionadas principalmente aos jovens, para incentivá-los a usar preservativos e para convencê-los do perigo de dirigir depois de beber.
(Des)construindo o gênero Diálogo entre o verbal e o visual
FAÇA NO CADERNO
1. No anúncio, o símbolo do projeto é uma impressão digital que aparece impressa numa página de livro.
Propaganda institucional
a) Que relação existe entre a imagem e o projeto?
Leia a propaganda a seguir, que circulou na revista mensal Ciência Hoje em fevereiro de 2013.
b) Abaixo do símbolo e do nome do projeto, aparece em vermelho uma explicação: “Um espaço para unir todas as línguas que fazem a nossa.”. Quais são as possibilidades de interpretação da palavra “espaço”?
1. Quem é o responsável pela produção dessa campanha publicitária? FAÇA NO
2. Agora, observe a linguagem empregada no título: “Entenda por que você, cê, tu e ocê deve conhecer o projeto.”.
2. Descreva os elementos verbais e visuais que compõem a propaganda.
CADERNO
a) Sabendo que os pronomes pessoais e os de tratamento que se referem à segunda pessoa do discurso têm a função básica de representar os interlocutores de um enunciado, a quem o texto se dirige?
3. A ampulheta, um dos objetos mais antigos criados para medir o tempo, também é conhecida como relógio de areia. Em geral, simboliza o ciclo da vida, que se conclui com a morte. Reflita sobre a imagem da ampulheta na propaganda e responda: a) A ampulheta se refere à vida de quem? b) Relacione a imagem da ampulheta à afirmação “Não deixe que as florestas do Brasil fiquem no passado.”. Explique o sentido da expressão “ficar no passado” nesse contexto.
b) Cê e ocê são variações do pronome pessoal você, que se emprega principalmente na linguagem falada, conjugado como ele/ela. Tu é o pronome pessoal da segunda pessoa do singular, a quem o locutor se dirige diretamente. Usados numa sequência e mantido o verbo no singular, qual é o sentido que esses termos produzem?
Linguagem do gênero
c) Um leitor atento é capaz de captar informações tanto explícitas quanto implícitas. Ao usar “por que”, separado e sem acento, o texto traz uma interrogação indireta implícita. Pela leitura global da propaganda, qual foi o sentido de “por que”?
Na seção Linguagem do gênero, apresentamos os mecanismos linguísticos e discursivos e colocamos em análise o uso que constrói cada gênero.
Linguagem do gênero 3. No texto, em letras maiores e vermelhas, aparecem a forma verbal “entenda” (no modo imperativo) e a locução
4. Quando a areia termina de escoar de uma parte para a outra, a ampulheta pode ser invertida para continuar a medir o tempo. Relacione tal aspecto com o texto verbal da parte inferior do anúncio e responda: a) Qual é o sentido de inverter a ampulheta? Justifique sua resposta com trechos dessa parte da propaganda. b) Quem poderá ser responsável por essa inversão? Explique com elementos do texto.
verbal “deve conhecer” (no presente do indicativo, com valor de imperativo). Com que finalidade esse modo
O texto verbo-visual temporal foi empregado?
Diário de São Paulo
A linguagem que aparece na propaganda mistura formasinstitucional verbais — uso reiterativo do imperativo com formas A finalidade do gênero propaganda é informar e instruir o leitor a—respeito de assuntos de interesvisuais. Os textos verbais apresentame palavras grifadas ou coloridas, maiores ou menores; uma maneira se da coletividade conscientizá-lo acerca de questões das mais diversas éordens (sociais, de ambientais, culturais dirigir a leitura. Os textos visuais imagens que auxiliam a ververbo-visuais. o mundo de maneira diferente. Pela etc.). Para isso,constroem o anúncio se organiza com elementos linguagem verbo-visual, o componente cultural se manifesta e se torna o fio condutor para transmitir determinado conhecimento à comunidade-alvo. Características da propaganda institucional A propaganda que você vai ler a seguir teve como objetivo divulgar o projeto Estação Luz da Nossa Língua. As obras de restauração da da Luz, em São Paulo, do foram • Estação Texto curto, para chamar a atenção leitor.iniciadas em 2003 e o espaço abrigou o Museu da Língua Portuguesa de 20 de março de 2006 até o incêndio de grandes proporções em 21 de dezembro de 2015. • Linguagem clara, direta e concisa — uso coloquial. Muito diferente do texto anterior, este anúncio mantém as marcas composicionais essenciais desse gênero: no imperativo e usopaís; de pronomes e de tratamento. dirigir-se aos cidadãos •de Verbos uma cidade, estado, divulgarpessoais um projeto social; passar informações etc. • Título com o fim de prender a atenção. • Logotipo da instituição, pública ou privada, responsável pela propaganda. 1 As obras de restauração da Estação da Luz, • Imagens de fácil compreensão.
Praticando o gênero
em São Paulo, foram iniciadas.
Praticando o gênero • • • •
Greenpeace
(Des)construindo o gênero
Capítulo 5
Leitura e literatura
5. Nessa propaganda, há o uso de formas verbais no modo imperativo. a) Identifique-as e indique qual é o sujeito oculto de cada uma. b) A quem o Greenpeace se dirige? Explique o uso desse modo do verbo.
Não há mais tempo, as florestas brasileiras estão sendo dizimadas e, se não agirmos agora, elas farão parte do passado. O Brasil pode se desenvolver sem desmatamento. Junte-se ao Greenpeace e faça parte da mudança.
CIÊNCIA HOJE. São Paulo: Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, n. 300, jan./fev. 2013. Contracapa, parte interna.
Na seção Praticando o gênero, a proposta é que o aluno use os recursos linguísticos que aprendeu e produza textos com características linguísticas e discursivas do gênero estudado.
2 Em breve, a Estação vai
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abrigar um grande centro de referência da língua Reúna-se com dois colegas para fazer uma propaganda institucional dirigidaUm aos jovens, visando alertá-los portuguesa. projeto para atitudes de desrespeito com os colegas ou com a comunidade. para valorizar nosso idioma, nossa identidade Listem situações do cotidiano em que vocês observem desrespeito. Emcultura, seguida, elaborem a propaganda. e nossa dentro de um dos mais importantes Procurem mostrar a situação com base no texto visual. patrimônios históricos do Tenham em mente os leitores a quem vocês pretendem alertar. Brasil.
• Observem se a parte verbal do anúncio está de acordo com a visual e se os argumentos verbais são 3 ESTAÇÃO LUZ DA NOSSA convincentes.
Capítulo 5 – Gênero publicitário: propagandas institucionais
LÍNGUA
• Redijam um título, usando vocabulário apropriado à faixa etária a que se destina, para chamar a atenção sobre a proposta. • Criem um logotipo para o anunciante.
4 Um espaço para unir
todas as línguas que fazem a nossa.
• Façam o anúncio numa folha de cartolina, para que possam apresentá-lo ao público.
Delfim Martins/Pulsar
• Se a escola produzir um jornal ou uma revista, conversem com responsável para reservar um espaço 5 oIniciativa: Secretaria para publicar o anúncio. Caso não tenha um jornal ou uma revista da escola, peçam autorização ao profesde Estado da Cultura. DIÁRIO DE S.PAULO. São Paulo, 21 maio 2003. p. A14. sor para publicar o anúncio no mural da sala de aula ou no quadroFundação que fica no corredor da escola. Roberto Marinho
6 Texto, Parceria:gênero IBM, Correios, do discurso e produção
Rede Globo, Secretaria de Estado de Educação, BNDES, Votorantim, Vivo, Lei de Incentivo à Cultura — Ministério da Cultura
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7 Apoio: Companhia
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Paulista de Trens Metropolitanos, Comunidade dos Países de Língua Portuguesa,
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Língua e linguagem
Explorando os mecanismos linguísticos Klebs Junior/Folhapress
Na seção Explorando os mecanismos linguísticos, você vai estudar, com base na leitura de diferentes textos, as diversas estratégias linguísticas de combinação e de seleção articuladas ao sentido dos textos. Os conceitos estudados na seção são ordenados em Sistematizando a prática linguística.
Capítulo 6
Observe dois quadrinhos que acompanham o artigo. Klebs Junior/Folhapress
Variações linguísticas Explorando os mecanismos linguísticos Variações regionais A identidade do português do Brasil se constrói na diversidade de línguas e falares de muitos povos. Baianos, mineiros, gaúchos, amazonenses, cariocas, paulistas e goianos falam do mesmo modo?
Variedades linguísticas
HELVÉCIA, Heloísa. Cada um com a sua língua. Folha de S.Paulo, São Paulo, 24 jun. 2003. Caderno Sinapse, p. 10-11.
O linguista José Luiz Fiorin explica:
2. Consulte o dicionário e tente descobrir o que foi dito nos dois balões.
A variação é inerente às línguas, porque as sociedades são divididas em grupos: há os mais jovens e os mais velhos, os que habitam uma região ou outra, os que têm esta ou aquela profissão, os que são de uma outra classe social e assim por diante. O uso de determinada variedade linguística serve para marcar a inclusão num desses grupos, dá uma identidade para seus membros. Aprendemos a distinguir a variação. Quando alguém começa a falar, sabemos se é do interior de São Paulo, gaúcho, carioca ou português. Sabemos que certas expressões pertencem à fala dos mais jovens, que determinadas formas se usam em situação informal, mas não em ocasiões formais. Saber uma língua é conhecer suas variedades. Um bom falante é poliglota em sua própria língua. Saber português não é aprender regras que só existem numa língua artificial usada pela escola. As variantes não são feias ou bonitas, erradas ou certas, deselegantes ou elegantes, são simplesmente diferentes. Como as línguas são variáveis, elas mudam.
Antigamente, jargão era a gíria dos marginais, mas hoje há estudos nos quais essa palavra é usada como sinônimo de gíria. Há “uma confusão grande” nesse sentido, afirma o linguista Dino Preti, coordenador científico do Núcleo de Estudo da Norma Linguística Urbana Culta (Nurc) na Universidade de São Paulo (USP). Para ele, jargão é a “linguagem científica ou técnica banalizada”. É uma forma de falar inadequada à situação. “A pessoa quer se promover, mostrar que fala uma linguagem que o outro desconhece, o que disfarça uma ignorância.”
Sistematizando a prática linguística
As variações linguísticas são específicas de grupos sociais formados por diferentes critérios: idade, região, profissão, classe social etc. Também sofrem interferência de outros fatores, como a época em que são produzidas. Sua adequação está, pois, condicionada às situações de interação desses grupos. Um mesmo falante alterna o uso das variantes conforme o grupo social e a situação de comunicação em que atua: as variantes funcionam como fator de identidade, isto é, caracterizam os membros do grupo. As variações são basicamente de: • vocabulário (palavras); • estrutura sintática (frases); • pronúncia (sons).
FIORIN, J. L. Considerações em torno do projeto de lei no 1.676/99. In: FARACO, C. A. (Org.). Estrangeirismos: guerra em torno da língua. São Paulo: Parábola, 2001. p. 113-114.
Andando pelo Brasil, você encontra diferentes falares: expressões regionais, construções sintáticas de cada lugar, sotaques que constituem a língua portuguesa. Os três textos a seguir mostram a fala do gaúcho, do caipira e do nordestino. Como você fala? Você se considera um poliglota? Texto 1
As variações efêmeras, com teor metafórico e alto grau de informalidade, são chamadas de gíria. Quando específicas de grupos profissionais, constituem o jargão.
Leia, a seguir, o fragmento de um conto do gaúcho João Simões Lopes Neto. Morador da cidade, o escritor vivia sempre no campo, recolhendo o linguajar típico dos peões. Criou uma personagem para ser o narrador de seus “causos”, o vaqueano Blau Nunes, um militar que se tornou contador de histórias.
Usando os mecanismos linguístico-discursivos
Penar de velhos
A gíria nossa de cada dia
Um dia, dezembro, sol de rachar, com trovoada armada, andara o guri ninhando numas restingas que havia sobre o fundo da roça, por detrás das casas. O chapéu estava já abarrotado de ovos de tico-tico, de alma-de-gato, de corruíras, canarinhos, sabiás...; era um entrevero bonito de cores e feitios diferentes. De calcita arregaçada, mui espinhado nas canelas e nos braços, o rosto vermelho e a cabeça ardendo, o diabinho ainda gateava num ninho de tesouras, quando, do outro lado da cerca, ouviu o assobio das avestruzes, pastando. Ouviu, e fura aqui, fura ali, varou a cerca para dar fé, bem à sua vontade. Entre a roça e um braço de banhado, que havia, formava-se uma rinconada mui boa para volteada: e foi nisso que o guri pensou. As avestruzes seriam umas oito e uma tropilha de filhotes, já emplumaditos.
Divirta-se com este uso de gíria colhido do cotidiano pelo cartunista paulistano Fernando Gonsales (1961). Fernando Gonsales
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Língua e linguagem
FAÇA NO CADERNO
LOPES NETO, J. Simões. Penar de velhos. In: ______. Contos gauchescos e lendas do sul. Porto Alegre: L&PM Editores, 2012. p. 197.
Usando os mecanismos linguístico-discursivos 1. Observe a pontuação usada no primeiro parágrafo, depois da lista de espécies de pássaros: “sabiás...;”. a) O que indicam as reticências no trecho?
b) Que outro sinal de pontuação pode ser usado no lugar do ponto e vírgula, com o mesmo efeito?
Língua e linguagem
Na seção Usando os mecanismos linguístico-discursivos, estão reunidas as atividades em torno dos aspectos linguísticos explorados no capítulo.
Língua e linguagem
GONSALES, Fernando. Níquel Náusea. Folha de S.Paulo, São Paulo, 23 nov. 2003. Ilustrada, p. E13.
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Em cena Na seção Em cena, o foco é o trabalho com a oralidade. Você e seus colegas terão a oportunidade de preparar diversas atividades estruturadas para desenvolver a expressão oral: dramatização, seminário, debates, sarau poético-musical, café literário, entre outras.
Segundo o Dicionário Houaiss da língua portuguesa, a palavra gênero significa conjunto de seres ou objetos que possuem a mesma origem ou que se acham ligados pela semelhança de uma ou mais particularidades. Os gêneros do discurso, portanto, são formas discursivas que têm características mais ou menos estáveis, porque são produzidas em situações de comunicação parecidas, em áreas do conhecimento semelhantes. Os textos analisados permitem refletir sobre o uso da língua e das diferentes linguagens em variadas situações de comunicação social. O texto do cartaz da 9a Semana de Museus e o do cartaz do Museu do Futebol são produzidos em circunstâncias parecidas e com finalidades próximas, mas não são iguais. Eles se materializam de forma única, já que podemos pressupor diferentes tipos de interlocutores para uma exposição de arte e para uma mostra interativa sobre futebol. Em nosso cotidiano, quando lemos determinados textos constituídos em gêneros mais comuns, os reconhecemos rapidamente. Esse reconhecimento permite estabelecer a comunicação de maneira mais eficiente. Se não conhecemos diferentes gêneros, não identificamos inúmeras situações de comunicação que determinados textos integram. Os gêneros do discurso estão vinculados a uma época e a um lugar específicos, havendo um diálogo estabelecido com outros gêneros e com o contexto específico e amplo de produção. O gênero não é imutável e idêntico em todas as situações, como vimos nos cartazes estudados. Ele existe em função das finalidades comunicativas entre os sujeitos no lugar e tempo da interação. Ou seja, os gêneros nascem e morrem conforme o contexto sócio-histórico se modifica, preservando relações com gêneros que já existiram. A leitura de um texto em um gênero específico necessita da compreensão de seu contexto de produção, recepção e circulação, de acordo com as pistas linguísticas deixadas pelo autor. Do contrário, a leitura será fragmentada e, portanto, incompleta.
| Em cena | Converse com os colegas sobre a importância da leitura de diferentes textos verbais e verbo-visuais. Para isso, organizem-se em grupos para uma pequena pesquisa. Busquem uma pintura, tirinha em jornais ou revistas ou charge que dialogue com um texto literário. Discutam os possíveis diálogos estabelecidos entre os textos. Observem um exemplo desse diálogo entre o poema Carnaval de Arlequim (Miró) e a tela O carnaval do Arlequim (1924-1925). Arte em exposição Carnaval de Arlequim (Miró) Descobri que a vida é bailarina E que nenhum ponto inerte Anula o viravoltear das coisas
Não necessariamente o texto tem de falar de um mundo imaginário; sua característica principal está na forma como recria a linguagem, trazendo as expressões do dia a dia para as páginas de um livro ou de um jornal. A variedade de linguagens organizada artisticamente cria o texto literário. Os textos literários ganham vida com a presença de outros gêneros, ditos não literários. Os gêneros não literários são muitos, sendo difícil delimitá-los. Têm características próprias, mas no momento em que aparecem no texto literário transformam-se e aí adquirem outro sentido.
Carnaval de Arlequim (Miró) faz parte do poema Arte em exposição, um poema composto de 32 poemas sintéticos que dialogam com a arte.
O carnaval do Arlequim, de Joan Miró (1893-1983). Temos a representação de um quarto com mesa e janela, marcas do cotidiano. O movimento incessante é transmitido por elementos oníricos (insetos soltos brincam no espaço). A figura do Arlequim, rosto redondo e bigodes grandes, traz um olhar triste.
Leitura e literatura
A VOZ DA CRÍTICA
Joan Miró. 1924-25, Óleo sobre tela, 66 90,5 cm. Knox Art Gallery, Buffalo, Estados Unidos. Foto: Granger/Glow Images © Succession Joan Miró/AUTVIS, Brasil, 2016
DRUMMOND DE ANDRADE, Carlos. Arte em exposição. In: ______. Farewell. Rio de Janeiro: Record, 1996. p. 35.
Ezra Pound (1885-1972), poeta moderno nascido nos Estados Unidos, explica: A literatura não existe no vácuo. Os escritores, como tais, têm uma função social definida, exatamente proporcional à sua competência como escritores. Essa é a sua principal utilidade. [...] A linguagem é o principal meio de comunicação humana. Se o sistema nervoso de um animal não transmite sensações e estímulos, o animal se atrofia. Se a literatura de uma nação entra em declínio, a nação se atrofia e decai. POUND, Ezra. ABC da literatura. São Paulo: Cultrix, 1977. p. 36.
Em atividade
FAÇA NO CADERNO
1. (Enem/MEC) Texto 1
A melhor banda de todos os tempos da última semana O melhor disco brasileiro de música americana O melhor disco dos últimos anos de sucessos do passado O maior sucesso de todos os tempos entre os dez maiores fracassos
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Não importa contradição O que importa é televisão Dizem que não há nada que você não se acostume Cala a boca e aumenta o volume então. MELLO, B.; BRITTO, S. A melhor banda de todos os tempos da última semana. São Paulo: Abril Music, 2001 (fragmento).
Texto 2
Em atividade Além das atividades propostas para estudo de textos, alguns capítulos contam com a seção Em atividade, que apresenta questões de vestibulares e do Enem.
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O fetichismo na música e a regressão da audição Aldous Huxley levantou em um de seus ensaios a seguinte pergunta: quem ainda se diverte realmente hoje num lugar de diversão? Com o mesmo direito poder-se-ia perguntar: para quem a música de entretenimento serve ainda como entretenimento? Ao invés de entreter, parece que tal música contribui ainda mais para o emudecimento dos homens, para a morte da linguagem como expressão, para a incapacidade de comunicação. ADORNO, T. Textos escolhidos. São Paulo: Nova Cultural, 1999.
A aproximação entre a letra da canção e a crítica de Adorno indica o(a) a) lado efêmero e restritivo da indústria cultural. b) baixa renovação da indústria de entretenimento. c) influência da música americana na cultura brasileira. d) fusão entre elementos da indústria cultural e da cultura popular. e) declínio da forma musical em prol de outros meios de entretenimento. 2. (Enem/MEC)
Sou uma pobre e velha mulher, Muito ignorante, que nem sabe ler. Mostraram-me na igreja da minha terra Um Paraíso com harpas pintado E o Inferno onde fervem almas danadas, Um enche-me de júbilo, o outro me aterra.
VILLON, F. In: GOMBRICH, E. História da arte. Lisboa: LTC, 1999.
Leitura e literatura
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BOXES Ao longo dos capítulos, você vai encontrar boxes variados, com informações diversas, como: explicação de conceitos; dados biográficos dos autores estudados; características de determinado gênero, texto ou período literário; informações adicionais e curiosidades sobre temas abordados no capítulo e links para obras literárias de domínio público. Em alguns textos, há um glossário que traz o significado de palavras e expressões, a fim de explicitar seu sentido no contexto em que foram empregadas. Link
Informações Em 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos sofreram um atentado que deixou cerca de 3 mil mortos. Dois aviões foram lançados contra as famosas torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York, e um contra a fachada do Pentágono (sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos). Outro avião caiu em uma área vazia após um confronto entre passageiros e terroristas. O local do ataque tornou-se simbólico. O World Trade Center, complexo de sete edifícios situado em Manhattan, no coração de Nova York, tinha as torres gêmeas como as mais famosas construções. Erguidas em 1973, abrigavam 400 empresas de 25 países nos seus 110 andares. Em 2014, foi inaugurado o One World Trade Center, construído no lugar das duas torres.
Você poderá ler Os Lusíadas em: <http://ftd.li/j8yzac>. Acesso em: 20 maio 2016.
Glossário
Conceito Escandir ou fazer a escansão de um verso é dividi-lo em sílabas poéticas. É um recurso para verificar como se criou o ritmo. Para verificar o tamanho ou a métrica de um verso, só contamos até a última sílaba tônica, desconsiderando as átonas restantes.
Birdland: famoso clube de jazz de Nova York. Charlie Parker: saxofonista e compositor estadunidense muito importante para a história do jazz. Dizzy Gillespie: trompetista, líder de orquestra, cantor e compositor de jazz estadunidense.
A VOZ DA CRÍTICA
A voz da crítica Para compreender o que se entende hoje por crônica, fique atento à explicação do crítico literário e professor Antonio Candido: A crônica está sempre ajudando a estabelecer ou restabelecer a dimensão das coisas e das pessoas. Em lugar de oferecer um cenário excelso, numa revoada de adjetivos e períodos candentes, pega o miúdo e mostra nele uma grandeza, uma beleza ou uma singularidade insuspeitadas. Ela é amiga da verdade e da poesia nas suas formas mais diretas e também nas suas formas mais fantásticas, sobretudo porque quase sempre utiliza o humor. CANDIDO, Antonio. A vida ao rés do chão. In: ______. A crônica: o gênero, sua fixação e suas transformações no Brasil. Campinas: Ed. da Unicamp; Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1992. p. 14.
Poeta da vida inteira Mineiro de Itabira, participante do Movimento Modernista, Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) foi jornalista e escritor, mas principalmente cronista e poeta. Organizou a própria antologia poética, em que fala da terra natal, dos homens, dos sentimentos, da vida social, da poesia e da vida, num misto de desencanto e humor. É considerado um dos grandes poetas brasileiros por seu domínio verbal, sua visão lúcida da vida e dos sentimentos e sua sensibilidade. Carlos Drummond de Andrade.
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Arquivo EM/D.A. Press
Biografia
Características Características do gênero lírico • O autor cria um eu poético que representa suas relações com seu mundo interior, revelando emoções e sentimentos de amor, raiva e ódio por meio das palavras, das imagens e do ritmo recriado. • O assunto predominante é a expressão de sentimentos e de emoções, impressões subjetivas. • As formas poéticas mais usadas são sonetos e canções. • Elementos líricos podem aparecer em textos escritos em prosa.
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Sumário PARTE I UNIDADE 1
Expressões culturais: o texto e a mídia | 16
Leitura e literatura
Capítulo 1 Texto, gênero e discurso | 18 Oficina de imagens | 18 Retalhos do cotidiano | 18 Astúcias do texto | 19 Atividades humanas e interação | 19 Na trama dos textos | 23 Dialogismo: característica básica da linguagem | 25 Em atividade | 28
Texto, gênero do discurso e produção
Capítulo 2 Gênero jornalístico: notícia de primeira página | 29 (Des)construindo o gênero | 29 Linguagem do gênero | 32 Praticando o gênero | 34 Repórter em ação: notícia de primeira página | 34 Em atividade | 34 Língua e linguagem
Capítulo 3 Tempos verbais | 35 Explorando os mecanismos linguísticos | 35 Tempos em relação ao momento da escrita do texto | 38 Tempos em relação ao marco temporal do texto | 38 Usando os mecanismos linguístico-discursivos | 39 Em atividade | 40
UNIDADE 2
Construção da brasilidade: as raízes e o cidadão | 42
Leitura e literatura
Capítulo 4 Variedade linguística brasileira | 44 Oficina de imagens | 44 O Brasil que não está no mapa | 44 Astúcias do texto | 45 Língua portuguesa no Brasil: um projeto em construção | 45 Na trama dos textos | 49 Diálogo entre as línguas faladas no Brasil | 49 Em atividade | 52
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UNIDADE 3
Asas da imaginação: indivíduo e consumo | 68
Leitura e literatura
Capítulo 7 Gêneros literários | 70 Oficina de imagens | 70 Mudando de perspectiva | 70 Astúcias do texto | 71 Texto publicitário e texto artístico | 71 O que são gêneros literários? | 74
Texto, gênero do discurso e produção
Capítulo 8 Gênero publicitário: anúncios comerciais | 85 (Des)construindo o gênero | 85 A publicidade hoje | 85 Anúncios classificados | 86 O passado da publicidade | 87
Na trama dos textos | 81 Do texto não literário ao texto literário | 81
Linguagem do gênero | 89 Diálogo entre o verbal e o visual | 89
Em atividade | 83
Em atividade | 92
Praticando o gênero | 90 Fazendo ofertas | 90
Língua e linguagem
Capítulo 9 Ambiguidade | 93 Explorando os mecanismos linguísticos | 93 Ambiguidade em charges e quadrinhos | 93 Ambiguidade na literatura e na publicidade | 94 Usando os mecanismos linguístico-discursivos | 96 A ambiguidade na construção do sentido do texto | 96 Em atividade | 97
Texto, gênero do discurso e produção
Capítulo 5 Gênero publicitário: propagandas institucionais | 54 (Des)construindo o gênero | 54 Diálogo entre o verbal e o visual | 54 Linguagem do gênero | 56 O texto verbo-visual | 56 Praticando o gênero | 57 Em atividade | 58
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Língua e linguagem
Capítulo 6 Variações linguísticas | 59 Explorando os mecanismos linguísticos | 59 Variações regionais | 59 Variações de grupo social: gírias e jargões | 62 Usando os mecanismos linguístico-discursivos | 65 A gíria nossa de cada dia | 65 Cada grupo fala sua língua. Qual é a sua? | 66 Em atividade | 67
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Sumário UNIDADE 4
Eu e o outro: subjetividade e ação | 98
Leitura e literatura
Capítulo 10 O discurso narrativo: histórias de aventuras e desventuras | 100 Oficina de imagens | 100 Na esteira das narrativas de amor | 100
Texto, gênero do discurso e produção
Capítulo 11 Gênero oral e escrito: seminário | 108
Astúcias do texto | 101 Entre o real e o fantástico | 101 Tristão e Isolda: uma paixão trágica | 102
(Des)construindo o gênero | 109 Preparando o seminário | 109 Como fazer a pesquisa? | 109 Como redigir o texto-roteiro? | 112 Como avaliar a apresentação? | 113
Na trama dos textos | 103 As origens do gênero narrativo | 103
Linguagem do gênero | 113 Entonação expressiva e recursos linguísticos | 113
Em atividade | 107
Praticando o gênero | 114 Exposição oral sobre filme | 114
UNIDADE 5
Arte e sociedade: a literatura e o leitor | 134 Leitura e literatura
Capítulo 13 Crônica como gênero narrativo | 136 Oficina de imagens | 136 Por trás da fotografia | 136 Astúcias do texto | 137 O discurso narrativo na crônica | 137 Na trama dos textos | 140 Crônica histórica: a tradição e a renovação | 140 Em atividade | 142
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Língua e linguagem
Capítulo 12 A língua portuguesa no mundo | 116 Explorando os mecanismos linguísticos | 117 Onde se fala o português? | 117 Plurilinguismo: rumos da língua portuguesa | 117 Quer conhecer seus mais antigos antepassados? | 126 Mudanças linguísticas | 127 Mudanças sonoras e gramaticais | 129 Mudanças semânticas | 130 Usando os mecanismos linguístico-discursivos | 131 Palavras e expressões populares de língua portuguesa | 131 Em atividade | 133
Texto, gênero do discurso e produção
Capítulo 14 Gênero da oralidade: o cordel | 143 (Des)construindo o gênero | 143 Folheto de cordel: capa e página de rosto | 143 O texto de cordel | 144 Linguagem do gênero | 146 Marcas da oralidade | 146 Praticando o gênero | 147 Elaboração de folheto de cordel | 147 Apresentação oral: varal de cordel | 148 Em atividade | 148
Língua e linguagem
Capítulo 15 Ritmo | 150 Explorando os mecanismos linguísticos | 150 O ritmo da vida | 150 O ritmo dos versos | 151 Outros recursos e outros ritmos | 154 Do verbal ao visual | 156 O lado poético da publicidade | 157 Nomes estranhos, recursos eficazes | 157 Quadrinhos, território de onomatopeias | 158 Usando os mecanismos linguístico-discursivos | 159 Quem não tem um pouco de poeta? | 159 Em atividade | 159
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Sumário PARTE II UNIDADE 6
Mundo das linguagens: os textos e os contextos | 162
Leitura e literatura
Capítulo 16 Epopeia: gênero narrativo | 164 Oficina de imagens | 164 De olho na epopeia paulista | 164 Astúcias do texto | 165 Bem-vindo ao discurso narrativo: epopeia contemporânea | 165 A epopeia da língua portuguesa | 165 Na trama dos textos | 170 Diálogo com os poetas modernos | 170 Em atividade | 172 Texto, gênero do discurso e produção
Capítulo 17 Gênero oral e escrito: depoimento | 174 (Des)construindo o gênero | 175 Do oral para o escrito | 175 Características do depoimento | 177
UNIDADE 7
Linguagem do gênero | 179 O papel do narrador | 179 Praticando o gênero | 181 Recordar para contar | 181 Afetos e lembranças | 182 Cada vida é um documento | 182 Língua e linguagem
Capítulo 18 Modos de narrar | 183 Explorando os mecanismos linguísticos | 183 Autor × narrador | 183 Narrador × leitor | 183 Narrador participante | 184 Narrador não participante | 184 Uma questão de ponto de vista | 186 Usando os mecanismos linguístico-discursivos | 187 Sua vez de narrar | 187 Em atividade | 188
Identidade e alteridade: o nativo e o estrangeiro | 190
Leitura e literatura
Texto, gênero do discurso e produção
Capítulo 19 Discursos brasileiros: narrativas verbo-visuais | 192
Capítulo 20 Gênero jornalístico: carta de reclamação | 200
Oficina de imagens | 192 Narrativa cartográfica | 192
(Des)construindo o gênero | 201 Voz do cidadão | 201
Astúcias do texto | 193 “Terra à vista!” | 193
Linguagem do gênero | 205 As pessoas do discurso | 205
Na trama dos textos | 197 Releituras da Carta | 197 Desmundo: uma radiografia da história do Brasil | 198
Praticando o gênero | 206 Localize seu espaço | 206 Ocupe seu espaço | 206
Em atividade | 199
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UNIDADE 8
Novos territórios visuais: inovações e estranhamento | 214
Leitura e literatura
Texto, gênero do discurso e produção
Capítulo 22 O discurso poético | 216
Capítulo 23 A canção no Tropicalismo | 235
Oficina de imagens | 216 Isso é arte? | 216
(Des)construindo o gênero | 235 Na era dos festivais: entre aplausos e vaias | 235 Sem lenço, sem documento | 235 Caldo de cultura | 237 A explosão tropicalista: pão e circo | 240
Astúcias do texto | 218 Entre duas águas | 218 Diálogo entre dois ofícios | 222 Galáxias | 223 Paródia crítica | 226 Poesia participante: Na vertigem do dia | 227 O discurso poético na contemporaneidade | 228 Confissão e poesia | 229 Entre o capricho e a invenção | 230 Na trama dos textos | 231 Poemas em diálogo | 231 Em atividade | 233
Língua e linguagem
Capítulo 21 As pessoas e os pronomes | 207 Explorando os mecanismos linguísticos | 207 Representando papéis | 207 Usando os mecanismos linguístico-discursivos | 210 Os pronomes em carta de reclamação | 210 Formas de tratamento | 211
Linguagem do gênero | 241 Composição rítmico-visual | 241 Composição temático-melódica | 242 Praticando o gênero | 243 Figurino tropicalista | 243 Festival da canção | 243 Em atividade | 244 Língua e linguagem
Capítulo 24 Concordância verbal | 245 Explorando os mecanismos linguísticos | 245 Uma primeira reflexão | 245 Sujeito = núcleo singular + especificação plural | 246 O sujeito é um nome próprio no plural | 247 A concordância com porcentagens | 248 Verbos impessoais, nada de concordância | 248 Concordância de verbos na voz passiva sintética | 249 Usando os mecanismos linguístico-discursivos | 250 A concordância está adequada? | 250 Em atividade | 250
Em atividade | 212
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Sumário UNIDADE 9
Trajetórias singulares: o artista e o cidadão | 252
Leitura e literatura
Capítulo 25 Gênero dramático e narrativa contemporânea | 254 Oficina de imagens | 254 Arte viva, intervenções urbanas | 254 Astúcias do texto | 255 Teatro: a tragédia brasileira | 255 Novas narrativas | 258 Na trama dos textos | 264 Diários de motocicleta: América Latina em duas rodas | 264 Em atividade | 265 Texto, gênero do discurso e produção
Capítulo 26 Gêneros digitais: Facebook, Twitter e blog | 266 (Des)construindo o gênero | 267 Redes sociais | 267 Facebook: do perfil pessoal à fan page | 267 Twitter: microblog em 140 caracteres | 274
Blog: vozes do mundo digital | 276 Linguagem do gênero | 279 “Internetês” e língua padrão | 279 Concisão: escrever apenas o indispensável | 281 A etiqueta das redes sociais | 282 Interatividade e variação linguística | 283 Como construir um blog? | 286 Praticando o gênero | 287 Protagonistas do mundo digital | 287 Autobiografias no Twitter | 287 Publique suas ideias | 288 Comentário: um debate ativo na rede | 289 Em atividade | 290 Língua e linguagem
Capítulo 27 Interação na fala | 291 Explorando os mecanismos linguísticos | 291 Situações de oralidade | 291 O processo comunicativo da conversação | 292 Usando os mecanismos linguístico-discursivos | 298 De ouvido atento à conversa do outro | 298
Lista de siglas de universidades e exames nacionais | 300 Sugestões de leitura | 300 Referências | 302
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Sumário – Parte I UNIDADE 1 Expressões culturais: o texto e a mídia | 16 Capítulo 1 Texto, gênero e discurso | 18 Capítulo 2 Gênero jornalístico: notícia de primeira página | 29 Capítulo 3 Tempos verbais | 35 UNIDADE 2 Construção da brasilidade: as raízes e o cidadão | 42 Capítulo 4 Variedade linguística brasileira | 44 Capítulo 5 Gênero publicitário: propagandas institucionais | 54 Capítulo 6 Variações linguísticas | 59
UNIDADE 5 Arte e sociedade: a literatura e o leitor | 134 Capítulo 13 Crônica como gênero narrativo | 136 Capítulo 14 Gênero da oralidade: o cordel | 143 Capítulo 15 Ritmo | 150
Ricardo Teles/Pulsar
UNIDADE 3 Asas da imaginação: indivíduo e consumo | 68 Capítulo 7 Gêneros literários | 70 Capítulo 8 Gênero publicitário: anúncios comerciais | 85 Capítulo 9 Ambiguidade | 93
UNIDADE 4 Eu e o outro: subjetividade e ação | 98 Capítulo 10 O discurso narrativo: histórias de aventuras e desventuras | 100 Capítulo 11 Gênero oral e escrito: seminário | 108 Capítulo 12 A língua portuguesa no mundo | 116
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Ministério da Cultura. Governo Federal
Unidade 1 VEJA SÃO PAULO. São Paulo: Abril, ano 45, n. 30, 25 jul. 2012. p. 45.
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Expressões culturais: o texto e a mídia O objetivo da propaganda ao lado é divulgar o Movimento Hotspot, prêmio de inovação e criatividade criado em 2012 e financiado pelo governo federal e instituições privadas. A frase “Tire sua ideia da gaveta” convida os leitores interessados a expor ideias inovadoras em 11 categorias: ilustração, beleza, design gráfico, design, moda, música, filme e vídeo, fotografia, arquitetura, cenografia e ideia. Cada área proposta requer especificidades para produzir sentido. Assim, a propaganda ressalta a importância de múltiplas linguagens que constituem diferentes atividades humanas. Os diferentes recursos formais da linguagem servem para criar sentido no mundo por meio da produção de textos das várias esferas de atividade: das ciências, da literatura, do jornalismo, da publicidade, da mídia digital, entre outras. Quando lemos um texto e o compreendemos, marcamos um espaço de criação dialógica, no qual construímos nossa história porque conseguimos estabelecer relações de valores entre o que entendemos e o que os outros dizem ou escrevem. Assim, os textos nos permitem conhecer o mundo e a nós mesmos. O que possibilita ao ser humano modificar pensamentos ao longo da história é sua capacidade de produzir textos e atribuir sentidos. Ao criar textos, orais ou escritos, verbais, visuais ou verbo-visuais, podemos trocar informações e experiências, aprender, expressar sentimentos, exercer a cidadania e, sobretudo, imaginar, criar outras realidades, construir fantasias e sonhos. Nesta unidade, vamos discutir o tema integrador “Expressões culturais: o texto e a mídia” com foco na leitura de textos em diferentes esferas de circulação social. No capítulo de Leitura e literatura, você vai estudar alguns conceitos sobre texto, discurso e gênero, com a finalidade de compreender de que modo a linguagem, como objeto de estudo, pode contribuir para sua formação cidadã, na medida em que oferece possibilidades práticas de analisar criticamente a sociedade por meio da produção de diferentes textos, tornando-o capaz de transformar e criar novos sentidos para o mundo contemporâneo. No eixo Texto, gênero do discurso e produção, aborda-se a notícia de primeira página, importante gênero da esfera jornalística. Por sua função de informar o leitor sobre fatos da atualidade, a notícia de primeira página ganha relevância no cotidiano da sociedade. No capítulo de Língua e linguagem, você vai estudar os tempos verbais por meio de seu emprego em diversos textos, incluindo os da esfera jornalística. O estudo desse conteúdo visa a compreender como os tempos verbais são usados para estabelecer os marcos temporais no texto e situar os fatos noticiados como anteriores, concomitantes ou posteriores ao momento da escrita.
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Capítulo 1
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Texto, gênero e discurso Oficina de imagens Ben Heine
Retalhos do cotidiano
Pencil vs camera — 55, de Ben Heine. Fotografia tirada em 1o de junho de 2011.
Projeto Pencil vs camera Ben Heine criou este projeto em 2010, reunindo fotografias e desenhos, milimetricamente encaixados. Ao inserir imagens desenhadas dentro de situações reais fotografadas, o artista cria um efeito de composição muitas vezes surreal. 18
Artista visual, criatividade sem limites Artista belga contemporâneo, Ben Heine (1983) nasceu na Costa do Marfim e descreve a si mesmo como um artista visual multidisciplinar. Pintor, ilustrador e fotógrafo, este artista cria surpreendentes desenhos em tamanho natural que parecem ser tridimensionais, fazendo uso de uma técnica chamada anamorfose, isto é, torna a imagem legível, com um efeito 3D, quando vista de um determinado ângulo e a certa distância. Depois de pronto o trabalho, Ben Heine tira fotos de si mesmo interagindo com seu desenho. Ben Heine
A montagem fotográfica foi produzida pelo artista belga Ben Heine, conhecido por articular diferentes linguagens em suas produções, como em seu projeto original Pencil vs camera (em tradução livre, “lápis versus câmera”), no qual ele mistura fotografia e desenho. A mão do artista aparece na foto, inserindo um desenho repleto de imaginação. Ao introduzir uma ilustração em uma fotografia real, o autor explora graficamente uma maneira diferente de enxergar o mundo, destacando um posicionamento particular, um sonho, uma forma poética de olhar para a realidade. Na imagem, o artista fotografa a sua mão segurando o desenho da evolução da espécie humana e se encaixa filmando a cena, posicionando-se na imagem como uma das etapas da evolução humana. Na era digital, tudo é texto. Uma propaganda, uma fotografia, um vídeo, um gráfico, uma conversa produzida oralmente — enfim, toda atividade humana, constituída de diferentes linguagens, com a finalidade de informar, comunicar, produzir sentidos, é um texto. É necessário valorizar a noção de texto no mundo contemporâneo. O texto não é mais exclusividade da escrita, pois combina palavras, imagens, sons, símbolos e gestos, visando produzir discursos, ou seja, expressar valores, ideologias, por meio da linguagem. A linguagem humana tem finalidade comunicativa e, por meio dela, as pessoas produzem diferentes textos para determinados interlocutores, com objetivos específicos, dependendo do contexto social e histórico a que pertencem. Neste capítulo, vamos compreender os conceitos de texto, gênero e discurso, bem como sua relação com os recursos da língua.
Ben Heine, fotografia de 2014.
Capítulo 1 – Texto, gênero e discurso
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Atividade em grupo Reúna-se com dois a quatro colegas e produzam uma montagem fotográfica inspirada na obra do artista Ben Heine. Mãos à obra. Materiais: • Fotos. • Desenho feito por vocês. • Uma rede social como o Instagram. Modo de fazer: • Selecionem, do material elaborado pelos participantes, um desenho que sirva para a organização da montagem fotográfica. • Ponham a fotografia selecionada, procurando construir uma narrativa. • Deem um título a esta montagem fotográfica. • Ponham os nomes dos componentes da criação coletiva. Exposição: Partilhem com os colegas a produção realizada e discutam em classe. Como monitores, expliquem a proposta aos colegas e ao professor.
Astúcias do texto Atividades humanas e interação
Ricardo Teles/Pulsar
Ricardo Correa/Abril Comunicações S/A
Na vida cotidiana, realizamos muitas atividades humanas, como ir à escola, à praia, ao cinema, ao parque ou a um jogo de futebol, por exemplo. Elas constituem diferentes práticas que organizam as nossas relações sociais e variam de acordo com o tempo e a cultura de determinado lugar. Pelas práticas sociais, construímos várias relações com o mundo por meio da linguagem, de modo a estabelecer vínculos, modificá-los e mantê-los. Podemos dialogar com alguém em um bate-papo informal ou na leitura de um livro, no qual entramos em contato com as ideias do autor. Em casa, na rua, na biblioteca, na escola, a linguagem é utilizada na maioria das atividades humanas para produzir textos orais, como um grito de guerra no jogo de futebol ou um discurso no tribunal, e escritos, como anotações de estudo ou relatórios de pesquisa. A seguir, observe algumas fotografias para responder às questões propostas.
Estádio Governador Plácido Castelo, o Castelão, em Fortaleza (CE), 2013.
Apresentação de Maracatu Rural em Aliança (PE), 2015.
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Fernando Favoretto/Criar Imagem
Luis Salvatore/Pulsar
Estudantes em biblioteca de escola municipal no município de Tracuateua (PA), 2013.
Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr
Professor e estudante em laboratório de Química de escola localizada no município de São Paulo (SP), 2014.
FAÇA NO CADERNO
Julgamento do Supremo Tribunal Federal, em Brasília (DF), sobre a constitucionalidade da reserva de vagas em universidades públicas, com base no sistema de cotas raciais da Universidade de Brasília (UnB), 2012.
1. De acordo com cada fotografia, descreva as práticas sociais e algumas das atividades humanas envolvidas. 2. Levante hipóteses: que tipo de diálogo pode ser estabelecido em cada atividade humana representada nas fotografias? As fotografias flagram os agentes das relações sociais, responsáveis pela produção de sentidos no mundo. Em todas as nossas atividades, assumimos determinado papel social por meio de uma constante interação com o outro. No diálogo cotidiano, nas manifestações artísticas, nas situações públicas, a interação entre os sujeitos permite a construção de sentidos e estabelece os usos efetivos da linguagem. A interação é o diálogo que se estabelece em todas as atividades humanas. O termo “diálogo” não designa apenas uma conversa face a face, mas assume um sentido mais amplo, no qual um texto oral ou escrito recupera outro texto. Em toda produção realizada pelo ser humano por meio das múltiplas linguagens, sejam verbais, visuais, sonoras etc., sempre direcionamos os usos da linguagem a alguém, que pode estar presente ou ausente. Quando lemos ou escrevemos um texto, ficamos em silêncio, mas nunca sem comunicação, pois estabelecemos um diálogo com as ideias do autor ou recuperamos informações de outros textos produzidos em tempos históricos diferentes, por diversos grupos sociais. Os interlocutores são os participantes de uma situação de interação, seja em um diálogo face a face, seja na leitura ou produção de diferentes textos. Em toda atividade de linguagem, sempre se pressupõe ou se projeta a imagem de ouvintes ou destinatários. Leia as propagandas a seguir.
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Capítulo 1 – Texto, gênero e discurso
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ANER - Associação Nacional de Editores de Revistas ANER - Associação Nacional de Editores de Revistas
PESQUISA FAPESP. São Paulo: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, n. 203, jan. 2013. p. 96-97.
ATREVIDA. São Paulo: Escala, n. 221, jan. 2013. p. 2-3.
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3. Note que as duas propagandas foram produzidas pelo mesmo anunciante. Descreva as semelhanças (imagens, slogan, logotipo, texto verbal) e as diferenças (esfera de circulação, imagens, título) entre elas. 4. Releia os textos e relacione o conteúdo ao anunciante. Justifique o objetivo das propagandas com elementos dos textos. 5. Leia, a seguir, informações sobre as revistas em que as propagandas foram publicadas. Quem somos Editada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a revista Pesquisa Fapesp foi lançada em outubro de 1999. O objetivo básico da publicação é difundir e valorizar os resultados da produção científica e tecnológica brasileira, da qual a Fapesp é uma das mais importantes agências de fomento. Trata-se da única publicação jornalística do país especializada no segmento de ciência e tecnologia que tem por foco primordial a produção científica nacional, apesar de cobrir pontualmente as novidades internacionais. Por isso, a revista funciona como um polo de contato e reconhecimento contínuo dos pesquisadores brasileiros e como referência indispensável para as editorias de ciência e tecnologia dos veículos de comunicação nacionais. [...] Desde março de 2002, além de ser enviada para uma seleta carteira de assinantes subsidiados composta de pesquisadores, Pesquisa Fapesp conta com assinaturas pagas, recebe publicidade e é comercializada em bancas de jornais no estado de São Paulo e nas principais cidades brasileiras. [...] PESQUISA FAPESP. São Paulo: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, [20-?]. Disponível em: <http://revistapesquisa.fapesp.br/quem-somos>. Acesso em: 23 fev. 2016. Nelson Marcolin/Pesquisa FAPESP
Revista Atrevida [...] traz um conteúdo interativo, divertido e sempre atualizado com os mais recentes assuntos e tendências do mundo teen. Ela veio para atender às expectativas das adolescentes que estão descobrindo o mundo. As páginas da revista Atrevida trazem muita diversão, entretenimento e matérias de comportamento, dividindo com seus leitores os melhores momentos desta fase tão especial da vida. REVISTAS Adolescentes. Revistas, 2012. Disponível em: <http://www.revistas.com.br/revistas-adolescentes.html>. Acesso em: 24 mar. 2016.
• Considerando os diferentes veículos em que as propagandas foram publicadas, explique por que o anun-
ciante fez determinadas modificações.
6. A partir da interação estabelecida entre o anunciante e seus interlocutores, analise o título principal (expressões linguísticas, marcas de plural, relação entre imagem e texto verbal) de cada propaganda e interprete as diferenças entre os sentidos construídos. A interação constitui todas as situações de uso da linguagem. As propagandas analisadas foram produzidas por alguém, para alguém, em determinado tempo e espaço de circulação. Colocadas em diálogo, elas evidenciam valores sociais relacionados aos papéis sociais de diferentes perfis de leitores e revistas. A cada prática social que organiza nossas relações, vinculam-se diferentes textos, pelos quais articulamos palavras, imagens, sons, símbolos, gestos, com a finalidade de expressar valores e ideologias por meio da linguagem. A linguagem é uma atividade humana em permanente evolução, uma vez que é produto da vida social. Dinâmica e concreta, ela tem um lado individual e um social. O indivíduo constrói sua linguagem recuperando textos já produzidos em diferentes tempos históricos pelos mais variados grupos sociais: o político, o religioso, o filosófico, o literário etc. Uma característica constitutiva da linguagem é a interação permanente entre os participantes. Escrito em tempos de internet, o artigo jornalístico atualiza o título literário criado no século XIX, mostrando como a linguagem dialoga com vários textos escritos na mesma época ou em épocas distintas.
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Capítulo 1 – Texto, gênero e discurso
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Na trama dos textos
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Arquivo/CB/D.A Press
1. Leia o texto a seguir, publicado no jornal Correio Braziliense, na seção Diversão&Arte, em 6 de dezembro de 2012.
MORAES, Felipe. As coisas comuns da juventude. Correio Braziliense, Brasília, DF, 6 dez. 2012. Diversão&Arte, capa.
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AÇA NO a) Na seção Diversão&Arte, você encontra essa resenha de livros. Que relação há entre o nome FCADERNO da seção e os textos? b) O texto é uma resenha, gênero cujo objetivo é apresentar e avaliar um objeto cultural, como livros, filmes, peças teatrais, exposições etc. Nessa resenha específica, o autor avalia dois livros direcionados a “jovens adultos”. Explique a expressão “coisas comuns da juventude” usada no título com base na leitura do subtítulo e dos dois primeiros parágrafos da resenha.
2. Relendo o conjunto da página com subtítulo, as capas de livros apresentadas e a indicação do link para a página de jornal, justifique a escolha do título da resenha. O texto analisado permite refletir sobre o conceito de texto não como uma simples somatória de imagens e palavras, mas como um todo de sentido, produto da interação entre interlocutores. Ao ser isolado desse espaço ou fragmentado, esse texto pode assumir um sentido completamente diverso daquele que tem em contexto determinado. A construção de sentidos não pode ser compreendida de modo fragmentado; portanto, todo texto apresenta uma totalidade, já que existe uma conexão entre cada uma das partes que o compõem. Todo texto sempre transmite as visões de mundo de seu autor, de acordo com os objetivos que pretende concretizar. Isso torna evidentes valores ideológicos de determinada cultura e contexto social e histórico, do qual os interlocutores das atividades humanas são partes integrantes. Na resenha “As coisas comuns da juventude”, há uma citação a três livros: O apanhador no campo de centeio, de J. D. Salinger, A culpa é das estrelas, de John Green, e As vantagens de ser invisível, de Stephen Chbosky. O primeiro trecho é de O apanhador no campo de centeio, uma narrativa em primeira pessoa que se passa durante um fim de semana. Holden Caulfield, jovem de 17 anos, vive seus conflitos interiores no mundo no final da Segunda Grande Guerra. Nos primeiros capítulos do livro, também no trecho transcrito a seguir, podemos notar a insatisfação, o desassossego, a contradição inerente ao jovem Holden Caulfield. A composição do nome está impregnada do próprio sentido do título do livro, ou seja, Hold (suporte, fortaleza), Cau-field (prudência-campo de batalha), aquele que está lá como suporte, amparo no campo de batalha: O apanhador no campo de centeio. Aquele que teme e enfrenta, que ama e despreza, que sente e nega sentir. Se querem mesmo ouvir o que aconteceu, a primeira coisa que vão querer saber é onde eu nasci, como passei a porcaria da minha infância, o que meus pais faziam antes que eu nascesse, e toda essa lenga-lenga tipo David Copperfield, mas, para dizer a verdade, não estou com vontade de falar sobre isso. Em primeiro lugar, esse negócio me chateia e, além disso, meus pais teriam um troço se eu contasse qualquer coisa íntima sobre eles. São um bocado sensíveis a esse tipo de coisa, principalmente meu pai. Não é que eles sejam ruins — não é isso que estou dizendo — mas são sensíveis pra burro. E, afinal de contas, não vou contar toda a droga da minha autobiografia nem nada. Só vou contar esse negócio de doido que me aconteceu no último Natal, pouco antes de sofrer um esgotamento e de me mandarem para aqui, onde estou me recuperando. […]
David Copperfield: personagem principal da obra de mesmo nome do escritor inglês Charles Dickens (1812-1870), publicada entre 1849 e 1850 em forma de folhetim.
SALINGER, J. D. O apanhador no campo de centeio. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 2015. p. 9.
Jerome David Salinger (1919-2010): Por que ler? Importante escritor da literatura estadunidense, sua obra mais conhecida é o romance O apanhador no campo de centeio, lançado em 1951, que trata dos dramas cotidianos da juventude estadunidense. Escrito em linguagem coloquial e humorística, com jargões típicos dos adolescentes, essa obra revolucionou a escrita literária do pós-guerra e obteve êxito imediato entre a juventude universitária. Dois anos após o lançamento dessa obra, Salinger retirou-se da vida pública para viver no campo. Escreveu, entre outros livros, Fanny and Zooney (1961), Pra cima com a viga, moçada! (1962) e Seymor: uma introdução (1963).
San Diego Historical Society/Getty Images
3. O narrador-personagem tem uma maneira de se apresentar pela forma negativa. Quais são as situações negativas que Holden diz que não vai contar? E o que ele nos conta da sua situação?
Jerome David Salinger, em 1952.
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Capítulo 1 – Texto, gênero e discurso
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[...] Fui dirigindo o carro do Augustus até a minha casa, ele no banco do carona. Ele tocou para mim algumas músicas de que gostava, de um grupo chamado The Hectic Glow, e eram boas, mas como eu não conhecia, não causaram em mim o mesmo efeito que nele. De vez em quando eu dava uma olhada na perna do Augustus, ou no lugar onde ela costumava ficar, tentando imaginar como seria a aparência da perna falsa. Não queria dar muita bola para aquilo, mas dava um pouco. E ele devia sentir a mesma coisa em relação ao meu oxigênio. A doença gera repulsa. Aprendi isso há muito tempo, e achava que o Augustus também tinha aprendido. GREEN, John. A culpa é das estrelas. Tradução de Renata Pettengill. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012. p. 36.
Romancista e vlogger John Green nasceu em 24 de agosto de 1977, em Indianápolis, nos Estados Unidos. É autor dos livros Quem é você, Alasca? (2005), O teorema Katherine (2006), Cidades de papel (2008) e A culpa é das estrelas (2012) — um sucesso de vendas traduzido para 46 idiomas e que ganhou uma adaptação para o cinema em 2014 — e coautor de Deixe a neve cair (2008) e Will e Will, um nome, um destino (2010). Além de romancista, John Green é vlogger e, em parceria com seu irmão, mantém um canal de publicação de vídeos na internet.
Birdie Thompson/AdMedia Corbis/ Latinstock
Leia, a seguir, um trecho do livro A culpa é das estrelas, do estadunidense John Green. Essa obra foi publicada pela primeira vez em inglês em 2010, e no Brasil a tradução saiu em 2012.
John Green, em 2015.
4. Considerando como a resenha apresenta o livro no segundo parágrafo, quem narra esse trecho de A culpa é das estrelas? Por quê?
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Dialogismo: característica básica da linguagem Neste capítulo, você pôde observar as relações existentes entre dois textos. Esse é um modo de entender a linguagem em seu caráter social e dialógico, o que significa compreender o diálogo não só no sentido restrito de conversa entre interlocutores, mas no sentido amplo em que um texto recupera outro. Nos textos produzimos sentidos — todo texto veicula discursos. A palavra “discurso” tem vários significados. No cotidiano, o termo é compreendido como exposição oral, mas, sob o enfoque da ciência da linguagem, o discurso é toda atividade comunicativa, que produz sentidos e se constitui na interação entre falante-ouvinte e escritor-leitor. Os interlocutores de uma situação discursiva são seres situados em determinado tempo e espaço; pertencem a uma comunidade, a um grupo social. Cada texto produzido veicula crenças, valores culturais, sociais, enfim: a ideologia do grupo, da comunidade. Todo discurso, portanto, produz sentidos que expressam posições sociais, culturais e ideológicas dos sujeitos da linguagem. Os discursos produzidos são compreendidos analisando textos, por meio dos quais o discurso se materializa linguisticamente. O texto, oral ou escrito, verbal ou visual, é produto da atividade discursiva e forma um todo significativo, independentemente de sua extensão. O discurso trata de combinações de elementos linguísticos usados pelos sujeitos para expressar pensamentos e agir sobre o mundo; ou seja, refere-se aos usos da língua em um contexto determinado, sendo o espaço de materialização de valores e crenças. O contexto possibilita a compreensão de um texto. Pode ser mais imediato, ao se referir à identificação dos interlocutores, tempo e lugar da interação, finalidade e veículo; e mais amplo, se preocupado com o entorno social, histórico e cultural ao qual o texto se refere. Todo texto é produzido de acordo com a esfera à qual pertence, considerando a escolha das linguagens que serão utilizadas em sua composição expressiva. Para cada atividade humana há esferas específicas de usos da linguagem. O termo esfera refere-se a cada campo de atividade humana no qual ocorrem práticas que organizam formas discursivas de comunicação e respectivas estratégias de compreensão, de acordo com domínios ideológicos específicos (esfera científica, esfera jurídica, esfera jornalística, esfera artística, esfera publicitária etc.).
Texto e gênero do discurso Os textos se constituem conforme o uso que os interlocutores fazem das diferentes linguagens em situações formais ou informais de comunicação. O conhecimento prévio sobre diferentes formas de produção permite compreender e criar textos orais e escritos, verbais ou verbo-visuais, com finalidades específicas, sempre em resposta a outros discursos produzidos socialmente. Leitura e literatura
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IBRAM. Governo Federal
1. Observe a seguir o cartaz de divulgação da 9ª Semana de Museus e um cartaz de divulgação de uma exposição. O cartaz apresenta a Semana de Museus, uma temporada cultural que ocorre anualmente em comemoração do Dia Internacional dos Museus, 18 de maio. Em 2011, o tema escolhido foi “Museu e memória”, e o foco das celebrações foi a reflexão sobre a importância dos museus para a história dos povos e da sociedade. O desenho do cartaz recupera o jogo da memória, uma brincadeira muito popular. No alto do cartaz há peças que apresentam uma série de figuras diferentes, algumas viradas, outras não. Essas peças também aparecem na parte inferior do cartaz, suscitam a ideia de memória, e não de repetição. A Semana de Museus é um evento organizado pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), órgão do Ministério da Cultura responsável pela política nacional de museus, cuja proposta é democratizar e preservar os espaços de memória (museus, arquivos, bibliotecas, casas de cultura, redes sociais, galerias etc.).
Museu do Futebol, São Paulo. Governo Federal
Cartaz de divulgação da 9a Semana de Museus, ocorrida entre 16 e 22 de maio de 2011 em diversas cidades brasileiras.
Com bonecos, simuladores, mosaicos e imagens que induzem à ilusão e ao erro, o objetivo da mostra é levar o espectador a ter as mesmas sensações de um juiz na hora de apitar um lance decisivo. Com isso, quer tentar convencer de que a culpa não é do árbitro, mas das percepções do cérebro humano. O cartaz de divulgação da exposição recupera o verde, característico dos campos de futebol. A imagem do juiz sombreada, com uma interrogação na blusa, sugere as possíveis dúvidas de um árbitro de futebol ao apitar uma partida.
Cartaz de divulgação da exposição Será que foi, seu juiz?, realizada no Museu do Futebol, em São Paulo (SP), entre 6 de novembro de 2012 e 7 de abril de 2013.
2. Considerando os textos lidos, identifique onde eles circulam, a que público estão dirigidos e qual é a finalidade de cada um. Descreva algumas semelhanças e diferenças entre eles. 26
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Capítulo 1 – Texto, gênero e discurso
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Segundo o Dicionário Houaiss da língua portuguesa, a palavra gênero significa conjunto de seres ou objetos que possuem a mesma origem ou que se acham ligados pela semelhança de uma ou mais particularidades. Os gêneros do discurso, portanto, são formas discursivas que têm características mais ou menos estáveis, porque são produzidas em situações de comunicação parecidas, em áreas do conhecimento semelhantes. Os textos analisados permitem refletir sobre o uso da língua e das diferentes linguagens em variadas situações de comunicação social. O texto do cartaz da 9a Semana de Museus e o do cartaz do Museu do Futebol são produzidos em circunstâncias parecidas e com finalidades próximas, mas não são iguais. Eles se materializam de forma única, já que podemos pressupor diferentes tipos de interlocutores para uma exposição de arte e para uma mostra interativa sobre futebol. Em nosso cotidiano, quando lemos determinados textos constituídos em gêneros mais comuns, os reconhecemos rapidamente. Esse reconhecimento permite estabelecer a comunicação de maneira mais eficiente. Se não conhecemos diferentes gêneros, não identificamos inúmeras situações de comunicação que determinados textos integram. Os gêneros do discurso estão vinculados a uma época e a um lugar específicos, havendo um diálogo estabelecido com outros gêneros e com o contexto específico e amplo de produção. O gênero não é imutável e idêntico em todas as situações, como vimos nos cartazes estudados. Ele existe em função das finalidades comunicativas entre os sujeitos no lugar e tempo da interação. Ou seja, os gêneros nascem e morrem conforme o contexto sócio-histórico se modifica, preservando relações com gêneros que já existiram. A leitura de um texto em um gênero específico necessita da compreensão de seu contexto de produção, recepção e circulação, de acordo com as pistas linguísticas deixadas pelo autor. Do contrário, a leitura será fragmentada e, portanto, incompleta.
| Em cena | Converse com os colegas sobre a importância da leitura de diferentes textos verbais e verbo-visuais. Para isso, organizem-se em grupos para uma pequena pesquisa. Busquem uma pintura, tirinha em jornais ou revistas ou charge que dialogue com um texto literário. Discutam os possíveis diálogos estabelecidos entre os textos. Observem um exemplo desse diálogo entre o poema Carnaval de Arlequim (Miró) e a tela O carnaval do Arlequim (1924-1925). Arte em exposição Carnaval de Arlequim (Miró) Descobri que a vida é bailarina E que nenhum ponto inerte Anula o viravoltear das coisas Joan Miró. 1924-25, Óleo sobre tela, 66 90,5 cm. Knox Art Gallery, Buffalo, Estados Unidos. Foto: Granger/Glow Images © Succession Joan Miró/AUTVIS, Brasil, 2016
DRUMMOND DE ANDRADE, Carlos. Arte em exposição. In: ______. Farewell. Rio de Janeiro: Record, 1996. p. 35.
Carnaval de Arlequim (Miró) faz parte do poema Arte em exposição, um poema composto de 32 poemas sintéticos que dialogam com a arte.
O carnaval do Arlequim, de Joan Miró (1893-1983). Temos a representação de um quarto com mesa e janela, marcas do cotidiano. O movimento incessante é transmitido por elementos oníricos (insetos soltos brincam no espaço). A figura do Arlequim, rosto redondo e bigodes grandes, traz um olhar triste.
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12/6/16 2:05 PM
Em atividade
FA Ç A N O CADERNO
1. (ITA-SP) Considere o poema abaixo, de Carlos Drummond de Andrade, à luz da reprodução da pintura de Edvard Munch a que ele se refere. O grito (Munch) A natureza grita, apavorante.
Edvard Munch. 1893. Óleo sobre tela. 91 73,5 cm Galeria Nacional, Oslo. Foto: Reserve/Alamy/Latinstock
Doem os ouvidos, dói o quadro.
2. (Enem/MEC) O chat e sua linguagem virtual O significado da palavra chat vem do inglês e quer dizer “conversa”. Essa conversa acontece em tempo real, e, para isso, é necessário que duas ou mais pessoas estejam conectadas ao mesmo tempo, o que chamamos de comunicação síncrona. São muitos os sites que oferecem a opção de bate-papo na internet, basta escolher a sala que deseja “entrar”, identificar-se e iniciar a conversa. Geralmente, as salas são divididas por assuntos, como educação, cinema, esporte, música, sexo, entre outros. Para entrar, é necessário escolher um nick, uma espécie de apelido que identificará o participante durante a conversa. Algumas salas restringem a idade, mas não existe nenhum controle para verificar se a idade informada é realmente a idade de quem está acessando, facilitando que crianças e adolescentes acessem salas com conteúdos inadequados para sua faixa etária. AMARAL, S. F. Internet: novos valores e novos comportamentos. In: SILVA, E. T. (Coord.). A leitura nos oceanos da internet. São Paulo: Cortez, 2003. (adaptado).
Segundo o texto, o chat proporciona a ocorrência de diálogos instantâneos com linguagem específica, uma vez que nesses ambientes interativos faz-se uso de protocolos diferenciados de interação. O chat, nessa perspectiva, cria uma nova forma de comunicação porque:
O grito, Edvard Munch (1863-1944), Noruega.
O texto de Drummond I. traduz a estreita relação entre a forma e o conteúdo da pintura. II. mostra como o desespero do homem retratado repercute no ambiente. III. contém o mesmo exagero dramático e aterrorizante da pintura. IV. interpreta poeticamente a pintura.
b) disponibiliza salas de bate-papo sobre diferentes assuntos com pessoas pré-selecionadas por meio de um sistema de busca monitorado e atualizado por autoridades no assunto.
Está(ão) correta(s)
d) garante a gravação das conversas, o que possibilita que um diálogo permaneça aberto, independente da disposição de cada participante.
a) apenas I e II. b) apenas I, II e IV. c) apenas II, III e IV. d) apenas III e IV. e) todas. 28
a) possibilita que ocorra diálogo sem a exposição da identidade real dos indivíduos, que podem recorrer a apelidos fictícios sem comprometer o fluxo da comunicação em tempo real.
c) seleciona previamente conteúdos adequados à faixa etária dos usuários que serão distribuídos nas faixas de idade organizadas pelo site que disponibiliza a ferramenta.
e) limita a quantidade de participantes conectados nas salas de bate-papo, a fim de garantir a qualidade e eficiência dos diálogos, evitando mal-entendidos.
Capítulo 1 – Texto, gênero e discurso
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