Emília Amaral Mauro Ferreira Ricardo Leite Severino Antônio
Língua Portuguesa Novas Palavras
PARTE I
VOLUME
ÚNICO
Emília Amaral Doutora em Educação (área de Educação, Conhecimento, Linguagem e Arte) pela Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas. Mestre em Letras (área de Teoria Literária) pelo Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas. Professora do Ensino Médio e do Ensino Superior. Consultora nas áreas de literatura, leitura e produção de textos há mais de 30 anos.
Mauro Ferreira do Patrocínio Especialização em Metodologia do Ensino pela Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas. Professor do Ensino Fundamental, Ensino Médio e de cursos pré-vestibulares durante 22 anos. Dedica-se à realização de palestras para professores e estudantes universitários e à criação de obras didáticas.
Ricardo Silva Leite Mestre em Letras (área de Teoria Literária) pelo Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas. Licenciado em Letras (Português/Francês) pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras “Oswaldo Cruz”. Professor do Ensino Fundamental, do Ensino Médio e de cursos pré-vestibulares há mais de 30 anos.
Severino Antônio Moreira Barbosa Doutor em Educação (área de Filosofia e História da Educação) pela Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas. Professor do Ensino Médio e do Ensino Superior há 40 anos e autor de vários livros.
Língua Portuguesa
Novas Palavras
VOLUME ÚNICO
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Copyright © Emília Amaral, Mauro Ferreira do Patrocínio, Ricardo Silva Leite, Severino Antônio Moreira Barbosa, 2017 Diretor editorial Gerente editorial Editora Editoras assistentes Assessoria Gerente de produção editorial Coordenador de produção editorial Gerente de arte Coordenadora de arte Projeto gráfico Projeto de capa Supervisora de arte Editora de arte Diagramação Tratamento de imagens Coordenadora de ilustrações e cartografia Ilustrações Cartografia Coordenadora de preparação e revisão Supervisora de preparação e revisão Revisão Supervisora de iconografia e licenciamento de textos Iconografia Licenciamento de textos Supervisora de arquivos de segurança Diretor de operações e produção gráfica
Lauri Cericato Flávia Renata P. A. Fugita Angela C. D. C. M. Marques Ana Paula Figueiredo, Irene Catarina Nigro, Maria Aiko Nishijima, Lilian Ribeiro de Oliveira, Nathalia de Oliveira Matsumoto, Roberta Vaiano Suelen Rocha M. Marques Mariana Milani Marcelo Henrique Ferreira Fontes Ricardo Borges Daniela Máximo Juliana Oliveira Casa Paulistana Patrícia de Michelis Mendonça Sonia Alencar Essencial design, Bruna Nunes, Débora Jóia, José Aparecido Amorim, Juliana Signal, Salvador Consales, Wlamir Miasiro Ana Isabela Pithan Maraschin Marcia Berne Alex Silva, André Ducci, Felipe Nunes, Marcos Guilherme Allmaps Lilian Semenichin Viviam Moreira Adriana R. Périco, Aline Araújo, Carina de Luca, Heloisa Beraldo, Lívia Perran, Paulo Andrade, Veridiana Maenaka Elaine Bueno Elizete Moura Santos, Enio Lopes, Gabriela Araújo, Irene Araújo, Márcia Trindade, Paloma Klein, Rosely Ladeira André Luís Mota, Mayara Ribeiro Silvia Regina E. Almeida Reginaldo Soares Damasceno
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) 360º língua portuguesa : novas palavras, volume único / Emília Amaral ... [et al.]. – 3. ed. – São Paulo : FTD, 2017. Outros autores: Mauro Ferreira do Patrocínio, Ricardo Silva Leite, Severino Antônio Moreira Barbosa ISBN: 978-85-96-00890-7 (aluno) ISBN: 978-85-96-00891-4 (professor) 1. Português (Ensino médio) I. Amaral, Emília II. Patrocínio, Mauro Ferreira do. III. Leite, Ricardo Silva. IV. Barbosa, Severino Antônio Moreira. 17-01050
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Índices para catálogo sistemático: 1. Português : Ensino médio 469.07 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Envidamos nossos melhores esforços para localizar e indicar adequadamente os créditos dos textos e imagens presentes nesta obra didática. No entanto, colocamo-nos à disposição para avaliação de eventuais irregularidades ou omissões de crédito e consequente correção nas próximas edições. As imagens e os textos constantes nesta obra que, eventualmente, reproduzam algum tipo de material de publicidade ou propaganda, ou a ele façam alusão, são aplicados para fins didáticos e não representam recomendação ou incentivo ao consumo. Reprodução proibida: Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Todos os direitos reservados à EDITORA FTD.
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Língua Portuguesa
Apresentação
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Caro aluno, Neste livro, você será continuamente convidado a refletir sobre as habilidades fundamentais associadas ao desenvolvimento da linguagem: falar, ler e escrever. Juntos, tomaremos contato com uma grande variedade de textos, de diferentes gêneros, para nos inspirarmos na criação e no aprimoramento de nossa própria produção; vamos ler, reler e avaliar com nossos interlocutores — o(a) professor(a), os colegas, os amigos... — os textos lidos e produzidos, os conceitos aprendidos e incorporados. Assim, texto a texto, aula a aula, iremos nos aperfeiçoando como seres capazes de linguagem e como participantes ativos do nosso mundo. A leitura e a escrita são, sem dúvida, um modo privilegiado de interferirmos na realidade, de interagirmos com os outros; no entanto, será importante também refletirmos a respeito da linguagem falada, conhecê-la melhor, ter consciência de que a fala e a escrita se complementam, não se opõem, e de que ela, a fala, constitui uma modalidade de expressão com características específicas e regras próprias. Em Literatura, nosso estudo estará sempre associado às artes plásticas e privilegiará os gêneros literários fundamentais: poesia lírica e épica, crônica, conto, romance, teatro etc. Vamos comparar a produção de autores clássicos com a de escritores e poetas contemporâneos, sobretudo quando tratamos das grandes escolas literárias, cujos autores e textos alimentam nosso imaginário, ampliam nossos horizontes e aprofundam nossas formas de ver o mundo e a nós mesmos. Em Gramática, as reflexões sobre as diferentes maneiras de falar e de escrever se desenvolverão com o estudo das estruturas que estabelecem a organização e o sentido dos textos que constituem o nosso “mundo da leitura”: charges, tirinhas, piadas, anúncios publicitários, letras de música, textos jornalísticos, poemas... Nas aulas de Literatura, de Gramática e de Leitura e produção de textos, desafios serão propostos e conteúdos específicos serão desenvolvidos, porém próximos entre si, pois falaremos de como se estrutura e como funciona a linguagem e dos caminhos que ela percorre na diversidade de suas possibilidades expressivas e comunicativas. Afinal, ela é o principal recurso de que dispomos para sermos de fato quem somos. Este é o objetivo maior deste livro: que você, ao transformá-lo em seu parceiro de aprendizagens, tenha um posicionamento ativo: leia, goste, não goste; ache fácil, ache difícil; mas sempre releia, repense, reformule, persista, pois assim é que gradativamente conquistará novas habilidades de usos da linguagem, que certamente contribuirão para seu sucesso escolar, profissional e humano. Vamos começar? Os autores
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PRIMEIRA LEITURA
Pausa. In: A vaca e o hipogrifo, de Mario Quintana, Alfaguara, Rio de Janeiro. © by Elena Quintana
Luis Humberto/Coleção Abril/Latinstock
Stechetti: pseudônimo do escritor italiano Olindo Guerrini (1845-1916), autor da frase “lo sonno un poeta o sonno un imbecile?” (Eu sou um poeta ou sou um imbecil?).
LEITURA
Mario Quintana (1906-1994) Poeta suI-rio-grandense, buscou sempre uma poesia simples e despojada. Publicou mais de uma dezena de livros, entre os quais se destacam: A rua dos cataventos (1940), Espelho mágico (1948), O aprendiz de feiticeiro (1950), Caderno H (1973), Apontamentos de história sobrenatural (1976), A vaca e o hipogrifo (1977), Esconderijos do tempo (1980).
Literatura e realidade: representação e invenção
A leitura constitui o ponto de partida e o ponto de chegada dos estudos literários. Os textos, apresentados ao longo dos capítulos, pontuam e exemplificam os tópicos de desenvolvimento do tema ou as particularidades da escola literária em questão.
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LEITURA Observe as paisagens brasileiras pintadas no início do Romantismo no Brasil.
Ferdinand Krumholz. 1848. Óleo sobre tela, 128,5 × 98 cm. Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro
Dom Quixote e Sancho Pança: personagens da novela Dom Quixote, de Miguel de Cervantes, escritor espanhol do século XVI. Os dois personagens representam os dois lados da alma e do comportamento de todo ser humano: Dom Quixote é o símbolo do idealismo, do sonho, da imaginação, do espírito de aventura; Sancho Pança, do realismo, do espírito prático, dos interesses imediatos.
Pausa Quando pouso os óculos sobre a mesa para uma pausa na leitura de coisas feitas, ou na feitura de minhas próprias coisas, surpreendo-me a indagar com que se parecem os óculos sobre a mesa. Com algum inseto de grandes olhos e negras e longas pernas ou antenas? Com algum ciclista tombado? Não, nada disso me contenta ainda. Com que se parecem mesmo? E sinto que, enquanto eu não puder captar a sua implícita imagem-poema, a inquietação perdurará. E, enquanto o meu Sancho Pança, cheio de si e de senso comum, declara ao meu Dom Quixote que uns óculos sobre a mesa, além de parecerem apenas uns óculos sobre a mesa, são, de fato, um par de óculos sobre a mesa, fico a pensar qual dos dois — Dom Quixote ou Sancho? — vive uma vida mais intensa e portanto mais verdadeira... E paira no ar o eterno mistério dessa necessidade da recriação das coisas em imagens, para terem mais vida, e da vida em poesia, para ser mais vivida. Esse enigma, eu o passo a ti, pobre leitor. E agora? Por enquanto, ante a atual insolubilidade da coisa, só me resta citar o terrível dilema de Stechetti: “Io sonno un poeta o sonno un imbecile?” Alternativa, aliás, extensiva ao leitor de poesia... A verdade é que a minha atroz função não é resolver e sim propor enigmas, fazer o leitor pensar e não pensar por ele. E daí? — Mas o melhor — pondera-me, com a sua voz pausada, o meu Sancho Pança —, o melhor é repor depressa os óculos no nariz.
Manuel José de Araújo Porto-Alegre (1806-1879) Um dos iniciadores do Romantismo brasileiro, era pintor, arquiteto, poeta e jornalista. Nicolas-Antoine Taunay. 1811. Óleo sobre tela, 44,5 × 36,5 cm. Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro
Esta seção traz a leitura e o estudo de um texto representativo do tema ou da escola literária a ser focalizada, servindo de gatilho para a apreensão das principais características do estilo a ser estudado.
PRIMEIRA LEITURA
Manuel de Araújo Porto-Alegre. 1833. Óleo sobre tela, 65 × 81,2 cm. Coleção particular
Literatura e realidade: representação e invenção
2
Grande cascata da Tijuca (1833), de Araújo Porto-Alegre. Félix Taunay. 1843. Óleo sobre tela, 134 × 195 cm. Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro
capítulo
André Ducci
Conheça o seu livro
LITERATURA
Félix-Émile Taunay (1795-1881) Pintor e poeta francês, veio para o Brasil com seu pai, membro da Missão Artística Francesa. Foi professor e diretor da Academia Imperial de Belas Artes. Era pai do escritor Alfredo d’Escragnolle Taunay, autor do romance Inocência.
Mata reduzida a carvão (1843), de Félix-Émile Taunay.
A poesia romântica
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GRAMÁTICA EXPOSIÇÃO TEÓRICA Metáfora
A exposição teórica sistematiza, em linguagem clara e objetiva, os conceitos essenciais e outros aspectos importantes do assunto desenvolvido no capítulo.
NikoNomad/Shutterstock.com
Blackpixel/Shutterstock.com
Reveja estas duas imagens e considere algumas características de cada uma delas.
Características da Estação Espacial • É moderna; • Move-se no espaço; • É colossal, impressionante; • “Conecta” o homem a uma aspiração (o Universo).
Características da catedral gótica • É antiga; • É fixa no chão; • É colossal, impressionante; • “Conecta” o homem a uma aspiração (Deus).
RESUMINDO O QUE VOCÊ ESTUDOU Verbo — palavra que exprime um fato (geralmente, uma ação, estado ou fenômeno) e que, por meio de flexões (variações de forma), pode localizar esse fato no tempo.
Estudo do verbo (1ª. parte) 1. Flexões do verbo
Pessoa 1ª. 2ª.
Número singular plural
3ª.
Modo
A
verbo “ser”
B
Observe que, nessa estrutura, estão explícitos os dois elementos mentalmente comparados. Veja este exemplo: • A Estação Espacial é a nossa catedral do futuro. A
verbo “ser”
B
O outro mecanismo, que origina metáforas mais elaboradas, consiste em não usar o verbo “ser”, deixando implícita, na própria palavra (ou expressão) metafórica, a referência a um dos elementos comparados. Veja estes dois exemplos: • A garotinha passava horas mergulhada em seus sonhos infantis. • “Os homens não melhoraram, e matam-se como percevejos. Os percevejos heroicos renascem. Inabitável, o mundo é cada vez mais habitado.”
Voz
indicativo subjuntivo
ativa passiva
futuro
Tempo
imperativo
reflexiva
Tempos simples e exemplos (verbo “cantar”)
Agora releia este trecho do texto “Catedrais em busca do desconhecido”:
“Essa catedral flutuante está sendo construída por 16 países [...].” O autor, percebendo certos pontos em comum entre as características de uma catedral e as da Estação Espacial, estabelece entre ambas uma comparação mental. É claro que a Estação Espacial não é, na realidade, uma “catedral”, mas os pontos de semelhança entre elas possibilitaram que o autor empregasse essa palavra para se referir à Estação Espacial. Ele criou, assim, uma metáfora. Existem dois mecanismos linguísticos que possibilitam a criação de metáforas. Um deles, que ocorre nas metáforas mais usuais, pode ser assim esquematizado:
Modo
presente pretérito
2. Modos verbais e seus tempos simples
características comuns à catedral e à Estação Espacial
O QUE DIZEM OS LINGUISTAS Temos metáfora toda vez que, indo além da simples apresentação de propriedades comuns, pensamos uma realidade nos termos de outra. O exercício de pensar uma realidade em termos do que ela não é nos leva sempre a alguma descoberta, por isso mesmo a metáfora é uma poderosa fonte de novos conhecimentos e novos comportamentos. Pensar uma realidade em termos de outras proporciona também um prazer estético.
(Carlos Drummond de Andrade) Figuras de linguagem
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Ao final de cada seção teórica, são apresentadas fichas que resumem esquematicamente o essencial do capítulo.
Presente — Eu canto, tu cantas, ele canta etc. Pretérito perfeito — Eu cantei, tu cantaste, ele cantou etc. Pretérito imperfeito — Eu cantava, tu cantavas, ele cantava etc. Pretérito mais-que-perfeito — Eu cantara, tu cantaras, ele cantara etc. Futuro do presente — Eu cantarei, tu cantarás, ele cantará etc. Futuro do pretérito — Eu cantaria, tu cantarias, ele cantaria etc.
Subjuntivo
Presente — Que eu cante, que tu cantes, que ele cante etc. Pretérito imperfeito — Se eu cantasse, se tu cantasses, se ele cantasse etc. Futuro — Quando eu cantar, quando tu cantares, quando ele cantar etc.
Imperativo
Afirmativo — Canta (tu), cante (você), cantemos (nós) etc. Negativo — Não cantes (tu), não cante (você), não cantemos (nós) etc.
3. Formação do imperativo • Imperativo afirmativo • tu e vós — vêm do presente do indicativo, sem o s final. • você, nós, vocês — vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo.
RESUMINDO O QUE VOCÊ ESTUDOU
ILARI, Rodolfo. Introdução à semântica: brincando com a gramática. São Paulo: Contexto, 2004. p. 109.
Indicativo
Ex.: fala (tu), fale (você), falemos (nós), falai (vós), falem (vocês) • Imperativo negativo — Suas cinco formas são as mesmas do presente do subjuntivo. Ex.: não fales (tu), não fale (você), não falemos (nós), não faleis (vós), não falem (vocês)
Atividades
Escreva no caderno
1. O trecho de texto a seguir faz referência a uma possível chegada dos espanhóis ao Brasil, em janeiro de 1500. A praia estava deserta. Não havia ninguém ao longo da enseada e nem nas matas que a cercavam. A areia, porém, se encontrava repleta de pegadas, num claro sinal de que a terra era habitada. Tal evidência não impediu que os marujos recém-desembarcados gravassem seus nomes e o de seus navios nas árvores e nas rochas costeiras e, a seguir, imprimissem o dia, o mês e o ano de seu desembarque, tomando conta daquele território em nome da Coroa de Castela. Era 26 de janeiro de 1500 [...]. BUENO, Eduardo. Náufragos, traficantes e degredados. Rio de Janeiro: Objetiva, 1998. p. 11.
Imagine que você seja um dos marujos referidos no texto e, fazendo todas as adaptações necessárias, reescreva-o como se você estivesse vendo e vivendo neste momento os fatos relatados.
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CAPÍTULO 9
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO EXPOSIÇÃO TEÓRICA Em nosso trabalho sobre como se produz um texto jornalístico, começaremos pela notícia, que consiste em informar sobre um acontecimento, considerado importante ou interessante para um determinado público. O ineditismo, a atualidade e a veracidade são aspectos fundamentais da notícia. Trata-se, portanto, de um gênero de relato que abrange uma variedade grande de leitores. Por isso, a notícia precisa ser clara, objetiva, sucinta e o mais esclarecedora possível, sem apresentar, portanto, o posicionamento de quem enuncia os fatos. As informações que aparecem na notícia sempre destacam os aspectos principais de um fato em relação aos de interesse secundário, que, inclusive, podem ser suprimidos, no caso de faltar espaço na página. O repórter vive em busca de uma história, da qual destaca elementos que considera importantes para sua composição: os agentes, as vítimas (quem, com quem), as ações (o quê), os complementos (como, quando, onde, por quê). Assim, ele imprime uma ordem à história, suprimindo grande parte da sequência temporal, para torná-la simples, interessante.
O lide A palavra lide, que significa cabeça, abertura do texto da notícia ou da reportagem, é proveniente do inglês lead — guiar, encabeçar, conduzir, induzir. O lide apresenta sucintamente o assunto ou destaca o fato essencial, o clímax da história. Sua forma de apresentação pode variar, mas é regra na imprensa que os principais aspectos de um fato estejam logo no início do texto. O lide integral (lide + sublide), mais comum no Brasil, está concentrado geralmente nos dois primeiros parágrafos e responde às perguntas básicas 3 Q (o quê, quem, quando) + C (como) + PQ (por quê).
O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS Embora seja a síntese da notícia e da reportagem, não existe um modelo para a redação do lide. Ele pede que se responda às questões principais em torno do acontecimento (o quê, quem, quando, como, onde, por quê — não necessariamente nessa ordem). O texto do lide dependerá sobretudo da própria argúcia do jornalista para descobrir, no conjunto de sua apuração, aquilo que é o ponto mais forte, atual e de mais amplo interesse em relação à realidade que está vivendo. MANUAL da redação da Folha de S.Paulo. São Paulo: Publifolha, 2015. p. 28-29.
A notícia e outros gêneros A notícia, principalmente pelo lide, pode ser o ponto de partida de outros gêneros jornalísticos, como a reportagem. Esta vai além do que a notícia informou, buscando as raízes e os desdobramentos do fato. Enquanto as notícias dos jornais (televisivos, impressos e on-line) lidam com o imediatismo dos acontecimentos cotidianos, a reportagem caracteriza-se pelo aprofundamento e análise dos temas; por isso, é mais comum em revistas de publicação periódica, mas ocasionalmente pode ser veiculada também na TV e na internet. Para relatar um fato, o jornalista precisa apurar o máximo de informações possível, nunca deve omitir informações e deve contar o que aconteceu da maneira mais neutra possível, sem ser tendencioso.
O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS O sublide (sub-lead ), diferentemente do lide, é uma invenção brasileira, que corresponde ao parágrafo seguinte ao lide, no qual se agrupam os fatos que têm importância inferior à do lide. É o “jeitinho brasileiro’’ no modelo da pirâmide, que funciona como pescoço: dá sustentação à cabeça, faz sua conexão com o tronco e hospeda informações menores.
PRIMEIRA LEITURA
JORGE, Thais de Mendonça. Manual do foca: guia de sobrevivência para jornalistas. São Paulo: Contexto, 2015. p. 134.
Notícia
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A exposição teórica fornece subsídios para o desenvolvimento das capacidades de leitura e expressão oral e escrita tanto dos gêneros textuais quanto das tradicionais sequências tipológicas – descrição, narração, dissertação –, fundamentais para o exercício da cidadania.
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Esta seção apresenta um texto que destaca ou exemplifica ora o gênero, ora a estrutura ou o tema a ser desenvolvido no capítulo.
capítulo
Dissertar e narrar: assumindo um ponto de vista
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PRIMEIRA LEITURA Leia o ensaio a seguir.
A esperança como dever 1 Não leia. Pare. Olhe. Ali, adiante. Mais à frente. Um carro voando. Um foguete a 150 por hora. Chispando, zunindo. Soltando faísca. Um brilho no rastro azul. Zás. Pura adrenalina. Verniz derrapando. Borracha queimando, lambendo o asfalto. A cena voa. Corações galopam. 2 Um carro passa a mais de 100 km. Suponha. Imagine. Dois observadores emudecem, assombrados. Ali adiante, a 200 metros de onde estão os observadores, há um buraco no meio da estrada. O Alex Pereira Barbosa, mais conhecido como MV Bill, Rio de Janeiro, 2009. primeiro observador acredita que ainda haja tempo para desviar e que o motorista possa evitar o acidente, reduzindo a velocidade e contornando o buraco. Intui a salvação. Aposta nisso. O outro pensa o contrário: o motorista não percebeu o que vai encontrar pela frente; o acidente é inevitável. Ambos se agitam. Gritam. Mal expressam suas avaliações. 3 Em poucos segundos, o carro se arrebenta no buraco que o engole. Digamos que o acidente aconteça. Suponhamos que isso tenha acontecido. Isso quer dizer que o segundo observador estava certo? A existência do acidente dá razão a quem o previra? O fato de que o carro tenha caído no buraco desautoriza aquele que formulou a hipótese de que não haveria acidente? O acidente justifica a desqualificação do primeiro observador como equivocado? Pode-se dizer que, julgando-se as previsões a partir da realidade já configurada do acidente, a hipótese de que ele não aconteceria estava errada? Não expressaria nada mais que um otimismo ingênuo? Em outras palavras, o futuro é um tribunal infalível sobre as verdades das previsões a seu respeito? O futuro, quando se torna presente, é o árbitro irrefutável das profecias? 4 A melhor resposta seria: não necessariamente. Depende. Quando a situação observada ainda permite a intervenção de um fator incontrolável e imprevisível (como a ação humana, no caso do acidente), cuja participação tem o poder de alterar em um ou outro sentido o destino do processo observado, as duas previsões são igualmente legítimas, plausíveis, razoáveis ou racionais. Ou seja, nenhuma hipótese pode ser excluída; tanto a hipótese otimista quanto a pessimista são realistas, isto é, são corretas, enquanto hipóteses — ainda que o fato de serem corretas não prognóstico: predição, garanta que suas previsões venham a ser confirmadas. Aliás, isso não poderia presságio; mesmo ocorrer, pois o acontecimento futuro necessariamente excluiria uma conjectura: suposição, das profecias, já que elas são contraditórias entre si. hipótese. 5 Dizendo de outro modo: quando o carro passou, os dois observadores estavam certos em seus prognósticos, mesmo que depois uma das previsões seja frustrada pela realidade. No primeiro momento, os dois futuros eram possíveis. Um dos observadores resolveu apostar no motorista, em sua atenção e perícia; o outro decidiu optar pela hipótese de que a atenção e a destreza despertariam tarde demais. Quando a liberdade humana e a habilidade de empregá-la constituem fatores decisivos, nenhuma previsão, por mais plausível que seja, pode ser absoluta e excluir profecias rivais. Quando a liberdade é uma variável significativa, em uma equação, nenhum futuro pode ser excluído. Afinal, a liberdade é o outro lado da imprevisibilidade, da indeterminação, e portanto da incerteza. Por isso, nas coisas humanas, onde está presente a liberdade, a ação, a criatividade, não há certeza. Mudanças são sempre possíveis. [...]
TASSO MARCELO/AGÊNCIA ESTADO/Estadão Conteúdo
A NOTÍCIA
Reproduzir página 825 parte 3
Dissertar e narrar: assumindo um ponto de vista
825
1/9/17 5:17 PM
ATIVIDADES François Gérard. 1798. Óleo sobre tela, 186 × 132 cm. Museu do Louvre, Paris. Foto: Corel Stock Photo
O amor e a razão Pinta-se o Amor sempre menino, porque ainda que passe dos sete anos, como o de Jacó, nunca chega à idade de uso de razão. Usar de razão, e amar, são duas coisas que não se juntam. A alma de um menino, que vem a ser? Uma vontade com afetos, e um entendimento sem uso. Tal é o amor vulgar. Tudo conquista o amor, quando conquista uma alma; porém o primeiro rendido é o entendimento. Ninguém teve a vontade febricitante, que não tivesse o entendimento frenético. O amor deixará de variar, se for firme, mas não deixará de tresvariar, se é amor. Nunca o fogo abrasou a vontade, que o fumo não cegasse o entendimento. Nunca houve enfermidade no coração, que não houvesse fraqueza no juízo. Por isso os mesmos Pintores do Amor lhe vendaram os olhos. In:
VIEIRA, Antônio. Sermão do mandato. . Sermões. Org. de Alcir Pécora. São Paulo: Hedra, 2001. Tomo 1. p. 345.
1. Considerando o contexto, depreenda o significado das seguintes palavras: a) febricitante; b) frenético; c) variar; d) tresvariar. 2. Em português, a ordem direta dos termos da oração costuma ser sujeito + verbo + complementos (objeto direto e indireto). Considere a frase “Tudo conquista o amor, quando conquista uma alma” e: a) identifique o sujeito e o complemento do verbo conquistar, em cada ocorrência; b) reescreva-a na ordem direta. 3. Sendo parte de um sermão, esse fragmento possui uma estrutura argumentativa: uma afirmação central e os argumentos com que o pregador procura convencer o ouvinte. Copie a afirmação central do fragmento.
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Seção composta por exercícios de identificação e fixação dos conceitos apresentados ao longo do capítulo.
A PROSA NEORREALISTA NO BRASIL
EXPOSIÇÃO TEÓRICA
GÉRARD, François. Cupido e Psiquê. 1798. Óleo sobre tela. Museu do Louvre, Paris.
Padre Antônio Vieira (1608-1697)
A exposição teórica objetiva contextualizar os elementos históricos, políticos, sociais e estilísticos, estabelecendo um diálogo contínuo entre épocas, autores e obras que ajudam na compreensão dos tópicos desenvolvidos e das particularidades das obras e das escolas literárias focadas.
Padre jesuíta, nascido em Portugal, mas que morou em Salvador (BA) durante grande parte de sua vida. Por isso, é estudado nas literaturas portuguesa e brasileira. Foi um político muito sagaz a serviço da Coroa portuguesa. É famoso por seus sermões (perto de 200), considerados um dos pontos mais altos da criação estilística da língua portuguesa. Sua obra pertence ao Barroco.
FIQUE SABENDO
Barroco é a tendência artística e literária dos séculos XVII e XVIII, marcada pela inquietação e pelo pessimismo. Desenvolveu-se como expressão da Contrarreforma, movimento religioso da Igreja Católica em reação à Reforma Protestante. Nas obras literárias caracteriza-se pelo extremo rebuscamento da linguagem, em frases tortuosas, e pela profusão das imagens e figuras de linguagem. O padre Antônio Vieira é considerado um dos principais representantes do Barroco em nossa língua.
CAPÍTULO 3
Como vimos no capítulo anterior, a segunda geração do Modernismo brasileiro correspondeu a um estado adulto e amadurecido de nossa literatura moderna. Com relação à prosa, uma multiplicidade de tendências ganha espaço. Na maioria dos casos, trata-se de escritores que aproveitam a tradição de análise psicológica e social herdada do século XIX, alguns apresentando agudo enfoque metafísico e senso dramático dos problemas humanos. A prosa cosmopolita de José Geraldo Vieira; a prosa de introspecção e de análise psicológica de Cornélio Pena, Otávio de Faria, Ciro dos Anjos, Lúcio Cardoso e Dionélio Machado; a prosa essencialmente modernista de João Alphonsus e Aníbal Machado; a prosa surrealista de Jorge de Lima e a prosa de Erico Verissimo, que Gilberto Freyre recria o cotidiano, são alguns dos exemplos mais significativos da variedade de (1900-1987) nossa produção romanesca registrada a partir da década Considerado um dos maiores sociólogos de 1930. do século XX, recebeu Nesse panorama tão didiversos prêmios e títulos. versificado, destaca-se a proRevolucionou os estudos sa regionalista do Nordeste, socioculturais no Brasil, conhecida como neorrealista. analisando a importância da mestiçagem na formação Essa foi a tendência que aldo país. Além de escritor, foi cançou maior repercussão também pintor e jornalista. e importância na época, por Possui vasta obra, da qual ter assumido uma visão críse destacam: Casa-grande tica das relações sociais, foe senzala (1933), calizando os problemas da Sobrados e mocambos (1936), O mundo que o seca, do coronelismo e da português criou (1940), decadência do modelo oliContinente e ilha (1943), gárquico patriarcal, com a exInterpretação do Brasil tinção dos antigos engenhos (1947), Ordem e progresso açucareiros. (1957), Vida social no Ilustração de Cícero Dias para o livro Casa-grande Brasil nos meados do Fortemente influencia& senzala (1933), de Gilberto Freyre. século XIX (1964), Brasis, da pelas ideias de Gilberto Brasil e Brasília (1968), Freyre — autor do Manifesto regionalista (1926) e de Casa-grande & senzala O brasileiro entre outros (1933), além de grande mentor do grupo regionalista do Recife, que se formou em hispanos (1975). 1928 —, essa geração redescobre o Brasil e contribui para sua universalização, vendo o regional de uma perspectiva política, predominantemente marxista, e assim fundando o Neorrealismo. Denominamos Neorrealismo o tipo de Realismo em que o caráter cientificista e determinista do Naturalismo do século XIX é substituído por um enfoque político de problemas regionais, como a condição e os costumes do trabalhador rural, a seca, a miséria etc. Tais problemas, vistos pela perspectiva da luta de classes, da opressão do homem pelo homem que caracteriza a sociedade capitalista, ganham conotação universal e intemporal, saindo do pitoresco e do localismo tradicionais em nossa produção regionalista.
Rogério Carneiro/Folhapress
Escreva no caderno
Leia o seguinte fragmento de um sermão de Antônio Vieira, autor barroco luso-brasileiro que viveu no século XVII.
Cícero Dias. 1933. Ilustração. Fundação Gilberto Freyre, Recife. Dias, Cícero dos Santos/AUTVIS, Brasil, 2016.
Atividades
Principais escritores e obras do Neorrealismo brasileiro Encontramos bons exemplos da produção neorrealista brasileira nas obras de José Américo de Almeida, autor de A bagaceira (1928), Rachel de Queiroz, autora de O quinze (1930), e Jorge Amado, autor de O país do carnaval (1931), Cacau (1933), Suor (1934), Jubiabá (1935), Capitães da Areia (1937) e Os subterrâneos da liberdade (1946), entre outras. Os principais representantes do período, porém, são José Lins do Rego e Graciliano Ramos, aos quais vamos dedicar nossa atenção. A segunda geração modernista brasileira: prosa
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DA TEORIA À PRÁTICA Agora é sua vez
ATIVIDADES Atividades
Escreva no caderno
Em vestibular da UPE-PE, 2009
1. (UPE-PE) Leia o texto:
Quantas pessoas em sua casa não economizam porque pensam que o que eles gastam não é suficiente para acabar com a água do mundo? Agora multiplique pelo número de casas da sua rua, seu bairro, sua cidade, seu país, do mundo todo, pensando da mesma maneira.
Disponível em: http://biaquario/wordpress.com/ 2010/04/01/hello-word>.
Acerca de alguns recursos linguísticos utilizados no texto, analise as proposições a seguir. I. O enunciado “Quer levar a culpa por isso?” se configura como uma pergunta dirigida a qualquer leitor do texto. II. No enunciado “Quer levar a culpa por isso?”, o pronome “aponta” para a imagem que está retratada no texto. III. No texto que é apresentado abaixo da imagem, os pronomes possessivos em “sua rua, seu bairro, sua cidade, seu país” fazem referência ao termo “pessoas”, no trecho: “Quantas pessoas em sua casa [...]”.
Seção composta por exercícios que visam principalmente à fixação da nomenclatura específica e dos conceitos apresentados na exposição teórica.
IV. O segmento “do mundo todo” é semanticamente equivalente a “de todo o mundo”. Estão corretas: a) I e III, apenas.
c) I, II e IV, apenas.
b) II e III, apenas.
d) III e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.
2. Leia este fragmento de texto: Durante muito tempo a nacionalidade viveu da mescla de três raças que os poetas xingaram de tristes: as três raças tristes. A primeira as caravelas descobridoras encontraram aqui comendo gente e desdenhosa de “mostrar suas vergonhas”. A segunda veio nas caravelas. Logo os machos sacudidos desta se enamoraram das moças “bem gentis” daquela, que tinham cabelos “mui pretos, compridos pelas espádoas”. E nasceram os primeiros mamalucos. MACHADO, Antônio de Alcântara. Artigo de fundo. In: . Brás, Bexiga e Barra Funda. São Paulo: Klick, 1997. p. 19.
PARA LER NA REDE
Se você quiser ler, na íntegra, a obra Brás, Bexiga e Barra Funda, acesse o seguinte link: <http://ftd.li/ dsyqrp>. Acesso em: 18 fev. 2016.
As tiras humorísticas publicadas em jornais, revistas e na internet costumam explorar determinados recursos de linguagem, buscando, com isso, criar o efeito desejado, isto é, o humor. Na tirinha ao lado, um dos interlocutores é um deputado, membro de uma comissão criada para investigar um “esquema no orçamento” (desvio de dinheiro público em benefício de pessoas ou empresas). O outro interlocutor é um depoente, pessoa convocada pela comissão para responder a perguntas sobre o assunto. De início, o leitor é levado a pensar que o deputado é um homem honesto, já que ele faz parte de uma comissão que pretende identificar e punir os responsáveis ANGELI. Folha de S.Paulo, São Paulo, 3 nov. 1993. pelo roubo do dinheiro público. Quanto à linguagem, observe que o deputado, ao fazer as três primeiras perguntas, fala de maneira formal, cerimoniosa. Note também que ele não usa “você” ou “o senhor”, e sim “o depoente”, procurando, com isso, estabelecer com seu interlocutor um diálogo impessoal, distanciado, objetivo. Esse “modo de falar” parece sugerir que o deputado, além de saber adequar sua fala à situação de comunicação, é uma pessoa polida, educada, que trata seu interlocutor de maneira civilizada, respeitosa. No entanto, quando o depoente afirma que o próprio deputado é um dos favorecidos pelo esquema de desvio de verbas, a situação muda: o deputado se irrita, perde o controle emocional e passa a se expressar de maneira ameaçadora, usando expressões e palavras inadequadas à situação de comunicação (“está a fim”; “tomar uma bifa [tapa] na orelha”). A mudança de atitude e a variação de registro, que passa repentinamente do formal respeitoso para o coloquial agressivo, revelam que o deputado é, na verdade, uma pessoa grosseira e truculenta; confirmam também a declaração do depoente: o deputado está mesmo envolvido no esquema de desvio de verbas. Esse desfecho, ao pôr em evidência a verdadeira personalidade e o cinismo do deputado, altera as expectativas iniciais do leitor e cria, assim, o efeito de humor crítico da tirinha.
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TEXTO 1
A língua é a nacionalidade do pensamento como a pátria é a nacionalidade do povo. Da mesma forma que instituições justas e racionais revelam um povo grande e livre, uma língua pura, nobre e rica anuncia a raça inteligente e ilustrada. [...] ALENCAR, José de. Ficção completa e outros escritos. Rio de Janeiro: Companhia Aguilar, 1965. v. 1. p. 399. TEXTO 2
Os delinquentes da língua portuguesa fazem do princípio histórico “quem faz a língua é o povo” verdadeiro moto para justificar o desprezo de seu estudo, de sua gramática, de seu vocabulário, esquecidos de que a falta de escola é que ocasiona a transformação, a deterioração, o apodrecimento de uma língua. Cozinheiras, babás, engraxates, trombadinhas, vagabundos, criminosos é que devem figurar, segundo esses derrotistas, como verdadeiros mestres de nossa sintaxe e legítimos defensores do nosso vocabulário. [...] ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Dicionário de questões vernáculas. São Paulo: Ática, 1996. Verbete “vernáculo”.
TEXTO 3
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros Vinha da boca do povo na língua errada do povo Língua certa do povo Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Record, [s.d.]. p. 135.
Dia de feira, da pintora brasileira Helena Coelho (1949-).
a) Em qual desses trechos é possível identificar um posicionamento nitidamente preconceituoso em relação a uma das variedades linguísticas do português? Justifique. b) Os três autores expressam a mesma opinião a respeito de como os falantes devem usar o idioma? Justifique. c) Considerando apenas o conteúdo dos textos, é possível identificar qual desses escritores era um gramático? Justifique sua resposta.
CAPÍTULO 1
Gramática... gramáticas...
mamaluco/mameluco: filho de mãe indígena e pai branco (ou vice-versa).
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DA TEORIA À PRÁTICA
Nesse texto ocorrem dois pronomes demonstrativos que contribuem para as relações de coesão. a) Identifique-os e indique a que elementos textuais eles fazem referência. b) Os dois demonstrativos funcionam, nesse texto, como anafóricos ou como catafóricos? Justifique.
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Escreva no caderno
1. Os trechos a seguir são de autoria de três intelectuais brasileiros: um deles viveu no século XIX; os outros dois, no século passado. Os três foram pessoas cultas, publicaram inúmeros livros e conheciam a fundo a língua portuguesa. Leia-os e responda aos itens de a a c.
Helena Coelho. 2013. Óleo sobre tela, 50 100 cm. Galeria Jacques Ardies, São Paulo
Angeli. Folha de S.Paulo, São Paulo, 3 nov. 1993
Ponto de partida
Grupos de exercícios que possibilitam analisar e compreender como os conteúdos gramaticais estudados se articulam, na prática, com a produção e com a leitura de textos com os quais, os usuários da língua, têm contato em sua vida cotidiana.
CAPÍTULO 8
ATIVIDADES Escreva no caderno
Leitura e produção 1. Inspirado(a) nos dois textos a seguir, escreva como seria o 1.º parágrafo de seu diário pessoal, se você decidisse começá-lo.
28 de fevereiro Diário precisa ser escrito todos os dias? Se precisa, babau, porque às vezes não dá. E não é sempre que acontecem coisas. Há dias em que a gente não vive, apenas espera, fica vendo as pessoas e os carros passarem. Quando chove, a gente apenas cuida de não se molhar. Se eu fosse pôr minha vida no papel, teria apenas três ou quatro páginas. Mas, mesmo acontecendo pouco, vou manter o diário. É um jeito de segurar as pernas do tempo. Descrevendo tudo, tim-tim por tim-tim, ele corre menos. Pode ser bobagem, mas é a minha impressão. [...]
Editora Companhia das Letras
TEXTO 1
TEXTO 2
2 de janeiro Um diário, como o nome indica, é um registro cotidiano de experiências, observações, sentimentos e atitudes do seu autor e das suas interações com aqueles que o cercam. Pode ser que fique algum dia sem nada escrever aqui, lacunas cronológicas certamente existirão. Na maioria dos dias nada acontece de interessante comigo. Olhar, então, para o meu passado? [...] Anotar tudo o que acontece comigo no dia a dia? Registrar as frieiras que descobri entre os dedos do pé direito e o antimicótico que estou usando? Dizer o que comi no almoço, mencionando minha disposição de tornar-me vegetariano [...]? Descrever minha ida ao barbeiro e reproduzir as conversas que ouvi no salão? [...]
Editora Companhia das Letras
REY, Marcos. Diário de Raquel. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. p. 35.
FONSECA, Rubem. Diário de um fescenino. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. p. 14.
2. Escreva um parágrafo argumentativo dando sua opinião sobre a seguinte passagem do diário de Helena Morley: “O que me vale é que eu tenho facilidade de decorar. Quando eu não puder compreender, decoro tudo”.
A seção Atividades apresenta ao longo dos capítulos exercícios e propostas de produção textual.
Critérios de avaliação e reelaboração Os elementos essenciais da linguagem dissertativa são a adequação, a clareza, a concisão e a expressividade. Acervo do autor
Atividades
NAVEGAR É PRECISO
• Janela da alma (direção de João Jardim e Walter Carvalho, Brasil, 2001). Com 73 minutos e composto de 19 depoimentos de pessoas com problemas visuais – como o músico Hermeto Pascoal, o escritor José Saramago e o especialista em neurociências Oliver Sacks —, este documentário focaliza a necessidade de aprender a ver com nossos olhos e, assim, criar nossas opiniões sobre o que vemos.
3. (Enem/MEC) TEXTO 1
Sob o olhar do Twitter Vivemos a era da exposição e do compartilhamento. Público e privado começam a se confundir. A ideia de privacidade vai mudar ou desaparecer. O trecho acima tem 140 caracteres exatos. É uma mensagem curta que tenta encapsular uma ideia complexa. Não é fácil esse tipo de síntese, mas dezenas de milhões de pessoas o praticam diariamente. No mundo todo, são disparados 2,4 trilhões de SMS por mês, e neles cabem 140 toques, ou pouco mais. Também é comum enviar e-mails, deixar recados no Orkut, falar com as pessoas pelo MSN, tagarelar no celular, receber chamados em qualquer parte, a qualquer hora. Estamos conectados. Superconectados, na verdade, de várias formas.
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CAPÍTULO 7
O texto foi redigido com elementos da linguagem oral, isto é, foi escrito da forma como se fala. Consegue cumprir sua função: anunciar serviços de reforma de móveis, fazendo, até mesmo, apelos persuasivos para convencer os leitores do quanto são eficazes e convenientes. No entanto percebemos vários problemas com relação à variedade padrão: incorreções ortográficas, repetições desnecessárias, informações desorganizadas e perda da sequência lógica do raciocínio, por exemplo. Esse texto com elementos da oralidade infringe o padrão da escrita. Os dois padrões — o da linguagem oral e o da escrita — interpenetram-se sempre, inf luenciam-se mútua e profundamente, mas apresentam diferenças importantes. As dissertações precisam, necessariamente, ser escritas de acordo com a variedade padrão e utilizar os recursos da linguagem lógico-expositiva, evitando-se repetições inexpressivas, gírias, vocabulário impreciso etc.
Comentário Aprofundando nosso trabalho de leitura e produção de textos dissertativos, neste capítulo dedicamo-nos a estudar as principais técnicas argumentativas: primeiro, aquela que utiliza o raciocínio lógico-causal, investigando as causas e consequências do que afirmamos; depois, os exemplos que, além de concretizar o que pensamos, dão vida ao texto, seduzindo e impressionando o leitor. Além disso, revimos e tivemos oportunidade de praticar a carta argumentativa: gênero textual em que a definição de uma situação específica de interlocução é tão relevante quanto o seu caráter dissertativo.
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CAPÍTULO 16
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO E REELABORAÇÃO Ao final de cada capítulo, esta seção fornece orientações e exercícios de reescrita, visando contribuir com o avanço da qualidade dos textos produzidos pelos estudantes.
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Sumário LITERATURA CAPÍTULO 1 Literatura: a arte da palavra .......... 15 Primeira leitura O tocador de alaúde, de H. M. Sorgh .................................... 15 Interior holandês I, de Joan Miró.......................................... 16 O ouro do azul, de Joan Miró .............................................. 16 Leitura O que é arte?, de H. W. Janson ............................................ 17 A literatura .................................................................... 18 Leitura Andorinha ....................................................................... 19 As andorinhas de Antônio Nobre, de Cassiano Ricardo ............ 19 Atividades......................................................................... 21
CAPÍTULO 2 Literatura e realidade: representação e invenção ........................................ 23
Noções de versificação ................................................ 58 Metrificação ................................................................. 59 Regras básicas de metrificação e de escansão ............... 59 Atividades......................................................................... 61
CAPÍTULO 5 A poesia lírica .................................. 64 Primeira leitura Todas as cartas de amor são..., de Álvaro de Campos .............. 64 A poesia lírica ............................................................... 65 Leitura Cidadezinha qualquer, de Carlos Drummond de Andrade.......... 66 A lírica amorosa ............................................................ 67 Leitura Cantiga de amigo, de Martim Codax .................................... 68 Cantiga sua partindo-se, de João Ruiz de Castelo Branco ......... 70 Soneto, de Luís de Camões ................................................. 72 Soneto, de Álvares de Azevedo............................................ 73 Artes de amar, de Antonio Carlos Secchin.............................. 74 Atividades......................................................................... 75
Primeira leitura Pausa, de Mario Quintana .................................................. 23 Literatura e realidade .................................................. 25 Leitura Rio: o ir, de Arnaldo Antunes .............................................. 26 Forma e conteúdo ........................................................ 27 Verossimilhança ............................................................ 27 Leitura O entendimento dos contos, de Carlos Drummond de Andrade ................................................... 28 Funções da literatura ................................................... 29 Leitura Algumas variações sobre um mesmo tema, de Mario Quintana ......................................................... 30 Não há vagas, de Ferreira Gullar .......................................... 31 Profissão de fé, de Olavo Bilac ............................................. 31 Atividades......................................................................... 33
CAPÍTULO 6 O teatro ............................................ 78
CAPÍTULO 3 O texto literário............................... 36
Primeira leitura Mãos dadas, de Carlos Drummond de Andrade ...................... 94 A história da literatura ................................................ 95 As grandes escolas literárias ......................................... 96 Leitura Auto da Lusitânia (fragmento), de Gil Vicente ......................... 97 No dia de quarta-feira de cinzas (fragmento), de Gregório de Matos ..................................................... 98 O cortiço (fragmento), de Aluísio Azevedo ........................... 100 Atividades....................................................................... 101
Primeira leitura Balada do amor através das idades, de Carlos Drummond de Andrade .......................................... 36 A leitura do texto literário .......................................... 38 Os níveis de leitura ....................................................... 39 O texto e o leitor .......................................................... 40 As expectativas do leitor .............................................. 40 Leitura Dom Casmurro, de Machado de Assis Capítulo CXXII – O enterro ................................................. 41 Capítulo CXXIII – Olhos de ressaca ...................................... 42 Capítulo CXXIV – O discurso............................................... 42 Estratégias de leitura ................................................... 43 Leitura A serra do Rola-Moça, de Mário de Andrade .......................... 45 Atividades......................................................................... 46
CAPÍTULO 4 Os gêneros literários....................... 48 Primeira leitura Soneto 2, de Tite de Lemos ................................................. 48 Os gêneros literários .................................................... 49 As características do gênero épico ou narrativo ............ 49 Leitura Majestic Hotel, de Sergio Faraco .......................................... 51 As características do gênero lírico ................................. 54 Leitura Quando ela passa, de Fernando Pessoa................................. 54 As características do gênero dramático ......................... 55 Leitura Preto e Branco, de Luis Fernando Verissimo ........................... 55
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Primeira leitura Todo o Mundo e Ninguém, de Gil Vicente .............................. 78 O iniciador do teatro em língua portuguesa............. 81 Características do teatro de Gil Vicente ......................... 81 Características estéticas do teatro popular.................... 81 Leitura Auto da barca do Inferno (Quadro: o Fidalgo), de Gil Vicente....... 82 Outro momento seminal: o teatro de Martins Pena ............................................. 85 Leitura O noviço (fragmento), de Martins Pena ................................. 85 A renovação do teatro popular no século XX ........... 88 Leitura Auto da Compadecida (fragmento do ato I), de Ariano Suassuna ..... 88 Atividades......................................................................... 92
CAPÍTULO 7 As grandes escolas literárias .......... 94
CAPÍTULO 8 Camões e o Renascimento............ 107 Primeira leitura Sonetos, de Luís de Camões.............................................. 107 O Renascimento.......................................................... 109 O dolce stil nuovo ....................................................... 109 Medida velha (versos redondilhos) ............................. 110 Medida nova (versos decassílabos) ............................. 110 Leitura Comigo me desavim, de Francisco de Sá de Miranda ............. 110 Dispersão (fragmento), de Mário de Sá-Carneiro ....................111 Luís Vaz de Camões..................................................... 112 Soneto, de Luís Vaz de Camões ......................................... 113 A épica camoniana – Os Lusíadas ................................ 114 Proposição e Epílogo (fragmentos de Os Lusíadas), de Luís Vaz de Camões .................................................. 116 Paráfrases ................................................................... 116 Canto IV (fragmento), de Luís Vaz de Camões....................... 119 O Velho do Restelo (fragmento de Os Lusíadas), de Luís Vaz de Camões .................................................. 119 Fala do Velho do Restelo ao Astronauta, de José Saramago .... 121 Atividades....................................................................... 122
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GRAMÁTICA CAPÍTULO 1 Gramática... gramáticas... ............. 125 Introdução................................................................... 125 As diferentes gramáticas .......................................... 125 Leitura inicial .............................................................. 125 A gramática da língua ................................................. 127 A outra gramática ....................................................... 129 Variedades linguísticas .............................................. 130 A variedade culta formal............................................. 130 A variedade coloquial-popular .................................... 132 Atividades....................................................................... 133 Adequação e inadequação linguística ..................... 134 Fatores que influenciam a adequação ......................... 135 Funções da linguagem ............................................... 136 Função referencial (ou informativa) ............................ 137 Função apelativa (ou conativa).................................... 138 Função emotiva (ou expressiva) .................................. 138 Função metalinguística ............................................... 139 Função poética............................................................ 139 Função fática .............................................................. 140 Atividades....................................................................... 141 Da teoria à prática .......................................................... 144
CAPÍTULO 2 Noções de variações linguísticas.... 149 Introdução................................................................... 149 Variações linguísticas ................................................. 149 A variação sociocultural .............................................. 149 A variação situacional ................................................. 150 A variação histórica .................................................... 151 A variação geográfica ................................................. 153 A língua portuguesa – origens e geografia ............. 154 O português de Portugal e o português brasileiro ...... 155 Atividades....................................................................... 157 Da teoria à prática .......................................................... 159
CAPÍTULO 3 Noções de semântica .................... 163 Introdução................................................................... 163 O que é semântica? ..................................................... 163 Significação das palavras .......................................... 164 Sinônimos ................................................................. 164 Antônimos .................................................................. 166 Homônimos ................................................................ 167 Parônimos................................................................... 168 Atividades....................................................................... 170 Expressão idiomática, paráfrase, polissemia e ambiguidade ............................................................... 171 Expressão idiomática .................................................. 171 Paráfrase .................................................................... 172 Polissemia ................................................................... 172 Ambiguidade .............................................................. 175 Atividades....................................................................... 178 Da teoria à prática .......................................................... 180
CAPÍTULO 4 Figuras de linguagem ................... 183 Introdução................................................................... 183 Sentido denotativo e sentido conotativo ................ 183 Figuras de linguagem (1.º grupo) .............................. 185 Comparação................................................................ 186 Metáfora .................................................................... 187 Metonímia (e sinédoque) ............................................ 188 Personificação (prosopopeia) ...................................... 189 Antítese (e paradoxo/oximoro) ................................... 190
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Hipérbole.................................................................... 190 Eufemismo .................................................................. 191 Ironia .......................................................................... 192 Atividades....................................................................... 193 Figuras de linguagem (2.º grupo) .............................. 195 Elipse .......................................................................... 195 Pleonasmo .................................................................. 196 Polissíndeto ................................................................ 196 Onomatopeia.............................................................. 197 Anáfora ...................................................................... 197 Aliteração ................................................................... 198 Assonância ................................................................. 198 Atividades....................................................................... 199 Da teoria à prática .......................................................... 201
CAPÍTULO 5 Estrutura e formação de palavras....205 Introdução................................................................... 205 Os elementos estruturais das palavras .................... 205 Classificação dos morfemas ........................................206 Classificação das palavras quanto à formação........ 207 Palavras primitivas, derivadas e compostas ................. 207 Processos de formação de palavras (1.ª parte) ......... 207 Derivação ................................................................... 207 Atividades....................................................................... 211 Processos de formação de palavras (2.ª parte)......... 213 Composição ................................................................ 213 Outros processos de formação de palavras ................. 213 Atividades....................................................................... 215 Da teoria à prática .......................................................... 217
CAPÍTULO 6 Substantivo Adjetivo.......................................... 220 Introdução................................................................... 220 Classes gramaticais .................................................... 220 O conceito de classe gramatical................................... 220 A variação da classe gramatical nos enunciados .......... 221 As classes gramaticais do português ........................... 222 Substantivo e adjetivo ............................................... 223 Substantivo ................................................................. 224 Conceito ..................................................................... 224 Classificação geral do substantivo .............................. 225 Flexões do substantivo: gênero e número ................... 226 Grau do substantivo ................................................... 227 Atividades....................................................................... 229 Adjetivo ....................................................................... 231 Conceito ..................................................................... 231 Outros caracterizadores do substantivo ...................... 232 A posição do adjetivo em relação ao substantivo ........ 233 Flexões do adjetivo: gênero e número ........................ 234 Grau do adjetivo ......................................................... 235 Atividades....................................................................... 238 Da teoria à prática .......................................................... 240
CAPÍTULO 7 Artigo Numeral.......................................... 244 Artigo ..........................................................................244 Conceito e classificação...............................................244 Principais empregos do artigo .................................... 245 Atividades....................................................................... 247 Numeral ....................................................................... 249 Conceito ..................................................................... 249 Classificação dos numerais .......................................... 249 Principais empregos dos numerais .............................. 250 Atividades....................................................................... 251 Da teoria à prática .......................................................... 253
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LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS CAPÍTULO 1 Gêneros textuais ........................... 256 Primeira leitura Selfies .......................................................................... 256 Atividades: Produção......................................................... 257 O autorretrato e as selfies ......................................... 257 Anotações ................................................................... 258 Atividades: Leitura e produção ............................................. 258 Critérios de avaliação e reelaboração ............................ 261 Atividades: Leitura e produção ............................................. 261
CAPÍTULO 2 Linguagens: entre textos, entre linhas .................................... 263 Primeira leitura Então tá, de Leticia Wierzchowski e Marcelo Pires ................. 263 Atividades: Produção ......................................................... 264 Multiplicidade de linguagens ................................... 264 A relação texto-contexto ............................................ 264 Atividades: Leitura ............................................................ 264 Atividades: Leitura e produção ............................................. 266 Critérios de avaliação e reelaboração ............................ 267 Atividades: Leitura e produção ............................................. 268
CAPÍTULO 3 A enumeração e os gêneros textuais .......................................... 269 Primeira leitura Memória dos dias comuns, de Fabrício Corsaletti .................. 269 Enumeração ................................................................ 269 Leitura Traduzir-se, de Ferreira Gullar............................................ 270 Atividades: Produção......................................................... 270 A enumeração e os gêneros textuais........................... 271 Atividades: Leitura e produção ............................................. 273 Critérios de avaliação e reelaboração ............................ 273 Atividades: Leitura e produção ............................................. 274
CAPÍTULO 4 Notícia ............................................ 276 Primeira leitura Vira-lata salva bebê, de Revista IstoÉ.................................. 276 A notícia ...................................................................... 277 O lide .......................................................................... 277 A notícia e outros gêneros .......................................... 277 Leitura Índia proíbe pássaro na gaiola, de Jornal Agora São Paulo ...... 278 Atividade: Leitura ............................................................. 278 Estrutura de um jornal ............................................... 279 Títulos de jornal .......................................................... 279 Atividade: Leitura .............................................................280 Critérios de avaliação e reelaboração ............................280 Atividades: Leitura e produção ............................................. 281
CAPÍTULO 5 Crônica e poema em jornais ......... 282 Primeira leitura O buraco da memória, de Carlos Heitor Cony ....................... 282 Atividade: Produção .......................................................... 283 Leitura Depois, de Ruth Manus .................................................... 285 Atividade: Produção .......................................................... 287 Critérios de avaliação e reelaboração ............................ 287 Atividades: Leitura e produção .............................................288
LITERATURA CAPÍTULO 9 Literatura colonial brasileira ........ 291 Primeira leitura Sermão do bom ladrão (fragmento), de Antônio Vieira ........... 291 A produção literária colonial..................................... 293 O Quinhentismo ......................................................... 294 Leitura Carta (fragmento), de Pero Vaz de Caminha ......................... 295 Carta de Pero Vaz, de Murilo Mendes ................................. 295 O Barroco....................................................................296
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Leitura À cidade da Bahia, de Gregório de Matos ............................298 Leitura Boca do inferno (fragmento), de Ana Miranda ......................300 O Neoclassicismo ........................................................ 301 Leitura Aleijadinho, de Fernando Paixão ........................................ 303 Leitura Lira XXXIV (fragmento) e Lira LXXXI, de Tomás Antônio Gonzaga ...........................................305 Atividades.......................................................................306
CAPÍTULO 10 A poesia romântica ..................... 310
Primeira leitura Canção do exílio, de Gonçalves Dias ................................... 310 O Romantismo ............................................................ 312 Leitura Do grotesco e do sublime (fragmento do prefácio), de Victor Hugo ............................................................ 313 Características do Romantismo ................................... 314 Leitura Grande cascata da Tijuca, de Araújo Porto-Alegre................. 315 Mata reduzida a carvão, de Félix-Émile Taunay ..................... 315 Leitura Leito de folhas verdes, de Gonçalves Dias ............................ 317 Leitura Meu sonho, de Álvares de Azevedo .................................... 319 Leitura O navio negreiro (fragmento), de Castro Alves ...................... 320 Atividades....................................................................... 322
CAPÍTULO 11 O romance romântico ................. 325
Primeira leitura Iracema: lenda do Ceará (fragmento), de José de Alencar ....... 325 Senhora (fragmento), de José de Alencar ............................. 325 Luizinha (fragmento), de Manuel Antônio de Almeida ............ 326 A prosa romântica ...................................................... 328 Leitura Pedilúvio sentimental (fragmento), de Joaquim Manuel de Macedo.................................................................. 330 O nascimento do herói (fragmento), de Manuel Antônio de Almeida ................................................................. 331 Leitura Seixas (fragmento), de José de Alencar ............................... 333 Atividades....................................................................... 335
CAPÍTULO 12 O Realismo, o Naturalismo e o Parnasianismo ....................... 337
Primeira leitura O enterro de Atala, de Anne-Louis Girodet .......................... 337 Enterro em Ornans, de Gustave Courbet .............................. 337 Leitura Mais luz!, de Antero de Quental ........................................ 339 A geração materialista ...............................................340 O suporte intelectual da Geração Materialista ou Geração de 70 ........................................................340 O surgimento das Escolas Realistas ......................... 341 O Realismo-Naturalismo em Portugal ......................... 343 Leitura O crime do padre Amaro [...] (fragmento), de Machado de Assis ....................................................344 O crime do padre Amaro (fragmento), de Eça de Queirós ........................................................ 345 O Realismo e o Naturalismo no Brasil ..........................346 Leitura Vagão de terceira classe, de Honoré Daumier .......................348 Leitura O cortiço (fragmento), de Aluísio Azevedo ........................... 349 Leitura O mulato (fragmentos), de Aluísio Azevedo .......................... 351 Leitura O cortiço (fragmentos), de Aluísio Azevedo .......................... 353 Leitura O Ateneu (fragmento 1), de Raul Pompeia ........................... 356 O Ateneu (fragmento 2), de Raul Pompeia ........................... 357 As Escolas Realistas e o Parnasianismo.................... 358 Leitura Nel mezzo del camin..., de Olavo Bilac ................................ 358 A estética parnasiana.................................................. 361
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A arte acadêmica ........................................................ 361 Atividades....................................................................... 363
Atividades....................................................................... 456 Da teoria à prática .......................................................... 458
CAPÍTULO 13 O Realismo psicológico de Machado de Assis ....................... 365
CAPÍTULO 10 Palavras invariáveis..................... 460
Primeira leitura Olhos de ressaca, de Machado de Assis .............................. 365 O penteado, de Machado de Assis ..................................... 366 O Realismo machadiano ............................................ 369 Estudo dos principais romances machadianos ............. 370 Leitura Virgília?, de Machado de Assis .......................................... 371 Leitura Quincas Borba (fragmento), de Machado de Assis ................. 374 Os contos de Machado de Assis .................................. 376 Os recursos estilísticos ................................................ 377 Atividades....................................................................... 379
CAPÍTULO 14 O Simbolismo e o Pré-Modernismo no Brasil.......... 382
Primeira leitura Antífona, de Cruz e Sousa ................................................382 O simbolismo no Brasil ..............................................383 Características do Simbolismo.....................................385 Leitura Dor negra, de Cruz e Sousa............................................... 387 O Pré-Modernismo no Brasil .....................................389 Leitura Como imagino o Municipal amanhã, de João do Rio ..............389 Características do Pré-Modernismo no Brasil .............. 392 Principais escritores e obras do Pré-Modernismo brasileiro ......................................... 392 Leitura Versos íntimos, de Augusto dos Anjos................................. 393 Leitura Urupês (fragmento), de Monteiro Lobato ............................. 397 Os sertões (fragmento), de Euclides da Cunha ...................... 398 Triste fim de Policarpo Quaresma (fragmento), de Lima Barreto ........................................................... 399 Atividades.......................................................................400
GRAMÁTICA CAPÍTULO 8 Pronome ......................................... 403 Introdução................................................................... 403 Pronome ...................................................................... 403 Conceito e classificação geral ...................................... 403 Estudo dos pronomes (1.ª parte) ...............................404 Pronomes pessoais .....................................................404 Pronomes possessivos ................................................ 411 Atividades....................................................................... 413 Estudo dos pronomes (2.ª parte) ............................... 416 Pronomes demonstrativos .......................................... 416 Pronomes indefinidos ................................................. 419 Pronomes relativos ..................................................... 421 Pronomes interrogativos............................................. 425 Atividades....................................................................... 426 Da teoria à prática .......................................................... 428
CAPÍTULO 9 Verbo .............................................. 431 Introdução................................................................... 431 Verbo ........................................................................... 432 Conceito ..................................................................... 432 Estudo do verbo (1.ª parte) ........................................ 432 As conjugações verbais ............................................... 433 As flexões do verbo .................................................... 433 Os tempos verbais na composição dos modos ............. 436 Atividades.......................................................................444 Estudo do verbo (2.ª parte) ........................................446 Classificações dos verbos ............................................446 A flexão de “voz verbal” .............................................448 Aspecto verbal — as diferentes durações do tempo .... 451 Correlações entre tempos verbais ............................... 452 Conjugação de alguns verbos ..................................... 453
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Introdução...................................................................460 Estudo das palavras invariáveis (1.ª parte) ...............460 Advérbio.....................................................................460 Atividades....................................................................... 465 Estudo das palavras invariáveis (2.ª parte) ............... 467 Preposição .................................................................. 467 Conjunção................................................................... 469 Interjeição .................................................................. 471 Atividades....................................................................... 472 Da teoria à prática .......................................................... 475
CAPÍTULO 11 Sintaxe – conceitos gerais Sujeito e predicado ..................... 478 Introdução................................................................... 478 Sintaxe — conceitos gerais ....................................... 478 A organização dos enunciados: seleção, ordenação e combinação das palavras ............................................ 478 Análise sintática ......................................................... 479 Sujeito e predicado .................................................... 481 Estudo do sujeito (1.ª parte) .......................................482 A relação morfossintática “sujeito-substantivo” .........482 Características do sujeito ............................................484 Atividades.......................................................................486 Estudo do sujeito (2.ª parte).......................................487 As classificações do sujeito .........................................487 Oração sem sujeito .....................................................489 Atividades....................................................................... 491 Da teoria à prática .......................................................... 493
CAPÍTULO 12 Os verbos no predicado Termos associados ao verbo ...... 496 Introdução...................................................................496 Tipos de verbo no predicado ....................................496 Verbo de ligação .........................................................496 Verbo significativo ......................................................498 Atividades.......................................................................500 Termos associados ao verbo (1.ª parte) ..................... 501 Objeto direto e objeto indireto ................................... 501 Atividades.......................................................................504 Termos associados ao verbo (2.ª parte) ....................506 Agente da passiva.......................................................506 Adjunto adverbial .......................................................509 Atividades....................................................................... 510 Da teoria à prática .......................................................... 512
CAPÍTULO 13 Termos associados a nomes Vocativo ....................................... 515 Introdução................................................................... 515 Termos associados a nomes (1.ª parte) ..................... 515 Adjunto adnominal ..................................................... 515 Predicativo.................................................................. 517 Atividades....................................................................... 520 Termos associados a nomes (2.ª parte) ..................... 522 Complemento nominal................................................ 522 Aposto ........................................................................ 524 Vocativo ...................................................................... 525 Atividades....................................................................... 526 Da teoria à prática .......................................................... 528
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS CAPÍTULO 6 Resumo e resenha ......................... 532 Primeira leitura A noiva cadáver, resenha de H. P. A., aluno do Ensino Médio .................................................. 532 Resumo e resenha ...................................................... 534 Resenha de crônicas .................................................... 534
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Leitura Viajantes e apaixonados em transe, de Milton Hatoum........... 534 O que será que será?, de Danuza Leão ................................ 535 Atividades: Produção......................................................... 536 Leitura Relato subjetivo, de S. G. S., aluna do Ensino Médio .............. 537 Atividades: Produção......................................................... 538 Critérios de avaliação e reelaboração ............................ 538 Atividade ........................................................................ 538
CAPÍTULO 7 Diário pessoal ................................ 539 Primeira leitura Sábado, 18 de fevereiro (fragmento de Minha vida de menina), de Helena Morley ........................................ 539 Diário pessoal .............................................................540 O predomínio da narração ..........................................540 Atividade ........................................................................540 A presença de elementos descritivos...........................540 Atividades.......................................................................540 A presença de elementos dissertativo-argumentativos....................................... 541 Atividade ........................................................................ 541 Atividades: Leitura e produção .............................................542 Critérios de avaliação e reelaboração ............................ 543 Atividade: Produção ..........................................................544
CAPÍTULO 8 Relatório ........................................ 545 Primeira leitura Relatório ao Governo do Estado de Alagoas, de Graciliano Ramos .....................................................545 Os recursos expressivos do relatório ....................... 547 A relação texto-contexto ............................................ 547 Leitura Relatório sobre estudo do meio na cidade litorânea de Iguape, T., L., R., alunos do Ensino Médio .....................548 Atividades: Leitura e produção .............................................549 Critérios de avaliação e reelaboração ............................ 551 Atividades: Leitura e produção ............................................. 552
CAPÍTULO 9 Do relato à narrativa ficcional ..... 553 Primeira leitura A volta do Messias, de Fernando Bonassi ............................ 553 O relato: objetivo e ponto de vista .......................... 554 Os elementos fundamentais da narrativa ficcional ... 554 Atividade: Produção .......................................................... 556 Caracterização dos personagens ................................. 556 Atividades: Produção......................................................... 557 Os personagens falam ................................................ 557 Atividades: Leitura e produção ............................................. 560 Critérios de avaliação e reelaboração ............................ 560 Atividades: Leitura e produção ............................................. 561
CAPÍTULO 10 Enredo linear ............................... 562 Primeira leitura Fábulas italianas (fragmento), de Italo Calvino...................... 562 Enredo ......................................................................... 562 O enredo linear ........................................................... 562 Leitura Uma vida ao lado, de Marina Colasanti ............................... 563 Atividades.......................................................................564 Atividades: Leitura e produção ............................................. 566 Critérios de avaliação e reelaboração ............................568 Atividades: Leitura e produção .............................................568
Atividades....................................................................... 572 O efeito lírico e a condensação da linguagem ............. 573 Atividades: Leitura e produção ............................................. 573 Atividades: Leitura e produção ............................................. 574 Critérios de avaliação e reelaboração ............................ 575 Atividades: Leitura e produção ............................................. 576
LITERATURA CAPÍTULO 15 As vanguardas artísticas europeias e a Semana de Arte Moderna .............................. 579 Primeira leitura Carta a Manuel Bandeira, de Mário de Andrade ................... 579 As vanguardas artísticas europeias .........................580 Futurismo ...................................................................580 Leitura Ode triunfal, de Álvaro de Campos .....................................582 Cubismo .....................................................................582 Dadaísmo ...................................................................584 Surrealismo................................................................. 585 Leitura Estudo n.º 6, de Murilo Mendes ..........................................586 Leitura Ode ao burguês (fragmento), de Mário de Andrade ............... 587 A Semana de Arte Moderna......................................589 Leitura Tarsila (fragmento), de Maria Adelaide Amaral .....................589 As primeiras décadas do século XX — o país a caminho da modernidade............................... 593 Como foi a Semana e sua repercussão ........................ 594 Leitura Paranoia ou mistificação?, de Monteiro Lobato ..................... 596 Atividades....................................................................... 597
CAPÍTULO 16 A primeira geração modernista brasileira.................. 599 Primeira leitura Macunaíma [o filme de Joaquim Pedro de Andrade], de Orlando L. Fassoni.................................................... 599 Joaquim Pedro de Andrade reinventa Oswald, de José Geraldo Couto ............................................................. 599 A primeira geração modernista (1922-1930)............ 602 As subcorrentes da primeira geração modernista........ 603 As propostas modernistas de Mário de Andrade......... 603 As propostas modernistas de Oswald de Andrade ......605 Principais escritores e obras da primeira geração modernista ....................................................606 Leitura Macunaíma (fragmento), de Mário de Andrade ..................... 607 Leitura A carta de Pero Vaz de Caminha (fragmento), de Sílvio Castro (Org.) ................................................... 611 Macunaíma (fragmento), de Mário de Andrade ..................... 611 Leitura Poética (fragmento), de Manuel Bandeira ............................ 612 Atividades....................................................................... 614
CAPÍTULO 11 Enredo não linear e tipos de narrador ........................ 569
CAPÍTULO 17 A segunda geração modernista brasileira: poesia................................................... 615
Primeira leitura Tantas mulheres, de Dalton Trevisan ................................... 569 O conto ........................................................................ 571 Atividades....................................................................... 571 O enredo não linear .................................................... 571 Principais tipos de narrador ........................................ 571 Atividades....................................................................... 572 O uso do pretérito mais-que-perfeito e a verossimilhança da narrativa .................................... 572
A segunda geração modernista (1930-1945) ........... 617 Características literárias da segunda geração modernista ................................................................. 617 Leitura Poema de sete faces, de Carlos Drummond de Andrade ......... 618 Principais escritores e obras da segunda geração modernista (poesia) .................................................... 621
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Primeira leitura O fim da poesia?, de Nelson Ascher .................................... 615
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Leitura Poema dos olhos da amada (fragmento), de Vinicius de Moraes ................................................... 621 Leitura Reinvenção (fragmento), de Cecília Meireles ........................ 623 Leitura Pré-História, de Murilo Mendes ......................................... 624 Leitura Anunciação e encontro de Mira-Celi, de Jorge de Lima ........... 625 Leitura Política literária, de Carlos Drummond de Andrade ................ 627 Nosso tempo (fragmento), de Carlos Drummond de Andrade ................................................................. 628 Atividades....................................................................... 629
CAPÍTULO 18 A segunda geração modernista brasileira: prosa........................... 631 Primeira leitura Paulo Emilio entrevista Leon Hirszman ................................ 631 A prosa neorrealista no Brasil................................... 633 Principais escritores e obras do Neorrealismo brasileiro............................................... 633 Leitura Fogo morto (fragmento), de José Lins do Rego ..................... 634 Leitura Vidas secas (fragmento), de Graciliano Ramos ...................... 637 São Bernardo (fragmento), de Graciliano Ramos ................... 638 Atividades.......................................................................640
CAPÍTULO 19 A terceira geração modernista brasileira ...................................... 642 Primeira leitura O homem provisório (fragmento), de Geraldo Alencar .......................................................642 A terceira geração modernista .................................644 Características literárias da terceira geração modernista .......................................644 Principais escritores e obras da terceira geração modernista .......................................645 Leitura Grande sertão: veredas (fragmentos), de João Guimarães Rosa ................................................646 Leitura A hora da estrela (fragmento), de Clarice Lispector ................649 Leitura Morte e vida severina (fragmento), de João Cabral de Melo Neto .............................................................. 651 Atividades....................................................................... 652
CAPÍTULO 20 A poesia de Fernando Pessoa .... 654 Primeira leitura Carta de Fernando Pessoa a Adolfo Casais Monteiro ............. 654 Fernando Pessoa, o criador de poetas, o multiplicador de eus ............................................... 656 Álvaro de Campos, o poeta das sensações do homem moderno ........................................................ 656 Leitura Lisbon revisited, de Álvaro de Campos ................................ 657 Ricardo Reis, o poeta neoclássico ................................ 657 Leitura Ode, de Ricardo Reis ....................................................... 658 Alberto Caeiro, o poeta-pastor ................................... 658 Leitura O guardador de rebanhos (IX), de Alberto Caeiro .................. 658 Fernando Pessoa ortônimo: o poeta-filósofo, que conjuga lucidez e vidência.................................... 659 Leitura Mar portuguez, de Fernando Pessoa................................... 659 Atividades....................................................................... 662
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CAPÍTULO 21 Tendências contemporâneas das literaturas africanas de expressão portuguesa ................ 663
Primeira leitura Terra sonâmbula (fragmento), de Mia Couto......................... 663 As literaturas africanas de expressão portuguesa ... 665 Leitura A fronteira de asfalto (fragmento), de José Luandino Vieira .................................................666 A literatura de Angola ................................................ 669 Leitura Eu, mulher (fragmento), de Paulina Chiziane ........................ 670 A literatura de Moçambique ....................................... 672 Leitura Quando a literatura é imprescindível, de José Eduardo Agualusa ............................................. 673 Atividades....................................................................... 675
CAPÍTULO 22 Tendências contemporâneas da literatura brasileira ................ 678 Primeira leitura Contistas do fim do mundo (fragmento), de Nelson de Oliveira .................................................... 678 Brasil: tendências contemporâneas..........................680 Características literárias das tendências contemporâneas da literatura brasileira ......................680 Leitura Mar azul, de Ferreira Gullar ..............................................682 Não há vagas, de Ferreira Gullar ........................................682 Leitura Nação de pária, de Nelson Ascher......................................685 Mundo mudo, de Donizete Galvão .....................................685 Leitura Socorrinho, de Marcelino Freire .........................................689 Atividades....................................................................... 693
GRAMÁTICA CAPÍTULO 14 Período composto por subordinação Orações subordinadas substantivas ................................ 697 Introdução................................................................... 697 Período composto por subordinação ....................... 697 Oração principal e oração subordinada ....................... 697 Tipos de orações subordinadas ................................... 698 Orações subordinadas substantivas......................... 699 Conceito ..................................................................... 699 Classificação das subordinadas substantivas ............... 699 As orações substantivas nos textos ............................. 703 Atividades....................................................................... 704 Da teoria à prática .......................................................... 706
CAPÍTULO 15 Orações subordinadas adjetivas....................................... 708 Introdução................................................................... 708 Orações subordinadas adjetivas ............................... 708 Conceito ..................................................................... 708 Classificação das subordinadas adjetivas .................... 709 As orações adjetivas nos textos .................................. 711 Atividades....................................................................... 712 Da teoria à prática .......................................................... 714
CAPÍTULO 16 Orações subordinadas adverbiais .................................... 716 Introdução................................................................... 716 Orações subordinadas adverbiais ............................ 716 Conceito ..................................................................... 716 Classificação das subordinadas adverbiais (1.ª parte) ...... 717 Atividades....................................................................... 719 Classificação das subordinadas adverbiais (2.ª parte) ...... 721 As orações adverbiais nos textos ................................ 723 Atividades....................................................................... 724 Da teoria à prática .......................................................... 726
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CAPÍTULO 17 Período composto por coordenação Período composto por coordenação e subordinação ...... 728 Introdução................................................................... 728 Período composto por coordenação ........................ 728 Conceito de oração coordenada .................................. 728 Classificação das coordenadas sindéticas .................... 729 As orações coordenadas nos textos ............................ 731 Período composto por coordenação e subordinação ........................................................... 732 Atividades....................................................................... 733 Da teoria à prática .......................................................... 735
CAPÍTULO 18 Concordância nominal ................ 738 Introdução................................................................... 738 O conceito de concordância ........................................ 738 Concordância nominal ............................................... 739 Regra geral ................................................................. 739 Concordância do adjetivo com vários substantivos ..... 739 Outros casos de concordância nominal ....................... 741 Atividades....................................................................... 744 Da teoria à prática .......................................................... 746
CAPÍTULO 19 Concordância verbal ................... 749 Introdução................................................................... 749 Principais regras de concordância verbal (1.ª parte) .......................................................... 749 Concordância do verbo com o sujeito simples ............. 749 Atividades....................................................................... 755 Principais regras de concordância verbal (2.ª parte) .......................................................... 757 Concordância do verbo com o sujeito composto ......... 757 Atividades....................................................................... 759 Principais regras de concordância verbal (3.ª parte) .......................................................... 760 Concordância do verbo “ser” ...................................... 761 Empregos dos verbos impessoais ................................ 763 Atividades....................................................................... 764 Da teoria à prática .......................................................... 766
CAPÍTULO 20 Regência Crase............................................. 769 Regência nominal e regência verbal ........................ 769 O conceito de regência................................................ 769 Regência verbal (1.ª parte) ......................................... 770 Pré-requisitos para o estudo da regência verbal.......... 770 A regência verbal e a adequação à situação de uso ..... 771 Regência de alguns verbos.......................................... 772 Atividades....................................................................... 776 Regência verbal (2.ª parte) ......................................... 778 Regência de alguns verbos.......................................... 778 Atividades....................................................................... 781 Crase ............................................................................ 783 Introdução .................................................................. 783 Conceito ..................................................................... 783 Ocorrências de crase ...................................................784 Atividades....................................................................... 785 Da teoria à prática .......................................................... 787
CAPÍTULO 21 Colocação pronominal ................ 790 Introdução................................................................... 790 Os pronomes pessoais: retos e oblíquos ................. 790 Posicionamento dos oblíquos átonos ...................... 790 As três posições dos oblíquos átonos .......................... 790 Orientações práticas ................................................... 791 A eufonia na colocação pronominal ............................ 791 Colocação pronominal na língua culta..................... 792 Próclise ....................................................................... 792 Mesóclise .................................................................... 793 Ênclise ........................................................................ 794 Colocação pronominal nas locuções verbais ................ 795
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Atividades....................................................................... 796 Da teoria à prática .......................................................... 798
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS CAPÍTULO 12 Linguagem e ponto de vista ...... 802 Primeira leitura Suriá, de Laerte ..............................................................802 Atividades: Leitura e produção ............................................. 803 Critérios de avaliação e reelaboração ............................805 Atividades: Leitura e produção .............................................806
CAPÍTULO 13 Dissertação argumentativa ........ 807 Primeira leitura Artigo de opinião, de Carl Sagan ....................................... 807 Elementos da dissertação argumentativa ............... 807 Atividades: Leitura e produção .............................................808 A dissertação clássica: introdução, desenvolvimento, conclusão .....................................809 Atividades: Leitura e produção .............................................809 Critérios de avaliação e reelaboração ............................ 811 Atividades: Leitura e produção ............................................. 812
CAPÍTULO 14 Dissertar e descrever: a delimitação do tema ................ 814 Primeira leitura Os corpos descarnados das passarelas, de Paula Sibilia .......... 814 Alguns recursos argumentativos .............................. 816 Os períodos interrogativos ......................................... 816 O uso de elementos descritivos ................................... 817 Atividade: Produção .......................................................... 817 O tema ......................................................................... 818 Como delimitar o tema ............................................... 818 Atividades: Leitura e produção ............................................. 818 Transformando tema em pergunta.............................. 820 Atividade: Leitura e produção .............................................. 821 Critérios de avaliação e reelaboração ............................ 823 Atividades....................................................................... 824
CAPÍTULO 15 Dissertar e narrar: assumindo um ponto de vista ....................... 825 Primeira leitura A esperança como dever, de Celso Athayde, MV Bill e Luiz Eduardo Soares...................................................... 825 Assumindo um ponto de vista .................................. 827 Atividades: Leitura e produção ............................................. 829 Diferentes textos — diferentes pontos de vista ..........830 Atividades: Leitura e produção .............................................830 Critérios de avaliação e reelaboração ............................ 832 Atividades: Leitura e produção ............................................. 832
CAPÍTULO 16 Argumentação A importância dos exemplos Carta ............................................. 834 Primeira leitura Carta a um adolescente, de Rubem Alves ............................834 Atividades: Leitura e produção ............................................. 836 A argumentação causal — o(s) porquê(s) ................ 837 Atividade: Leitura e produção ..............................................838 Causas das causas e consequências das consequências ...................................................... 839 A importância dos exemplos .................................... 839 Atividade: Leitura e produção ..............................................840 Atividades....................................................................... 841 A carta argumentativa...............................................842 Atividade: Leitura e produção ..............................................843 Critérios de avaliação e reelaboração ............................844 Atividades.......................................................................845 Referências e lista de siglas ...........................................846
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Sumário – Parte I LITERATURA
GRAMÁTICA
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 1
Literatura: a arte da palavra | 15
Gramática... gramáticas... | 125
Gêneros textuais | 256
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 3
O texto literário | 36
Noções de semântica | 163
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 4
Os gêneros literários | 48
Figuras de linguagem | 183
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 5
Literatura e realidade: representação e invenção | 23
A poesia lírica | 64
CAPÍTULO 6 O teatro | 78
CAPÍTULO 7 As grandes escolas literárias | 94
CAPÍTULO 8
Noções de variações linguísticas | 149
Estrutura e formação de palavras | 205
Linguagens: entre textos, entre linhas | 263 A enumeração e os gêneros textuais | 269
CAPÍTULO 4 Notícia | 276
CAPÍTULO 5
Crônica e poema em jornais | 282
CAPÍTULO 6 Substantivo • Adjetivo | 220
CAPÍTULO 7 Artigo • Numeral | 244
NikoNomad/Shutterstock.com
Camões e o Renascimento | 107
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Felipe Nunes
LITERATURA
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capítulo
1
Literatura: a arte da palavra
PRIMEIRA LEITURA
Hendrick Martensz Sorgh. 1661. Óleo sobre painel, 51,5 cm × 38,5 cm. Found collection Rijksmuseum, Amsterdã. Foto: Heritage/Glow Images
Iniciamos agora o curso de literatura, que se desenvolverá nos próximos anos. Será um curso diferente. Afinal, seu objeto é uma arte — a arte da palavra. Todas as informações e explicações que ele lhe fornecer serão importantes, mas o mais importante mesmo, o essencial, é que você desenvolva sua sensibilidade e sua capacidade de observação e de leitura. Neste capítulo, discutiremos um pouco sobre o que é arte e o que é literatura. Por isso, apresentamos, para primeira “leitura” (com aspas, dando à palavra o significado amplo de “interpretação” de qualquer realidade, não apenas de decodificação do texto escrito), a reprodução de três pinturas: uma de um pintor holandês do século XVII, e duas de um consagrado artista catalão do século XX.
SORGH, H. M. O tocador de alaúde, 1661.
Hendrick Martensz Sorgh (1610-1670) Pintor holandês do século XVII, nascido em Roterdã, especializado em representações de cenas de interior, da vida doméstica, marinhas, históricas e retratos.
Literatura: a arte da palavra
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Joan Miró. 1967. Óleo sobre tela, 205 cm × 173 cm. Fundação Joan Miró. Barcelona. Foto: Alamy/Fotoarena © Successión Miró/AUTVIS, Brasil, 2016
Joan Miró. 1928. Óleo sobre tela, 92 cm × 73 cm. Museu de Arte Moderna, Nova York. Foto: Album/Fotoarena © Successión Miró/ AUTVIS, Brasil, 2016
MIRÓ, Joan. Interior holandês I, 1928.
MIRÓ, Joan. O ouro do azul, 1967.
Joan Miró (1893-1983) Artista catalão, nascido em Barcelona. Foi pintor, ceramista, gravurista. Sua obra está ligada ao Surrealismo.
Surrealismo: movimento artístico do século XX que pretendia, segundo André Breton, “resolver a contradição até agora vigente entre sonho e realidade pela criação de uma realidade absoluta, uma suprarrealidade”.
Em tom de conversa Seguindo as orientações do(a) professor(a), exponha para seus colegas as impressões que as pinturas lhe causaram. Eis um pequeno roteiro para organizar a conversa: • Você gostou das pinturas? De qual mais gostou? De qual gostou menos? Por quê? • Que relação se percebe entre O tocador de alaúde, pintada por Sorgh no século XVII, e Interior holandês I, pintada por Miró no século XX? Ajude seus colegas a encontrar detalhes semelhantes nas duas obras. • Observando as duas primeiras pinturas, qual delas lhe parece mais fiel à realidade representada e qual mais a “distorce”? E a terceira, o que ela representa? • Para muitas pessoas, o principal valor artístico de uma obra de arte reside na fidelidade da representação, ou seja, na grande semelhança entre ela e a realidade retratada. Você concorda com esse critério de julgamento das obras de arte? Por quê?
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PARA VER NA REDE
Para conhecer outras obras de Sorgh e Miró, visite os sites: Obras de Sorgh • Disponível em: <http://ftd.li/3udeam>. Acesso em: 18 abr. 2016. Obras de Miró • Disponível em: <http://ftd.li/is36xf>. Acesso em: 18 abr. 2016. • Disponível em: <http://ftd.li/fpwk2z>. Acesso em: 18 abr. 2016.
CAPÍTULO 1
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LEITURA Neste texto, o historiador da arte Horst Waldemar Janson procura esclarecer o que é arte. Não é uma tarefa simples nem fácil. Observe que o autor relativiza constantemente as definições, ou melhor, as aproximações da ideia de arte: “para nós”, “antes de mais nada”, “muitas vezes”, “costuma ser definida”.
O que é arte? “Por que isto é arte?” “O que é arte?” Poucas perguntas provocarão polêmica mais acesa e tão poucas respostas satisfatórias. Embora não cheguemos a nenhuma conclusão definitiva, podemos ainda assim lançar alguma luz sobre estas questões. Para nós, arte é, antes de mais nada, uma palavra, uma palavra que reconhece quer o conceito de arte, quer o fato de sua existência. Sem a palavra, poderíamos até duvidar da própria existência da arte, e é um fato que o termo não existe na língua de todas as sociedades. No entanto, faz-se arte em toda a parte. A arte é, portanto, também um objeto, mas não é um objeto qualquer. A arte é um objeto estético, feito para ser visto e apreciado pelo seu valor intrínseco. As suas características especiais fazem da arte um objeto à parte, por isso mesmo muitas vezes colocado à parte, longe da vida cotidiana, em museus, igrejas ou cavernas. E o que se entende por estético? A estética costuma ser definida como “o que diz respeito ao que é belo”. JANSON, H. W. História geral da arte. Adaptação e preparação do texto para a edição brasileira de Maurício Balthazar Leal. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001. p. 11-12.
Releitura
O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS A primeira coisa a se dizer é que arte hoje pode ser muitas coisas. Diferentemente do que ocorria até fim do século XIX ou meados do século XX, em que a palavra “arte” significava “obra”. E as obras artísticas tinham características muito específicas, carregavam a ideia de serem obras únicas, com valores transcendentes, e não um valor imediato que se refere à vida e ao cotidiano. No entanto, à medida que os processos experimentais nas artes se desenvolveram de maneira rápida e violenta, a partir das décadas de 1950 e 1960, mais especificamente a partir da Pop Art, houve uma grande explosão de linguagens e tendências, o que ampliou o sentido da ideia de arte. Desse modo, não há um conceito de arte fechado. A arte é aquilo que você encontra como arte. O que isso quer dizer? A arte não pode ser avaliada, sem considerar o lugar em que ela foi produzida, ou seja, em seu contexto. UTUARI, Solange; LIBÂNEO, Daniela; SARDO,Fábio; FERRARI, Pascoal. Por toda parte. São Paulo: FTD, 2015. p. 40. (Coleção 360°).
Escreva no caderno
1. Identifique as afirmações que podem ser corretamente deduzidas do texto de H. W. Janson (releia o texto, ou partes dele, todas as vezes que julgar necessário). a) Não existe um conceito de arte. Trata-se apenas de uma palavra utilizada para encobrir esse vazio conceitual. b) É tal a complexidade do conceito de arte que nem mesmo os especialistas conseguem chegar a uma definição satisfatória e consensual. c) Se em nossa cultura existe a palavra arte e realidades identificadas como obras de arte, então existem um conceito e realizações humanas que concretizam esse conceito. Mas podemos duvidar de que seja um conceito universal, existente em todas as culturas. d) Sendo a arte um objeto estético, podemos dizer que tudo que é belo pode ser considerado arte. e) Para ser considerado obra de arte, um objeto deve ser belo, perfeito e adequado à utilidade prática para a qual foi produzido. f) Ao afirmar que o objeto estético é “feito para ser visto e apreciado pelo seu valor intrínseco”, Janson exclui da definição de arte as funções práticas e utilitárias que as obras possam ter. Literatura: a arte da palavra
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2. Ao comentar os quadros de Sorgh e Miró, você discutiu um critério de julgamento muito comum: o principal valor artístico de uma pintura estaria na fidelidade da representação, ou seja, a obra de arte deveria imitar a aparência do mundo real. Escreva, agora, um pequeno texto respondendo novamente à questão: Você concorda com esse critério de julgamento? Em sua resposta, leve em consideração a definição de arte dada por H. W. Janson. Valor intrínseco: é dado pelas características da obra independentemente de sua utilidade e instrumentalidade. Para reconhecer esses valores, perguntamos o que é e como é a obra (sua estrutura, as relações internas). Valor extrínseco: é dado pelas finalidades que não fazem parte de sua constituição. Toda obra possui valores extrínsecos e eles são importantes. Mas não são eles que tornam arte uma obra. Um poema de protesto é obra de arte, mas não pela sua finalidade. Se o fosse, um manifesto publicado em um jornal também o seria.
O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS “Por que isto é arte?” “O que é arte?”. Poucas perguntas provocarão polêmica mais acesa e tão poucas respostas satisfatórias”. Veja algumas definições de arte formuladas por artistas e especialistas: “Isto é arte? Arte é isto.” (Waltércio Caldas Jr.) “Se alguém chama isto de arte, então é arte.” (Donald Judd) “A arte pode ser ruim, boa ou indiferente, mas qualquer que seja o adjetivo empregado, temos que chamá-la arte. A arte ruim é arte, do mesmo modo que uma emoção ruim é uma emoção.” (Marcel Duchamp) “Chegou a hora da antiarte. Com as apropriações eu descobri a inutilidade da chamada elaboração da obra de arte. Está na capacidade do artista declarar se isso é ou não uma obra de arte. Tanto faz que seja uma coisa ou uma pessoa viva.” (Hélio Oiticica) MORAIS, Frederico. Arte é o que eu e você chamamos arte: 801 definições sobre arte e o sistema da arte. Rio de Janeiro: Record, 2002.
A LITERATURA A arte da literatura existe há alguns milênios. Entretanto, sua natureza e suas funções continuam objeto de discussão, principalmente para os artistas. Como qualquer outra arte, é uma criação humana; por isso sua definição constitui uma tarefa tão difícil. O homem, como ser histórico, tem anseios, necessidades e valores que se modificam constantemente. Suas criações — entre elas a literatura — refletem seu modo de ver a vida e de estar no mundo. Assim, ao longo da História, a literatura foi concebida de diferentes maneiras. Mesmo os limites entre o que é e o que não é literatura variaram com o tempo. Tentemos, portanto, a definição mais abrangente possível, que atenda à concepção da literatura em nosso tempo:
Literatura é a arte que utiliza a palavra como matéria-prima de suas criações. No poema ao lado, Cassiano Ricardo procura definir a poesia, parodiando a definição de ilha dos antigos livros de Geografia. O poeta parece diferenciar a linguagem da poesia da linguagem comum, que a cerca “por todos os lados”. Mas a poesia só pode brotar da palavra, arduamente trabalhada no poema. Uma obra literária — um poema, um conto, um romance... — tem alguma coisa em comum com um quadro ou uma canção, embora seja muito diferente destes. A obra de arte tem um valor intrínseco — uma qualidade estética — que a distingue das obras realizadas com finalidades práticas. Do mesmo modo, a obra literária é essencialmente diferente dos textos produzidos em nossa vida prática, como cartas, relatórios ou este texto didático que você está lendo agora. Ela possui valores intrínsecos ou valores estéticos, que são construídos com as palavras. Ela (re)inventa a realidade com as palavras. Leia os textos a seguir e constate essa afirmação.
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Poética 1 Que é a Poesia? uma ilha cercada de palavras por todos os lados. 2 Que é Poeta? um homem que trabalha o poema com o suor do seu rosto. Um homem que tem fome como qualquer outro homem. RICARDO, Cassiano. Jeremias sem-chorar. 2 ed. rev. Rio de Janeiro: José Olympio, 1968. p. 11.
CAPÍTULO 1
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LEITURA
Distribuição
ge s / F L PA / G l o w I m a b lin am
Nome científico: Delichon urbica. [...]
As andorinhas de Antônio Nobre
yH
Andorinha
TEXTO 2
To n
TEXTO 1
As andorinhas podem ser encontradas na Europa, Ásia, Norte da África e Médio Oriente.
Hábitos A andorinha-dos-beirais anuncia, no território português, a chegada da Primavera e o adeus ao frio do Inverno. Além da sua grande resistência e capacidade de orientação, a andorinha é uma ave que exibe uma grande agilidade enquanto voa, o que lhe permite fazer voos rasantes sem qualquer perigo para a sua integridade física. Durante o tempo em que nos visita, esta simpática ave faz o seu ninho, ou reconstrói o antigo, no sítio onde ela própria nasceu. Se esse espaço estiver ocupado, então, sim, procura outro lugar, nunca muito longe do ninho original. Os ninhos das andorinhas são feitos de palhas e lama. A andorinha vai transportando estes materiais no bico, até sentir que o seu ninho está perfeito e suficientemente resistente para acolher uma nova geração de aves, a sua prole. De manhã e ao fim da tarde, essas aves enchem os nossos céus de movimento, numa busca incessante de alimento, comendo todos os insectos que com ela cruzam o ar, pois são insectívoras.
Reprodução As fêmeas fazem uma postura de 4 ou 5 ovos, que depois são incubados durante cerca de 14 a 16 dias. Passado o tempo da incubação, nascem os jovens, cuja alimentação é feita por ambos os progenitores. Com a chegada do Outono, e quando a temperatura começa a baixar, as andorinhas juntam-se em grandes bandos e voam então para o Sul, à procura de temperaturas mais altas no continente africano. Algumas voam da Europa Ocidental até a África do Sul para voltar na primavera seguinte.
– Nos – fios – ten sos – da – pauta – de metal – as – an/ – do/ ri/ nhas – gritam – por – fal/ ta/ – de uma – cl’ave – de – sol RICARDO, Cassiano. Os sobreviventes. Rio de Janeiro: José Olympio, 1971. p. 66.
FIQUE SABENDO
Antônio Nobre (1867-1900) Poeta considerado um dos mais expressivos criadores do Simbolismo em Portugal.
Tamanho e esperança de vida As andorinhas medem cerca de 13 a 15 cm (comprimento) e podem viver cerca de 8 anos. Andorinha-dos-beirais. Disponível em: <http://bicharada.net/ animais/animais.php?aid=122>. Acesso em: 18 abr. 2016.
Literatura: a arte da palavra
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Releitura
Escreva no caderno
O texto 1 é uma ficha informativa, semelhante a um verbete de enciclopédia de um site. O texto 2 é um poema do poeta brasileiro Cassiano Ricardo. Responda às questões. 1. A andorinha-dos-beirais é uma ave migratória. a) Que frases e expressões do texto 1 fazem referência a essa característica? b) Utilizando seus conhecimentos de geografia, indique os meses em que se iniciam o inverno e o verão no hemisfério norte. 2. O poema possui uma só frase, cujas sílabas se separam formando os 24 versos. a) Na sua opinião, que imagem essa configuração visual do poema sugere ao leitor? b) Leia o significado de metáfora ao lado e explique o sentido que a expressão “pauta de metal” apresenta no poema. Com base nessa metáfora, reinterprete a imagem visual que você identificou na resposta ao item a. c) Por que o poema diz que as andorinhas gritam? Não seria mais apropriado dizer que cantam ou solfejam? (Para responder, leia ao lado o significado da palavra clave.) 3. Os dois textos referem-se a andorinhas europeias (Antônio Nobre, referido no título do poema, é um poeta português; portanto, suas andorinhas são europeias). a) Cassiano Ricardo poderia ter escrito apenas que “as andorinhas gritam por falta de uma clave”, ou seja, de uma clave qualquer, de sol, de fá ou de dó. Qual o outro sentido que a palavra sol sugere, no contexto? Tomando por base sua resposta, interprete: por que, realmente, as andorinhas gritam quando pousadas nos fios elétricos? b) Uma das informações que lemos na ficha informativa (texto 1) está também presente no poema, mas de modo implícito, apenas sugerido. Em que época do ano se passa a cena de “As andorinhas de Antônio Nobre”?
Comentário Podemos tirar algumas conclusões desse exercício de leitura: • Os textos não literários têm função pragmática, como o texto 1. Eles buscam precisão e clareza informativa. A forma e a linguagem em que são escritos subordinam-se a esses valores comunicativos, referenciais. Mais importante que a beleza eles podem ser belos , é a sua funcionalidade. or isso, seus autores buscam uma linguagem denotativa.
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PARA NÃO ESQUECER
Metáfora, em sentido estrito, é a substituição do significado de uma palavra por outro, a partir de uma semelhança. Disso resulta a acumulação de dois significados diferentes na mesma palavra. Em sentido amplo, é qualquer uso de palavra em sentido figurado. Exemplo: “Amar é a mais alta constelação”. Sentido metafórico é o sentido figurado atribuído a uma palavra ou expressão pelo processo da metáfora.
A metáfora, uma figura de linguagem, é trabalhada no capítulo 4 de Gramática.
clave: é o sinal colocado no início da pauta musical. Há três claves: de sol ( ), de fá ( ) e de dó ( ). É a clave que determina o nome das notas distribuídas na pauta e o grau de elevação de cada uma na escala musical (dó, ré, mi, fá, sol, lá, si). Portanto, uma pauta sem clave poderia ser lida de três modos diferentes.
PARA NÃO ESQUECER
Denotação é a relação literal e objetiva entre a palavra e o conceito que ela representa, sem sentidos derivativos ou figurados. Exemplo: pauta = pentagrama = linhas em que se escrevem as notas musicais. Conotação é o conjunto de sugestões que uma palavra agrega ao seu sentido literal (denotativo), por associações linguísticas (sonoras, estilísticas, semânticas ou apenas contextuais). Exemplo: pauta de metal = pentagrama de metal (denotação) = fios elétricos (extensão de significado, conotação).
Os conceitos de denotação e conotação são trabalhados no capítulo 4 de Gramática.
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• Os textos literários são obras de arte e, portanto, possuem valores intrínsecos (valores estéticos e expressivos, ligados ao próprio texto, como objeto artístico). Os autores buscam uma linguagem conotativa e polissêmica. “Clave de sol”, além de se referir ao símbolo de notação musical ( ), sugere também o Sol, sua luminosidade e seu calor. Esse acúmulo de significados e sugestões intensifica a expressividade do texto, que não se dirige apenas à inteligência do leitor, mas também à sua sensibilidade, sua afetividade e sua imaginação.
PARA NÃO ESQUECER
Polissemia (ou polivalência) é a multiplicidade de referências da palavra em um contexto. No texto literário, o sentido brota da tensão entre os diferentes significados. Exemplo: sol = símbolo musical; Sol (o astro) = luz, calor.
E MAIS...
Fazendo conexões A paródia é um dos processos mais comuns de recriação de obras. Pesquise na internet e encontre exemplos de paródias de obras de arte famosas. Procure também imagens das obras originais, as parodiadas. Escolha as mais interessantes para mostrar e comentar para seus colegas.
Atividades
Escreva no caderno
René Magritte. 1936. Óleo sobre tela, 56 × 65 cm. Galerie Isy Brachot, Bruxelas. Foto: Fine Art Images/Glow Images © Photothèque R. Magritte, Magritte, René/AUTVIS, Brasil, 2016
O aniversário, 1915.
Marc Chagall. 1915. Óleo sobre tela, 80,6 × 99,7 cm. Museu de Arte Moderna, Nova York. Foto: VG-Bild-Kunst Bonn/Fine Art Images/Glow Images © Chagall, Marc/ AUTVIS, Brasil, 2016
1. Observe atentamente o quadro de Marc Chagall (artista russo, 1887-1985) e o de René Magritte (artista belga, 1898-1967).
Clarividência, 1936.
Literatura: a arte da palavra
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a) Qual dos dois quadros distorce mais intensamente as formas da natureza? Justifique. b) No segundo quadro, vemos Magritte pintando, numa tela, a figura de uma ave. Explique por que, apesar da fidelidade da representação da ave, podemos dizer que o pintor foge ao senso comum e satisfaz aquela necessidade da “recriação das coisas em imagens, para terem mais vida, e da vida em poesia, para ser mais vivida”. A partir de sua resposta, explique o título Clarividência, dado ao quadro por Magritte.
PARA NÃO ESQUECER Clarividência é a qualidade ou caráter de clarividente; faculdade pela qual o médium, sem empregar os sentidos, toma conhecimento do mundo exterior. Clarividente é aquele que vê com clareza; dotado de perspicácia e intuição; prudente; diz-se da pessoa que prevê os acontecimentos.
c) No quadro de Chagall, as figuras humanas são deformadas e flutuam no ar. Faça uma interpretação da liberdade com que Chagall representou o casal de amantes no dia do aniversário.
O título Clarividência, do quadro de Magritte, é traduzido muitas vezes como Perspicácia, em português. Responda a estas duas questões sobre ele: 2. (UERJ) Pode-se definir “metalinguagem” como a linguagem que comenta a própria linguagem, fenômeno presente na literatura e nas artes em geral.
O quadro A perspicácia, do belga René Magritte, é um exemplo de metalinguagem porque: a) destaca a qualidade do traço artístico. b) mostra o pintor no momento da criação. c) implica a valorização da arte tradicional. d) indica a necessidade de inspiração concreta. 3. (UERJ) O quadro produz um estranhamento em relação ao que se poderia esperar de um pintor que observa um modelo para sua obra.
Esse estranhamento contribui para a reflexão principalmente sobre o seguinte aspecto da criação artística: a) perfeição da obra.
c) representação do real.
b) precisão da forma.
d) importância da técnica.
4. (Enem/MEC) Leia o que disse João Cabral de Melo Neto, poeta pernambucano, sobre a função de seus textos: Falo somente com o que falo: a linguagem enxuta, contato denso; falo somente do que falo: a vida seca, áspera e clara do sertão; falo somente por quem falo: o homem sertanejo sobrevivendo na adversidade e na míngua. Falo somente para quem falo: para os que precisam ser alertados para a situação da miséria no Nordeste.
Para João Cabral de Melo Neto, no texto literário,
a) a linguagem do texto deve refletir o tema, e a fala do autor deve denunciar o fato social para determinados leitores. b) a linguagem do texto não deve ter relação com o tema, e o autor deve ser imparcial para que seu texto seja lido. c) o escritor deve saber separar a linguagem do tema e a perspectiva pessoal da perspectiva do leitor. d) a linguagem pode ser separada do tema, e o escritor deve ser o delator do fato social para todos os leitores. e) a linguagem está além do tema, e o fato social deve ser a proposta do escritor para convencer o leitor.
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