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º.
Solange Utuari • Carlos Kater • Bruno Fischer • Pascoal Ferrari
ACOMPANHA CD EM ÁUDIO
Componente curricular: Arte
ISBN 978-85-20-00273-5
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788520 002735
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º.
ano Anos finais do Ensino Fundamental Componente curricular: Arte
Anos finais do Ensino Fundamental Componente curricular: Arte
SOLANGE DOS SANTOS UTUARI FERRARI Mestre em Artes (área: Artes Visuais) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp). Licenciada em Educação Artística pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC-SP). Especialização em Antropologia pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP). Especialização em Arte-Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Artista plástica e ilustradora, formadora de educadores em Arte, assessora de projetos educativos e culturais, autora de materiais didáticos e de livros para formação em diversos níveis.
CARLOS ELIAS KATER Educador, musicólogo e compositor. Doutor pela Universidade de Paris IV – Sorbonne. Professor Titular pela Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais (EM-UFMG). Coordenou o Centro de Pesquisas em Música Contemporânea da UFMG; foi Vice-presidente da Associação Brasileira de Educação Musical (Abem) e membro do Conselho Editorial (função atual). É Professor Colaborador do Programa de Pós-Graduação em Música da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) e Curador da Fundação Koellreutter da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). Autor de diversos livros e artigos.
BRUNO FISCHER DIMARCH Mestre em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), com Licenciatura em Educação Artística pela Faculdade Mozarteum de São Paulo (Famosp-SP). Membro do Centro Interdisciplinar de Semiótica da Cultura e da Mídia (CISC). Participou do Centro de Estudos da Dança (CED). Trabalhou na equipe curricular de Arte da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Foi coordenador de Educação a Distância na Fundação Bienal de São Paulo e consultor pedagógico na Rádio e TV Cultura de São Paulo.
PASCOAL FERNANDO FERRARI Mestre em Ciências (área de concentração: ensino de Ciências) pela Universidade Cruzeiro do Sul (UCS-SP). Especialização em Sociologia pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP). Licenciado em Pedagogia pela Universidade Camilo Castelo Branco (UCCB-SP). Licenciado em Psicologia pela Universidade Braz Cubas (UBC-SP). Professor universitário, ator, diretor de teatro, consultor em projetos culturais em Artes Cênicas e autor de materiais didáticos para cursos de formação de professores em ambientes virtuais.
1ª. edição São Paulo – 2015
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Por Toda Parte, 6.º ano Copyright © Solange dos Santos Utuari Ferrari, Bruno Fischer Dimarch, Carlos Elias Kater, Pascoal Fernando Ferrari, 2015 Diretor editorial Lauri Cericato Gerente editorial Silvana Rossi Júlio Editor Roberto Henrique Lopes da Silva Editor assistente José Alessandre S. Neto Assessoria Alice Kobayashi, Daniela Alves, Daniela de Souza, Roze Pedroso, Solange de Araújo Gonçalves, Thiago Abdalla, Vera Sílvia de Oliveira Roselli Assistente editorial Bruna Flores Gerente de produção editorial Mariana Milani Coordenadora de produção Marcia Berne Pereira Coordenadora de arte Daniela Máximo Projeto gráfico Juliana Carvalho, Alexandre S. de Paula Capa Juliana Carvalho Editor de arte Fabiano dos Santos Mariano Diagramação Ingrid Velasques, Arte4 Produção Editorial Tratamento de imagens Eziquiel Racheti Ilustrações Frosa, Leonardo Conceição, Marcelo Cipis, Mariana Waechter, Rafa Anton Coordenadora de preparação e revisão Lilian Semenichin Preparação Líder: Sônia R. Cervantes Preparadora: Veridiana Maenaka Revisão Líder: Viviam Moreira Revisores: Caline C. Devèze, Fernando Cardoso, Lucila V. Segóvia, Rita Lopes Supervisora de iconografia Célia Maria Rosa de Oliveira Iconografia Ana Stein, Érika Nascimento Diretor de operações e produção gráfica Reginaldo Soares Damasceno
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Por toda parte, 6.º ano / Solange dos Santos Utuari Ferrari... [et al.]. – 1. ed. – São Paulo : FTD, 2015. Outros autores: Bruno Fischer Dimarch, Carlos Elias Kater, Pascoal Fernando Ferrari ISBN 978-85-20-00273-5 (aluno) ISBN 978-85-20-00274-2 (professor) 1. Arte (Ensino fundamental) I. Ferrari, Solange dos Santos Utuari. II. Dimarch, Bruno Fischer. III. Kater, Carlos Elias. IV. Ferrari, Pascoal Fernando. 15-04073 372.5 Índices para catálogo sistemático: 1. Arte : Ensino fundamental 372.5
Em respeito ao meio ambiente, as folhas deste livro foram produzidas com fibras obtidas de árvores de florestas plantadas, com origem certificada.
Reprodução proibida: Art. 184 do Código Penal e Lei no 9.610 de 19 de fevereiro de 1998 Todos os direitos reservados à
Editora FTD S.A. Rua Rui Barbosa, 156 – Bela Vista – São Paulo – SP CEP 01326-010 – Tel. (0-XX-11) 3598-6000 Caixa Postal 65149 – CEP da Caixa Postal 01390-970 www.ftd.com.br E-mail: ensino.fundamental2@ftd.com.br
Impresso no Parque Gráfico da Editora FTD S.A. CNPJ 61.186.490/0016-33 Avenida Antonio Bardella, 300 Guarulhos-SP – CEP 07220-020 Tel. (11) 3545-8600 e Fax (11) 2412-5375
APRESENTAÇÃO Podemos encontrar arte nos mais diferentes lugares, tempos e contextos. Um olhar atento, um ouvido esperto e logo percebemos uma imagem, uma música, um gesto ou movimento, às vezes tudo junto ao mesmo tempo. Música que saiu do rádio do carro que passou pela rua agora há pouco, ou nos sons a revelar o gosto musical do seu vizinho. Bem pertinho, no fone de ouvido do seu celular, naquela música preferida, escolhida por você ou enviada por um amigo que encontra você. Somos contemporâneos do tempo das tecnologias, da cultura visual, dos sistemas de gravação de áudios e vídeos. Podemos compartilhar tudo isso com alguém, mesmo que bem distante. A arte alimenta-se de tudo que o ser humano inventa porque ela também foi inventada por pessoas há muito tempo e agora mesmo, neste último minuto. Você já parou para pensar que alguém, em algum lugar, acabou de fazer um desenho, uma pintura, uma escultura, tirou uma fotografia, criou uma composição, um arranjo musical? Ou que há pessoas apresentando uma peça teatral ou mostrando uma coreografia, com os corpos a movimentar-se em uma dança? Quem sabe alguém por aí está fazendo uma performance, criando uma instalação, escrevendo ou lendo um livro de literatura ou de poemas, ou criando filmes, vídeos, cenários, figurinos ou imagens para ilustrar um livro? É possível que alguém também esteja organizando uma festa, e roupas de carnaval ou maracatu possam, neste exato momento, ser bordadas pelas mãos de quem faz arte do povo para o povo! A arte é assim. Está mesmo em todos os lugares e é criada e apreciada por toda a gente. Estudá-la é procurar mais maneiras para encontrá-la. As produções artísticas brasileiras e as que foram ou são feitas mundo afora nos mostram um caminho para conhecer mais sobre o ser humano e sua maneira poética e estética de viver. Somos seres culturais. Por isso inventamos linguagens, entre as quais muitas são artísticas. Nosso estudo quer ajudá-lo a desvendar essas linguagens para compreender e fazer arte. Convidamos você para estudar Arte. Vem! Veja, cante, movimente-se, sinta a arte da gente. Os autores
Caro aluno, conheça o seu livro de estudo da Arte! VEM DANÇAR!
VEM ENCENAR! Observe a imagem a seguir. Marcelo Kahn
Acervo do grupo
Observe a imagem a seguir.
VEM! Você gosta de ser convidado? Imaginamos que sim. Logo de início fazemos convites: Vem olhar! Vem
Imagem de apresentação de dança de rua da Companhia de Dança Brainstorm, de Curitiba, 2013.
Vem para a rua, vem dançar!
Cantar! Vem encenar, dançar, imaginar,
Será a rua o lugar de encenar?
Registro de cena da peça A rainha procura..., da Cia. do Quintal, encenada sobre um tabuleiro de xadrez. São Paulo, 2013.
Ou só o teatro com cenários de rua é o lugar? O que vemos na imagem? Street, em inglês; rua, em português.
Onde esses personagens estão?
tramar, pintar... conhecer e fazer arte!
Arte da rua, arte do mundo, só falta você!
Eles estão indo ou voltando?
Se for na rua, luz do sol é bem-vinda ao espetáculo.
Olhe para um, olhe para o outro.
Gente na plateia, então, nem se fala!
Quem tem o sorriso mais maroto?
Se for no palco, as luzes são outras, são elétricas, coloridas na iluminação para
Quem tem a roupa mais engraçada ou mais engomada?
marcar cada passo, cada ação.
É um lugar de jogar xadrez?
Arte que acontece em muitos lugares, basta ser espaço cênico e se forma aí
Talvez de brincar com vocês, quem sabe?
um lugar.
O teatro também é um jeito de jogar.
Tem passo para cá e passo para lá!
E que jogo será esse que sempre busca um lugar para encenar?
Quem se arrisca a dançar?
Rua, palco, picadeiro... E o pátio da escola? Será que também dá?
Vem experimentar!
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Tema 1
A floresta dos curumins
Tema 1
TEMAS
O mar que traz arte Observe a imagem a seguir.
Renato Soares/Pulsar
akg-images/Latinstock
Observe a imagem a seguir.
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Estudar Arte pode ser bem instigante e divertido, é como mergulhar em um mar de saberes sem fim. Existem muitas obras de arte, feitas por milhares de artistas em diferentes lugares e tempos. Nesta seção, escolhemos alguns temas
Gravura do geógrafo alemão Sebastian Münster, século XVI.
Agora, leia o trecho desta letra de música. O mar Quando quebra na praia
e exemplos para que você conheça ideias e histórias do
É bonito... é bonito O mar Pescador quando sai Nunca sabe se volta
mundo da Arte. A arte está relacionada a outras disciplinas
Nem sabe se fica Quanta gente perdeu seus maridos seus filhos
Minha Floresta de joia
Nas ondas do mar
Tu que dás brilho na sombra Brilhas também lá na praia
O mar
Beija-flor me mandou embora
É bonito... é bonito
Trabalhar e abrir os olhos
[...]
Letra da música Benke. NASCIMENTO, Milton; BORGES, Márcio. Benke. Intérprete: Milton Nascimento. In: _____. Txai. Rio de Janeiro: CBS, 1992. CD. Faixa 10.
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e à vida cotidiana. Você pode descobrir como isso aconte-
Quando quebra na praia
Trecho da letra da música O Mar. CAYMMI, Dorival. O mar. Intérprete: Dorival Caymmi. In: _____. Canções praieiras. Rio de Janeiro: Odeon, 1954. LP. Faixa 3. (Relançado no box com 7 CDs: Caymmi Amor e Mar. Rio de Janeiro: EMI, 2000).
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ce lendo a seção Mundo conectado.
MAIS DE PERTO Detalhe do painel Paz, de Candido Portinari Detalhe do painel Paz, de Candido Portinari
Quando começamos a conhecer Arte e tudo que este
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universo de saberes pode nos ajudar a compreender Assim, a seção Mais de perto resgata o convite feito
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Detalhe do painel Paz, de Candido Portinari
Mulheres dançando em detalhe da imagem do painel Paz, de Candido Portinari, 19521956. Painel a óleo e madeira compensada, 1 400 cm × 953 cm (irregular) (aproximadas).
cimentos sobre os temas e linguagens estudados. E, para aproximar você ainda mais da Arte, trazemos sempre uma
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Festas e brincadeiras em detalhe da imagem do painel Paz, de Candido Portinari, 19521956. Painel a óleo e madeira compensada, 1 400 cm × 953 cm (irregular) (aproximadas).
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São incríveis as surpresas que guardam os mares e oceanos. Muitas delas estão registradas nas diversas linguagens da arte, como nas artes visuais observadas nos azulejos, em quadros e fotografias. Em 2012, um robô submarino da Petrobras flagrou uma medusa gigante no Golfo do México. Antigas cidades são encontradas submersas e uma vida secreta descortina-se nas regiões abissais (em grandes profundidades) do planeta. Já imaginou ver um rio de água doce sob águas salgadas? O fotógrafo russo Anatoly Beloshchin registrou em um sistema de cavernas na península de Yucatán, no México, esse fabuloso fenômeno e sua fantasmagórica atmosfera. Veja ao lado. A Arte e a Literatura muito já imaginaram acerca dos mistérios do fundo do mar. Quais descobertas a Ciência nos traz sobre esse fantástico reino do aquático planeta Terra? Observe a imagem a seguir, de um ser das profundezas marinhas que produz a sua própria luz, e pense sobre isso.
Vamos observar novamente a imagem do painel Paz, de Portinari. O que você vê? Como você percebe a mensagem “paz”? O que a arte de Candido Portinari diz a você? Agora, observe os detalhes. Olhe a sua volta na sala de aula. Você já notou que seus colegas são diferentes de você?
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inicialmente na seção Vem! para aprofundar seus conhe-
Em um sistema de cavernas na península de Yucatán, México, as águas (doces) do rio submerso não se misturam com as águas marítimas (salgadas) que o cobrem.
Alguns seres de regiões abissais, aonde os raios de sol não chegam, são capazes de produzir a própria luz. A espécie da imagem vive nos oceanos, a 2 000 metros de profundidade.
Localização dos detalhes na reprodução da obra principal (veja a imagem na seção Vem olhar!)
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AMPLIANDO
AMPLIANDO Na arte, a poética pode ser compreendida como o conteúdo de um discurso expressivo em uma linguagem. Também é a expressão de um indivíduo ou de um coletivo, conforme seus repertórios culturais e suas vivências.
Pode ser que algumas palavras sejam novas em seu vocabulário. Assim, preparamos um boxe em estilo de glossário para você saber mais sobre
Andrea Teixeira Leite. 2014. Acrílica sobre tela. Coleção particular. Foto: Isabella Matheus
à celebração. E o tempo encarregou-se de dar a essas festas, culturas e acontecimentos o nome de “tradição”. Assim, chamamos o maracatu, a congada, o reisado, a catira, as cavalhadas, as festas de boi (como o boi de mamão e o boi de reis), o baile sulista e muitos outros eventos como esses de cultura popular tradicional, pois foi do povo que surgiram. A repetição dessas comemorações, com o passar dos anos e da comunicação entre as gerações, transformou-as em algo tradicional dessas culturas. Há muita arte na realeza poética do povo brasileiro, propagada por todo o território no decorrer dos séculos. As sonoridades misturam-se. Da floresta, da caravela, do navio negreiro, dos piratas e de imigrantes além-mar originaram-se as sementes da cultura popular do Brasil. Vamos nos deparar com um interessante encontro no chão artístico de nossa terra: um rei negro celebrado nos tambores, danças e cores do maracatu.
„ Um mar de mistérios
„ Olhar e ver
Coro de crianças. Detalhe da imagem do painel Paz, de Candido Portinari, 19521956. Painel a óleo e madeira compensada, 1 400 cm × 953 cm (irregular) (aproximadas).
melhor o mundo, não queremos mais parar de conhecer!
entrevista ou um depoimento na seção Palavra do artista.
MUNDO CONECTADO
MAIS DE PERTO 1
photonatura/Deposit Photos/ShutterStock
Minha Mamãe soberana
Sonke Johnsen/Corbis/Latinstock
Agora, leia o trecho da letra de música a seguir.
Candido Portinari. 1952-1956. Detalhe de Painel a óleo e madeira compensada. 140,5 x 95 cm. ONU, Nova York. Reprodução autorizada por João Candido Portinari
Crianças da etnia Yawalapiti brincando em meio a revoada de borboletas na beira do rio Tuatuari, em Gauchá do Norte, Mato Grosso, 2013.
essas palavras e ajudá-lo a compreender melhor o universo da Arte e seus termos. No final do livro há um índice remissivo para você localizá-los sempre que precisar. Ciranda da gente, de Andrea Teixeira Leite, 2014. Acrílico sobre tela, 50 cm x 70 cm.
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LINGUAGEM DA ARTE Para criar em cada linguagem, precisamos conhecer seus códigos e procedimentos. Toda linguagem tem seu jeito de
AÇÃO E CRIAÇÃO „ Expressando um movimento
ser e de se comunicar. Para se expressar por meio de lingua-
Vamos nos expressar? PROCEDIMENTOS ARTÍSTICOS Combine com o professor e junte sua turma em um espaço livre, como o pátio da escola, e faça uma grande roda. Abra os braços e dê a mão para os colegas de cada lado. Em seguida,
gens é preciso aprender sobre esses jeitos e significados.
solte as mãos, mantendo um espaço entre vocês. Com a roda formada, a turma vai escolher um sentimento (amor, raiva, medo, alegria, entre outros) para ser representado. Após a escolha, um aluno vai até o meio da roda e faz um gesto ou movimento livre para representar o sentimento escolhido. Três colegas farão outro gesto ou movimento corporal para representar o mesmo sentimento.
Assim, nesta seção vamos estudar como as linguagens da
Ao completar quatro movimentos diferentes que representem o mesmo sentimento, a turma terá uma pequena coreografia. Junte os quatro movimentos sequencialmente para que o grupo de quatro alunos dance um trecho de uma música, criando um pequeno espetáculo de dança. Convide toda a roda a fazer a mesma coreografia, assim a turma toda dançará em roda. Eleja mais um sentimento e faça outra rodada de movimentos, montando uma nova coreografia. Repita várias vezes a brincadeira, trocando o sentimento e os participantes do jogo.
arte são criadas. Na subseção Ação e criação, sugerimos projetos de criação e experimentos artísticos para você,
Neste capítulo, você estudou as linguagens do teatro e da dança. Também conheceu obras de alguns pintores. Que relações essas produções artísticas têm em comum? Quais são as suas particularidades?
seus colegas e professores poderem fazer arte. Nos boxes
O que você aprendeu sobre o espaço cênico? Como classifica as linguagens cênicas? Você conheceu alguns grupos de teatro e de dança. Faça uma pesquisa para conhecer melhor esses artistas e suas produções.
Procedimentos artísticos, damos algumas dicas sobre
Você observou a mistura e a influência de diferentes linguagens nas produções artísticas que foram estudadas neste capítulo? Qual é a sua opinião sobre essas combinações de linguagens?
como fazer e usar materiais em produções artísticas.
Em qual linguagem da arte você prefere se expressar? 69
MISTURANDO TUDO! LINGUAGEM DAS ARTES VISUAIS
LINGUAGEM DO TEATRO
„„Azulejo„invasor?
Um conhecimento pode ser conecta-
„„Auto„lá!
Os artistas estão constantemente inventando e repensando as formas de utilizar os materiais da arte. Vimos um pouco da história da azulejaria portuguesa e e suas marcas no Brasil. Outros artistas de nossa época apropriaram-se dos azulejos, criando intervenções urbanas e instalações.
Alto lá! Auto lá e auto aqui também. Veja a imagem a seguir.
do a outro. Uma linguagem pode ter
Vitor Damasceno
Invader„ Em Paris, um artista utilizou azulejos e pastilhas para invadir a cidade com vilões espaciais de um dos primeiros jogos de videogame criados. Seu codinome, Invader (Invasor), deriva do jogo que o inspirou: Space Invaders (Invasores do Espaço). Inicialmente, o trabalho de Invader era aplicado na paisagem urbana de modo clandestino, o que fez ele manter sua identidade escondida. No entanto, mesmo depois de suas obras serem reconhecidas, o artista decidiu manter o anonimato. Hoje, a cidade conta com mais de mil “invasores” espalhados. Veja alguns exemplos desses “azulejos invasores” a seguir. O artista tem suas intervenções urbanas em outras cidades fora da França,
relação com outras e até estarem juntas em uma produção artística. Esta
Anderson Henrique Ferreira
seção traz questões para você pensar sobre isso e para perceber o que você
O Grupo Irmãos Brothers Band traz diversos elementos do circo para seu Auto de Natal. Data.
A linguagem do circo marca forte presença no Auto„de„Natal„ dos„ Irmãos„ Brothers, do Grupo Irmãos Brothers Band, criado em 1993, no Rio de Janeiro, e conta com piruetas, malabarismos, palhaçadas, gangorras, tecidos e pernas de pau. Os espetáculos do grupo já percorreram o Brasil e vários países do mundo. Esta história dos autos começa em Portugal e Espanha, que elaboravam peças religiosas que tratavam de questões morais e teológicas. Os autos procuravam atrair um público popular para os temas católicos, por isso traziam uma linguagem mais simples e elementos cômicos.
“Invasores” instalados na cidade de São Paulo, inspirados pelo artista francês Invader.
aprendeu ao estudar cada capítulo.
AMPLIANDO Teológico refere-se à teologia, o estudo de tudo que se refere a Deus, à religião e as suas relações com os seres humanos e com o universo.
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CONEXÃO ARTE Sugestões de sites, livros, músicas, filmes, animações e documentários para você aprofundar sua viagem pelos conteúdos da unidade que mais despertaram o seu interesse no universo das artes.
EXPEDIÇÃO CULTURAL
O que você descobriu no universo da arte ao estudar esta unidade? Você conhece alguma arte de grandes dimensões em sua cidade? E os espaços cênicos? Quais existem por aí? Na escola é possível criar arte? Como? Nesta unidade, vimos que algumas produções artísticas podem ser em grupo ou individuais. Como você vê o seu processo de criação? Gosta mais de criar junto com os colegas ou prefere fazer arte individualmente? Das linguagens estudadas aqui, quais você considera mais interessantes para criar em grupo? Que tal chamar a turma e os professores e criar projetos de arte com base no que você aprendeu nesta unidade?
Depois de conhecer algumas trajetórias da Arte, você e os colegas podem ter interesse em ver, ouvir ou sentir a arte mais de perto. Nesta seção, há propostas de
CLIQUE ARTE Ammer Jácome [Pintura naïf ]. Site oficial, com biografia e portfólio (banco de imagens das obras). Disponível em: <http://eba.im/7h6a8w>. Guilherme Kramer [Pintura e ilustração]. Site oficial (em inglês) com biografia e reproduções de obras do artista. Disponível em: <http://eba.im/bvsex6>. Gustavo Rosa [Pintura]. Site oficial do artista, com biografia e banco de imagens das principais obras. Disponível em: <http://eba.imbwxsho>. Mestre Didi [Artes plásticas e literatura]. Biografia do artista e banco de imagens de obras. Disponível em: <http://eba.im/oh3js6>. Museu Internacional de Arte Naïf do Brasil (Mian) [Pintura]. Site oficial do museu, com os principais artistas do estilo, banco de imagens de obras e aplicativos. Disponível em: <http://eba.im/zu7gks>.
LEIA ARTE Carybé e Verger: gente da Bahia, de Pierre Fatumbi Verger. Salvador: Pierre Verger, 2008. Ésú, de Juana Elbein dos Santos e Mestre Didi Asipa. Salvador: Corrupio, 2014. Gustavo Rosa: 40 anos de pintura, de Gustavo Rosa. São Paulo: De Cor, 2007.
DIÁRIO DE ARTISTA
Marc
elo Cipis
passeios culturais e dicas de como ou onde encontrar mais arte. Registre tudo em seu Diário de artista e aproveite as dicas da seção Conexão arte.
Vamos continuar o seu diário de artista? Registre as suas experiências artísticas. Você pode desenhar, escrever poemas e lembretes sobre coisas que você quer descobrir. Pode, também, fazer pesquisas sobre os artistas dos quais quer saber mais. Um diário é como um companheiro nas aventuras no mundo da arte. Traga o seu sempre perto de você.
OUÇA ARTE A raça humana. Intérprete e autor: Gilberto Gil. Disponível em: <http://eba.im/q5qrbm>. Etnia. Intérprete: Chico Science & Nação Zumbi. Autores: Chico Science e Lúcio Maia. Disponível em: <eba.im/nd5wah>. Maracatu atômico. Intérprete: Chico Science & Nação Zumbi. Autores: Jorge Mautner e Nelson Jacobina. Disponível em: <http://eba.im/2dmzas>. Sincretismo Religioso. Intérprete e autor: Martinho da Vila. Disponível em: <http://eba.im/zxks3x>. Toque o gonguê. Intérprete e autor: Maracatu Estrela Brilhante. Disponível em: <http://eba.im/vrsjrk7>.
VEJA ARTE Carybé. Documentário exibido no programa De lá pra cá, da TV Brasil, 2011. Disponível em: <http://eba.imqybyyx>. Maracatu do Chico Rei: Francisco Mignone. Apresentação do Coro Contemporâneo de Sinfônica de Campinas. Diretor artístico e regente titular: Victor Hugo Toro. Disponível em: <https://eba.im/eh5ej8>. Mestre Didi: arte ritual (vida e obra de Mestre Didi). Documentário. Direção de Maria Ester Rabello. São Paulo: Rede Sesc/ Senac de Televisão, 2000. (Coleção/Série: O mundo da arte). Disponível em: <http://eba.im/7t8yic>.
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LINHA DO TEMPO Print Collector/Getty Images
A pintura em grandes dimensões
No estudo de Arte, estamos o tempo todo fazendo rela-
Joel Carillet/Getty Images
Jack Jackson/Glow Images
Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro
Entre as mais notáveis obras do Renascimento, estão as pinturas de Michelangelo. Detalhe da representação do juízo final, na Capela Sistina, em Roma, Itália.
Marcos André/Opção Brasil
ções entre passado e presente. A viagem pela arte nem
A Batalha do Avaí, de Pedro Américo, 1872-1877. Óleo sobre tela, 600 cm × 1100 cm. Durante o Romantismo do século XIX, o artista brasileiro realizou grandes pinturas como essa.
Toni William Crosss
sempre ocorre no tempo cronológico. Precisamos estudar a arte do nosso tempo porque somos contemporâneos
Artistas do grupo OPNI pintam parede de casa da região em que moram, retratando a comunidade da Zona Leste da cidade de São Paulo.
O Favela Painting, projeto de Haas&Hahn, elabora pinturas gigantescas nas comunidades do Rio de Janeiro desde 2005.
dessas produções. Olhar para o passado e ver como a arte
Moment Editorial/Getty Images
Guerra e Paz, de Candido Portinari, 19521965. Painel a óleo/madeira compensada. 1400 cm × 1058 cm.
Haas &Hahn
Getty Images/Lonely Planet Images
G. Sioen/De Agostini/Getty Images
Na China, há grandes pinturas nas paredes dos templos e locais sagrados.
Candido Portinari. ONU, Nova York. Reprodução autorizada por João Candido Portinari
Teto do Salão de Hércules, em Versalhes, França, pintado por François Lemoyne no período do Rococó, século XVIII.
Afrescos nas paredes da capela do Mosteiro de São Moisés, na Síria, séculos XI e XII. Na Idade Média, o tema das grandes pinturas volta-se para o Cristianismo. No Egito Antigo, as paredes eram revestidas de pinturas e relevos. Cena de caça encontrada na tumba de Nakht, escriba e sacerdote de Tutmés IV.
se transforma pode provocar reflexões sobre como a vida
O povo na universidade e a universidade para o povo, de David Alfaro Siqueiros, 1952-1956. Mural em edifício da Universidade Nacional Autônoma do México, na Cidade do México.
e a sociedade também mudam com o passar dos séculos.
Arte Rupestre na Serra da Capivara, Piauí, 5000-3000 a.C., que traz imagens do dia a dia do homem primitivo.
PRÉ-HISTÓRIA (2 milhões a.C.-3000 a.C.)
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IDADE ANTIGA (3000 a.C.-476 d.C.)
IDADE MÉDIA (séc. V-XV)
IDADE MODERNA (séc. XV-XVIII)
Assim, observe a linha do tempo e pesquise mais sobre
IDADE CONTEMPORÂNEA (séc. XIX-hoje)
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alguma obra de arte que lhe chamar a atenção.
Odair Fonseca de Souza
SUMÁRIO
Guilherme Kramer. 2011. Técnica mista sobre papel. Coleção particular.
UNIDADE 1
Arte: cada um tem a sua
Capítulo 1: #ARTE....................... 10
Capítulo 2: O LUGAR DA ARTE.... 42
VEM OLHAR!.............................................................. 12 VEM CANTAR!............................................................ 13
VEM ENCENAR!........................................................ 44 VEM DANÇAR!.......................................................... 45
Tema 1 – Arte: criar e sentir...............................14
Tema 1 – Lugares para encenar........................ 46
Inspirações e expressões ...................................15
Tema 2 – A rua: lugar de encontros.................. 50
Participando da arte........................................... 16 Mundo conectado: Arte e atitude ......................19 Mais de perto: Olhar e ver .................................20 Palavra do artista: Candido Portinari .................22 Mais de perto: Ouvir e cantar ............................23 Palavra do artista: Maria Gadú .........................24
Tema 3 – Sensações ........................................ 25
Criações e significados .......................................26 Mundo conectado: A voz dos rios .....................28
Linguagem das artes visuais ........................... 29
Pinturas gigantes em cores e relevos .................29 Suportes bidimensionais e tridimensionais .........30 Ação e criação: Grandes formatos ....................35 Suportes bidimensionais ...................................35 Suportes tridimensionais ....................................36 Criando “escultopinturas” ...................................37
VEM IMAGINAR!........................................................ 78 VEM TRAMAR!........................................................... 79
Tema 1 – A floresta dos curumins..................... 80 A arte dos povos indígenas..................................81
Tema 2 – Seres imaginários............................. 82 Híbrida? Hã? Ahhh... ..........................................83
Tema 3 – Balaio de histórias............................ 93
Dançando nas paredes........................................67 Ação e criação: Expressando um movimento.....69
Misturando tudo!.............................................. 69 Expedição cultural......................................................... 70 Diário de artista............................................................. 70 Conexão arte................................................................. 71 Linha do tempo............................................................. 72 A pintura em grandes dimensões............................ 72
Raízes
Capítulo 1: A FLORESTA............ 76
A arte da improvisação........................................65 Ação e criação: Improvisando o tema................66
Linguagem da dança........................................ 67
Misturando tudo! ..............................................41
As artes do circo.................................................53 Mundo conectado: O circo e a tecnologia..........58 Mais de perto: Improvisar e jogar.......................60 Palavra do artista: Rhena de Faria.....................62 Mais de perto: Ouvir e dançar............................63
Linguagem do teatro......................................... 65
Sons e lugares....................................................38 Ação e criação: Palavras-sons ..........................39 Compondo, regendo e cantando .........................40
UNIDADE 2
Imagens e cores fantásticas................................51
Tema 3 – O circo: um lugar especial................. 53
Linguagem da música...................................... 38
Tarsila do Amaral. Abaporu. 1928. Óleo sobre tela. Museu de Arte Latino-Americana, Buenos Aires. © Tarsila do Amaral Empreendimentos Ltda.
Diferentes lugares para a arte ............................46
Tema 2 – Mensagens.........................................16
Olhares, tramas e trançados da arte....................95 Mundo conectado: Arte: línguas e histórias........97 Mais de perto: Roda da imaginação...................99 Palavra do artista: Lúcia Hussak van Velthem.. 102 Mais de perto: Tramas da arte indígena...........103 Palavra do artista: Povo Kaingang...................106
Linguagem das artes visuais........................... 107
Mito e imagem..................................................107 Realismo mental (imaginação)..........................107 Realismo visual (observação)............................110 Ação e criação: Imagens e imaginários............111
Linguagem das artes visuais............................113 Simetrias..........................................................113 Simetria espelhada...........................................114 Simetria de translação......................................116 Simetria rotacional............................................116 Ação e criação: Padrões abstratos...................118
Misturando tudo!..............................................119
Artes que se encontram....................................125
Tema 2 – A canção que vem de lá....................128
O canto do outro lado do mar............................128
Tema 3 – A arte da azulejaria..........................129
Azulejos, simetrias, padrões, abstração, figuração: um caldeirão cultural.......132 Mundo conectado: Um mar de mistérios.........136 Mais de perto: Correntes marítimas.................137 Mais de perto: Teatro jesuítico.........................140 Palavra do artista: Padre Serafim....................145
Linguagem do teatro........................................153
Auto lá!.............................................................153 Palavra do artista: Grupo Cupuaçu..................155 Teatro Medieval.................................................156 A arte da mímica...............................................156 Ação e criação.................................................157
Misturando tudo!.............................................159 Expedição cultural....................................................... 160 Diário de artista........................................................... 160 Conexão arte............................................................... 161 Linha do tempo........................................................... 162 A imagem da pessoa indígena: pelo próprio olhar e pelo olhar do outro................ 162
Linguagem das artes visuais...........................146 Azulejo invasor?................................................146 Invader..............................................................146 Coletivo MUDA..................................................147
Povos arteiros Capítulo 1: SEMENTES............. 166
Capítulo 2: O REINO................ 204
VEM OLHAR!............................................................ 168 VEM CANTAR!.......................................................... 169
VEM DANÇAR!.........................................................206 VEM CANTAR!......................................................... 207
Tema 1 – Mistura cultural ............................... 170
Tema 1 – Brincantes ao som do gonguê.......... 209
O que é cultura? ...............................................171 Mundo conectado: Donos da arte de jogar e da arte de pintar ........173
Tema 2 – As sementes da cultura afrodescendente ................................. 174
A cultura afrodescendente ............................... 175 Mundo conectado: Ancestralidade tecendo histórias ......................177 Palavra do artista: Mestre Didi .......................178
Tema 3 – Sincretismo cultural ........................ 179
O que é sincretismo cultural? ...........................179 Mais de perto: Sementes do pensamento .......183 Palavra do artista: Rosana Paulino .................185 Mais de perto: O som da miscigenação ...........186 Palavra do artista: Chico Science ...................187
Linguagem das artes visuais ..........................188
Risca e rabisca .................................................188 Os elementos das linguagens visuais ...............190 Ação e criação: Técnicas mistas e suas materialidades ......................................191 Mundo conectado: As artes abraçam as ciências ...........................199
Linguagem da música.................................... 200
Este som é a nossa cara! .................................200 Ação e criação: Vamos criar uma playlist ? .....202
Misturando tudo! ........................................... 203 Páginas finais Ampliando: Índice remissivo, 252
Referências, 253
Odair Fonseca de Souza
Tema 1 – O mar que traz arte...........................124
Azulejo de papel?..............................................149 Palavra do artista: Poro...................................150 Ação e criação ................................................152
Sons, ritmos e movimento! ...............................210
Tema 2 – Histórias dançadas e cantadas..........211
Danças e cantos que contam histórias..............212 Mundo conectado: A geografia da dança.........214
Tema 3 – Ouvido musical................................216
UNIDADE 3
Música de estilos múltiplos...............................217 O maracatu do Chico Rei ..................................218 O maracatu moderno........................................220 Mundo conectado: O poeta curioso..................224 Mais de perto: Temas e histórias......................225 Palavra do artista: Mestre Salustiano..............228 Mais de perto: A sambada ..............................230 Palavra do artista: Manoel Salustiano Filho ....231
Linguagem da música.................................... 232
A música e seus códigos ..................................232 Ação e criação: Criando uma alfaia .................239 Ação e criação: Notação musical ou partitura: para ler e tocar! ... 240 Ação e criação: Cena musical .........................241
Linguagem da dança...................................... 243
Dançando no ritmo do maracatu ......................243 Ação e criação: Vamos dançar o maracatu? ....245
Misturando tudo!............................................ 247 Expedição cultural....................................................... 248 Diário de artista........................................................... 248 Conexão arte............................................................... 249 Linha do tempo........................................................... 250 Afrodescendentes: arte e cultura........................... 250
Guilherme Kramer. 2011. Técnica mista sobre papel. Coleção particular.
VEM CRIAR!............................................................. 122 VEM ENCENAR!....................................................... 123
Tarsila do Amaral. Abaporu. 1928. Óleo sobre tela. Museu de Arte Latino-Americana, Buenos Aires. © Tarsila do Amaral Empreendimentos Ltda.
Capítulo 2: A CARAVELA............... 120
UNIDADE 1
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Arte: cada um tem a sua A arte apresenta mensagens e sensações. Há imagens em grandes formatos e palavras que são sons. A arte está em todos os lugares, cada um pode criar a sua. Ela faz parte da vida, e a sentimos ao ver, ouvir, cantar, dançar, encenar...
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Trajetórias para a arte: ¡¡ Capítulo¡1¡/¡#Arte ¡¡ Capítulo¡2¡/¡O lugar da arte Crédito imagens: Abertura. Marcelo Cipis; 1. Editoria de arte; 2. Odair Fonseca de Souza; 3. Cia. de Dança Deborah Colker/J.E. Produções; 4. David Siqueiros. 1952-1956. Mural. Universidade Nacional Autônoma do México. Foto: Patrick Escudero/Hemis/Corbis/Latinstock; 5. Haas&Hahn; 6. Melquíades Junior; 7. Pablo Picasso. 1937. Óleo sobre tela. 349,3 3 776,6 cm. Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia. Foto: Peter Horree/Alamy/Latinstock; 8. Eskemar/Shutterstock/GlowImages. 4
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Capítulo 1
#ARTE Arte e você em: ¡¡ Arte: criar e sentir ¡¡ Mensagens ¡¡ Sensações ¡¡ Linguagem das artes visuais ¡¡ Linguagem da música
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Candido Portinari. 1952-1956. Óleo sobre madeira. 140,5 3 95 cm. ONU, Nova Iorque. Reprodução autorizada por João Candido Portinari
Crianças cantando. Detalhe da imagem do painel Paz, de Candido Portinari, 1952-1956. Painel a óleo e madeira compensada, 1 400 cm × 953 cm (irregular) (aproximadas). Obra criada especialmente para a sede da Organização das Nações Unidas (ONU), Nova York, EUA.
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VEM OLHAR! Candido Portinari. 1952-1956. Óleo sobre madeira. 140,5 3 95 cm. ONU, Nova Iorque. Reprodução autorizada por João Candido Portinari
Leia o texto e observe a imagem a seguir.
Paz, de Candido Portinari, 1952-1956. Painel a óleo e madeira compensada, 1 400 cm × 953 cm (irregular) (aproximadas).
Cada um tem um jeito de ver. É sempre uma aventura olhar, perceber... cores, linhas, formas... Luzes em tons claros ou mais escuros... Onde estão? Qual é a sua forma de olhar? De cima para baixo? De baixo para cima? De um lado ao outro? Vem olhar! O que há para descobrir nesta imagem? As pessoas e os outros animais estão em algum lugar. Onde será? Crianças brincam. De que será? Crianças em coro a cantar. Há uma música no ar. É uma festa? Tem gente que dança. É festa de cavalo-marinho ou de boi-bumbá? É viver um dia de cada vez? O que lhe parece? Tem emoção? Quem sente? Tanta cor usada por esse pintor, só para o nosso olhar... Somos muitos, cada um tem um jeito de ser e de fazer. Na arte, cada um tem a sua maneira de criar, olhar, sentir, cantar, encenar...
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VEM CANTAR! Leia¡a¡letra¡de¡música¡a¡seguir.
Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar Shimbalaiê, toda vez que ele vai repousar (2x) Natureza, deusa do viver A beleza pura do nascer
Kirillov Igor/Shutterstock/Glow Images
Shimbalaiê
Uma flor brilhando a luz do sol Pescador entre o mar e o anzol Pensamento tão livre quanto o céu Imagino um barco de papel Indo embora pra não mais voltar Tendo como guia Iemanjá Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar Shimbalaiê, toda vez que ele vai repousar (2x) Quanto tempo leva pra aprender Que uma flor tem vida ao nascer Essa flor brilhando à luz do sol Pescador entre o mar e o anzol Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar Shimbalaiê, toda vez que ele vai repousar (2x) [...] Trecho¡da¡letra¡da¡música¡ Shimbalaiê,¡de¡Maria¡Gadú.¡¡ Editora:¡Som¡Livre¡Edições¡Musicais.¡
Shimbalaiê...¡que¡palavra¡será¡esta? Você¡já¡a¡viu¡em¡algum¡dicionário? Será¡uma¡palavra¡da¡nossa¡língua¡portuguesa¡ou¡de¡outra¡conversação? Será¡que¡é¡nome¡de¡coisa,¡de¡natureza,¡de¡gente?¡Ou¡será¡o¡nome¡de¡um¡som? Tudo¡na¡arte¡precisa¡de¡uma¡explicação¡ou¡tem¡arte¡que¡é¡pura¡invenção?
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Tema 1
Arte: criar e sentir Leia este trecho de letra de música. A paz Invadiu o meu coração De repente, me encheu de paz Como se o vento de um tufão Arrancasse meus pés do chão Onde eu já não me enterro mais [...] Trecho da letra da música A paz. GIL, Gilberto; DONATO, João. A paz. Intérprete: Gilberto Gil.¡ In: _____. Gilberto Gil Unplugged. Rio de Janeiro:¡ Warner Music Brasil, 1994. CD. Faixa 7.
A arte faz parte da vida de todos os povos do mundo, assim como o desejo de paz. Cada povo tem seu modo de criar a arte, assim como o de pedir pela paz. O significado da palavra paz pode ser expresso em muitas línguas, mas em cada uma é escrito de modo diferente. Em países em que se fala a língua árabe escreve-se paz como salam; na Alemanha, o desejo pela paz mundial pode ser expresso pela palavra friede; na China, escreve-se heping; no Egito, hetep; onde se fala hebraico, é shalom. Nos países de conversação
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em língua inglesa, fala-se peace; na França, o nome é paix. Mundo afora, todos têm uma palavra especial para esse desejo que o pintor brasileiro Candido Portinari (1903-1962) um dia se dedicou a pintar: a paz.
Inspirações e expressões
Candido Portinari. 1952-1956. Óleo sobre madeira. 140,5 cm 3 95 cm. ONU, Nova Iorque. Reprodução autorizada por João Candido Portinari
Os artistas criam inspirados por aquilo que toca os seus sentimentos. Às vezes, são temas ligados à sua vida pessoal, como lembranças, experiências, ideais. Em outras situações, eles podem expressar os dramas, desejos e sonhos de muitas pessoas. Ao apreciarmos uma pintura ou ouvirmos uma música, por exemplo, podemos ter vários pensamentos, lembrar histórias, acontecimentos; ou relacionar imagens e sons a mensagens, a ideologias... Podemos também imaginar mundos fantásticos ou nos lembrar de algo que já experimentamos, sentir emoções ou ter sensações, enfim, o contato com a arte nos permite múltiplas interpretações. Cada um tem seu jeito de olhar, de ouvir, de sentir. Não existe apenas um modo de sentir ou interpretar obras artísticas. Artistas criam com base em suas intenções, emoções, sensações, do seu contato sensível com o mundo. Podemos transmitir mensagens por meio da¡ arte ou expressar nossa maneira de sentir o mundo em algum momento¡ da nossa vida. Há muitas formas de criar arte. Observando a reprodução da pintura de Portinari e da letra de música da compositora e cantora Maria Gadú (1986), o que você pensa sobre as formas de criar e sentir a arte?
Detalhe do painel Paz, de Candido Portinari, 1952-1956. Painel a óleo e madeira compensada, 1 400 cm 3 953 cm (irregular) (aproximadas).
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Tema 2
Mensagens
AMPLIANDO Chamamos de performance a linguagem da arte que se utiliza de diversos elementos de outras áreas (música, teatro, dança, artes visuais, artes audiovisuais, tecnologias, entre outras) para criar uma forma específica de arte com apresentações e experimentos estéticos ao vivo ou que envolvam uma ação elaborada.
Há propostas artísticas nas quais, para que possamos compreendê-las, sentir sua mensagem ou as sensações que possibilitam despertar, é necessário mais que apreciá-las de longe. É preciso participar delas. Vale até entrar literalmente nessa forma de arte. Como isso é possível? Vamos ver. O artista, nesse caso, faz o convite ao público e propõe uma experiência, que é aceita por quem quer participar. Trata-se de uma forma de compartilhar o processo criativo e artístico. Vamos conhecer uma performance assim?
Participando da arte Paula Pape
Observe a imagem a seguir.
Registro em fotografia da performance Divisor, de Lygia Pape, 1968. Pano de algodão com fendas, 20 m 3 20 m.
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AMPLIANDO Ditadura militar é uma forma de sistema político em que os comandos militares se autodeclaram líderes do governo, na maioria dos casos, por meio de um golpe. Quem assume a administração desse tipo de governo são pessoas indicadas pelos líderes militares e que, geralmente, estão ligadas ao exército. Tem como características principais o autoritarismo e a suspensão de direitos das pessoas. No Brasil, tivemos esse tipo de regime entre os anos de 1964 e 1985.
Pablo Picasso. 1937. Painel. Óleo sobre tela. 349,3 cm 3 776,6 cm. Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia. Foto: Peter Horree/Alamy/Latinstock
Na obra de arte Divisor, realizada pela primeira vez em 1968, um grande tecido branco com várias fendas foi o material usado para que as pessoas entrassem nesse grande manto e participassem da obra. Na época em que a artista brasileira Lygia Pape (1927-2004) criou essa performance e convidou o público a atuar na obra, o Brasil vivia um momento histórico muito triste. O governo brasileiro era comandado por uma ditadura militar, que não permitia às pessoas se expressar livremente. A performance realizada por essa artista, em parceria com várias pessoas, foi um modo de espalhar a mensagem de união e liberdade. Lygia Pape costumava dizer que seu objetivo era fazer uma obra coletiva, na qual as pessoas pudessem participar e viver a experiência de criar juntos. Muitos outros artistas também expressam desejos e mensagens de paz por meio de suas obras, com o objetivo de que as coisas ruins nunca mais aconteçam e que as pessoas respeitem as diferenças e escolhas de cada um. No período imediatamente anterior e durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), também aconteceram conflitos internos e entre alguns países. Nesses casos, a guerra foi tanto local quanto mundial e afetou a vida de muitos. Em uma cidade pequena da Espanha, por exemplo, as pessoas
Guernica, de Pablo Picasso, 1937. Óleo sobre tela, 3,8 m × 7,8 m.
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AMPLIANDO
Alain Guerra e Neraldo de La Paz. Indradhanush Over the Mersey. 2008. Escultura com vários objetos. Coleção particular. Cortesia de Guerra de La Paz.
A instalação é uma linguagem artística contemporânea que utiliza diversos meios e suportes – por vezes, tecnológicos –, e que permanece disponível ao público durante certo tempo. Depois, ela é desmontada, restando seu registro em fotografias, vídeos e catálogos.
viviam um dia aparentemente normal de seu cotidiano, quando bombas começaram a cair do céu. Em 1937, essa história foi contada pelo artista espanhol Pablo Picasso (1881-1973) em uma pintura conhecida como Guernica, nome da cidade bombardeada. Os horrores da guerra povoam essa pintura. Será que o artista deixou expresso o seu desejo de que cenas como essas não se repetissem? Olhando para a imagem de Guernica com atenção, qual é a sua opinião? Com o seu jeito de olhar, observe, descreva, analise, pense sobre as imagens dentro da obra de Picasso. Atualmente, muitos materiais podem ser usados para expressar ideias e desejos por meio da arte. Os artistas cubanos Alain Guerra (1968) e Neraldo de La Paz (1955) criam esculturas e instalações utilizando retalhos de tecidos e roupas coloridas. Exploram as cores do arco-íris como mensagem sobre o respeito à diversidade e às escolhas de cada um, além de criticar as guerras e as motivações que as fizeram surgir. Notem que as palavras Guerra e Paz fazem parte do nome dos artistas. Veja uma das obras desses artistas a seguir.
Indradhanush Over the Mersey, de Guerra de La Paz (Alain Guerra e Neraldo de La Paz). Escultura com roupas encontradas em lixões e recicladas, 304 cm 3 609 cm 3 244 cm. Cortesia dos artistas.
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MUNDO CONECTADO „„Arte e atitude
Maxppp/ZUMAPRESS/Glow Images
Os painéis Guerra e Paz, pintados por Candido Portinari, quando não estão em exposição pelo mundo, ficam na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, nos Estados Unidos. Fundada em 1945, a ONU foi criada após a Segunda Guerra Mundial para compreender e desenvolver ações tanto nas negociações de conflitos quanto na defesa de direitos humanos, além de organizar e promover campanhas mundiais de cultura pela paz. Você já presenciou alguma briga na escola? Já sofreu ou percebeu alguma injustiça? O que você faz quando seus amigos estão envolvidos em algum conflito? Que tal criar uma sede da ONU na sua escola? Essa pode ser uma proposta para trabalhar a promoção da paz por meio da arte. Alunos, professores e membros da comunidade podem participar. Vocês podem criar desenhos, pinturas, músicas, danças, peças teatrais, performances, elaborar estatutos da paz, entre outras ideias.
Visitação aos painéis Guerra e Paz, pintados por Candido Portinari. Nesta foto, a exposição passava por Paris, França, em 2014. Em destaque o painel Guerra, em frente a um grande espelho, que faz as suas grandes dimensões (14,5 m 3 9,5 m) parecerem ainda maiores.
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„ Olhar e ver
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Detalhe do painel Paz, de Candido Portinari
Coro de crianças. Detalhe da imagem do painel Paz, de Candido Portinari, 1952-1956. Painel a óleo e madeira compensada, 1 400 cm 3 953 cm (irregular) (aproximadas).
Vamos¡observar¡novamente¡a¡imagem¡do¡painel¡Paz,¡de¡Portinari. O¡que¡você¡vê?¡ Como¡você¡percebe¡a¡mensagem¡“paz”?¡ O¡que¡a¡arte¡de¡Candido¡Portinari¡diz¡a¡você? Agora,¡observe¡os¡detalhes. Olhe¡a¡sua¡volta¡na¡sala¡de¡aula.¡ Você¡já¡notou¡que¡seus¡colegas¡são¡diferentes¡ de¡você?
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Detalhe do painel Paz, de Candido Portinari
Mulheres dançando em detalhe da imagem do painel Paz, de Candido Portinari, 19521956. Painel a óleo e madeira compensada, 1 400 cm 3 953 cm (irregular) (aproximadas). 3
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Festas e brincadeiras em detalhe da imagem do painel Paz, de Candido Portinari, 19521956. Painel a óleo e madeira compensada, 1 400 cm 3 953 cm (irregular) (aproximadas).
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Localização dos detalhes na reprodução da obra principal (veja a imagem na seção Vem olhar!)
Candido Portinari. 1952-1956. Óleo sobre madeira. 140,5 3 95 cm. ONU, Nova Iorque. Reprodução autorizada por João Candido Portinari
Detalhe do painel Paz, de Candido Portinari
MAIS DE PERTO
Candido Portinari. 1952-1956. Óleo sobre madeira. 140,5 3 95 cm. ONU, Nova Iorque. Reprodução autorizada por João Candido Portinari
Nos detalhes do painel Paz, de Portinari, vemos imagens que mostram pessoas trabalhando, dançando, crianças brincando. O artista gostava de registrar o modo de vida dos brasileiros em suas pinturas. Nesse painel, o artista nos apresenta uma visão de vida pacata em tempos de paz. Agora observe a seguir a reprodução do painel Guerra, feito por esse mesmo artista. Ambas as pinturas costumam ser mostradas juntas. Por que será? Você consegue identificar o estilo de vida em situações de paz e de guerra? Que diferenças há entre essas realidades?
Guerra, de Candido Portinari, 1952-1956. Painel a óleo e madeira compensada, 1 400 cm 3 1 058 cm (irregular) (aproximadas). Obra criada para a sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, EUA.
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1956. Francesco Florian Steiner. Coleção Particular. Reprodução autorizada por João Candido Portinari
Candido Portinari (1903-1962) Candido Portinari (1903-1962) foi um artista plástico brasileiro cuja obra é muito importante. Nasceu em Brodowski, interior do estado de São Paulo. Nos temas de sua arte, ele retratou o povo brasileiro em cenas de trabalho, brincadeiras e festas. Também registrou a tristeza dos retirantes de uma terra a outra. Alegria e tristeza foram representadas com diversas cores e formas nas telas do pintor. Portinari trabalhou nos painéis Guerra e Paz entre os anos de 1952 e 1956. O lugar de destino dessas obras foi a sede da Organização das Nações Unidas (ONU), na cidade de Nova York, nos Estados Unidos da América. Muitos anos depois, essas pinturas também foram expostas em outras partes do mundo, inclusive no Brasil. Portinari costumava dizer que os artistas brasileiros precisavam olhar para sua gente. Para ele, era importante usar a arte para falar em favor das pessoas que sofriam com a pobreza, a violência ou por outros motivos sociais. Candido Portinari, 1956.
Não pretendo entender de política. Minhas convicções, que são fundas, cheguei a elas por força da minha infância pobre, de minha vida de trabalho e luta, e porque sou um artista. Tenho pena dos que sofrem, e gostaria de ajudar a remediar a injustiça social existente. Qualquer artista consciente sente o mesmo. Candido Portinari, 2003. Depoimento dado ao poeta¡ Vinicius de Moraes e publicado postumamente, em março de 1962. PORTINARI, Candido. Guerra e Paz. In: BALBI, Marilia.¡ Portinari: o pintor do Brasil. São Paulo: Boitempo, 2003. p.12.
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MAIS DE PERTO „„Ouvir e cantar
Frosa
Na sua opinião, o que é preciso para criar a letra para uma música? Do que você gosta em relação às letras de música? Em uma entrevista, Maria Gadú disse que quando criou a sua primeira composição, Shimbalaiê, “estava despretensiosamente feliz” (disponível em: http:// eba.im/az7pp6>. Acesso em: 5 mar. 2015). Será que as canções criadas pelos artistas refletem suas emoções? E os sons que ouvimos, também influenciam nossas emoções? Sons como o de vento, mar, rios, sons das cidades, de instrumentos? Que sons você gosta de ouvir? E de quais sons você não gosta? Em relação às músicas que você gosta de ouvir, se fosse enviar uma delas de presente a um amigo ou amiga, por e-mail, via redes sociais ou gravada em um CD ou pen drive, qual seria? Que tal criar um caderno de anotações sobre as suas músicas preferidas? Você pode escrever as letras, fazer desenhos enquanto as ouve ou criar imagens para descrever as sensações que elas lhe provocam. Também pode escrever comentários sobre a opinião de outras pessoas em relação às músicas de que você gosta. Será que todo mundo tem o mesmo gosto musical?
Ilustração da cantora Maria Gadú.
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Jorge Rosenberg/LatinContent/Getty Images
Maria Gadú (1986) Maria Gadú nasceu em São Paulo e desde criança faz suas próprias composições musicais. Ela disse que aprendeu a cantar com sua avó, que foi cantora lírica. Uma de suas canções é em homenagem a sua avó, Dona Cila. Ainda na adolescência, Gadú começou a fazer shows. Considerada uma das revelações da música popular brasileira, compõe a maioria das músicas que canta, mas também interpreta canções de outros músicos da nossa música popular. Costuma dizer que não tem preconceitos e ouve muitos estilos. Estuda música em casa, tocando seu instrumento preferido, o violão. Gosta de experimentar diferentes ritmos e gêneros de música do Brasil e de outras partes do mundo. Às vezes, faz experiências e mistura sons e ritmos. Em seus shows, Maria Gadú já apresentou ritmos de maracatu, samba, reggae e pop. Também já gravou canções em francês e inglês. Costuma dizer que a pesquisa é importante para criar na linguagem da música:
Cantora e compositora Maria Gadú em show do projeto Mulheres do Brasil (Mulheres Brasileiras), em São Paulo, 30 abr. 2010.
Ouço de tudo. Sem preconceito algum [...] Gosto de pesquisar, fuçar aquilo que não está ao alcance de todos. [...] Fonte da pesquisa e da citação [entrevista de Maria Gadú à revista Época]. Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/¡ Revista/Epoca/0,,EMI89285815220,00-GRAVAR+UM+DISCO+PARA+¡ AS+PESSOAS+GOSTAREM+OU+FICAR+FAMOSO+E+UMA+¡ GRANDE+BESTE.html>. Acesso em: 5 mar. 2015.
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Sensações
Tema 3
Mariana Waechther
Leia este trecho da letra de música.
[...] Quanto tempo leva pra aprender Que uma flor tem vida ao nascer Essa flor brilhando à luz do sol Pescador entre o mar e o anzol Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar Shimbalaiê, toda vez que ele vai repousar [...] Trecho da letra da música Shimbalaiê,¡ de Maria Gadú. Editora Som Livre Edições Musicais.
Que som o som das coisas tem? Os sons das músicas podem nos provocar sensações? Podemos imaginar o nome dos sons? Brincar de criar palavras para eles?
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Foi isso que uma menina chamada Maria Gadú fez aos 10 anos de idade. Um dia, ao olhar para o mar no momento do pôr do sol, ela brincou de criar palavras. Shimbalaiê é uma palavra que, segundo Maria Gadú, não tem um significado descrito em dicionários. Há até palavras parecidas, mas não têm ligações com essa criada pela artista.
Criações e significados
Frosa
Na música brasileira, vários compositores criam palavras sem um significado concreto. São sons conhecidos como “sons onomatopaicos”, “palavras-sons”. Por exemplo, sons que podem nos trazer a sensação de ter um animal por perto:
Au, au, au. Hi-ho, hi-ho Miau, miau, miau, cocorocó. [...] Trecho da letra da música Bicharia. BARDOTTI, Sérgio; ENRIQUEZ, Luiz. Bicharia. Intérprete: Coro infantil.¡ In: CHICO BUARQUE. Os Saltimbancos. Adaptação de Chico Buarque de Holanda. Rio de Janeiro: Phonogram, 1977. LP. Faixa 1.
Frosa
Certas sonoridades expressas em palavras podem nos levar a entrar em contato com ritmos e sensações na música. O compositor e cantor baiano João Gilberto (1931) criou a música Bim Bom em 1958, que tem as palavras-sons assim:
[...] Bim bom bim bim bom bom Bim bom bim bim bom bim bim É só isso o meu baião E não tem mais nada não [...]
Trecho da letra da música Bim Bom. GILBERTO, João. Bim Bom. Intérprete: João Gilberto. In: _____.¡ Chega de saudade. Rio de Janeiro, 1958. 78 rpm. Lado B.
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Frosa
O cantor e compositor carioca Jorge Ben Jor (1945), para contar a história originária da Índia sobre o amor de um príncipe por sua princesa, criou um refrão bem animado:
[...] Taj Mahal Dê dê dê, dêdêredê Dê dê, dêdêredê Dê dê, dêdêredê Dê dê... [...] Trecho da letra da música Taj Mahal. BEN JOR, Jorge. Taj Mahal. Intérprete: Jorge Ben Jor. In: _____.¡ Ben. Rio de Janeiro: Philips Records, 1972. LP. Lado B, faixa 5.
Frosa
Outras músicas usam palavras que estão dicionarizadas, ou seja, que têm significado nos dicionários, para nos lembrar de como são alguns sons:
[...] Quando choca, cocoroca Come milho e come caca E vive reclamando Que está fraca Tou fraca! Tou fraca! Tou fraca! Trecho da letra da música A galinha-d’angola. MORAES, Vinicius; TOQUINHO. A galinha-d’angola. Intérprete: Ney Matogrosso.¡ In: [Vários.] Arca de Noé 2. Rio de Janeiro: Ariola, 1980. LP. Faixa 10.
Podemos, ainda, imaginar como são os sons sugeridos pelas músicas. E a chuva? Que som tem? Como você pode escrever esse som? Como você pode inventar “palavras-sons”?
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MUNDO CONECTADO
Imagem do documentário Ouvir o rio: uma escultura sonora de Cildo Meireles, sobre o processo de criação da obra RIO:OIR, na qual esse artista plástico brasileiro registra a busca do som das principais bacias hidrográficas brasileiras. Direção de Marcela Lordy, 2012. 89 min.
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Você já prestou atenção no som das águas? Mar, rios, chuva ou até mesmo o som das torneiras da sua casa? Os sons são iguais? O artista carioca Cildo Meireles (1948) se interessou muito pelo som das águas. Gostou tanto desses sons que resolveu viajar pelo Brasil à procura de mais sonoridades, vindas das bacias hidrográficas do nosso país. Para apresentar sua pesquisa, o artista cria instalações com nome RIO:OIR (desde 2011) usando os arquivos sonoros, registros de suas viagens. Imagine entrar em uma sala escura e ouvir diferentes sons das águas brasileiras? Mais uma pesquisa interessante é observada em outra sala, na qual os visitantes podem ouvir risos de pessoas de várias partes do Brasil. Com base nos arquivos de imagens e sons do artista, a cineasta paulista Marcela Lordy dirigiu o documentário Ouvir o rio: uma escultura sonora de Cildo Meireles, lançado em 2012. No filme, além das águas dos rios, são mostrados sons e imagens de águas vertendo de torneiras, sons da chuva, água em piscinas e outros registros, assim como paisagens e risos das pessoas encontradas nesses caminhos. Inicialmente, a intenção do artista na busca do registro de sons e imagens das águas brasileiras era criar produções artísticas que provocassem novas experiências no público, despertando a atenção para essas sonoridades e para as percepções e sensações que surgissem. Então, durante a viagem pelo Brasil, o artista e sua equipe começaram a perceber os problemas com a degradação da natureza. Observaram, lado a lado, a beleza das paisagens e as situações de descaso com a preservação desse bem natural tão importante que é a água. A questão da água é uma preocupação de todo o planeta. No Brasil, de modo geral, também estamos preocupados. O que você pensa sobre essa situação? Em sua cidade, as autoridades e a população estão cuidando das nascentes, dos rios e reservatórios? Que tal realizar uma pesquisa com seus colegas e professores? Grave os sons das águas em sua região. Você pode usar até um celular para capturar sons de torneiras, chuveiros ou da chuva. Traga esses e outros sons de água para a escola, ouça, crie desenhos e palavras-sons com base em suas pesquisas. Essas pesquisas podem ser maneiras de criar sensações por meio da arte com base em sons e imagens.
Documentário de Marcela Lordy. Ouvir o Rio: Uma Escultura Sonora de Cildo Meireles. Brasil, 2012. Foto: Janice d’Ávila
„„A voz dos rios