A história do sapo Luiz

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A história verdadeira do sapo Luiz

Ilustrações

Luiz Ruffato

A história verdadeira do sapo Luiz

Ilustrações

Talita Hoffmann

Luiz Ruffato

A história verdadeira do sapo Luiz

2ª edição São Paulo – 2020

Copyright © Luiz Ruffato, 2014

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Diretor geral Ricardo Tavares de Oliveira

Gerente editorial Isabel Lopes Coelho

Editor Estevão Azevedo

Editora assistente Flavia Lago

Coordenador de produção editorial Leandro Hiroshi Kanno

Preparadora Aline Araújo

Revisoras Lívia Perran e Tatiana Sado Jaworski

Editores de arte e projeto grá co Daniel Justi e Camila Catto

Diretor de operações e produção grá ca Reginaldo Soares Damasceno

Luiz Ruffato nasceu em Cataguases, Minas Gerais, em 1961. Formado em Comunicação pela Universidade Federal de Juiz de Fora, publicou vários livros, entre os quais a pentalogia Inferno provisório e o aclamado Eles eram muitos cavalos, que recebeu o prêmio APCA e o Machado de Assis, da Biblioteca Nacional.

Talita Hoffmann trabalha como artista plástica e ilustradora desde 2008. Formada em Design Visual, já participou de diversas mostras coletivas e individuais no Brasil e em países como Estados Unidos, Austrália, Finlândia, Espanha e Inglaterra.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Ruffato, Luiz

A história verdadeira do sapo Luiz / Luiz Ruffato ; ilustrações Talita Hoffmann. – 2. ed. – São Paulo : FTD, 2020.

ISBN 978-85-96-02652-9

1. Literatura infantojuvenil 2. Livros ilustrados I. Hoffmann, Talita. II. Título.

19-31084

Índices para catálogo sistemático:

1. Literatura infantil 028.5

2. Literatura infantojuvenil 028.5

CDD-028.5

Maria Alice Ferreira – Bibliotecária – CRB-8/7964

Este texto foi publicado anteriormente pela Editora DSOP ( 1ª edição), em 2014.

Para Helena

Era uma vez um reino distante, perdido no meio de uma floresta. Lá vivia um rei muito bondoso, que governava suas terras com justiça, sabedoria e generosidade. Ele morava em um castelo enorme e, com a rainha, dava longos passeios aos domingos, quando visitavam os súditos, ouvindo suas queixas, solucionando conflitos e auxiliando os pobres, as viúvas e os doentes.

Embora não transparecesse, o rei carregava grande tristeza: ele pertencia a uma das famílias mais antigas do mundo e sonhava ter um filho varão, que herdaria o reino e o manteria unido, como havia sido em todas as vinte e três gerações passadas. A rainha, porém, não engravidava. Eles tentaram superar o problema apelando para os médicos mais famosos (e até mesmo para os magos mais famosos), sem sucesso.

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Até que em uma manhã, a rainha, passeando pelos jardins do Palácio de Verão, ouviu um pássaro entoar um canto nunca antes ouvido. Prestando atenção, ela percebeu que a melodia formava um fraseado, que dizia mais ou menos assim:

Em breve, em breve, uma criança nascerá.

Nunca mais, nunca mais, outro filho à luz dará.

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Assustada, mas muito contente, ela correu para anunciar ao marido que estava grávida.

O rei então decretou duas semanas inteiras de festa. Libertou prisioneiros, repartiu alimentos, aboliu impostos e abriu as fronteiras para que outros povos pudessem compartir de sua imensa alegria.

Os meses se passaram em meio a tanto júbilo que ninguém notou a chegada do grande dia.

A parteira-mor entrou devagar na sala de espera e comunicou ao rei que o bebê acabara de nascer.

— Mas é uma menina — alertou.

Ele, embora inicialmente surpreso, não demonstrou decepção. Saiu pelos corredores gritando:

— Nasceu e é uma menina! Nasceu e é uma menina! Imediatamente encarregou o menestrel de compor músicas que expressassem sua satisfação e que exaltassem a beleza da filha.

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Durante um mês, o rei — que gostava muito de cavalos — cavalgou por suas terras, com o arauto, espalhando a boa-nova. Ele parava em todas as aldeias, o sino da igreja era tocado conclamando os cidadãos e, do púlpito, emocionado, relatava o nascimento da princesa Juliana — este era seu nome —, que iria, um dia, assumir o seu lugar.

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O rei tinha três irmãs, que moravam em um outro castelo, tão grande quanto o dele. Elas não haviam se casado, porque diziam que, em lugar nenhum da Terra, havia homem suficientemente digno para desposá-las. Eram muito exigentes, rabugentas e se alimentavam dos mais mesquinhos sentimentos: a inveja, o ódio, a cobiça, a vaidade, a avareza, o orgulho. Com o passar do tempo, foram se embruxando.

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Em uma tarde de primavera, as três chegaram ao Palácio Real em uma majestosa carruagem puxada por seis cavalos brancos, ricamente vestidas, o corpo abarrotado de joias em ouro e diamantes. Dirigiram-se ao quarto da princesa, onde prestaram reverências a Juliana, instalada num berço luxuoso, mas simples e, depois, após tomarem chá com o rei e a rainha, a mais velha entre elas disse:

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— Sim, ela é linda e meu irmão está feliz. Mas tempo virá em que a menina se tornará moça e buscará um noivo — e a desgraça se abaterá sobre esta casa. Tal qual aconteceu conosco, ela não encontrará, em nenhum canto da Terra, um homem capaz de conquistar seu coração.

Perplexo, o rei perguntou:

— Ela nunca se casará? — caindo em funda prostração.

Levantando-se da mesa, as três irmãs foram embora. E a tristeza ecoou por entre as paredes dos longos corredores do castelo.

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Apesar da apreensão dos pais, a menina cresceu em meio aos maiores cuidados. Os professores mais conhecidos do mundo foram reunidos, e ela rápido aprendeu várias línguas — vivas e mortas —, literatura, filosofia, música, dança, boas maneiras, equitação, mas, principalmente, aprendeu a respeitar os outros, exercitando no dia a dia a humildade, a tolerância, a honestidade e a gentileza.

Vencedor do Prêmio Jabuti de melhor livro infantil em 2015

Uma princesa e um sapo. Isso parece bastante familiar, não é? Mas, ao conhecermos os protagonistas dessa história, veremos que Juliana e Luiz não são uma princesa e um sapo como os outros.

Cansada de ver a jovem triste e solitária, a aia propõe a Juliana que faça como as princesas dos contos tradicionais: beijar sapos até desfazer um encanto e, assim, encontrar o amor verdadeiro e ser feliz para sempre. Mas seria tão simples?

De maneira surpreendente, Luiz Ruffato nos apresenta uma história sensível sobre diversidade e respeito às diferenças.

9 788596 026529 ISBN 978-85-96-02652-9
9010302000026

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