A história verdadeira do sapo Luiz
Ilustrações
Talita Hoffmann Luiz RuffatoIlustrações
Talita Hoffmann Luiz RuffatoCopyright © Luiz Ruffato, 2014
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Luiz Ruffato nasceu em Cataguases, Minas Gerais, em 1961. Formado em Comunicação pela Universidade Federal de Juiz de Fora, publicou vários livros, entre os quais a pentalogia Inferno provisório e o aclamado Eles eram muitos cavalos, que recebeu o prêmio APCA e o Machado de Assis, da Biblioteca Nacional.
Talita Hoffmann trabalha como artista plástica e ilustradora desde 2008. Formada em Design Visual, já participou de diversas mostras coletivas e individuais no Brasil e em países como Estados Unidos, Austrália, Finlândia, Espanha e Inglaterra.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Ruffato, Luiz
A história verdadeira do sapo Luiz / Luiz Ruffato ; ilustrações Talita Hoffmann. – 2. ed. – São Paulo : FTD, 2020.
ISBN 978-85-96-02652-9
1. Literatura infantojuvenil 2. Livros ilustrados I. Hoffmann, Talita. II. Título.
19-31084
Índices para catálogo sistemático:
1. Literatura infantil 028.5
2. Literatura infantojuvenil 028.5
CDD-028.5
Maria Alice Ferreira – Bibliotecária – CRB-8/7964
Este texto foi publicado anteriormente pela Editora DSOP ( 1ª edição), em 2014.
Para HelenaEra uma vez um reino distante, perdido no meio de uma floresta. Lá vivia um rei muito bondoso, que governava suas terras com justiça, sabedoria e generosidade. Ele morava em um castelo enorme e, com a rainha, dava longos passeios aos domingos, quando visitavam os súditos, ouvindo suas queixas, solucionando conflitos e auxiliando os pobres, as viúvas e os doentes.
Embora não transparecesse, o rei carregava grande tristeza: ele pertencia a uma das famílias mais antigas do mundo e sonhava ter um filho varão, que herdaria o reino e o manteria unido, como havia sido em todas as vinte e três gerações passadas. A rainha, porém, não engravidava. Eles tentaram superar o problema apelando para os médicos mais famosos (e até mesmo para os magos mais famosos), sem sucesso.
Até que em uma manhã, a rainha, passeando pelos jardins do Palácio de Verão, ouviu um pássaro entoar um canto nunca antes ouvido. Prestando atenção, ela percebeu que a melodia formava um fraseado, que dizia mais ou menos assim:
Em breve, em breve, uma criança nascerá.
Nunca mais, nunca mais, outro filho à luz dará.
Assustada, mas muito contente, ela correu para anunciar ao marido que estava grávida.
O rei então decretou duas semanas inteiras de festa. Libertou prisioneiros, repartiu alimentos, aboliu impostos e abriu as fronteiras para que outros povos pudessem compartir de sua imensa alegria.
Os meses se passaram em meio a tanto júbilo que ninguém notou a chegada do grande dia.
A parteira-mor entrou devagar na sala de espera e comunicou ao rei que o bebê acabara de nascer.
— Mas é uma menina — alertou.
Ele, embora inicialmente surpreso, não demonstrou decepção. Saiu pelos corredores gritando:
— Nasceu e é uma menina! Nasceu e é uma menina! Imediatamente encarregou o menestrel de compor músicas que expressassem sua satisfação e que exaltassem a beleza da filha.
Durante um mês, o rei — que gostava muito de cavalos — cavalgou por suas terras, com o arauto, espalhando a boa-nova. Ele parava em todas as aldeias, o sino da igreja era tocado conclamando os cidadãos e, do púlpito, emocionado, relatava o nascimento da princesa Juliana — este era seu nome —, que iria, um dia, assumir o seu lugar.
O rei tinha três irmãs, que moravam em um outro castelo, tão grande quanto o dele. Elas não haviam se casado, porque diziam que, em lugar nenhum da Terra, havia homem suficientemente digno para desposá-las. Eram muito exigentes, rabugentas e se alimentavam dos mais mesquinhos sentimentos: a inveja, o ódio, a cobiça, a vaidade, a avareza, o orgulho. Com o passar do tempo, foram se embruxando.
Em uma tarde de primavera, as três chegaram ao Palácio Real em uma majestosa carruagem puxada por seis cavalos brancos, ricamente vestidas, o corpo abarrotado de joias em ouro e diamantes. Dirigiram-se ao quarto da princesa, onde prestaram reverências a Juliana, instalada num berço luxuoso, mas simples e, depois, após tomarem chá com o rei e a rainha, a mais velha entre elas disse:
— Sim, ela é linda e meu irmão está feliz. Mas tempo virá em que a menina se tornará moça e buscará um noivo — e a desgraça se abaterá sobre esta casa. Tal qual aconteceu conosco, ela não encontrará, em nenhum canto da Terra, um homem capaz de conquistar seu coração.
Perplexo, o rei perguntou:
— Ela nunca se casará? — caindo em funda prostração.
Levantando-se da mesa, as três irmãs foram embora. E a tristeza ecoou por entre as paredes dos longos corredores do castelo.
Apesar da apreensão dos pais, a menina cresceu em meio aos maiores cuidados. Os professores mais conhecidos do mundo foram reunidos, e ela rápido aprendeu várias línguas — vivas e mortas —, literatura, filosofia, música, dança, boas maneiras, equitação, mas, principalmente, aprendeu a respeitar os outros, exercitando no dia a dia a humildade, a tolerância, a honestidade e a gentileza.
Vencedor do Prêmio Jabuti de melhor livro infantil em 2015
Uma princesa e um sapo. Isso parece bastante familiar, não é? Mas, ao conhecermos os protagonistas dessa história, veremos que Juliana e Luiz não são uma princesa e um sapo como os outros.
Cansada de ver a jovem triste e solitária, a aia propõe a Juliana que faça como as princesas dos contos tradicionais: beijar sapos até desfazer um encanto e, assim, encontrar o amor verdadeiro e ser feliz para sempre. Mas seria tão simples?
De maneira surpreendente, Luiz Ruffato nos apresenta uma história sensível sobre diversidade e respeito às diferenças.