A AGÚSI DS PQEA CIA RDÍCLS
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Mãe doente, término de namoro, desentendimento no trabalho… A protagonista desta história tem dificuldade para lidar com tudo o que está acontecendo em sua vida. Além disso, a falta de diálogo com o pai, o distanciamento da melhor amiga e as discussões com o chefe geram ainda mais angústia. Enquanto tenta administrar todas essas questões, ela inventa listas, passa a madrugada preparando doces e estuda francês por meio de um aplicativo. Mas é nas receitas da avó, nos versos de Fernando Pessoa e nas frases de Clarice Lispector que ela encontra um verdadeiro alento: a descoberta de que a angústia que sente já foi vivenciada por incontáveis pessoas de outras épocas e lugares. E essa identificação e a sensação de pertencimento podem acabar transformando os problemas de sua vida em pequenas coisas ridículas.
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1 ª. edição
são paulo – 2021
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Reprodução proibida: Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Todos os direitos reservados à EDITORA FTD S.A. Rua Rui Barbosa, 156 - Bela Vista - São Paulo - SP CEP 01326-010 - Tel. 0800 772 2300 www.ftd.com.br | central.relacionamento@ftd.com.br Diretor-geral Ricardo Tavares de Oliveira Diretor adjunto Cayube Galas Gerente editorial Isabel Lopes Coelho Editor Estevão Azevedo Editora assistente Camila Saraiva Coordenador de produção editorial Leandro Hiroshi Kanno Líder de preparação e revisão Aline Araújo Preparadora Andressa Bezerra Revisoras Fernanda Simões Lopes e Tereza Gouveia Editores de arte Daniel Justi e Camila Catto Projeto gráfico e diagramação Flávia Castanheira Diretor de operações e produção gráfica Reginaldo Soares Damasceno Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Geisler, Luisa A angústia das pequenas coisas ridículas / Luisa Geisler. — 1. ed. — São Paulo: FTD, 2021. ISBN 978-65-5742-160-4 1. Ficção juvenil I. Título. 20-49141
CDD-028.5
Índices para catálogo sistemático: 1. Ficção: Literatura infantojuvenil 028.5 2. Ficção: Literatura juvenil 028.5 Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964
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Prea Sen 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25.
Sobre o acontecido como eu me lembro, 12 Sobre o ateneu, 13 Sobre muxibentos, 15 Sobre a constelação de Gêmeos, 19 Sobre ensejos, 22 Sobre odiar ligações telefônicas (parte i), 25 Sobre cozer & coser, 27 Sobre o oblívio, 28 Sobre bonjours, 30 Sobre vigílias, 35 Sobre bulhufas, 38 Sobre estrambóticos, 43 Sobre bagunça, 46 Sobre esculhambar, 48 Sobre enxovalhos, 56 Sobre odiar ligações telefônicas (parte ii), 57 Sobre gororobas, 60 Sobre faniquitos, 61 Sobre lapsos, 61 Sobre os cacarecos, 62 Sobre a Rede Social dos Vídeos Longos, 68 Sobre sentir medo, 69 Sobre ir longe demais, 71 Sobre capenga, 71 Sobre diálogos, 75
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Sen Sen 26. Sobre a segunda, 80 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 42. 43. 44. 45.
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Sobre liberdade ser pouco, 86 Sobre o velho diálogo, 88 Sobre pulhas, 89 Sobre Memórias póstumas, 91 Sobre porquês, 93 Sobre odiar ligações telefônicas (parte iii), 93 Sobre tentativas, 94 Sobre angélicas, 95 Sobre o claro, 99 Sobre o(s) protocolo(s) da Rata, 102 Sobre o ponto, 107 Sobre uma lista das minhas comidas favoritas, 110 Sobre chorumes, 116 Sobre deserção, 119 Sobre o brega, 122 Sobre a travessia, 126 Sobre a canja, 128 Sobre os fatos, 130 Sobre o nome de Vovó, 140
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Teea Sen 46. Sobre o pardo, 144 47.
Sobre um(a) real, 144
48. Sobre a azáfama, 148 49. Sobre a gente precisar se divertir, 150 50. Sobre o entreolhar, 151 51. 52. 53. 54. 55. 56. 57. 58. 59. 60. 61. 62. 63. 64. 65. 66. 67. 68. 69. 70. 71.
Sobre odiar ligações telefônicas (parte iv), 159 Sobre o portal, 160 Sobre odiar ligações telefônicas (parte v), 167 Sobre apesar, 167 Sobre quefazeres, 171 Sobre ler sem pescar, 174 Sobre as lascas, 178 Sobre a boniteza, 183 Sobre como minha mãe se iguala à urgência, 187 Sobre a metafísica do furinho de pudim, 190 Sobre odiar ligações telefônicas (parte vi), 193 Sobre mulheres, 193 Sobre arritmia, 197 Sobre gincanas, 199 Sobre ser presa, 207 Sobre tréguas, 209 Sobre odiar ligações telefônicas (parte vii), 215 Sobre bons dias, 216 Sobre alçar, 217 Sobre o caminho pra casa da minha vó, 220 Sobre plugar, 221
sobre mim, a autora, 229
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— O que Colombo buscava quando descobriu a América por acidente? Uma nova rota para as Índias — lembra Érico. — A América só existe como tal porque cansamos de comida sem tempero, porque queríamos mais chá e açúcar. Pensem quantas civilizações foram esmagadas, guerras travadas, pessoas escravizadas... em nome de quê? De religião, de glórias nacionais, de ouro? Não. Em nome do gengibre, da noz-moscada, das favas de baunilha e do chá. E é por isso que eu aprecio um bom prato de comida, senhorita. Pois foi essa necessidade extrema de agradar ao paladar o que conjurou a terra de onde venho, o barro vital do qual fomos moldados. Quando se trata de mover o mundo, a fé das gentes e a ambição dos reis não são nada comparados à vontade de variar o prato. A culinária é o verdadeiro eixo que equilibra o globo. samir machado de machado, em Homens elegantes
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PIER SMN
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1 SBE O AOTCD CM E M LMR É junho e é uma noite fria demais. Na rua, um motoqueiro passa, um grupo de vozes masculinas passa conversando e rindo. Ao lado da cama, uma xícara vazia de achocolatado. Na cama, eu pegando no sono. Como se afundasse numa geleia, devagar. Como se estivesse caindo. Mas uma queda pausada, como a água quando está a ponto de ferver num fogo fraco e irregular, e não borbulha, porque ideias, faíscas de pensamentos, me trazem pra cima, me fazem acordar e subir. Talvez uma queda lenta em azeite de oliva. Talvez eu sendo a água que não mistura com o óleo. Porque dormir é tão difícil. Por que dormir é tão difícil? No azeite espesso e grudento. Ouço uma voz, passos. A descarga do banheiro. O frio da minha cama. Coisas abrindo e fechando. Minha mãe também tem insônia. Sou a gota de água que vai atravessando o óleo sem se tornar parte de nada. Como se “eu como”, um verbo ativo. Como azeitona. Como doce de leite. Como autofagia. E na noite de hoje. Eu pego no sono, mas uma parte de mim acorda de novo e de novo e de novo. E eu tento emergir, pra consciência, mas é como se o óleo tivesse esfriado. Os pensamentos puxam e eu não me movo. Mas não afundo no sono. Não caio, mergulho, não desmorono, não baixo. Eu não 12
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me solto. Semiconsciência. Agora o óleo é só uma banha de porco que ficou na geladeira. Duro. E eu não me movo acordada. E não me movo dormindo. Tem gente acordada na casa.
2 SBE O AEE A Coordenadora está falando da festa junina. Parece que tem que vender alguma rifa. Sempre tem uma rifa. Vai ter uma gincana, eu acho? Eu olho pra frente porque tenho que olhar pra frente. A Coordenadora parece um gafanhoto, com uma postura estranha e ar de que devoraria todos os seus parceiros. À minha esquerda, tem um casal. O casal é Fulano e Ciclana. O casal está sentado com amigos deles, como Fulana e Beltrana e Ciclano e Beltrano. Ciclana costumava ser minha melhor amiga. E eu costumava ser a namorada de Fulano. E tudo bem que a gente terminou sem briga, sem escarcéu. E tudo bem que era pra “manter a amizade”. E tudo bem que ele e a Ciclana já estavam meio que se gostando, e eu tinha ciúmes, e ele: — Amor, você tá louca. E mais tarde, eu e as meninas conversando no intervalo, a Fulana tinha gastado um real inteiro em pirulito, e a gente comendo, e eu revelando um segredo que poderia ser julgado, e a Fulana me abraçava: — Amiga, o que é isso? Você tá vendo coisas. E aí eu e ele terminamos. E aí agora. E todo mundo disse que ia manter a amizade comigo, mas pararam de me convidar. As mesas não têm mais lugar, os trabalhos em grupo “já fecharam as pessoas que precisavam”. Agora eles ficam lá e eu fico aqui. 13
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