Alfredo Boulos Júnior
HISTÓRIA SOCIEDADE
9
&CIDADANIA
Alfredo Boulos Júnior
HISTÓRIA
SOCIEDADE
&CIDADANIA
9 Alfredo Boulos Júnior
Doutor em Educação (área de concentração: História da Educação) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Mestre em Ciências (área de concentração: História Social) pela Universidade de São Paulo. Lecionou na rede pública e particular e em cursinhos pré-vestibulares. É autor de coleções paradidáticas. Assessorou a Diretoria Técnica da Fundação para o Desenvolvimento da Educação – São Paulo.
4 a edição | São Paulo | 2018
D3-HIS-F2-2064-V9-INICIAIS-001-009-ML-LA-M19.indd 1
12/5/18 10:50 AM
Copyright © Alfredo Boulos Júnior, 2018. Diretor editorial Diretora editorial adjunta Gerente editorial Editor Editores assistentes Assistente editorial Assessoria Gerente de produção editorial Coordenador de produção editorial Gerente de arte Coordenadora de arte Projeto gráfico Projeto de capa Foto de capa Supervisor de arte Editores de arte Diagramação Tratamento de imagens Coordenadora de ilustrações e cartografia Ilustrações Cartografia Coordenadora de preparação e revisão Supervisora de preparação e revisão Revisão
Supervisora de iconografia e licenciamento de textos Iconografia Licenciamento de textos Supervisora de arquivos de segurança Diretor de operações e produção gráfica
Antonio Luiz da Silva Rios Silvana Rossi Júlio Flávia Renata P. A. Fugita João Carlos Ribeiro Jr. Bárbara Berges, Maiza Garcia Barrientos Agunzi, Rui C. Dias Carolina Bussolaro Marciano Cláudio A. V. Cavalcanti Mariana Milani Marcelo Henrique Ferreira Fontes Ricardo Borges Daniela Máximo Sergio Cândido Sergio Cândido Sem Título, pescadores, OST, 1995 (Verger)/COPYRIGHTS CONSULTORIA Vinícius Fernandes Edgar Sgai, Felipe Borba Lima Estúdio Gráfico Ana Isabela Pithan Maraschin, Eziquiel Racheti Marcia Berne Editoria de arte, Manzi Allmaps, Maps World, Renato Bassani, Selma Caparroz Lilian Semenichin Viviam Moreira Adriana Périco, Camila Cipoloni, Carina de Luca, Célia Camargo, Felipe Bio, Fernanda Marcelino, Fernanda Rodrigues, Fernando Cardoso, Heloisa Beraldo, Iracema Fantaguci, Paulo Andrade, Pedro Fandi, Rita Lopes, Sônia Cervantes, Veridiana Maenaka Elaine Bueno Amanda Loss Von Losimfeldt, Caio Mazzilli, Daniel Cymbalista, Priscilla Liberato Narciso Erica Brambila, Vanessa Trindade Silvia Regina E. Almeida Reginaldo Soares Damasceno
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Boulos Júnior, Alfredo História sociedade & cidadania : 9o ano / Alfredo Boulos Júnior. — 4. ed. — São Paulo : FTD, 2018. ISBN 978-85-96-02061-9 (aluno) ISBN 978-85-96-02062-6 (professor) 1. História (Ensino fundamental) I. Título. 18-21618
CDD-372.89 Índices para catálogo sistemático:
1. História : Ensino fundamental
372.89
Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Envidamos nossos melhores esforços para localizar e indicar adequadamente os créditos dos textos e imagens presentes nesta obra didática. No entanto, colocamo-nos à disposição para avaliação de eventuais irregularidades ou omissões de crédito e consequente correção nas próximas edições. As imagens e os textos constantes nesta obra que, eventualmente, reproduzam algum tipo de material de publicidade ou propaganda, ou a ele façam alusão, são aplicados para fins didáticos e não representam recomendação ou incentivo ao consumo.
Reprodução proibida: Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Todos os direitos reservados à EDITORA FTD. Produção gráfica
Avenida Antônio Bardella, 300 - 07220-020 GUARULHOS (SP) Fone: (11) 3545-8600 e Fax: (11) 2412-5375
D3-HIS-F2-2064-V9-INICIAIS-001-009-ML-LA-M19.indd 2
Rua Rui Barbosa, 156 – Bela Vista – São Paulo – SP CEP 01326-010 – Tel. 0800 772 2300 Caixa Postal 65149 – CEP da Caixa Postal 01390-970 www.ftd.com.br central.relacionamento@ftd.com.br
www.twosides.org.br
12/5/18 2:51 PM
APRESENTAÇÃO Caro aluno, cara aluna, Quero lhe dizer algo que para mim é importante e por isso gostaria que você soubesse: para que este livro chegasse às suas mãos, foram necessários o trabalho e a dedicação de muitas pessoas: os profissionais do mundo do livro. O autor é um deles. Sua tarefa é pesquisar e escrever o texto e as atividades, além de sugerir as imagens que ele gostaria que entrassem no livro. A essas páginas produzidas pelo autor damos o nome de originais. O editor e seus assistentes leem e avaliam os originais. Em seguida, solicitam ao autor que melhore ou corrija o que é preciso no texto. Por vezes, pedem que o autor refaça uma ou outra parte. Daí entram em cena outros trabalhadores do mundo do livro: os profissionais da Iconografia, da Arte, da Revisão e do Jurídico, entre outros. Os profissionais da Iconografia pesquisam, selecionam, tratam e negociam as imagens (fotografias, desenhos, gravuras, pinturas etc.) que serão aplicadas no livro. Algumas dessas imagens são os mapas, feitos por especialistas (os cartógrafos), e desenhos baseados em pesquisas históricas, feitos por profissionais denominados ilustradores. Os profissionais da Arte criam um projeto gráfico (planejamento visual da obra), preparam e tratam as imagens e diagramam o livro, isto é, distribuem textos e imagens pelas páginas para que a leitura se torne mais compreensível e agradável. Os profissionais da Preparação e Revisão corrigem palavras e frases, ajustam e padronizam o texto. A equipe do Jurídico solicita a autorização legal para o uso de textos de outros autores e das imagens que irão compor o livro. Todo esse trabalho é acompanhado pela Gerência Editorial. Em seguida, esse material todo, que é um arquivo digital, segue para a gráfica, onde é transformado em livro por técnicos especializados do setor Gráfico. Depois de pronto, o livro chega às mãos da equipe de Divulgação, que o apresenta aos professores, personagens que dão vida ao livro, objeto ao mesmo tempo material e cultural. Meu muito obrigado do fundo do coração a todos esses profissionais, sem os quais esta Coleção não existiria! E obrigado também a você, leitor. O autor
D3-HIS-F2-2064-V9-INICIAIS-001-009-ML-LA-M19.indd 3
12/5/18 10:50 AM
CONHEÇA SEU LIVRO
I
UNIDADE
ABERTURA DE UNIDADE
} Fonte 2
REPÚBLICA E CIDADANIA
Bestializados ou bilontras? O povo assistiu bestializado à proclamação da República, segundo Aristides Lobo [...]. Havia tribofe na política, na bolsa, no câmbio, na imprensa, no teatro, nos bondes, nos aluguéis, no amor. Não se obedecia nem à lei dos homens, nem à de Deus. [...] O povo sabia que o formal não era sério. Não havia Tribofe: gíria da época que significa caminhos de participação, a República não era para valer. trapaça, enganação, Nessa perspectiva, o bestializado era quem levasse a políengodo. tica a sério, era o que se prestasse à manipulação. Num Bilontra: gíria da sentido [...], a política era tribofe. Quem apenas assistia, época que significa esperto. como fazia o povo do Rio por ocasião das grandes transformações realizadas a sua revelia, estava longe de ser bestializado. Era bilontra.
No mundo atual, as tensões e disputas por controle e manutenção do poder republicano dividem e opõem cidadãos em diferentes partes do mundo. Sob o nome de República (res = coisa; publica = do povo), há repúblicas que conservam práticas autoritárias e outras que abrem mais espaço para o exercício da cidadania. No Brasil, desde quando foi proclamada em 1889, a República conheceu alguns períodos de autoritarismo e outros de maior participação popular. Como o povo brasileiro terá reagido à Proclamação da República? Por que isso aconteceu? Com a República, o que mudou para os ex-súditos do Império? Segundo o historiador José Murilo de Carvalho, a República então proclamada impediu a formação da cidadania. E hoje, os cidadãos têm conseguido exercer sua cidadania?
Este volume está organizado em quatro unidades. Cada uma delas é iniciada por uma página dupla na qual, por meio de imagens e textos, os temas a serem trabalhados são apresentados.
CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. p. 140, 158, 160.
} Fonte 3 ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS, 1894-1930
} Fonte 1 Candidato vencedor
No de votantes (mil)
% de votantes sobre a população
Prudente de Morais (1894)
345
2,2
Campos Sales (1898) Rodrigues Alves (1902)
BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO
15 de novembro, K. Lixto. Revista Fon-Fon, novembro de 1913.
462 645
2,7 3,4
% dos votos do vencedor sobre total de votantes 84,3 90,9 91,7
Afonso Pena (1906)
294
1,4
97,9
Hermes da Fonseca (1910)
698
3,0
57,9
Venceslau Brás (1914)
580
2,4
91,6
Rodrigues Alves (1918)
390
1,5
99,1
Epitácio Pessoa (1919) Artur Bernardes (1922)
403 833
1,5 2,9
71,0 56,0
Washington Luís (1926)
702
2,3
98,0
Júlio Prestes (1930)
1 890
5,6
57,7
Fonte: CARVALHO, José Murilo de. Os três povos da República. Revista USP, São Paulo, n. 59, p. 104, set./nov. 2003. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/revusp/article/view/13279/15097>. Acesso em: 31 out. 2018.
A Monarquia – Não é por falar mal, mas com franqueza... Eu esperava outra coisa. A República – Eu também!
a) O autor concorda com a afirmação de Aristides Lobo, segundo a qual o povo assistiu à Proclamação da República “bestializado”? Por quê? b) Como o autor caracteriza a política da Primeira República? c) Que relação se pode estabelecer entre a fonte 1 e a fonte 2? d) A fonte 3 nega, confirma ou relativiza o conteúdo da fonte 2?
10
11 30/11/18 16:25
Desafios propostos ao longo dos capítulos para discutir imagens, gráficos, tabelas e textos.
12
BRASIL: UMA EXPERIÊNCIA DEMOCRÁTICA (1945 A 1964) À esquerda, Juscelino Kubitschek em capa da revista O Cruzeiro, de 7 de maio de 1960. À direita, o cantor e violonista João Gilberto, considerado um dos criadores do ritmo Bossa Nova. São Paulo, 1965. ARQUIVO/AGE/AE
DIALOGANDO
Nas aberturas dos capítulos são apresentadas imagens de diversos tipos acompanhadas de questões que iniciam a discussão dos temas que serão trabalhados nas páginas seguintes.
CAPÍTULO
Entre 1945 e 1964, ocorreram muitas novidades no cenário brasileiro, como a construção de Brasília (1960); o surgimento de um novo estilo musical, a “Bossa Nova”; o brilhantismo da Seleção Brasileira, especialmente de jogadores como Didi, Pelé, Bellini e Garrincha... tudo isso marcou os brasileiros que viveram aqueles tempos. Você gosta de futebol? E de música? Você acha Brasília uma cidade interessante? Sabe quem a projetou? O que mais você sabe sobre aqueles tempos? Copa do Mundo de Futebol de 1958, na Suécia. À esquerda, o goleiro sueco e Pelé sobem para disputar a bola. À direita, o capitão da seleção brasileira, Bellini, recebe do rei Gustavo, da Suécia, a taça Jules Rimet, após a conquista do campeonato mundial de futebol.
ARQUIVO/ESTADÃO CONTEÚDO/AE
ABERTURA DE CAPÍTULO
GAMMA-KEYSTONE/GETTY IMAGES
12/4/18 4:24 PM D3-HIS-F2-2064-V9-U01-C01-010-026-ML-LA-M19.indd 11
REVISTA O CRUZEIRO
D3-HIS-F2-2064-V9-U01-C01-010-026-ML-LA-M19.indd 10
225 D3-HIS-F2-2064-V9-U03-C12-225-243-ML-LA-M19.indd 225
12/3/18 5:02 PM
PARA SABER MAIS
o neoliberalismo, o Estado deve: • estimular a livre concorrência entre empresas e países;
RON SACHS/ZUMAPRESS/EASYPIX BRASIL
O neoliberalismo O neoliberalismo é uma doutrina favorável à não intervenção do Estado na economia. Segundo
PARA SABER MAIS
• promover a privatização, isto é, a venda de empresas estatais a particulares; • favorecer a abertura do mercado nacional
Quadro que apresenta informações extras sobre os conteúdos trabalhados nos capítulos.
às mercadorias e aos capitais estrangeiros; • diminuir os gastos públicos para manter o equilíbrio entre o que se arrecada com impostos e o que se gasta. O neoliberalismo foi aplicado inicialmente no Reino Unido da primeira-ministra Margaret Thatcher, entre 1979 e 1990, nos Estados Unidos do presidente Ronald Reagan, entre 1981 e 1989, e na Alemanha do chanceler Helmut Kohl, entre 1982 e 1988. No Brasil, foi posto em prática a partir do governo Collor (1990-1992), que criou facilidades para a entrada de produtos estrangeiros e iniciou um processo de venda das empresas estatais (privatização).
Margaret Thatcher perfila-se para ouvir o hino nacional dos Estados Unidos, ao lado do presidente estadunidense Ronald Reagan. Washington, Estados Unidos, 16 de novembro de 1988.
DIALOGANDO Segundo os defensores do neoliberalismo, a abertura do mercado à concorrência internacional obrigaria os fabricantes nacionais a melhorar a qualidade e a diminuir seus preços, e quem sairia ganhando com isso seria o consumidor. Já os críticos do neoliberalismo argumentam que a abertura do mercado nacional aos capitais e produtos estrangeiros prejudica a indústria nacional, gera desemprego e favorece as multinacionais.
PARA REFLETIR
PARA REFLETIR
As abelhas e a colmeia A citação a seguir é de autoria do próprio Vargas: ACERVO ICONOGRAPHIA
O Estado Novo é uma colmeia de trabalho, de ordem, de disciplina, de ação orientada e segura,
Seção que traz textos estimulantes sobre os conteúdos estudados e propõe a discussão sobre os temas.
de modo que cada indivíduo é uma força em movimento, defensor dos interesses de uma sociedade [...] nova em suas finalidades e decisivamente capaz em seus esforços [...].
Veja como a historiadora Maria Helena Capelato analisa as palavras de Vargas. A imagem da colmeia referindo-se a trabalho como fator de progresso coletivo [...] era expressa de várias formas pelos meios de comunicação. Cabe observar que as abelhas, como coletividade,
a) Com qual dos dois pontos de vista você concorda? b) Por quê?
Trabalhadores homenageiam Vargas na Esplanada do Castelo. Rio de Janeiro, RJ, 1940.
têm um valor simbólico muito claro: elas representam o povo. Sua casa, a colmeia, é confortável e protetora, imagem que se atribuía ao Estado varguista. Como coletividade, laboriosa,
316 D3-HIS-F2-2064-V9-U04-C15-308-330-ML-LA-M19.indd 316
elas simbolizam a união aplicada, organizada, submetida a regras [...], sendo considerada capaz de [...] trazer a paz. [...]. 03/12/18 17:41
CAPELATO, Maria H. R. Multidões em cena: propaganda política no varguismo e no peronismo. São Paulo: Unesp, 2009. p. 63, 66.
a) Que recurso Vargas usa ao falar da relação entre o Estado Novo e o povo? Explique. b) O que era o trabalhador ideal nos tempos do Estado Novo? c) Que relação se pode estabelecer entre esse discurso de Vargas e a Constituição de 1937?
69 D3-HIS-F2-2064-V9-U01-C03-057-076-ML-LA-M19.indd 69
D3-HIS-F2-2064-V9-INICIAIS-001-009-ML-LA-M19.indd 4
30/11/18 16:12
05/12/18 11:55
ATIVIDADES Retomando
Questões variadas sobre os conteúdos dos capítulos para serem realizadas individualmente ou em grupo. Uma forma de rever aquilo que foi estudado.
II Leitura e escrita em História VOZES DO PASSADO O texto a seguir foi escrito pelo general vietnamita Vo Nguyen Giap, no início da guerra contra o domínio da França no Vietnã. Leia-o com atenção. Será a guerra entre um tigre e um elefante. Se acaso o tigre parar, o elefante o transpassará com suas poderosas presas: só que o tigre não vai parar; ele se esconde na selva durante o dia para só sair à noite; ele se lançará sobre o elefante e lhe arrancará o dorso por grandes nacos, depois desaparecerá e, lentamente, o elefante morrerá de exaustão e de hemorragia.
ATIVIDADES
MAGNOLI, Demétrio. Guerras da Indochina. In: MAGNOLI, Demétrio (Org.). História das guerras. São Paulo: Contexto, 2006. p. 395.
I Retomando Observe esta charge inglesa com atenção. Seu título é “Os dedos do destino”. a) O que está acontecendo na cena? b) Quem será o indivíduo esmagado? c) Pode-se dizer que a charge é tendenciosa?
2.
b) Por que Giap escolheu o elefante e o tigre para caracterizar o confronto entre seu país e a França?
1916/FRANK HOLLAND/GRANGER/FOTOARENA
1.
a) Quem é o tigre e quem representa o elefante na fábula do general Giap? Como você chegou a essa conclusão?
c) A que tática o general Giap se refere quando descreve o modo de lutar do tigre? d) Essa tática mostrou-se eficiente em outra guerra travada pelos vietnamitas; explique.
VOZES DO PRESENTE
Ao final do século XIX, a expansão imperialista na África e na Ásia atingia seu apogeu. Disputas e alianças entre os países europeus geraram uma tensão permanente, acentuada pela chamada “paz armada”.
O texto a seguir foi escrito por um historiador especializado em Guerra Fria. Leia-o com atenção.
a) Caracterize esse período histórico.
A vitória na Segunda Guerra Mundial [...] não gerou qualquer sensação de segurança nos vencedores. Em fins de 1950, nem os Estados Unidos, nem [...] tampouco a União Soviética podiam considerar que as vidas e os recursos despendidos para derrotar Alemanha e Japão os tinham tornado mais seguros: os membros da Grande Aliança eram agora adversários na Guerra Fria. Os interesses [...] eram incompatíveis; as ideologias se conservavam no mínimo tão polarizadoras quanto antes da guerra; temores de um ataque de surpresa continuavam a inquietar os militares em Washington [...] e Moscou. [...]
b) Que atitudes adotadas pelos países europeus justificam o termo “paz armada”? c) Em sua opinião, nós vivemos hoje em uma “paz armada”? Justifique.
3.
Leia o texto a seguir com atenção.
Especialistas em armas comprovaram o uso de gás mostarda em combates entre grupos rebeldes na Síria, em agosto passado, afirmaram nesta quinta-feira (5/11/2015) fontes da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ). O gás foi usado em Marea, cidade na província de Aleppo (norte), em 21 de agosto, acrescentaram as fontes, indicando que esta é a primeira confirmação do uso de gás mostarda no país. “Confirmamos os fatos, mas não pudemos determinar os responsáveis”, acrescentou a fonte. [...] Militantes sírios e várias ONGs anunciaram no fim de agosto que um ataque com arma química tinha vitimado dezenas de pessoas nesta cidade. [...] O Protocolo de Genebra, assinado em 1925, proibiu seu uso e a ONU, através da Convenção sobre Armas Químicas, reafirmou a proibição em 1993.
GADDIS, John Lewis. História da Guerra Fria. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006. p. 44.
a) O que explica a sensação de insegurança mencionada no texto? b) Segundo o autor, os interesses de membros da Grande Aliança eram incompatíveis. Qual era essa incompatibilidade? c) O que o temor recíproco de um ataque nuclear de surpresa gerou na época?
193 D3-HIS-F2-2064-V9-U03-C09-172-193-ML-LA-M19.indd 193
Leitura e escrita em História
GÁS MOSTARDA foi usado em combates na Síria, diz organização. G1, 6 nov. 2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/11/gas-mostarda-foi-usado-emcombates-na-siria-diz-organizacao.html>. Acesso em: 29 out. 2018.
Trabalha a leitura e a interpretação de diferentes fontes históricas e gêneros textuais.
117 D3-HIS-F2-2064-V9-U02-C05-098-120-ML-LA-M19.indd 117
30/11/18 18:50
Leitura de imagem
Seção que permite o estudo de imagens relacionadas aos temas dos capítulos.
Leitura e escrita de textos
Seção dividida em “Vozes do passado” e “Vozes do presente”, com propostas de atividades de pesquisa ou escrita de texto.
VOZES DO PASSADO
Seção que permite se aproximar do trabalho de um historiador por meio da análise e da comparação de diferentes fontes.
Especialistas abordam um dos assuntos relacionados ao tema estudado.
NOZIM KALANDAROV/TASS/GETTY IMAGES
Seção que estimula a reflexão sobre temas como meio ambiente, ética e solidariedade. As atividades visam à preparação para o exercício da cidadania.
III Você cidadão! A discriminação contra os ciganos tem uma longa história. Na noite de 2 para 3 de agosto de 1944, cerca de 3 mil ciganos foram mortos pelos nazistas. O texto a seguir ajuda-nos a refletir sobre a questão dos ciganos no presente.
Cruzando fontes
VOZES DO PRESENTE
Texto de sujeitos históricos que viveram as experiências sociais de outros tempos e espaços.
Você cidadão!
12/3/18 5:01 PM
Professora e alunos ciganos. Khatlon, Tadjiquistão. 2016.
[...] “O mais importante para nós é saúde, educação, território e respeito, o governo municipal não nos respeita, não nos atende, não nos vê”, protestou Carlos Calon. [importante líder cigano da etnia Calon] [...] “É um povo esquecido. A gente chegou no Brasil em 1574, então são mais de 400 anos de anonimato. O nosso objetivo é ser reconhecido como brasileiros de origem cigana, porque querendo ou não a gente fez parte da construção desse país. [...] BRITO, Débora. Ciganos pedem respeito e inclusão em políticas públicas. Agência Brasil, 30 maio 2018. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-05/ciganospedem-respeito-e-inclusao-em-politicas-publicas>. Acesso em: 16 out. 2018.
a) De que o cigano Carlos Calon reclama e o que ele reivindica? b) Que argumento Calon usa para exigir o reconhecimento dos ciganos? c) Pesquisem sobre a história dos ciganos no Brasil e elaborem uma proposta para coibir a discriminação contra eles em território nacional.
IV Integrando com... Língua Portuguesa
Integrando com...
Leia o poema a seguir com atenção.
Nesta seção, a História e outras disciplinas se encontram, o que permite ampliar ou complementar o que foi visto no capítulo.
A rosa de Hiroxima Pensem nas crianças Mudas telepáticas Pensem nas meninas Cegas inexatas Pensem nas mulheres Rotas alteradas
Pensem nas feridas Como rosas cálidas Mas oh não se esqueçam Da rosa da rosa Da rosa de Hiroxima A rosa hereditária
A rosa radioativa Estúpida e inválida A rosa com cirrose A antirrosa atômica Sem cor sem perfume Sem rosa sem nada
“A Rosa de Hiroxima” – Vinicius de Moraes, In: Nova Antologia Poética de Vinicius de Moraes, seleção e organização, Antonio Cícero e Eucanaã Ferraz, São Paulo, Cia das Letras, Editora Schwarcz Ltda., p. 147, 2008 ©VM Cultural e ©Cia das Letras (Editora Schwarcz).
a) Explique o sentido do título do poema e das expressões “mudas telepáticas”, “cegas inexatas”, “rotas alteradas” e “rosas cálidas”. b) Interprete. O que o poeta quer dizer nos versos sublinhados? c) Em que contexto se insere o acontecimento descrito no poema?
171 D3-HIS-F2-2064-V9-U02-C08-155-171-ML-LA-M19.indd 171
D3-HIS-F2-2064-V9-INICIAIS-001-009-ML-LA-M19.indd 5
05/12/18 11:25
05/12/18 11:55
OBRIGADO! Pelas contribuições que recebemos sobre historiografia e ensino de História, queremos agradecer aos seguintes colegas: Angela de Castro Gomes [Professora Titular] Cláudia Viscardi [Professora Titular] Marcelo Cândido da Silva [Professor Titular] Pedro Paulo Funari [Professor Titular] Gabriela Pellegrino Soares [Professora Livre-Docente] Marcos Napolitano [Professor Livre-Docente] Margaret Bakos [Professora Doutora] Daniel Gomes de Carvalho [Doutor em História] Fábio Joly [Professor Doutor] Fábio Pestana [Professor Doutor] Luiz Carlos Villalta [Professor Doutor] Wlamyra Albuquerque [Professora Doutora] Ana de Sena Tavares Bezerra [Professora Mestra] Eduardo Góes de Castro [Professor Mestre] Gláucia Portela [Professora Mestra] Luciana Pokorny M. de Castro [Professora Mestra] Marco Túlio Vilela [Professor Mestre] Vanderlice de Souza Morangueira [Professora Mestra] Adriana Soares Estavarengo [Professora] Ana Gabriela Guimarães [Professora] Andiara Martins Dias [Professora] Carlos Roberto Diago [Professor] Eduardo Elisquevitch Mantovani [Professor] Gustavo Aguiar [Professor] Graciela Souza Almeida [Professora] Jackson Fergson Costa de Farias [Professor] Patrícia Aznar dos Santos [Professora] Simone Tourinho Simões [Professora] Alexandre Coelho [Professor] Antônio Carlos Felix [Professor] Antônio Carlos do Prado [Professor] André Vinícius Bezerra Magalhães [Professor]
Augusto Bragança S. P. Rischitelil [Professor] Carlos José Ferreira de Souza [Professor] Cesar Mustafá Tanajura [Professor] Clécio Rodrigues de Lima [Professor] Daniel da Silva Assum [Professor] Dóris Margarete Assunção [Professora] Gabrielle Werenicz Alves [Professor] Hudson de Oliveira e Silva [Professor] Jorge Galdino [Professor] Jorge Tales [Professor] Juliana Aparecida Costa Silvestre [Professora] José Carvalho Rios [Professor] José Clodomir Freire [Professor] José Cleber Uchoa Gomes [Professor] Marcio de Sousa Gurgel [Professor] Maria Cristina Costa [Professora] Marília Serra Holanda Pinto [Professora] Marcos Luiz Treigher [Professor] Mardonio Cunha [Professor] Matheus Targino [Professor] Michelle Arantes Pascoal [Professora] Osmar Augusto Fick Júnior [Professor] Francisco Waston Silva Souza [Professor] Francisca Marcia Muniz Chaves [Professora] Renato Dias Prado [Professor] Sérgio Murilo Batista Barros [Professor] Silvia Helena Ferreira [Professora] Suzana C. Vargas [Professora] Rodolfo Augusto Bravo de Conto [Professor] Udo Ingo Kunert [Professor] Valdeir da Costa [Professor] Vinícius Spinola Marques Fraga [Professor]
Agradeço com especial carinho ao meu editor João Carlos Ribeiro Jr. e às três mulheres cujo apoio foi decisivo para o nascimento desta coleção: Isaura Feliciano de Paula, Suely Regina Boulos e Karen Trefs.
O autor.
D3-HIS-F2-2064-V9-INICIAIS-001-009-ML-LA-M19.indd 6
12/5/18 10:50 AM
SUMÁRIO
Contestações e dinâmicas da vida cultural na Primeira República ........................................ 39 A Guerra de Canudos ........................................ 39 A Guerra do Contestado .................................... 41 O cangaço.......................................................... 43 A modernização do Rio na Belle Époque ............ 44 O movimento operário ....................................... 47 O modernismo ................................................... 50
UNIDADE I
República e cidadania | 10 A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA E SEUS DESDOBRAMENTOS ..............12 O processo que conduziu à República ............. 13 CAPÍTULO 1
ATIVIDADES ................................................... 52
A Questão religiosa ............................................ 14 A Questão militar ........................................... 15 A Proclamação da República ............................ 17 Governo Deodoro da Fonseca.......................... 18 Governo Floriano Peixoto ................................ 20
CAPÍTULO 3
O tenentismo antes de 1930.............................. 58 O primeiro 5 de Julho......................................... 58 O segundo 5 de Julho ........................................ 59 A Coluna Prestes ................................................ 59 1930: um marco na história do Brasil................ 60 O primeiro governo Vargas ............................... 62 Governo provisório............................................. 62 A oposição paulista ........................................... 62 A Constituição de 1934 ...................................... 64 O governo constitucional de Vargas ................. 65 Os integralistas ................................................... 65 Os aliancistas...................................................... 66 O Estado Novo ................................................... 67 O trabalhismo ................................................... 68 O DIP e a propaganda varguista ......................... 70 Economia: indústria e agricultura ....................... 71 O fim do Estado Novo e o queremismo ............. 72
ATIVIDADES .............................................. 22 CAPÍTULO 2
A ERA VARGAS ..................... 57
PRIMEIRA REPÚBLICA: DOMINAÇÃO E RESISTÊNCIA ....................... 27
Oligarquias no poder ......................................... 28 O coronelismo .................................................... 28 A política dos governadores ............................... 29 Café com leite ou café com política?.................. 30 O café continuou na frente ................................ 31 A borracha da Amazônia ................................... 33 Cacau ................................................................ 34 A diversificação econômica ................................ 34 Indústria e operários na Primeira República .... 35 Modernização e urbanização ............................. 36 Imigrantes no Brasil ............................................ 38
ATIVIDADES ................................................... 73
COLEÇÃO PARTICULAR
CAPÍTULO 4
MOVIMENTOS SOCIAIS: NEGROS, INDÍGENAS E MULHERES ........................... 77
Os negros no pós-Abolição ................................ 78 O mundo do trabalho ........................................ 78 A imprensa negra ............................................... 79 A cultura afro-brasileira no pós-Abolição ........ 81 Frente Negra Brasileira........................................ 82 Teatro Experimental do Negro (1944-1968)........ 83 Os indígenas na República................................. 84 Estado brasileiro, povos indígenas e o Marechal Rondon .............................................................. 85 Os indígenas na Era Vargas ................................ 87 Movimento de mulheres.................................... 88 Bertha Lutz na luta pelo voto feminino............... 90 Anos 1960: pílula, minissaia e calça saint-tropez ........................................................ 92
ATIVIDADES ................................................... 93
D3-HIS-F2-2064-V9-INICIAIS-001-009-ML-LA-M19.indd 7
12/5/18 2:50 PM
UNIDADE II
CAPÍTULO 7
Guerra, propaganda e política de massas | 98 CAPÍTULO 5
A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL ............................ 100
Rivalidades imperialistas ................................. 101 A luta dos sérvios pela “Grande Sérvia” ........... 102 A paz armada .................................................. 103 A gota-d’água ................................................. 103 As fases da guerra ............................................ 103 A entrada dos EUA e a saída da Rússia............. 107 O saldo trágico da Primeira Guerra ................ 108 A paz dos vencedores ..................................... 109 A Questão Palestina ......................................... 111 O plano de partilha da ONU e o Estado de Israel............................................................ 112 Para quando a paz? ......................................... 115
ATIVIDADES ...................................................117
A GRANDE DEPRESSÃO, O FASCISMO E O NAZISMO .....137
Os “anos felizes” .............................................. 138 A Grande Depressão ........................................ 139 A quebra da Bolsa de Valores .......................... 139 Razões da Grande Depressão ........................... 140 Desdobramentos da Grande Depressão ........... 141 O New Deal ......................................................... 142 A ascensão dos fascismos ................................. 143 O fascismo italiano ........................................... 143 O nazismo na Alemanha.................................. 146 A ascensão dos nazistas ................................... 147 Hitler no poder ................................................. 147
ATIVIDADES ................................................. 150 CAPÍTULO 8
A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL .............................155
Céu de nuvens carregadas ............................... 156 O imperialismo japonês .................................... 156 O expansionismo italiano ................................. 156 O nazismo alemão mostra suas garras ............. 157 A ofensiva nazista na Europa............................ 158 A resistência soviética ao nazismo .................... 160 A guerra no Oriente......................................... 161 A ofensiva dos Aliados ..................................... 164 O Dia D na França e a derrota da Alemanha .... 165 Bombas sobre o Japão ..................................... 165 O Holocausto .................................................... 166
ATIVIDADES ................................................. 167
RICKI ROSEN
UNIDADE III
CAPÍTULO 6
A REVOLUÇÃO RUSSA ........121
A Rússia czarista ............................................... 122 A modernização e a indústria ........................... 123 O socialismo ...................................................... 123 O socialismo na Rússia ..................................... 124 O processo revolucionário ............................... 127 O governo provisório........................................ 127 O governo de Lênin e a guerra civil .................. 128 A formação da URSS ....................................... 129 A disputa entre Stalin e Trotsky ....................... 130 A ditadura stalinista.......................................... 131 Desdobramentos da Revolução Russa .............. 132
ATIVIDADES ................................................. 133
D3-HIS-F2-2064-V9-INICIAIS-001-009-ML-LA-M19.indd 8
O mundo na Guerra Fria | 172 CAPÍTULO 9
A GUERRA FRIA ..................174
O mundo dividido ............................................ 175 Encontros entre os vencedores ....................... 176 A Organização das Nações Unidas ................... 177 Um mundo bipolarizado.................................. 180 O Plano Marshall e o Bloqueio de Berlim ........................................ 181 Otan versus Pacto de Varsóvia .......................... 183 A Guerra da Coreia .......................................... 184 Perseguições e crimes contra a humanidade .... 185 A corrida armamentista e a espacial ................. 186 O Vietnã na Guerra Fria.................................... 187
ATIVIDADES ................................................. 190 CAPÍTULO 10
REVOLUÇÕES SOCIALISTAS: CHINA E CUBA .................. 194
Dominação e resistência ................................. 195 O fim do Império e a proclamação da República na China ......................................... 196 Ideias marxistas na China ................................. 197 A guerra contra o Japão .................................. 199 O governo de Mao Tsé-Tung ............................ 200
12/5/18 3:22 PM
A Revolução Cubana ........................................ 203 A oposição à ditadura de Batista ..................... 203 Fidel chega ao poder ....................................... 204 A crise dos mísseis ........................................... 204
ATIVIDADES ................................................. 206 CAPÍTULO 11
NACIONALISMOS AFRICANO E ASIÁTICO ........................ 210
Independências ................................................ 211 Razões da independência ................................. 211 Ásia ................................................................... 214 Índia ................................................................. 214 África................................................................. 216 Congo.............................................................. 216 Angola, Moçambique e Guiné-Bissau............... 217 A Revolução dos Cravos ................................... 218 A luta contra o apartheid na África do Sul ....... 219
ATIVIDADES ................................................. 221 CAPÍTULO 12
BRASIL: UMA EXPERIÊNCIA DEMOCRÁTICA (1945 A 1964) ...................... 225
Governo Dutra.................................................. 227 A Constituição de 1946 ................................... 227 As eleições de 1950 .......................................... 228 O segundo governo Vargas .............................. 228 Trabalhismo e radicalização política .................. 229 O suicídio de Vargas ......................................... 230 Lott garante a posse de JK .............................. 230 Governo Juscelino: “50 anos em 5”................. 231 Brasília: a meta-síntese ..................................... 232 Crescimento industrial e desigualdades regionais ................................... 233 Governo Jânio Quadros .................................. 234 A política externa independente ...................... 235 A renúncia de Jânio .......................................... 235 Governo João Goulart ..................................... 236 O golpe civil-militar de 1964 ............................ 239
ATIVIDADES ................................................. 240 CAPÍTULO 13
DITADURAS NA AMÉRICA LATINA ................................ 244
A Doutrina de Segurança Nacional ................. 245 O Regime Militar no Brasil............................... 246 O governo Castelo Branco ............................... 247 A linha dura no poder .................................... 250 Governo Médici (1969-1974) .......................... 252 Governo Geisel: abertura lenta, gradativa e segura ........................................................... 258 O caso do Chile ................................................. 261 O governo de Allende (1970-1973).................. 261 A ditadura do General Pinochet (1973-1990) ... 262 A ditadura na Argentina (1976-1983) ............. 264 O peronismo no poder ..................................... 264 Estado de terror e resistência ............................ 265
D3-HIS-F2-2064-V9-INICIAIS-001-009-ML-LA-M19.indd 9
Comparação entre Brasil e Chile quanto à política econômica ....................................................... 266
ATIVIDADES ................................................. 268
UNIDADE IV
O mundo contemporâneo | 274 CAPÍTULO 14
BRASIL CONTEMPORÂNEO............. 276
Governo João Figueiredo ................................ 277 Governo José Sarney ........................................ 279 A Constituição Federal de 1988....................... 281 Eleições de 1989 ............................................... 282 Governo Collor ................................................. 283 A luta pela ética na política .............................. 284 Governo Itamar Franco .................................... 284 O Plano Real .................................................... 285 Governo Fernando Henrique........................... 286 O segundo mandato de FHC ........................... 288 Governo Lula .................................................... 290 Programa Bolsa Família .................................... 291 Política econômica .......................................... 292 O segundo governo Lula ................................. 294 O Brasil amplia sua visibilidade externa............. 295 Governo Dilma Rousseff .................................. 297 As manifestações de 2013: a voz das ruas ....... 298 Operação Lava Jato e eleições presidenciais ..... 299 Reeleição de Dilma........................................... 299 O impeachment de Dilma ................................ 300
ATIVIDADES ................................................. 301 CAPÍTULO 15
FIM DA GUERRA FRIA E GLOBALIZAÇÃO ............... 308
Gorbachev: reconstrução e transparência ...... 309 Reformas de Gorbachev ................................... 310 A extinção da URSS e a formação da CEI ........ 311 Democratização no Leste Europeu ................... 311 Globalização ..................................................... 313 Globalização: características ............................. 314 Efeitos da globalização sobre o emprego ......... 317 Protestos contra a globalização ........................ 319 Um mundo multipolarizado ............................ 320 Conflitos e tensões no mundo atual ................. 320 Levantes populares na África e no Oriente Médio ................................................................ 324 Egito e Síria: retrocesso e violência ................... 325 Seis grandes desafios ....................................... 326
ATIVIDADES ................................................. 327 BIBLIOGRAFIA ............................................ 331 MAPAS............................................................ 333
12/5/18 2:51 PM
I
UNIDADE
REPÚBLICA E CIDADANIA
No mundo atual, as tensões e disputas por controle e manutenção do poder republicano dividem e opõem cidadãos em diferentes partes do mundo. Sob o nome de República (res = coisa; publica = do povo), há repúblicas que conservam práticas autoritárias e outras que abrem mais espaço para o exercício da cidadania. No Brasil, desde quando foi proclamada em 1889, a República conheceu alguns períodos de autoritarismo e outros de maior participação popular. Como o povo brasileiro terá reagido à Proclamação da República? Por que isso aconteceu? Com a República, o que mudou para os ex-súditos do Império? Segundo o historiador José Murilo de Carvalho, a República então proclamada impediu a formação da cidadania. E hoje, os cidadãos têm conseguido exercer sua cidadania?
} Fonte 1
BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO
15 de novembro, K. Lixto. Revista Fon-Fon, novembro de 1913.
A Monarquia – Não é por falar mal, mas com franqueza... Eu esperava outra coisa. A República – Eu também!
10 D3-HIS-F2-2064-V9-U01-C01-010-026-ML-LA-M19.indd 10
12/4/18 4:24 PM
} Fonte 2
Bestializados ou bilontras? O povo assistiu bestializado à proclamação da República, segundo Aristides Lobo [...]. Havia tribofe na política, na bolsa, no câmbio, na imprensa, no teatro, nos bondes, nos aluguéis, no amor. Não se obedecia nem à lei dos homens, nem à de Deus. [...] O povo sabia que o formal não era sério. Não havia Tribofe: gíria da época que significa caminhos de participação, a República não era para valer. trapaça, enganação, Nessa perspectiva, o bestializado era quem levasse a políengodo. tica a sério, era o que se prestasse à manipulação. Num Bilontra: gíria da sentido [...], a política era tribofe. Quem apenas assistia, época que significa esperto. como fazia o povo do Rio por ocasião das grandes transformações realizadas a sua revelia, estava longe de ser bestializado. Era bilontra. CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. p. 140, 158, 160.
} Fonte 3 ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS, 1894-1930 Candidato vencedor
No de votantes (mil)
% de votantes sobre a população
% dos votos do vencedor sobre total de votantes
Prudente de Morais (1894)
345
2,2
84,3
Campos Sales (1898)
462
2,7
90,9
Rodrigues Alves (1902)
645
3,4
91,7
Afonso Pena (1906)
294
1,4
97,9
Hermes da Fonseca (1910)
698
3,0
57,9
Venceslau Brás (1914)
580
2,4
91,6
Rodrigues Alves (1918)
390
1,5
99,1
Epitácio Pessoa (1919)
403
1,5
71,0
Artur Bernardes (1922)
833
2,9
56,0
Washington Luís (1926)
702
2,3
98,0
Júlio Prestes (1930)
1 890
5,6
57,7
Fonte: CARVALHO, José Murilo de. Os três povos da República. Revista USP, São Paulo, n. 59, p. 104, set./nov. 2003. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/revusp/article/view/13279/15097>. Acesso em: 31 out. 2018.
a) O autor concorda com a afirmação de Aristides Lobo, segundo a qual o povo assistiu à Proclamação da República “bestializado”? Por quê? b) Como o autor caracteriza a política da Primeira República? c) Que relação se pode estabelecer entre a fonte 1 e a fonte 2? d) A fonte 3 nega, confirma ou relativiza o conteúdo da fonte 2?
11 D3-HIS-F2-2064-V9-U01-C01-010-026-ML-LA-M19.indd 11
30/11/18 16:25
1
CAPÍTULO
A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA E SEUS DESDOBRAMENTOS
ANGELO AGOSTINI. INSTITUTO DE ESTUDOS BRASILEIROS DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. 1882
Observe com atenção esta charge de Angelo Agostini.
» O que está acontecendo na cena? Você conhece o personagem que está sendo empurrado? Sabe quem o está empurrando? » Que episódio histórico serve de tema para esta charge? O que você sabe sobre este episódio? Por que será que o povo está ausente da cena?
12 D3-HIS-F2-2064-V9-U01-C01-010-026-ML-LA-M19.indd 12
30/11/18 16:25
O processo que conduziu à República
MUSEU REPUBLICANO DE ITU, SÃO PAULO
Na segunda metade do século XIX, um processo histórico importante foi o que conduziu à implantação da República no Brasil. A ideia de República não era nova no Brasil; antes e depois da Independência, o território brasileiro foi palco de várias rebeliões republicanas, a exemplo da Cabanagem (1835-1840), no Grão-Pará, e da Farroupilha (1835-1845), no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Mas a Monarquia conseguiu reprimir esses movimentos graças, principalmente, aos recursos obtidos com as exportações de café. No Segundo Reinado, os dois únicos partidos, o Liberal e o Conservador, controlavam o poder enquanto a imensa maioria da população continuava excluída do direito à cidadania. Com o objetivo de ampliar seu espaço na política, um grupo formado por fazendeiros do Oeste Paulista e por profissionais liberais (advogados, médicos, professores, engenheiros, jornalistas) lançou, em 1870, o Manifesto Republicano, que defendia o federalismo e a República. O Manifesto afirmava: “Somos da América e queremos ser americanos”; ou seja, somos favoráveis a que o Brasil adote a República, assim como os demais países da América. Esse manifesto inspirou o surgimento de diversos jornais, clubes e partidos republicanos. Três anos depois de seu lançamento, foi fundado em Itu, interior paulista, o Partido Republicano Paulista (PRP).
República: forma de governo em que um Presidente é eleito pelos cidadãos, ou seus representantes, e governa por tempo limitado. Na República, o dirigente representa o corpo social e é o responsável pela coisa pública (res publica). Monarquia: forma de governo em que, geralmente, o rei recebe o cargo como herança e governa por toda a vida. Na Monarquia, o soberano é tido como alguém que sabe o que é melhor para seus súditos e, muitas vezes, a legitimidade de seu poder deriva de uma divindade. Federalismo: sistema baseado na autonomia das províncias, que fazem suas próprias leis e elegem seus próprios representantes.
Convenção de Itu, reunião na qual foi fundado o Partido Republicano Paulista, em 1873. Dos 133 fundadores do PRP, 78 eram grandes cafeicultores do Oeste Paulista.
13 D3-HIS-F2-2064-V9-U01-C01-010-026-ML-LA-M19.indd 13
12/4/18 7:54 AM
O Movimento Republicano daquela época estava dividido em três grupos; um deles era liderado pelo jornalista Quintino Bocaiuva, que propunha chegar à República por via eleitoral (por meio da eleição de um grande número de deputados republicanos). Um outro grupo, liderado pelo advogado Antônio da Silva Jardim, defendia a passagem para a República por meio de um movimento popular. E um terceiro grupo, formado em torno do Major Benjamin Constant, importante líder militar que defendia a instalação de uma República com um governo forte. Durante o processo que conduziu à República no Brasil, duas questões envolvendo a Igreja e o Exército contribuíram para acelerar a queda do Império. Leia sobre elas a seguir.
A Questão religiosa
Nesta caricatura da época, o bispo D. Vital é mostrado tentando impedir um padre de realizar o casamento de um maçom em uma igreja católica. Angelo Agostini, Revista Ilustrada, ano 1, n. 45, 1o dez. 1876.
14 D3-HIS-F2-2064-V9-U01-C01-010-026-ML-LA-M19.indd 14
Bula papal: carta expedida pelo papa contendo orientações aos católicos.
BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO
Com a Constituição de 1824, o Império passou a controlar a Igreja por meio do beneplácito e do padroado. O beneplácito era o direito que o imperador tinha de aprovar ou não as bulas do papa em terras brasileiras. Ou seja, uma orientação do papa só entraria em vigor no Brasil se tivesse o consentimento do imperador. O padroado era o direito que o imperador tinha de nomear os bispos. Estes, além de serem nomeados, eram também remunerados pelo governo, como qualquer outro funcionário público. Em 1864, o papa Pio IX proibiu os católicos de fazerem parte da maçonaria. D. Pedro II, porém, não deu seu beneplácito à bula papal, pois ele mantinha relações estreitas com a maçonaria. Seu pai, D. Pedro I, havia alcançado o posto máximo dessa organização. Já o bispo de Olinda, D. Vital de Oliveira, e o bispo de Belém do Pará, D. Antônio Macedo Costa, optaram por obedecer ao papa e exigiram que as irmandades religiosas expulsassem seus membros maçons.
12/4/18 7:54 AM
Reagindo a isso, e com base na Constituição brasileira, D. Pedro II abriu uma ação contra os bispos, que foram julgados e condenados a quatro anos de prisão. Um ano depois, D. Pedro II entrou em acordo com o papa e suspendeu a punição dada aos bispos, que já tinham cumprido um ano de prisão. Mas os republicanos aproveitaram-se da Questão religiosa para manchar a imagem do imperador. Por meio de comícios e de jornais, passaram a acusar D. Pedro II de se intrometer em assuntos particulares da Igreja e de não dar liberdade religiosa aos brasileiros. Esse fato contribuiu para enfraquecer a Monarquia. Nos anos 1880, o movimento republicano ganhou força; foram fundados centenas de clubes e dezenas de jornais republicanos por todo país; os comícios de Silva Jardim atraíam um número cada vez maior de pessoas. Foi quando a Questão militar acelerou ainda mais o processo que conduziu à República.
A Questão militar Questão militar é o nome dado a uma série de atritos entre o Exército e o Império. A principal razão desses conflitos entre os militares e a Monarquia foi a punição de dois oficiais do Exército, o tenente-coronel Sena Madureira e o coronel Cunha Matos. Esses oficiais foram punidos por denunciar casos de corrupção pela imprensa e por se manifestar publicamente a favor da Abolição. O marechal Deodoro da Fonseca se negou a punir Sena Madureira e por isso foi demitido do cargo de comandante de armas e presidente da província do Rio Grande do Sul. Deodoro e Sena Madureira decidiram, então, viajar para o Rio de Janeiro, onde foram recebidos festivamente por outros oficiais. Entre eles estava o major Benjamin Constant, líder da mocidade militar. No dia 9 de novembro de 1889, o major Constant discursou no Clube Militar pedindo poderes para mudar a situação dos militares, e recebeu total apoio da mocidade militar ali presente.
PACHECO & FILHO. 1889. CPDOC/FGV-SP
Mocidade militar: jovens de menos de 30 anos que possuíam educação superior e valorizavam o estudo das ciências exatas.
Benjamin Constant era um professor de Matemática respeitado e muito querido pelos alunos da Escola Militar. O major era também abolicionista e convenceu Deodoro a seguir seus passos. Em 1887, o Clube Militar comunicava à Nação: “O Exército não perseguirá mais escravos fugidos!”.
15 D3-HIS-F2-2064-V9-U01-C01-010-026-ML-LA-M19.indd 15
30/11/18 16:25
PARA SABER MAIS Positivismo O positivismo é um conjunto de ideias sistematizado pelo francês Auguste Comte (1798-1857). No Brasil, o Major Benjamin Constant foi um grande divulgador dessas ideias entre os jovens oficiais. O positivismo é uma teoria que manifesta uma crença radical na ciência e na razão. Segundo essa teoria, a história das sociedades humanas é regida por leis imutáveis, científicas ou positivas, sendo a evolução a principal delas. A descoberta dessas leis, por meio de métodos científicos, possibilitaria a compreensão e a solução dos problemas sociais. Apesar das diferenças entre os positivistas, todos eles eram contrários à escravidão e favoráveis à República. A República para os positivistas era um regime mais “científico” do que a Monarquia. Proclamar a República era, então, uma forma de acelerar o progresso do Brasil. No Brasil, os positivistas defendiam: • a implantação de uma ditadura republicana; • a ideia de que o progresso depende da ordem, daí o lema positivista inscrito na bandeira brasileira: “Ordem e Progresso”;
ÓLEO SOBRE TELA, 278 CM X 190 CM/MUSEU DA REPÚBLICA, RIO DE JANEIRO
• a crença de que somente os militares poderiam salvar o país das mãos corruptas dos civis. Enfim, defendiam a necessidade de uma República com um governo forte, cujo lema fosse “Ordem e Progresso”.
DIALOGANDO a) O que esta pintura retrata? b) Quem ou o que a pintura homenageia? c) Como as crianças são mostradas na pintura? O que isso sugere? d) Como a bandeira é mostrada na cena? e) Há um retrato de Tiradentes pregado na parede; o que isso pode significar?
A pátria, de Pedro Bruno, 1919.
16 D3-HIS-F2-2064-V9-U01-C01-010-026-ML-LA-M19.indd 16
30/11/18 16:25
Com a Lei Áurea, a insatisfação com a Monarquia aumentou, pois os fazendeiros do Vale do Paraíba e do Nordeste sentiram-se traídos por terem sido obrigados a libertar seus escravos sem receber nada em troca. Os fazendeiros do Oeste Paulista, por sua vez, tinham ingressado no Partido Republicano Paulista. As camadas médias pleiteavam maior participação política. Os militares, depois de punidos pelo governo de D. Pedro II, tinham se aproximado dos ideais republicanos. Nesse clima de grande insatisfação social, o marechal Deodoro da Fonseca encontrou-se com o líder do Partido Republicano Paulista, Quintino Bocaiuva, e, juntos, combinaram a derrubada da Monarquia. Na manhã de 15 de novembro de 1889 o golpe foi dado: Deodoro da Fonseca e seus soldados demitiram o governo monárquico, pondo fim à Monarquia e dando início à República no Brasil.
230 CM X 120 CM, 1896. MUSEU DE ARTE DA BAHIA, SALVADOR
A Proclamação da República
A República, representada como uma mulher com os louros da vitória. Óleo sobre tela de Manoel Lopes Rodrigues, 1896.
PARA REFLETIR Analisando a Proclamação da República, a historiadora Magali Gouvêia Engel observou: [...] Segundo Aristides Lobo, numa frase que ficou famosa, o “povo” assistiu à proclamação da República completamente “bestializado”. Mas, como bem observou José Murilo [de Carvalho], mais do que “bestializado” o povo foi “bilontra” (esperto), já que, de algum modo, percebeu o sentido histórico de um ato que mudava o regime, mas mantinha a exclusão Machadiano: que diz respeito ao e a desigualdade na sociedade [...]. Como intuíra um dos extraordinário maiores personagens machadianos no romance Memorial escritor brasileiro de Aires, com o advento da República, “nada se mudaria; Machado de Assis (1839-1908). o regime, sim, era possível, mas também se muda de roupa sem trocar de pele”. [...] ENGEL, Magali Gouvêia. Republicanismo. In: VAINFAS, Ronaldo (Org.). Dicionário do Brasil Imperial (1822-1889). Rio de Janeiro: Objetiva, 2002. p. 633.
a) Segundo a autora do texto, o povo assistiu à Proclamação da República bestializado ou foi bilontra? Justifique. b) Qual é o significado de “também se muda a roupa sem trocar a pele”?
17 D3-HIS-F2-2064-V9-U01-C01-010-026-ML-LA-M19.indd 17
12/4/18 7:54 AM
Governo Deodoro da Fonseca Os dois primeiros presidentes do Brasil foram militares e governaram entre 1889 e 1894, por isso esse período é conhecido como República da Espada. O primeiro presidente militar do Brasil foi o Marechal Deodoro da Fonseca, que é lembrado pela reforma financeira e pela aprovação da primeira Constituição da República.
A reforma e a crise financeira Com o objetivo de expandir o crédito e incentivar a industrialização do país, o então ministro da Fazenda, Rui Barbosa, autorizou quatro bancos a emitirem dinheiro para conceder empréstimos àqueles que desejassem abrir uma empresa. Essa reforma financeira, porém, não teve o sucesso esperado; muitos usavam o dinheiro emprestado pelo governo para fundar empresas-fantasmas (que só existiam no papel). Em seguida, mandavam imprimir ações dessas falsas empresas e vendiam-nas na Bolsa de Valores. Passando de mão em mão, as ações subiam de preço e enriqueciam os que praticavam a especulação.
A crise da reforma financeira de Rui Barbosa (de terno claro, ao centro) foi apelidada por seus adversários de encilhamento. Duramente criticado, Rui Barbosa deixou o cargo de ministro da Fazenda, 1890.
COLEÇÃO PARTICULAR
Bolsa de Valores: local onde são negociados determinados papéis com valor monetário de empresas e do governo. Os papéis do governo são chamados de títulos, e os das empresas, de ações. Especulação: prática que consiste em criar uma procura ou oferta artificial de um bem ou mercadoria, visando obter lucro com o comportamento futuro do mercado.
Encilhar: significa colocar arreios no cavalo, preparando-o para a corrida. No jóquei, os guichês de apostas ficavam ao lado do local onde os cavalos eram encilhados. E a barulheira que se ouvia nesse local era idêntica à que acontecia na Bolsa de Valores. Por isso, a crise foi apelidada de encilhamento.
No entanto, quando os acionistas percebiam que tinham investido em empresas-fantasmas corriam para vender suas ações e aí descobriam que o que tinham nas mãos era um “maço de papel” sem nenhum valor. Resultado: os preços das ações despencaram, os pequenos investidores perderam seu dinheiro para os especuladores e muitas firmas antigas faliram. O aumento do dinheiro em circulação sem um crescimento proporcional da produção de mercadorias provocou também uma alta generalizada dos preços (inflação).
18 D3-HIS-F2-2064-V9-U01-C01-010-026-ML-LA-M19.indd 18
12/4/18 7:55 AM
A primeira Constituição da República A primeira Constituição republicana foi aprovada por uma Assembleia Constituinte, em 24 de fevereiro de 1891. Conheça suas principais características: a) Federalismo: princípio segundo o qual os estados (antigas províncias) passaram a ter grande autonomia; cada estado podia contrair empréstimos no exterior, ter forças militares próprias, criar e cobrar impostos, eleger o governador, fazer leis etc. b) O Brasil passava a ser uma República federativa presidencialista, baseada em três poderes: Executivo – liderado pelo presidente da República, por um período de quatro anos; Legislativo – exercido pelo Congresso Nacional, formado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado; Judiciário – exercido por juízes nomeados pelo presidente da República, tinha como órgão máximo o Supremo Tribunal Federal. c) A Igreja Católica foi separada do Estado e os brasileiros passaram a ter liberdade de culto. Além disso, criou-se o registro civil para nascimento, casamento e óbito. d) Voto universal masculino, ou seja, só os homens maiores de 21 anos, brasileiros e alfabetizados, tinham direito ao voto. Já os soldados e religiosos do clero regular, como monges e frades, mesmo brasileiros e maiores de 21 anos, não podiam votar. No Brasil, a primeira eleição para presidente foi indireta. Deodoro da Fonseca foi eleito com uma vantagem de apenas 32 votos sobre o adversário; já o vice-presidente eleito, Floriano Peixoto, era da chapa da oposição e venceu seu adversário por uma diferença de 96 votos.
DIALOGANDO Compare, quanto ao voto, esta Constituição republicana, de 1891, à do Império, outorgada em 1824.
Dica! Animação sobre o governo Deodoro da Fonseca. Duração: 2 min. Disponível em: <http://livro.pro/ zhjbwm>. Acesso em: 24 nov. 2018.
Eleição indireta: eleição realizada por representantes dos eleitores e não diretamente por eles.
A charge representa os deputados constituintes que elegeram Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto (ambos ao centro) para a presidência e a vice-presidência da República, respectivamente. As figuras femininas representam os estados da República. PEREIRA NETO/IEB-USP/1891
19 D3-HIS-F2-2064-V9-U01-C01-010-026-ML-LA-M19.indd 19
30/11/18 16:25
Eleito, Deodoro da Fonseca formou um Ministério com pessoas de diferentes tendências republicanas: o Ministério da Guerra foi entregue ao militar positivista Benjamin Constant; o Ministério das Relações Exteriores, ao republicano civil Quintino Bocaiuva; o Ministério da Fazenda, ao intelectual baiano Rui Barbosa. No poder, Deodoro teve de enfrentar dificuldades: tinha um vice da oposição e muitos parlamentares o responsabilizavam pelo “encilhamento”. Esses parlamentares aprovaram um projeto que limitava seu poder como presidente da República. Deodoro reagiu de modo autoritário mandando fechar o Congresso (novembro de 1891). Diante disso, os militares da Marinha ameaçaram bombardear o Rio de Janeiro, caso Deodoro não renunciasse; esse episódio é conhecido como Primeira Revolta da Armada. Pressionado, Deodoro da Fonseca renunciou e a presidência foi ocupada por seu vice.
Governo Floriano Peixoto Floriano Peixoto reabriu o Congresso e formou seu ministério com alguns representantes dos cafeicultores paulistas. Durante sua gestão, reduziu os aluguéis e tabelou o preço de alguns alimentos, como carne, feijão, pão e batata. E, com essas medidas, Floriano Peixoto conquistou grande popularidade. Mas seus adversários, entre os quais estavam vários generais do Exército, iniciaram uma campanha exigindo sua renúncia. Floriano Peixoto reagiu aposentando os generais. Os militares da Marinha, por sua vez, também se levantaram contra seu governo e, dessa vez, chegaram a bombardear o Rio de Janeiro com tiros de canhão, para exigir a renúncia do presidente; o episódio ficou conhecido como Segunda Revolta da Armada (1893). Floriano Peixoto, porém, conseguiu dinheiro com os cafeicultores paulistas, comprou navios no exterior e, com o apoio dos soldados do Exército, venceu a revolta liderada pela Marinha. Para defender o presidente Floriano, conhecido então como “Marechal de Ferro”, formaram-se batalhões populares; era o florianismo contagiando o povo. ART COLLECTION/ALAMY/FOTOARENA
Florianismo: forte adesão popular ao governo de Floriano Peixoto; relação de absoluta fidelidade a ele por parte da população pobre das cidades.
Marechal Floriano Peixoto e a Segunda Revolta da Armada, ilustração de Angelo Agostini publicada pela revista D. Quixote, 1895.
20 D3-HIS-F2-2064-V9-U01-C01-010-026-ML-LA-M19.indd 20
30/11/18 16:25
A Revolução Federalista
MAURICIO SIMONETTI/PULSAR IMAGENS
Enquanto isso, no Rio Grande do Sul explodia uma guerra civil motivada pela disputa entre o Partido Republicano Rio-Grandense, liderado pelo positivista Júlio de Castilhos, e o Partido Federalista, liderado por Gaspar de Silveira Martins. Os seguidores de Júlio de Castilhos tinham o apelido de pica-paus e recebiam o apoio de Floriano Peixoto. Já seus adversários tinham o apelido de maragatos e eram apoiados pelos oficiais da Marinha adversários de Floriano. Essa guerra civil atingiu também os estados de Santa Catarina e Paraná, causou a morte de milhares de pessoas e só terminou em 1895, com a vitória dos pica-paus; com essa vitória, o castilhismo consolidou-se como uma corrente política que influenciou a história do Rio Grande do Sul por décadas. Quando Floriano Peixoto deixou a presidência, seus opositores tinham sido vencidos e um modelo autoritário e excludente de República se impunha ao país. Leia o que um historiador Vista interna do Museu das Armas, na cidade de Lapa, PR, 2014. comentou sobre o final do Peças e utensílios como os mostrados na foto foram utilizados durante a Revolução Federalista. governo Floriano Peixoto:
[...] Floriano enfrentou com vigor as revoltas que ameaçavam a estabilidade do regime, como a Revolta Federalista no Sul e a Revolta da Armada [...], mas esteve longe de realizar o ideal positivista de uma [...] [República] antioligárquica e modernizadora, frustrando aqueles que tinham essa expectativa. Por trás do seu poder estava o apoio político da oligarquia paulista, ciente de que a sobrevivência do novo regime era a garantia do seu poder na política nacional. No final do seu governo, Floriano passou o poder sem maiores sustos para Prudente de Morais, líder republicano paulista e expressão dos valores [...] oligárquicos [...]. A “República da Espada” se transformava no “Condomínio de Fazendeiros”. NAPOLITANO, Marcos. História do Brasil República: da queda da Monarquia ao fim do Estado Novo. São Paulo: Contexto, 2016. p. 26.
21 D3-HIS-F2-2064-V9-U01-C01-010-026-ML-LA-M19.indd 21
30/11/18 16:25
ATIVIDADES I Retomando 1.
Leia um trecho do Manifesto Republicano e responda às questões a seguir.
Manifesto republicano A centralização, tal qual existe [...], comprime a liberdade, [...] suga a riqueza [...] das províncias, constituindo-as satélites [...] do grande astro da corte – centro [...] que tudo corrompe e tudo concentra em si [...]. [...] O regime de federação baseado [...] na independência recíproca das províncias, elevando-as à categoria de Estado [...] unicamente ligados pelo vínculo da mesma nacionalidade [...] é aquele que adotamos no nosso programa [...]. [...] Somos da América e queremos ser americanos. MANIFESTO Republicano. In: DEL PRIORE, Mary. Documentos de história do Brasil: de Cabral aos anos 90. São Paulo: Scipione, 1997. p. 67.
a) O que o Manifesto está criticando? b) O que os republicanos defendem nesse Manifesto? c) Qual o significado de “Somos da América e queremos ser americanos”?
2.
(UFRS) Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do enunciado a seguir, na ordem em que aparecem. Entre os elementos fundamentais para a compreensão do processo histórico que culminou com o fim do Segundo Reinado, é correto citar o desfecho da * * * ,o *** e o movimento *** . a) Guerra da Cisplatina – conflito com a Igreja Católica – republicano. b) Guerra do Paraguai – crescimento do republicanismo – abolicionista. c) Revolta da Balaiada – conflito com a maçonaria – abolicionista. d) Questão Christie – conflito com a maçonaria – republicano. e) Guerra dos Farrapos – conflito com as ordens religiosas – abolicionista.
3.
Monte uma ficha sobre a Questão militar seguindo o roteiro: Questão militar O que foi? Por que razão a Monarquia puniu os militares? Qual foi o papel do major Benjamin Constant no conflito entre os militares e a Monarquia?
NÃO ESCREVA NO LIVRO. FAÇA EM SEU CADERNO.
22 D3-HIS-F2-2064-V9-U01-C01-010-026-ML-LA-M19.indd 22
30/11/18 16:25
4.
Identifique a alternativa INCORRETA e justifique sua escolha. a) Os grupos mais importantes na Proclamação da República no Brasil foram o dos pequenos comerciantes e o dos pecuaristas do Nordeste, reunidos no PRP. b) A mocidade militar era formada por jovens de menos de 30 anos, que possuíam educação superior e valorizavam o estudo das ciências exatas. c) Os dois primeiros governos republicanos foram presididos por militares; por isso essa primeira fase do novo regime é conhecida como República da Espada. d) A crise resultante da política financeira de Rui Barbosa foi chamada de encilhamento.
5.
Leia o texto a seguir com atenção.
Em 10 de junho de 1887 a condessa de Barral escrevera a Isabel: “Não lhe dou parabéns da Regência que vai ter de exercer, mas fiada [...] nos bons conselhos de seu marido, espero em Deus que tudo ande bem durante essa ausência”. Numa carta quase premonitória, Barral [...] talvez inspirada pela própria situação francesa, temia pelo governo de sua protegida. Politicamente a situação se complicava com o avanço do Partido Republicano e as querelas com o Exército, mas era, sobretudo, a pressão pelo fim da escravidão que captava o grosso das atenções. [...] SCHWARCZ, Lilia; STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 307.
A leitura deste trecho do livro Brasil: uma biografia permite-nos concluir: a) A regência de Isabel ocorreu de maneira pacífica, pois a princesa não se envolveu em situações problemáticas, como a querela com o Exército ou a pressão pelo fim da escravidão. b) O conde D’Eu, marido da princesa Isabel, não exercia um papel relevante na política do Império brasileiro. c) Por ser francesa, a condessa de Barral acreditava que a população brasileira deveria apoiar a causa republicana. d) A regência da princesa Isabel foi um período tenso da história brasileira devido à questão militar, ao avanço do partido republicano e à pressão pelo fim da escravidão. e) O partido republicano derrubou o governo regencial da princesa Isabel por discordar da assinatura da Lei Áurea.
6.
(PUC-SP) A Constituição brasileira de 1891: a) permitiu a plena democratização do país, com a superação do regime militar. b) criou um quarto poder, o Moderador, que atribuía plenos poderes ao Imperador. c) separou o Estado, agora republicano, da Igreja Católica. d) manteve a permissão para a existência de mão de obra escrava. e) eliminou os resquícios autoritários do varguismo.
23 D3-HIS-F2-2064-V9-U01-C01-010-026-ML-LA-M19.indd 23
30/11/18 16:25
Analise com atenção a charge e a legenda a seguir, que fazem referência ao governo do primeiro presidente brasileiro, o marechal Deodoro da Fonseca (1889-1891).
ANGELO AGOSTINI. BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO. 1891
7.
A legenda da charge diz: “O governo da República, tranquilo, vai apagando o fogo traiçoeiro das explorações dos inimigos da Pátria”.
a) Como o marechal Deodoro é representado na charge? b) Quem seriam os inimigos da Pátria a que a legenda se refere? c) O chargista se posiciona a favor ou contra o governo de Deodoro? Como você chegou a essa conclusão?
8.
(UFRS) Leia o texto a seguir. “Os soldados já estavam nas trincheiras, armas à mão; o canhão tinha ao lado a munição necessária. […] Alugavam-se binóculos e tanto os velhos como as moças, os rapazes como as velhas, seguiam o bombardeio como uma representação de teatro: ‘Queimou Santa Cruz! Agora é o Aquidabã! Lá vai’. E dessa maneira a revolta ia correndo familiarmente, entrando nos hábitos e costumes da cidade.” (Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma. São Paulo: Scipione, 1994, p. 123.)
A partir das informações apresentadas no texto acima, é possível inferir que o autor se refere à Revolta a) da Vacina.
d) do Contestado.
b) de Canudos.
e) da Armada.
c) Federalista.
24 D3-HIS-F2-2064-V9-U01-C01-010-026-ML-LA-M19.indd 24
12/4/18 10:22 AM
II Leitura e escrita em História a. Leitura e escrita de textos
VOZES DO PRESENTE O texto a seguir é da professora Silvia Carla Pereira de Brito Fonseca. Leia-o com atenção. [...] O tema da república ganharia novo impulso na década de 1870, com a divulgação do Manifesto Republicano no Rio de Janeiro. O documento atacava as instituições políticas do Império, o Poder Moderador, o caráter vitalício do Senado. [...] No Rio de Janeiro, aglutinava setores médios urbanos, mais atentos à defesa das liberdades e direitos individuais [...] e, [...] entre algumas lideranças como José do Patrocínio (1854-1905), à luta pelo fim da escravidão. Já em São Paulo, a campanha republicana congregava, em sua maioria, cafeicultores, para os quais a instauração do federalismo republicano significava colocar o governo provincial a serviço de seus interesses. [...] FONSECA, Silvia Carla Pereira de Brito. A ideia de república no Império do Brasil. Revista de História da Biblioteca Nacional, 19 set. 2007. Disponível em: <https://web.archive.org/web/20161128104144/http://rhbn.com.br/ secao/capa/a-ideia-de-republica-no-imperio-do-brasil>. Acesso em: 25 out. 2018.
Com base no texto, assinale a alternativa INCORRETA e justifique sua resposta. a) O principal argumento a favor da instauração da República no Brasil era o pertencimento ao continente americano, dada a existência de outras repúblicas no restante do mundo. b) O Manifesto Republicano impulsionou o tema da República, uma vez que atacava as instituições políticas do Império, o Poder Moderador e o caráter vitalício do Senado. c) No Rio de Janeiro, setores médios urbanos defendiam as liberdades e os direitos individuais. d) Em São Paulo, a campanha republicana contava, sobretudo, com os cafeicultores, para os quais a instauração do federalismo colocava o governo provincial a serviço de seus interesses.
25 D3-HIS-F2-2064-V9-U01-C01-010-026-ML-LA-M19.indd 25
12/5/18 1:56 PM
b. Cruzando fontes } Fonte 1 [...] O golpe de 1889 – ou a “Proclamação da República”, como passou à História – foi um momento-chave no surgimento dos militares como protagonistas no cenário político brasileiro. [...] Havia muitos republicanos civis no final do Império, mas eles estiveram praticamente ausentes da conspiração. O golpe republicano foi militar, em sua organização e execução. [...] Todas as fontes disponíveis destacam a liderança que Benjamin Constant [...] exercia sobre a “mocidade militar” formada na Escola Militar da Praia Vermelha. Ele seria o [...] “líder” [...] ou “apóstolo” desses militares. [...] Minha perspectiva, no entanto, focaliza não o “líder” [...], mas seus pretensos “liderados” [...]. Ao invés de assistirmos a Benjamin Constant catequizando os jovens da Escola Militar, encontraremos justamente a “mocidade militar” seduzindo-o e convertendo-o para o ideal republicano. Atribuo à “mocidade militar”, portanto, o papel de protagonista da conspiração republicana no interior do Exército. [...] CASTRO, Celso. A Proclamação da República. Rio de Janeiro: Zahar, 2000. p. 8-10. (Descobrindo o Brasil).
} Fonte 2 [...] Em 15 de novembro de 1889, a Monarquia era derrubada por golpe militar e proclamava-se a República. O movimento resultou da conjugação de três forças: uma parcela do Exército, fazendeiros do Oeste Paulista e representantes das classes médias urbanas que, para a obtenção dos seus desígnios, contaram indiretamente com o desprestígio da Monarquia e o enfraquecimento das oligarquias tradicionais. [...] [...] O ano de 1889 não significou uma ruptura do processo histórico brasileiro. As condições de vida dos trabalhadores rurais continuaram as mesmas; permaneceram o sistema de produção e o caráter colonial da economia, a dependência em relação aos mercados e capitais estrangeiros. [...] COSTA, Emília Viotti da. Da Monarquia à República: momentos decisivos. 6. ed. São Paulo: Unesp, 1999. p. 489-490.
a) Como Celso Castro vê a Proclamação da República? b) No texto, Celso Castro minimiza o papel de oficiais como o major Benjamin Constant na Proclamação da República. Justifique. c) Compare a visão do autor da fonte 1 à da autora da fonte 2 sobre a Proclamação da República. d) Em dupla. Qual das versões vocês consideram mais convincente? Justifiquem.
26 D3-HIS-F2-2064-V9-U01-C01-010-026-ML-LA-M19.indd 26
30/11/18 16:25