Lindolfo, o tesouro de Três Orelhas

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Lindolfo, o tesouro de Três Orelhas

Daniela Pinotti e Marcelo Maluf Ilustrações Bruno Bayeux

Lindolfo, o tesouro de Três Orelhas

Lindolfo,

1a edição São Paulo — 2024

o tesouro de Três Orelhas

Ilustrações

Daniela Pinotti e Marcelo Maluf
Bruno Bayeux

© Daniela Pinotti, 2024

© Marcelo Maluf, 2024

© Bruno Bayeux, 2024

Reprodução proibida: Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Todos os direitos reservados à EDITORA FTD.

Rua Rui Barbosa, 156 — Bela Vista — São Paulo — SP CEP 01326-010 — Tel. 0800 772 2300 www.ftd.com.br | central.relacionamento@ftd.com.br

diretor-geral Ricardo Tavares de Oliveira

diretor de conteúdo e negócios Cayube Galas gerente editorial Isabel Lopes Coelho

editor Estevão Azevedo

editor-assistente Bruno Salerno Rodrigues

analista de relações internacionais Tassia R. S. de Oliveira coordenador de produção editorial Leandro Hiroshi Kanno preparadora Lívia Perran revisoras Marina Nogueira e Kandy Saraiva editora de arte Camila Catto projeto gráfico e diagramação Flávia Castanheira diretor de operações e produção gráfica Reginaldo Soares Damasceno

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Pinotti, Daniela Lindolfo, o tesouro de Três Orelhas / Daniela Pinotti e Marcelo Maluf; ilustrações de Bruno Bayeux. – 1. ed. – São Paulo: FTD, 2024

ISBN 978-85-96-04339-7

1. Literatura infantojuvenil I. Maluf, Marcelo. II. Bayeux, Bruno. III. Título. 24-202830

Índices para catálogo sistemático:

1. Literatura infantil 028.5

2. Literatura infantojuvenil 028.5

Cibele Maria Dias – Bibliotecária – CRB-8/9427

CDD-028.5

Daniela Pinotti nasceu em São Paulo (SP), em 1976. É psicóloga e escritora. Marcelo Maluf nasceu em Santa Bárbara d’Oeste (SP), em 1974. É professor de criação literária, músico e escritor. Juntos, Pinotti e Maluf publicaram pela FTD Meu pai sabe voar (2009).

Bruno Bayeux nasceu em São Paulo (SP), em 1991. É artista visual especializado em ilustração e animação.

Sumário

7 O QUE VOCÊS PRECISAM SABER ANTES DE COMEÇAR A LER ESTE

9 Nem sempre os pais acertam

11 Almoço em família

14 A história de Três Orelhas

16 Babás de vulcão

20 Que língua se fala na Islândia?

22 Triste verdade

25 O padrinho, os livros e o tempo

27 O inventor de máquinas

29 Cheiro de pão fresquinho

35 Perfume de flores

38 Alfazema, alecrim, orvalho e jasmim

39 Nem sempre as coisas são o que parecem ser

44 Decepção

49 A máquina do abraço

52 A chegada de uma nova família

55 Os Veigas conhecem a cidade

60 Os Veigas na loja de antiguidades

63 Anna e a máquina do abraço

65 Diário de Três Orelhas

68 Caos e Orelhas

71 Medo da verdade

72 A vida continua

74 Made in Japan

79 Comunicado urgente!

82 Almoço em família

86 DANIELA PINOTTI

86

MARCELO MALUF

87 BRUNO BAYEUX

LIVRO

Para quem já se sentiu diferente um dia.

Para os que têm coragem de criar.

O QUE VOCÊS PRECISAM SABER ANTES DE COMEÇAR

A LER ESTE LIVRO

Esta é uma história sobre um tesouro escondido. Um tesouro que não está enterrado, que não tem um mapa indicando sua localização e que não é um baú repleto de moedas de ouro, nem joias, nem diamantes, nem lâmpadas mágicas. É uma história de busca ao tesouro, mas uma busca muito particular. Se nós não sabemos o que estamos procurando nem como encontrar, como saberemos que estamos diante de um tesouro? Os pais de Lindolfo sabiam.

Esta é a história de Lindolfo Belozo, o tesouro escondido de Três Orelhas.

Com esse nome, a única coisa que conseguimos imaginar é que se trata do homem mais belo do mundo! Pronto! É isso! A beleza de Lindolfo é o tesouro escondido de Três Orelhas. Mas… não é verdade, ou não completamente, uma vez que beleza é algo bem difícil de explicar e de definir.

Bom, mas vocês não estão aqui para ler um tratado sobre beleza, não é mesmo? Vocês querem saber da história de Lindolfo, onde ele vive, o que ele faz, qual é sua comida preferida (bem, acho que esse dado nós ainda não temos) e, principalmente: como foi que ele se tornou o tesouro escondido de Três Orelhas. É o que vamos contar tim-tim por tim-tim, mesmo que esta história tenha partes que não nos agradem muito, mas isso vocês também vão descobrir.

Nem sempre os pais acertam

Quando Lindolfo Belozo nasceu, seus pais acharam que, se dessem um nome como esse ao menino, quem sabe ele ficasse mais bonito com o tempo. Porém, a verdade é que beleza não era algo que poderíamos associar a Lindolfo. Algumas pessoas dizem que os bebês têm cara de joelho, o que é bem esquisito, porque nunca vimos no joelho uma cara de bebê — quer dizer, pelo menos nós nunca vimos.

O fato é que Lindolfo não era um bebê com cara de joelho, mas tinha nascido com três dentes no céu da boca e uma verruga peluda na ponta do nariz. Além das duas orelhas comuns, ele tinha uma terceira orelha, pequena, redonda e cabeluda, um pouco acima da orelha esquerda. Ou seja, de lindolfo ele não tinha nada.

Todos nós sabemos que, por mais que se esforcem, nem sempre os pais acertam!

Na escola, seu nome era motivo de piadinhas: “Lindorrível”, “Lindossauro”, “Lindorrendo”, “Feiolfo”, “Monstrolfo”, “Horrorolfo”. Sempre que alguém soltava um pum, todos apontavam o dedo para Lindolfo e diziam:

— Foi ele!

Ele se sentava na última carteira, bem no fundo da sala, para evitar o olhar e os risos dos colegas. Nunca fazia perguntas aos professores para não chamar a atenção. Sim, Lindolfo era muito estudioso e inteligente. Mas, quanto mais invisível ficasse, melhor.

Nos intervalos, Lindolfo se escondia na sala de manutenção. Era o único lugar onde as outras crianças não o encontravam, então ele podia comer seu lanche em paz, sem ter que se desviar de bolinhas de papel ou dos chicletes que grudavam em seu cabelo.

Foi também na sala de manutenção que ele começou a aprender a mexer com peças e ferramentas: chave de fenda, parafusos, porcas, alicate, martelo. Sua diversão era montar e desmontar objetos que ficavam esquecidos ali, como relógios de parede, rádios e eletrodomésticos.

Alguns colegas viviam inventando histórias a respeito de Lindolfo. Como, por exemplo: o dia em que ele jantou dois ratos cozidos, ou como transformou um garoto do jardim da infância em lobisomem ao lhe dar uma mordida, ou sobre uma suposta bolota de meleca de nariz que ele guardava na mochila e atirava nas pessoas.

— A gosma fica grudada por mais de um mês, mesmo depois de a pessoa tomar banho! — repetia Carminda, uma garotinha de nariz empinado que adorava contar mentiras sobre o pobre garoto.

Toda essa mentirada só afastava ainda mais os outros alunos de Lindolfo. Ele precisava se esforçar para provar que nunca tinha comido ratos cozidos, nunca tinha mordido ninguém que depois virou lobisomem, assim como nunca tinha guardado na mochila uma bolota de meleca de nariz.

Dizem que mentira tem perna curta. Acontece que elas correm pra chuchu, e não demora muito para alcançarem os ouvidos de outra pessoa, e de outra, e de mais uma, e de outras e, às vezes, de uma cidade inteira, de um país inteiro, do planeta. É assim que milhares de pessoas acreditam numa mentira. O trabalho para desmentir todas essas barbaridades depois é infinito e cansativo.

Lindolfo não ficava quieto. Quando escutava alguém contando alguma mentira sobre ele, respondia:

— Parem de inventar histórias! Podem vir verificar minha mochila, eu nunca tive uma bolota de meleca! Se tiverem coragem, estiquem os braços e recebam a minha mordida! Por favor… Ninguém vira lobisomem! Isso é uma lenda!

Mas os colegas não queriam saber a verdade: era mais divertido continuar mentindo e deixando Lindolfo de lado.

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