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Eliana Santos Beltrão • Tereza Gordilho

Língua Portuguesa Diálogo em g ê n eros

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Eliana Lúcia Santos Beltrão

Graduada em Letras pela Universidade Federal da Bahia, com especialização em Linguística Textual. Mestre em Letras pela Universidade Federal da Bahia. Professora de Língua Portuguesa, Literatura e Produção de Texto no Ensino Fundamental e Médio.

Tereza Cristina Santos Gordilho

Graduada em Psicologia pela Universidade Federal da Bahia, com especialização em Psicopedagogia Clínica e Institucional pelo Instituto Sedes Sapientiae. Psicóloga na área educacional.

2ª- edição São Paulo, 2016

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Copyright © Eliana Lúcia Santos Beltrão e Tereza Cristina Santos Gordilho, 2016 Diretor editorial Lauri Cericato Gerente editorial Silvana Rossi Júlio Editora Natalia Taccetti Editores assistentes Andréia Manfrin Alves, Juliana de Almeida Valverde, Marcel Fernandes Gugoni, Nubia Andrade e Silva Assistente editorial Bruna Flores Bazzoli Assessoria Laura de Paula, Leonardo de Sousa Klein, Marina Ribeiro Candido, Vera Sílvia de Oliveira Roselli Gerente de produção editorial Mariana Milani Coordenadora de arte Daniela Máximo Projeto gráfico Bruno Attili Capa Alexandre S. de Paula Imagem de capa Alexandre S. de Paula Supervisor de arte Vinicius Fernandes Editor de arte Leandro Brito Diagramação Leandro Brito Tratamento de imagens Ana Isabela Pithan Maraschin, Eziquiel Racheti Coordenadora de ilustrações Marcia Berne Ilustrações Aida Cassiano, Andrea Ebert, Clarice Cajueiro, Karmo, Marcos Guilherme, Simone Ziasch Coordenadora de preparação e revisão Lilian Semenichin Supervisora de preparação e revisão Viviam Moreira Preparação Veridiana Maenaka Revisão Lívia Perran Coordenador de iconografia e licenciamento de textos Expedito Arantes Supervisora de licenciamento de textos Elaine Bueno Iconografia Paula Dias, Daniel Cymbalista, Graciela Naliati Diretor de operações e produção gráfica Reginaldo Soares Damasceno Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Beltrão, Eliana Lúcia Santos Diálogo em gêneros, 8o ano / Eliana Lúcia Santos Beltrão, Tereza Cristina Santos Gordilho. — 2. ed. — São Paulo : FTD, 2016.

ISBN 978-85-96-00219-6 (aluno) ISBN 978-85-96-00220-2 (professor) 1. Português (Ensino fundamental) I. Gordilho, Tereza Cristina Santos. II. Título. 15-11249 CDD-372.6 Índices para catálogo sistemático: 1. Português : Ensino fundamental 372.6 123456789 Envidamos nossos melhores esforços para localizar e indicar adequadamente os créditos dos textos e imagens presentes nesta obra didática. No entanto, colocamo-nos à disposição para avaliação de eventuais irregularidades ou omissões de crédito e consequente correção nas próximas edições. As imagens e os textos constantes nesta obra que, eventualmente, reproduzam algum tipo de material de publicidade ou propaganda, ou a ele façam alusão, são aplicados para fins didáticos e não representam recomendação ou incentivo ao consumo.

Reprodução proibida: Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Todos os direitos reservados à EDITORA FTD Rua Rui Barbosa, 156 – Bela Vista – São Paulo-SP CEP 01326-010 – Tel. (11) 3598-6000 Caixa Postal 65149 – CEP da Caixa Postal 01390-970 www.ftd.com.br E-mail: central.atendimento@ftd.com.br

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Impresso no Parque Gráfico da Editora FTD Avenida Antonio Bardella, 300 Guarulhos-SP – CEP 07220-020 Tel. (11) 3545-8600 e Fax (11) 2412-5375

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Apresentação Caro aluno, cara aluna, Nenhuma obra, descoberta ou invenção é fruto de um único homem ou de um único grupo. Por isso, nos juntamos a uma entu­ siasmada equipe de colaboradores: editores, professores, espe­ cialistas em Língua Portuguesa, profissionais de arte, enfim, pes­ soas que se empenharam para que a coleção chegasse até você. Esperamos que aproveite todas as propostas e enriqueça seu repertório, utilizando esta obra como aliada na sua aprendizagem. Pretendemos que você interaja ativamente dando continui­ dade a esta criação, multiplicando a riqueza de cada texto e de cada sugestão que elaboramos com o intuito de ajudá-lo(a) a con­ quistar mais autonomia no trato com a nossa língua. As autoras

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Conheça o seu livro MÓDULO

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Reflexões Reflexões eeopiniões opiniões

Fique por dentro • gênero artigo de opinião

Fique por dentro

• conjunções coordenativas • orações coordenadas

Conteúdos a serem trabalhados no módulo.

Mag Magrela

• pontuação nas orações coordenadas

Imagem em foco Essa imagem é do grafite Entrecacos e cortes, a dor de se redimir, da grafiteira brasileira Mag Magrela, pintado no Beco do Batman, viela de São Paulo com grafites de vários artistas. Observe-a e responda às perguntas oralmente.

1. Descreva o que o grafite retrata.

Imagem em foco

2. O que mais chama sua atenção nessa obra de arte?

Trabalho de leitura de imagem com o objetivo de introduzir o que será estudado.

3. O Beco do Batman é bastante disputado por artistas e muito frequentado por pessoas que desejam ver as obras. a) Para você, os grafites são capazes de expressar as opiniões dos artistas a respeito do que eles querem tratar? b) Você acha que Mag Magrela quis dizer algo ao produzir esse grafite? Em caso afirmativo, o que ela quis dizer, em sua opinião? Neste módulo, você vai conhecer mais sobre o artigo de opinião, gênero textual que se utiliza de argumentos para apresentar opiniões sobre fatos relacionados a temas polêmicos que interessam a toda a sociedade.

Parágrafo de apresentação do módulo Texto que sintetiza o que será visto no módulo.

Grafite da artista Mag Magrela, no Beco do Batman, em São Paulo.

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Páginas de abertura Uma imagem significativa relacionada ao gênero a ser trabalhado abre cada módulo do volume.

Texto Os módulos trazem, em sua maioria, dois textos do mesmo gênero.

Texto 1

Conversando sobre o texto

Anúncio publicitário

1. O que mais chamou a sua atenção no anúncio? Por quê?

O anúncio publicitário que você vai ler a seguir explora elementos das linguagens verbal e visual.

2. Qual é a relação da imagem do coração com o produto anunciado? Em sua opinião, essa relação foi

Anúncio da Becel. Criação: Neogama-BBH

Antes de realizar a leitura efetivamente, passe os olhos no anúncio e levante hipóteses a respeito da relação desses elementos, pensando sobre o motivo da escolha da imagem e a importância da presença do texto no anúncio: você acha que a imagem ou o texto poderia, isoladamente, dar conta de transmitir a mensagem nesse caso? Por quê?

construída de forma coerente?

3. Na leitura do anúncio, o que mais lhe chamou a atenção? Os elementos verbal e visual tiveram a mesma importância? Por quê?

Explorando o gênero O texto 1. Já vimos que existe uma estreita relação entre os anúncios impressos e o veículo de comunicação em que eles são publicados. Esse anúncio foi divulgado em publicações periódicas, como revistas e jornais, de circulação nacional. Considerando essa informação, responda às questões.

Conversando sobre o texto No início do estudo do texto, um trabalho oral de aproximação e confirmação de hipóteses é apresentado.

a) Qual é o objetivo desse anúncio? E o público-alvo?

b) Considerando esse público específico, onde mais esse anúncio poderia ser divulgado?

2. Qual é o produto divulgado no anúncio publicitário que você acabou de ler? Que qualidade desse produto é ressaltada no anúncio?

Explorando o gênero

3. Analise os elementos verbais e visuais que compõem o anúncio e responda às questões. a) Que imagem se destaca no anúncio? Descreva-a.

b) Que ideia o anunciante ressalta ao associar essa imagem ao produto?

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Estudo do texto contemplando seus três elementos principais: a compreensão, a construção e a linguagem.

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Palavra aberta

Esse texto foi originalmente concebido em um programa de computador e, sendo assim, o autor considerou recursos multimídia ao elaborar e ao pensar em como seu poema seria lido. Como não é possível explorar os mesmos recursos multimídia neste livro impresso, para tentar mostrar todo o movimento do poema, optamos por reproduzir cada uma das telas do clip-poema, na sequência em que elas aparecem. 1

e

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são

Augusto de Campos

Faça a leitura das telas, considerando que cada uma corresponde a um verso e que as telas a representação do poema todo. Depois, responda às questões.

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Apresentação de um texto de outro gênero relacionado ao texto principal, com o objetivo de promover a percepção de outras linguagens na construção de sentidos do texto, de relações de intertextualidade e de reconhecimentos das conexões que existem entre os diferentes gêneros.

Os poemas “O poeta e a rosa” e “Não há vagas”, que você leu neste módulo, tratam de questões sociais, apontando para problemas muito presentes em nosso dia a dia, como a desigualdade, o desemprego, a baixa remuneração do trabalhador, o custo alto da cesta básica, entre tantos outros. É hora de parar e refletir sobre esses problemas. Converse com seus colegas e o professor e escolham dois temas para serem discutidos em sala de aula. Voltem aos poemas estudados e selecionem um tema que seja sugerido pelo “Texto 1” e outro, pelo “Texto 2”. Escolham aqueles que mais incomodaram ou indignaram vocês durante e após a leitura.

Candidatos a vagas de emprego em loja de shopping em Brasília (DF) fazem fila para participar do processo de seleção. Foto de 2009 ressalta o problema do desemprego.

Depois, registrem suas opiniões sobre cada tema escolhido, respondendo às questões.

1. Por que enfrentamos esse problema? 2. Que atitudes individuais ou coletivas podemos adotar para acabar com esse problema? 3. As pessoas têm consciência da gravidade da situação e debatem esse tema com regularidade? Há reflexão sobre o tema ou ele virou um tabu? Após terem organizado suas argumentações, combinem com o professor um dia para apresentá-las oralmente e discutir com o grupo as questões. Lembrem-se: a conscientização e o debate são um bom começo para a mudança! Após o debate, avaliem o trabalho: • A atividade provocou o interesse do grupo? • Todos se envolveram, apresentaram seus pontos de vista e ouviram os dos colegas com atenção e respeito? • A discussão trouxe aprendizagens para o grupo? Quais?

Por dentro da língua

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1. Os versos desse clip-poema são apresentados em diferentes cores, direções e sentidos. Considerando o título “Sem saída”, que sentidos você acha que esses recursos visuais podem atribuir ao poema?

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Gêneros em diálogo

Gustavo Moreno/CB/D.A Press

Gêneros em diálogo: infográfico e clip-poema Além dos infográficos, há outros gêneros textuais em que os sentidos são construídos por meio da relação estabelecida entre linguagem verbal e linguagem não verbal. O texto que você vai ler é um exemplo de gênero que também explora essa relação. Trata-se do clip-poema “Sem saída”, do poeta Augusto de Campos.

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Palavra aberta

Voz passiva

Atividade oral cujos objetivos são a troca de ideias, a apresentação de conteúdos, a discussão de questões, a argumentação etc.

O poema que você leu trata de questões que estavam sendo discutidas na época de sua publicação e também da função social do gênero. Agora, você vai ler uma notícia sobre um problema social e ambiental. Será que esse tema caberia em um poema? Leia a notícia e responda às questões de 1 a 3.

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Linguagem e sentidos

Linguagem Linguagemeesentidos sentidos Homônimos Na nossa língua, existem palavras que têm o mesmo som e, às vezes, também a mesma grafia, mas que são de origens diferentes e têm significados distintos.

Nani

1. O cartum a seguir joga com os sentidos da palavra bateria. Leia-o.

Propõe trabalho com diferentes linguagens e apresentação de aspectos estilísticos, semânticos, entre outros, em uma abordagem com vistas à construção de múltiplos sentidos.

NANI. É um problema na bateria. Disponível em: <www.nanihumor.com/2010/03/ao-pe-da-letra.html>. Acesso em: 22 fev. 2016.

a) Considerando a situação, que sentido poderia ser atribuído à palavra bateria?

b) Em que sentido a palavra foi empregada?

c) Que efeito esse sentido produz?

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Por dentro da língua

Por dentro da língua Complemento nominal

Anúncio da Hortifruti. Criação MP Publicidade

O anúncio publicitário analisado no “Texto 1” busca levar o leitor a consumir um produto, uma margarina de determinada marca. Leia este outro anúncio e responda às questões de 1 a 3.

Seção de gramática, com títulos variados

1. Esse anúncio também promove um produto específico? O que está sendo divulgado?

2. A frase principal do anúncio faz referência aos primeiros versos da canção “Garota de Ipanema”, de Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, um dos grandes sucessos da música brasileira. a) Além dessa frase, que outros elementos do anúncio ajudam a construir essa relação com a canção e com o universo musical?

b) O que provoca humor no anúncio?

3. Releia a frase principal do anúncio. a) Como a couve é caracterizada? Que expressões a definem?

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Apresentação de conhecimentos linguísticos visando à aprendizagem e ao reconhecimento de diferentes tópicos gramaticais e sua reflexão sobre eles.

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Propõe trabalho de análise linguística dos conteúdos explorados na seção “Por dentro da língua”, tendo em vista o papel da categoria gramatical na construção e na compreensão dos sentidos do texto.

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A oração sem sujeito na tirinha 1. Leia a tirinha de Laerte Coutinho. Laerte

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LAERTE. Disponível em: <www2.uol.com.br/laerte/tiras/index.html>. Acesso em: 11 jan. 2016.

a) O que dá o tom de humor à tirinha?

b) Que recursos são empregados para evidenciar a intensidade e a estridência da buzina? ( ) O desenho dos balões. ( ) O tamanho das letras usadas nas onomatopeias. ( ) As cores usadas na ilustração do quadrinho.

2. No segundo quadrinho, há uma oração sem sujeito. a) Qual é essa oração?

b) O que ela informa ao leitor?

c) Por que essa oração não tem sujeito?

d) Que sentido pode ser atribuído ao verbo nessa oração? ( ) Tempo decorrido.

( ) Existir.

( ) Ocorrer.

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Uma questão de

Produção escrita e oral

Emprego de há e a

Uma questão de escrita

Conto de terror

O terror em cena A proposta é produzir contos de terror em que personagens fictícios, criaturas assustadoras, aparições sobrenaturais, objetos e surpresas aterrorizantes surgem em um mundo misterioso e amedrontador. Depois da escrita, você e os colegas vão se reunir em grupos. Cada grupo vai fazer uma leitura dramatizada para os demais colegas da classe de um conto escolhido por todos.

Trabalho com atividades de percepção de algumas regularidades ortográficas.

A dramatização, nesse caso, é uma leitura interpretada, em que o leitor lança mão de vários elementos – entonação e gestos para compor os personagens, cenário, iluminação, sonoplastia – que enriquecem a leitura.

I. Quem conta um conto... Planejando a escrita da primeira versão Ao planejar o conto, é bom estar no clima das narrativas de terror. Leia o início de dois contos e observe como as palavras iniciais já mobilizam a curiosidade do leitor e despertam o medo.

As formigas DALCIO. Confirmado: há um pequeno vazamento de água no petróleo. Correio Popular, Campinas, 16 jul. 2010.

a) Com que finalidade esse tema foi abordado?

Produção

b) Na fala do mergulhador, aparece a forma verbal há. Com que sentido ela é utilizada? (

) Tempo decorrido.

(

) Existir.

2. Leia as frases seguintes e observe as palavras em destaque. • O teste de Matemática foi feito há três dias. • A formatura será daqui a duas semanas. a) Pronuncie em voz alta essas palavras. O que se pode concluir?

b) No primeiro enunciado, a forma verbal há indica tempo decorrido ou tempo passado. Que ideia de tempo a preposição a expressa? (

) Tempo passado.

(

) Tempo presente.

Quando minha prima e eu descemos do táxi, já era quase noite. Ficamos imóveis diante do velho sobrado de janelas ovaladas, iguais a dois olhos tristes, um deles vazado por uma pedrada. Descansei a mala no chão e apertei o braço da prima.

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) Tempo futuro.

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Caesart/Shutterstock.com

Dalcio

1. Veja um cartum que faz uma sátira a um vazamento de óleo ocorrido nas costas brasileiras em 2010.

— É sinistro. [...]

Propõe trabalho orientado de produção escrita e/ou oral relacionado ao gênero estudado no módulo, considerando as fases de planejamento, execução e avaliação de um texto.

TELLES, Lygia Fagundes. As formigas.In: ______. Seminário dos ratos: contos. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p. 9.

No fundo do corredor A primeira vez que ela me apareceu eu tinha onze anos e fiquei gelado de medo. Dormia no mesmo quarto que minhas irmãs. A cabeceira da minha cama dava para a janela e os pés para a entrada do quarto. Assim eu dormia com a porta aberta para, à noite, aproveitar a luz do corredor e ler. Daí vem minha vista estragada. [...] SOARES, Ricardo. No fundo do corredor. In: LAURITO, Ilka Brunhilde et al. Sete faces do sobrenatural. São Paulo: Moderna, 1992.

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c) A que pode ser associada a figura do cofre em forma de porquinho?

d) Com que finalidade foi usada essa imagem?

A linguagem conotativa ou linguagem figurada é um recurso em que as palavras ou expressões adquirem um significado novo, não convencional, dependente do contexto.

Boxe conceito gramatical

Na linguagem denotativa, a palavra é usada em seu sentido literal, convencional. Exemplos:

Conceitua os elementos gramaticais trabalhados.

• Seu filho é seu espelho. linguagem conotativa ou figurada

• O espelho quebrou. linguagem denotativa

Algumas figuras de linguagem Metonímia Consiste na substituição de uma palavra ou expressão por outra, havendo entre elas uma relação de proximidade, de familiaridade ou de contiguidade. A metonímia ocorre quando empregamos:

[...] Aliás Aceite uma ajuda do seu futuro amor Pro aluguel Devolva o Neruda* que você me tomou E nunca leu [...]

Kharkhan Oleg/Shutterstock.com

I. O nome do autor pela obra.

BUARQUE, Chico. Trocando em miúdos. Intérprete: Chico Buarque. In: ______. Chico e Francis Hime. [S.l.]: Polygram/Philips Records (Universal), 1978. 1 disco sonoro. Lado A, faixa 3. * Pablo Neruda, poeta chileno (1904-1973).

Usa-se o nome do autor, Neruda, para se referir ao livro que ele escreveu.

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7. O uso de adjetivos é importante para caracterizar os personagens e os lugares. Que imagem do personagem se forma levando em conta os adjetivos usados para descrever Preá no conto, como fiel, leso e preguiçoso?

4. Nesse conto, Luis Fernando Verissimo usa frequentemente os pronomes ele e ela para se referir a Píndaro e Janice. a) Esse recurso provoca alguma confusão na leitura do texto? Justifique.

Boxe conceito gênero

Como a ação é um elemento importante no gênero conto, os verbos exercem uma função significativa na construção do tempo em que ocorrem os fatos. Já as descrições, que utilizam adjetivos e locuções adjetivas, possibilitam a caracterização dos personagens e do ambiente no conto.

Gêneros em diálogo: conto e serigrafia O amor é um tema presente não só em contos, mas também em outros gêneros, como a pintura, a fotografia, a escultura, o romance, o poema, entre outros. A obra a seguir, Beijo V, do artista plástico Roy Lichtenstein, é um exemplo disso.

Roy Lichtenstein. Beijo V. 1964. Óleo sobre tela. Coleção particular. Foto: Fine Art Images/Easypix

Aprecie a reprodução de uma das serigrafias desse artista e, depois, responda às questões.

Conceitua, passo a passo, o gênero que está sendo explorado no módulo.

b) Para que foi usado esse recurso linguístico?

5. No último parágrafo do conto, os personagens se reencontram no aeroporto. a) Releia-o e observe as formas verbais empregadas. Qual é o tempo verbal predominante nesse trecho? Por quê?

b) Que outro tempo verbal também é usado? Explique por que esse tempo é usado e exemplifique com uma passagem do texto.

c) Nesse parágrafo, foram usados muitos sinais de interrogação. Com que finalidade?

Serigrafia criada pelo artista plástico Roy Lichtenstein, em 1964.

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Gênero em resumo

Conto em resumo

Traz uma síntese das características principais do gênero estudado no módulo.

Principais características:

Finalidade: entreter o leitor e levá-lo a refletir sobre as situações mostradas. • publicado em livros, jornais, revistas, sites e blogues; • constituído, em geral, por um único conflito, clímax e desfecho; • poucos personagens, com tempo e espaço restritos; • narração em 1ª ou 3ª pessoa; • linguagem com marcas de temporalidade, uso de discurso direto e indireto.

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Saudade incontida do que ficava. Até os forasteiros que passavam, eu os sentia como irmãos. Dava-me pena deixá-los. […]

Boxe explicativo Complementa ou detalha uma informação.

No alvorecer desse dia, bateram na janela, avisando que estava quase na hora. Disse que estava com gripe, não iria. Minha irmã Tata interveio dizendo: “— Vai bobo… aqui não há possibilidade”. Num impulso saí correndo, tive tempo ainda de apanhar o trem em movimento.

Projeto Portinari

Candido Portinari (o segundo à direita) aos 20 anos, com seus pais e irmãos, em 1924.

Vocabulário alvorada: nascer do sol célebre: que tem grande fama, famoso condução: transporte diabolô: brinquedo em que se apara um carretel, que é lançado para o alto, por meio de um cordão preso a dois bastões forasteiro: pessoa de fora do lugar fraque: casaco masculino com abas longas nas costas, aberto do peito para baixo incontido: que não se pode conter, reprimir légua: medida de distância, equivalente a 6,6 quilômetros

Saiba mais Boxe com informações complementares ou curiosidades que ampliam a compreensão do texto em estudo.

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) Apenas a leitores da revista em que foi publicado. ) Aos leitores da revista e a todos que têm interesse no assunto e pesquisam sobre o tema.

Para acessar

(

) Somente a veterinários, geneticistas e criadores de cães de raças.

tros veículos e meios podem circular infográficos?

Uma pesquisa realizada em 2010, em São Paulo, apontou que os cães preferidos dos paulistanos são os vira-latas. Leia mais na reportagem disponível em: <http://ftd.li/7to5vr> (acesso em: 1o fev. 2016). Johnny Duarte / Estúdio Fotoanimal (www.fotoanimal.com.br)

( ) Exclusivamente a veterinários ou acadêmicos que pesquisam sobre o assunto.

3. O infográfico que você leu foi publicado em uma revista impressa. Em que ou-

4. Observe que as imagens dos cães se destacam no infográfico. Por que foi dado tanto destaque aos animais?

pesar, melancolia

Sensações psicológicas das cores iluminação, conforto, alerta, orgulho, esperança

fantasia, mistério, profundidade, eletricidade, dignidade, justiça, grandeza, calma

dinamismo, força, energia, revolta, coragem, furor, intensidade, paixão, calor

A linguagem 1. Considere o slogan do anúncio que estamos explorando e responda. a) Com quem ele dialoga? Como é possível identificar esse receptor?

b) Por qual outro verbo a forma verbal ame poderia ser substituída? Reescreva o slogan usando esse verbo.

2. Agora releia o texto secundário que aparece no anúncio. Becel não possui gordura trans e contém ômegas 3 e 6, que ajudam a cuidar da saúde do seu coração com muito sabor. Nesse texto, as informações sobre o produto são utilizadas como argumentos para convencer o leitor a consumir a margarina. Identifique esses argumentos e aponte aquele que expressa uma opinião do anunciante.

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Ponto a ponto

b) A que público-alvo esse infográfico é provavelmente dirigido? (

bem-estar, paz, saúde, ideal, tranquilidade, natureza, equilíbrio, esperança, crença

c) Compare o slogan que você reescreveu com o slogan original. Qual deles é mais impactante e envolvente? Por quê?

PORTINARI, Candido. Retalhos de minha vida de infância. In: PROJETO PORTINARI. O Brasil de Portinari: exposição de réplicas. Rio de Janeiro: Projeto Portinari, 1997.

(

Enquanto a palavra traz um apelo intelectual, a cor é fundamentalmente emoção e torna-se indispensável à função de persuasão, na medida em que serve para despertar diferentes sensações psicológicas no receptor da mensagem transmitida. Leia as informações do diagrama ao lado e conheça algumas das principais sensações psicológicas que certas cores provocam no ser humano.

Traz o significado de algumas palavras do texto.

Vocabulário

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Além das palavras e das imagens, a cor é um importante elemento funcional na esfera publicitária, podendo intensificar tanto o texto quanto a imagem com os quais se relaciona.

Fonte de pesquisa: PINHO, José Benedito. Publicidade e vendas na internet: técnicas e estratégias. São Paulo: Summus, 2000. p. 164-165.

No dia do embarque, época da gripe espanhola, lá todo mundo estava de cama e em casa só eu estava bem.

A última imagem que me ficou gravada na memória foi a de meu pai; levantara-se para se despedir, ainda posso vê-lo: de capote escuro, atravessando o largo da estação. Não teve tempo de me dizer nada…

verdade, intelectualidade, paz, precaução, infinito, meditação

As cores na publicidade

Editoria de arte

Quando se apresentou ocasião de ir ao Rio, passei noites e noites em vigília, lutando com a indecisão — pena em deixar meus pais e meus irmãos. Quanto mais próxima a partida, mais aflito ficava. Olhava o chão, as plantas, os animais, as aves e aquela luz… Parecia que nunca mais iria ver tudo aquilo que era parte de mim mesmo. Quantas lágrimas derramei às escondidas. Vi e revi mil vezes todos os recantos.

Gripe espanhola Gripe que se espalhou pela Europa em 1918, durante a Primeira Guerra Mundial, e chegou às Américas, à Ásia e à África no final do mesmo ano, chegando a matar de 20 a 40 milhões de pessoas. Essa gripe era provocada pelo vírus Influenza A, do subtipo H1N1, o mesmo que, modificado, atingiu o mundo na década de 2000, mas com intensidade muito menor.

A cadela vira-lata Carlota Joaquina, 1 ano, moradora do Morumbi, foi adotada em uma feira de animais.

5. A imagem de cada espécie de cão representada no infográfico é acompanhada

O módulo 4 ponto a ponto É hora de relembrar! Responda às questões e construa uma síntese do que foi estudado neste módulo.

1. Observe a imagem de uma cena típica de um conto de terror. Use a sua criatividade para descrever a situação com elementos sobrenaturais, de suspense e/ou propondo fatos horripilantes.

Conto de terror Finalidade: entreter o leitor.

2. Leia a tirinha a seguir. Laerte

de um grande círculo, que faz referência a uma radiografia, destacando elementos do local indicado.

Revisão de assuntos abordados no módulo de um jeito diferente, por meio de atividades que retomam e sistematizam o conteúdo do módulo, convidando o aluno a representar o conhecimento em estruturas esquemáticas, gráficos e imagens.

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Tithi Luadthong/Shutterstock.com

a brasa do cigarro nas brechas dos calcanhares sem que a pessoa sentisse. Pés sofridos com muitos e muitos quilômetros de marcha. Pés que só os santos têm. Sobre a terra, difícil era distingui-los. Os pés e a terra tinham a mesma moldagem variada. Raros tinham dez dedos, pelo menos dez unhas. Pés que inspiravam piedade e respeito. Agarrados ao solo, eram como os alicerces, muitas vezes suportavam apenas um corpo franzino e doente. Pés cheios de nós que expressavam alguma coisa de força, terríveis e pacientes.

Karin Hueck, Jorge Oliveira, Eduardo Szklarz, Eber Evangelista, Luiz Iria/Abril Comunicações S/A

Considere, a seguir, um detalhe do infográfico em que aparece a representação do cão da raça golden retriever. Veja que o círculo foi aplicado sobre as patas traseiras do animal.

Sugestões Os boxes Para acessar/ ler/ver/ouvir apresentam indicações para você explorar e ampliar seu conhecimento.

a) Por que o círculo foi aplicado nesse local na representação do cão da raça golden retriever?

LAERTE. Disponível em: <www2.uol.com.br/laerte/tiras/>. Acesso em: 15 jan. 2016.

a) Pela situação narrada na tirinha, é possível afirmar que o pai está entusiasmado com o progresso do filho na música? Explique.

b) O termo “meu filho” é vocativo ou aposto? Para que ele foi usado?

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5. A função desse recurso visual presente na reportagem é a mesma dos recursos visuais do infográfico?

6. Que recursos são predominantes no cumprimento do propósito comunicativo desses infográficos e dessa reportagem?

7. Os infográficos são compreensíveis apenas lendo os textos verbais? Ou apenas vendo as imagens e elementos gráfico-visuais? Justifique.

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Caderno de atividades – Atividades complementares Atividades extras que complementam e reforçam a assimilação dos conteúdos estudados ao longo do ano.

Módulo 3 – Os segredos da publicidade

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Provas oficiais e vestibular 1. (Prova Brasil) Leia. A beleza total A beleza de Gertrudes fascinava todo mundo e a própria Gertrudes. Os espelhos pasmavam diante de seu rosto, recusando-se a refletir as pessoas da casa e muito menos as visitas. Não ousavam abranger o corpo inteiro de Gertrudes. Era impossível, de tão belo, e o espelho do banheiro, que se atreveu a isto, partiu-se em mil estilhaços. A moça já não podia sair à rua, pois os veículos paravam à revelia dos condutores, e estes, por sua vez, perdiam toda capacidade de ação. Houve um engarrafamento monstro, que durou uma semana, embora Gertrudes houvesse voltado logo para casa. O Senado aprovou lei de emergência, proibindo Gertrudes de chegar à janela. A moça vivia confinada num salão em que só penetrava sua mãe, pois o mordomo se suicidara com uma foto de Gertrudes sobre o peito. Gertrudes não podia fazer nada. Nascera assim, este era o seu destino fatal: a extrema beleza. E era feliz, sabendo-se incomparável. Por falta de ar puro, acabou sem condições de vida, e um dia cerrou os olhos para sempre. Sua beleza saiu do corpo e ficou pairando, imortal. O corpo já então enfezado de Gertrudes foi recolhido ao jazigo, e a beleza de Gertrudes continuou cintilando no salão fechado a sete chaves. ANDRADE, Carlos Drummond de. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: José Olympio, 1985.

O conflito central do enredo é desencadeado

Anúncio Toddy. 1949. Biblioteca Municipal Mário de Andrade, São Paulo

Reveja os anúncios do módulo: “Ame seu coração” (Texto 1) e “Belém. Faz bem por natureza” (Texto 2). Em seguida, leia este anúncio publicitário produzido na década de 1940. Toddy gelado no verão e quente no inverno proporciona ao organismo os elementos nutritivos que lhe dão vigôr e bem-estar: Cálcio, Carbohidratos, Ferro, Fósforo, Proteínas e Vitaminas. Por ser de fácil digestão, pode ser tomado a qualquer hora do dia ou da noite. E como é gostoso! 1. Se compararmos o anúncio da margarina com esse anúncio de achocolatado, apenas por meio do apelo visual já é possível identificar o anúncio do achocolatado como uma peça “antiga”. O que nos leva a ter essa percepção?

Caderno de atividades – Provas oficiais e vestibular Questões de múltipla escolha que preparam o aluno para as provas que ele realizará no decorrer de sua vida escolar.

a) ( ) pela extrema beleza da personagem. b) ( ) pelos espelhos que se espatifavam. c) ( ) pelos motoristas que paravam o trânsito. d) ( ) pelo suicídio do mordomo. 2. (FGV-SP) Assinale a alternativa em que a oração sublinhada funciona como sujeito do verbo da oração principal. a) ( ) Não queria que José fizesse nenhum mal ao garoto. b) ( ) Não interessa se o trem solta fumaça ou não. c) ( ) As principais ações dependiam de que os componentes do grupo tomassem a iniciativa. d) ( ) Era uma vez um sapo que não comia moscas. e) ( ) Nossas esperanças eram que a viatura pudesse voltar a tempo de sair atrás do bandido. 3. (IFAL) Em Alagoas, 24% da população vive à revelia da leitura e da escrita. [...] Nesse “universo paralelo” dos que vivem à revelia da leitura e da escrita, restam o mercado informal como sobrevida, e o distanciamento exponencial de uma sociedade cada vez mais gráfica, onde a necessidade de se decifrar os velhos e os novos códigos da língua, como a informática, por exemplo, vem transformando a educação formal, ao longo dos tempos, num verdadeiro funil de acesso ao mundo sócio, econômico e culturalmente ativo.

Anúncio Toddy. 1949. Biblioteca Municipal Mário de Andrade, São Paulo.

Esta notícia foi publicada em O Jornal, de 17/10/2010, na seção Cidades, pág. A17.

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Sumário

MÓDULO

1

Conto: narrativa breve e objetiva..................... 12 Fique por dentro.............................................................................................................13 Imagem em foco.............................................................................................................13

Texto 1: Conto............................................................................................................14 Vasto mundo, Maria Valéria Rezende ..........................................................................14 Conversando sobre o texto.............................................................................................18 Explorando o gênero......................................................................................................18 Gêneros em diálogo: conto e serigrafia...........................................................................24 Por dentro da língua.......................................................................................................25 Tipos de sujeito – revisão ............................................................................................ 25 Classificação do sujeito ......................................................................................... 27

Texto 2: Conto.............................................................................................................30 Conto de verão nº 2: Bandeira branca, Luis Fernando Verissimo ...................................30 Conversando sobre o texto.............................................................................................33 Explorando o gênero......................................................................................................33 Por dentro da língua.......................................................................................................37 Oração sem sujeito.......................................................................................................37 Principais casos de oração sem sujeito....................................................................38 A oração sem sujeito: usos.....................................................................................39 A oração sem sujeito na tirinha.....................................................................................41 Uma questão de escrita..................................................................................................42 Emprego de há e a......................................................................................................42 Produção escrita: Conto..................................................................................................44 O módulo 1 ponto a ponto............................................................................................47

MÓDULO

2

Texto e imagem: um casamento perfeito....... 48 Fique por dentro.............................................................................................................49 Imagem em foco.............................................................................................................49

Texto 1: Infográfico....................................................................................................50 Raça ruim, Karin Hueck, Jorge Oliveira, Eduardo Szklarz, Eber Evangelista, Luiz Iria.........50 Conversando sobre o texto.............................................................................................52 Explorando o gênero......................................................................................................52 Gêneros em diálogo: infográfico e clip-poema................................................................61 Por dentro da língua.......................................................................................................64 Predicado verbo-nominal..............................................................................................64 O predicado verbo-nominal no poema.........................................................................67

Texto 2: Infográfico....................................................................................................68 Natureza: saque a descoberto, Almanaque Abril..........................................................68 Conversando sobre o texto.............................................................................................70 Explorando o gênero......................................................................................................70 Por dentro da língua.......................................................................................................75 Predicativo do objeto....................................................................................................75 Uma questão de escrita..................................................................................................79 Pontuação do predicativo e seus efeitos de sentido......................................................79 Produção escrita: Infográfico...........................................................................................82 O módulo 2 ponto a ponto............................................................................................85

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MÓDULO

3

Os segredos da publicidade............................... 86 Fique por dentro.............................................................................................................87 Imagem em foco.............................................................................................................87

Texto 1: Anúncio publicitário.....................................................................................88 Ame seu coração, anúncio publicitário de margarina....................................................88 Conversando sobre o texto.............................................................................................89 Explorando o gênero......................................................................................................89 Gêneros em diálogo: anúncio publicitário e classificado...................................................93 Por dentro da língua.......................................................................................................95 Complemento nominal................................................................................................95

Texto 2: Anúncio publicitário.....................................................................................98 Belém. Faz bem por natureza, anúncio publicitário de plano de saúde..........................98 Conversando sobre o texto.............................................................................................99 Explorando o gênero......................................................................................................99 Palavra aberta...............................................................................................................103 Por dentro da língua.....................................................................................................104 Complemento nominal e adjunto adnominal..............................................................104 Diferenças entre complemento nominal e adjunto adnominal...............................105 O adjunto adnominal no anúncio publicitário............................................................108 Linguagem e sentidos...................................................................................................109 Homônimos...............................................................................................................109 Produção escrita: Anúncio publicitário...........................................................................113 O módulo 3 ponto a ponto..........................................................................................117

MÓDULO

4

Histórias de arrepiar......................................... 118 Fique por dentro...........................................................................................................119 Imagem em foco...........................................................................................................119

Texto 1: Conto de terror...........................................................................................120 A máscara da Morte Rubra, Edgar Allan Poe..............................................................120 Conversando sobre o texto...........................................................................................125 Explorando o gênero....................................................................................................125 Gêneros em diálogo: conto de terror e fotograma........................................................ 130 Por dentro da língua.....................................................................................................132 Aposto.......................................................................................................................132

Texto 2: Conto de terror...........................................................................................136 O travesseiro de plumas, Horacio Quiroga .................................................................136 Conversando sobre o texto...........................................................................................139 Explorando o gênero....................................................................................................139 Por dentro da língua.....................................................................................................144 Vocativo.................................................................................................................... 144 Vocativo, pontuação e seus usos............................................................................... 146 O vocativo no poema....................................................................................................149 Produção escrita e oral: Conto de terror.......................................................................150 O módulo 4 ponto a ponto..........................................................................................155

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MÓDULO

5

Verso & reverso................................................... 156 Fique por dentro...........................................................................................................157 Imagem em foco...........................................................................................................157

Texto 1: Poema..........................................................................................................158 O poeta e a rosa, Vinicius de Moraes .........................................................................158 Conversando sobre o texto...........................................................................................160 Explorando o gênero....................................................................................................160 Gêneros em diálogo: poema e cartum...........................................................................166 Por dentro da língua.....................................................................................................167 Vozes do verbo..........................................................................................................167 Classificação das vozes verbais: voz ativa, voz passiva, voz reflexiva.......................170 As vozes verbais na tirinha...........................................................................................174

Texto 2: Poema..........................................................................................................175 Não há vagas, Ferreira Gullar .....................................................................................175 Conversando sobre o texto...........................................................................................176 Explorando o gênero....................................................................................................176 Palavra aberta...............................................................................................................180 Por dentro da língua.....................................................................................................180 Voz passiva................................................................................................................180 Tipos de voz passiva: passiva analítica e passiva sintética.......................................182 Voz ativa e voz passiva analítica: transformação..........................................................183 Voz passiva analítica e voz passiva sintética: transformação........................................183 Linguagem e sentidos...................................................................................................185 Linguagem figurada...................................................................................................185 Algumas figuras de linguagem: metonímia, sinestesia, aliteração, antítese, eufemismo, hipérbole ..........................................................................................187 Produção escrita: Poema................................................................................................192 O módulo 5 ponto a ponto..........................................................................................197

MÓDULO

6

Reflexões e opiniões.......................................... 198 Fique por dentro...........................................................................................................199 Imagem em foco...........................................................................................................199

Texto 1: Artigo de opinião.......................................................................................200 Mundo moderno, cérebro antigo, Suzana Herculano-Houzel .....................................200 Conversando sobre o texto...........................................................................................201 Explorando o gênero....................................................................................................202 Gêneros em diálogo: artigo de opinião e charge...........................................................208 Por dentro da língua.....................................................................................................209 Conjunções coordenativas..........................................................................................209 Classificação das conjunções coordenativas: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas, explicativas.....................................................................210

Texto 2: Artigo de opinião.......................................................................................214 Futebol, paixão e educação, Daniele Vilela Leite ........................................................214 Conversando sobre o texto...........................................................................................215 Explorando o gênero....................................................................................................216 Por dentro da língua.....................................................................................................220 Orações coordenadas...........................................................................................220 Classificação das orações coordenadas: assindética, sindética (aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas, explicativas).................................222

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A conjunção coordenativa na canção..........................................................................226 Uma questão de escrita................................................................................................227 Pontuação nas orações coordenadas..........................................................................227 Produção escrita: Artigo de opinião...............................................................................230 O módulo 6 ponto a ponto..........................................................................................233

MÓDULO

7

Vidas e memórias.............................................. 234 Fique por dentro...........................................................................................................235 Imagem em foco...........................................................................................................235

Texto 1: Autobiografia.............................................................................................236 Candido Portinari.......................................................................................................236 Conversando sobre o texto...........................................................................................240 Explorando o gênero....................................................................................................240 Gêneros em diálogo: autobiografia e depoimento.........................................................245 Por dentro da língua.....................................................................................................248 Conjunções subordinativas.........................................................................................248 Classificação das conjunções subordinativas adverbiais: causais, comparativas, concessivas, condicionais, conformativas, consecutivas, finais, proporcionais, temporais......................................................................................250 As conjunções subordinativas na crônica....................................................................253

Texto 2: Biografia.....................................................................................................254 Maria Quitéria, Hélio Pólvora......................................................................................254 Conversando sobre o texto...........................................................................................256 Explorando o gênero....................................................................................................256 Por dentro da língua.....................................................................................................261 Orações subordinadas adverbiais................................................................................261 Classificação das orações subordinadas adverbiais: causais, comparativas, concessivas, condicionais, conformativas, consecutivas, temporais, finais, proporcionais... 262 Produção escrita: Autobiografia.....................................................................................266 O módulo 7 ponto a ponto..........................................................................................270

Bibliografia.............................................................................................................271 Caderno de atividades.....................................................................................273

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MÓDULO

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Conto: narrativa breve e objetiva

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Fique por dentro • gênero conto • tipos de sujeito – revisão • oração sem sujeito

Matthew Murphy

• emprego de há e a

Imagem em foco Essa fotografia capta uma cena do balé O lago dos cisnes, composto por Piotr Tchaikovsky (1840-1893). A história narrada é a de Odette, princesa que é transformada em cisne e só à noite assume sua forma humana. O protagonista masculino é o príncipe Siegfried, que, durante um baile, jura amor eterno a Odette, sem saber que na verdade dançava com Odile, que assumira a forma da princesa. Observe a fotografia e responda oralmente ao que se pede.

1. Considerando o resumo do balé, quem seriam os personagens retratados na foto?

2. Que situação a bailarina Michaela DePrince e o bailarino Sam Wilson estariam representando nessa cena do balé?

3. Relate com poucas palavras qual poderia ser o desfecho dessa espécie de conto de fadas. Neste módulo, você vai conhecer melhor o gênero conto, explorando narrativas curtas que sempre têm um clímax e um desfecho, assim como o conto popular russo no qual se baseia o balé O lago dos cisnes.

Bailarinos Michaela DePrince e Sam Wilson em cena de O lago dos cisnes, montagem de 2013 da companhia Teatro de Dança do Harlem, de Nova York (EUA).

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Texto 1

Conto

Você já viveu uma história de amor? Já se sentiu envolvido ou interessado por alguém?

Mônica Câmara

Neste conto, escrito por Maria Valéria Rezende, você vai ler a história de um jovem que avista uma garota recém-chegada à cidade onde ele mora. Leia para saber o que acontece com o personagem.

Maria Valéria Rezende (1942-) nasceu em Santos (SP). Iniciou sua carreira de educadora na periferia de São Paulo, por volta de 1965, e a partir de 1972 se instalou no Nordeste para aplicar projetos de alfabetização e educação de jovens e adultos. Foi com o livro de contos Vasto mundo que ela estreou na literatura, em 2001. Depois, escreveu livros infantojuvenis e o romance O voo da guará vermelha (Editora Objetiva).

Vasto mundo A moça chegou do Rio. Logo se vê... tão alvinha! Saiu daqui miúda, não diferenciava em nada das outras meninas da escola municipal. Foi o padrinho que a levou. Voltou essa moçona. Veio passar o São João. No meio das outras moças, na frente da igreja, ela agora diferencia até demais. O vestido bonito, mais altura, as unhas compridas e vermelhas, movendo os braços, dando voltas e requebros enquanto fala. E fala sem parar. As outras, mais matutas ainda junto dela, são apenas moldura para o quadro. Para os olhos de Preá, nem moldura. Não existem. Não existe mais a igreja, a praça, a vila, nada. Só a moça. Preá... outro nome não tem. Quem poderia dizer era a velha, mas morreu sem que ninguém se lembrasse de perguntar. Para a maioria do povo de Farinhada, hoje parece que ele esteve sempre aqui, que sempre foi assim, uma coisa da vila como a igreja, a ponte sobre o riacho, os bancos de cimento da pracinha. Mas alguém se lembra: chegou um dia com a velha que chamava de avó, meio cega, meio mouca, meio fraca do juízo. O menino, não se sabe que idade tinha... Alguma coisa entre oito e treze anos. Quem pode saber? Fraquinho, enfezadinho como todo filho da miséria. Disseram que vinha do Juá. Qualquer canto da Paraíba tem rua, fazenda, sítio com esse nome. Também, ninguém perguntou muita coisa: uma velha perto de morrer e um menino vivendo só de teimoso... Neco Moreno deixou ficar nos restos da casinha de taipa e palha, no canto do sítio dele, já bem junto do arruado. Preá amassou barro, tapou os buracos, pediu palha daqui e dali, vivia ajeitando o telhado. Continuou sempre assim, aquele capricho com a casa, alisando as paredes, reparando rachaduras, até caiação... Preá faz tudo sozinho, sempre fez tudo sozinho.

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Preá não sabe que coisa é esta acontecendo dentro dele. Começou quando bateu com os olhos na moça. Uma queimação dentro do peito, uma nuvem na vista que esconde tudo que não é a moça, os ouvidos moucos para tudo o que não seja a voz dela. Nem com Edilson, o amigo quase irmão, Preá não quer conversa. Um sentimento que parece tristeza, mas não é. Pelo menos não é daquela tristeza de quando a avó morreu nem de quando o cachorro sumiu. Preá não sabe o que é. Doença também não é, que muitas vezes ele ficou doente e era coisa diferente. Pode ser o juízo enfraquecendo. O povo já diz que ele é fraco do juízo, igual à avó. Agora ele está ficando também cego e mouco, igual à avó. Igual não. É diferente, diferente de tudo o que ele conhece. A morte da avó mudou pouca coisa na vida de Preá. A tristeza que lhe deu de pouco em pouco foi se acabando. De noite, sozinho, a casinha parecia maior e mais vazia, por uns tempos. No mais, ficou tudo igual, só que não precisa mais levar a lata de comida para casa. Encosta na porta da cozinha de qualquer um, recebe o prato com o que vier, come ali mesmo, “obrigado, dona, até amanhã”.

O dia de Preá, que começa quando a barra do dia raia por cima da Serra do Pilão, vira de novo noite quando a moça aparece na praça, manhã alta. É como estar dormindo e sonhando coisa nunca vista, beleza nunca imaginada. Muitas vezes já não ouve quando gritam por ele, já não vê quando lhe acenam, já não fica encostado na parede da bodega esperando chamado, perde-se a caminho dos mandados, engana-se nos recados. Perdeu todos os rumos, menos o da moça. No rumo dela desvia-se de todos os caminhos, vai cada dia mais longe de tudo, mais perto dela. Já se começa a comentar na vila que Preá não é mais o mesmo. “Está ficando mais leso, preguiçoso, esse menino...”

Simone Ziasch

Desde o começo houve uma espécie de contrato, nem escrito nem falado, entre Preá e o povo de Farinhada. O menino fazia qualquer serviço que pudesse, para quem pedisse, sem botar preço e nem receber pagamento. Do outro lado, ninguém lhe negava um caneco de café, um prato de comida, uma roupa velha ou, quando ficou maiorzinho, uma dose de cana ou uma carteira de cigarro barato. Bom como ninguém para fazer mandado que tenha pressa, levar recado urgente, levar pacote, buscar a ferramenta ou o carretel de linha que falta para terminar um trabalho. Foi crescendo, aprendendo outros serviços, artes, muita coisa pode-se pedir a ele. O contrato com o povo continua o mesmo. Preá, fiel, sempre na pracinha ou na rua do meio, ao alcance de um grito. Quando não tem serviço, encosta-se na parede... Espera. Jamais sai da vila. Sua casinha na ponta da rua é o limite do mundo. No mundo rural de Farinhada, Preá é urbano, da parca urbanidade da vila.

A moça lá no banco da praça, debaixo do jambeiro, cercada pelas outras que querem ser como ela, falando, gesticulando, mostrando-se.

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Os rapazes voltam mais cedo do roçado, banham-se, perfumam-se, vestem a roupa do São João e vão vê-la na esperança de serem vistos. Preá não teve roupa nova no São João, por fora é o Preá de sempre, por dentro só a luz da moça. Preá, mariposa, chega cada dia mais perto do jambeiro, mais perto dela. No princípio ninguém notava o menino ali parado, os olhos presos na moça alva. Ele tem a invisibilidade das coisas que sempre estiveram presentes. Mas quando Dona Inácia se cansou de chamar por ele, sem resposta, foi que toda a gente viu: “Preá está lá, feito besta, olhando pra moça.” “Eh, Preá, está gostando da carioca? Olhe só, Leninha, Preá está louco por você. Quer namorar, Preá?” E o coro: “Preá apaixonado! Preá apaixonado!” Ela achou graça, fez sinal: “Vem cá, meu bem, senta aqui perto de mim.” Ele foi, levado pelo vento, pelo olhar... Pelas pernas não foi que não as tinha mais, nem braços, nem corpo, só os olhos e o coração feito zabumba. Não ouviu os gritos, o riso, a mangação. Viu a moça olhando para ele, rindo para ele, a mão macia no joelho dele. “Se você gosta mesmo de mim, Preá, vou namorar com você. Só com você e mais ninguém. Mas tem que fazer uma coisa para mostrar que gosta mesmo de mim: domingo quero ver você subir até na ponta da torre da igreja e me jogar um beijo lá de cima.” Farinhada toda já sabe do amor de Preá e da exigência da moça. Apostam que ele sobe, que ele não sobe. A torre da igreja é alta e fina como uma agulha, como as da terra do padre Franz, que a mandou fazer.

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Edilson já fez de tudo para abrir os olhos do amigo, mas que nada! Dona Inácia também diz que é maldade da moça, diz a Preá que não suba. Mas o povo espera o domingo com mais interesse do que o clássico jogo de sábado contra o Itapagi Esporte Clube. “Preá é leso, vai subir mesmo...” Cuidaram até para o padre não ficar sabendo de nada e não proibir a escalada da torre. Erlinda está fazendo coxinhas para vender na praça durante o acontecimento. Disseram que vem um caminhão de gente do sítio Ventania só para ver. Preá não viveu quinta, nem sexta, nem sábado. Nada viu, nada ouviu, nem dormiu, nem acordou. Pairou desencarnado em alguma dimensão misteriosa. Voltou ao mundo com o badalar do sino. Não vê a praça enchendo-se de gente, nem ouve os gritos, assobios e aplausos, só o zunido do vento aumentando. Sobe, para cima, mais para cima. Não sente as palmas das mãos escalavradas, não sente as plantas dos pés em sangue, não tem medo. Preá é leve, forte, pode tudo, tem asas. Mais, um pouco mais... Lá em cima, a moça, o beijo. Não percebe que aos poucos a praça silencia, tensa, admirada. Agora, mais um pouco e sua mão toca a cruz, agarra-se. Preá respira todo o ar do mundo e olha: lá embaixo o carro preto, a mala, a moça acenando. Só quando o carro que leva a moça desaparece ao longe, numa nuvem de poeira, é que o olhar de Preá, liberto, encontra o horizonte. Lá de cima passeia, vaga, vê. E Preá descobre que vasto é o mundo.

Vocabulário arruado: pequeno povoado à margem da estrada bodega: pequena mercearia, armazém escalavrado: ferido, esfolado, escoriado leso: confuso, desnorteado mangação: zombaria, gozação matuto: caipira, morador do campo; tímido, retraído mouco: surdo parco: escasso, pouco roçado: roça, plantação (no Nordeste, especialmente de mandioca) zabumba: instrumento de percussão; bumbo

Simone Ziasch

REZENDE, Maria Valéria. Vasto mundo. In: ______. Vasto mundo. Rio de Janeiro: Alfaguara Brasil, 2015. © by Maria Valéria Rezende.

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Editora Alfaguara

Conversando sobre o texto 1. O que você achou do conto “Vasto mundo”? 2. Você acha que na vida real é possível acontecerem fatos como os que foram narrados no conto? Por quê?

3. Você imaginaria outro desfecho para o conto? Qual? O conto que você leu está no livro Vasto mundo (Rio de Janeiro: Editora Alfaguara, 2015). Nesse livro, Maria Valéria Rezende desfia em vários contos as histórias do povo de uma vila fictícia no Nordeste, Farinhada. Não foi por acaso que a escritora paulista ambientou aí suas histórias, já que viveu muito tempo nessa região e teve quase 30 anos de convivência com o povo nordestino.

4. Se você fosse Preá, o que faria a partir daí? O que modificaria em sua vida?

Explorando o gênero O texto 1. Qual é o tema do conto?

2. Já no primeiro parágrafo do conto, que pistas textuais levam a concluir que o conto se passa em uma cidade pequena?

3. Releia o terceiro parágrafo e responda. a) O que está acontecendo com o protagonista que o deixa “também cego e mouco, igual à avó” ou “diferente de tudo o que ele conhece”? b) Você já vivenciou ou sentiu algo parecido? Descreva.

4. A descrição de Preá no trecho como “uma coisa da vila como a igreja, a ponte sobre o riacho, os bancos de cimento da pracinha” sugere que os moradores da cidade o consideravam uma pessoa: ( ) especial e valorizada pela comunidade. (  ) desagradável. ( ) insignificante e menosprezada por todos. (  ) querida e admirada por todos.

5. De acordo com o terceiro parágrafo, o que está acontecendo com o personagem que o deixa "também cego e mouco, igual à avó"?

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6. Apesar das diferenças entre os personagens principais, o conto, à medida que se desenvolve, pode levar o leitor a crer que a moça está apaixonada por Preá. a) Que indícios ela dá para que se conclua isso? b) Considerando o desfecho, qual seria a real intenção de Leninha?

7. Releia esta passagem sobre Preá. Jamais sai da vila. Sua casinha na ponta da rua é o limite do mundo. No mundo rural de Farinhada, Preá é urbano, da parca urbanidade da vila.

Por que o narrador define Preá como “urbano”, habitante de uma cidade?

8. No desfecho do conto, o jovem consegue chegar à ponta da torre da igreja. • O que se esperava que Preá fizesse ao ver sua amada ir embora?

9. Com que finalidade contos são publicados em livros, revistas, jornais e sites? (  ) Entreter e encantar o leitor. (  ) Levar o leitor a pensar sobre o comportamento humano e acontecimentos diversos. (  ) Informar o leitor sobre fatos do cotidiano. (  ) Transmitir um conhecimento de cunho científico. (  ) Opinar sobre fatos da realidade social ou política. (  ) Expressar pontos de vista sobre questões polêmicas. O conto é um gênero literário que tem o objetivo de entreter o leitor e levá-lo a refletir ou se inquietar. Os contos podem ser publicados em jornais, livros de coletâneas e em sites de literatura. Eles contêm ainda elementos da realidade e concepções de vida, valores e comportamentos. Podem ser de amor, mistério, policiais, maravilhosos etc.

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A construção 1. O conto se organiza em torno de um enredo que contém uma situação inicial, um conflito ou complicação, e o seu desenvolvimento faz as ações convergirem para um clímax e o desfecho. a) Em que momento surge o conflito que desencadeia as ações que levarão ao desfecho?

b) Quando ocorre o clímax desse conto e qual é ele?

Simone Ziasch

2. Em um conto, a construção dos personagens e do espaço onde transcorre a narrativa não é extensa nem detalhada. O importante é a ação, a sequência de situações. a) No conto “Vasto mundo”, qual é a imagem que você fez do cenário principal, Farinhada?

b) O personagem principal do conto, Preá, vai sendo caracterizado em passagens diversas ao longo do texto, diferentemente da moça Leninha, definida logo no primeiro parágrafo. Como, em poucas palavras, você caracterizaria Preá?

c) E como você descreveria Leninha, motivo do conflito do conto?

3. Faça uma suposição: que atitude Preá pode ter tomado depois de vislumbrar o vasto mundo?

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4. No gênero conto, as ações ocorrem em um período de tempo não necessariamente determinado, mas em geral breve. Em quanto tempo, aproximadamente, acontecem os fatos narrados em “Vasto mundo”? Justifique a resposta com elementos do texto.

5. O conto pode ser narrado em uma sequência cronológica dos acontecimentos ou em uma sequência não linear. a) No conto lido, como os fatos são narrados? b) No quarto parágrafo, o narrador utiliza um recurso chamado flashback. Por quê?

6. Você já sabe que o narrador pode ser: • observador: apenas acompanha os fatos e narra em 3a pessoa.

Flashback Recurso usado na literatura e no cinema para voltar a fatos ocorridos antes do momento narrado, os quais ajudam a esclarecer uma situação ou a construir a narrativa como um todo.

• personagem: participa da história e narra os fatos em 1a pessoa. • onisciente: sabe tudo da história, até os sentimentos dos personagens, e às vezes pode se manifestar em 1a pessoa. O narrador desse conto é apenas observador? Justifique com trechos do texto.

Os contos são narrativas curtas com um conflito e um clímax, poucos personagens, tempo e espaço restritos. Podem ser narrados em primeira ou terceira pessoa. As descrições geralmente não são muito detalhadas.

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Simone Ziasch

A linguagem 1. Leia os trechos a seguir. • Saiu daqui miúda, não diferenciava em nada das outras meninas da escola municipal. • O dia de Preá, que começa quando a barra do dia raia por cima da Serra do Pilão [...]. • Bom como ninguém para fazer mandado que tenha pressa. a) Explique os sentidos das expressões em destaque.

b) Essas expressões fazem parte do vocabulário comum de todas as pessoas? Por que a autora as empregou no conto?

Para ler Sempre que não souber o significado ou o uso correto de uma palavra dentro de determinado contexto, consulte um bom dicionário. Se o que você consultou não desfez sua dúvida, consulte outro com mais verbetes e mais significados. Um ótimo dicionário para pesquisar usos regionais de certos termos é o Novíssimo Aulete: dicionário contemporâneo da língua portuguesa (Rio de Janeiro: Lexikon Editorial, 2012).

2. O tempo verbal predominante, quando o narrador conta a história, é o passado. Por que em alguns trechos o tempo verbal passa a ser, de repente, o presente do indicativo?

3. Releia o último parágrafo do conto. a) Observe que o modo como as ações são narradas dá um efeito mais dinâmico e imprime um ritmo mais ágil à narrativa. Que recursos linguísticos possibilitam a construção desse efeito?

b) Considerando o que está sendo narrado, o que esse recurso linguístico transmite ao leitor?

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4. A palavra coisa aparece dez vezes no conto. Que sentidos podem ser atribuídos a essa palavra em cada trecho selecionado? I.

Foi crescendo, aprendendo outros serviços, artes, muita coisa pode-se pedir a ele.

II. Preá não sabe que coisa é esta acontecendo dentro dele. III. Mas tem que fazer uma coisa pra mostrar que gosta mesmo de mim.

5. A fala dos personagens é representada, normalmente, pelo discurso direto ou indireto. a) Que tipo de discurso é usado para representar a fala dos personagens no conto que você leu?

b) O que esse recurso permite ao leitor?

Discurso direto Lembre-se de que, no discurso direto, a fala dos personagens é reproduzida de maneira direta, sem a interferência expressa do narrador. No discurso indireto, o narrador reproduz com suas palavras a fala dos personagens.

c) Como as falas são identificadas no conto?

6. Releia este trecho. Ele foi, levado pelo vento, pelo olhar... pelas pernas não foi, que não as tinha mais, nem braços, nem corpo, só os olhos e o coração feito zabumba. a) O que o uso das reticências sugere no trecho?

Reticências Também são empregadas para indicar a exclusão de trechos de um texto transcrito, delimitadas por parênteses ou por colchetes: (…); […].

b) As reticências aparecem em outros momentos da narrativa. Diga que sentido elas assumem nos trechos a seguir. • Logo se vê... tão alvinha!

• Preá... outro nome não tem.

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7. O uso de adjetivos é importante para caracterizar os personagens e os lugares. Que imagem do personagem se forma levando em conta os adjetivos usados para descrever Preá no conto, como fiel, leso e preguiçoso? Como a ação é um elemento importante no gênero conto, os verbos exercem uma função significativa na construção do tempo em que ocorrem os fatos. Já as descrições, que utilizam adjetivos e locuções adjetivas, possibilitam a caracterização dos personagens e do ambiente no conto.

Gêneros em diálogo: conto e serigrafia O amor é um tema presente não só em contos, mas também em outros gêneros, como a pintura, a fotografia, a escultura, o romance, o poema, entre outros. A obra a seguir, Beijo V, do artista plástico Roy Lichtenstein, é um exemplo disso.

Roy Lichtenstein. Beijo V. 1964. Óleo sobre tela. Coleção particular. Foto: Fine Art Images/Easypix

Aprecie a reprodução de uma das serigrafias desse artista e, depois, responda às questões.

Serigrafia criada pelo artista plástico Roy Lichtenstein, em 1964.

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1. Que situação essa cena parece retratar? Que elementos na sua composição sugerem isso?

2. Observe com atenção a composição da obra. O que esse tipo de traço e o colorido fazem lembrar?

3. A cena retratada na serigrafia poderia acontecer no conto com os personagens Preá e Leninha? Justifique.

4. O amor está presente tanto no conto “Vasto mundo” quanto na serigrafia Beijo V. a) Que característica comum a esse sentimento é abordada nas duas obras? b) Qual é a principal diferença em relação à linguagem e à composição nesses dois gêneros?

Por dentro da língua Tipos de sujeito – revisão Em “Vasto mundo”, o jovem e ingênuo Preá apaixona-se perdidamente por uma moça da cidade. Releia este trecho do início do conto e responda às questões 1 e 2. A moça chegou do Rio. Logo se vê... tão alvinha! Saiu daqui miúda, não diferenciava em nada das outras meninas da escola municipal. Foi o padrinho que a levou. Voltou essa moçona. Veio passar o São João.

1. Esse trecho evidencia a transformação da menina. Sublinhe o termo que, na oração que inicia o conto, indica a quem o narrador se refere. Esse termo é o sujeito responsável pela ação verbal e está determinado, explícito na oração.

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2. Leia o terceiro período. Nele, encontramos as formas verbais saiu e diferenciava. a) Qual é o sujeito responsável por essas ações? b) Essa informação não está explícita na oração como no exemplo anterior. Como é possível inferi-la?

3. Nas duas últimas orações do trecho, o sujeito ela (a moça) não está explícito. Por que, na sua opinião, predomina nesse contexto esse tipo de sujeito?

.

.

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© 2016 King Features Syndicate/Ipress

4. Leia a tirinha.

BROWNE, Dik. O melhor de Hagar, o Horrível. Porto Alegre: L&PM, 2011. v. 3. p. 49.

O que Helga pretendia ao dizer a Hagar que estava grávida?

5. Releia as orações dos três primeiros quadrinhos da tirinha que você leu na atividade 4. a) Que termo exerce a função de sujeito em cada caso? b) E nas orações dos dois últimos quadrinhos, que termo exerce a função de sujeito? Nas orações dos dois últimos quadrinhos, o sujeito não está explícito, mas está determinado pelo contexto e pelo verbo (o eu refere-se a Helga).

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Os termos que exercem a função de sujeito podem vir ou não determinados. Quando determinados, estão presentes na oração ou são indicados pelas desinências verbais. Sujeito é o termo da oração sobre o qual é declarado algo e com o qual o verbo concorda em pessoa e número. Classifica-se em simples, composto, implícito ou desinencial e indeterminado.

Classificação do sujeito I. Sujeito simples: apresenta apenas um núcleo. Exemplo: • Sua casinha na ponta da rua é o limite do mundo. sujeito (núcleo: casinha)

II. Sujeito composto: apresenta mais de um núcleo. Exemplo: • Na cidade, crianças e adultos aplaudiram o rapaz.

Tipos de sujeito O uso do sujeito indeterminado é muito comum em artigos de opinião, editoriais, quando os autores desejam sonegar ao leitor, com um propósito ou não, os responsáveis pela situação criticada. O sujeito implícito ou desinencial é usado como um recurso de coesão e economia de linguagem, visto que ele pode ser identificado por meio das desinências verbais, mesmo quando não está expresso na oração.

sujeito (núcleos: crianças, adultos)

III. Sujeito implícito ou desinencial: não está expresso na oração, mas pode ser identificado pela desinência verbal ou pelo contexto. Exemplo: • Não ouviu os gritos, o riso, a mangação.

sujeito implícito: ele

IV. Sujeito indeterminado: ocorre quando não se pode ou não se quer especificar na oração o agente da ação verbal. Exemplo: • Muitas vezes já não ouve quando gritam por ele [...]

sujeito indeterminado

verbo gritar na 3a pessoa do plural

Sujeito indeterminado Os verbos que acompanham os sujeitos indeterminados aparecem na 3a pessoa do plural ou na 3a pessoa do singular com o pronome se (construção que só ocorre com verbos transitivos indiretos ou intransitivos).

A função de núcleo do sujeito só pode ser exercida por um substantivo, um pronome ou uma palavra substantivada. • O andar do jovem era lento e preguiçoso. sujeito (núcleo: palavra substantivada. Nesse caso, o verbo andar passa a ser substantivo.)

Há casos em que o verbo se encontra na 3a pessoa do plural (eles/elas), mas o sujeito pode ser identificado pelo contexto. Nesses casos, o sujeito está implícito. • [...] banham-se, perfumam-se, vestem a roupa do São João e vão vê-la [...] sujeito desinencial (núcleo: rapazes. Nesse caso, o sujeito é identificado pelo contexto do conto “Vasto mundo”.)

Há orações em que o sujeito é um pronome indefinido (alguém, algo, ninguém, todos etc.) e, embora não possa ser identificado, está determinado e classifica-se como simples. • Ninguém se preocupava com Preá. sujeito (núcleo: pronome indefinido)

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1. Leia este trecho do final do conto “Vasto mundo”, em que se evidenciam as sensações que o personagem tem ao cumprir a promessa feita à menina.

Simone Ziasch

Atividades

Preá não viveu quinta, nem sexta, nem sábado. Nada viu, nada ouviu, nem dormiu, nem acordou. Pairou desencarnado em alguma dimensão misteriosa. Voltou ao mundo com o badalar do sino. Não vê a praça enchendo-se de gente, os gritos, assobios e aplausos. Sobe, para cima, mais para cima. Não sente as palmas das mãos escalavradas, não sente as plantas dos pés em sangue, não tem medo. a) Nesse trecho, a autora usa dois tipos de sujeito. Qual é o sujeito da primeira oração e como ele pode ser classificado?

b) Que tipo de sujeito foi utilizado nas demais orações? (

) Desinencial ou implícito.

(

) Indeterminado.

(

) Simples.

(

) Composto.

c) Considerando o contexto, é possível identificar quem é o sujeito das demais ações verbais do trecho. Qual é ele?

d) Se a autora optasse por usar no trecho o sujeito simples, que efeito produziria nele?

e) Considerando os sentidos atribuídos ao trecho, por que, em sua opinião, a autora optou por usar predominantemente esse tipo de sujeito nas demais orações?

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Peanuts, Charles Schutz © Peanuts Worldwide LLC./Dist. by Universal Uclick

Leia a tirinha a seguir e responda às questões de 2 a 4.

SCHULZ, Charles M. Peanuts. Salvador, A Tarde, 4 fev. 2008.

2. Na tirinha, a menina Lucy tenta chamar a atenção de Schroeder, que aparece no primeiro quadrinho tocando piano. a) Que artifício Lucy usa para chamar a atenção de Schroeder?

b) O que dá o tom de humor à tirinha?

3. Releia a fala da menina no primeiro quadrinho. a) Considere as formas verbais acho e estamos. Qual é o sujeito em cada caso?

b) Por que esses sujeitos classificam-se como implícitos ou desinenciais?

4. Considere agora a fala de Lucy no terceiro quadrinho. a) Qual é o sujeito da oração “que eu e ele gostemos tanto de Beethoven”?

b) Como esse sujeito pode ser classificado? Por quê?

c) Como é possível identificar esse sujeito?

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Texto

Conto

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Você vai ler mais um conto, desta vez do escritor Luis Fernando Verissimo. Trata-se de uma história de amor que dura vários carnavais.

Maria Tereza Correia/EM/D.A Press

Que desdobramentos uma história de amor pode ter? Será que esta história teve ou terá um final feliz? Registre suas hipóteses. Luis Fernando Verissimo (1936-) é um dos cronistas e contistas mais conhecidos e apreciados no Brasil. Nascido em Porto Alegre (RS), filho do grande escritor Erico Verissimo, começou a carreira na Editora Globo e no jornal Zero Hora, onde assinou sua primeira coluna de crônicas dedicadas ao futebol. Lançou em 1973 seu primeiro livro, O popular: crônicas ou coisa parecida. Em 1988, saiu o seu primeiro romance, O jardim do diabo. Hoje, suas crônicas são publicadas em vários jornais do país, entre eles O Estado de S. Paulo, de São Paulo, e O Globo, do Rio de Janeiro. Verissimo também faz excelentes cartuns e escreve roteiros para a televisão, criando quadros de programas e séries humorísticas.

Conto de verão no 2: Bandeira branca Ele: tirolês. Ela: odalisca. Eram de culturas muito diferentes, não podia dar certo. Mas tinham só quatro anos e se entenderam. No mundo dos quatro anos todos se entendem, de um jeito ou de outro. Em vez de dançarem, pularem e entrarem no cordão, resistiram a todos os apelos desesperados das mães e ficaram sentados no chão, fazendo um montinho de confete, serpentina e poeira, até serem arrastados para casa, sob ameaças de jamais serem levados a outros bailes de Carnaval. Encontraram-se de novo no baile infantil do clube, no ano seguinte. Ele com o mesmo tirolês, agora apertado nos fundilhos, ela de egípcia. Tentaram recomeçar o montinho, mas dessa vez as mães reagiram e os dois foram obrigados a dançar, pular e entrar no cordão, sob ameaça de levarem uns tapas. Passaram o tempo todo de mãos dadas. Só no terceiro Carnaval se falaram. — Como é teu nome? — Janice. E o teu? — Píndaro. — O quê?! — Que nome! Ele de legionário romano, ela de índia americana.

Clarice Cajueiro

— Píndaro.

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*** Só no sétimo baile (pirata, chinesa) desvendaram o mistério de só se encontrarem no Carnaval e nunca se encontrarem no clube, no resto do ano. Ela morava no interior, vinha visitar uma tia no Carnaval, a tia é que era sócia. — Ah. Foi o ano em que ele preferiu ficar com a sua turma tentando encher a boca das meninas de confete, e ela ficou na mesa, brigando com a mãe, se recusando a brincar, o queixo enterrado na gola alta do vestido de imperadora. Mas quase no fim do baile, na hora do “Bandeira branca”, ele veio e a puxou pelo braço, e os dois foram para o meio do salão, abraçados. E, quando se despediram, ela o beijou na face, disse “Até o Carnaval que vem” e saiu correndo. No baile do ano em que fizeram 13 anos, pela primeira vez as fantasias dos dois combinaram. Toureiro e bailarina espanhola. Formavam um casal! Beijaram-se muito, quando as mães não estavam olhando. Até na boca. Na hora da despedida, ele pediu: — Me dá alguma coisa. — O quê? — Qualquer coisa. — O leque. O leque da bailarina. Ela diria para a mãe que o tinha perdido no salão. *** No ano seguinte, ela não apareceu no baile. Ele ficou o tempo todo à procura, um havaiano desconsolado. Não sabia nem como perguntar por ela. Não conhecia a tal tia. Passara o ano inteiro pensando nela, às vezes tirando o leque do seu esconderijo para cheirá-lo, antegozando o momento de encontrá-la outra vez no baile. E ela não apareceu [...]. Mas, no ano seguinte, ele foi ao baile dos adultos no clube — e lá estava ela! Quinze anos. Uma moça. [...] Uma fantasia indefinida. — Sei lá. Bávara tropical — disse ela, rindo. Estava diferente. Não era só o corpo. Menos tímida, o riso mais alto. Contou que faltara no ano anterior porque a avó morrera, logo no Carnaval. — E aquela bailarina espanhola?

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— Nem me fala. E o toureiro?

Clarice Cajueiro

— Aposentado.

Vocabulário antegozar: desfrutar de algo antes de sua realização bávaro: natural ou habitante da Baviera, estado no sul da Alemanha cordão: grupo de foliões no Carnaval halterofilista: esportista que faz levantamento de peso odalisca: escrava ou mulher do sultão, no Império Otomano (atual Turquia) Píndaro: nome de um poeta grego tirolês: natural do Tirol, região dos Alpes

A fantasia dele era de nada. Camisa florida, bermuda, finalmente um brasileiro. Ela estava com um grupo. Primos, amigos dos primos. Todos vagamente bávaros. Quando ela o apresentou ao grupo, alguém disse “Píndaro?!” e todos caíram na risada. Ele viu que ela estava rindo também. Deu uma desculpa e afastou-se. [...] Passou todo o baile encostado numa coluna, [...] vendo ela passar abraçada com uma sucessão de primos e amigos de primos, principalmente um halterofilista, certamente burro, talvez até criminoso, que reduzira sua fantasia a um par de calças curtas de couro. Pensou em dizer alguma coisa, mas só o que lhe ocorreu dizer foi “pelo menos o meu tirolês era autêntico” e desistiu. Mas, quando a banda começou a tocar “Bandeira branca” e ele se dirigiu para a saída, tonto e amargurado, sentiu que alguém o pegava pela mão, virou-se e era ela. Era ela, meu Deus, puxando-o para o salão. Ela enlaçando-o com os dois braços para dançarem assim, ela dizendo “não vale, você cresceu mais do que eu” e encostando a cabeça no seu ombro. Ela encostando a cabeça no seu ombro. * * * Encontraram-se de novo 15 anos depois. Aliás, neste Carnaval. Por acaso, num aeroporto. Ela desembarcando, a caminho do interior, para visitar a mãe. Ele embarcando para encontrar os filhos no Rio. Ela disse “quase não reconheci você sem fantasias”. Ele custou a reconhecê-la. Ela estava gorda, nunca a reconheceria, muito menos de bailarina espanhola. A última coisa que ele lhe dissera fora “preciso te dizer uma coisa”, e ela dissera “no Carnaval que vem, no Carnaval que vem” e no Carnaval seguinte ela não aparecera, ela nunca mais aparecera. Explicou que o pai tinha sido transferido para outro estado, sabe como é, Banco do Brasil, e como ela não tinha o endereço dele, como não sabia nem o sobrenome dele e, mesmo, não teria onde tomar nota na fantasia de falsa bávara... — O que você ia me dizer, no outro Carnaval? — perguntou ela. — Esqueci — mentiu ele. Trocaram informações. Os dois casaram, mas ele já se separou. Os filhos dele moram no Rio, com a mãe. Ela, o marido e a filha moram em Curitiba, o marido também é do Banco do Brasil... E a todas essas ele pensando: digo ou não digo que aquele foi o momento mais feliz da minha vida, “Bandeira branca”, a cabeça dela no meu ombro, e que todo o resto da minha vida será apenas o resto da minha vida? E ela pensando: como é mesmo o nome dele? Péricles. Será Péricles? Ele: digo ou não digo que não cheguei mesmo inteiro aos 30 e que ainda tenho o leque? Ela: Petrarco. Pôncio. Ptolomeu... VERISSIMO, Luis Fernando. Conto de verão no 2: Bandeira branca. In: ______. Histórias brasileiras de verão. Rio de Janeiro: Objetiva, 1999. © by Luis Fernando Verissimo.

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Editora Objetiva

Conversando sobre o texto 1. Qual foi a sua expectativa com a história assim que você começou a ler o conto? Por quê?

2. Em sua opinião, existe algum sentido no dito popular de que “paixão de Carnaval não dura”? Justifique.

3. Você acha que as paixões que nascem no Carnaval, como a de Píndaro e Janice, podem ter um final feliz?

Explorando o gênero O texto 1. Que pistas indicam, já no primeiro parágrafo, que os acontecimentos ocorreram em uma época passada, distante?

O livro Histórias brasileiras de verão, de Luis Fernando Verissimo (Rio de Janeiro: Objetiva, 1999), é uma coletânea de textos sobre férias de verão, paixões, desilusões e segredos inconfessáveis, contados em forma de contos e crônicas ácidos e bem-humorados.

2. O conto narra uma história de amor que desponta quando os personagens ainda são crianças. Quando exatamente começa o que se pode chamar de paixão? Justifique sua opinião com um trecho do conto.

3. A cada encontro dos dois personagens há uma evolução em seu relacionamento. Que ocorrências indicam isso?

Para ouvir A marcha-rancho “Bandeira branca”, de Laércio Alves e Max Nunes, fez grande sucesso na década de 1970 na voz de Dalva de Oliveira. Passou a ser tocada em bailes de Carnaval pelo país adentro, e até hoje alguém ainda se lembra dela. Seu refrão, que costuma motivar o canto dos foliões de Carnaval, diz: “Bandeira branca, amor, / Não posso mais / Pela saudade que me invade / Eu peço paz”. Ouça a canção e leia sua letra em <http://ftd.li/ mwcwgv> (acesso em: 8 jan. 2016).

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4. Retome as fantasias de Carnaval usadas pelos personagens ao longo do conto. a) O autor deu a cada personagem uma fantasia que não combinava com a do outro nos primeiros bailes. O que essa disparidade pode significar na história? b) Em sua opinião, o que indica o fato de as fantasias combinarem (toureiro/bailarina espanhola) no baile em que eles afinal “formavam um casal”?

5. No final do conto, os personagens se reencontram. Por que o desfecho causa surpresa?

6. O desencontro entre os personagens só é revelado no final do conto. Qual é o efeito dessa estratégia?

A construção 1. O narrador não participa da história. Que marcas textuais comprovam isso? Exemplifique com um trecho do conto. 2. O narrador não é mero observador; é também onisciente, pois sabe o que se passa no pensamento dos personagens, principalmente de Píndaro.

a) Identifique exemplos de trechos que comprovem essa afirmação. ( ) [...] principalmente um halterofilista, certamente burro, talvez até criminoso [...]. ( ) Pensou em dizer alguma coisa, mas só o que lhe ocorreu dizer foi “pelo menos o meu tirolês era autêntico” e desistiu. ( ) Beijaram-se muito, quando as mães não estavam olhando.

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b) Que efeito pode provocar no leitor esse tipo de narrador?

3. No “Conto de verão no 2: Bandeira branca”, a caracterização dos personagens não é muito detalhada e não se tem uma ideia de como eles são fisicamente. Que elemento o narrador usa para caracterizar os personagens? 4. Como o leitor sabe do estado de espírito dos personagens, se estão felizes, chateados?

A linguagem 1. Em “Conto de verão no 2: Bandeira branca”, predomina o uso de períodos curtos, precisos. Que efeito esse tipo de escrita pretende produzir? (  ) Encurtar a narrativa.

(  ) Tornar a narrativa mais complexa.

(  ) Facilitar o desenvolvimento do enredo.

(  ) Dar mais agilidade à narrativa.

2. As marcas de passagem do tempo são muito importantes nesse conto. Explique por que elas desempenham um papel significativo.

3. As falas dos personagens são apresentadas tanto no discurso direto quanto no indireto. a) Que tipo de discurso predomina? ( ) Discurso direto.     ( ) Discurso indireto. b) Encontre no texto um exemplo de outro tipo de discurso usado pelo narrador.

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4. Nesse conto, Luis Fernando Verissimo usa frequentemente os pronomes ele e ela para se referir a Píndaro e Janice. a) Esse recurso provoca alguma confusão na leitura do texto? Justifique.

b) Para que foi usado esse recurso linguístico?

5. No último parágrafo do conto, os personagens se reencontram no aeroporto. a) Releia-o e observe as formas verbais empregadas. Qual é o tempo verbal predominante nesse trecho? Por quê?

b) Que outro tempo verbal também é usado? Explique por que esse tempo é usado e exemplifique com uma passagem do texto.

c) Nesse parágrafo, foram usados muitos sinais de interrogação. Com que finalidade?

Conto em resumo Finalidade: entreter o leitor e levá-lo a refletir sobre as situações mostradas. Principais características: • publicado em livros, jornais, revistas, sites e blogues; • constituído, em geral, por um único conflito, clímax e desfecho; • poucos personagens, com tempo e espaço restritos; • narração em 1ª ou 3ª pessoa; • linguagem com marcas de temporalidade, uso de discurso direto e indireto.

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Por dentro da língua Oração sem sujeito 1. No “Conto de verão no 2: Bandeira branca”, os personagens eram crianças quando se encontraram pela primeira vez em um baile de Carnaval. Leia o trecho a seguir. Ele: tirolês. Ela: odalisca. Eram de culturas muito diferentes, não podia dar certo. Mas tinham só quatro anos e se entenderam.

Qual é o sujeito dos verbos em destaque? Como é possível identificá-lo?

2. Agora, considere as orações a seguir. • Havia muitos bailes de Carnaval nos clubes da época. • Fazia muitos anos que eles não se viam. • Estava muito quente no salão.

É possível afirmar que essas orações possuem sujeito? Justifique. Como você observou, há orações sem sujeito, que têm apenas predicado. Os verbos dessas orações são impessoais, isto é, não se referem a nenhuma pessoa do discurso.

© 2016 King Features Syndicate/Ipress

3. Leia a tirinha do personagem Hagar.

BROWNE, Dik. Hagar. Salvador, A Tarde, 2 maio 2010.

O que provocou a irritação de Helga?

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4. Na tirinha que você leu na atividade anterior, a primeira frase de Helga é formada por um período com duas orações. • Esse lixo está aí há dias! 1a oração

2a oração

a) Analisando a estrutura da primeira oração, podemos afirmar que ela é formada por sujeito e predicado? Explique. b) E a segunda oração, como é formada? Justifique. Verbos impessoais

Oração sem sujeito é aquela formada apenas pelo predicado. O verbo que integra o seu núcleo é impessoal e está sempre na 3a pessoa do singular.

São aqueles que não admitem sujeito, por isso não têm com o que concordar e ficam geralmente na 3a pessoa do singular.

Exemplo: • Faz muito frio nas regiões Sudeste e Sul do país.  oração sem sujeito

núcleo do predicado — verbo impessoal (3a pessoa do singular)

Nesse caso, o verbo fazer (3a pessoa do singular) é um verbo impessoal que não admite um sujeito responsável pela ação verbal.

Principais casos de oração sem sujeito Como vimos, nas orações que não possuem sujeito, os verbos são impessoais. São eles:

I. Verbos que indicam fenômenos da natureza: chover, relampejar, ventar, nevar etc. • Anoiteceu rapidamente. • Choveu todos os dias nas minhas férias. • Nevará cerca de 12 centímetros esta noite. • Esfriou no fim do dia.

II. Verbos haver, fazer e ser indicando tempo decorrido. • Há dias que ela não aparece. • Faz anos que esse fato aconteceu. • Era tarde demais para voltar atrás.

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III. Verbo haver no sentido de existir e de ocorrer.

Verbo existir

• Havia um clima de romance entre eles. (existia) • Houve mudanças de planos. (ocorreu)

Quando empregado no lugar de haver, é pessoal e apresenta sujeito.

A oração sem sujeito: usos Em situações cotidianas, é comum o emprego dos verbos ter e fazer no lugar de haver para indicar ideia de tempo decorrido, sem nenhum prejuízo para a comunicação.

I. Usa-se: Tem duas semanas que você não me dá notícias. Em vez de: Há duas semanas que você não me dá notícias.

II. Usa-se: Faz muito tempo que não converso com ele.

• Há muitas testemunhas do encontro. (oração sem sujeito) • Existem muitas testemunhas do encontro. (sujeito: muitas testemunhas; o verbo, no plural, concorda com o sujeito)

Em vez de: Há muito tempo que não converso com ele.

Os verbos que exprimem fenômenos da natureza, quando empregados em sentido figurado, tornam-se pessoais e, consequentemente, apresentam sujeito. • Choviam elogios para o desempenho do rapaz. (sujeito: elogios)

Atividades

Fernando Gonsales

1. Leia a tirinha.

GONSALES, Fernando. Faz dias que não aparece uma mosca.

a) O que provoca o humor? b) No primeiro quadrinho, a oração sem sujeito “Faz dias” indica há quanto tempo o personagem não come. Por que é possível classificá-la dessa maneira?

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2. Leia o poema do poeta português Alexandre O’Neill.

breve Andrea Ebert

Bom, diz ele, Dia!, diz ela. Vamos?, diz ele, Não!, diz ela. Que há?, diz ele, Nada!, diz ela. Então, diz ele, Adeus!, diz ela.

O’NEILL, Alexandre. breve. In: FERRAZ, Eucanaã (Org.). A lua no cinema e outros poemas. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. p. 67.

a) Qual é o assunto do poema? b) Que relações podem ser estabelecidas entre o título e a forma como o poema foi construído? c) No quinto verso, há uma oração sem sujeito. Qual? d) Em que sentido o verbo impessoal foi empregado nesse verso?

3. O verbo haver aparece com frequência em provérbios. Veja. • Não há regras sem exceção.

• Há males que vêm para o bem.

a) Reescreva os provérbios, trocando o verbo haver por existir. b) Que diferença se observa ao trocar o verbo?

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A oração sem sujeito na tirinha

Laerte

1. Leia a tirinha de Laerte Coutinho.

LAERTE. Disponível em: <www2.uol.com.br/laerte/tiras/index.html>. Acesso em: 11 jan. 2016.

a) O que dá o tom de humor à tirinha? b) Que recursos são empregados para evidenciar a intensidade e a estridência da buzina? (  ) O desenho dos balões. (  ) O tamanho das letras usadas nas onomatopeias. (  ) As cores usadas na ilustração do quadrinho.

2. No segundo quadrinho, há uma oração sem sujeito. a) Qual é essa oração? b) O que ela informa ao leitor? c) Por que essa oração não tem sujeito? d) Que sentido pode ser atribuído ao verbo nessa oração? ( ) Tempo decorrido.     ( ) Existir.     ( ) Ocorrer.

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Uma questão de Emprego de há e a

Dalcio

1. Veja um cartum que faz uma sátira a um vazamento de óleo ocorrido nas costas brasileiras em 2010.

DALCIO. Confirmado: há um pequeno vazamento de água no petróleo. Correio Popular, Campinas, 16 jul. 2010.

a) Com que finalidade esse tema foi abordado? b) Na fala do mergulhador, aparece a forma verbal há. Com que sentido ela é utilizada? ( ) Tempo decorrido.     ( ) Existir.

2. Leia as frases seguintes e observe as palavras em destaque. • O teste de Matemática foi feito há três dias. • A formatura será daqui a duas semanas. a) Pronuncie em voz alta essas palavras. O que se pode concluir? b) No primeiro enunciado, a forma verbal há indica tempo decorrido ou tempo passado. Que ideia de tempo a preposição a expressa? ( ) Tempo passado.     ( ) Tempo presente.     ( ) Tempo futuro.

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3. Leia esta outra frase. • O vazamento de petróleo ocorreu a quilômetros do litoral. O que a preposição a indica nesse caso? Embora na fala a pronúncia das duas palavras – forma verbal há e preposição a – seja a mesma, existe diferença em seus sentidos e na forma escrita dos termos. Emprega-se há (verbo) para indicar tempo transcorrido no passado. Emprega-se a (preposição) para indicar tempo futuro e distância. • Há dois anos não venho a esta cidade.   tempo passado • Irei embora daqui a duas horas.   tempo futuro • Fica a dez dias de viagem.   distância

Atividades

Laerte

1. Leia a tirinha.

LAERTE. Disponível em: <www2.uol.com.br/laerte/tiras/>. Acesso em: 11 jan. 2016.

Qual é o tema da tirinha? Com que finalidade essa situação foi abordada?

2. Releia a fala do primeiro quadrinho da tirinha que você leu na atividade 1. a) Em que sentido foi empregada a palavra a? b) A que classe de palavras ela pertence? ( ) Artigo.       ( ) Preposição.

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3. Leia um poema de Paulo Leminski. Andrea Ebert

aqui é alto anos não ouço o c(h)oro dos sapos LEMINSKI, Paulo. In: GÓES, Fred; MARINS, Álvaro (Org.). Melhores poemas de Paulo Leminski. 5 ed. São Paulo: Global, 2001. p. 99.

a) O primeiro verso está separado dos outros. Pensando no sentido do poema, por que isso ocorre? b) Por que no último verso a letra h vem entre parênteses? (  ) Para corrigir a palavra coro, escrita choro erroneamente. (  ) Para mostrar a indecisão do poeta ao escolher qual palavras usar. (  ) Para evidenciar que o poeta atribui à palavra coro também o sentido de choro. c) Que efeito provoca a ausência do verbo haver no segundo verso, em sua opinião?

Produção escrita

Conto

Contos e encontros A proposta de produção deste módulo é a escrita de contos que enfoquem encontros (ou desencontros), situações inusitadas e interessantes, que provoquem reflexões, mobilizem emoções e encantem os leitores. Os contos serão publicados em uma coletânea, que poderá ser doada à biblioteca da escola.

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I. O princípio de tudo Planejando o que contar São muitas as maneiras de explicar o que é um conto. O escritor argentino Julio Cortázar (1914-1984) fez um paralelo entre romance e filme e conto e fotografia. No romance e no filme, os personagens se entrelaçam em vários núcleos da história. Na fotografia e no conto, por sua vez, registra-se uma imagem ou um acontecimento único que seja significativo e capaz de provocar no leitor reflexões, inquietações. Agora, leia com atenção a notícia a seguir. Você vai escrever um conto inspirado ou baseado nos fatos relatados nela.

Brasil

postado em 23/02/2015 10:38 / atualizado em 23/02/2015 14:09

Africano vai parar em Goiânia em vez de Guiana por erro de agência Engano aconteceu em uma agência de turismo no Aeroporto de Guarulhos. O ganês Emmanuel Akomanyi, de 29 anos, tinha um sonho: estudar medicina. Juntou dinheiro por dois anos e, quando recebeu uma bolsa de estudos na Guiana Francesa, decidiu ir. No dia 14 de fevereiro, chegou de avião no que deveria ser seu destino. Entrou num táxi e mostrou o endereço da universidade para onde estava se dirigindo, até que teve uma surpresa: “O taxista me mostrou no mapa onde eu estava: Goiânia. E eu disse: Estou perdido”. O engano aconteceu em uma agência de turismo no Aeroporto de Guarulhos. Pela falta de voos diretos entre a Guiana e Gana, Emmanuel saiu de seu país natal para São Paulo, onde iria comprar uma passagem para o seu destino final. Entretanto, o sotaque truncado do ganês e a proximidade entre as palavras levou o africano ao centro do Brasil, para uma cidade que ele sequer sabia que existia. Depois de gastar a maior parte do dinheiro que economizou para comprar a passagem de São Paulo para Goiânia (Goiás), Emmanuel [...] aguarda uma solução para o seu problema na capital goiana […]. DIÁRIO DE PERNAMBUCO. Africano compra passagem para Guiana Francesa, mas acaba em Goiânia, 2015. Arquivo DP/D.A. Press. Disponível em: <www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/brasil/2015/02/23/interna_brasil,562262/ africano-vai-parar-em-goiania-em-vez-de-guiana-por-erro-de-agencia.shtml>. Acesso em: 11 jan. 2016.

Então, que história pode ser contada com base nesse fato? Solte sua imaginação e planeje seu conto.

Planejando a história 1. Defina os elementos do seu conto. É a partir destas ideias que você vai desenvolver a história: Personagem principal

Outros personagens

Conflito da história

Onde acontece a história?

Quando acontece?

Tipo de narrador (1a ou 3a pessoa)

2. Desenvolva o enredo. Situação inicial

Complicação/conflito

Clímax

Desfecho

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Escrevendo o conto 1. Escreva a primeira versão do seu conto. Siga as orientações. • Seja breve e conciso (mas não pobre em significado) ao caracterizar os personagens, o ambiente e ao dar indicações de tempo. • Desenvolva as ações nas diferentes partes da narrativa e, no final, surpreenda o leitor com um desfecho inesperado. 2. Dê um título ao conto, motivado pela própria história.

II. Nos mínimos detalhes Revisando e reescrevendo o conto 1. Faça dupla com um colega e troque com ele o rascunho do conto que cada um escreveu. Avalie os aspectos seguintes no texto do colega. • A descrição, se presente, enfatiza e ajuda a dar o clima desejado à situação narrada? • Há encadeamento e sentido entre as partes do texto? • O texto cria expectativa sobre o que vai acontecer? • O clímax é bem perceptível? O desfecho surpreende o leitor? 2. Leia a avaliação feita pelo colega. Conversem e troquem sugestões que possam melhorar os textos. 3. Reescreva seu texto, fazendo as correções necessárias.

III. Montando a coletânea Chegou a hora de finalizar a produção e montar a coletânea “Contos e encontros”. • Preparem a capa do livro, usando, por exemplo, uma folha de cartolina (capa e contracapa). • Criem um desenho que sirva de ilustração para a capa. • Escrevam o título na capa usando fontes diferentes, para chamar a atenção do leitor. • Organizem uma seção de comentários, para que cada leitor possa escrever sua opinião sobre os contos lidos.

Autoavaliação Agora, reflita sobre o trabalho realizado na produção do conto e responda às questões a seguir.

Autoavaliação A situação que gera o conto surpreende o leitor por ser algo curioso, inusitado, cômico ou trágico? O conto tem a ver com a notícia na qual é baseado? Em sua opinião, trabalhar com o gênero conto foi importante? Durante a escrita do conto, você usou elementos de outros gêneros? Quais?

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O módulo 1 ponto a ponto É hora de relembrar! Responda às questões e construa uma síntese do que foi estudado neste módulo.

Conto Finalidade: entreter e despertar emoções no leitor.

1. Considerando os textos lidos neste módulo, que imagem lhe vem à cabeça ao pensar no gênero conto? Reproduza essa ideia no espaço abaixo.

2. Identifique os elementos abaixo sobre o gênero conto.

Circulação

Assuntos tratados

3. Complete o esquema abaixo com os tipos de sujeito. Tipos de sujeito

4. Identifique, nos provérbios abaixo, aquele que apresenta duas orações sem sujeito. (  ) Onde há fumaça, há fogo. (  ) Casa de ferreiro, espeto de pau. (  ) Não há bem que sempre dure nem mal que nunca acabe. •  Que efeito esse tipo de oração produz na construção de sentidos do provérbio?

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