Vida acidentada de um vampirinho

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Era uma boa amizade Essa do Pedro e o Queiroz. Contar e escrever histórias, Pra isso servíamos nós. Pois foi lá que um belo dia Veio vindo o Queiroz E me falou de uma ideia Que eu até perdi a voz! Disse que ia escrever Uma história de vampiro! E eu quase desmaiei Mas soltei só um suspiro: “Ah, Queiroz, que ideia é essa? Tá querendo me assustar? Isso é coisa de dar medo De fazer até gritar! Um vampiro é coisa feia Pense só por um segundo! Um enredo de terror Vai dar medo em todo mundo! Criança gosta de histórias Que tenham fada e coelho, Isso eu posso garantir, Ouça bem o meu conselho. 6


Se uma criança for ler Essas coisas de assustar, Vai fazer xixi na calça, Antes de a história acabar!” Foi daí que eu fui ler Esse tal de Draculinha, Nem podia imaginar Quanta graça ele tinha! Era um vampiro gozado, Só queria brincadeira Pois em vez de beber sangue Só tomava mamadeira! Se diversão você quer Uma coisa eu vou dizer: Vá para a próxima página E comece logo a ler! O Queiroz não vejo há tempos, Ele lá e eu pra cá. Mas eu sei que um dia desses A gente vai se encontrar! Pedro Bandeira



Os Morcegal, uma família unida pela mesma mordida Quem nunca ouviu falar de vampiro? A história que vamos contar não é sobre um vampiro apenas, mas sobre uma família inteira: a família dos Morcegal. Como todo vampiro que se preze, eles adoram morder um pescocinho, tirar uma soneca num caixão e, por mais que se esforcem, nunca conseguem se ver num espelho, pois vampiro não se reflete, não é? A família Morcegal morava num castelo bem longe, na estrada para Transilvânia City, e era composta do pai – seu Draculão –, da mãe – dona Draculeta –, da filha Dracunilda e de uma pessoa muito especial, o tio Aristides, que não era vampiro, não! Era na realidade uma caveira que não se conformava em estar

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morta e vivia zanzando pelos corredores do castelo para desespero de dona Draculeta. A vida dos Morcegal ia às mil maravilhas, até que um dia surgiu uma presença nova na família... Seu nome? Draculinha! Isso mesmo, Dracunilda ganhou um irmão: um vampirinho! Nem é preciso dizer que Draculinha se tornou logo o centro das atenções de dona Draculeta. Como toda mãe, preocupava-se em salvaguardar a família, repetindo como suas antepassadas o lema: “Uma família unida pela mesma mordida”. Só que Draculinha bem cedo se revelou um vampirinho às avessas. Em vez de sangue, ele gostava mesmo era de mamadeira. E quando deu os primeiros passos... Surpresa! Ele tinha pé chato! Portanto, não deu para escapar da famosa botinha ortopédica, que o fazia andar com dificuldade, tropeçando nos cordões e caindo pelos corredores do castelo. Draculinha foi crescendo cada vez mais desajeitado, e seu comportamento era considerado estranho para um vampiro. Quando saía às ruas com Dracunilda, não queria nem saber de morder pescoços. Preferia jogar futebol com os outros meninos, empinar morcegaio ou então ouvir o tio Aristides contar suas histórias do tempo em que ainda não era caveira e vivia como uma pessoa comum. Aliás, falando em tio Aristides, dona Draculeta não gostava nem um pouco que Draculinha ficasse de conversa fiada com ele. – Você vai acabar estragando o menino, Aristides! – dizia ela. Mas Draculinha não queria nem saber, para ele o que interessava era brincar como qualquer criança.

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Bem, agora que todos já conhecem um pouco a família Morcegal, que tal se víssemos as aventuras do dia a dia dessa família e, especialmente, de Draculinha? Vamos nessa?

Mas não é uma bola... É uma caveira?! Para falar das travessuras de Draculinha, nada melhor do que começar com aquilo que ele mais gostava de fazer: jogar futebol na rua. Dracunilda não gostava nem um pouco dessa mania do irmão. – Draculinha, quer me dar essa bola?! Eu quero jogar queimada! – Atenção, bola com Draculinha na direita, mata no peito, baixa na terra... – Me dá essa bola, Draculinha! Quanto mais Dracunilda falava, menos Draculinha ouvia. Cada vez mais ele se entusiasmava com o jogo. – Livrou-se da falta... Caminha para a área... – Você é surdo, menino? – Olhou pra bola, correu, bateu, é GOL!!!

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– Ai, minha vidraça! Quem foi que fez isso? Quem?! – gritou a vizinha. Ao perceberem que a bola acertara em cheio a vidraça da vizinha, eles trataram logo de correr para dentro de casa. Mas aí... Adivinhem quem apareceu no portão? Dona Draculeta, que, assustada, queria saber que barulho era aquele. – Não foi nada, mãe... – disfarçou Draculinha. – Como nada? E aquele barulho todo de vidro se quebrando? – Vidro? Foi pra lá, não foi, Draculinha? – disse Dracunilda, apontando para o outro lado da rua. Acontece que nesse mesmo instante chegava a vizinha, com a vassoura numa mão e a cabeça do tio Aristides na outra. – Olha só o que vocês fizeram! Quebraram toda a minha vidraça, seus pestinhas! Eu vou rasgar essa bola! E já foi logo dando umas vassouradas na caveira. Quando Draculeta percebeu de quem se tratava, gritou: – Não! Espere! Não faça isso! Rapidamente abaixou-se e pegou a cabeça do tio. A vizinha, olhando Draculeta de cima a baixo, soltou um sonoro: – Mas quem é a senhora? – Eu sou a mãe deles... Pode ficar descansada que dou um jeito nisso... Onde já se viu, jogar futebol com a cabeça do tio Aristides... Olha só como ela ficou toda amassada... A vizinha pegou a cabeça para examinar, sem perceber que não se tratava de uma bola. – Ahh!, então não é uma bola... É uma ca... ca... CAVEIRA! Ela começou a tremer da cabeça aos pés.

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– Mas ele já está morto! Não precisa ter medo não... – disse Draculinha, tentando acalmá-la. – Morto?! Ai, minha Nossa Senhora! Acode!! A vizinha então largou a cabeça de qualquer jeito e tratou de trancar-se a sete chaves em casa. – Francamente, hein, Aristides... Você não consegue ficar um segundo sem me dar trabalho! – disse Draculeta ao recolher a cabeça do chão. E voltando-se para as crianças: – E vocês dois? Eu não tinha avisado que não queria confusão com a vizinhança? – Eu posso explicar, mãe... – Não quero saber de explicações, Draculinha! Agora nós vamos ter uma conversinha muito séria, os quatro! – Por que quatro? O tio também? – perguntou Dracunilda. – Seu tio não! Eu, vocês dois... e o papai! – O papai?! – responderam em coro. – Isso mesmo! Desta vez ele vai tomar uma atitude séria com vocês! Ah, se vai! Vamos lá, todos ao castelo! E lá se foi a família para uma conversinha com Draculão.

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