Duas Ilhas
Ilustrações
Zansky
Zansky
© Guilherme Semionato, 2023 © Zansky, 2023
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Semionato, Guilherme
Duas ilhas / Guilherme Semionato; ilustrações Zansky. – 1. ed. – São Paulo: FTD, 2023.
ISBN 978-85-96-03992-5
1. Literatura infantojuvenil I. Zansky. II. Título.
23-141745
Índices para catálogo sistemático:
1. Literatura infantil 028.5
2. Literatura infantojuvenil 028.5
Cibele Maria Dias – Bibliotecária – CRB-8/9427
CDD-028.5
guIlhERmE SEmIOnATO nasceu no Rio de Janeiro (RJ), em 1986. Formou-se em Comunicação Social pela UFRJ e especializou-se em Literatura Infantojuvenil pela UFF. É autor de livros para crianças e jovens no Brasil e no exterior, além de tradutor e consultor editorial.
zAnSky nasceu e vive em São Paulo (SP). Formou-se em Design Gráfico pela Etec Carlos de Campos e é bacharel em Artes
Plásticas pela Unesp. Ilustra livros de literatura, revistas e outros conteúdos. Realiza autopublicação artesanal pela Edições de Zaster.
Para Antoine de Saint-Exupéry, Jacques Cousteau e todos os artistas que trouxeram e trarão céu e mar, mágica e mistério para as nossas vidas.
Guilherme SemionatoÉdifícil para alguém saber que mora numa ilha.
Só é possível sabê-lo se pudermos ver a ilha de cima, enxergando água por toda a volta. Se estivermos no centro da ilha, podemos pensar que estamos cercados de terra, porque os nossos olhos não alcançam o mar. Se estivermos sentados na areia olhando para o mar, podemos pensar que só tem água à nossa frente e que há terra infinita atrás de nós.
Um avião — ou uma gaivota ou qualquer outra ave — guarda os segredos das ilhas e os segredos dos mares, sabe onde elas terminam e eles começam. Um avião que sobrevoasse a Ilha Verde também guardaria os segredos de um menino de dez anos chamado João. Não é que João tivesse muitos segredos. O maior deles eu posso lhe contar agora mesmo: seu melhor amigo é um vulcão, o Vulcão Verde.
João sempre morou na Ilha Verde, exceto em seus dois primeiros dias de vida. Nasceu no continente, numa vila tão cercada pelo mar que até parecia uma ilha. A maternidade ficava na rua da praia, e João nasceu com maresia nos olhos e redemoinho no cabelo bem ondulado, como se abrigasse recifes de corais.
Sophia, a mãe de João, é bióloga. Fernando, o pai, é piloto. Eles o chamam de Passarinho. Algumas vezes as coisas têm um jeito curioso de acontecer. Há doze anos, Sophia olhou para o céu e Fernando olhou para a terra. Apaixonar-se é como reconhecer um membro da sua família que você jamais encontrou. E isso foi suficiente para, pouco tempo depois, João passar a existir.
Certa vez, Fernando explicou ao filho que a Terra parecia um bombom recheado com licor de cereja.
— Um licor muito, muito quente — avisou o pai.
O solo do fundo do mar é cheio de pontos quentes; nesses locais, o magma do interior da Terra pressiona a superfície, formando vulcões. Esses vulcões, no chão do mar, entram em erupção e expelem lava. Ao longo de milhões de anos, essa lava se acumula, esfria e solidifica, até formar uma ilha, um chão de terra.
A Ilha Verde é vulcânica, e o Vulcão Verde é seu coração. Está bem no centro da ilha; é seu fundador. Tanto é verdade que, no aniversário de descobrimento da ilha, a Esquadrilha da Fumaça, da qual o pai de João faz parte, irrompe no céu, desenhando triângulos de fumaça branca para homenagear o vulcão.