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POR TODA PARTE

Selo do FSC

Arte_Por_toda_parte_capa_VOLUME_6_LA.indd 8

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Desfrute da Arte que está em você, à sua volta, por toda parte! ISBN 978-85-96-00274-5

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UTUARI • KATER • FISCH ER • FERRARI

Na coleção POR TODA PARTE, formada por quatro volumes, você navega por saberes sobre artes visuais e audiovisuais, teatro, dança, música e literatura, estimulado por provocações poéticas. Seus repertórios culturais são ampliados para o estudo dos conceitos abordados, que oferecem a você conteúdos desenvolvidos em núcleos temáticos por meio da proposta triangular de arte-educação: apreciar, contextualizar e fazer Arte. Cada unidade, em seus capítulos e seções, traz obras e artistas de diferentes lugares, tempos, culturas, estilos e linguagens. Algumas dessas abordagens também são ampliadas nos três cartazes de cada volume, com linhas do tempo temáticas ilustradas.

POR TODA

PARTE S O L A N GE U T U A R I C A R L O S K AT E R B R U N O F I S C HE R PA S C O A L F E R R A R I

ACOMPANHA CD EM ÁUDIO

6 5/10/16 11:35 AM



POR TODA

SOLANGE UTUAR I CARLOS KATER BRUNO FISCHER PASCOAL FERRARI

PARTE SOLANGE UTUARI

BRUNO FISCHER

Mestre em Artes (área: Artes visuais) pela Universidade

didáticos e de livros para formação em diversos níveis.

Mestre em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), com Licenciatura em Educação Artística pela Faculdade Mozarteum de São Paulo (Famosp-SP). Participou do Centro de Estudos da Dança (CED). Trabalhou na equipe curricular de Arte da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Foi coordenador de Educação a Distância na Fundação Bienal de São Paulo e consultor pedagógico na Rádio e TV Cultura de São Paulo.

CARLOS KATER

PASCOAL FERRARI

Educador, musicólogo e compositor. Doutor pela

Mestre em Ciências (área de concentração: ensino de Ciências) pela Universidade Cruzeiro do Sul (UCS-SP). Especialização em Sociologia pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP). Licenciado em Pedagogia pela Universidade Camilo Castelo Branco (UCCB-SP). Licenciado em Psicologia pela Universidade Braz Cubas (UBC-SP). Professor universitário, ator, diretor de teatro, consultor em projetos culturais em Artes Cênicas e autor de materiais didáticos para cursos de formação de professores em ambientes virtuais.

Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp). Licenciada em Educação Artística pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC-SP). Especialização em Antropologia pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP). Especialização em Arte-Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Artista plástica e ilustradora, formadora de educadores em Arte, assessora de projetos educativos e culturais, autora de materiais

Universidade de Paris IV – Sorbonne. Professor Titular pela Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais (EM-UFMG). Coordenou o Centro de Pesquisas em Música Contemporânea da UFMG; foi Vice-presidente da Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM) e membro do Conselho Editorial (função atual). É Professor Colaborador do Programa de Pós-Graduação em Música da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) e Curador da Fundação Koellreutter da Universidade

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Federal de São João del-Rei (UFSJ). Autor de diversos livros e artigos. 1a edição São Paulo, 2016

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Por Toda Parte, 6.º ano Copyright © Solange dos Santos Utuari Ferrari, Bruno Fischer Dimarch, Carlos Elias Kater, Pascoal Fernando Ferrari, 2016 Diretor editorial Lauri Cericato Gerente editorial Silvana Rossi Júlio Editor Roberto Henrique Lopes da Silva Editor assistente José Alessandre S. Neto Assessoria Alice Kobayashi, Carolina Leite de Souza, Daniela Alves, Daniela de Souza, Rosemary Aparecida Santiago, Roze Pedroso, Solange de Araújo Gonçalves, Thiago Abdalla, Vera Sílvia de Oliveira Roselli Gerente de produção editorial Mariana Milani Coordenadora de arte Daniela Máximo Projeto gráfico Juliana Carvalho, Alexandre S. de Paula Capa YAN Comunicação Material complementar Alexandre S. de Paula Supervisor de arte Vinicius Fernandes Editora de arte Aparecida Pimentel Diagramação YAN Comunicação Tratamento de imagens Ana Isabela Pithan Maraschin, Eziquiel Racheti Coordenadora de ilustrações Marcia Berne Ilustrações Frosa, Leonardo Conceição, Marcelo Cipis, Mariana Waechter, Rafa Anton Coordenadora de preparação e revisão Lilian Semenichin Supervisora de preparação e revisão Viviam Moreira Preparação Veridiana Maenaka Revisão Caline C. Devèze Coordenador de iconografia e licenciamento de textos Expedito Arantes Supervisora de licenciamento de textos Elaine Bueno Iconografia Érika Nascimento Diretor de operações e produção gráfica Reginaldo Soares Damasceno Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Por toda parte, 6.º ano / Solange dos Santos Utuari Ferrari... [et al.]. – 1. ed. – São Paulo : FTD, 2016. Outros autores: Carlos Elias Kater, Bruno Fischer Dimarch, Pascoal Fernando Ferrari ISBN 978-85-96-00274-5 (aluno) ISBN 978-85-96-00275-2 (professor) 1. Arte (Ensino fundamental) I. Ferrari, Solange dos Santos Utuari. II. Kater, Carlos Elias. III. Dimarch, Bruno Fischer. IV. Ferrari, Pascoal Fernando. 16-00604 CDD-372.5 Índices para catálogo sistemático: 1. Arte : Ensino fundamental 372.5 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Envidamos nossos melhores esforços para localizar e indicar adequadamente os créditos dos textos e imagens presentes nesta obra didática. No entanto, colocamo-nos à disposição para avaliação de eventuais irregularidades ou omissões de crédito e consequente correção nas próximas edições. As imagens e os textos constantes nesta obra que, eventualmente, reproduzam algum tipo de material de publicidade ou propaganda, ou a ele façam alusão, são aplicados para fins didáticos e não representam recomendação ou incentivo ao consumo.

Reprodução proibida: Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Todos os direitos reservados à FTD EDUCAÇÃO Rua Rui Barbosa, 156 – Bela Vista – São Paulo-SP CEP 01326-010 – Tel. (11) 3598-6000 Caixa Postal 65149 – CEP da Caixa Postal 01390-970 www.ftd.com.br E-mail: central.atendimento@ftd.com.br

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Impresso no Parque Gráfico da Editora FTD S.A. Avenida Antonio Bardella, 300 Guarulhos-SP – CEP 07220-020 Tel. (11) 3545-8600 e Fax (11) 2412-5375

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APRESENTAÇÃO Podemos encontrar arte nos mais diferentes lugares, tempos e contextos. Um olhar atento, um ouvido esperto e logo percebemos uma imagem, uma música, um gesto ou movimento, às vezes tudo junto ao mesmo tempo. Música que saiu do rádio do carro que passou pela rua agora há pouco, ou nos sons a revelar o gosto musical do seu vizinho. Bem pertinho, no fone de ouvido do seu celular, naquela música preferida, escolhida por você ou enviada por um amigo que encontra você. Somos contemporâneos do tempo das tecnologias, da cultura visual, dos sistemas de gravação de áudios e vídeos. Podemos compartilhar tudo isso com alguém, mesmo que bem distante. A arte alimenta-se de tudo que o ser humano inventa porque ela também foi inventada por pessoas há muito tempo e agora mesmo, neste último minuto. Você já parou para pensar que alguém, em algum lugar, acabou de fazer um desenho, uma pintura, uma escultura, tirou uma fotografia, criou uma composição, um arranjo musical? Ou que há pessoas apresentando uma peça teatral ou mostrando uma coreografia, com os corpos a movimentar-se em uma dança? Quem sabe alguém por aí está fazendo uma performance, criando uma instalação, escrevendo ou lendo um livro de literatura ou de poemas, ou criando filmes, vídeos, cenários, figurinos ou imagens para ilustrar um livro? É possível que alguém também esteja organizando uma festa, e roupas de carnaval ou maracatu possam, neste exato momento, ser bordadas pelas mãos de quem faz arte do povo para o povo! A arte é assim. Está mesmo em todos os lugares e é criada e apreciada por toda a gente. Estudá-la é procurar mais maneiras para encontrá-la. As produções artísticas brasileiras e as que foram ou são feitas mundo afora nos mostram um caminho para conhecer mais sobre o ser humano e sua maneira poética e estética de viver. Somos seres culturais. Por isso inventamos linguagens, entre as quais muitas são artísticas. Nosso estudo quer ajudá-lo a desvendar essas linguagens para compreender e fazer arte. Convidamos você para estudar Arte. Vem! Veja, cante, movimente-se, sinta a arte da gente. Os autores


Caro aluno, conheça o seu livro de estudo da Arte! VEM DANÇAR!

VEM ENCENAR! Observe a imagem a seguir.

VEM!

Acervo do grupo

Marcelo Kahn

Observe a imagem a seguir.

Você gosta de ser convidado? Imaginamos que sim. Logo de início fazemos convites: Vem olhar! Vem

Imagem de apresentação de dança de rua da Companhia de Dança Brainstorm, de Curitiba, 2013.

Cantar! Vem encenar, dançar, imaginar,

Vem para a rua, vem dançar! Será a rua o lugar de encenar?

Registro de cena da peça A Rainha procura..., da Cia. do Quintal, encenada sobre um tabuleiro de xadrez. São Paulo, 2013.

Ou só o teatro com cenários de rua é o lugar? O que vemos na imagem? Street, em inglês; rua, em português.

Onde esses personagens estão?

tramar, pintar... conhecer e fazer arte!

Arte da rua, arte do mundo, só falta você!

Eles estão indo ou voltando?

Se for na rua, luz do sol é bem-vinda ao espetáculo.

Olhe para um, olhe para outro.

Gente na plateia, então, nem se fala!

Quem tem a expressão mais marota?

Se for no palco, as luzes são outras, são elétricas, coloridas na iluminação para

Quem tem a roupa mais engraçada ou mais engomada?

marcar cada passo, cada ação.

É um lugar de jogar xadrez?

Arte que acontece em muitos lugares, basta ser espaço cênico e se forma aí

Talvez de brincar com vocês, quem sabe?

um lugar.

O teatro também é um jeito de jogar.

Tem passo para cá e passo para lá!

E que jogo será esse que sempre busca um lugar para encenar?

Quem se arrisca a dançar?

Rua, palco, picadeiro... E o pátio da escola? Será que também dá?

Vem experimentar!

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Tema 1

A floresta dos curumins

Histórias dançadas e cantadas

Renato Soares/Pulsar

Observe a imagem a seguir.

Tema 2

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TEMAS Estudar Arte pode ser bem instigante e divertido, é como

Bebeth. 2009. Óleo sobre tela. Galeria Jacques Ardies, São Paulo

Observe a imagem a seguir.

mergulhar em um mar de saberes sem fim. Existem muitas obras de arte, feitas por milhares de artistas em diferentes CLIQUE ARTE Museu Internacional de Arte Naïf do Brasil (Mian)

lugares e tempos. Nesta seção, escolhemos alguns temas

[Pintura]. Site oficial do museu, com os principais artistas do estilo, banco de imagens de obras e aplicativos. Disponível em: <http://ftd.li/zu7gks>.

e exemplos para que você conheça ideias e histórias do

Maracatu rural, de Bebeth, 2009. Óleo sobre tela, 60 cm × 73 cm.

Tu que dás brilho na sombra Brilhas também lá na praia Beija-flor me mandou embora Trabalhar e abrir os olhos Letra da música Benke. NASCIMENTO, Milton; BORGES, Márcio. Benke. Intérprete: Milton Nascimento. In: _____. Txai. Rio de Janeiro: CBS, 1992. CD. Faixa 10.

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mundo da Arte. A arte está relacionada a outras disciplinas e à vida cotidiana. Você pode descobrir como isso aconte165

ce lendo a seção Mundo conectado.

MAIS DE PERTO Quando começamos a conhecer Arte e tudo que este universo de saberes pode nos ajudar a compreender melhor o mundo, não queremos mais parar de conhecer! Assim, a seção Mais de perto resgata o convite feito inicialmente na seção Vem! para aprofundar seus conhecimentos sobre os temas e as linguagens estudados. E, para aproximar você ainda mais da Arte, trazemos sempre uma entrevista ou um depoimento na seção Palavra do artista.

MAIS DE PERTO „ Olhar e ver Vamos observar novamente a imagem do painel Paz, de Portinari, na seção Vem olhar! O que você vê? Como você percebe a mensagem “paz”? O que a arte de Candido Portinari diz a você? Agora, observe os detalhes. Olhe a sua volta na sala de aula. Você já notou que seus colegas são diferentes de você? Nos detalhes do painel Paz, de Portinari, vemos imagens que mostram pessoas trabalhando, dançando, crianças brincando. Nesse painel, o artista nos apresenta uma visão de vida em tempos de paz. Agora, observe na página ao lado a reprodução do painel Guerra, feito por esse mesmo artista. Ambas as pinturas costumam ser mostradas juntas. Por que será?

Você consegue identificar o estilo de vida em situações de paz e de guerra? Que diferenças há entre essas realidades?

MUNDO CONECTADO „„Ancestralidade„tecendo„histórias Observe a imagem a seguir.

Coro de crianças. Detalhe da imagem do painel Paz, de Candido Portinari, 1952-1956. Painel a óleo e madeira compensada, 1 400 cm 3 953 cm (irregular) (aproximadas).

O artista baiano Deoscóredes Maximiliano dos Santos, que ficou conhecido como Mestre Didi (1917-2013), deixou nas suas obras a revelação do seu imaginário, repleto de figuras místicas que povoaram o seu mundo cultural. São seres divinos ligados à ancestralidade do artista. Por ser um continente com grande território, a África é uma região com muitos povos, com culturas diversas e definidas. Quando se espalharam pelo mundo, esses povos carregaram também sua bagagem cultural.

„ Dentro da África sempre existiram muitas Áfricas. O que isso quer dizer?

Mestre Didi ao lado de uma de suas criações.

„ Você sabe qual é a sua ancestralidade, ou seja, de quem é descendente? Qual é a origem da sua família? É com base nela que o seu nome e sobrenome são assim. Que tal pesquisar?

Mulheres dançando em detalhe da imagem do painel Paz, de Candido Portinari, 19521956. Painel a óleo e madeira compensada, 1 400 cm 3 953 cm (irregular) (aproximadas).

Valeriano Di Domenico/Estadão Conteúdo

Minha Floresta de joia

AMPLIANDO Pinturas naïfs são imagens criadas em diferentes materiais por artistas autodidatas, que aprenderam por conta própria. Trata-se de uma arte espontânea em que não são seguidas regras rígidas na construção de imagens. Na arte naïf, o que vemos são diferentes estilos, temas e poéticas que expressam percepções de mundo de modo simples e puro. O termo naïf vem do latim nativus, que significa nascente, natural e espontâneo.

Kathia Tamanaha/Estadão Conteúdo

Minha Mamãe soberana

Detalhe do painel Paz, de Candido Portinari

Agora, leia o trecho da letra de música a seguir.

Detalhe do painel Paz, de Candido Portinari

Crianças da etnia Yawalapiti brincando em meio a revoada de borboletas na beira do rio Tuatuari, em Gauchá do Norte, Mato Grosso, 2013.

No Brasil, muitas histórias podem ser contadas por meio de danças, ao ritmo dos sons do gonguê, do agbê (também conhecido como xequerê), de tambores, de ganzás... manifestações artísticas e culturais que podemos ver também nas formas e cores de pinturas naïfs, como nas obras acima e a seguir. As histórias e lendas de amor e de lutas, de reis pobres e reis escravizados passaram a ser exaltadas com alegria, transformadas em festas e cultura do povo, como podemos ver na obra acima. Inspirados cancioneiros criavam melodias e versos cantados; costureiras e bordadeiras faziam as coloridas vestes para festejar. Em cada canto, o povo se enfeitava como podia. As pessoas imaginavam, criavam e improvisavam. Juntavam instrumentos, roupas e fitas coloridas e lançavam-se à música, à dança e à celebração. E o tempo encarregou-se de dar a essas festas, culturas e acontecimentos o nome de “tradição”.

„ Ouvir e cantar Na sua opinião, o que é preciso para criar a letra para uma música? Em uma entrevista, Maria Gadú disse que quando criou a sua primeira composição, Shimbalaiê, “estava despretensiosamente feliz” (disponível em: http://ftd.li/az7pp6>. Acesso em: 5 mar. 2015). Que tal criar um caderno com as suas músicas preferidas? Faça desenhos enquanto as ouve ou crie imagens para descrever as sensações que elas lhe provocam. Inclua comentários de outras pessoas em relação às músicas de que você gosta. Será que todo mundo tem o mesmo gosto musical?

Mestre Didi entre algumas de suas obras, na homenagem aos 90 anos do Escultor do Sagrado, no Museu Afro Brasil, Parque Ibirapuera, São Paulo (SP), 2009.

„ Será que as canções criadas pelos artistas refletem suas emoções? E os sons que ouvimos, também influenciam nossas emoções?

VEJA ARTE Mestre Didi: arte ritual (vida e obra de Mestre Didi). Documentário. Direção de Maria Ester Rabello. São Paulo: Rede Sesc/Senac de Televisão, 2000. (Coleção/Série: O mundo da arte). Disponível em: <http://ftd.li/7t8yic>.

Mestre Didi (1917-2013) A arte do Mestre Didi é repleta de ancestralidade afrodescendente, carregada da cultura desses povos antecessores. O artista produz imagens trabalhadas com elementos orgânicos, como palha, sementes, búzios, entre outros. Embora repleta de simbologia, a arte desse escultor e escritor tem como característica não ser muito explicativa. Trata-se de imagens que provocam nossa imaginação. “Os meus trabalhos falam por mim. Não é preciso que eu diga mais nada.” Mestre Didi

CLIQUE ARTE

„ Que sons você gosta de ouvir? E de quais sons você não gosta?

Mestre Didi [Artes plásticas e literatura].

„ Em relação às músicas que você gosta de ouvir, se fosse enviar uma delas de presente a um amigo ou amiga, por e-mail, via redes sociais ou gravada em um CD ou pen drive, qual seria?

Biografia do artista e banco de imagens de obras. Disponível em: <http://ftd.li/oh3js6>.

COUTINHO, Christiane; ORLOSKI, Erick. Mestre Didi: arte ritual. São Paulo: Instituto Arte na Escola, 2006. p. 5. Disponível em: <http://artenaescola.org.br/uploads/dvdteca/ pdf/arq_pdf_28.pdf>. Acesso em: 11 mar. 2015.

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AÇÃO E CRIAÇÃO „ Técnicas mistas e suas materialidades

AMPLIANDO

Mariana Waechter

Muitos artistas utilizam diferentes materiais em suas produções. Para fazer arte, você precisa escolher assuntos, estilos ou temas, conhecer os materiais com os quais vai trabalhar e saber aproveitá-los ao máximo. Essas ações realizadas pelos artistas, pintando, desenhando, fazendo gravuras, esculpindo, modelando, cantando, tocando, encenando, entre tantas formas de arte, são os procedimentos artísticos.

Pode ser que algumas palavras sejam novas em seu vocabulário. Assim,

Na imagem da obra Assentamento, vimos as técnicas do lápis grafite, da tinta aquarela e de gravação de imagem por transferência. O que você acha de experimentar essas misturas?

preparamos um boxe em estilo de glossário para você saber mais sobre

O lápis e a grafite Observe a tirinha a seguir. Alexandre Beck

AMPLIANDO

Tirinha Armandinho, de Alexandre Beck.

Estamos acostumados a desenhar desde pequenos. É uma das formas mais acessíveis de brincar e de fazer arte. Já faz muito tempo que as pessoas riscam, rabiscam e desenham. No início da história da criação de imagens, foram usados bastões de carvão, de argila e outros materiais. Os lápis que conhecemos hoje, como lápis grafite, lápis de cor, lápis Conté e outros, começaram a existir em 1795, inventados pelo químico francês Nicolas-Jacques Conté (1755-1805).

Lápis Conté é um tipo de lápis usado por desenhistas em todo o mundo. Recebeu esse nome em homenagem ao inventor do lápis moderno. É um pouco mais largo, o que permite fazer traços mais finos e lisos.

essas palavras e ajudá-lo a compreender melhor o universo da Arte e seus termos. No final do livro há um índice remissivo para você localizá-los

Um dos materiais mais comuns para desenhar é o lápis grafite. Hoje, existem vários tipos de lápis grafite, classificados em HB, 2B, 4B, 6B e tantos outros. Com essa variedade de lápis, podemos obter vários efeitos de luz e sombra, texturas e profundidade.

sempre que precisar.

„ Na tirinha, Armandinho, personagem de histórias em quadrinhos, quer pintar com todas as cores que vê. Quando você era pequeno, também queria pintar o mundo? „ Um dos materiais que mais temos usado na escola é o lápis grafite. Você sabe como esse lápis foi inventado?

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LINGUAGEM DA ARTE Para criar em cada linguagem, precisamos conhecer seus códigos e procedimentos. Toda linguagem tem seu jeito de

AÇÃO E CRIAÇÃO „ Expressando um movimento Vamos nos expressar?

ser e de se comunicar. Para se expressar por meio de lingua-

PROCEDIMENTOS ARTÍSTICOS Combine com o professor e junte sua turma em um espaço livre, como o pátio da escola, e faça uma grande roda. Abra os braços e dê a mão para os colegas de cada lado. Em seguida, solte as mãos, mantendo um espaço entre vocês.

gens é preciso aprender sobre esses jeitos e significados.

Com a roda formada, a turma vai escolher um sentimento (amor, raiva, medo, alegria, entre outros) para ser representado. Após a escolha, um aluno vai até o meio da roda e faz um gesto ou movimento livre para representar o sentimento escolhido. Três colegas farão outro gesto ou movimento corporal para representar o mesmo sentimento. Ao completar quatro movimentos diferentes que representem o mesmo sentimento, a turma

Assim, nesta seção vamos estudar como as linguagens da

terá uma pequena coreografia. Junte os quatro movimentos sequencialmente para que o grupo de quatro alunos dance um trecho de uma música, criando um pequeno espetáculo de dança. Convide toda a roda a fazer a mesma coreografia, assim a turma toda dançará em roda. Eleja mais um sentimento e faça outra rodada de movimentos, montando uma nova coreografia. Repita várias vezes a brincadeira, trocando o sentimento e os participantes do jogo.

arte são criadas. Na subseção Ação e criação, sugerimos projetos de criação e experimentos artísticos para você,

Neste capítulo, você estudou as linguagens do teatro e da dança. Também conheceu obras de alguns pintores. Que relações essas produções artísticas têm em comum? Quais são as suas particularidades?

seus colegas e professores poderem fazer arte. Nos boxes

O que você aprendeu sobre o espaço cênico? Como classifica as linguagens cênicas? Você conheceu alguns grupos de teatro e de dança. Faça uma pesquisa para conhecer melhor esses artistas e suas produções.

Procedimentos artísticos, damos algumas dicas sobre

Você observou a mistura e a influência de diferentes linguagens nas produções artísticas que foram estudadas neste capítulo? Qual é a sua opinião sobre essas combinações de linguagens?

como fazer e usar materiais em produções artísticas.

Em qual linguagem da arte você prefere se expressar? 60

MISTURANDO TUDO! LINGUAGEM DA MÚSICA

LINGUAGEM DAS ARTES VISUAIS

„ Sons e lugares

Um conhecimento pode ser conecta-

„„Risca„e„rabisca

Você já notou que sempre estamos ouvindo alguma coisa? O mundo não é silencioso. Mesmo quando estamos em locais muito tranquilos, ouvimos algum tipo de som. Desde que nosso aparelho auditivo esteja saudável, estamos expostos ao mundo sonoro constantemente, ou seja, nunca paramos de ouvir. Observe a imagem a seguir. Melquíades Junior

Guilherme Kramer. 2011. Técnica mista sobre papel. Coleção particular

Observe a imagem a seguir.

do a outro. Uma linguagem pode ter relação com outras e até estarem juntas em uma produção artística. Esta seção traz questões para você pensar sobre isso e para perceber o que você

Holi, série Multidões, de Guilherme Kramer, 2011. Técnica mista sobre papel.

Meninos brincam na praia de Icapuí, Ceará, 2012.

Agora, leia este trecho da letra de música. Você já reparou nesse mundo sonoro a sua volta? Sons gerados por elementos da natureza (animais domésticos, pessoas, pássaros, insetos, vento, águas), sons produzidos por coisas inventadas pelos seres humanos (máquinas, carros, instrumentos musicais, utensílios domésticos etc.). E ainda temos a musicalidade de cada região. Esses sons, organizados ou não, naturais ou produzidos, podem marcar as características e a identidade de um lugar. Podemos perceber no meio ambiente e no meio cultural que existem sons que ficam marcados na nossa memória.

A raça humana risca, rabisca, pinta A tinta, a lápis, carvão ou giz Trecho da música A raça humana. GIL, Gilberto. A raça humana. Intérprete: Gilberto Gil. In: _____. Raça humana. Rio de Janeiro: Warner Music, 1984. LP. Lado B, faixa 9.

aprendeu ao estudar cada capítulo.

OUÇA ARTE A raça humana. Intérprete e autor: Gilberto Gil. Disponível em: <http://ftd.li/q5qrbm>.

Veja, a seguir, as imagens criadas pelo artista brasileiro Guilherme Kramer (1978), que hoje trabalha em Barcelona, na Espanha.

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os colegas podem ter interesse em ver, ouvir ou sentir a

te também as dicas dos boxes Clique arte, Leia arte,

Jack Jackson/Glow Images

A pintura em grandes dimensões

Toni William Cross

François Lemoyne. Séc. XVIII. Afresco. Palácio de Versalhes. França. Foto: Print Collector/Getty Images

Ouça arte e Veja arte por todo o livro.

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Você já estudou a arte egípcia? A pintura egípcia representada na linha do tempo mostra uma cena de caça, será que este era um costume desse povo? Imagens podem mostrar a cultura de cada época e civilização?

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Em muitas épocas as imagens representaram a vida em seu cotidiano, crenças, visões de mundo, relatos históricos etc. Você acha que isto ainda acontece em nosso tempo? Que temas você costuma perceber nos grafites em grandes dimensões criados nos muros das cidades?

Artistas do grupo OPNI pintam parede de casa da região onde moram, retratando a comunidade da Zona Leste da cidade de São Paulo.

Marcos André/Opção Brasil

Michelangelo. Séc. XVI. Afresco. Capela Sistina. Museus do Vaticano. Foto: Getty Images/Lonely Planet Images

David Siqueiros. 1952-1956. Mural. Universidade Nacional Autônoma do México. México. Foto: Moment Editorial/Getty Images

Teto do Salão de Hércules, em Versalhes, França, pintado por François Lemoyne no período do Rococó, século XVIII.

No Egito Antigo, as paredes eram revestidas de pinturas e relevos. Cena de caça encontrada na tumba de Nakht, escriba e sacerdote durante o reinado do faraó Tutmés IV (1400-1390 a.C.) pertencente à 18ª dinastia egípicia.

O povo na universidade e a universidade para o povo, de David Alfaro Siqueiros, 1952-1956. Mural em edifício da Universidade Nacional Autônoma do México, na Cidade do México.

3

Há muitos estilos e formas de manifestação visual em grandes formatos presentes nos muros das cidades, a arte do grafite difere das expressões em pichações?

4

Você já conhecia a técnica do afresco? Conhece lugares em sua localidade ou fora dela em que imagens foram criadas a partir dessa técnica?

5

Quais as diferenças entre as imagens da Arte Sacra da Idade Média e as imagens do Muralismo mexicano?

6

Na China várias montanhas foram esculpidas para criar imagens de budas e de outros personagens da religião e da filosofia desse povo. Estes conjuntos de esculturas também são obras em grandes formatos? Como você vê estas produções?

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A pintura realizada por Michelangelo na Capela Sistina é uma obra monumental criada no teto de um templo religioso católico, em Roma, que hoje faz parte do Museu do Vaticano. Embora esteja em outro país, podemos conhecer essa obra virtualmente pelo site <http://ftd.li/8e6h44>. Acesso em: 9 nov. 2015. O que você pensa sobre apreciar arte a distância usando ferramentas tecnológicas?

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Em seu livro de História há reproduções de obras que abordam fatos históricos e que foram feitas em grandes formatos, como a pintura A Batalha do Avaí, de Pedro Américo. O que mostram as representações artísticas que estão presentes em seus livros de História, Geografia e outras disciplinas?

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Os palácios e prédios públicos da época do Barroco e do Rococó (séculos XVII e XVIII) foram decorados com grandes pinturas. Você já esteve em algum lugar decorado com grandes pinturas, esculturas ou outras linguagens? Conte como foi esta experiência.

Entre as mais notáveis obras do Renascimento, estão as pinturas de Michelangelo. Detalhe da representação do juízo final, na Capela Sistina, em Roma, Itália, séc. XVI.

Arte Rupestre na Serra da Capivara, Piauí, 5000-3000 a.C., que traz imagens do dia a dia do homem primitivo.

IDADE ANTIGA

IDADE MÉDIA

(3000 a.C.-476 d.C.)

(séculos V-XV)

G. Sioen/De Agostini/Getty Images

Joel Carillet/Getty Images

PRÉ-HISTÓRIA (2 milhões a.C.-3000 a.C.)

IDADE MODERNA

IDADE CONTEMPORÂNEA

(séculos XV-XVIII)

(século XIX-hoje)

Haas&Hahn

Afrescos nas paredes da capela do Mosteiro de São Moisés, na Síria, séculos XI e XII. Na Idade Média, o tema das grandes pinturas volta-se para o Cristianismo. Na China, há grandes pinturas nas paredes dos templos e locais sagrados.

Candido Portinari. 1952-1956. Óleo sobre madeira. 140,5 × 95 cm. ONU, Nova York. Reprodução autorizada por João Candido Portinari

10 Os painéis Guerra e Paz apresentam cores e formas diferentes. Como você identifica a mensagem dessas obras ao analisar as formas, cores, figuras e outros detalhes?

Painéis Guerra e Paz, de Candido Portinari, 1952-1956. Painéis a óleo sobre madeira compensada. Guerra: 1400 cm × 1058 cm; Paz: 1400 cm × 953 cm.

Pedro Américo. 1872-1877. Óleo sobre tela. Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro

O Favela Painting, projeto de Haas&Hahn, elabora pinturas gigantescas nas comunidades do Rio de Janeiro desde 2005.

A Batalha do Avaí, de Pedro Américo, 1872-1877. Óleo sobre tela, 600 cm × 1 100 cm. Durante o Romantismo do século XIX, o artista brasileiro realizou grandes pinturas como esta.

Vem pra arte! A parede sempre foi um suporte usado pelas pessoas para criar desenhos e pinturas ou esta prática era realizada apenas no passado? Hoje, você percebe que as paredes e muros também são usados para criar imagens? Que tal fazer uma fotografia de alguma imagem feita sobre uma parede em grandes dimensões em sua cidade e colocá-la aqui? Você também pode fazer um desenho de observação desse local e depois colá-lo aqui. Ou fazer um desenho diretamente nesse espaço, como um esboço para um projeto de pintura em grandes dimensões, que pode ser realizado posteriormente no muro da sua escola ou em algum lugar no seu bairro. Lembre-se de que é preciso ter autorização para usar paredes como suportes de pinturas, estejam elas em locais públicos ou privados.

Equilibristas chineses do Wuqiao International Circus Festival, China, 2011.

O artista Candido Portinari (1903-1962), quando era criança, ficava atento a cenas do dia a dia em sua cidade natal, Brodowski, no interior de São Paulo. Muitas dessas lembranças foram retratadas em suas pinturas. Veja algumas das lembranças de Portinari retratadas nas obras a seguir.

Que tal registrar suas experiências artísticas em um caderno, um tipo de diário de artista? Você pode desenhar, escrever poemas e lembretes sobre coisas que você quer descobrir. Pode, também, fazer pesquisas sobre os artistas dos quais você quer saber mais, entre outras curiosidades. Um diário é como um companheiro de aventuras neste mundo da arte. Como artista que é, traga o seu sempre perto de você. Escreva um diário de artista comentando suas experiências com as diversas linguagens artísticas!

LEIA ARTE Contando a arte de Portinari, de Angélica Policeno Fabbri. São Paulo: Noovha América, 2004.

Candido Portinari. 1957. Óleo sobre tela. Coleção Particular. Reprodução autorizada por João Candido Portinari

arte. Registre tudo em seu Diário de artista. Aprovei-

Circo Nacional da China. Saiba mais sobre o Circo Nacional da China em: <http://ftd.li/bgq97g>. Contorcionistas do Circo Nacional da China em apresentação na Alemanha, 2013.

DIÁRIO DE ARTISTA

Marcelo Cipis

seios culturais e dicas de como ou onde encontrar mais

CLIQUE ARTE Candido Portinari [Pintura]. Site oficial, com linha do tempo, banco de imagens, projetos sobre Portinari, incluindo arte-educação. Disponível em: <http://ftd.li/2xxsv2>.

Candido Portinari. 1933. Óleo sobre tela. Coleção Particular. Reprodução autorizada por João Candido Portinari

Depois de conhecer algums trajetórias da Arte, você e

Yang Shiyao/Xinhua Press/Corbis/Latinstock

O que você descobriu no universo da arte ao estudar esta unidade? Você conhece uma obra de arte em grandes dimensões em sua cidade? E os espaços cênicos? Você conhece algum na sua região? Quais? Na escola é possível criar arte? Como? Estudamos que algumas produções artísticas são em grupo e outras individuais. Como você vê o seu processo pessoal de criação? Gosta mais de criar com os colegas ou prefere fazer arte individualmente? Entre as linguagens estudadas até aqui, qual você considera mais interessante para criar em grupo? Que tal chamar a turma e os professores e criar projetos de arte com base no aprendizado desta unidade?

EXPEDIÇÃO CULTURAL

arte mais de perto. Nesta seção, há propostas de pas-

Arno Burgi/dpa/Corbis/Latinstock

Veja exemplos dessas influências nas imagens a seguir.

Circo, de Candido Portinari, 1957. Óleo sobre tela, 61 cm × 73,5 cm.

Circo, de Candido Portinari, 1933. Óleo sobre tela, 60 cm × 73 cm.

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ARTE PELO TEMPO – LINHAS DO TEMPO TEMÁTICAS No estudo de Arte, estamos o tempo todo fazendo relações entre passado e presente. Essa viagem nem sempre ocorre no tempo cronológico. Precisamos estudar a arte do nosso tempo porque somos contemporâneos dessas produções. Olhar para o passado e ver como a arte se transforma provoca reflexões sobre como a vida e a sociedade também mudam com o passar dos séculos. Assim, observe as linhas do tempo do material complementar e registre suas impressões e criações!


Odair Fonseca de Souza

SUMÁRIO

Guilherme Kramer. 2011. Técnica mista sobre papel. Coleção particular.

UNIDADE 1

Arte: cada um tem a sua

Capítulo 1: #ARTE....................... 10

Capítulo 2: O LUGAR DA ARTE.... 36

VEM OLHAR!.............................................................. 12 VEM CANTAR!............................................................ 13

VEM ENCENAR!........................................................ 38 VEM DANÇAR!.......................................................... 39

Tema 1 – Arte: criar e sentir...............................14

Tema 1 – Lugares para encenar........................ 40

Inspirações e expressões ...................................15

Diferentes lugares para a arte ............................40

Tema 2 – Mensagens.........................................16

Tema 2 – A rua: lugar de encontros.................. 44

Participando da arte........................................... 16 Mundo conectado: Arte e atitude ......................18 Mais de perto: Olhar e ver .................................19 Mais de perto: Ouvir e cantar ............................19 Palavra do artista: Candido Portinari .................20 Palavra do artista: Maria Gadú .........................21

Tema 3 – Sensações ........................................ 22

Criações e significados .......................................23 Mundo conectado: A voz dos rios .....................25

Linguagem das artes visuais ........................... 26

Pinturas gigantes em cores e relevos .................26 Suportes bidimensionais e tridimensionais .........27 Ação e criação: Grandes formatos ....................30 Suportes bidimensionais ...................................30 Suportes tridimensionais ....................................30 Criando “escultopinturas” ...................................31

Tema 3 – O circo: um lugar especial................. 47

As artes do circo.................................................47 Mundo conectado: O circo e a tecnologia..........51 Mais de perto: Improvisar e jogar.......................53 Palavra do artista: Rhena de Faria.....................54 Mais de perto: Ouvir e dançar............................55

Linguagem do teatro......................................... 56

A arte da improvisação........................................56 Ação e criação: Improvisando o tema................57

Linguagem da dança........................................ 58

Dançando nas paredes........................................58 Ação e criação: Expressando um movimento.....60

Misturando tudo!.............................................. 60

Linguagem da música...................................... 32

Imagens e cores fantásticas................................45

Expedição cultural......................................................... 61

Sons e lugares....................................................32 Ação e criação: Palavras-sons ..........................33 Compondo, regendo e cantando .........................34

Diário de artista............................................................. 61

Misturando tudo! ............................................. 35

UNIDADE 2

Raízes

Tarsila do Amaral. Abaporu. 1928. Óleo sobre tela. Museu de Arte Latino-Americana, Buenos Aires. © Tarsila do Amaral Empreendimentos Ltda.

Capítulo 1: A FLORESTA............ 64 VEM IMAGINAR!........................................................66 VEM TRAMAR!........................................................... 67

Tema 1 – A floresta dos curumins..................... 68

A arte dos povos indígenas..................................69

Tema 2 – Seres imaginários............................. 70

Híbrida? Hã? Ahhh... ..........................................71

Tema 3 – Balaio de histórias............................ 78

Olhares, tramas e trançados da arte....................79 Mundo conectado: Arte: línguas e histórias........81 Mais de perto: Roda da imaginação...................82 Palavra do artista: Lúcia Hussak van Velthem....83 Mais de perto: Tramas da arte indígena.............84 Palavra do artista: Povo Kaingang.....................86

Linguagem das artes visuais............................ 87

Mito e imagem....................................................87 Realismo mental (imaginação)............................87 Realismo visual (observação)..............................89 Ação e criação: Imagens e imaginários..............89

Linguagem das artes visuais.............................91 Simetrias............................................................91 Simetria espelhada.............................................92 Simetria de translação........................................93 Simetria rotacional..............................................93 Ação e criação: Padrões abstratos.....................94

Misturando tudo!.............................................. 95


Artes que se encontram....................................101

Tema 2 – A canção que vem de lá....................104

O canto do outro lado do mar............................104

Tema 3 – A arte da azulejaria..........................105

Azulejos, simetrias, padrões, abstração, figuração: um caldeirão cultural.......107 Mundo conectado: Um mar de mistérios.........109 Mais de perto: Correntes marítimas.................110 Mais de perto: Teatro jesuítico.........................113 Palavra do artista: Padre Serafim....................116

Linguagem do teatro........................................122

Auto lá!.............................................................122 Palavra do artista: Grupo Cupuaçu..................123 Ação e criação: Mímica em a(tua)ção..............124

Misturando tudo!.............................................126 Expedição cultural....................................................... 127 Diário de artista........................................................... 127

Povos arteiros Capítulo 1: SEMENTES............. 130

Capítulo 2: O REINO................. 158

VEM OLHAR!............................................................ 132 VEM CANTAR!.......................................................... 133

VEM DANÇAR!......................................................... 160 VEM CANTAR!.......................................................... 161

Tema 1 – Mistura cultural ...............................134

Tema 1 – Brincantes ao som do gonguê...........163

O que é cultura? ...............................................135 Mundo conectado: Donos da arte de jogar e da arte de pintar ........136

Tema 2 – As sementes da cultura afrodescendente ................................. 137

A cultura afrodescendente ............................... 138 Mundo conectado: Ancestralidade tecendo histórias ......................139 Palavra do artista: Mestre Didi .......................139

Sons, ritmos e movimento! ...............................164

Tema 2 – Histórias dançadas e cantadas.........165

Mundo conectado: A geografia da dança.........167

Tema 3 – Música de estilos múltiplos..............169

O maracatu do Chico Rei ..................................170 O maracatu moderno........................................172 Mundo conectado: O poeta curioso..................173 Mais de perto: Temas e histórias......................174 Palavra do artista: Mestre Salustiano..............176

Tema 3 – Sincretismo cultural ........................140

Linguagem da música..................................... 177

O que é sincretismo cultural? ...........................140 Mais de perto: Sementes do pensamento .......144 Palavra do artista: Rosana Paulino .................145 Mais de perto: O som da miscigenação ...........146 Palavra do artista: Chico Science ...................146

Linguagem das artes visuais .......................... 147

Risca e rabisca .................................................147 Elementos das linguagens visuais ....................148 Ação e criação: Técnicas mistas e suas materialidades ......................................149 Mundo conectado: As artes abraçam as ciências ...........................153

Linguagem da música.....................................154

Este som é a nossa cara! .................................154 Ação e criação: Vamos criar uma playlist ? .....156

Misturando tudo! ............................................ 157

Odair Fonseca de Souza

Tema 1 – O mar que traz arte...........................100

Azulejo invasor?................................................117 Invader..............................................................117 Coletivo MUDA..................................................118 Azulejo de papel?..............................................118 Palavra do artista: Poro...................................119 Ação e criação: Azulejaria em papel ................121

UNIDADE 3

A música e seus códigos ..................................177 Ação e criação: Criando uma alfaia .................181 Ação e criação: Notação musical ou partitura: para ler e tocar! ... 182 Ação e criação: Cena musical .........................183

Linguagem da dança.......................................185

Dançando no ritmo do maracatu ......................185 Ação e criação: Vamos dançar o maracatu? ....186

Misturando tudo!.............................................188 Expedição cultural....................................................... 189 Diário de artista........................................................... 189

Páginas finais Ampliando: Índice remissivo, 190 Referências, 191 Arte na web, 191 Livros, 192

Guilherme Kramer. 2011. Técnica mista sobre papel. Coleção particular.

VEM CRIAR!...............................................................98 VEM ENCENAR!.........................................................99

Linguagem das artes visuais............................117

Tarsila do Amaral. Abaporu. 1928. Óleo sobre tela. Museu de Arte Latino-Americana, Buenos Aires. © Tarsila do Amaral Empreendimentos Ltda.

Capítulo 2: A CARAVELA.................96


UNIDADE 1

2

Arte: cada um tem a sua A arte apresenta mensagens e sensações. Há imagens em grandes formatos e palavras que são sons. A arte está em todos os lugares, cada um pode criar a sua. Ela faz parte da vida, e a sentimos ao ver, ouvir, cantar, dançar, encenar...

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Trajetórias para a arte: ¡ Capítulo 1 / #Arte ¡ Capítulo 2 / O lugar da arte Crédito das imagens: Abertura. Marcelo Cipis; 1. Editoria de arte; 2. Odair Fonseca de Souza; 3. Cia. de Dança Deborah Colker/J.E. Produções; 4. David Siqueiros. 1952-1956. Mural. Universidade Nacional Autônoma do México. Foto: Patrick Escudero/Hemis/Corbis/Latinstock; 5. Haas&Hahn; 6. Melquíades Junior; 7. Candido Portinari. 1957. Óleo sobre tela. Coleção Particular. Reprodução autorizada por João Candido Portinari; 8. Eskemar/Shutterstock/GlowImages. 4

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Capítulo 1

#ARTE Arte e você em: ¡¡ Arte: criar e sentir ¡¡ Mensagens ¡¡ Sensações ¡¡ Linguagem das artes visuais ¡¡ Linguagem da música

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Candido Portinari. 1952-1956. Óleo sobre madeira. 140,5 3 95 cm. ONU, Nova Iorque. Reprodução autorizada por João Candido Portinari

Crianças cantando. Detalhe da imagem do painel Paz, de Candido Portinari, 1952-1956. Painel a óleo e madeira compensada, 1 400 cm × 953 cm (irregular) (aproximadas). Obra criada especialmente para a sede da Organização das Nações Unidas (ONU), Nova York, EUA.

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VEM OLHAR! Candido Portinari. 1952-1956. Óleo sobre madeira. 140,5 3 95 cm. ONU, Nova Iorque. Reprodução autorizada por João Candido Portinari

Leia o texto e observe a imagem a seguir.

Paz, de Candido Portinari, 1952-1956. Painel a óleo e madeira compensada, 1 400 cm × 953 cm (irregular) (aproximadas).

Cada um tem um jeito de ver. É sempre uma aventura olhar, perceber... cores, linhas, formas... Luzes em tons claros ou mais escuros... Onde estão? Qual é a sua forma de olhar? De cima para baixo? De baixo para cima? De um lado ao outro? Vem olhar! O que há para descobrir nesta imagem? As pessoas e os outros animais estão em algum lugar. Onde será? Crianças brincam. De que será? Crianças em coro a cantar. Há uma música no ar. É uma festa? Tem gente que dança. É festa de cavalo-marinho ou de boi-bumbá? É viver um dia de cada vez? O que lhe parece? Tem emoção? Quem sente? Tanta cor usada por esse pintor, só para o nosso olhar... Somos muitos, cada um tem um jeito de ser e de fazer. Na arte, cada um tem a sua maneira de criar, olhar, sentir, cantar, encenar...

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VEM CANTAR! Leia a letra de música a seguir.

Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar Shimbalaiê, toda vez que ele vai repousar (2x) Natureza, deusa do viver A beleza pura do nascer

Kirillov Igor/Shutterstock/Glow Images

Shimbalaiê

Uma flor brilhando a luz do sol Pescador entre o mar e o anzol Pensamento tão livre quanto o céu Imagino um barco de papel Indo embora pra não mais voltar Tendo como guia Iemanjá Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar Shimbalaiê, toda vez que ele vai repousar (2x) Quanto tempo leva pra aprender Que uma flor tem vida ao nascer Essa flor brilhando à luz do sol Pescador entre o mar e o anzol Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar Shimbalaiê, toda vez que ele vai repousar (2x) [...] Trecho da letra da música Shimbalaiê, de Maria Gadú. Editora: Som Livre Edições Musicais.

Shimbalaiê... que palavra será esta? Você já a viu em algum dicionário? Será uma palavra da nossa língua portuguesa ou de outra conversação? Será que é nome de coisa, de natureza, de gente? Ou será o nome de um som? Tudo na arte precisa de uma explicação ou tem arte que é pura invenção?

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Tema 1

Arte: criar e sentir Leia este trecho da letra de música. A paz Invadiu o meu coração De repente, me encheu de paz Como se o vento de um tufão Arrancasse meus pés do chão Onde eu já não me enterro mais [...] Trecho da letra da música A paz. GIL, Gilberto; DONATO, João. A paz. Intérprete: Gilberto Gil. In: _____. Gilberto Gil Unplugged. Rio de Janeiro: Warner Music Brasil, 1994. CD. Faixa 7.

A arte faz parte da vida de todos os povos do mundo, assim como o desejo de paz. Cada povo tem seu modo de criar a arte, assim como o de pedir pela paz. O significado da palavra paz pode ser expresso em muitas línguas, mas em cada uma é escrito de modo diferente. Em países em que se fala a língua árabe escreve-se paz como salam; na Alemanha, o desejo pela paz mundial pode ser expresso pela palavra friede; na China, escreve-se heping; no Egito, hetep; onde se fala hebraico, é shalom. Nos países de conversação em língua inglesa, fala-se peace; na França, o nome é paix. Mundo afora, todos têm uma palavra especial para esse desejo que o pintor brasileiro Candido Portinari (1903-1962) um dia se dedicou a pintar: a paz.

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Inspirações e expressões Os artistas criam inspirados por aquilo que toca os seus sentimentos. Às vezes, são temas ligados à sua vida pessoal, como lembranças, experiências, ideais. Em outras situações, eles podem expressar os dramas, desejos e sonhos de muitas pessoas. Ao apreciarmos uma pintura ou ouvirmos uma música, por exemplo, podemos ter vários pensamentos, lembrar histórias, acontecimentos; ou relacionar imagens e sons a mensagens, a ideologias... Podemos também imaginar mundos fantásticos ou nos lembrar de algo que já experimentamos, sentir emoções ou ter sensações, enfim, o contato com a arte nos permite múltiplas interpretações. Cada um tem seu jeito de olhar, de ouvir, de sentir. Não existe apenas um modo de sentir ou interpretar obras artísticas. Artistas criam com base em suas intenções, emoções, sensações, do seu contato sensível com o mundo. Podemos transmitir mensagens por meio da arte ou expressar nossa maneira de sentir o mundo em algum momento da nossa vida. Há muitas formas de criar arte. Observando a reprodução da pintura de Portinari e da letra de música da compositora e cantora Maria Gadú (1986), o que você pensa sobre as formas de criar e sentir a arte?

„„ De que tipo de imagens e músicas você gosta mais? „„ Lembre-se de uma música especial para você. Ao ouvi-la, que sensações e emoções você tem? Que tal uma pesquisa para descobrir mais sobre essa composição musical? „„ Escolha uma das imagens que chamam sua atenção no dia a dia e reflita: • Que pensamentos e lembranças ela lhe provoca? • Em sua opinião, o que essa imagem expressa? „„ Uma pesquisa sobre essas imagens pode trazer mais revelações. Vamos investigá-las?

Candido Portinari. 1952-1956. Óleo sobre madeira. 140,5 cm 3 95 cm. ONU, Nova Iorque. Reprodução autorizada por João Candido Portinari

Detalhe do painel Paz, de Candido Portinari, 1952-1956. Painel a óleo e madeira compensada, 1 400 cm 3 953 cm (irregular) (aproximadas).

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Mensagens

AMPLIANDO Ditadura militar é um sistema político em que os comandos militares se autodeclaram líderes do governo, na maioria dos casos, por meio de um golpe. Tem como características principais o autoritarismo e a suspensão dos direitos das pessoas. Quem assume esse tipo de governo é indicado pelos líderes militares e, geralmente, está ligado à liderança do Exército. No Brasil, tivemos esse tipo de regime entre os anos de 1964 e 1985. Performance é a linguagem da arte que se utiliza de diversos elementos de outras áreas (música, teatro, dança, artes visuais, artes audiovisuais, tecnologias, entre outros) para criar uma forma específica de arte com apresentações e experimentos estéticos ao vivo ou que envolvam uma ação elaborada.

Há propostas artísticas nas quais, para que possamos compreendê-las, sentir sua mensagem ou as sensações que possibilitam despertar, é necessário mais que apreciá-las de longe. É preciso participar delas. Vale até entrar literalmente nessa forma de arte. Como isso é possível? Vamos ver. O artista, nesse caso, faz o convite ao público e propõe uma experiência, que é aceita por quem quer participar. Trata-se de uma forma de compartilhar o processo criativo e artístico. Vamos conhecer uma performance assim?

Participando da arte Observe a imagem a seguir. Paula Pape

Tema 2

„„ Ao conhecer a performance realizada pela artista Lygia Pape, o que você compreendeu sobre arte contemporânea? „„ Como a linguagem da performance pode propor mensagens sobre a paz, direitos humanos ou outro tema atual?

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Registro em fotografia da performance Divisor, de Lygia Pape, 1968. Pano de algodão com fendas, 20 m 3 20 m. Na obra Divisor, da artista brasileira Lygia Pape (1927-2004), realizada pela primeira vez em 1968, um grande manto branco com fendas foi usado para que as pessoas pudessem participar e viver a experiência de criar juntas. Na época, o Brasil estava em uma ditatura militar, que não permitia às pessoas se expressar livremente. A performance espalhou uma mensagem de união e liberdade.


Pablo Picasso. 1937. Painel. Óleo sobre tela. 349,3 cm 3 776,6 cm. Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia. Foto: Bridgeman Images / Easypix Brasil © Succession Pablo Picasso / AUTVIS, Brasil, 2015.

AMPLIANDO

Guernica, de Pablo Picasso, 1937. Óleo sobre tela, 3,8 m × 7,8 m. Os horrores da guerra povoam essa pintura. Será que o artista deixou expresso o seu desejo de que cenas como essas não se repetissem? Olhando para a imagem de Guernica com atenção, qual é a sua opinião? Com o seu jeito de olhar, observe, descreva, analise, pense sobre as imagens dentro da obra de Picasso.

Alain Guerra e Neraldo de La Paz. Indradhanush Over the Mersey. 2008. Escultura com vários objetos. Coleção particular. Cortesia de Guerra de La Paz.

No período imediatamente anterior e durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), diversos conflitos internos e entre alguns países afetaram a vida de muitos. Em uma cidade da Espanha, por exemplo, em um dia aparentemente normal, bombas começaram a cair do céu. Em 1937, o artista espanhol Pablo Picasso (1881-1973) criou a pintura conhecida como Guernica, nome da cidade bombardeada. Atualmente, muitos materiais podem ser usados para expressar ideias e desejos por meio da arte. Os artistas cubanos Alain Guerra (1968) e Neraldo de La Paz (1955) criam esculturas e instalações utilizando retalhos de tecidos e roupas coloridas. Exploram as cores do arco-íris como mensagem sobre o respeito à diversidade, além de criticar as guerras e suas motivações. As palavras Guerra e Paz fazem parte do nome dos artistas. Veja uma das obras desses artistas a seguir.

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A instalação é uma linguagem artística contemporânea que utiliza diversos meios e suportes – por vezes, tecnológicos –, e que permanece disponível ao público durante certo tempo. Depois, ela é desmontada, restando seu registro em fotografias, vídeos e catálogos.

Muitas obras marcaram a história pela força expressiva de suas imagens. É o caso de Guernica, de Pablo Picasso. Pesquise mais sobre esse artista e essa obra. „„ Por que ele criou essas imagens? „„ O que o inspirou ou o motivou? Peça ajuda a seus professores de Arte e de História.

Indradhanush Over the Mersey, de Guerra de La Paz (Alain Guerra e Neraldo de La Paz). Escultura com roupas encontradas em lixões e recicladas, 304 cm 3 609 cm 3 244 cm. Cortesia dos artistas.

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MUNDO CONECTADO „„Arte e atitude

Candido Portinari. 1952-1956. Óleo sobre madeira. 140,5 3 95 cm. ONU, Nova Iorque. Reprodução autorizada por João Candido Portinari

Os painéis Guerra e Paz, pintados por Candido Portinari, quando não estão em exposição pelo mundo, ficam na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, nos Estados Unidos. Fundada em 1945, a ONU foi criada após a Segunda Guerra Mundial para compreender e desenvolver ações tanto nas negociações de conflitos quanto na defesa de direitos humanos, além de organizar e promover campanhas mundiais de cultura pela paz. Na seção Vem olhar!, você observou o painel Paz. Veja, agora, o painel Guerra. Você já presenciou alguma briga na escola? Já sofreu ou percebeu alguma injustiça? O que você faz quando seus amigos estão envolvidos em algum conflito? Que tal criar uma sede da ONU na sua escola? Essa pode ser uma proposta para trabalhar a promoção da paz por meio da arte. Alunos, professores e membros da comunidade podem participar. Vocês podem criar desenhos, pinturas, músicas, danças, peças teatrais, performances, elaborar estatutos da paz, entre outras ideias. Guerra, de Candido Portinari, 1952-1956. Painel a óleo e madeira compensada, 1 400 cm 3 1 058 cm (irregular) (aproximadas). Obra criada para a sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, EUA.

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Detalhe do painel Paz, de Candido Portinari

MAIS DE PERTO  „„Olhar e ver

Você consegue identificar o estilo de vida em situações de paz e de guerra? Que diferenças há entre essas realidades?

Coro de crianças. Detalhe da imagem do painel Paz, de Candido Portinari, 1952-1956. Painel a óleo e madeira compensada, 1 400 cm 3 953 cm (irregular) (aproximadas). Detalhe do painel Paz, de Candido Portinari

Vamos observar novamente a imagem do painel Paz, de Portinari, na seção Vem olhar! O que você vê? Como você percebe a mensagem “paz”? O que a arte de Candido Portinari diz a você? Agora, observe os detalhes. Olhe a sua volta na sala de aula. Você já notou que seus colegas são diferentes de você? Nos detalhes do painel Paz, de Portinari, vemos imagens que mostram pessoas trabalhando, dançando, crianças brincando. Nesse painel, o artista nos apresenta uma visão de vida em tempos de paz. Agora, observe na página ao lado a reprodução do painel Guerra, feito por esse mesmo artista. Ambas as pinturas costumam ser mostradas juntas. Por que será?

Mulheres dançando em detalhe da imagem do painel Paz, de Candido Portinari, 19521956. Painel a óleo e madeira compensada, 1 400 cm 3 953 cm (irregular) (aproximadas).

„„Ouvir e cantar Na sua opinião, o que é preciso para criar a letra para uma música? Em uma entrevista, Maria Gadú disse que quando criou a sua primeira composição, Shimbalaiê, “estava despretensiosamente feliz” (disponível em: http://ftd.li/az7pp6>. Acesso em: 5 mar. 2015). Que tal criar um caderno com as suas músicas preferidas? Faça desenhos enquanto as ouve ou crie imagens para descrever as sensações que elas lhe provocam. Inclua comentários de outras pessoas em relação às músicas de que você gosta. Será que todo mundo tem o mesmo gosto musical? „„ Será que as canções criadas pelos artistas refletem suas emoções? E os sons que ouvimos, também influenciam nossas emoções? „„ Que sons você gosta de ouvir? E de quais sons você não gosta?

„„ Em relação às músicas que você gosta de ouvir, se fosse enviar uma delas de presente a um amigo ou amiga, por e-mail, via redes sociais ou gravada em um CD ou pen drive, qual seria?

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1956. Francesco Florian Steiner. Coleção Particular. Reprodução autorizada por João Candido Portinari

Candido Portinari (1903-1962) Candido Portinari (1903-1962) foi um artista plástico brasileiro cuja obra é muito importante. Nasceu em Brodowski, interior do estado de São Paulo. Nos temas de sua arte, ele retratou o povo brasileiro em cenas de trabalho, brincadeiras e festas. Também registrou a tristeza dos retirantes de uma terra a outra. Alegria e tristeza foram representadas com diversas cores e formas nas telas do pintor. Portinari trabalhou nos painéis Guerra e Paz entre os anos de 1952 e 1956. O lugar de destino dessas obras foi a sede da Organização das Nações Unidas (ONU), na cidade de Nova York, nos Estados Unidos da América. Muitos anos depois, essas pinturas também foram expostas em outras partes do mundo, inclusive no Brasil. Portinari costumava dizer que os artistas brasileiros precisavam olhar para sua gente. Para ele, era importante usar a arte para falar em favor das pessoas que sofriam com a pobreza, a violência ou por outros motivos sociais. Candido Portinari, 1956.

VEJA ARTE Traçando arte: Candido Portinari. Série de programas da TV Rá Tim Bum. Direção de Mário Sérgio Cardoso. São Paulo: TV Rá Tim Bum, 2009. (7 min). Disponível em: <http:// ftd.li/52vqwm>.

Não pretendo entender de política. Minhas convicções, que são fundas, cheguei a elas por força da minha infância pobre, de minha vida de trabalho e luta, e porque sou um artista. Tenho pena dos que sofrem, e gostaria de ajudar a remediar a injustiça social existente. Qualquer artista consciente sente o mesmo. Candido Portinari, 2003. Depoimento dado ao poeta Vinicius de Moraes e publicado postumamente, em março de 1962. PORTINARI, Candido. Guerra e Paz. In: BALBI, Marilia. Portinari: o pintor do Brasil. São Paulo: Boitempo, 2003. p.12.

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Jorge Rosenberg/LatinContent/Getty Images

Maria Gadú (1986) Maria Gadú nasceu em São Paulo e desde criança faz suas próprias composições musicais. Ela disse que aprendeu a cantar com sua avó, que foi cantora lírica. Uma de suas canções é em homenagem a sua avó, Dona Cila. Gadú começa a fazer shows ainda na adolescência. Considerada uma das revelações da música popular brasileira, compõe a maioria das músicas que canta, mas também interpreta canções de outros músicos da nossa música popular. Costuma dizer que não tem preconceitos e ouve muitos estilos. Estuda música em casa, tocando seu instrumento preferido, o violão. Gosta de experimentar diferentes ritmos e gêneros de música do Brasil e de outras partes do mundo. Às vezes, faz experiências e mistura sons e ritmos. Em seus shows, Maria Gadú já apresentou ritmos de maracatu, samba, reggae e pop. Também já gravou canções em francês e inglês. Costuma dizer que a pesquisa é importante para criar na linguagem da música:

Cantora e compositora Maria Gadú em show do projeto Mulheres do Brasil (Mulheres Brasileiras), em São Paulo, 30 abr. 2010.

Ouço de tudo. Sem preconceito algum [...]

OUÇA ARTE

Gosto de pesquisar, fuçar aquilo que não está

Shimbalaiê. Intérprete e

ao alcance de todos. [...]

autora: Maria Gadú. Disponível em: <http://ftd.li/bmdora>.

Fonte da pesquisa e da citação [entrevista de Maria Gadú à revista Época]. Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/ Revista/Epoca/0,,EMI8928515220,00-GRAVAR+UM+DISCO+PARA+ AS+PESSOAS+GOSTAREM+OU+FICAR+FAMOSO+E+UMA+ GRANDE+BESTE.html>. Acesso em: 5 mar. 2015.

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Tema 3

Sensações Mariana Waechther

Leia este trecho da letra de música.

[...] Quanto tempo leva pra aprender Que uma flor tem vida ao nascer Essa flor brilhando à luz do sol Pescador entre o mar e o anzol Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar Shimbalaiê, toda vez que ele vai repousar [...] Trecho da letra da música Shimbalaiê, de Maria Gadú. Editora Som Livre Edições Musicais.

Que som o som das coisas tem? Os sons das músicas podem nos provocar sensações? Podemos imaginar o nome dos sons? Brincar de criar palavras para eles?

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Foi isso que uma menina chamada Maria Gadú fez aos 10 anos de idade. Um dia, ao olhar para o mar no momento do pôr do sol, ela brincou de criar palavras. Shimbalaiê é uma palavra que, segundo Maria Gadú, não tem um significado descrito em dicionários. Há até palavras parecidas, mas não têm ligações com essa criada pela artista.

Criações e significados Na música brasileira, vários compositores criam palavras sem um significado concreto. São sons conhecidos como “sons onomatopaicos”, “palavras-sons”. Por exemplo, sons que podem nos trazer a sensação de ter um animal por perto:

OUÇA ARTE Bicharia. Intérprete: Chico Buarque e Trapalhões. Autores: Luiz Enriquez Bacalov e Sérgio Bardotti (versão: Chico Buarque). Disponível em: <http://ftd.li/bajfs7>.

Au, au, au. Hi-ho, hi-ho Frosa

Miau, miau, miau, cocorocó. [...] Trecho da letra da música Bicharia. BARDOTTI, Sérgio; ENRIQUEZ, Luiz. Bicharia. Intérprete: Coro infantil. In: CHICO BUARQUE. Os Saltimbancos. Adaptação de Chico Buarque de Holanda. Rio de Janeiro: Phonogram, 1977. LP. Faixa 1.

[...]

Frosa

Certas sonoridades expressas em palavras podem nos levar a entrar em contato com ritmos e sensações na música. O compositor e cantor baiano João Gilberto (1931) criou a música Bim Bom em 1958, que tem as palavras-sons assim:

Bim bom bim bim bom bom Bim bom bim bim bom bim bim É só isso o meu baião E não tem mais nada não [...] Trecho da letra da música Bim Bom. GILBERTO, João. Bim Bom. Intérprete: João Gilberto. In: _____. Chega de saudade. Rio de Janeiro, 1958. 78 rpm. Lado B.

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Frosa

O cantor e compositor carioca Jorge Ben Jor (1945), para contar a história originária da Índia sobre o amor de um príncipe por sua princesa, criou um refrão bem animado:

[...] Taj Mahal Dê dê dê, dêdêredê Dê dê, dêdêredê Dê dê, dêdêredê Dê dê... [...] Trecho da letra da música Taj Mahal. BEN JOR, Jorge. Taj Mahal. Intérprete: Jorge Ben Jor. In: _____. Ben. Rio de Janeiro: Philips Records, 1972. LP. Lado B, faixa 5.

Frosa

Outras músicas usam palavras que estão dicionarizadas, ou seja, que têm significado nos dicionários, para nos lembrar de como são alguns sons:

[...] Quando choca, cocoroca Come milho e come caca E vive reclamando Que está fraca Tou fraca! Tou fraca! Tou fraca! Trecho da letra da música A galinha-d’angola. MORAES, Vinicius; TOQUINHO. A galinha-d’angola. Intérprete: Ney Matogrosso. In: [Vários.] Arca de Noé 2. Rio de Janeiro: Ariola, 1980. LP. Faixa 10.

Podemos, ainda, imaginar como são os sons sugeridos pelas músicas. E a chuva? Que som tem? Como você pode escrever esse som? Como você pode inventar “palavras-sons”?

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MUNDO CONECTADO

Eskemar/Shutterstock/GlowImages

Documentário de Marcela Lordy. Ouvir o Rio: Uma Escultura Sonora de Cildo Meireles. Brasil, 2012. Foto: Janice d’Ávila

„„A voz dos rios Você já prestou atenção no som das águas? Mar, rios, chuva ou até mesmo o som das torneiras da sua casa? Os sons são iguais? O artista carioca Cildo Meireles (1948) resolveu viajar pelo Brasil à procura de mais sonoridades vindas das bacias hidrográficas do nosso país. Para apresentar sua pesquisa, o artista cria instalações com nome RIO:OIR (desde 2011) usando os arquivos sonoros, registros de suas viagens. Imagine entrar em uma sala escura e ouvir diferentes sons das águas brasileiras? Mais uma pesquisa interessante é observada em outra sala, na qual os visitantes podem ouvir risos de pessoas de várias partes do Brasil. Com base nos arquivos de imagens e sons do artista, a cineasta paulista Marcela Lordy dirigiu o documentário Ouvir o rio: uma escultura sonora de Cildo Meireles, lançado em 2012. No filme, além das águas dos rios, são mostrados sons e imagens de águas vertendo de torneiras, sons da chuva, água em piscinas e outros registros, assim como paisagens e risos das pessoas encontradas nesses caminhos. Inicialmente, a intenção do artista era criar produções artísticas que provocassem novas experiências no público, despertando a atenção para essas sonoridades e para as percepções e sensações que surgissem. Então, durante a viagem, o artista e sua equipe perceberam os problemas com a degradação da natureza. Observaram, lado a lado, a beleza das paisagens e as situações de descaso com a preservação desse bem natural que é a água. O que você pensa sobre essa situação? Em sua cidade, as autoridades e a população estão cuidando das nascentes, dos rios e reservatórios? Que tal realizar uma pesquisa com seus colegas e professores? Grave os sons das águas em sua região. Você pode usar até um celular para capturar sons de torneiras, chuveiros ou da chuva. Traga esses e outros sons de água para a escola, ouça, crie desenhos e palavras-sons com base em suas pesquisas. Essas pesquisas podem ser maneiras de criar sensações por meio da arte com base em sons e imagens. Imagem do documentário Ouvir o rio: uma escultura sonora de Cildo Meireles, sobre o processo de criação da obra RIO:OIR, na qual esse artista plástico brasileiro registra a busca do som das principais bacias hidrográficas brasileiras. Direção de Marcela Lordy, 2012. 89 min.

„„ Você já havia ouvido falar em escultura sonora? „„ Que tal pesquisar mais sobre esta linguagem da arte? „„ E sobre arte e ecologia? Que relações pode haver entre estes dois assuntos?

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LINGUAGEM DAS ARTES VISUAIS „ Pinturas gigantes em cores e relevos

Rafa Anton

Candido Portinari. 1952-1956. Óleo sobre madeira. ONU, Nova Iorque. Reprodução autorizada por João Candido Portinari

Observe as imagens a seguir.

Jovens observando os painéis Guerra e Paz, obra de Candido Portinari.

AMPLIANDO As produções artísticas de grandes dimensões são aquelas que exploram medidas maiores. Linguagens como a pintura mural, em painéis, grafites, intervenções e outras são exemplos.

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Os murais Guerra e Paz, de Portinari, medem, cada um, aproximadamente quatorze metros de altura e dez metros de largura (14 m × 10 m). Já imaginou estar diante de pinturas gigantes como essas? As produções artísticas de grandes dimensões são aquelas que exploram medidas maiores que o habitual. Os artistas dessas obras buscam suportes que possam atender a esse fim. Suportes são as superfícies em que podemos criar diferentes trabalhos artísticos, como paredes, madeira, folhas de papéis, tecidos, pedras, telas, materiais tecnológicos. Até mesmo o próprio corpo humano pode ser considerado um suporte. No mundo da arte, o suporte pode ter infinitas possibilidades. Alguns podem ser enormes, como murais, painéis, paredes, muros, trens, aviões, cilindros de concreto, entre outros.


„ Suportes bidimensionais e tridimensionais

LEIA ARTE Arte para crianças: entre no incrível universo das mais belas pinturas e esculturas do mundo, de

Diego Rivera Painting Mural (Diego Rivera pintando mural), foto de Manuel Álvarez Bravo, 1939.

Toni William Crosss

Para pintar os painéis Guerra e Paz, Portinari precisava subir em escadas de vários tamanhos.

1939. Coleção particular. Foto: Everett Collection Inc/Courtesy CSU Archive/Easypix © Banco de Mexico Diego Rivera & Frida Kahlo Museums Trust, Mexico, D.F. / AUTVIS, Btasil, 2015

Dorling Kindersley. São Paulo: Publifolha, 2010.

1955. Coleção Particular. Reprodução autorizada por João Candido Portinari

Os suportes podem ter formatos bidimensionais ou formas tridimensionais. O que são suportes bidimensionais ou tridimensionais? Bidimensionais são os suportes que possuem altura e largura (são duas dimensões, por isso chamados bidimensionais). Tridimensionais são suportes cujo formato pode ser medido por sua altura, largura e profundidade (apresentam três dimensões, por isso tridimensionais). Para produzir essas obras gigantescas, além de pincéis e tintas, os artistas precisam também de escadas, andaimes e até guindastes. Observe as imagens a seguir.

Grafite em parede de prédio feito pelo grupo Objetos Pixadores Não Identificados (OPNI), da Zona Leste da capital de São Paulo. O grupo tem vários projetos de inclusão social por meio das artes, principalmente do grafite.

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El pueblo a la Universidad y la Universidad al pueblo (O povo na universidade e a universidade para o povo), de David Alfaro Siqueiros, 1952-1956. Mural no edifício administrativo da Universidade Nacional Autônoma do México (Unam), no campus Cidade do México.

Homem, Controlador do Universo, de Diego Rivera, 1934. Óleo sobre tela, 4,80 m × 11,45 m. Mural no Palácio de Belas Artes, na Cidade do México.

AMPLIANDO O Movimento Muralista Mexicano nasce no início do século XX, no México. Motivados pelas ideias socialistas, os artistas mexicanos criaram imagens em grandes dimensões, preferencialmente em espaços públicos, com a intenção de dialogar com as pessoas e tornar a arte mais acessível a todos.

Será essa obra de Siqueiros uma pintura tridimensional ou a mistura entre bi e tridimensional?

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Observe a pintura Homem, Controlador do Universo (1934), do artista mexicano Diego Rivera (1886-1957). Será uma obra bidimensional? Agora, compare-a com a obra de outro artista mexicano, David Alfaro Siqueiros (1896-1974). Que diferença há entre essas duas pinturas? As imagens mostram obras e artistas que fizeram parte do Movimento Muralista Mexicano. O artista Siqueiros, além de criar muitas pinturas bidimensionais, também fez experiências com enormes painéis conhecidos como “escultopinturas”. O que isso quer dizer? A escultura é uma linguagem artística tridimensional. A pintura teve por certo tempo, na história da arte, a tradição de ser bidimensional. Artistas como Siqueiros, porém, criaram pinturas em que as formas saltam do suporte. Para criar a obra O povo na universidade e a universidade para o povo (iniciada em 1952 e inaugurada em 1956), o artista utilizou a técnica de modelagem em concreto para fazer as figuras em relevo e depois as pintou. Assim, podemos, ao primeiro olhar, considerar que se trata de mais uma das pinturas bidimensionais desse artista. No entanto, olhando mais atentamente, vemos que essa imagem pode ter tanto altura e largura quanto profundidade.

Diego Rivera. 1934. Cidade do México. Foto: Lonely Planet Images/Getty Images. © Banco de Mexico Diego Rivera & Frida Kahlo Museums Trust, Mexico, D.F. / AUTVIS, Btasil, 2015

David Siqueiros. 1952-1956. Mural. Universidade Nacional Autônoma do México. Foto: Patrick Escudero/Hemis/Corbis/Latinstock

Agora, observe estes exemplos de obras de arte de grandes dimensões.


Fotos: Haas&Hahn

Imagem do projeto Favela Painting, de Jeroen Koolhaas e Dre Urhahn, conhecidos como Haas & Hahn, que promovem grandes pinturas nas favelas do Rio de Janeiro desde 2005, como estas pinturas no Morro Santa Marta.

Atualmente, vários artistas têm se dedicado a criar as chamadas pinturas em 3D (três dimensões ou tridimensionais). Observe a imagem acima. Os holandeses Jeroen Koolhaas e Dre Urhahn, conhecidos como Haas & Hahn, promovem grandes pinturas nas favelas do Rio de Janeiro desde 2005, como as pinturas nas comunidades do Morro Santa Marta e da Vila Cruzeiro. Utilizando a linguagem dos grandes formatos e a tridimensionalidade das construções e do morro, a pintura colorida foi executada ao redor das casas da praça e parte da rua. Moradores receberam treinamento e, junto com Haas & Hahn e artistas locais, criaram uma obra de arte de 7 000 metros quadrados que abrange mais de 34 casas, tornando-se uma das maiores atrações dos morros cariocas. Nesta outra imagem, uma escadaria da favela mudou drasticamente de visual após receber desenhos com correntes de água e carpas gigantes formando um grande rio. A arte gráfica da pintura, inspirada na estética tradicional japonesa, foi concebida pelo mestre tatuador holandês Rob Admiraal.

Imagem do projeto Favela Painting, dos holandeses Haas & Hahn. O Rio Cruzeiro, na Vila Cruzeiro, concluído em 2008, situava-se em uma enorme estrutura de concreto construída para conter deslizamentos de terra em períodos de chuva. Os jovens da comunidade ajudaram no projeto e foram remunerados por isso. A pintura, inspirada em uma arte tradicional japonesa, foi concebida pelo mestre tatuador Rob Admiraal.

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AÇÃO E CRIAÇÃO „ Grandes formatos Vamos criar usando suportes grandes? Você pode escolher trabalhar em superfícies bidimensionais ou com formas tridimensionais.

Suportes tridimensionais Ilustrações: Leonardo Conceição

Suportes bidimensionais

1 Para criar em suportes bidimensionais, chame os colegas para fazer pinturas coletivas. Forme um painel com várias folhas de papel (cartolina branca, por exemplo) usando fita adesiva.

1 Para criar obras em grandes formatos usando suportes tridimensionais, você e os colegas podem conseguir caixas grandes de papelão (descartadas por lojas de comércio).

2 Aplique as fitas apenas de um lado.

3 Depois, vire a parte sem fita para pintar. Esse será seu suporte!

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2 Se estiver usando papel reciclável, prepare a base da pintura com duas demãos de tinta látex branca.


„ Criando “escultopinturas”

Fotos: Xica Lima

Para criar pinturas com volumes ou efeitos em tridimensionalidade, você pode usar tintas com relevo, que crescem com o calor, ou colar objetos sobre um suporte e depois pintá-los. Há tintas com relevo prontas e receitas caseiras de como fazê-las (nesse caso, será necessário o acompanhamento de um adulto). Pesquise na internet em sites de confiança e solte a criatividade.

1 Agrupe os materiais necessários.

4 Use uma cor de cada vez.

2 Aqui foi usada espuma expansiva em spray.

5 Lave o pincel ao mudar de cor de tinta.

3 Crie as formas que desejar e comece a pintar.

6 Pronto, você criou a sua escultopintura!

PROCEDIMENTOS ARTÍSTICOS AMPLIANDO Procedimentos artísticos são as ações realizadas pelos artistas por meio dos atos de pintar, desenhar, gravar, esculpir, modelar, cantar, tocar, encenar, entre outras possibilidades de linguagem das artes. Cada linguagem artística pode exigir de quem faz a arte vários procedimentos e etapas para seguir ou explorar. A maneira de fazer de cada artista (ou grupo) também pode ser singular e estar atrelada a sua poética pessoal ou a de um grupo.

Para fazer arte, você, além de escolher assuntos, estilos ou temas, precisa conhecer os materiais com os quais trabalha e também saber usá-los para tirar o melhor proveito deles. Chamamos essas ações de procedimentos artísticos. Se o suporte for papel, você pode usar tinta guache para criar suas obras em grandes formatos. Que tal fazer suas próprias tintas? Para fazer tinta plástica, coloque cola branca em um copo descartável (cerca de 150 mL), pingue seis gotas de anilina consumível líquida (escolha uma cor de sua preferência). Misture e deixe à parte. Faça o mesmo para as demais cores. Com várias cores produzidas, você e os colegas podem fazer novas misturas para conseguir variedades de tons. O mesmo procedimento pode ser feito usando como base cola de farinha de trigo ou tinta látex branca (nesse caso, use corantes apropriados, vendidos em casas de materiais de construção).

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LINGUAGEM DA MÚSICA „„Sons e lugares

Melquíades Junior

Você já notou que sempre estamos ouvindo alguma coisa? O mundo não é silencioso. Mesmo quando estamos em locais muito tranquilos, ouvimos algum tipo de som. Desde que nosso aparelho auditivo esteja saudável, estamos expostos ao mundo sonoro constantemente, ou seja, nunca paramos de ouvir. Observe a imagem a seguir.

Meninos brincam na praia de Icapuí, Ceará, 2012.

Você já reparou nesse mundo sonoro a sua volta? Sons gerados por elementos da natureza (animais domésticos, pessoas, pássaros, insetos, vento, águas), sons produzidos por coisas inventadas pelos seres humanos (máquinas, carros, instrumentos musicais, utensílios domésticos etc.). E ainda temos a musicalidade de cada região. Esses sons, organizados ou não, naturais ou produzidos, podem marcar as características e a identidade de um lugar. Podemos perceber no meio ambiente e no meio cultural que existem sons que ficam marcados na nossa memória.

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Você percebe os sons característicos de certos ambientes? Existem vários tipos de sons. Podemos tanto percebê-los quanto registrá-los.

Faça um exercício de escuta mais atenta. Preste atenção por alguns instantes nos sons de onde você está e procure percebê-los. „ Há sons que duram mais? „ Outros sons são mais curtos ou pontuais? „ Há sons que se repetem? „ Alguns sons são mais altos (agudos)? „ Outros sons são mais baixos (graves)? „ Você consegue distinguir os sons mais fortes? „ E os sons mais fracos, que quase nem conseguimos ouvi-los?

Os sons podem ser classificados com base no estudo e características das fontes sonoras. Durante nossa vida, temos experiências com inúmeras sonoridades diferentes. Com o tempo, criamos uma espécie de memória sonora. É por essa razão que aprendemos a reconhecer os sons, seja a voz de uma pessoa ou o ruído de um carro ou de um lugar. Assim, aprendemos a perceber parâmetros sonoros que são classificados, de modo geral, em: timbre, intensidade, altura e duração.

AÇÃO E CRIAÇÃO Ilustrações: Leonardo Conceição

„ Palavras-sons

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Vamos criar desenhos e palavras para os sons que percebemos? Caminhe pela escola ou próximo de casa e faça uma coletânea de sons. Por meio de desenhos e palavras-sons, represente, no seu diário de artista, os sons que você descobriu e mostre para os colegas e professores. Lembre-se de que os desenhos se referem ao som (o barulho do motor de um veículo), não à fonte sonora (o veículo em si).

Prefeitura de Diamantina/ASCOM

Compondo, regendo e cantando

Banda Euterpe, de Diamantina, Minas Gerais.

Você sabe o que um regente ou uma regente faz? E um compositor ou compositora, faz o quê? Que importância eles têm para a música? Quem canta uma música ou toca instrumentos é chamado de quê?

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Na linguagem da música, temos o compositor, que cria a peça musical, e os músicos, chamados também de intérpretes, que a executam. O regente ou maestro está entre a música criada pelo compositor e os intérpretes. Ele ajuda os músicos a seguir a proposta musical. O maestro, como profissional da música, é responsável por manter a unidade, orientar os músicos em relação ao tempo, intensidade, ordem de apresentação dos integrantes de um grupo musical. Como regente, também procura garantir a interpretação da música conforme o arranjo musical feito pelo compositor e que foi combinado com todos os músicos, entre outras funções. Assim, há quem cria a música, quem rege e quem interpreta (cantando ou tocando instrumentos), o que não impede que um regente seja também compositor e, por vezes, intérprete.


PROCEDIMENTOS ARTÍSTICOS Vamos experimentar compor, reger e cantar? Combine com a sua turma e os professores. Vamos começar fazendo uma roda, com todos sentados ou em pé. Pronto! Já podemos começar! Uma pessoa será o regente. Outra será o compositor. Todos na roda serão os músicos (intérpretes). Veja o que cada um vai fazer: • compositor – deve criar uma sequência de três ou mais palavras-sons (exemplos: sons em forma de onomatopeia, sussurro, ritmo vocal, som de risada, zumbido, chiados, entre outros); • músicos – seguirão os comandos indicados pelo regente (maestro); • regente – com base na sequência de palavras-sons criada pelo compositor, cabe ao regente, por meio de gestos improvisados, dar sinais de “entrada” e sinais de “saída” para marcar o tempo em que começa e termina a música. O regente pode pedir a alguém da roda que realize a sequência de palavras-sons ou solicitar que isso aconteça com duas, três, quatro pessoas (ou até com a turma toda). Indica por quanto tempo a sequência de palavras-sons será cantada (uma, duas ou mais vezes). Aponta para os participantes da roda, indicando quem começa a cantar as palavras-sons, enquanto os outros ficam em silêncio. Pode dar dicas para algum músico (participante da roda) ou grupo de músicos aplicar maior ou menor intensidade – cantar forte (mais intenso) ou fraco (menos intenso). Cada execução da sequência de sons coordenada pelo maestro deve durar apenas um a dois minutos. Depois, outras pessoas assumem os papéis de compositor, maestro e músicos.

Ao observar a pintura de Portinari e ouvir ou cantar a música de Maria Gadú, o que acontece em seus pensamentos? Será que a arte nos apresenta mensagens ou sensações? O modo como você se expressa por meio de desenhos, escrita, gestos ou oralmente é igual ao de alguém que você conhece? Costumamos nos expressar de modo parecido ou cada um tem o seu jeito? Você considera que na arte também é assim? Sobre quais outros artistas citados neste capítulo você gostaria de saber mais? Das linguagens artísticas estudadas até aqui, de qual você gostaria de aprofundar os conhecimentos?

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Capítulo 2

O LUGAR DA ARTE Arte e você em: ¡¡ Lugares para encenar ¡¡ A rua: lugar de encontros ¡¡ O circo: um lugar especial ¡¡ Linguagem do teatro ¡¡ Linguagem da dança

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Cia de Dança Deborah Colker/J.E. Produções

Apresentação do espetáculo Dínamo, da Cia. de Dança Deborah Colker, grupo brasileiro de dança contemporânea, 2006.

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VEM ENCENAR! Marcelo Kahn

Observe a imagem a seguir.

Registro de cena da peça A Rainha procura..., da Cia. do Quintal, encenada sobre um tabuleiro de xadrez. São Paulo, 2013.

Onde esses personagens estão? Eles estão indo ou voltando? Olhe para um, olhe para outro. Quem tem a expressão mais marota? Quem tem a roupa mais engraçada ou mais engomada? É um lugar de jogar xadrez? Talvez de brincar com vocês, quem sabe? O teatro também é um jeito de jogar. E que jogo será esse que sempre busca um lugar para encenar? Rua, palco, picadeiro... E o pátio da escola? Será que também dá?

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VEM DANÇAR! Acervo do grupo

Observe a imagem a seguir.

Imagem de apresentação de dança de rua da Companhia de Dança Brainstorm, de Curitiba, 2013.

Vem para a rua, vem dançar! Será a rua o lugar de encenar? Ou só o teatro com cenários de rua é o lugar? O que vemos na imagem? Street, em inglês; rua, em português. Arte da rua, arte do mundo, só falta você! Se for na rua, luz do sol é bem-vinda ao espetáculo. Gente na plateia, então, nem se fala! Se for no palco, as luzes são outras, são elétricas, coloridas na iluminação para marcar cada passo, cada ação. Arte que acontece em muitos lugares, basta ser espaço cênico e se forma aí um lugar. Tem passo para cá e passo para lá! Quem se arrisca a dançar? Vem experimentar!

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Tema 1

Lugares para encenar Leia este trecho da letra de música.

[...] Que a arte me aponte uma resposta Mesmo que ela mesma não saiba E que ninguém a tente complicar Pois é preciso simplicidade pra fazê-la florescer Pois metade de mim é plateia [...] Trecho da música Metade. MONTENEGRO, Oswaldo. Metade. Intérprete: Oswaldo Montenegro. In: _____. Oswaldo Montenegro – Ao vivo 25 anos. Rio de Janeiro: Warner, 2004. CD 1. Faixa 7.

Qual é o lugar de fazer arte? Que a própria arte nos aponte uma resposta, como disse Oswaldo Montenegro (1956), músico e poeta brasileiro. Neste capítulo, vamos ver que a arte pode estar em diferentes lugares. Ao andarmos pelas cidades ou em grandes centros urbanos, podemos observar que danças, esculturas ou instalações são vistas constantemente.

Diferentes lugares para a arte Você já assistiu a alguma apresentação de teatro ou dança na rua? Os seres humanos sempre fizeram encenações. Com o passar do tempo, a história mostra que espaços para fazer artes cênicas (teatro, dança ou atividades de circo, entre outras) foram criados especificamente para esse fim. Hoje, as artes cênicas ganharam, além das ruas e dos lugares próprios, outros edifícios e lugares alternativos. Até na escola podemos fazer teatro, dançar, brincar de circo e outras formas expressivas. Podemos inventar um espaço cênico onde julgarmos adequado e seguro para isso. O teatro é uma das linguagens das artes cênicas. Você já fez teatro na escola ou em outro lugar?

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Fotos: ip Archive/Glow Images

A palavra teatro deriva da palavra grega théatron, que significa “lugar de onde se vê”. “Teatro”, assim, pode representar a linguagem artística teatral ou o prédio destinado a apresentações cênicas. Observe as imagens a seguir. Imagine como era apresentar e assistir a peças teatrais, espetáculos de música e dança neste lugar na época dos gregos antigos!

Teatro de Epidauro, na Grécia, 2015. Em sua plateia cabiam até 14 mil pessoas.

„„ Você já assistiu a uma apresentação artística na linguagem do teatro, do circo ou da dança em um espaço público (ruas, praças, shopping ou outro)? „„ Qualquer lugar pode ser adaptado para uma apresentação cênica?

Detalhe do teatro de Epidauro, na Grécia.

„„ Em sua escola, o pátio, os corredores ou o local de entrada podem ser espaços cênicos?

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AMPLIANDO Acústica é uma área estudada pela Física que trata dos sons e dos fenômenos a eles relacionados. Pesquisa, por exemplo, as qualidades de uma sala ou de um local que podem influenciar a percepção de sons. Esse estudo fornece os dados necessários para a utilização dos sons, de seus meios de propagação e efeitos, criando condições arquitetônicas para que o som se espalhe conforme desejado em determinado espaço. Investiga o comportamento do som em diversos recintos e ambientes.

410 a.C. Escultura em mármore. Museu Nacional de Arqueologia. Atenas. SuperStock/Glow Images

Espectadores são as pessoas que assistem a uma produção artística, seja peça de teatro, espetáculos de dança, música ou outro tipo de arte. Dessa palavra nasceu, depois da invenção da televisão, o termo telespectadores.

Espaço cênico construído no século IV a.C. pelo arquiteto grego Policleto (470-405 a.C.), o Teatro de Epidauro caracteriza-se por uma extraordinária acústica. Nesse espaço, que podia acomodar aproximadamente quatorze mil espectadores, um simples estalar de dedos é ouvido até as últimas fileiras. Nas manifestações cênicas da Grécia antiga, a intenção inicial era homenagear o deus grego Dionísio (ou Dioniso), o deus do vinho, das festas e do teatro. As apresentações ocorriam após a colheita das uvas, em forma de rituais para agradecer a esse deus. Observe detalhes desses rituais nas imagens a seguir.

Arte grega antiga mostrando um baixo-relevo em mármore com cena teatral apresentando o rito de Dionísio, 2015. Representa as bacantes, personagens da tragédia de Eurípedes (480-406 a.C.).

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Detalhe da ânfora. Note o registro da colheita das uvas na ilustração.

„„ Ao apreciar as imagens criadas pelos gregos antigos, que histórias você imagina?

Fotos: Séc. XVI a.C. Cerâmica. Museo Nazionale Etrusco di Villa Giulia, Roma. Foto: Photo Scala Florence/Glow Images

„„ Que tal escrever essas histórias em forma de HQ, desenhá-las ou criar cenas teatrais ou de dança sobre esses assuntos?

Ânfora em cerâmica, de Pintor de Príamo. Estilo grego clássico.

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Tema 2

A rua: lugar de encontros Joan Miró. 1950. Óleo sobre tela. Coleção particular. Foto: Dennis Hallinan/Alamy/Latinstock

Observe a imagem a seguir.

Mulher na frente do Sol, de Joan Miró, 1950. Óleo sobre tela, 65 cm × 50 cm.

Agora, vamos pensar um pouco sobre a afirmação a seguir.

LEIA ARTE Joan Miró: o céu contra a guerra, Coleção Folha Grandes Mestres da Pintura. São Paulo: Folha de S.Paulo, 2014.

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Miró, o artista que nos convidou a ver tudo como se fosse a primeira vez Título do artigo escrito por Lucinda Canelas, 2014. CANELAS, Lucinda. Miró, o artista que nos convidou a ver tudo como se fosse a primeira vez. Disponível em: <http://www.publico.pt/ culturaipsilon/noticia/miro-o-artista-que-nos-convidou-a-ver-tudo-como -se-fosse-a-primeira-vez-1622959?page=-1>. Acesso em: 6 mar. 2015.


Imagens e cores fantásticas

Fotos: Odair Fonseca de Souza

A rua e as suas cores tornam-se um espaço de encontro de muitas artes. O teatro de bonecos encanta o olhar do público que assiste, a céu aberto, à arte cênica acontecer. O artista espanhol Joan Miró (1893-1983) inspira o grupo de teatro De Pernas Pro Ar (1988), do Rio Grande do Sul, a criar bonecões gigantes que parecem ter saltado das telas do pintor. É como ver o mundo pela primeira vez em explosão de cores e gestos. Artes visuais e cênicas encontram-se na arte de rua. O grupo de teatro De Pernas Pro Ar vem se apresentando há mais de 25 anos em vários espaços públicos. Sua proposta é estimular os espectadores a entrar em um universo imaginário, repleto de seres coloridos e histórias fantásticas. A música também faz parte desses espetáculos, que misturam diversas linguagens artísticas. Veja exemplos dessas propostas na imagem a seguir.

„„ O grupo de teatro De Pernas Pro Ar observou a obra de Miró e teve a ideia de criar uma peça teatral. O que você achou dessa iniciativa? „„ Imagens feitas por pintores podem ganhar vida com o trabalho dos atores e figurinistas? „„ Que tal pesquisar mais sobre Joan Miró e outros criadores de artes visuais e suas obras? Elabore cenas teatrais e figurinos com base nas imagens que você pesquisar.

Detalhe da peça Mira.

CLIQUE ARTE Imagem do espetáculo Mira, do grupo de teatro De Pernas Pro Ar, em 2014.

De Pernas Pro Ar Grupo de Teatro [Teatro em espaços urbanos]. Site oficial. Disponível em: <http://ftd.li/2exe3e>.

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CLIQUE ARTE Buraco D’Oráculo [Teatro de rua]. Blog oficial do grupo, com biografia, imagens e sinopses dos trabalhos, repertórios e publicações. Disponível em: <http://ftd.li/wsqupf>.

São muitas formas e estilos de encenação. Cada grupo de teatro tem o seu jeito de criar arte de rua. „ Você já participou de uma apresentação assim? „ Será que próximo a sua casa está acontecendo algum espetáculo de teatro de rua?

Seja no palco ou na rua, o fenômeno teatral sempre acontece, trazendo alegria, conhecimento, muitas brincadeiras e estimulando nossos pensamentos. O teatro de rua é produzido em locais exteriores, ao ar livre, como largos e praças, ou ainda em locais não convencionais, como estações de trem e de metrô, mercados, escolas, entre outros. Essa forma de fazer teatro tem suas origens na Antiguidade grega, como vimos, mas continua muito presente nos dias de hoje. Veja alguns exemplos dessas propostas na imagem a seguir. O grupo de teatro Buraco d’Oráculo, com a peça A farsa do bom enganador, apresenta-se pelas ruas de todo o Brasil, proporcionando alegria, encontros e cidadania cultural. Encenada pela primeira vez em 2006, a peça mostra as diferenças e os conflitos das classes sociais, discute o poder e a vaidade das pessoas. Há inúmeros grupos teatrais que têm como proposta a apresentação em espaços não convencionais. Seus atores utilizam o corpo e a voz para se comunicarem com as pessoas de forma livre e democrática, pois a participação do público é direta e espontânea. Esses grupos costumam ocupar as ruas e praças das cidades, transformando-as em espaço de encenação, proporcionando a muitas pessoas a possibilidade de apreciarem essa arte. Acervo do Grupo

Cenas do espetáculo teatral de rua A farsa do bom enganador, da Cia. Buraco d’Oráculo, em São Paulo (SP), 2006.

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O circo: um lugar especial

Tema 3

Leia o trecho da letra de música a seguir.

[...] Vai, vai, vai começar a brincadeira Tem charanga tocando a noite inteira Vem, vem, vem ver o circo de verdade Tem, tem, tem picadeiro de qualidade Faço versos pro palhaço que na vida já foi tudo Foi soldado, carpinteiro, seresteiro e vagabundo Sem juízo e sem juízo fez feliz a todo mundo Mas no fundo não sabia que em seu rosto coloria Todo encanto do sorriso que seu povo não sorria [...] Trecho da letra da música O circo. MILLER, Sidney. O circo. Intérprete: Nara Leão. In: _____. Box Nara Leão. Rio de Janeiro: Universal, 2002. CD Vento de maio, 1967. Faixa 7.

As artes do circo Você já ouviu falar em picadeiro? É um lugar muito especial para as artes circenses. O picadeiro é a parte central, circular, dos circos, na qual se fazem as apresentações. É conhecido também como arena. O circo nos traz a alegria e a arte há muito tempo. É impossível precisar a data de sua criação, porém existem vestígios dessa arte de mais de mil anos. China, Índia e Itália são países onde encontramos indícios do surgimento dessa arte milenar. Um dos mais famosos circos da Antiguidade é o grande Circus Maximus (Circo Máximo, em português). Era uma arena ao ar livre construída em Roma, na Itália, no século VI a.C. Possuía arquibancadas para o público assistir a jogos, acrobacias, engolidores de fogo, malabaristas, entre outras apresentações artísticas, além dos jogos romanos.

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CLIQUE ARTE Reconstrução virtual do Circus Maximus. Veja em 3D uma simulação de como era este local. Disponível em: <http://ftd.li/j8wh5m>.

O Circus Maximus era o local mais antigo de entretenimento em Roma. Conta a história que esse espaço foi destruído por um incêndio, e somente pequenas partes de sua construção foram encontradas. Hoje, o local abriga uma área aberta ao lazer e à visitação. Para substituí-lo, foi construído o Coliseu, uma das mais visitadas construções antigas de Roma. Agora, veja como era e como ficou o local do Circus Maximus.

c. 1600. Gravura. Biblioteca Nacional, Paris. Foto: The Bridgeman Art Library/Easypix

Desenho do antigo Circus Maximus, em Roma, Itália, por volta de VI a.C.

Deposit Photos/StockPhotos/Glow Images

Atual situação das ruínas do Circus Maximus. Fotografia de 2015.

Nas últimas décadas, o circo tem se transformado. No passado, quando uma companhia de circo chegava às cidades, principalmente as menores, era um grande acontecimento. Você já viu algum circo instalando-se próximo a sua casa?

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No Oriente, a tradição circense é milenar. Pinturas chinesas antigas mostram diversas imagens de acrobatas, ilusionistas, contorcionistas e equilibristas apresentando-se em festividades para a antiga realeza. A tradição dos artistas circenses chineses continua até hoje, com a criação de espetáculos de grande beleza, que demonstram extremo equilíbrio e flexibilidade corporal. Em sua origem, todo circo tinha local fixo para suas apresentações. O circo moderno, que vem desde o século XVIII, é diferente, viaja de cidade em cidade à procura de novas plateias e aplausos, indo até onde o público está. De forma itinerante, palhaços, acrobatas, mágicos e equilibristas apresentam-se abrigados pela lona dos circos. Os artistas circenses ainda fazem o encontro e a alegria de muita gente, por todos os lugares do Brasil e do mundo.


Yang Shiyao/Xinhua Press/Corbis/Latinstock

Arno Burgi/dpa/Corbis/Latinstock

Veja exemplos dessas influências nas imagens a seguir.

CLIQUE ARTE Candido Portinari [Pintura]. Site oficial, com linha do tempo, banco de imagens, projetos sobre Portinari, incluindo arte-educação. Disponível em: <http://ftd.li/2xxsv2>. Circo Nacional da China. Saiba mais sobre o Circo Nacional da China em: <http://ftd.li/bgq97g>.

Contorcionistas do Circo Nacional da China em apresentação na Alemanha, 2013.

Equilibristas chineses do Wuqiao International Circus Festival, China, 2011.

LEIA ARTE Contando a arte de Portinari, de Angélica Policeno Fabbri. São Paulo: Noovha América, 2004.

Candido Portinari. 1933. Óleo sobre tela. Coleção Particular. Reprodução autorizada por João Candido Portinari

Candido Portinari. 1957. Óleo sobre tela. Coleção Particular. Reprodução autorizada por João Candido Portinari

O artista Candido Portinari (1903-1962), quando era criança, ficava atento a cenas do dia a dia em sua cidade natal, Brodowski, no interior de São Paulo. Muitas dessas lembranças foram retratadas em suas pinturas. Veja algumas das lembranças de Portinari retratadas nas obras a seguir.

Circo, de Candido Portinari, 1957. Óleo sobre tela, 61 cm × 73,5 cm.

Circo, de Candido Portinari, 1933. Óleo sobre tela, 60 cm × 73 cm.

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José Emílio Perillo/Folhapress

A tradição circense no Brasil vem sendo construída desde o tempo de sua colonização. Essa tradição está ligada ao povo cigano, vindo da Europa. Em seus acampamentos, os ciganos faziam apresentações para a população local. Os espetáculos contavam com domadores de ursos, ilusionismo e exibições com cavalos. Hoje em dia, para proteção e defesa dos animais, seu uso não é mais permitido nos circos. Para suas exibições, os ciganos apresentavam-se em tendas e com teatro de bonecos, entre outros números artísticos. Como era característico ser um povo nômade, os ciganos viajavam de cidade em cidade, até nas mais distantes localidades, adaptando seus espetáculos às condições do lugar. A história registra que o primeiro circo com lona e picadeiro teria chegado ao Brasil vindo da Europa. O Circo Bragassi, erguido no Rio de Janeiro, em 1830, era constituído por uma família com o mesmo nome. Outras companhias circenses e suas lonas chegaram ao Brasil, formadas geralmente por uma família de artistas. Foram esses circos que iniciaram a tradição circense brasileira. Hoje, mesmo com a diminuição dessa tradição artística, ainda encontramos inúmeros circos, de pequenos a grandes, andando e se apresentando pelo país. Veja a imagem de um circo atual a seguir.

Vista externa de circo tradicional de pequeno porte em Laranjeiras, Sergipe, 2008.

Assim é a arte do circo, misturando acrobacias, mágicas, teatro e tantas outras linguagens artísticas. O picadeiro é um espaço cênico privilegiado. Nele acontecem vários eventos incríveis. Por ser itinerante, está sempre mais próximo do público.

„„ E você? Já foi a um circo? „„ Pesquise se há um circo em sua cidade e dê um “pulo lá”. „„ Bom divertimento e tenha um ótimo espetáculo!

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MUNDO CONECTADO „„O circo e a tecnologia

SuperStock/Glow Images

A tecnologia está em todos os lugares. Na arte não é diferente. Até ao circo a tecnologia chegou. A união das apresentações de palhaços, malabaristas, trapezistas, ilusionistas, contorcionistas e outros artistas com a tecnologia, nos espetáculos circenses modernos, transformou todas as atuações, deixando-as ainda mais fantásticas. Veja o exemplo do Cirque du Soleil (Circo do Sol, em português). Fundado no Canadá, em 1984, por Guy Laliberté e Daniel Gauthier, dois artistas de rua, é conhecido em todo o mundo. Essa companhia circense inova a linguagem artística do circo a cada espetáculo. Seus artistas praticamente “voam” em cena, ocupando todo o espaço cênico do picadeiro, como podemos observar nas imagens a seguir.

Imagem das lonas do Cirque du Soleil durante temporada na Califórnia, Estados Unidos, em 2012.

„„ Que experiências você já teve com o circo? „„ As tecnologias mudaram o formato do circo em nossa época? Como e por quê? „„ Hoje, essa forma de arte milenar usa tecnologias e se inova a cada dia. Vamos pesquisar sobre ela?

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Detalhe da obra Varekai

Levi Bianco/NewsFree/LatinContent/Getty Images

Registro fotográfico do espetáculo Varekai, do Cirque du Soleil, na cidade de São Paulo (SP), em 2014.

CLIQUE ARTE Cirque du Soleil [Circo]. Site oficial com detalhes e imagens da companhia. Disponível em: <http://ftd.li/8jqawp>.

Levi Bianco/NewsFree/LatinContent/Getty Images

O Cirque du Soleil tem como uma de suas características principais utilizar muita tecnologia em todos os elementos do espetáculo, desde iluminação e cenários até os figurinos, entre outros. A habilidade corporal dos artistas e os efeitos especiais proporcionados pelas tecnologias formam uma nova estética do circo, como podemos observar na imagem a seguir.

Detalhe do espetáculo Varekai, do Cirque du Soleil, em São Paulo, em 2014.

Registro fotográfico do espetáculo Varekai, do Cirque du Soleil, na cidade de São Paulo (SP), em 2014.

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MAIS DE PERTO  „„Improvisar e jogar Marcelo Kahn

CLIQUE ARTE Cia. do Quintal [Teatro]. Site oficial, com o “varal do tempo” (linha do tempo), detalhes e imagens sobre as montagens, os projetos e os cursos. Disponível em: <http://ftd.li/h75hus>.

Imagem de cena da peça A Rainha procura..., da Cia. do Quintal, São Paulo, 2013.

„„ Você já jogou xadrez?

Marcelo Kahn

„„ Observe atentamente a imagem. Nela vemos palhaço, xadrez, mas também há rainha, bispo e peão.

Marcelo Kahn

A peça A Rainha procura... acontece em um grande tabuleiro de xadrez colocado no chão. A Rainha encontra-se solitária, pois seu reino foi massacrado por um exército adversário e um peão, que era seu fiel escudeiro. Para recompor seu reinado, a Rainha abre testes para bispos, cavalos, torres e peões, e outras peças de seu tabuleiro. É uma tentativa de recuperar seu reino e acabar com sua solidão. Contudo, seus planos acabam mudando de rumo com a aparição de dois palhaços que preferem ser bobos da corte a servir como defensores do território. A Rainha decide, então, promover uma audição para bobos da corte, na qual os candidatos terão a difícil tarefa de alegrá-la por meio dos mais inusitados desafios.

„„ Retome a imagem da Cia. do Quintal na seção Vem encenar! e estas outras na página. O que acontece no palco, nesse espaço cênico tão diferente? É um jogo? De xadrez ou de improviso?

Imagem de cena da peça A Rainha procura..., da Cia. do Quintal, São Paulo, 2013. Apenas um candidato será o escolhido, enquanto o outro terá sua cabeça cortada. Para tomar a melhor decisão, a Rainha precisará da ajuda de seu povo – a plateia –, que será chamada a participar da cena.

Imagem de cena da peça A Rainha procura..., da Cia. do Quintal, São Paulo, 2013. A peça tem um roteiro-base preestabelecido, no qual os atores e atrizes encenam de forma livre e improvisada. O público participa da peça como povo da corte da Rainha, tornando-se porta-voz dela.

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Bruno Fernandes

Rhena de Faria Leia, a seguir, um trecho da entrevista dada ao site Improvisando pela atriz Rhena de Faria, que faz o papel da Rainha na peça A Rainha procura..., da Cia. do Quintal. Ela fala sobre a improvisação cênica no teatro.

Atriz Rhena de Faria em cena.

Improvisando: O que é Improvisação Teatral? Quais são os princípios em que se embasa? Rhena: Improvisação Teatral para mim é a arte do jogo, a arte de estar aberto às possibilidades. Eu diria que os princípios mais básicos da Improvisação são a ESCUTA e a ACEITAÇÃO. Para mim, sem dúvida são o bê-á-bá, a lição número 1. Depois, com a maturidade, um improvisador pode até desconstruir estes princípios. Mas num primeiro momento eles são fundamentais para que se crie uma cultura comum de jogo entre os atores. Improvisando: Como surgiu a Improvisação na sua carreira? Rhena: Surgiu junto com o meu trabalho de palhaça, no final de 2000. Ser palhaça é, entre outras coisas, viver em cena o aqui e o agora. É ser permeável ao meu público e a tudo o que ele me dá. E isto também é improvisar, porque trata da vivência de uma relação verdadeira, como na vida. Agora a improvisação como técnica, mais aprofundadamente, eu só fui descobrir quando fui convidada a integrar o [espetáculo] Jogando no quintal, em 2004. Entrei no Jogando no quintal porque já era palhaça e boa parte dos integrantes conhecia o meu trabalho. Mas foi com o Jogando no quintal que passei a ter contato com outros grupos, com mestres da Improvisação, e a me aprofundar em todos os seus princípios. BRADSHAW, Lala. Rhena de Faria: a improvisação em passos de dança. Improvisando, 24 jan. 2010. Disponível em: <https://improvisandoblog.wordpress.com/2010/01/24/rhena-de-faria-aimprovisacao-em-passos-de-danca/>. Acesso em: 9 mar. 2015.

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MAIS DE PERTO  „„Ouvir e dançar

Roberto Filho/Fotoarena

A rua é um ambiente que pode ser explorado por meio da dança. A ocupação de espaços públicos com a dança é notável. Há inúmeros festivais de dança pelo Brasil e pelo mundo, com apresentações de grupos que têm a dança de rua, conhecida mundialmente por Street Dance, como forma de expressão. Observe a imagem a seguir.

Thalita Zukeram

Dançarinos de Street Dance (dança de rua), na Cidade do Rock, no Rock in Rio, Rio de Janeiro (RJ), em 2013. O Street Dance possui vários estilos, como o Freestyle (estilo livre), ou o Breaking, estilo tradicional da Street Dance. As dançarinas e os dançarinos desenvolvem um gestual com movimentos coordenados, harmoniosos e precisos.

Imagem de apresentação de Street Dance da Companhia Brainstorm, de Curitiba.

O Street Dance faz parte de um movimento cultural maior, conhecido como Hip-Hop, que teve origem nos Estados Unidos. Esse movimento é composto de outras linguagens artísticas, que se dividem em três áreas: na música, os rappers, os DJs – de disc jockey –, e os MCs – de mestre de cerimônias; nas artes visuais, o grafite; e, na dança, o Street Dance com seus vários estilos.

Pesquise se próximo de você acontecerá alguma apresentação de dança. Dependendo do horário e do local, convide os colegas de turma, os professores, seus pais ou responsáveis. Assistir a essa forma de arte é muito estimulante. Quem sabe daí pode surgir mais algum artista? A gente também se comunica por meio da dança!

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LINGUAGEM DO TEATRO „„A arte da improvisação

Alexandre Kuma

Podemos entender a improvisação como uma técnica do ator que encena algo imprevisto, não preparado antecipadamente. Trata-se de uma criação no ato da ação no espaço cênico. Ou, ainda, podemos entendê-la como um conjunto de situações ou intenções que os atores se preparam parcialmente para fazer, elaborando uma estrutura essencial em que a improvisação acontece com base em um roteiro antecipadamente ensaiado, mas não fechado, conforme a proposta da peça a ser encenada. Veja outro exemplo a seguir.

Imagem de cena da peça Jogando no quintal, da Cia. do Quintal, 2012.

Na peça Jogando no quintal, outro espetáculo da Cia. do Quintal, improvisar é a palavra de ordem. Tanto que tem um subtítulo: jogo de improvisação de palhaços. Na cena reproduzida, observamos a participação do público. O ato de a plateia participar de alguns momentos da peça impulsiona os artistas em cena a improvisar suas falas e ações, pois o que os participantes do público vão falar ou fazer em cena não é combinado. É um jogo que os atores propõem o começo, mas não sabem o resultado final. Muitos grupos de teatro têm como foco o trabalho com a improvisação em cena. A Cia. Barbixas de Humor, mais conhecida como Os Barbixas, também traz a proposta da improvisação em cena. Veja um momento dessa encenação na imagem a seguir.

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E3 Fotografia

Imagem de cena da peça Improvável, da Cia. Barbixas de Humor. Criadas pelos três integrantes da companhia, as apresentações da peça trazem sempre convidados ilustres para o improviso, o que faz cada encenação diferente da outra.

„ Ao ouvir a palavra improvisar, o que lhe vem à cabeça? „ Em seu dia a dia, você percebe as situações em que tem de improvisar? „ No teatro, como acontece a improvisação?

AÇÃO E CRIAÇÃO „ Improvisando o tema Vamos improvisar uma cena? PROCEDIMENTOS ARTÍSTICOS Observe estas orientações: o professor vai falar o título de um filme, desenho, novela, hisO desafio é que você não poderá usar a voz, objetos ou outro recurso cênico ex-

Rafa Anton

tória ou livro, e você terá de indicar esse nome por meio de sua expressão corporal.

terno. Utilize apenas a expressão do seu próprio corpo, fazendo mímicas para comunicar o que o professor falou em seu ouvido. Somente ele e você saberão do que se trata. O desafio é repassar para os colegas de sala informações que façam que eles descubram o que é. Em um limite de tempo combinado, eles terão de adivinhar o que você está querendo dizer por meio da sua expressão corporal.

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LINGUAGEM DA DANÇA „„Dançando nas paredes

Cia de Dança Deborah Colker/J.E. Produções

A dança é uma linguagem artística que usamos há muito tempo como forma de expressão. Na Pré-História, os homens da caverna já faziam algum tipo de dança. Dançavam pela natureza, pela sobrevivência, como forma de agradecimento. No decorrer desses milhões de anos, a dança foi se modificando e ampliando. Hoje, as pessoas podem dançar até nas paredes, em planos verticais. Vamos rever a imagem de abertura deste capítulo, da Cia. de Dança Deborah Colker, e as imagens a seguir, para saber como se pode dançar de tantas maneiras diferentes.

Imagem de cena do espetáculo Dínamo, de 2006, que resgatou coreografias verticais de Velox, da Cia. de Dança Deborah Colker.

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Velox, de 1995, foi um dos primeiros espetáculos da Cia. de Dança Deborah Colker, de inovação reconhecida em todo o mundo. Em 2006, no espetáculo Dínamo, parte de suas cenas foram resgatadas em uma nova montagem feita para apresentações durante a Copa do Mundo de Futebol da Alemanha. Dínamo mistura a coreografia vertical de Velox com futebol, atletismo, rapel, escalada e muita imaginação, desafiando a própria gravidade. Os dançarinos movimentam-se com destreza, força e elegância, tudo isso em um cenário que trabalha também com a parte vertical do espaço cênico. Um jeito diferente de dançar, pendurados em cordas e jogando futebol no campo vertical e horizontal, ou escalando paredes com movimentos precisos. Cia de Dança Deborah Colker/J.E. Produções

CLIQUE ARTE Cia. de Dança Deborah Colker [Dança]. Site oficial com a trajetória da companhia, detalhes e imagens das obras e projetos, e sobre o processo de criação. Disponível em: <http://ftd.li/54yt4a>.

Detalhe de cena do espetáculo Dínamo, da Cia. de Dança Deborah Colker, 2006.

Na coreografia do espetáculo Dínamo é utilizada até bola de futebol, simulando um jogo entre equipes e criando uma realidade objetiva para a cena. Por apresentar várias cenas na vertical do cenário, tanto o espetáculo Velox quanto o Dínamo proporcionaram uma nova visão da plateia sobre a encenação da dança, estabelecendo uma outra relação público-espetáculo.

Você já se imaginou dançando em uma parede, verticalmente, e até de ponta-cabeça?

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AÇÃO E CRIAÇÃO „„Expressando um movimento Vamos nos expressar? PROCEDIMENTOS ARTÍSTICOS Combine com o professor e junte sua turma em um espaço livre, como o pátio da escola, e faça uma grande roda. Abra os braços e dê a mão para os colegas de cada lado. Em seguida, solte as mãos, mantendo um espaço entre vocês. Com a roda formada, a turma vai escolher um sentimento (amor, raiva, medo, alegria, entre outros) para ser representado. Após a escolha, um aluno vai até o meio da roda e faz um gesto ou movimento livre para representar o sentimento escolhido. Três colegas farão outro gesto ou movimento corporal para representar o mesmo sentimento. Ao completar quatro movimentos diferentes que representem o mesmo sentimento, a turma terá uma pequena coreografia. Junte os quatro movimentos sequencialmente para que o grupo de quatro alunos dance um trecho de uma música, criando um pequeno espetáculo de dança. Convide toda a roda a fazer a mesma coreografia, assim a turma toda dançará em roda. Eleja mais um sentimento e faça outra rodada de movimentos, montando uma nova coreografia. Repita várias vezes a brincadeira, trocando o sentimento e os participantes do jogo.

Neste capítulo, você estudou as linguagens do teatro e da dança. Também conheceu obras de alguns pintores. Que relações essas produções artísticas têm em comum? Quais são as suas particularidades? O que você aprendeu sobre o espaço cênico? Como classifica as linguagens cênicas? Você conheceu alguns grupos de teatro e de dança. Faça uma pesquisa para conhecer melhor esses artistas e suas produções. Você observou a mistura e a influência de diferentes linguagens nas produções artísticas que foram estudadas neste capítulo? Qual é a sua opinião sobre essas combinações de linguagens? Em qual linguagem da arte você prefere se expressar? 60


O que você descobriu no universo da arte ao estudar esta unidade? Você conhece uma obra de arte em grandes dimensões em sua cidade? E os espaços cênicos? Você conhece algum na sua região? Quais? Na escola é possível criar arte? Como? Estudamos que algumas produções artísticas são em grupo e outras individuais. Como você vê o seu processo pessoal de criação? Gosta mais de criar com os colegas ou prefere fazer arte individualmente? Entre as linguagens estudadas até aqui, qual você considera mais interessante para criar em grupo? Que tal chamar a turma e os professores e criar projetos de arte com base no aprendizado desta unidade?

Marcelo Cipis

DIÁRIO DE ARTISTA Que tal registrar suas experiências artísticas em um caderno, um tipo de diário de artista? Você pode desenhar, escrever poemas e lembretes sobre coisas que você quer descobrir. Pode, também, fazer pesquisas sobre os artistas dos quais você quer saber mais, entre outras curiosidades. Um diário é como um companheiro de aventuras neste mundo da arte. Como artista que é, traga o seu sempre perto de você. Escreva um diário de artista comentando suas experiências com as diversas linguagens artísticas!

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UNIDADE 2

Raízes

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A arte é feita por pessoas que vivem nas florestas, nas cidades, nos campos e litorais. Nasceu pela necessidade de imaginar e criar. Navegou por mares pelo desejo de buscar por mais saberes e criação. Foi registrada em cestos, pinturas místicas e religiosas, azulejos, partituras e textos dramáticos. Manifestou-se na cultura indígena, na portuguesa e agora é arte brasileira.

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Trajetórias para a arte: ¡ Capítulo 1 / A floresta ¡ Capítulo 2 / A caravela 5

Crédito das imagens: 1. Renato Soares/Imagens do Brasil; 2. Albert Eckout, 1641. Óleo sobre tela. Museu Nacional da Dinamarca, Copenhague; 3. DK Limited/Corbis/ Latinstock; 4. Renato Soares/Pulsar; 5. Pedro Motta/Banco de Imagens Giramundo; 6. Coletivo MUDA; 7. Séc. XVIII. Pintura em azulejo. Claustro do Mosteiro de São Vicente de Fora. Lisboa. Foto: Jose Elia/StockPhotosArt - Landmarks/Alamy/Latinstock; 8. Séc. XVIII. Pintura em azulejos. Foto: De Agostini/G. Dagli Orti/Glow Images; 9. Renato Soares/ Imagens do Brasil; 10. Oséias Leivas Silva, 2003. Óleo sobre tela. Coleção particular; 11. Victor Meirelles. 1860. Óleo sobre tela. Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro.

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