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POR TODA PARTE
Selo do FSC
Arte_Por_toda_parte_capa_VOLUME_7_LA.indd 8
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Desfrute da Arte que está em você, à sua volta, por toda parte!
ISBN 978-85-96-00276-9
9 788596 002769
UTUARI • KATER • FISCH ER • FERRARI
Na coleção POR TODA PARTE, formada por quatro volumes, você navega por saberes sobre artes visuais e audiovisuais, teatro, dança, música e literatura, estimulado por provocações poéticas. Seus repertórios culturais são ampliados para o estudo dos conceitos abordados, que oferecem a você conteúdos desenvolvidos em núcleos temáticos por meio da proposta triangular de arte-educação: apreciar, contextualizar e fazer Arte. Cada unidade, em seus capítulos e seções, traz obras e artistas de diferentes lugares, tempos, culturas, estilos e linguagens. Algumas dessas abordagens também são ampliadas nos três cartazes de cada volume, com linhas do tempo temáticas ilustradas.
POR TODA
PARTE S O L A N GE U T U A R I C A R L O S K AT E R B R U N O F I S C HE R PA S C O A L F E R R A R I
ACOMPANHA CD EM ÁUDIO
7 5/10/16 11:40 AM
POR TODA
SOLANGE UTUARI CARLOS KATER BR UNO FISCHER PASCOAL FERRARI
PARTE SOLANGE UTUARI
BRUNO FISCHER
Mestre em Artes (área: Artes visuais) pela Universidade
didáticos e de livros para formação em diversos níveis.
Mestre em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), com Licenciatura em Educação Artística pela Faculdade Mozarteum de São Paulo (Famosp-SP). Participou do Centro de Estudos da Dança (CED). Trabalhou na equipe curricular de Arte da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Foi coordenador de Educação a Distância na Fundação Bienal de São Paulo e consultor pedagógico na Rádio e TV Cultura de São Paulo.
CARLOS KATER
PASCOAL FERRARI
Educador, musicólogo e compositor. Doutor pela
Mestre em Ciências (área de concentração: ensino de Ciências) pela Universidade Cruzeiro do Sul (UCS-SP). Especialização em Sociologia pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP). Licenciado em Pedagogia pela Universidade Camilo Castelo Branco (UCCB-SP). Licenciado em Psicologia pela Universidade Braz Cubas (UBC-SP). Professor universitário, ator, diretor de teatro, consultor em projetos culturais em Artes Cênicas e autor de materiais didáticos para cursos de formação de professores em ambientes virtuais.
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp). Licenciada em Educação Artística pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC-SP). Especialização em Antropologia pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP). Especialização em Arte-Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Artista plástica e ilustradora, formadora de educadores em Arte, assessora de projetos educativos e culturais, autora de materiais
Universidade de Paris IV – Sorbonne. Professor Titular pela Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais (EM-UFMG). Coordenou o Centro de Pesquisas em Música Contemporânea da UFMG; foi Vice-presidente da Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM) e membro do Conselho Editorial (função atual). É Professor Colaborador do Programa de Pós-Graduação em Música da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) e Curador da Fundação Koellreutter da Universidade
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Federal de São João del-Rei (UFSJ). Autor de diversos livros e artigos. 1a edição São Paulo, 2016
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Por Toda Parte, 7.o ano Copyright © Solange dos Santos Utuari Ferrari, Bruno Fischer Dimarch, Carlos Elias Kater, Pascoal Fernando Ferrari, 2016 Diretor editorial Lauri Cericato Gerente editorial Silvana Rossi Júlio Editor Roberto Henrique Lopes da Silva Editor assistente José Alessandre S. Neto Assessoria Alice Kobayashi, Carolina Leite de Souza, Daniela Alves, Daniela de Souza, Rosemary Aparecida Santiago, Roze Pedroso, Solange de Araújo Gonçalves, Thiago Abdalla Gerente de produção editorial Mariana Milani Coordenadora de arte Daniela Máximo Projeto gráfico Juliana Carvalho, Alexandre S. de Paula Capa YAN Comunicação Material complementar Alexandre S. de Paula Supervisor de arte Vinicius Fernandes Editora de arte Aparecida Pimentel Diagramação YAN Comunicação Tratamento de imagens Ana Isabela Pithan Maraschin, Eziquiel Racheti Coordenadora de ilustrações Marcia Berne Ilustrações Alex Silva, Frosa, Jorge Zaiba, Luís Moura, Marcelo Cipis, Mariana Waechter, Paulo Cesar, Thiago Soares Coordenadora de preparação e revisão Lilian Semenichin Supervisora de preparação e revisão Viviam Moreira Preparação Veridiana Maenaka Revisão Fernando Cardoso Coordenador de iconografia e licenciamento de textos Expedito Arantes Supervisora de licenciamento de textos Elaine Bueno Iconografia Izilda Monte Alto da Silva Canosa Diretor de operações e produção gráfica Reginaldo Soares Damasceno
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Por toda parte, 7.º ano / Solange dos Santos Utuari Ferrari... [et al.]. – 1. ed. – São Paulo : FTD, 2016. Outros autores: Carlos Elias Kater, Bruno Fischer Dimarch, Pascoal Fernando Ferrari ISBN 978-85-96-00276-9 (aluno) ISBN 978-85-96-00277-6 (professor) 1. Arte (Ensino fundamental) I. Ferrari, Solange dos Santos Utuari. II. Kater, Carlos Elias. III. Dimarch, Bruno Fischer. IV. Ferrari, Pascoal Fernando. 16-00605 CDD-372.5 Índices para catálogo sistemático: 1. Arte : Ensino fundamental 372.5 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Envidamos nossos melhores esforços para localizar e indicar adequadamente os créditos dos textos e imagens presentes nesta obra didática. No entanto, colocamo-nos à disposição para avaliação de eventuais irregularidades ou omissões de crédito e consequente correção nas próximas edições. As imagens e os textos constantes nesta obra que, eventualmente, reproduzam algum tipo de material de publicidade ou propaganda, ou a ele façam alusão, são aplicados para fins didáticos e não representam recomendação ou incentivo ao consumo.
Reprodução proibida: Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Todos os direitos reservados à FTD EDUCAÇÃO Rua Rui Barbosa, 156 – Bela Vista – São Paulo-SP CEP 01326-010 – Tel. (11) 3598-6000 Caixa Postal 65149 – CEP da Caixa Postal 01390-970 www.ftd.com.br E-mail: central.atendimento@ftd.com.br
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Impresso no Parque Gráfico da Editora FTD S.A. Avenida Antonio Bardella, 300 Guarulhos-SP – CEP 07220-020 Tel. (11) 3545-8600 e Fax (11) 2412-5375
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APRESENTAÇÃO Podemos encontrar arte nos mais diferentes lugares, tempos e contextos. Um olhar atento, um ouvido esperto e logo percebemos uma imagem, uma música, um gesto ou movimento, às vezes tudo junto ao mesmo tempo. Música que saiu do rádio do carro que passou pela rua agora há pouco, ou nos sons a revelar o gosto musical do seu vizinho. Bem pertinho, no fone de ouvido do seu celular, naquela música preferida, escolhida por você ou enviada por um amigo que encontra você. Somos contemporâneos do tempo das tecnologias, da cultura visual, dos sistemas de gravação de áudios e vídeos. Podemos compartilhar tudo isso com alguém, mesmo que bem distante. A arte alimenta-se de tudo que o ser humano inventa porque ela também foi inventada por pessoas há muito tempo e agora mesmo, neste último minuto. Você já parou para pensar que alguém, em algum lugar, acabou de fazer um desenho, uma pintura, uma escultura, tirou uma fotografia, criou uma composição, um arranjo musical? Ou que há pessoas apresentando uma peça teatral ou mostrando uma coreografia, com os corpos a movimentar-se em uma dança? Quem sabe alguém por aí está fazendo uma performance, criando uma instalação, escrevendo ou lendo um livro de literatura ou de poemas, ou criando filmes, vídeos, cenários, figurinos ou imagens para ilustrar um livro? É possível que alguém também esteja organizando uma festa, e roupas de carnaval ou maracatu possam, neste exato momento, ser bordadas pelas mãos de quem faz arte do povo para o povo! A arte é assim. Está mesmo em todos os lugares e é criada e apreciada por toda a gente. Estudá-la é procurar mais maneiras para encontrá-la. As produções artísticas brasileiras e as que foram ou são feitas mundo afora nos mostram um caminho para conhecer mais sobre o ser humano e sua maneira poética e estética de viver. Somos seres culturais. Por isso inventamos linguagens, entre as quais muitas são artísticas. Nosso estudo quer ajudá-lo a desvendar essas linguagens para compreender e fazer arte. Convidamos você para estudar Arte. Vem! Veja, cante, movimente-se, sinta a arte da gente. Os autores
Caro aluno, conheça o seu livro de estudo da Arte! VEM OUVIR!
Observe a imagem a seguir.
Nãnde Reko Arandu. Memória Viva Guarani. Gravadora: MCD. 2005
VEM! Você gosta de ser convidado?
Eduardo Vessoni
VEM CANTAR!
Observe a imagem a seguir.
Apresentação do grupo Mawaca, que pesquisa e recria a música das mais diversificadas partes do globo. As cantoras interpretam canções em mais de quinze línguas e são acompanhadas por um grupo instrumental acústico.
Agora, leia esta letra de música africana.
Allunde Alluya
Imaginamos que sim! Logo de início
[Voz 1] Allunde, allunde, Allunde, alluia [Voz 2] Allunde, allunde, Allunde, alluia [Voz 1] Allunde, allunde, Allunde, alluia [Voz 2] Allunde, allunde, Allunde, alluia
fazemos convites: Vem olhar! Vem
[Todos juntos] Je-pu wah ye, ye ku-sah Ai-yai-yai ye , Ai-yai-yai ye allunde Ai-yai-yai ye , Ai-yai-yai ye allunde
LEIA ARTE Músicas africanas e indígenas no Brasil, de Rosângela Pereira de Tugny e Rubem Caixeta de Queiroz (Org.). Belo Horizonte: UFMG, 2006.
Mande a-qua-qua a qua-qua mande Ai-yai-yai ye , Ai-yai-yai ye allunde Ai-yai-yai ye , Ai-yai-yai ye allunde
cantar! Vem encenar, dançar, imaginar,
O que diz a letra da música? Que língua é essa? Canto de qual canto do Capa do CD Ñande Reko Arandu – Memória Viva Guarani, 2000. Projeto com cantos e músicas da tradição dos Guarani realizados por onze corais infantojuvenis indígenas.
tramar, pintar... conhecer e fazer arte!
planeta? É uma mensagem do bem, esperança que germina sob o Sol das savanas. É uma música africana. Parece um canto em acalanto. A letra desse canto pode ser traduzida aproximadamente assim:
De onde vem a música que você escuta?
Deus do Sol a nascer, proteja essa criança, ajude-a a crescer e a tornar-se um adulto que a nossa tribo venha fortalecer...
Como ela chegou até você? Que histórias as músicas trazem? Quantas vozes diferentes você já escutou? De que cantos vieram esses cantos? Canto guarani. Voz natural. Voz eletrônica. Há muitas vozes em todos os lugares.
Tradução livre feita pelos autores para este livro.
Há cantos em todos os cantos.
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Tema 1
Arte não se apaga. Propaga-se! Marcas das linguagens artísticas Observe a imagem a seguir.
Estudar Arte pode ser bem instigante e divertido, é como mergulhar em um mar de saberes sem fim. Existem muitas
Cesar Diniz/Pulsar
Picture Hooked/Loop Images/Keystone
TEMAS
MUNDO CONECTADO „ Muito além da diversão Jogos e brincadeiras fazem parte de outras áreas além da Arte. Aparecem também em disciplinas como Educação Física, por exemplo. Amarelinha, dança das cadeiras, corrida de saco, morto e vivo, pular corda, pega-pega e queimada são algumas das mais populares atividades nas quais o brincar é a base. Por meio delas, exercitamos nossa inteligência corporal, aprimorando movimentos, percepções e o modo como nos relacionamos com o nosso corpo.
obras de arte, feitas por milhares de artistas em diferentes lugares e tempos. Nesta seção, escolhemos alguns temas e exemplos para que você conheça ideias e histórias do
Banksy. Site oficial. Embora esteja em inglês, há banco de imagens de obras do artista. Disponível em: <http://ftd.li/aa77qf>.
Uma história sendo apagada ou será outra começando? Linguagens vão e vêm, porém deixam suas marcas. O artista britânico Banksy (1973) parece apagar para registrar, deixar também suas marcas.
mundo da Arte. A arte está relacionada a outras disciplinas
Turma brinca de pular corda em escola municipal de Balsas, no Maranhão. Foto de 2014.
e à vida cotidiana. Você pode descobrir como isso aconte-
Quais outros jogos e brincadeiras você já vivenciou na escola? Quais recursos eram utilizados para realizar esses jogos e brincadeiras (bolas, cordas, fitas etc.)? Você conhece jogos cooperativos? Qual foi o jogo ou a brincadeira mais diferente de que você já participou?
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ce lendo a seção Mundo conectado.
MAIS DE PERTO
MAIS DE PERTO „ Onde habita o personagem Observe a imagem a seguir. Repare neste detalhe da sequência de desenhos do personagem Clovis, do cartunista Paulo Stocker, que vimos na seção Vem desenhar!, no início deste capítulo. Esse personagem surge de linhas e formas em tinta preta sobre o papel branco. Ele parece criar um mundo a partir de seu pequeno universo quadrado. O que isso quer dizer? O desenhista catarinense Paulo Stocker (1965) é quem dá vida ao personagem Clovis. Em sua maneira de criar, apresenta o personagem interagindo ou intervindo com os quadrinhos e outros elementos gráficos. Clovis anda, corre, escorrega, levanta-se, sobe, desce, parece que tem pressa, passeia sossegado, aparece, esconde-se, puxa duas linhas e cria um lugar aconchegante para ler um livro... A imaginação do artista ao criar esse personagem é sem limites. Veja outras imagens do Clovis.
Paulo Stocker
Quando começamos a conhecer Arte e tudo que, neste universo de saberes, pode nos ajudar a compreender melhor o mundo, não queremos mais parar de conhecer! Assim, a seção Mais de perto resgata o convite feito
Detalhe da tirinha Clovis, nome do personagem criado por Paulo Stocker.
inicialmente na seção Vem! para aprofundar seus conhe-
AMPLIANDO
aproximar você ainda mais da Arte, trazemos sempre uma
AMPLIANDO Dadaísta é o artista que se identifica com o Dadaísmo (Escola Dadá, 1916-1922), movimento que traz uma forma de fazer arte que manifesta a intenção de romper fronteiras entre linguagens, delimitações de materiais ou regras. Posicionou-se de modo crítico em relação à cultura do Ocidente do início do século XX, em meio às contradições sociais entre avanços tecnológicos e a barbárie da Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
Raoul Hausmann. 1919. Musee National d'Art Moderne, Centre Pompidou, Paris. © Hausmann, Raoul/AUTVIS, Brasil, 2015. Foto: ullstein bild/Getty Images
Cabeça mecânica, o espírito de nosso tempo, colagem tridimensional de Raoul Hausmann, 1919.
[Sem título], de Hannah Höck, 1919. Fotomontagem, 114 cm × 90 cm.
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Paulo Stocker.
“Ele [Clovis] é uma coisa mais livre de preconceitos, pois é uma silhueta e não dá para identificar cor e raça.” DIAS, Bruno Cesar. Paulo Stocker apresenta seu alter-ego e outras criações na
Tirinha do Clovis, do artista Paulo Stocker.
AMPLIANDO Clown é um termo para fazer referência à arte do circo na figura do palhaço, um personagem cômico. Pantomima é a linguagem do corpo, dos gestos e por meio destes contar histórias, expressar ideias, sentimentos, sensações. Arte ligada à linguagem do teatro, dança e circo.
[...] Acho que eu desenho para existir, como o homem das cavernas que matou um bicho muito grande, mas a filha dele é pequena demais, então ele tem que desenhar para a filha crescer e ver. Eu desenho sempre para existir. MARTINS, Adolfo. Amor e boemia nos traços de Paulo Stocker. In: Não Só o Gato, 3 set. 2013. Disponível em: <http://www.naosoo gato.com.br/cultura/amor-e-boemia-nos-tracos-de-paulo-stocker/>. Acesso em: 11 fev. 2016.
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AMPLIANDO Pode ser que algumas palavras sejam novas em seu vocabulário. Assim, Hannah Höch.1919. Collage of pasted papers. Nationalgalerie, Staatliche Museen zu Berlin. © Höch, Hannah/AUTVIS, Brasil, 2015. Foto: akg-images/Newscom/Glow Images
Fotomontagem é a composição com partes de imagens fotográficas que forma um todo, uma nova imagem resultante desse processo.
Diversos movimentos modernistas fizeram uso da colagem. Os dadaístas, em seu movimento de permanente desmontagem, fizeram largo uso de colagens tanto em duas quanto em três dimensões. Eram aproveitados os mais diversos materiais, de revistas a sucatas, para a criação de suas obras. Observe, abaixo, à esquerda, a obra do austríaco Raoul Hausmann (1886-1971). Na colagem de Hausmann foram presos diversos objetos a uma cabeça de madeira, criando um efeito que é completado pelo título da obra: Cabeça mecânica, o espírito de nosso tempo. Agora, observe a colagem da direita. A artista alemã Hannah Höck (1889-1978), uma das grandes representantes do Dadaísmo em Berlim, capital da Alemanha, criava suas obras por meio do recorte e da colagem, sendo uma das precursoras da fotomontagem. A artista havia trilhado um caminho no Dadaísmo em Nova York, Estados Unidos, e cria essa colagem bidimensional, presente na primeira exposição de arte surrealista em Paris, França, em 1925.
Paulo Stocker (1965) O artista Paulo Stocker relata que vários fatores o levaram a criar o personagem Clovis. Ele conta que estava estudando traços mais soltos para criar um personagem livre de preconceitos, mais poético e sem fala, porque assim poderia expressar ideais sobre amor de modo mais singelo. Tinha tido uma experiência com artes cênicas estudando como se expressar por meio dos gestos, posturas e expressões faciais sem utilizar palavras, na linguagem da mímica, da pantomima, a arte dos clowns. Assim, ele criou o personagem Clovis, o qual costuma classificar como um “clown gráfico”, uma “pantomima desenhada”. Outro acontecimento que influenciou a criação desse personagem foi o nascimento da sua filha. O artista queria criar um personagem que pudesse trazer mais poesia para a vida da família. Em entrevista, Paulo conta por que o personagem Clovis se apresenta dessa maneira, como uma silhueta, e por que tem a necessidade de criar na linguagem do desenho.
Circus Hair. Veja São Paulo, 25 jul. 2012. Disponível em: <http://vejasp.abril.com. br/materia/cartunista-underground-em-versao-poetica>. Acesso em: 11 fev. 2016. Paulo Stocker
Os elementos gráficos, na linguagem em cartum, geralmente exploram traços para mostrar movimento, vento, calor, frio, medo, ou outros aspectos de ação, dos sentimentos e/ou das situações vividas pelo personagem.
cimentos sobre os temas e linguagens estudados. Para entrevista ou um depoimento na seção Palavra do artista.
Felipe Mariano
Grafite que retrata remoção de arte rupestre em caverna, criado por Banksy, em 2008, para um festival de arte urbana no metrô de Londres. Graffiti Caverna Box Removal, de Banksy. Pintura com impressão em telas de estêncil (moldes recortados para paredes, pintados previamente e montados).
CLIQUE ARTE
preparamos um boxe em estilo de glossário para você saber mais sobre essas palavras e ajudá-lo a compreender melhor o universo da Arte e seus termos. No final do livro há um índice remissivo para você localizá-los sempre que precisar.
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LINGUAGEM DA ARTE Para criar em cada linguagem, precisamos conhecer seus códigos e procedimentos. Toda linguagem tem seu jeito de
AÇÃO E CRIAÇÃO „ Letra de música Agora, você é o compositor. Que tal criar uma nova letra para a melodia da música Chá? Faça um outro cânone para a sua nova versão!
ser e de se comunicar. Para se expressar por meio de lingua-
PROCEDIMENTOS ARTÍSTICOS Veja o exemplo abaixo, ao qual chamamos de Paz. Aqui a letra foi estendida. Em vez de uma única estrofe de texto, fizemos duas.
gens é preciso aprender sobre esses jeitos e significados.
1a estrofe para o primeiro cânone:
2a estrofe para o segundo cânone:
Paz
Assim, nesta seção vamos estudar como as linguagens da
Paz aqui
Palestina, Somália, Afeganistão
Tibet, Líbia, Angola, Iraque, paz ali
Myanmar, Sri Lanka, Peru, Paquistão
Paz no mundo todo e dentro de você!
Nova letra escrita pelos autores especialmente para esta obra.
Agora, crie a sua letra de música! Escolha ou invente palavras que combinem com essa melodia e experimente cantá-la com os colegas e o professor. Você é o músico!
arte são criadas. Na subseção Ação e criação, sugerimos projetos de criação e experimentos artísticos para você,
Depois de ter conhecido mais sobre a música e os cantos de algumas partes do mundo, como você vê as produções das cantoras e dos cantores? Você conhecia todos os exemplos que apresentamos neste capítulo? O que gostou mais de conhecer? O que você acha
seus colegas e professores poderem fazer arte. Nos boxes
de fazer pesquisas sobre os cantos indígenas? E sobre a arte musical japonesa ligada ao mundo dos mangás e filmes de animação? Você aprendeu a fazer suas próprias seleções de músicas? Como foi compartilhá-las com os colegas?
Procedimentos artísticos, damos algumas dicas sobre
Retorne a suas anotações. O que você descobriu nos seus mapas sonoros? Acesse os sites indicados, pesquise páginas na internet que tenham arquivos eletrônicos de música, procure livros e revistas sobre música e mergulhe mais nesse mundo de cantos em todo canto.
como fazer e usar materiais em produções artísticas.
MISTURANDO TUDO!
AÇÃO E CRIAÇÃO
LINGUAGEM DA MÚSICA
Um conhecimento pode ser conecta-
„ Lista de músicas preferidas (playlist)
„ Cirandeiro, cirandeiro, oh...
Veja a tirinha a seguir. Alexandre Beck
A sonoridade da ciranda é marcada por seu ritmo típico de quatro tempos (ver abaixo), executado por instrumentos de percussão como a zabumba, a caixa e o ganzá, por exemplo. Graficamente, podemos representar o ritmo da seguinte forma:
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do a outro. Uma linguagem pode ter
Representação de ritmo em partitura Tempos
1o
2o
3o
4o
Partitura
relação com outras e até estarem jun-
Elaborado pelos autores.
Talvez Cirandeiro seja a ciranda mais cantada e dançada do repertório da tradição musical brasileira. Leia a letra da ciranda nesta partitura.
Você já criou uma lista de reprodução de músicas? Em dispositivos digitais é comum encontrarmos a opção de criar uma lista (ou playlist, em inglês). Nas rádios, é ela que determina a sequência das músicas que serão tocadas durante a programação. É muito bom ter as suas músicas preferidas para ouvir quando quiser, mas lembre-se de ficar atento à escolha do momento, do lugar e do volume adequados! Converse com os colegas e o professor sobre isso. E boa audição! Ilustrações: Thiago Soares
Acervo dos autores
Cirandeiro
Tirinha Armandinho, de Alexandre Beck.
tas em uma produção artística. Esta
Há rádios interativas que abrem espaço para os ouvintes enviarem as suas listas. Na sua localidade, há rádios com propostas interativas como essa?
seção traz questões para você pensar
PROCEDIMENTOS ARTÍSTICOS
Nova playlist
sobre isso e para perceber o que você
Para ampliar o seu repertório pessoal, sugerimos a criação de uma lista de reprodução de músicas que você ainda não conhece. Veja algumas dicas a seguir. Procure o mais próximo de você. Citamos o álbum com o canto dos Guarani. Você já o conhecia? Ele está bem perto de você e poderia fazer parte de sua lista. Que outras músicas estão próximas de você esperando para serem escutadas?
aprendeu ao estudar cada capítulo.
Descubra mais sobre músicas que você escuta, mas ainda não entraram no seu repertório. Você conhece os cantores e bandas que fazem parte dos programas, dos desenhos, séries e filmes a que assiste? Pesquise sobre eles.
Partitura da cantiga popular brasileira Cirandeiro.
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Pieter Bruegel. 1560. Óleo sobre madeira. Museu de História da Arte, Viena
Agora, observe a pintura Jogos infantis (1560), de Pieter Bruegel, o Velho (1525-1569), reproduzida a seguir.
EXPEDIÇÃO CULTURAL Depois de conhecer algumas trajetórias da Arte, você e
O que você descobriu no universo da arte ao estudar esta unidade? Você tem visto as linguagens artísticas que estudamos nesta unidade no seu dia a dia? Como são as linguagens artísticas na sua cidade? Há grafites, músicas em espaços públicos, imagens fotográficas e outras formas de arte? Como você tem aprendido as linguagens artísticas na escola? Desde pequeno, qual a linguagem artística mais usada por você? Na escola, é possível criar linguagens artísticas e expressar-se por meio da arte? Você e os colegas podem expor os trabalhos no espaço da escola? Como isso é feito? Estudamos que algumas produções artísticas são em grupo e outras individuais. Como você vê o seu processo de criação? Gosta mais de criar com os colegas ou prefere fazer arte individualmente? Quais linguagens estudadas nesta unidade você considera mais interessante para criar em grupo? Que tal chamar a turma e os professores e criarem projetos de arte com base no que você aprendeu nesta unidade?
os colegas podem ter interesse em ver, ouvir ou sentir a arte mais de perto. Nesta seção, há propostas de pasMar
ce
lo
Ci
pis
seios culturais e dicas de como ou onde encontrar mais
CLIQUE ARTE Pieter Bruegel, o Velho [Pintura]. Site oficial do artista (em inglês), com biografia e extenso banco de imagens das suas obras. Disponível em: <http://ftd.li/74m67a>.
arte. Registre tudo em seu Diário de artista. Aprovei-
LEIA ARTE
te também as dicas dos boxes Clique arte, Leia arte, Ouça arte e Veja arte por todo o livro.
1499 Michelangelo Buonarroti. Séc. XVI. Basilica de São Pedro, Cidade do Vaticano. Foto: PhotoNonStop/Glow Images
Museu do Louvre, Paris. Foto: Eurasia Press/Glow Images
c. 130 a.C.
Quando você pensa em escultura, qual a primeira imagem que vem à sua mente? De que material é feita a escultura que você pensou? Qual é o seu tamanho? Onde ela está exposta? Quais palavras você poderia associar a ela?
Pietá, de Michelangelo, 1499. Mármore, 174 cm x 195 cm.
1901
The Metropolitan Museum of Art, Nova York. Foto: Patti McConville/Alamy/Latinstock
Vênus de Milo, atribuída a Alexandros de Antióquia, c. 130 a.C. Mármore, 230 cm de altura.
O pensador, de Auguste Rodin, 1901. Bronze, 1,89 m × 98 cm × 1,40 m. A obra original (1880) foi criada em tamanho reduzido, mas, em 1904, Rodin decidiu ampliá-la. O bronze foi aplicado por volta de 1901-1902. Rodin autorizou a produção de 20 réplicas da escultura.
Pré-História
Cleópatra, de William Wetmore Story, 1858-1869. Mármore, 137,16 cm × 114,30 cm × 68,58 cm.
2005
Séc. VI. Madeira e marfim. Museo Arcivescovile, Ravena. Foto: De Agostini Picture Library/A. Dagli Orti/Bridgeman Images/Keystone
Frans Krajcberg. Trianon Bagatelle, Paris, France. Foto: Fanthomme Hubert/Getty Images
1647-1652 Gian Lorenzo Bernini. Séc. XVII. Mármore. Church of Santa Maria della Vittoria, Rome. Foto: De Agostini Picture Library/Easypix
Detalhe em alto-relevo do trono do bispo Maximiano, século VI. Madeira e marfim entalhado. Ravena, Itália.
Depois de observar que obras se aproximam mais da escultura imaginada por você, observe aquelas que apresentam maior diferença. O que as torna diferentes? A forma? O tamanho? O material do qual são feitas? O tema ou motivo?
Êxtase de Santa Teresa, de Bernini, 1647-1652.
Século XVIII
Como ficaria a linha do tempo se você colocasse mais próximas as imagens de esculturas que parecem mais semelhantes?
Psiché reanimada pelo beijo do Amor, de Antonio Canova, 1787-1793. Mármore branco, 155 cm × 168 cm × 101 cm.
Idade Média
Idade Antiga
Século VI
Observe bem todas as esculturas desta linha do tempo. Quais delas estão mais próximas da escultura que você criou na sua imaginação? Quais palavras-chave se ligam a quais esculturas?
A aranha, de Sylvain Meyer.
1858-1869
Auguste Rodin. Escultura em bronze. Coleção particular. Foto: The Bridgeman Art Library/Easypix
Vênus de Willendorf, uma das descobertas de escultura mais conhecidas desse período, com cerca de 11 cm de altura. Acredita-se que tenha aproximadamente 30 mil anos.
2006
Antonio Canova. Séc. XVIII. Escultura em mármore. Museu do Louvre, Paris. Foto: The Bridgeman Art Library/Easypix
30 000-25 000 a.C. Escultura. Pedra Calcária. Naturhistorisches Museum, Vienna. Foto: Ali Meyer/The Bridgeman Art Library/Easypix
30 000 a.C-25 000 a.C.
Sylvain Meyer
Escultura: arte tridimensional de todos os tempos
Árvore, de Frans Krajcberg. Parc de Bagatelle, Paris, França, 2005.
Idade Moderna
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Você já teve contato com a linguagem da escultura? Qual foi o contexto desse contato (na sua cidade, em livros, revistas, filmes etc.)?
2
O que geralmente lhe chama a atenção nas esculturas ao observá-las?
3
Como é a imagem feminina na Vênus de Willendorf?
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Por que ela foi feita dessa forma?
5
Como são apresentadas as figuras femininas na linha do tempo, das vênus à Cleópatra?
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Na escultura Árvore, assim como em outras obras do artista Frans Krajcberg, qual material foi utilizado? O uso dessa materialidade cria novos sentidos para a obra?
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Qual elemento da cultura você gostaria de ver transformado em uma escultura? Será que isso já não foi feito?
Idade Contemporânea
Vem pra arte!
Pieter Bruegel: mestres das artes, de Mike Venezia. São Paulo: Moderna, 1997.
Jogos infantis, de Pieter Bruegel, o Velho, 1560. Óleo sobre madeira, 118 cm × 161 cm.
Durante grande parte da história humana, o espaço coletivo era o local dos acontecimentos. Nas praças e ruas, eram realizadas as feiras, os anúncios importantes, as apresentações de teatro, de circo e de dança, os jogos e as brincadeiras. Mesmo o aprendizado educacional era, em sua maioria, algo que ocorria em comunidade. O tempo passou. As paredes das casas foram se transformando. O local do abrigo tornara-se o espaço de experiências particulares. As famílias que podiam educavam seus filhos no lar.
O que as pessoas estão fazendo? Quem são elas? Qual é a época retratada na imagem? Onde se passa a cena?
DIÁRIO DE ARTISTA Que tal registrar as suas experiências artísticas no caderno, como uma espécie de diário de artista? Fotografias, resumos sobre filmes, imagens que você vê na rua, músicas e tudo que tem aprendido, que pode ser relacionado com a sua vida cotidiana, pode ser fruto de inspiração para as suas anotações sobre a aventura de aprender sobre linguagens artísticas. Você pode desenhar, escrever poemas e lembretes sobre coisas que você quer descobrir. Pode, também, fazer pesquisas sobre os artistas dos quais você quer saber mais, entre outras vontades. Um diário é como um companheiro de aventuras nesse mundo da arte. Traga o seu diário sempre perto de você.
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79
ARTE PELO TEMPO – LINHAS DO TEMPO TEMÁTICAS No estudo de Arte, estamos o tempo todo fazendo relações entre passado e presente. Essa viagem nem sempre ocorre no tempo cronológico. Precisamos estudar a arte do nosso tempo porque somos contemporâneos dessas produções. Olhar para o passado e ver como a arte se transforma provoca reflexões
Aqui trazemos um panorama de esculturas criadas em diversos momentos da história de nossa cultura. Entretanto, essa é apenas uma amostra de uma enorme variedade de esculturas já produzidas, algumas retratando figuras e animais, outras simbolizando divindades ou trazendo formas abstratas. Elas podem ser bem pequenas, menores até que a Vênus de Willendorf, ou incrivelmente grandes. Os materiais variam de pedras, metais, madeira a outros elementos da natureza e produtos industriais.
sobre como a vida e a sociedade também mudam com o
Olhe ao seu redor. Quais materiais você poderia utilizar para fazer uma escultura neste momento? Que formas poderiam surgir? Quais ideias lhe vêm à mente? Que tal experimentar e criar uma escultura a partir dessas ideias?
passar dos séculos. Assim, observe as Linhas do tempo do
Vamos adicionar uma forma tridimensional à linha do tempo? Para isso você poderá utilizar adesivos, papel machê, colagem de papéis ou outros materiais. Como sugestão, propomos a utilização de papel branco embebido em cola branca. Empregando apenas as mãos, isto é, sem o auxílio de tesoura ou outras ferramentas, crie formas dobrando, amassando e rasgando o papel. Aplique o resultado na folha. A linha do tempo passará a ter um relevo escultórico, que poderá ser abstrato ou figurativo.
material complementar e registre suas impressões e criações!
SUMÁRIO
David Evison/Shutterstock.com
UNIDADE 1
Os discursos das linguagens
Capítulo 1: ARTE É LINGUAGEM.......10
Capítulo 2: LINGUAJAR............................. 44
VEM DESENHAR!....................................................... 12 VEM MUSICAR!.......................................................... 13
VEM CONSTRUIR!......................................................................... 46 VEM INVENTAR!........................................................................... 47
Tema 1 – Ler é conversar..................................14
Tema 1 – Arte não se apaga. Propaga-se!........................... 48
Lendo linguagens................................................14
Tema 2 – Mundo linguagem, mundo imagem..... 17
Linguagens e imagens....................................... 17 Mundo conectado: Discursos e leituras da arte .20 Mais de perto: Onde habita o personagem.........22 Palavra do artista: Paulo Stocker.......................25
Tema 3 – Mundo linguagem, sonoro, musical .....26
Márcio Pita. 2003. Óleo sobre tela. Coleção particular
A língua dos sons................................................26 Mais de perto: Corpo: instrumento musical........28 Palavra do artista: Barbatuques e Fernando Barba................................................29
Marcas das linguagens artísticas............................................48 Arte que fala pelas paredes ....................................................50 Mundo conectado: Patrimônio público e privado....................52
Tema 2 – Essa mais essa, mais aquela outra... .................. 53
Linguagens, estilos e técnicas da arte trocando ideias............53
Tema 3 – Esculpir, modelar, construir, juntar... .................. 56
Artes de antes, agora e sempre...............................................56 Mais de perto: Construindo seres imaginários........................64 Palavra do artista: Fefe Talavera............................................65 Mais de perto: O mago do som..............................................66 Palavra do artista: Walter Smetak.........................................67
Linguagem das artes visuais ........................... 30
Linguagem das artes visuais.............................................. 68
Imagem dentro da imagem.................................30 Ação e criação: As linhas e a forma da poesia visual...................................32 Ação e criação: Formas orgânicas em cartuns...33
Linguagem da música...................................... 36
O som e a criação musical..................................36 Ação e criação: Sons, música e parâmetros.......42 Ação e criação: Corpo sonoro............................42
Misturando tudo! ............................................. 43
Bidimensional e tridimensional................................................68 Ação e criação: Toy art..........................................................69 Ação e criação: Ato de modelar.............................................71 Ação e criação: Ato de construir............................................72 Ação e criação: Ato de esculpir..............................................73 Ação e criação: Lambe-lambe...............................................73
Linguagem da música........................................................ 74
O som e o tempo na mesma linguagem..................................74 Ação e criação: Partitura gráfica............................................76
Misturando tudo!................................................................ 78 Expedição cultural......................................................... 79 Diário de artista............................................................. 79
UNIDADE 2
Arte, som e palavra
Capítulo 1: DE CANTO A CANTO......... 82 VEM OUVIR!...............................................................84 VEM CANTAR!...........................................................85
Tema 1 – Cantos de todos os cantos................. 86
Cantos que encantam.........................................86 Como o corpo produz a voz? ..............................87 Mundo conectado: Ecos da história...................88
Tema 2 – O sagrado no canto........................... 90
Travelib India/Alamy/Latinstock
Voz e religião ......................................................90 Mundo conectado: O canto e a máquina............92
Tema 3 – De que canto vem esse canto?.......... 93
Lugares e cantares.............................................93 Mais de perto: Tão perto e tão distante..............96
Palavra do artista: Projeto Ñande Reko Arandu – Memória Viva Guarani..........................97 Mais de perto: As donas da voz..........................99 Palavra do artista: Mawaca.............................100
Linguagem da música......................................101 Repertório.........................................................101 Ação e criação: Esse canto vem de que canto?...................................................102 Ação e criação: Lista de músicas preferidas (playlist )...........................................103
Linguagem da música.....................................105 Cânone.............................................................105 Ação e criação: Letra de música......................109
Misturando tudo!.............................................109
A fala cantada encanta......................................114
Tema 2 – Do palco para a tela..........................116
Quem é Don Giovanni?......................................116
Tema 3 – Ópera – Nasce uma linguagem..........118
Elementos da ópera...............................................126 Ação e criação: Mãos à ópera!...............................130
Linguagem da música.....................................133
Trilha sonora.....................................................133 Ação e criação: Trilhando a cena......................134
Misturando tudo!.............................................136
Grandiosa e popular é a ópera...........................118 Mundo conectado: O libreto.............................120 Mais de perto: Parcerias entre música e cena....121 Palavra do artista: Carlos Gomes.....................122 Mais de perto: O cinema, a imagem e o som...123 Palavra do artista: Anna Muylaert....................125
Expedição cultural....................................................... 137 Diário de artista........................................................... 137
Brincar de criar Capítulo 1: SE ESSA RUA FOSSE MINHA.................. 140
Capítulo 2: CIRANDA, CIRANDEIRO............................ 166
VEM BRINCAR!........................................................ 142 VEM IMPROVISAR!.................................................. 143
VEM DANÇAR!......................................................... 168 VEM CANTAR!......................................................... 169
Tema 1 – O brincar..........................................144
Tema 1 – Música e dança: aquele namoro........ 170
O que é brincar?...............................................144
Sons e movimentos encontram-se....................172
Tema 2 – Brincar sozinho: coisa do passado também?.............................146
Tema 2 – Cultura: o novo “plantar”.................. 173
Tema 3 – A cultura cresce e aparece............... 174
Eu brinco, tu brincas, ele brinca....................... 146
Tema 3 – A rua: ainda espaço do brincar.........150
Nós brincamos..................................................150 Mundo conectado: Muito além da diversão......151 Essa rua pode ser minha? ................................152 Do lado de fora tem arte ...................................153 Mundo conectado: Arte e História entrelaçadas.154 Mais de perto: Arte! Pare!................................155 Mundo conectado: Metáforas unindo Arte e Ciências.......................................156 Palavra do artista: Lívio Tragtenberg................157
Linguagem do teatro........................................158
É brincadeira? ..................................................158 Ação e criação: Criação que ativa a ação.........161
Linguagem da música.....................................162
Embola a bola, embora sem embolar ...............162 Ação e criação: Diálogos sonoros....................164
Misturando tudo! ............................................165
UNIDADE 3
O cultivo da cultura...........................................173 A cultura permanece.........................................175 Pandeiros, terreiros, sambas e bambas ............176 Dança e música ...............................................177 Mais de perto: Roda na brincadeira..................179 Palavra do artista: Valdemar de Oliveira..........181
Linguagem da dança.......................................182
O passo da ciranda...........................................182 Ação e criação: Marcação................................182
Linguagem da música.....................................184
David Evison/Shutterstock.com
Tema 1 – Uma cena no palco............................114
Linguagem da música.....................................126
Cirandeiro, cirandeiro, oh... ...............................184 Ação e criação: Dançando e cantando.............187 Ação e criação: Decomposição e recomposição................................................188
Misturando tudo!.............................................188 Expedição cultural....................................................... 189 Diário de artista........................................................... 189
Páginas finais Ampliando: Índice remissivo, 190
Referências, 191 Arte na web, 191 Livros, 192
Márcio Pita. 2003. Óleo sobre tela. Coleção particular
VEM ENCENAR!........................................................ 112 VEM TOCAR!............................................................. 113
Travelib India/Alamy/Latinstock
Capítulo 2: LINGUAGENS DAS ARTES – MUITAS EM UMA............. 110
UNIDADE 1
Os discursos das linguagens 1
A arte é linguagem expressiva que cria som, gesto e imagem. Linguagens em múltiplas formas e materialidades. Nascimento e transformação no universo das artes. Corpo, ar, parede, tinta, tudo pode ser usado para criar nas linguagens da arte.
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Trajetórias para a arte: ¡ Capítulo 1 / Arte é linguagem 3
¡ Capítulo 2 / Linguajar Créditos das imagens: 1. Stela Handa; 2. Mariana Ferreira; 3. Imagem gentilmente cedida pelo acervo da família de Walter Smetak; 4. Paulo Stocker; 5. Marcel Duchamp. 1964. Musée National d'Art Moderne, Centre Pompidou, Paris. © Succession Marcel Duchamp/AUTVIS, Brasil, 2015. Foto: Peter Horree/Alamy/Latinstock; 6. Barbara Sax/ AFP/Getty Images; 7. Vidler Steve/Prisma/Glow Images; 8. Mariana Waechter; 9. David Evisor/Shutterstock.com; 10. © The Saul Steinberg Foundation/AUTVIS, Brasil. Foto: Neil Leifer /Sports Illustrated/Getty Images.
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Capítulo 1
ARTE É LINGUAGEM Arte e você em: ¡¡ Ler é conversar ¡¡ Mundo linguagem, mundo imagem ¡¡ Mundo linguagem, sonoro, musical ¡¡ Linguagem das artes visuais ¡¡ Linguagem da música 10
© The Saul Steinberg Foundation/AUTVIS, Brasil. Foto: Peter Stackpole/The LIFE Picture Collection/Getty Images
Cadeira do designer Charles Eames com desenho à mão livre de um gato. Fotografia e desenho de Saul Steinberg, 1950.
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VEM DESENHAR! Paulo Stocker
Observe a tirinha a seguir.
Tirinha do Clovis, de Paulo Stocker.
O que há nessa imagem para admirar? É imagem transformada? História contada? O que é preciso para ler? Um bom livro? Um lugar tranquilo e confortável? E se não tem lugar para sentar, que tal inventar? Com um dedo é possível puxar as linhas e criar um lugar para viajar. Mergulhar na leitura de textos, imagens, linguagens. Criamos como no desenho o que precisamos? Por que criamos linguagens? Por que inventamos coisas que ali antes não havia? Ideias em figura negra invadem o espaço da folha branca. Tiras de humor que nascem do traço da linha. Forma e cor que se espalham no espaço. Intervenções. Criações. Transformações. Ações. Vem criar desenhos! Vem criar linguagens na arte!
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VEM MUSICAR! Observe a imagem a seguir.
Registro de apresentação do grupo Barbatuques, de São Paulo.
No palco um som a ecoar. Um batuque feito de quê? Por quem? Tem gente, mas cadê os instrumentos? Tambor, pandeiro, flauta, gaita, cavaquinho, cadê? Será que o instrumento é feito da própria gente? Corpo sonoro a explorar. Um jeito da gente batucar, assobiar, cantar, dançar... Maneiras de fazer arte? Um mundo sonoro a descobrir. Formas de criar e percutir. Batendo, soprando, esfregando, chacoalhando... Na linguagem da música, esse povo dos Barbatuques segue assim, inventando e criando.
Acervo Grupo Barbatuques
VEJA ARTE Buuu, um chamado para a aventura. No site oficial do programa você pode assistir aos episódios da série do Canal Gloob. Rio de Janeiro: Globosat Programadora, 2015. Trata-se de uma produção brasileira voltada para o público infantojuvenil com a participação do grupo Barbatuques na produção musical. Lá você também pode baixar jogos e atividades e acessar conteúdos exclusivos da série. Disponível em: <http://ftd.li/j9c8vp>.
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Tema 1
Ler é conversar Lendo linguagens © The Saul Steinberg Foundation/AUTVIS, Brasil. Foto: Neil Leifer /Sports Illustrated/Getty Images
Observe a imagem a seguir.
O cartunista e ilustrador Saul Steinberg brinca com suas criações durante mostra de fotografias em sua casa, nos Estados Unidos, em 1978.
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Quem é essa pessoa? Por que cobre o rosto com uma fotografia, também de um rosto? Na parede há desenhos. O que mostram? São pessoas ou animais? Será que são imagens misturadas? O artista também está aí? Retrato em algum desenho ou por de trás da foto se esconde o rosto do próprio artista? Parece ser uma brincadeira, fotografia citando fotografia, desenhos em múltiplas imagens.
Ilustrações: Frosa
As expressões faciais são todas iguais ou diferentes? Parece que a pessoa na fotografia se diverte com essa brincadeira com desenhos e fotos, em um jogo visual que usa papel como suporte. A obra faz parte de vários experimentos que o romeno Saul Steinberg (1914-1999) criou, usando desenhos e fotografias. Esse mesmo artista também explora o humor em transformar objetos em bichos ou pessoas. Usando linhas e formas, brinca com a nossa imaginação, como na imagem que abre este capítulo. Dê uma olhada lá novamente! Pessoas desenhadas... Pessoas que desenham... A arte que nasce do grafismo, do desenho é feita há muito tempo. São conversas que acontecem por meio de linguagens artísticas visuais. O desenho é uma linguagem muito antiga. Pode ter mais de 40 mil anos! A fotografia é mais recente, tem menos de 200 anos. Um dia alguém fez desenhos em paredes de cavernas e começou, nesse instante, uma conversa por meio da linguagem visual. Conversas sobre a vida, atividades do cotidiano, como as caçadas que faziam ou as crenças que tinham. Há mais de 40 mil anos, pessoas pegaram pedaços de carvão, pedras coloridas, sangue de animais, argila e outros materiais e começaram a traçar linhas sobre superfícies rochosas. Isso significa que, desde a arte rupestre, inventamos e reinventamos a linguagem do desenho. Até hoje, em cada cultura, desenhos com simbologias religiosas e ritualísticas são criados. Em todo o mundo, há sítios arqueológicos que registram a origem dessas imagens. Geralmente, quando pensamos na palavra ler, interpretamos somente o ato de fazer leitura de textos escritos. Entretanto, há outros tipos de “leitura”... Também podemos ler imagens e gestos, ou interpretar sons e movimentos corporais. Observe as ilustrações a seguir. Ilustrações que representam os primeiros registros da linguagem do desenho (ao lado, primeira imagem) e sítios arqueológicos encontrados em regiões do mundo (ao lado, segunda imagem).
Assim, o começo da arte também foi o início da criação de diálogos, de linguagens para se ler. Quando dizemos “ler”, o que você pensa a respeito?
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Frosa
Ilustração com base na pictografia Os irmãos esclarecidos, localizada em Rio Victoria (Território do Norte, Austrália). No Parque Nacional de Kakadu, Austrália, existem desenhos de mais de 40 mil anos. São figuras misteriosas que provocam nosso imaginário. Abaixo, fotografia de exposição de obras de Saul Steinberg, no Museu Ludwig, na Alemanha, em 2013. Ao lado desta, Business mask, de Saul Steinberg, 1964. Colagem, 102 cm × 77 cm.
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Ler é um modo de conversar com tudo que está a nossa volta, inclusive as linguagens artísticas. Muitos anos depois de feita, as pessoas interpretaram a imagem ao lado e deram a ela nome de Os irmãos esclarecidos. Por quê? Quem seriam tais seres? Estudos apontam que são figuras interpretadas como imagens religiosas. Quando vemos uma imagem, também a interpretamos. Essas interpretações sempre são feitas com base no que acreditamos ou sabemos sobre a imagem. Olhe para a fotografia abaixo. Uma moça caminha apreciando imagens criadas pelo artista Saul Steinberg. Será que essas imagens nas paredes estão conversando com a apreciadora? Usando sua imaginação, pense: o que será que falam essas figuras? Agora, olhe para a imagem ao lado da foto, criada por esse mesmo artista. Trata-se de um rosto de uma pessoa. Imagine que esse homem desenhado está conversando com você por meio da imagem. O que você entende dessa conversa? Feche os olhos. Em seguida, abra-os, mirando diretamente a imagem. Agora, reflita: Por quais lugares o seu olhar passeou? O que você descobriu nesse trajeto? Quando olha para uma imagem, como os seus olhos se comportam? Por que o artista criou esses desenhos? Será um retrato de alguém ou um autorretrato? O que você descobriu nesse exercício de apreciação da imagem? Comparando com a linhas que formam as figuras na pintura rupestre de Os irmãos esclarecidos, o que você entende? Por que a figura humana sempre fascinou os desenhistas de diferentes tempos? Em uma conversa oral ou escrita, usamos palavras. E em uma conversa por imagens, usamos linhas? O que você acha?
© The Saul Steinberg Foundation/AUTVIS, Brasil. Saul Steinberg. Museum Ludwig in Cologne, Germany. Foto: Henning Kaiser/dpa/Picture Alliance/Glow Images
© The Saul Steinberg Foundation/AUTVIS, Brasil. Foto: Saul Steinberg.1964. Colagem. Maeght Gallery, Paris. Foto: Interfoto/Keystone
Mundo linguagem, mundo imagem
Tema 2
Linguagens e imagens Barbara Sax/AFP/Getty Images
Observe a imagem a seguir.
Instalação Projeto Arte Limitada, de Yan Lei, 2012. Apresentada na exposição dOCUMENTA (13).
Nosso mundo é repleto de imagens, sons, gestos, movimentos, palavras... Qual a razão de tudo isso? Talvez tudo exista por causa da necessidade de diálogos, leituras de mundo, interpretações e criação de pensamentos. É natural haver mais de uma razão no ato de ler uma linguagem. Cada cultura criou suas próprias formas de comunicação e expressão, assim como também desenvolveu o sentido e os significados das coisas.
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Robson Fernandes/Estadão Conteúdo
Segundo os dicionários, a palavra linguagem pode ter vários significados: é a capacidade que as pessoas têm em se comunicar e se expressar; é, também, o conjunto de vocábulos (elementos de linguagem), as maneiras de expressar usando símbolos e atribuindo significados a esses símbolos. Existem ainda como definição a linguagem formal, que usamos quando escrevemos, desenhamos ou tocamos uma música, e a linguagem natural, quando usamos a voz, o gesto ou outros sinais corporais por instinto, como gritar diante de um susto, olhar expressando algum sentimento, chorar, rir... Seja qual for a definição dada à palavra linguagem, o que prevalece é que somos seres “linguajantes”, isto é, estamos o tempo todo usando linguagens para nos comunicar e expressar. Observe a imagem ao lado e pense sobre isso. O texto que você está lendo agora é uma linguagem escrita. Ao conversar sobre este texto com os colegas e professores, você já está usando a linguagem oral ou gestual, no caso de quem se comunica por sinais. As imagens que apresentamos neste livro de arte, ou as que você vê no seu dia a dia nos mais diversos lugares e suportes, são linguagens visuais. As músicas que você ouve são linguagens sonoras. A dança, o teatro e expressões circenses são linguagens cênicas e corporais. A televisão, o cinema e os vídeos que você vê e compartilha na internet são linguagens audiovisuais. Existem muitas e diversas linguagens. Entre elas, estão as “mil e uma linguagens da arte”. Essa ideia é apenas uma metáfora para dizer que existem muitas linguagens artísticas, tantas que é muito difícil – e não há necessidade de – numerar as diversas manifestações da arte em quantidade nem em grau de importância. A cada momento, podemos inventar uma linguagem nova ou nos expressar em outras criadas há muito tempo, e todas são importantes.
Visitantes no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo. Foto de 2013.
AMPLIANDO Metáfora é uma figura de linguagem, uma forma de estabelecer uma comparação entre palavras ou expressões que possuam certas semelhanças; é uma transferência de sentido entre dois vocábulos.
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Fotos: Rita de Cássia Demarchi
Há linguagens dentro de linguagens, há linguagens que se misturam, há criatividade na invenção e interpretação dessas linguagens. Se você fizer um passeio pela internet, poderá encontrar registros de inúmeras linguagens. As imagens a seguir estão relacionadas à imagem da abertura deste tema. Observe-as com atenção.
O artista chinês Yan Lei (1965) criou uma instalação com base em uma pesquisa sobre linguagens visuais na internet. O nome da sua obra é Projeto Arte Limitada e foi apresentada em uma grande exposição que aconteceu na Alemanha, em 2012, chamada dOCUMENTA (13). Yan Lei selecionou 360 pinturas figurativas durante um ano de pesquisa, as reproduziu em telas e trouxe essas imagens para a sala do museu. Durante a exposição, todos os dias ele retirava uma de suas telas e a pintava de uma única cor, escondendo assim a imagem figurativa. Aos poucos, a exposição de imagens figurativas foi se transformando em uma exposição de telas monocromáticas. O ambiente, no final, estava composto apenas de telas em cores únicas.
Detalhes da exposição do Projeto Arte Limitada, de Yan Lei, 2012.
AMPLIANDO Monocromática é uma palavra usada para coisas que têm ou que são pintadas de uma única cor.
„„ Qual o sentido dessa atitude do artista Yan Lei? „„ Pense um pouco na quantidade de imagens que você vê diariamente. Você se lembra de todas as imagens que já viu? São tantas imagens nesse mundo linguagem! Será sobre isso a ideia do artista? „„ Criar imagens é uma situação apenas do presente? Ou as pessoas produzem imagens há muito tempo?
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MUNDO CONECTADO „„Discursos e leituras da arte Chico França
Observe a imagem a seguir.
Cartum 46, de Chico França (integra a obra impressa do cartunista: FRANÇA, Chico. Livro, isto. São Paulo: Terceiro Nome, 2014).
AMPLIANDO Cartum é um desenho que apresenta uma situação de forma humorada, geralmente com caricaturas, podendo trazer legendas que contextualizam ou complementam o sentido. Cartunistas são os desenhistas especializados em criar cartuns.
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O que você notou de curioso nesse cartum? O texto quer escapar do livro? Será que se sentia preso por lá? Ler palavras é libertá-las, deixá-las voar no mundo da imaginação. Ler imagem, assim como ler palavras, é dar sentido à existência das linguagens. A arte só existe, de forma plena, seja lá qual for a linguagem, quando alguém entra em contato com ela, lendo, pensando sobre, interpretando, apreciando... Vamos voltar aos personagens desenhados pelo artista cartunista paulistano Chico França (1985). O que está acontecendo na imagem? Há diálogo entre os personagens? Imagine o que esses personagens dizem um para o outro. Toda linguagem tem algo a dizer e propõe um discurso. Essa forma de conversar acontece em muitos formatos.
Alguns discursos são diretos. Outros são indiretos. Alguns seguem normas de linguagens preestabelecidas. Outros são mais livres e poéticos. Essas variações acontecem em função das escolhas de quem se comunica, seja lá por quais linguagens. Essas escolhas podem envolver, inclusive, misturas de modos de expressão. O que vale é a intenção. Na língua portuguesa, existem regras para saber quando se trata de um discurso direto, indireto ou até livre. Veja o exemplo a seguir. “Todo mundo desenha quando é criança, mas acaba abandonando isso com o passar do tempo. No meu caso, continuei ao longo da vida com a vontade de criar imagens. Quando criança, isso tinha uma função lúdica e espontânea, agora vejo que o processo de criar é diferente e exige de mim uma concentração específica e uma autocrítica.” (Chico França, 2014). ROCHA, Fabrino. Cartum é literatura? Entrevista com Chico França. VAIA! Literatura e Arte, n. 34, p. 16-17, Edição Especial, Festipoa Literária – Sétima Festa Literária de Porto Alegre, Porto Alegre (RS), maio 2014. Disponível em: <http://www.pubblicato.com.br/vaia34/files/assets/common/ downloads/publication.pdf>. Acesso em: 11 fev. 2016.
CLIQUE ARTE Chico França. Site oficial com biografia e banco de imagens das obras do artista. Disponível em: <http://ftd.li/b6zdzv>.
Trata-se de um trecho de entrevista dada pelo artista Chico França quando participou de um festival de arte literária. Nesse caso, para mostrar que se trata de um discurso direto, foram colocadas aspas no início e no final da fala, o nome do artista e a data (ano da entrevista). Quando se trata de um discurso indireto, um narrador conta o que o personagem está fazendo, sentido. Em um discurso livre, podemos usar vários recursos, ora apresentando ideias dos artistas, ora nos colocando no texto como narradores e, em alguns momentos, até conversando com o leitor, de modo mais direto, quando perguntamos algo diretamente a você. Nas artes visuais, na literatura e em outras linguagens artísticas, também nos expressamos por meio do discurso poético. O artista pode usar a licença poética para criar os seus discursos, assim como quem vê as obras criadas também é livre para elaborar as suas interpretações. A arte é assim, tem códigos de linguagem, conteúdos a dizer, formas, pode até ter normas, mas quem cria escolhe como quer se expressar poeticamente.
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MAIS DE PERTO „„Onde habita o personagem Observe a imagem a seguir.
Paulo Stocker
Repare neste detalhe da sequência de desenhos do personagem Clovis, do cartunista Paulo Stocker, que vimos na seção Vem desenhar!, no início deste capítulo. Esse personagem surge de linhas e formas em tinta preta sobre o papel branco. Ele parece criar um mundo a partir de seu pequeno universo quadrado. O que isso quer dizer? O desenhista catarinense Paulo Stocker (1965) é quem dá vida ao personagem Clovis. Em sua maneira de criar, apresenta o personagem interagindo ou intervindo com os quadrinhos e outros elementos gráficos. Clovis anda, corre, escorrega, levanta-se, sobe, desce, parece que tem pressa, passeia sossegado, aparece, esconde-se, puxa duas linhas e cria um lugar aconchegante para ler um livro... A imaginação do artista ao criar esse personagem é sem limites. Veja outras imagens do Clovis.
Detalhe da tirinha Clovis, nome do personagem criado por Paulo Stocker.
Os elementos gráficos, na linguagem em cartum, geralmente exploram traços para mostrar movimento, vento, calor, frio, medo, ou outros aspectos de ação, dos sentimentos e/ou das situações vividas pelo personagem.
Paulo Stocker
AMPLIANDO
Tirinha do Clovis, do artista Paulo Stocker.
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Paulo Stocker
CLIQUE ARTE Paulo Stocker. Site oficial do artista, com biografia, banco de imagens das principais obras e link para o blog Stockadas, do personagem Clovis. Disponível em: <http://ftd.li/3vk5pg>.
Quadrinho de Clovis, personagem do artista Paulo Stocker.
Com humor, esse artista brinca com o espectador e parece nos dizer que também podemos ser como Clovis, inventores de mundos, transformadores de espaços e interagir com o nosso universo e, assim, sermos o protagonista da nossa própria história. O personagem interage com o seu mundo, o seu espaço. A própria moldura do quadrinho às vezes também é personagem. Essa maneira de criar imagens, linguagem visual do cartum, tem sido referência para vários artistas de muitas partes do mundo. O artista Paulo Stocker considera-se uma criança que nunca parou de desenhar. Todos nós desenhamos desde muito pequenos. A linha, as formas, as cores são as nossas primeiras produções. Observamos o mundo e o recriamos em nossos desenhos. Os temas e os assuntos em nossos desenhos podem ser os mais variados. Há um momento em nosso desenvolvimento, em relação ao desenho, que desenhamos imagens/histórias.
AMPLIANDO Protagonista é a pessoa mais importante de uma história. O próprio dono ou dona da história, em torno de quem giram os acontecimentos ou com base em quem os fatos são contados e mostrados. Em histórias no teatro, na televisão ou no cinema (entre outras linguagens) é o principal personagem interpretado por um ator ou atriz. Na literatura e em animações, pode ser representado por desenhos de pessoas e bichos e, também, pode ser até elementos da natureza ou abstratos, que criam vida na imaginação artística de seus criadores.
„„ Veja como Clovis corta os fios de barbante, linhas que formam o desenho das amarras do boneco. Esta imagem provoca algum pensamento em você? Qual é a sua interpretação? „„ Você se lembra de como desenhava dos 4 aos 6 anos de idade?
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Paulo Stocker
Observe esta outra tirinha.
Tirinha do Clovis, nome do personagem criado por Paulo Stocker.
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Desenhar imagens/histórias é próprio das crianças entre 4 e 6 anos, mas isso pode continuar e desenvolver-se por toda a vida. São desenhos repletos de narrativas, aventuras e descobertas. Desenhar cartum é como desenhar igual às crianças pequenas, mas agora com um traço mais maduro, pesquisando mais técnicas e tratando dos mais variados temas, principalmente sobre os acontecimentos da atualidade, desde os mais cotidianos até sobre o amor, os sonhos e as desilusões. Todo dia a vida inventa uma novidade, o que é fonte inesgotável de inspiração para o artista de cartuns. O cartunista preserva a forma lúdica de criar das crianças, mas expressa nos seus desenhos a comunicação de ideias, às vezes críticas, irônicas e com toques de humor sobre a sociedade. É um fazedor de linguagem artística visual, um cronista da vida cotidiana que usa a ponta do lápis, da caneta, ou um programa de computador para criar poesia e crítica com humor.
Felipe Mariano
Paulo Stocker (1965) O artista Paulo Stocker relata que vários fatores o levaram a criar o personagem Clovis. Ele conta que estava estudando traços mais soltos para criar um personagem livre de preconceitos, mais poético e sem fala, porque assim poderia expressar ideais sobre amor de modo mais singelo. Tinha tido uma experiência com artes cênicas estudando como se expressar por meio dos gestos, posturas e expressões faciais sem utilizar palavras, na linguagem da mímica, da pantomima, a arte dos clowns. Assim, ele criou o personagem Clovis, o qual costuma classificar como um “clown gráfico”, uma “pantomima desenhada”. Outro acontecimento que influenciou a criação desse personagem foi o nascimento da sua filha. O artista queria criar um personagem que pudesse trazer mais poesia para a vida da família. Em entrevista, Paulo conta por que o personagem Clovis se apresenta dessa maneira, como uma silhueta, e por que tem a necessidade de criar na linguagem do desenho.
Paulo Stocker.
“Ele [Clovis] é uma coisa mais livre de preconceitos, pois é uma silhueta e não dá para identificar cor e raça.” DIAS, Bruno Cesar. Paulo Stocker apresenta seu alter-ego e outras criações na Circus Hair. Veja São Paulo, 25 jul. 2012. Disponível em: <http://vejasp.abril.com. br/materia/cartunista-underground-em-versao-poetica>. Acesso em: 11 fev. 2016.
AMPLIANDO Clown é um termo para fazer referência à arte do circo na figura do palhaço, um personagem cômico. Pantomima é a linguagem do corpo, dos gestos e por meio destes contar histórias, expressar ideias, sentimentos, sensações. Arte ligada à linguagem do teatro, dança e circo.
[...] Acho que eu desenho para existir, como o homem das cavernas que matou um bicho muito grande, mas a filha dele é pequena demais, então ele tem que desenhar para a filha crescer e ver. Eu desenho sempre para existir. MARTINS, Adolfo. Amor e boemia nos traços de Paulo Stocker. In: Não Só o Gato, 3 set. 2013. Disponível em: <http://www.naosoo gato.com.br/cultura/amor-e-boemia-nos-tracos-de-paulo-stocker/>. Acesso em: 11 fev. 2016.
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Tema 3
Mundo linguagem, sonoro, musical A língua dos sons
Mariana Ferreira
Observe a imagem a seguir.
O Homem-Banda, performance do ator e músico Mauro Bruzza, da Cia. UmPédeDois.
VEJA ARTE O Homem-Banda. Vídeo com a apresentação do artista Mauro Bruzza, o Homem-Banda da Cia. UmPédeDois, pelas ruas de São Paulo. Divirta-se com a reação das pessoas nas ruas ao deparar com o artista performático e seus instrumentos improvisados. Disponível em: <http://ftd.li/m53wfp>.
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Costuma-se dizer que música é “a linguagem dos sons”... Há quem diga, ainda, que música é o som em organização poética, uma linguagem estética, um dos “idiomas” da arte. A música é uma forma de arte que também está em todos os lugares e culturas. Na rua, por exemplo, você pode encontrar artistas fazendo performances sonoras. O artista gaúcho Mauro Bruzza, visto na imagem acima, cria música em pleno passeio público. Ele inventou uma banda com vários instrumentos e improvisações. Acordeom (ou acordeão), chocalhos, pratos, bumbos e apitos apresentam sons de uma banda. Quem ouve de longe, pode até imaginar que uma banda com vários músicos está chegando, mas é uma pessoa só, O Homem-Banda da companhia teatral Cia. UmPédeDois.
Quando usamos a linguagem falada (oral) ou escrita, podemos explicar algo, descrever um objeto ou uma ação, usar regras, argumentar sobre um ponto de vista, pedir algo, entusiasmar nossos amigos e até inventar arte ao fazer poemas, como o Som poema trazido por Murray Schafer (1933), que veremos a seguir. Se existe silêncio e som – Silêncio sem silêncio é som Silêncio cheio de som é som Som sem som é silêncio Som cheio de som é som Som cheio de silêncio é silêncio Silêncio cheio de silêncio é silêncio Silêncio sem som é som Som cheio de silêncio é silêncio [...] Trecho do poema Som poema. SCHAFER, Raymond Murray. O ouvido pensante. São Paulo: Unesp, 1991. p. 117.
AMPLIANDO Performances sonoras é uma linguagem que pode misturar várias outras, como, por exemplo, o teatro e a música, como nas apresentações do Homem-Banda. Esse tipo de arte procura interagir, surpreender o público e, geralmente, apresenta provocação, reflexões ou expressões brincantes. Um jingle é uma composição musical simples e de curta duração, de fácil memorização, para ser lembrada e cantarolada com facilidade, produzida para publicidade ou como tema de produtos e programas, principalmente de rádio e televisão.
„„ Para o pianista e Podemos também cantar, recitar poemas, dramatizar texcompositor italiano tos de teatro. Há sempre muitas possibilidades no uso da línFerruccio Busoni gua dos sons. Uma delas é a experiência com a linguagem (1866-1924), a música era o ar musical. Podemos perceber que as músicas que escutamos, sonoro! cantamos ou tocamos fica “contida” em nós. Queremos escu„„ E para você, o que é tá-la diversas vezes e compartilhar com as pessoas de quem música? gostamos. Temos uma relação afetiva com os sons, ou seja, a linguagem musical dialoga com a gente e estabelece relações de sentimentos. Fazer e apreciar música é relacionar-se com um conjunto de sons que se comunicam com os nossos sentimentos, sensações e percepções. Existem situações em que a música pode transmitir uma ideia extramusical, ou seja, tem outras intenções além da estética e poética que a envolvem. Os hinos dos países, por exemplo, são músicas que servem para representar uma pátria e os seus ideais, como uma “bandeira sonora” de cada país. Jingles de telejornais e músicas de programas de TV também têm uma função extramusical, a de alertar o telespectador de que o programa está começando, acabando ou em intervalo, além de indicarem uma identidade sonora. E, mesmo essas músicas, podem nos levar a estabelecer relações afetivas.
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MAIS DE PERTO „„Corpo: instrumento musical Stela Handa
Observe a imagem a seguir.
Grupo Barbatuques em cena do videoclipe da música Beautiful creatures (Você chegou, na versão em português), composta e interpretada pelo grupo especialmente para a animação Rio 2, de Carlos Saldanha.
CLIQUE ARTE Barbatuques. Site oficial com biografia do grupo e componentes, informações sobre os trabalhos realizados e as oficinas de percussão corporal que o grupo oferece. Disponível em: <http://ftd.li/fkchqp>
O grupo Barbatuques (1995), de São Paulo, trabalha com a percussão corporal, criando sonoridades com base na potência sonora do corpo humano como instrumento musical. Grupos como o Barbatuques utilizam muito as onomatopeias, formações de palavras que expressam sons. As onomatopeias são classificadas como uma associação ao som. A maioria delas não tem uma escrita muito rígida, porque cada um pode interpretar o som e escrever um conjunto de letras que se aproxime dele. As mais usadas são até registradas nos dicionários. Agora, observe estas onomatopeias e brinque de fazer estes sons usando o seu próprio corpo.
Tumpá, tum, pá, tum, pá, tum, pá! Um corpo que faz sons. Snap, tlec, snap, tlec, snap, tlec! São dedos a estalar. Bonc, bou, boomp, bóim, buzzz, bzzz! Será uma abelha voando ou outro bicho ressoando?
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Zowie, zum, zowie, zum, zowie, zum, fiu, fiu! Mais sons, zumbidos, assobios Ha! Ha! Ha, ha, ha! Pode ser engraçado fazer tantos sons. Drip, ping, plim, plic, ping! São gotas caindo, é a chuva chegando.
Pat, tum, pat, tum, tap, tum, pow, pou, thud, tum! Mais sons de percussão. Clap! Clap! Clap! Plec! Plec! Plec! Aplausos para este corpo sonoro! Texto criado pelos autores especialmente para este livro.
Mike Melnyk
Barbatuques (1995) e Fernando Barba (1971) O artista paulista Fernando Barba (1971) começou a fazer pesquisas e jogos lúdicos explorando essa ideia com alguns amigos que, como ele, estudam música. Com o tempo, o grupo foi sendo formado, tendo Barba como organizador e diretor da trupe. O nome do grupo, Barbatuques, vem do sobrenome do seu idealizador. O grupo tem atuado em shows e oficinas por várias partes do Brasil e do mundo. Fernando Barba diz que qualquer pessoa, independentemente de idade, pode descobrir as possibilidades no fazer musical, superar limites corporais, criando na música e conhecendo o seu corpo sonoro.
Fernando Barba, fundador do Barbatuques.
Fazer música com o corpo é uma diversão e uma prática que realizo desde criança, nem consigo me lembrar de exatamente quando ela começou [...]. Todos nós temos limites, qualidades e características que moldam nosso corpo sonoro. A música corporal desenvolve nossa psicomotricidade, nossa capacidade fonética, estimula a circulação sanguínea, o bem-estar físico, o autoconhecimento do corpo e nos facilita entrar em contato com um estado de brincar. Nas atividades e jogos presentes nas oficinas do Barbatuques há um estímulo à socialização e aos participantes, para que estabeleçam laços afetivos com o grupo. Trecho de entrevista com Fernando Barba.TODO mundo pode barbatucar. Uia Diário, 9 out. 2013. Disponível em: <http://uiadiario.com.br/colaboracao/todo-mundo-pode-barbatucar/>. Acesso em: 10 fev. 2016. Stela Handa
OUÇA ARTE Corpo do Som. Intérprete: Barbatuques. Vários autores. Audição do CD. Disponível em: <http://ftd.li/im9e9e>.
Grupo Barbatuques.
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LINGUAGEM DAS ARTES VISUAIS „„Imagem dentro da imagem
© The Saul Steinberg Foundation/AUTVIS, Brasil. Foto: Neil Leifer /Sports Illustrated/Getty Images
Veja quantas imagens e desenhos encontramos nesta fotografia do artista Saul Steinberg, vista também no início do Tema 1.
O cartunista e ilustrador Saul Steinberg brinca com suas criações durante mostra de fotografias em sua casa, nos Estados Unidos, em 1978.
A pesquisa nos procedimentos técnicos e materialidades estão presentes na arte desde o momento em que o ser humano interessou-se em se expressar manipulando materiais e articulando elementos de linguagem. As linhas, formas, cores, luminosidades e sombras expressas sobre uma superfície e o uso de papéis, telas, paredes, tintas, lápis a grafite, giz pastel são algumas das escolhas que cada artista em seu tempo e lugar fez para se expressar. Saul Steinberg costumava dizer que era o único entre seus amigos que ainda continuava a desenhar como criança, brincando com as linhas. Contudo, ele procurava trazer para os seus desenhos a experiência em ser adulto. Assim, também achava que desenhar era uma forma de raciocinar sobre o papel.
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Usando diferentes recursos de elementos visuais, como linhas, sombreamentos e tonalidades diferentes, Steinberg faz sua obra e nos convida a pensar sobre como criar imagens. A fotografia pode ser arte ou não, dependo da intenção de quem faz a foto, mas sempre é uma linguagem visual. O artista criou uma cena com seu corpo e uma fotografia com seu próprio rosto. Na mesma cena, colocou várias folhas de papel na parede com seus desenhos. Criou um mundo lúdico e convidou a todos para participar de um jogo, de uma brincadeira. Na obra do artista Paulo Stocker também observamos como uma das características a expressão em metalinguagem. O personagem principal, Clovis, e outros que surgem em suas tirinhas, interagindo com ele, ou mesmo os cenários em que se passam as histórias e situações, são compostos de formas em silhuetas e manchas simples, de conexões leves, em inter-relações que fluem com naturalidade, em geral com organismos “vivos”, que podemos chamar de formas orgânicas. Mesmo as formas geométricas dos quadrinhos ganham frequentemente “vida” e movimento. São linhas e formas explorando os contrastes entre cores (preto e branco), em que figuras e fundos são muito explorados na linguagem desses artistas. Veja, a seguir, esta tirinha do personagem Clovis. AMPLIANDO
„„ Como são as linhas usadas nos desenhos pelo artista? São retas, curvas, longas, curtas, contínuas, tracejadas? Você percebe formas e tonalidades diferentes? Onde? „„ Steinberg usa a linguagem do desenho e da fotografia. Uma imagem dentro de outra imagem? Que tal criar com os colegas composições como fez esse artista?
Paulo Stocker
Quando utilizamos os elementos de uma linguagem para falar da mesma linguagem, ou seja, usamos códigos para discursar sobre o próprio código, estamos desenvolvendo uma metalinguagem. A linha para expressar a poética da linha é bastante visível na imagem criada por Saul Steinberg, por exemplo, em que imagens “falam” sobre a imagem.
„„ Será que Steinberg é um pesquisador das técnicas usadas em desenhos ou somente se diverte com esse jogo de imagens? Ou será que faz as duas coisas?
Tirinha do Clovis, criada por Paulo Stocker.
O que será que vai acontecer ao pintar todos os quadrinhos? Será que a tinta vai se misturar a sua forma?
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AÇÃO E CRIAÇÃO „„As linhas e a forma da poesia visual A linguagem do desenho é próxima a você? Vamos explorar os elementos de linguagem (linha, forma e cor) para criar personagens e histórias? PROCEDIMENTOS ARTÍSTICOS
Criando com linhas e contrastes (branco e preto) Vamos começar usando canetas esferográficas de cor preta. Com a prática, pesquise que tintas você pode usar (cor preta), como nanquim, tinta guache, aquarela. Primeiro vamos trabalhar com linhas. Sem medo, nesse momento, errar faz parte do processo de criação. Assim, não precisa usar lápis e borracha. Vá criando linhas e inventando personagens. Há muitas
Traçar usando uma única linha do início ao final do desenho, ou seja, a regra é não tirar a ponta da caneta da folha enquanto o desenho não terminar.
Criar linhas paralelas para formar figuras – é só fazer vários traços um ao lado do outro, formando a silhueta do personagem.
Linhas sinuosas também criam efeitos bacanas – coloque a ponta da caneta no papel e vá riscando linhas sinuosas para criar formas figurativas que lembrem ou expressem diretamente um personagem.
Você pode também usar diferentes tipos de linhas para criar personagens e situações expressos em imagens de cenários, com objetos e outros personagens. Crie as de sua preferência.
Ilustrações: Thiago Soares
maneiras de criar por meio de traços.
Que tal arriscar desenhar uma imagem em metalinguagem. Você pode fazer o personagem autodesenhando-se ou criar situações em que ele interfere na criação da imagem, como um coautor do desenho. Imagine que o personagem também pode dar opinião e interagir na criação da imagem. Veja as imagens criadas por Paulo Stocker, Saul Steinberg e Chico França.
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AÇÃO E CRIAÇÃO „„Formas orgânicas em cartuns
Felipe Mariano
Agora, vamos criar usando formas orgânicas. E o que são mesmo formas orgânicas, afinal?
Detalhe da mão do artista Paulo Stocker desenhando uma história do personagem Clovis.
As formas orgânicas, como o nome sugere, lembram organismos vivos. No cartum, essas formas podem representar figuras humanas, seres imaginários, animais ou até objetos que ganham vida. As linhas usadas para a composição dessas formas geralmente são mais curvas e sinuosas, para dar a impressão de coisa viva. Os organismos podem se modificar e evoluir. As formas orgânicas podem ser, ainda, figurativas ou abstratas. Nos cartuns, em geral, vemos formas figurativas.
Os cartuns têm forma e linguagem próprias. Vamos conhecer algumas características do cartum?
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Arionauro
Uma das características do cartum é criar anedotas gráficas, geralmente usando personagens (humanos ou não). Podendo trabalhar com diversos temas, normalmente os cartunistas buscam as suas histórias no cotidiano, nas questões sobre a vida, a existência, emoções, medos, alegrias, paixões. Como esses temas são atemporais, alguns cartuns podem permanecer sempre atuais, mesmo tendo sido criados há muito tempo. Podemos criar tirinhas explorando a linguagem do cartum. Geralmente usamos poucos quadrinhos, como três a seis, mas isso não é regra. Embora tenham linguagens próximas às do cartum, a charge, as histórias em quadrinhos (HQs) e as tirinhas têm suas características próprias. Veja a charge abaixo. A diferença entre o cartum e a charge é que esta geralmente expressa questões da atualidade e, na maioria dos casos, apresenta críticas sobre política, comportamento e sociedade. Usa humor, ironia e sátira para abordar algum fato, situação, tema, pessoa e outras possibilidades. Agora, veja a tirinha a seguir.
Alexandre Beck
Charge sobre a poluição, de Arionauro, 2015.
Tirinha Armandinho, de Alexandre Beck, 13 set. 2013.
Já as histórias em quadrinhos (HQs) e as tirinhas têm a preocupação com a sequencialidade de uma narração, de contar uma história quadro a quadro, usando textos de fala ou balões. Nas três linguagens, é possível usar recursos gráficos, como traços (que representam movimento, sentimentos e sensações) ou balões e textos para expressar as ideias.
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PROCEDIMENTOS ARTÍSTICOS
Criando cartuns Vamos criar personagens de cartuns? A sugestão é explorar formas orgânicas e contrastes entre figura e fundo usando apenas as cores preto e branco. Você vai precisar de tinta e pincéis. A tinta pode ser guache preto ou branco. Os pincéis devem ser de pontas redondas e macias. Os papéis podem ser na cor branca (quando usar tinta preta) ou na cor preta (quando usar tinta branca).
Crie com base na mancha espontânea. Pingue uma mancha de cor sobre o papel (escolha o tipo de contraste – preto no branco ou branco no preto) e veja que forma pode ser criada a partir da mancha. Com pincel mais fino, você pode fazer as pernas e os braços, por exemplo, e criar uma figura humana. Faça várias experiências.
Planeje as formas do seu personagem. Você pode até usar lápis para desenhar e depois pintar as formas, mas isso não é uma regra. Alguns desenhistas criam aplicando tinta diretamente sobre o papel.
Explore os contrastes. Crie desenhos sobre o fundo preto com a tinta branca e, ao contrário, a tinta preta sobre o fundo branco. Veja de qual efeito você gosta mais.
Imagine e crie situações em que o personagem pode se autocriar ou desaparecer. Estude os desenhos de cartunistas e aproprie-se dessas linguagens.
Ilustrações: Thiago Soares
Veja as possibilidades de criar cartuns a seguir.
A sua imaginação não tem limites para criar figuras gráficas e personagens. Outra possibilidade, já com os desenhos desenvolvidos e maduros, em estilo e traçado de formas, é criar silhuetas em papéis e depois recortá-los para fazer intervenções artísticas por aí. Consulte os professores sobre os processos de autorização para fazer esse tipo de projeto, porque exige o uso do espaço público. Papéis autocolantes são um ótimo material para esse tipo de projeto.
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LINGUAGEM DA MÚSICA „„O som e a criação musical „„ O que é som? E o que tem no som?
Nem soneto nem sonata
„„ Como o corpo se transforma em instrumento musical?
Dissonante dos sonidos
„„ Como criamos na percussão? „„ Ao descobrir o corpo sonoro, podemos criar música?
Vou curtir um som Som [...] ANDRADE, Carlos Drummond de. Som. In: Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1979. p. 784.
Todo som possui quatro qualidades acústicas de base que o definem: altura, duração, intensidade e timbre. Vamos estudar os parâmetros sonoros para, em seguida, comentarmos um pouco sobre os parâmetros musicais.
„„Parâmetros do som Observe a imagem a seguir.
Xrisca30/Digital Vision Vector/Getty Images
Composição de imagem que compara a fotografia de uma cidade refletida na água com a emissão de ondas sonoras.
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O som é vibração que se propaga no ar por meio de ondas de pressão. São quatro os parâmetros físicos do som: altura, duração, intensidade e timbre. Vale lembrar ainda que, mesmo que possamos medir com precisão as características de um som, há também sempre um componente subjetivo na escuta que faz, em determinados casos, um som fraco parecer forte. Isso porque a nossa percepção está relacionada com as condições segundo as quais vivenciamos pessoalmente qualquer experiência, seja ela musical, artística ou não.
Altura de um som
Ilustrações: Thiago Soares
A vibração, conforme um som se propaga no ar – da fonte até os nossos ouvidos –, possui uma frequência. Se essa frequência for relativamente alta (muito rápida), o som será considerado “agudo”. Se a frequência for relativamente baixa (mais lenta), o som será considerado “grave”. Esses parâmetros podem ser medidos de maneira precisa. Observe a ilustração a seguir.
As vozes femininas costumam ter frequência sonora mais alta porque vibram mais rapidamente (são mais agudas). As vozes masculinas têm frequência sonora mais baixa porque vibram mais lentamente (são mais graves). A mesma coisa se dá com a flauta (som mais agudo) e o tambor (som mais grave).
Medimos cientificamente a altura de um som conforme os instrumentos e as normas objetivas. Nesse caso, é avaliada a quantidade de frequência com que o som vibra. A unidade dessa medida é chamada hertz (originada do nome do físico alemão que a propôs, Heinrich R. Hertz, 1857-1894), e seu símbolo é Hz. No caso da música, uma frequência de referência importante é a nota Lá (440 Hz), normalmente utilizada para afinar os instrumentos de uma orquestra. A voz masculina tem frequência entre 100 Hz e 200 Hz. A feminina, entre 200 Hz e 400 Hz.
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Fabian Oefner
Fabian Oefner
Veja nas imagens a seguir as vibrações produzidas por um som em deslocamento no ar.
O fotógrafo suíço Fabian Oefner criou uma série de fotografias, chamadas Cores Dançantes, nas quais captou imagens de cristais de sal coloridos que pulam por causa da vibração dos alto-falantes de uma caixa de som, em 2012. Observe a posição dos cristais com o som desligado, na primeira imagem, e com o som ligado, na segunda. Esse trabalho ilustra as vibrações das ondas sonoras emitidas por uma música.
No caso da escrita musical, a altura ou a frequência dos sons é indicada pela posição das notas na partitura. Quanto mais elevada uma nota estiver, mais agudo será o som que ela representa, e vice-versa.
Editoria de arte
Agudo
Partitura com notas agudas e notas graves.
Grave
Editoria de arte
som grave: frequência baixa
Amplitude som agudo: frequência alta
Gráfico da altura dos sons – graves e agudos.
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Tempo
Em uma escala praticamente infinita de alturas sonoras, o som mais grave que podemos ouvir é correspondente a cerca de 20 hertz e o mais agudo, a cerca de 20 000 hertz. Os sons de frequência abaixo dessa faixa são chamados de infrassom e os acima, de ultrassom. Fora dessa faixa, a audição humana não consegue captar os sons. Campo auditivo humano
Infrassons 0
20
Ultrassons
20 000
40 000
160 000
Frequência (Hz)
elefante, toupeira gato, cão
golfinho
Luis Moura
morcego,
Faixa de audição de alguns seres vivos.
Fonte de pesquisa: RUI, Laura Rita; STEFFANI, Maria Helena. Física: som e audição humana. Ciência Mão: recursos para a Educação em Ciências. Disponível em: <http://www.cienciamao.usp.br/tudo/exibir. php?midia=snef&cod=_fisicasomeaudicaohumanal>. Acesso em: 11 fev. 2016.
Com a idade, nossa capacidade de percepção modifica-se e podemos deixar de escutar com a mesma definição algumas faixas de frequência.
Todo som que ouvimos pode durar mais ou menos tempo. Por exemplo, um som de um sino que ressoa na torre de uma igreja, em geral, dura mais tempo do que o som causado por um copo que cai e quebra no chão, ou o som da batida súbita de uma porta que fecha. Assim, podemos dizer que o som de um sino é relativamente mais longo do que o som de um copo que quebra ou de uma porta que bate, considerados mais curtos do que o do sino. A duração de um som é medida em unidades de tempo, que podem ser segundos, minutos etc.
Jorge Zaiba
Duração
Representação da duração do som (do mais curto ao mais longo).
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Editoria de arte
Figuras rítmicas para a escrita musical Som
Pausa
Nome
Semibreve
Na escrita musical, a duração de um som é representada por figuras rítmicas ou valores de duração, tanto para os sons quanto para os silêncios correspondentes.
Mínima Semínima Colcheia Semicolcheia
Fusa
Jorge Zaiba
Amplitude da onda
Representação de ondas sonoras e suas intensidades (fortes e fracas).
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A duração de um som ou silêncio é medido, nessa forma de representação, sempre por múltiplos de dois. Isso quer dizer que a mínima dura metade do tempo da semibreve, que a semínima dura metade do tempo da mínima, que a colcheia dura metade do tempo da semínima e assim sucessivamente. Fonte de pesquisa: Associação Brasileira de Educação Musical (Abem). Disponível em: <http://abeme ducacaomusical.com.br>. Acesso em: 11 fev. 2016.
Intensidade A intensidade de um som também é conhecida por volume sonoro. Quer dizer que um som intenso ou de grande intensidade também é chamado de “forte” (volume alto); e, ao contrário, um som de baixa intensidade é considerado um som “fraco” (volume baixo). Assim como a frequência, a intensidade de um som pode ser medida cientificamente. Ela corresponde à energia emitida pela fonte sonora e à quantidade de vibração que daí resulta. Assim, quanto maior (mais ampla) for a vibração da fonte, maior será a energia do som. Seu valor é medido em decibéis (dB), em homenagem a Graham Bell (1847-1922), cientista estado-unidense responsável pelos estudos do som e pela invenção do telefone, entre outras. Uma intensidade sonora muito forte pode provocar sensação desagradável, dor e, até mesmo, danificar o aparelho auditivo, dependendo do seu nível e do tempo de exposição. Na escrita musical, a intensidade das notas é representada por abreviaturas de expressões ou termos normalmente derivados de palavras italianas; por exemplo: fortíssimo, forte, mezzo piano, piano, pianíssimo e pianissíssimo (piano, em italiano, significa silencioso, suave).
Timbre
Paulo Cesar
O timbre é considerado a “marca registrada” de um som, o parâmetro que confere identidade a ele. É o timbre que nos permite distinguir entre dois sons de sonoridades diferentes, quando emitidos com alturas e intensidades próximas. Pelo timbre da voz reconhecemos uma pessoa que nos chama sem vê-la, bem como identificamos, durante a audição de uma música, o som dos diferentes instrumentos musicais, como o do violino, do piano, da flauta, do trompete ou do saxofone. diapasão
flauta
AMPLIANDO Diapasão é um instrumento metálico que indica a nota para afinar os instrumentos e a voz.
voz
violino
Diferenças entre timbres de fontes sonoras diferentes.
„ Parâmetros musicais Se, em relação aos parâmetros sonoros, tínhamos como base as características acústicas de um som, quando falamos em parâmetros musicais consideramos alguns procedimentos que resultam da combinação de dois ou mais sons ou fontes sonoras. Quando falamos em música, falamos também em linguagem. A música é uma linguagem que combina elementos sonoros (e, às vezes, também elementos ou recursos de outras linguagens, como o teatro, a expressão corporal etc.) de maneira criativa, a fim de construir uma mensagem de valor estético ou artístico. É a combinação entre os diferentes parâmetros básicos que gera uma qualidade particular de um dado som ou movimento. Quando queremos ampliar a densidade sonora em uma composição musical, adicionamos mais sons simultaneamente. Assim, outros parâmetros nos ajudam a ver a música e o modo como ela é construída e apresentada.
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AÇÃO E CRIAÇÃO „„Sons, música e parâmetros PROCEDIMENTOS ARTÍSTICOS
Corpo instrumento Organize-se com os colegas sentados em círculo. Alguém da turma ou o professor ficará como regente. Ao sinal desse maestro, cada um da turma, livremente (cada qual no seu tempo), começará a produzir um som ou sonoridade que escolher, mas com a intensidade mais Ilustrações: Thiago Soares
baixa e sutil possível. Por exemplo: inicie com um murmúrio (que pode começar, parar, voltar, modulado de maneira criativa); o tique-taque de um relógio; o som de um motor; uma nota musical contínua (que para, volta, sobe um pouco, mantém-se, desce etc.); o som de vento, de grilo, de gotas pingando; breves fragmentos de melodias musicais etc.
Durante exatamente um minuto, cronometrado pelo regente, todos deverão realizar suas sonoridades (podendo modificá-las à vontade e mudar de uma para outra qualquer), em crescendo, isto é, saindo da intensidade mais baixa possível até atingir, ao final, a mais alta. Atenção: a realização de um som ou sonoridade em alta intensidade não quer dizer gritar. Intensidade é diferente de volume.
„„Corpo sonoro Ao explorar nosso corpo como um instrumento musical, podemos criar explorando saberes sobre o som, o corpo, a percussão e a música. Estude o som, os seus parâmetros e também a música e os artistas que exploram a percussão corporal pesquisando esses parâmetros, como o grupo Barbatuques. Vamos experimentar? Veja as dicas a seguir.
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PROCEDIMENTOS ARTÍSTICOS Chame os amigos e professores e comece a pesquisar.
Fotos: Xica Lima
Veja exemplos:
Exemplos de percussão corporal. O corpo como instrumento musical, corpo sonoro.
Depois de pesquisar quantos sons o seu corpo pode fazer, agora é hora de criar música! Para isso, faça registros com desenhos para cada tipo de som pesquisado. Em seguida, coloque esses registros em uma espécie de partitura. Exemplos: duas batidas nas coxas; um assobio longo; uma batida no peito; um estalo de dedos; uma palma; três batidas de pés. Crie e procure fazer mais experiências, fazendo mais sequências sonoras. Explore seu corpo sonoro!
Corpos sonoros, figuras orgânicas em cartuns, linhas, formas e cores. Imagens desenhadas, pintadas, colecionadas. Sons, parâmetros e música. Talento da arte brasileira e mundial. Arte de cá. Arte de lá... O que as produções apresentadas neste capítulo têm em comum? Criamos linguagens na arte. Produzimos discursos. Como as linguagens estão presentes e apresentam-se no seu cotidiano? Como você as percebe? E a arte, está onde? Quais das linguagens estudadas aqui você já conhecia? Quais você descobriu agora? Como está o seu repertório artístico e cultural? O que mais você gostaria de saber? Anote no seu diário de artista as suas descobertas sobre essas linguagens e os elementos que elas trazem.
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Capítulo 2
LINGUAJAR Arte e você em: ¡¡ Arte não se apaga. Propaga-se! ¡¡ Essa mais essa, mais aquela outra... ¡¡ Esculpir, modelar, construir, juntar... ¡¡ Linguagem das artes visuais ¡¡ Linguagem da música
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Margie Politzer/Lonely Planet Images/Getty Images
Alebrije, artesanato em madeira muito popular no MĂŠxico, em cultura passada de pais para filhos.
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VEM CONSTRUIR! Roland Holschneider/dpa/Corbis/Latinstock
Observe a imagem a seguir.
Obra Dragon, da série Monstros de Letras, de Fefe Talavera. Grafite em um portal de um banco alemão, durante a Feira do Livro de Frankfurt de 2013, na Alemanha, ano em que o Brasil foi o convidado de honra. Algumas obras de arte de rua e grafite foram expostas na cidade.
Que ser é este? Figura estranha ou imagem já vista? É arte em lugar público. Dragão? Lagarto? Que bicho será? Cores, formas, linhas, texturas, movimento... O que mais tem para olhar? De que é feita essa imagem colorida? Será que foi pintada ou colada? Figura policromática, construída com letras. Retalhos de ideias. Cultura do México, mas tem Brasil no meio. Arte feita por uma paulistana filha de mexicanos. Quem será? Vem descobrir, vem construir!
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VEM INVENTAR! Imagem gentilmente cedida pelo acervo da família de Walter Smetak
Observe a imagem a seguir.
Pindorama, de Walter Smetak, [19--]. Instrumento de sopro para ser tocado por 28 pessoas, um dos exemplos da série de obras Plásticas Sonoras, desse artista.
É uma escultura? É um instrumento musical? Vamos pensar? É para ver ou tocar? Quem convida a experimentar? Um mago do som ou da forma? É coisa de música? Ou será que o inventor é um escultor? Observe bem. De que materiais esse objeto é feito? Será que, se for instrumento, vai precisar de vento ou apenas de movimento? Vamos entrar nesse universo de inventores. São sons e imagens que inventam linguagens na arte.
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Tema 1
Arte não se apaga. Propaga-se! Marcas das linguagens artísticas
Picture Hooked/Loop Images/Keystone
Observe a imagem a seguir.
Grafite que retrata remoção de arte rupestre em caverna, criado por Banksy, em 2008, para um festival de arte urbana no metrô de Londres. Graffiti Caverna Box Removal, de Banksy. Pintura com impressão em telas de estêncil (moldes recortados para paredes, pintados previamente e montados).
CLIQUE ARTE Banksy. Site oficial. Embora esteja em inglês, há banco de imagens de obras do artista. Disponível em: <http://ftd.li/aa77qf>.
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Uma história sendo apagada ou será outra começando? Linguagens vão e vêm, porém deixam suas marcas. O artista britânico Banksy (1973) parece apagar para registrar, deixar também suas marcas.
Picture Hooked/Loop Images/Keystone
Talvez seja essa a intenção do artista... Provocar quem olha para a imagem a pensar sobre os caminhos trilhados na criação de linguagens artísticas desde tempos pré-históricos. A imagem mostra a pintura do grafite, arte que ocupa o espaço público. A parede é suporte nas pinturas em grafite e vem sendo usada assim desde a arte rupestre. As pinturas de Banksy geralmente provocam, incomodam, porque apresentam mensagens sobre as injustiças do mundo contemporâneo. O artista cria suas imagens em muros por várias cidades do mundo, como forte representante de uma arte pública. Observe, a seguir, detalhe da pintura de Banksy ao lado de uma pintura rupestre.
Detalhe da obra de Banksy reproduzida na abertura deste tema.
AMPLIANDO Arte pública refere-se a manifestações artísticas realizadas em espaço público. Contempla os monumentos escultóricos em locais públicos, como também as manifestações nas linguagens artísticas de pinturas murais, outdoors, grafites, performances, intervenções urbanas e outras. Arte rupestre designa a gravação, traçado ou pintura sobre suporte rochoso. A palavra grafite tem origem no termo italiano graffito, que significa rabisco, “escrita feita”. Inicialmente, essa palavra fazia referência às inscrições pintadas, gravadas ou desenhadas no passado por diferentes povos, vistas em prédios antigos ou em ruínas de cidades.
Kazuyoshi Nomachi/Corbis/Latinstock
Agora, compare o detalhe acima com a imagem de obra do período pré-histórico (arte rupestre) a seguir.
Pintura rupestre de cerca de 11 000 anos atrás, encontrada na região do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, em Januária, Minas Gerais. O parque abriga mais de 140 cavernas, uma tribo indígena, os Xakriaba, e mais de 80 sítios arqueológicos catalogados.
Observando a imagem, você percebe uma pintura por cima da outra? Que figuras estão em primeiro plano? Quem será essa figura na ação de lavar a imagem rupestre? Será que passado e presente se misturam? Alguém fica incomodado com a imagem que está sendo apagada ou com a que está sendo grafitada?
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„„ Será essa a crítica que Banksy apresenta em sua pintura? „„ Você acha que o artista quer chamar a atenção sobre a destruição dos registros da arte do passado? „„ Há outras interpretações que podemos fazer sobre essa imagem?
A obra de Banksy é contemporânea e, assim como as pessoas dos tempos das cavernas, também usa a parede como suporte. No passado, as imagens conhecidas como pinturas rupestres deram início à grande aventura em criar linguagens artísticas visuais. Acredita-se que essas imagens foram criadas por diferentes povos com a intenção de fazer registros, expressar leituras de mundo e crenças na prática de magia, rituais de caça e aventura. Temos no Brasil vários sítios arqueológicos onde essas primeiras linguagens visuais foram expressas. Há muito ainda a ser investigado sobre essas imagens e, infelizmente, em alguns lugares do mundo, inclusive no Brasil, esses patrimônios históricos, artísticos e culturais da humanidade não estão sendo preservados como deveriam, por falta de condições financeiras, de apoio público ou até mesmo por ignorância da sua importância. A arte do grafite ainda sofre muito preconceito. O próprio Banksy já teve grafites seus destruídos nas ruas da Inglaterra.
Arte que fala pelas paredes Blaine Harrington III/Corbis/Latinstock
Atlantide Phototravel/Corbis/Latinstock
Observe as imagens a seguir.
Afrescos e relevos em hieróglifos no Templo de Seti, no Egito.
Mosaico no teto do Batistério de São João (San Giovanni), prédio religioso em Florença, na Toscana, Itália.
Em muitos tempos e culturas, a parede tem sido usada como suporte para criar imagens. Na Antiguidade, foram feitas pinturas em afrescos no Egito Antigo. Na Idade Média, imagens sacras preencheram as paredes das igrejas, enquanto imagens de guerra relatavam os feitos de reis nos palácios. Pelo mundo todo, temos registros desse tipo de pintura. Assim, o uso da parede não é novidade na história da arte. Contudo, a maneira de usá-la registra diferentes intenções, temas e materiais.
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Fernanda Ezabella/Folhapress
Frans Lanting/Corbis/Latinstock
Observe estas outras imagens.
Detalhe do mural pintado no Palácio Chehel Sotoun, retratando cena da vitória de Nader Shah na batalha de Karnal. Construído em 1647, em Isfahan, no Irã, pelo rei Shah Abbas II.
Stained window (Janela colorida ou Vitral, em tradução livre), colaboração de Banksy com estudantes de escolas públicas de Los Angeles, Estados Unidos. Os alunos grafitaram painéis instalados nos pátios das escolas, que depois foram adaptados para esta obra com 7 m de altura.
Uma linguagem contemporânea não precisa (nem deveria) apagar a outra mais antiga. A linguagem deve ser sempre preservada como conhecimento, como patrimônio histórico, que certamente servirá como inspiração ou fonte de informação para os artistas contemporâneos, como Banksy.
„„Arte das ruas (Street art) Andando pelas cidades, encontramos imagens nas ruas. Pelo mundo, essa manifestação pública é conhecida como street art (arte de rua). São imagens criadas na arte do grafite, em pinturas, lambe-lambe, desenhos em giz e outras linguagens. São linguagens que se expressam por meio de suportes (espaços) bidimensionais. Há casos em que a linguagem visual pode ter como tema outras linguagens artísticas. São discursos poéticos em que cada artista pode ter suas intenções, assim como cada pessoa que as vê tem as suas interpretações. Pintar uma imagem é um ato criador de cores, formas e ideias. Apreciar e interpretar é um ato criador de pensamentos.
AMPLIANDO Bidimensionais são as linguagens da arte que usam espaços planos, superfícies planas. São chamadas assim por possuírem duas dimensões (altura e largura).
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MUNDO CONECTADO
Uma pintura em grafite é, além de arte pública, uma intervenção urbana, linguagem própria das cidades. Existem várias manifestações de intervenções urbanas, como performances, cenas de teatro ao ar livre (teatro de rua), projeções de imagens e outras linguagens artísticas criadas especialmente para o espaço público. O artista ou grupo têm como desejo ir aonde o povo está. Esse tipo de arte procura interagir e surpreender o público, geralmente apresentando provocações criativas para que as pessoas reflitam sobre a arte e a sociedade. Observe a imagem ao lado. A parede e os muros das cidades podem ser suportes para pinturas e escritas, porém nem sempre é permitido usá-los. O uso da parede de outra pessoa ou de monumentos públicos para fazer pinturas sem autorização é crime, com punição prevista nas leis, além de a imagem ser apagada. A expressão artística não justifica a invasão ou degradação do espaço público ou privado. A maioria dos artistas que se apresentam nas ruas tem autorização dos responsáveis pelo local, sejam autoridades públicas ou particulares. Há casos em que os artistas são convidados a participar de eventos culturais ou a criar em determinados locais. Você e os colegas podem criar festivais de arte pública com apresentação de intervenções artísticas, performances, pinturas murais, mas será preciso conhecer as leis e regras locais para que esse tipo de manifestação aconteça de forma positiva, para levar arte às pessoas da comunidade, sem provocar prejuízos ao patrimônio público Arte de rua com imagem de filmagem ou particular. Vamos conversar e combinar em interação com grafite. com todos para criar arte?
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Flavia Fiengo
„„Patrimônio público e privado
Essa mais essa, mais aquela outra...
Tema 2
Por volta do início do século XX, os artistas começaram a explorar muitas materialidades e linguagens. Uma delas foi a colagem e construção de objetos de arte juntando coisas. Vamos conhecer essa história? A colagem foi um procedimento exaltado naqueles tempos de ruptura. O artista francês Georges Braque (1882-1963) destacou-se com uma colagem com papéis na obra Fruteira e copo (1912). A partir daí, vários artistas, como o espanhol Pablo Picasso (1881-1973), começaram a explorar o uso de papéis, tecidos e outros materiais somando-os a lápis, carvão e/ou tinta para compor suas telas. Braque e Picasso ficaram conhecidos como artistas pertencentes ao movimento cubista. Observe exemplos de suas obras a seguir.
Georges Braque. 1913. Charcoal, oil and pencil on canvas. Musee National d'Art Moderne - Centre Pompidou, Paris. © Braque, Georges/AUTVIS, Brasil, 2015. Foto: Photo Scala, Florence/Glow Images
Linguagens, estilos e técnicas da arte trocando ideias
Pablo Picasso. 1912-13. Coleção particular. © Succession Pablo Picasso/AUTVIS, Brasil, 2015. Foto: The Granger Collection, New York/Glow Images
Fruteira e copo, de Georges Braque, de 1912, chama a atenção para a colagem na criação artística.
AMPLIANDO
Garrafa, copo e violino, de Pablo Picasso, 1912-1913. Papier collé (papel colado, recortes, colagem).
Cubista é o artista identificado com o Cubismo, movimento e estilo de arte iniciado na primeira década do século XX, na França, inspirado nas obras de Georges Braque (1882-1963) e Pablo Picasso (1881-1973), entre outros. Tinha como princípio mais importante uma caracterização das obras com uma retratação de uma visão das diversas formas (decompostas e geometrizadas), como se observadas de muitos ângulos e lados ao mesmo tempo.
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AMPLIANDO Dadaísta é o artista que se identifica com o Dadaísmo (Escola Dadá, 1916-1922), movimento que traz uma forma de fazer arte que manifesta a intenção de romper fronteiras entre linguagens, delimitações de materiais ou regras. Posicionou-se de modo crítico em relação à cultura do Ocidente do início do século XX, em meio às contradições sociais entre avanços tecnológicos e a barbárie da Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
Raoul Hausmann. 1919. Musee National d'Art Moderne, Centre Pompidou, Paris. © Hausmann, Raoul/AUTVIS, Brasil, 2015. Foto: ullstein bild/Getty Images
Hannah Höch.1919. Collage of pasted papers. Nationalgalerie, Staatliche Museen zu Berlin. © Höch, Hannah/AUTVIS, Brasil, 2015. Foto: akg-images/Newscom/Glow Images
Fotomontagem é a composição com partes de imagens fotográficas que forma um todo, uma nova imagem resultante desse processo.
Diversos movimentos modernistas fizeram uso da colagem. Os dadaístas, em seu movimento de permanente desmontagem, fizeram largo uso de colagens tanto em duas quanto em três dimensões. Eram aproveitados os mais diversos materiais, de revistas a sucatas, para a criação de suas obras. Observe, abaixo, à esquerda, a obra do austríaco Raoul Hausmann (1886-1971). Na colagem de Hausmann foram presos diversos objetos a uma cabeça de madeira, criando um efeito que é completado pelo título da obra: Cabeça mecânica, o espírito de nosso tempo. Agora, observe a colagem da direita. A artista alemã Hannah Höck (1889-1978), uma das grandes representantes do Dadaísmo em Berlim, capital da Alemanha, criava suas obras por meio do recorte e da colagem, sendo uma das precursoras da fotomontagem. A artista havia trilhado um caminho no Dadaísmo em Nova York, Estados Unidos, e cria essa colagem bidimensional, presente na primeira exposição de arte surrealista em Paris, França, em 1925.
Cabeça mecânica, o espírito de nosso tempo, colagem tridimensional de Raoul Hausmann, 1919.
[Sem título], de Hannah Höck, 1919. Fotomontagem, 114 cm × 90 cm.
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Marcel Duchamp. 1965. Tate Modern, London. © Succession Marcel Duchamp/AUTVIS, Brasil, 2015. Foto: Nils Jorgensen/REX/Glow Images
Agora, observe a imagem ao lado. Ela traz uma réplica da obra original de 1923, do pintor e fotógrafo estado-unidense Man Ray (1890-1976), intitulada Objeto para ser destruído.
„„ De quais objetos essa escultura é composta? „„ Qual é o seu tamanho? „„ A que esta obra nos remete? „„ Quais relações podem ser feitas entre a escultura e seu título?
Julia Kater
A arte da colagem ainda está muito presente em todo o mundo, como podemos ver nos trabalhos da artista franco-brasileira Julia Kater (1981), que cria colagens no processo de recorte e montagem de fotografias, com base em imagens captadas por ela em diversos contextos. Júlia utiliza materiais simples, como papel fotográfico e papel algodão, para expressar situações poéticas mais complexas, nas quais propõe um jogo de percepções.
Julia Kater
Réplica da obra Objeto para ser destruído, de Man Ray, réplica de 1965 do original de 1923. Metrônomo e fotografia. As réplicas ficaram com o nome de Objeto Indestrutível.
[Sem título], obra da série Horizonte, de Julia Kater, 2012. Colagem de fotografia sobre papel algodão. Nessa série, chamada pela artista de Horizonte, as colagens são feitas por duas fotografias tiradas no mesmo local: uma com a presença da figura humana e outra apenas da arquitetura. Por meio da colagem, esses dois momentos passam a coexistir numa mesma imagem representando o limite entre a presença e a ausência.
„„ O que você consegue perceber? [Sem título], série Lugar do Outro, de Julia Kater, 2013. Colagem de fotografia sobre papel algodão, 110 cm × 165 cm. Essa obra é a colagem de uma paisagem, na qual diversas camadas de “céu” (fotografadas no mesmo espaço em diferentes “tempos”) desenham uma nova paisagem.
„„ Quem está presente na cena? O que está faltando? „„ Essas imagens mexem com a sua imaginação?
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Tema Tema 31
Esculpir, modelar, construir, juntar... Omar Torres/AFP/Getty Images
Artes de antes, agora e sempre
Alebrije feito com madeira e papel machê em desfile nas ruas da cidade do México, em 2014.
AMPLIANDO A linguagem tridimensional traz obras trabalhadas em profundidade física, caracterizada pelo espaço tridimensional, que engloba as três dimensões: altura, largura e profundidade.
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Alebrijes espalhados pela cidade do México representam obras de arte criadas em linguagem tridimensional. São figuras enigmáticas, coloridas, uma tradição no folclore desse país. Essas formas são construídas com estruturas de madeira e arame e depois recobertas de papéis e tecidos. Pequenas peças também são encontradas para levar para casa como lembrança do Día de Muertos (Dia dos Mortos), celebração em homenagem aos mortos que ocorre entre 1º- e 2 de novembro, festa de origem anterior à colonização espanhola e que coincide com o dia de finados católico. A festividade mexicana é declarada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Para criar essas figuras tridimensionais, os artistas usam várias técnicas e procedimentos artísticos, como: esculpir na madeira, modelar em massas de papel machê ou criar combinações de materiais diversos.
As sociedades antigas criaram muitas imagens. Algumas delas tinham função religiosa. Um exemplo expressivo é a sociedade egípcia, que nas margens do rio Nilo fez nascer uma das culturas mais complexas da história. Como testemunha desse tempo, temos ainda hoje a Esfinge de Gizé, uma escultura em grandes dimensões criada por volta da IV dinastia (2723 a.C.2563 a.C.). Trata-se de uma linguagem tridimensional esculpida em uma única pedra gigante com formas de leão e humana. Observe a imagem abaixo. A escultura é a expressão artística que usa suportes tridimensionais. Sua origem remonta à Pré-História e possui inúmeros artistas, anônimos ou não, que nos ofereceram exemplares confeccionados em diversos materiais. É uma das formas de linguagem das artes visuais mais trabalhadas e reverenciadas até hoje. Vejas alguns exemplos que marcam a história da escultura nas imagens a seguir.
Vidler Steve/Prisma/Stock Photos/Glow Images
„ Escultura cultuada pelo tempo
Esfinge de Gizé, no Egito, do período da IV Dinastia (2723 a.C.2563 a.C.). Calcário, 20,2 m × 19,3 m × 73,5 m.
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Observe as imagens a seguir. Elas trazem o que seria o registro da forma feminina na concepção das pessoas daquela época. São obras do período Paleolítico. 30000-18000 a.C. Escultura. Pedra Calcária. Naturhistorisches Museum, Vienna. Foto: Ali Meyer/The Bridgeman Art Library/Easypix
Museu de Pré-História e Etnografia, Roma. Foto: Werner Forman Archive/The Bridgeman Art Library/Keystone
Escultura na Pré-História
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Vênus de Savignano, 25000 a.C., com 22 cm de altura, encontrada na região de Savignano, na Itália.
Vênus de Willendorf, uma das descobertas de escultura mais conhecidas desse período, com cerca de 11 cm de altura. Descoberta em 1908, na Áustria, acredita-se que tenha entre 24 mil a 29 mil anos.
Do período Mesolítico (entre 10000 a.C. e 5000 a.C.), também chamado de Idade da Pedra Polida, temos um exemplar de escultura em madeira que resistiu ao tempo, o Ídolo de Shigir. Obras em baixo relevo e estruturas sem apoio são características desse período.
Ídolo de Shigir, encontrado em 1890 na região dos Urais, na Rússia, tem 2,80 m de altura.
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Museu do Louvre, Paris. Foto: Eurasia Press/Glow Images
Escultura clássica grega e helênica
c. 190 a.C. Escultura em mármore. Museu do Louvre, Paris. Foto: SuperStock/Glow Images
Nos tempos da Grécia Antiga, as esculturas dos estilos clássico (período entre V a.C.-IV a.C.) e helênico (período entre IV a.C.-II a.C.) apresentam realismo e leveza. São figuras humanas que parecem se movimentar, mesmo sendo feitas de pedra (mármore).
Vênus de Milo, de Alexandros de Antióquia, c. 130 a.C. Mármore, 230 cm de altura. Destaque da escultura clássica grega.
Vitória de Samotrácia, representa a deusa grega Nice, c. 190 a.C. Mármore, 355 cm de altura. Destaque da escultura helênica.
Escultura na Idade Média
Séc. VI. Madeira e marfim. Museo Arcivescovile, Ravena. Foto: De Agostini Picture Library/A. Dagli Orti/The Bridgeman Art Library/Keystone
Na época da Idade Média, dentro da cultura do cristianismo, as esculturas passam a ser mais simbólicas, ligadas à representação de santos e temas bíblicos, em detrimento da reprodução de pessoas comuns. Veja ao lado uma imagem em alto-relevo da Idade Média. Trono do bispo Maximiano, em Ravena, Itália, meados do século VI. Alto-relevo em madeira e marfim. Detalhe de painéis que descrevem José e seus irmãos com sacos e cestos.
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Gian Lorenzo Bernini. Séc. XVII. Mármore. Church of Santa Maria della Vittoria, Rome. Foto: De Agostini Picture Library/Easypix
Pietà de Florença, de Michelangelo, c. 1550.
A escultura renascentista (do período do Renascimento, entre os séculos XIV-XVI) traz de volta as formas mais próximas do real, voltando à ideia dos gregos antigos. Existe até uma relação matemática em que as proporções do corpo humano são estudadas e seguidas na criação de esculturas. Michelangelo Buonarroti. Séc. XVI. Basilica de São Pedro, Cidade do Vaticano. Foto: PhotoNonStop/Glow Images
Renascimento é uma época e também período artístico que aconteceu entre os séculos XIV e XVI. O tempo do Renascimento é considerado um momento da história de grandes descobertas em muitas áreas do conhecimento. Na arte, há inovações técnicas e ideológicas, mas busca a grandeza das produções artísticas clássicas da Antiguidade, principalmente a arte de Roma e Grécia antigas.
Escultura renascentista
Michelangelo Buonarroti. 1553. Escultura em mármore. Opera del Duomo, Florence. Foto: The Bridgeman Art Library/Easypix
AMPLIANDO
Pietà, de Michelangelo, 1499. Escultura em mármore, 174 cm × 195 cm.
Escultura barroca Na escultura barroca, entre os séculos XVI e XVII, as formas são mais volumosas. Os artistas buscavam retratar maior movimento, em uma expressão grandiosa e dramática (veja a obra de Gian Lorenzo Bernini). No Brasil, o artista mineiro Antônio Francisco Lisboa (1738-1814), conhecido como Aleijadinho, deixou um acervo de arte barroca como patrimônio cultural do nosso país.
Êxtase de Santa Teresa de Ávila, de Gian Lorenzo Bernini, 1647-1652. Mármore.
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Aleijadinho. Escultura em pedra-sabão. Basílica do Bom Jesus de Matozinhos, Congonhas, MG. Foto: Rubens Chaves/Pulsar
Jeremias, Ezequiel e Joel, esculturas de Os Profetas (doze, no total) criadas em pedra-sabão por Aleijadinho, no adro da Basílica do Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas, Minas Gerais.
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Escultura rococó
Maurice Falconet. Séc. XVIII. Escultura. Museu do Louvre, Paris, França. Foto: SuperStock/Glow Images
A escultura rococó surge na corte francesa, no início do século XVIII. É uma variação do Barroco, com mais informalidade e exuberância, evitando a dramaticidade e exaltando mais a alegria e a passionalidade.
A ameaça do cupido, de Etienne-Maurice Falconet, 1757. Mármore, 48 cm de altura.
Barroco é estilo de arte que se originou na Europa no início do século XVII e foi difundido em várias regiões do mundo. No continente americano, foi introduzido pelos colonizadores espanhóis e portugueses. É caracterizado por contrastes de luz e sombra e composição assimétrica e pictórica. Na escultura e arquitetura, firma-se em volumosos e movimentados detalhes, explorando as formas arredondadas. No Brasil, fez-se representar no trabalho de brancos, negros e mestiços, tendo seu desenvolvimento entre os séculos XVIII e XIX. Aqui, alguns artistas representativos desse período são Antônio Francisco Lisboa, conhecido como Aleijadinho (1730-1814), e Manoel da Costa Ataíde (1762-1830).
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Jean-Antoine. 1790. Escultura em bronze. Museu do Louvre, Paris. Foto: The Bridgeman Art Library/Easypix
Escultura neoclássica
Antonio Canova. Séc. XVIII. Escultura em mármore. Museu do Louvre, Paris. Foto: The Bridgeman Art Library/Easypix
A escultura neoclássica volta a basear-se na arte grega, mas com nova roupagem. Movimento cultural do século XVIII e parte do século XIX, o Neoclassicismo defendia a retomada da arte antiga, especialmente a greco-romana, considerada modelo de equilíbrio, clareza e proporção. Recebe fortes influências do estilo renascentista, principalmente nas questões técnicas em composições de pinturas, em estilo que se manifestou em várias linguagens das artes.
Diana caçadora, de Jean-Antoine Houdon, 1790. Bronze, 192 cm × 90 cm × × 114 cm.
Psiquê reanimada pelo beijo do amor, de António Canova. Mármore branco, 155 cm × 168 cm × 101 cm.
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No final do século XIX e início do século XX, a maneira de criar esculturas vai se transformando mais aceleradamente em múltiplos caminhos. Surgem inúmeras possibilidades, desde esculturas mais figurativas, até as expressionistas, abstratas e tantas outras tendências que chegaram até o nosso tempo. Observe a imagem de uma obra do espanhol Pablo Picasso (1881-1973), outro importante criador de arte moderna.
Pablo Picasso. Musee de Picasso of Antibes, France. © Succession Pablo Picasso/AUTVIS, Brasil, 2015. Foto: Gail Mooney/Corbis/Latinstock
Escultura moderna
Escultura contemporânea
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A escultura contemporânea, de meados do século XX até hoje, abandona a ênfase na tridimensionalidade e nos materiais tradicionais. Ela não se apega à preocupação constante como a novidade e o ineditismo, como ocorria no Modernismo e nos movimentos vanguardistas. Exercita principalmente a liberdade de atuação do artista, sem a obrigação com compromissos institucionais que o limitem, como características religiosas ou políticas. A criaGuitarras (Violões), de Picasso, [19--]. tividade é livre, e as pulsações surgem das necesEscultura de metal e violões. sidades do interior do artista e das suas necessidades de expressão. No Brasil, a artista nipo-brasileira Tomie Ohtake (1913-2015) cria formas e linhas suaves com materiais pesados, como o aço.
Momumento de Tomie Ohtake em Santos, 2008. Escultura em aço pintada com tinta automotiva, 15 m × 20 m × 2 m, 60 toneladas.
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MAIS DE PERTO „„Construindo seres imaginários
AMPLIANDO A palavra tipografia origina-se das palavras gregas typos (forma) e graphein (escrita). Trata-se do processo de criação ou confecção de diferentes tipos de letras. Nas artes, passa a ser mais uma ferramenta para o artista desenvolver a sua criatividade e usá-la como forma de expressão que vai além da ideia indicada pela palavra escrita. O lambe-lambe nasceu como forma de comunicar ideias ou fazer críticas à sociedade com base em materiais de custo bem baixo. Até hoje a linguagem do lambe-lambe encontra-se presente nas grandes cidades. Em geral, usam-se jornais velhos como base para pinturas e desenhos, que são colados nas paredes ou outro suporte. Passa-se mais cola em cima das obras, para fixar bem. Alguns artistas também usam pinturas misturadas a essa técnica ou colagens com vários recortes, como a artista Fefe Talavera.
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Muitos artistas, em suas obras, fazem da palavra escrita uma forma de expressão. Além de imagens, figuras ou formas abstratas, esses artistas misturam também palavras ou letras em sua produção, compondo com a tipografia na linguagem da arte. A artista paulistana Fefe Talavera (1979) faz uma arte vibrante e colorida. Filha de mexicanos, traz influências do movimento muralista mexicano em sua obra. Além das letras empregadas em seus trabalhos, a artista propõe uma arte urbana e de rua, produzindo painéis Fefe Talavera e grafites em vários países. Na série Monstros de Letras, a tipografia do alfabeto do imaginário da artista vai se sobrepondo e justapondo, ganhando formas, cores e sensações.
STEREOTYPE, da série Monstros de Letras, de Fefe Talavera, [20--].
Fefe expõe seus trabalhos em espaços públicos e também na internet. Inventa sempre novas figuras, formas e pesquisa técnicas e materialidades. Gosta de criar seres enigmáticos, como a série Bichos Tipográficos, que constrói com recortes na linguagem do lambe-lambe. Nessa série, Fefe Talavera inspira-se no artesanato popular mexicano, criando monstros de letras. A artista busca inspiração nos alebrijes, que conheceu do folclore da cultura mexicana trazida por seus pais. Os alebrijes possuem cores vibrantes e alegres, que formam seres fantásticos, ora combinando diferentes animais reais, ora saindo da imaginação do artista, como se fossem dragões, em vários tamanhos.
Fefe Talavera (1979)
Vittorio Zunino Celotto/Getty Images
Vamos saber um pouco sobre o processo de criação de Fefe Talavera.
Fefe Talavera, ao lado de uma de suas criações em exposição de suas obras em Milão, na Itália, em 2009.
Aprendi que, para ser artista, você precisa ser livre [...]. na rua é outra história, não existem regras. Se você quiser expor seu trabalho, você vai lá, faz e pronto, está lá, à disposição de quem quiser ver. A quantidade de gente que vê o seu trabalho é enorme, e o mais legal é que não é só a galera que frequenta galerias de arte, mas o jornaleiro, a senhorinha que lava os banheiros do hospital, o porteiro, e até mesmo o curador da Bienal. Na rua, a gente tem mais possibilidades de aproveitar o espaço, de fazer cada vez maior e de experimentar diferentes tipos de superfícies [...]. Fazer os bichos tipográficos para mim foi um grande passo na minha carreira de artista. Comecei pintando em pôsteres velhos e colando na rua, daí percebi que esses pôsteres por si só já eram uma obra de arte. Aquelas letras tinham vida para mim, eram tão bonitas que eu comecei a recortá-las em grande quantidade e, como eu já fazia os monstros, resolvi tentar com a colagem, e deu certo [...]. MORAES, Tiago. Entrevista com Fefe Talavera. In: +SOMA, vol. 4, 2009. Disponível em: <http://www.maissoma.com/2009/9/15/fefe-talavera>. Acesso em: 11 fev. 2016.
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MAIS DE PERTO VEJA ARTE Walter Smetak. Curiosa
„ O mago do som
Criar música é compor com sons. É escolher tempos, silêncios, sequências sonoras. É combinar ritmo, texturas, harmonia e melodia. É expressar-se na língua da arte do tempo. Sim, a música é conhecida como arte do tempo, assim como a pintura e a escultura são artes do espaço. Como isso acontece? Observe a imagem ao lado. Imagem gentilmente cedida pelo acervo da Família de Walter Smetak A música precisa de um tempo para acontecer. A composição musical começa em dado momento e acaba em outro. Assim, ela acontece na translação do tempo. Dura poucos minutos enquanto é executada, uma arte efêmera. A escultura ou a pintura, por sua vez, precisam de um suporte, um espaço, uma matéria na qual o artista plástico cria a imagem e ela pode ficar ali, naquele lugar, por milhares de anos, desde que seja bem preservada. Público interage com a obra e instrumento musical coletivo Pindorama, de Walter Smetak, 1973. Esse instrumento O que acontece quando um múplástico-sonoro podia ser “tocado” por até 28 pessoas sico mistura a arte do tempo com a simultaneamente. arte do espaço? Walter Smetak (1913-1984), um suíço que morou muito tempo na Bahia, realizou essa experiência, unindo as artes plásticas com a música, ao criar as suas “plásticas sonoras”. Músico, compositor, escritor, inventor e escultor, Smetak escolheu os mais variados e inusitados materiais para criar as suas peças. Na linguagem da música, a sua maneira de criar era experimental. Ele vivia juntando coisas e percebendo como esses objetos ou elementos da natureza podiam produzir sons ou apenas serem instrumentos plásticos, tal qual uma escultura. Veja, ao lado, outra obra plástica sonora de Walter Smetak. Imagem gentilmente cedida pelo acervo da Família de Walter Smetak
composição instrumental de Walter Smetak que registra as suas primeiras pesquisas sonoras na década de 1970. Produção da antiga gravadora Philips Record. Disponível em: <http://ftd.li/b4wquy>.
Plástica sonora de Walter Smetak, [19--]
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Arquivo/Estadão Conteúdo
Walter Smetak. Foto de 1989.
Walter Smetak (1913-1984) Entre os temas que o suíço Walter Smetak pesquisava, e sobre os quais escrevia, estavam os sons, o silêncio e como as pessoas relacionam-se com o mundo. Morou na Bahia desde jovem, foi professor na Escola de Música da Universidade Federal da Bahia e influenciou toda uma geração de músicos, como Tom Zé, Gilberto Gil, Caetano Veloso, entre outros. Deixou vários textos sobre as suas ideias a respeito da criação da arte no tempo e no espaço, plásticas sonoras, e sobre a composição da música com a improvisação. Sobre esse tema, costumava dizer que:
Sendo o som o material do qual fazemos a música, este trabalho inclui pesquisa dos intervalos, a análise das escalas matemáticas ou temperados, e as outras – os sons naturais – (harmônicas). SMETAK, Walter. Walter Smetak – 100 anos. Disponível em: <http://www.waltersmetak.com.br/textos.html>. Acesso em: 11 fev. 2016.
Em relação ao modo de escrever pautas musicais, Smetak dizia que esse processo podia ser realizado pela improvisação. Inicialmente, ele fazia desenhos, símbolos sobre o papel, experimentava os sons com os instrumentos que criava e depois passava para escrita convencional da música. Sobre as razões que o estimulavam a fazer música, comentava que eram muitas, entre elas:
OUÇA ARTE Interregno: Walter Smetak e Conjunto Microtons. Intérprete: Marcus Pereira. Autor: Walter Smetak. Disponível em: <http://ftd.li/ekutuk>.
Por prazer da própria experiência [...] componho para pesquisar a matéria viva humana, a sua reação ou não reação ao tema abordado, o domínio do silêncio e a profundidade e dinâmica do som que faz a música. Componho por puro prazer ao trabalho que me propõe durante o processo no qual acontece uma felicidade muito rara. SMETAK, Walter. Walter Smetak – 100 anos. Disponível em: <http://www.waltersmetak.com.br/textos.html>. Acesso em: 11 fev. 2016.
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LINGUAGEM DAS DA ARTE ARTES VISUAL VISUAIS „„Bidimensional e tridimensional Existem várias ideias que podemos aprender quando criamos arte. Dois conceitos importantes na construção da compreensão da linguagem visual são: bidimensionalidade (relativo ao espaço bidimensional) e tridimensionalidade (relativo ao espaço tridimensional). Leia o quadro a seguir. Espaço bidimensional e tridimensional
Espaço bidimensional
Superfície plana sobre a qual são aplicadas marcas visíveis que não apresentam profundidade, exceto de forma ilusória. As duas dimensões são: altura e largura.
Espaço tridimensional
Espaço com profundidade física, a terceira dimensão. As três dimensões são: altura, largura e profundidade. Elaborado pelos autores.
Há diferentes linguagens expressivas na arte, como desenho, pintura, escultura, instalação, cinema, gravura e tantas outras. Nas artes visuais, cada uma tem um modo de elaboração no processo de criação. Podemos também classificar as imagens como figurativas e abstratas. Leia no quadro a seguir. Imagens figurativas e abstratas
Imagens figurativas
Representam objetos, animais, seres humanos, paisagens (qualquer tema) do mundo como são vistos na realidade. Contudo, na arte também pode trazer uma visão subjetiva, pois cada artista pode “ver” a realidade à sua maneira.
Imagens abstratas
Conceito vindo do abstracionismo, uma tendência de arte que não se preocupa em “imitar” o mundo, ou seja, com a figuração da realidade como é vista. Historicamente, está ligada às vanguardas europeias do início do século XX. Elaborado pelos autores.
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Alguns estudiosos das artes preferem falar em obras figurativas e não figurativas, uma vez que algumas obras podem revelar uma situação na qual ela é uma representação figurativa e abstrata ao mesmo tempo, dificultando determinar onde termina o figurativismo e começa o abstracionismo. Os artistas escolhem como criar suas imagens. Assim, às vezes, podemos identificar facilmente as figuras retratadas e, em outros momentos, as linhas e formas não lembram coisas da natureza, despertando-nos para outras formas de perceber e sentir as ideias dos artistas e as nossas em relação ao que uma obra pode expressar.
AÇÃO E CRIAÇÃO „„Toy art Eduardo Knapp/Folhapress
Você já ouviu falar de toy art? Veja a imagem a seguir.
Exemplos de toy art com bonecos feitos com biscuit.
O conceito de toy art é do início do século XXI, portanto, muito novo e em construção. A ideia é criar, remodelar ou customizar bonecos (personagens), com roupas e outros acessórios, caracterizando um novo personagem, com estilo e criação próprios. Na contemporaneidade, artistas de várias áreas, como ilustradores, grafiteiros, fotógrafos, designers gráficos, entre outros, dedicam-se a essas criações, e muitas já são consideradas itens de coleção. Os criadores de toy art são chamados de designer toys. Cada um possui um estilo pessoal, demarcando seu estilo e criatividade. São inúmeros os materiais usados por esses artistas na confecção dos personagens, como papel, metal, tecido, acrílico. Nossa proposta é a criação de um toy com massa de biscuit (massa branca e fina de porcelana), criando um personagem tridimensional.
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PROCEDIMENTOS ARTÍSTICOS Antes de criar o seu personagem, vamos aprender a fazer a massa caseira. Depois, separe o material e comece a trabalhar. Aqui estamos explorando o ato de modelar com biscuit. Vamos pôr a mão na massa? Biscuit caseiro Ingredientes: • 2 xícaras (chá) de amido de milho; 2 xícaras (chá) de cola branca própria para biscuit; 1 colher (sopa) de caldo de limão ou vinagre; 2 colheres (sopa) de vaselina líquida; 1 colher (sopa) de creme hidratante sem silicone. Utensílios (domésticos): •
colher de pau; panela ou recipiente de vidro; pia da cozinha; fogão ou micro-ondas; Modo de fazer:
•
no micro-ondas — misture todos os ingredientes numa tigela de vidro. Em seguida, leve a massa para cozinhar no micro-ondas por 3 minutos, mexa a cada minuto. Retire e levante a massa com uma colher para ver se desprende do fundo da tigela. Logo depois, retire a massa para sovar. Passe creme nas mãos e numa superfície lisa (folha de EVA, pia, tábua etc.) para sovar a massa, preferencialmente morna, evitando queimaduras. Depois armazene a massa em saco plástico ou papel filme. Para tingir a massa, você pode usar tinta acrílica. Separe pedaços da massa, coloque um pouco de tinta na ponta do dedo e sove a massa até colorir. Ou pinte o objeto modelado depois de pronto.
•
no fogão — misture todos os ingredientes numa panela grande, mexa com uma colher de pau até formar uma bola e despregar do fundo da panela. O ponto da massa fica um pouco mole. Depois, retire a massa da panela para sovar. Faça as etapas seguintes como acima.
Fonte: VASCONCELOS, Elba R. C. de; ANDRADE, Maria da C. de O. Biscuit. Portal do Professor, 21 fev. 2011. Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?pagina=espaco%2Fvisualizar_aula&aula= 21662&secao=espaco&request_locale=es>. Acesso em: 11 fev. 2016.
PROCEDIMENTOS ARTÍSTICOS Primeiro temos de criar os estudos do personagem no papel. Você pode trabalhar com lápis de cor ou caneta hidrocor. Os personagens podem surgir de muitas ideias: pode ser um ser que veio do espaço, uma pessoa conhecida, um personagem de desenho animado, entre outros. O importante é que o desenho seja significativo e expressivo, mostrando a sua poética pessoal e o fluxo das suas ideias.
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„„Ato de modelar João Prudente/Pulsar
Observe a imagem a seguir.
Quando modelamos com argila, trabalhamos os quatro elementos da natureza: a terra (a própria argila), o ar (bater a argila antes de modelar contribui para tirar as microbolhas de ar do seu interior), a água (para umedecer e dar densidade à argila), e o fogo (quando levamos para “queimar” a peça). Isso nos remete a infinitas possibilidades criativas, inventando formas tridimensionais que expressam nossos sentimentos e pensamentos. Muitos artesãos e escultores populares criam usando barro em todo o Brasil. No Nordeste, por exemplo, a arte de modelar em barro é um importante patrimônio do acervo cultural local. Muitos escultores modelam, em argila ou massa acrílica, em tamanho pequeno, formas que depois serão transformadas em grandes esculturas de pedra, madeira ou metal. Essa primeira forma pode ser entendida como o projeto da obra principal. Agora, que tal modelar com argila? Vamos criar esculturas?
Esculturas de argila em exposição em loja de artesanato em Morungaba, no interior de São Paulo, em 2012.
PROCEDIMENTOS ARTÍSTICOS Para modelar com argila, você vai precisar de 1 kg de argila (dá para dividir em grupos de quatro componentes) e de palitos de sorvete ou de churrasco (cuidado com as pontas) para modelar. Em lojas de artesanato você encontra diversos tipos de argila, cada uma com uma característica diferente, conforme o trabalho que queira fazer. Pesquise na internet e siga as instruções do professor. A modelagem é feita com a adição aos poucos da argila, que deve ser trabalhada para se chegar à forma desejada. A argila é macia e fácil de manusear, mas precisa estar úmida para poder ser trabalhada. Agora, solte a imaginação e crie as formas da sua arte!
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„„Ato de construir Lembra-se dos alebrijes que vimos neste capítulo? Que tal criar o seu? PROCEDIMENTOS ARTÍSTICOS Vamos criar as figuras dos alebrijes com arames maleáveis, jornais velhos cortado em tiras, fitas adesivas, tintas (pode ser guache ou acrílica), pincéis, vidros e panos para limpeza.
Fotos: Xica Lima
Vamos começar? Siga as instruções.
1 Primeiro, faça uma estrutura em
2 Faça os detalhes, como olhos e orelhas,
arame na forma do bicho que imaginou. Vá colocando as tiras de papel sobre essa forma e fixando-as com fitas adesivas.
entre outros, colocando mais tiras de jornal moldados com a fita adesiva.
3 Depois, com a forma
pronta, pinte da cor que desejar.
Como ficou o seu alebrije? Você misturou bichos reais ou criou um direto da sua imaginação? Registre no seu diário de artista!
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Observe a imagem ao lado. O sabão de coco é um material que permite introduzir a prática de esculpir. Dependendo do material utilizado, é fácil criar detalhes e texturas diferentes e originais. Agora, que tal fazermos esculturas com sabão ou sabonete? Mãos ao sabão!
Xica Lima
„ Ato de esculpir
Escultura de rã feita com sabão, inspirada no muiraquitã que, na região amazônica, é talhado em pedra e considerado um amuleto.
PROCEDIMENTOS ARTÍSTICOS O ato de esculpir consiste em retirar partes do material para resultar na obra que você idealizou. Assim, planeje sua criação e elabore um projeto (desenho). Agora, é na matéria-prima: desenhe com um lápis as partes que você vai retirar. Você pode usar diferentes materiais, como a barra de sabão ou um bloco de gesso que você mesmo pode fazer (há nas lojas de artesanato, é só seguir as instruções com cuidado e atenção). A fim de deixar partes do sabão mais macias, use os dedos. O calor do seu corpo vai ajudar a amolecer o sabão, tornando mais fácil criar uma superfície lisa. Ainda para o acabamento final das obras, você pode reparar pequenas fissuras na escultura de sabão, usando água para umedecer a superfície e, em seguida, os dedos para fechar as fissuras ou asperezas da barra de sabão. Quando as esculturas estiverem prontas, que tal organizar com os colegas da turma uma exposição? Registre a exposição com fotos e filmagens. Lembre-se de registrar suas observações e sensações no seu diário de artista!
„ Lambe-lambe
Jon Hicks/Corbis/Latinstock
Observe esta imagem. Leia a legenda abaixo. Vamos criar com arte no formato lambe-lambe? Que tal criar pinturas murais com a sua turma?
Arte no formato lambe-lambe em galeria de passagem subterrânea para pedestres no centro de São Paulo (SP), em 2014.
PROCEDIMENTOS ARTÍSTICOS Utilize uma receita de cola diluída em água para aplicar o lambe-lambe na parede. Você pode usar recortes de papel e criar na arte do lambe-lambe. A linguagem do lambe-lambe é mais um motivo para você soltar a imaginação, criar e interagir com a arte das (e nas) ruas. Converse com o professor e pesquise com os colegas.
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LINGUAGEM DA MÚSICA „„O som e o tempo na mesma linguagem
Claudio Capucho/Fotoarena
Como vimos, a música é a linguagem do som e do tempo. Observe a imagem a seguir.
União dos instrumentos tradicionais da música clássica com os instrumentos elétricos e eletrônicos do rock no tributo a Renato Russo (1960-1996), líder da banda de rock Legião Urbana, em 2011. A apresentação reuniu diversos artistas do rock e do pop brasileiro com a Orquestra Sinfônica Brasileira no palco da edição de 2011 do Rock in Rio, no Rio de Janeiro.
O som expande-se no ambiente, caminha pelo ar. Em cada lugar, ele espalha-se de modo diferente, em um fenômeno chamado de acústica. Nossos ouvidos são sensíveis ao som em determinadas frequências. Vivemos em um mundo sonoro e foi esse ambiente que possibilitou a criação da música, que é a combinação dos sons. Inicialmente, eram sons da natureza. Depois, fomos criando instrumentos, aprendemos a cantar e, com isso, nasceu a música. São tantas as possibilidades de criar instrumentos e novos sons, de criar música com instrumentos de dedilhar, de percutir, de soprar ou até sons mixados por meio das tecnologias.
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Alex Silva
Para criar música, fazer composições, é preciso conhecer os seus elementos de linguagem. Vamos recordar? Veja o esquema a seguir.
ELEMENTOS FORMAIS DA MÚSICA
Densidade
Timbre
Intensidade
Altura
Duração
Sons simultâneos
Fonte sonora
Forte Fraco
Agudo Grave
Curto Longo
Harmonia
Melodia
Ritmo
Elaborado pelos autores.
Os elementos da música, em relação a sua forma, são: timbre; intensidade; altura; densidade; duração. Observe o quadro. Elementos da música em relação a sua forma O timbre é a fonte sonora, a cor do som. Assim como temos tonalidades diferentes nas
Timbre
cores, temos nuances distintas em relação aos timbres de voz, instrumentos e outros tipos de sons. Cada material usado em um instrumento tem o seu próprio timbre. A intensidade pode ser observada na força do som (na sonoridade). É quando ouvimos um som muito forte (alta intensidade) ou fraco (baixa intensidade) e percebemos a sua
Intensidade
amplitude. A energia que colocamos ao cantar é um exemplo. A força pela qual as ondas sonoras empurram o ar já foi medida pela ciência, que classifica essa intensidade em decibéis (dB).
Altura Densidade
A altura é medida pela frequência do som em graves e agudos. Podemos, assim, distinguir um som agudo (fino, alto), de um grave (grosso, baixo). A densidade sonora é a forma da combinação de vários sons simultâneos. O trabalho da relação entre o tempo e o “espaço” das notas é estabelecido pela du-
Duração
ração do som. Sobre esse elemento, podemos dizer, também, que existem combinações de sons regulares que determinam o pulso ou pulsação na música. Dessas combinações nascem os ritmos. Elaborado pelos autores.
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Quando fazemos composições musicais, trabalhamos as articulações em relação às vibrações. Vibrações rápidas produzem sons agudos. Vibrações lentas geram sons graves. Assim, também estamos conhecendo e trabalhando com o tempo e o espaço na relação da duração do som. Todos esses elementos são articulados em conjunto em uma composição musical, organizados pelo compositor. É assim que ele desenvolve a exploração da densidade sonora, conforme a sua proposta e os seus objetivos artísticos com a obra, ou seja, o que ele sente e o que quer expressar. Em relação aos elementos de linguagem para composição, podemos dizer que existem: a harmonia; a melodia; o ritmo. Observe o quadro a seguir. Elementos da música em relação a sua composição Harmonia é a combinação dos sons. Assim como combinamos cores e for-
Harmonia
mas em uma composição visual, combinamos sons ouvidos simultaneamente em uma harmonia musical.
Melodia
A melodia é a criação de sequência sonora e de silêncios. Na música, chamamos os intervalos entre os sons criados pelo artista de silêncios. A melodia e o ritmo caminham juntos em uma composição. Percebemos
Ritmo
a melodia geralmente em destaque em composição musical e o ritmo tem relação com a duração dos sons. Elaborado pelos autores.
Fazer música é fazer combinações (arranjos) entre esses elementos da linguagem sonora.
AÇÃO E CRIAÇÃO „„Partitura gráfica
Editoria de arte
Vamos criar uma partitura gráfica? Uma partitura gráfica é montada com elementos criados por você para ser interpretada com a voz. Repare nos elementos utilizados que compõem a partitura que veremos adiante:
Ponto
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Linha
Bloco
Ilustrações: Acervo dos autores
Observe o exemplo de partitura gráfica a seguir.
Exemplo de uma partitura gráfica ilustrada (acima) e esquemática (ao lado).
PROCEDIMENTOS ARTÍSTICOS Para interpretar essa partitura, você pode combinar primeiro com os colegas uma forma interessante de realizar cada um dos elementos. Por exemplo: • o ponto pode ser um som vocal breve, um estalo de língua ou de dedos, uma palma etc.; • a linha pode ser um som vocal produzido com uma vogal (boca aberta ou fechada), uma imitação de som de vento etc.; • o bloco pode ser o resultado de vários sons realizados ao mesmo tempo (os mesmos já escolhidos ou outros). As ondulações gráficas podem resultar em ondulações sonoras feitas com a voz, ou em murmúrios, ou outro tipo de efeito, como mãos esfregando-se, som com movimento do corpo etc. Você também pode interpretar os sons considerando a altura aproximada que eles ocupam na partitura. Tudo será relativo… um som é mais grave ou agudo em relação aos outros, um som é mais longo ou mais breve em relação aos outros. Se o ponto ou qualquer elemento estiver na parte mais acima da partitura, ele será representado por um som agudo; se estiver na parte média ou baixa, será um som de altura normal (média) ou mais grave. Cada interpretação em grupo dessa partitura produzirá resultados diferentes. Experimente e ouça. Quem compõe, agora, é você!
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PROCEDIMENTOS ARTÍSTICOS As explorações de interpretação de diferentes formas só enriquece a experiência de fazer música em conjunto. A partitura poderá até mesmo ser lida de ponta-cabeça! Escolha quando desejar interpretá-la de uma ou de outra maneira. Fazemos a você algumas propostas: (1) explore como interpretar os elementos indicados nessa partitura e a interprete experimentando as múltiplas oportunidades que ela oferece; (2) crie agora, sozinho ou com os colegas, outra partitura, tendo como base estes três elementos propostos aqui: ponto, linha, bloco. Depois, será o momento de interpretá-la com um grupo de colegas para o restante da classe. Que tal criar outras partituras como esta e brincar com a proposta de ler sons? Você pode pesquisar sons e elementos como a sua duração, a intensidade, a altura e o timbre. Também pode compor pensando na combinação de vários sons tocados ao mesmo tempo, ou sobre o pulso e o ritmo na música, entre outras possibilidades. Pesquise e crie na linguagem musical. Bom trabalho e boa diversão!
Por quantas linguagens a arte conversa? Estudamos, neste capítulo, que são muitas as linguagens da arte. Cada um tem seu próprio jeito de ser e criar arte. Estilos, temas, elementos de linguagem são articulados e combinados para que a arte surja. Os materiais também são importantes porque dão corpo à arte. Que relações podemos fazer entre a pintura, em suas tonalidades, e a música, em seus timbres? Que relação existe entre a artista Fefe Talavera, que cria articulando elementos da linguagem das artes visuais, e o artista Walter Smetak, que criou obras como as “plásticas sonoras”? Como você cria arte? Em que linguagem você costuma se expressar?
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Ma r
ce
lo
Ci
pis
O que você descobriu no universo da arte ao estudar esta unidade? Você tem visto as linguagens artísticas que estudamos nesta unidade no seu dia a dia? Como são as linguagens artísticas na sua cidade? Há grafites, músicas em espaços públicos, imagens fotográficas e outras formas de arte? Como você tem aprendido as linguagens artísticas na escola? Desde pequeno, qual a linguagem artística mais usada por você? Na escola, é possível criar linguagens artísticas e expressar-se por meio da arte? Você e os colegas podem expor os trabalhos no espaço da escola? Como isso é feito? Estudamos que algumas produções artísticas são em grupo e outras individuais. Como você vê o seu processo de criação? Gosta mais de criar com os colegas ou prefere fazer arte individualmente? Quais linguagens estudadas nesta unidade você considera mais interessante para criar em grupo? Que tal chamar a turma e os professores e criarem projetos de arte com base no que você aprendeu nesta unidade?
DIÁRIO DE ARTISTA Que tal registrar as suas experiências artísticas no caderno, como uma espécie de diário de artista? Fotografias, resumos sobre filmes, imagens que você vê na rua, músicas e tudo que tem aprendido, que pode ser relacionado com a sua vida cotidiana, pode ser fruto de inspiração para as suas anotações sobre a aventura de aprender sobre linguagens artísticas. Você pode desenhar, escrever poemas e lembretes sobre coisas que você quer descobrir. Pode, também, fazer pesquisas sobre os artistas dos quais você quer saber mais, entre outras vontades. Um diário é como um companheiro de aventuras nesse mundo da arte. Traga o seu diário sempre perto de você.
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UNIDADE 2
Arte, som e palavra
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A arte e a palavra que constroem linguagens. Verbal e visual encontram-se na poética da arte. O texto na fala do autor, a letra na voz de quem canta. Culturas indígena e tecnológica. A arte de ontem, de hoje, de perto, de longe. Jeitos de ser e de fazer arte e cultura.
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Trajetórias para a arte: ¡ Capítulo 1 / A palavra na cena ¡ Capítulo 2 / De canto a canto Créditos das imagens: 1. Espetáculo Boraimbolá Acústico. Direção e Concepção Rafael de Moura. Foto: Tiago Trindade; 2. Gnter Lenz/ImageBroker/Glow Images; 3. 1893. Biblioteca-Museu da Ópera Nacional de Paris. Foto: De Agostini/Glow Images; 4. Leo Drumond/Nitro Imagens/Latinstock; 5. Acervo dos autores; 6. Ñande Reko Arandu. Memória Viva Guarani. Gravadora: MCD. 2005; 7. Filme de George Lucas. Star Wars Episódio II: Ataque dos Clones. Estados Unidos. 2002. Foto: 20th Century Fox Licensing/Everett Collection/ Keystone; 8. Photo Scala, Florença/V &A Images/Victoria and Albert Museum, Londres; 9. John Henshall/ Alamy/Latinstock; 10. Editoria de arte; 11. Eduardo Vessoni.
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