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James & Mendes

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JAMES ONNIG TAMDJIAN Bacharel em Geografia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Professor de Geografia da rede particular de ensino. IVAN LAZZARI MENDES Bacharel e licenciado em Geografia pela Universidade de São Paulo. Professor de Geografia da rede particular de ensino.

1a. edição São Paulo, 2016

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Copyright © James Onnig Tamdjian, Ivan Lazzari Mendes, 2016 Diretor editorial Gerente editorial Editora Editoras assistentes Assistentes editoriais Assessoria

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Lauri Cericato Silvana Rossi Júlio Natalia Taccetti Isabela Gorgatti Cruz, Jéssica Vieira de Faria, Mirian Pereira Bruna Flores, Mariana de Lucena Bárbara Rocha, Bruna Rodrigues, Daniella Barroso, Denise Pinesso, Francisco Garcia, Gabriela Otero, Maíra Fernandes, Suélen Rocha Menezes Marques Mariana Milani Daniela Máximo Bruno Attili Gary McGovern/Flickr RF/Getty Images Vinícius Fernandes Marina Martins Almeida Dito e Feito Comunicação e JS Design Comunicação Visual Ana Isabela Pithan Maraschin Márcia Berne Talita T. Tardone, Gislene Aparecida Benedito Estúdio Ampla Arena, Julio Dian, Lígia Duque, Luís Moura Alexandre Bueno, Dacosta Mapas, Mario Yoshida – Allmaps, Portal dos Mapas, Renato Bassani, Selma Caparroz, Sônia Vaz Lilian Semenichin Viviam Moreira Paulo José Andrade, Rita Lopes Expedito Arantes Elaine Bueno Marcia Trindade, Rosely Ladeira Reginaldo Soares Damasceno

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Tamdjian, James Onnig Prismas geográficos, 9o. ano / James Onnig Tamdjian, Ivan Lazzari Mendes. — 1. ed — São Paulo : FTD, 2016. ISBN 978-85-96-00239-4 (aluno) ISBN 978-85-96-00240-0 (professor)

Marina em Dubai, Emirados Árabes Unidos.

1. Geografia (Ensino fundamental) I. Mendes, Ivan Lazzari. II. Título. 15-11226

CDD-372.891

Índices para catálogo sistemático: 1. Geografia : Ensino fundamental 372.891 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Envidamos nossos melhores esforços para localizar e indicar adequadamente os créditos dos textos e imagens presentes nesta obra didática. No entanto, colocamo-nos à disposição para avaliação de eventuais irregularidades ou omissões de crédito e consequente correção nas próximas edições. As imagens e os textos constantes nesta obra que, eventualmente, reproduzam algum tipo de material de publicidade ou propaganda, ou a ele façam alusão, são aplicados para fins didáticos e não representam recomendação ou incentivo ao consumo.

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Impresso no Parque Gráfico da Editora FTD S.A. Avenida Antonio Bardella, 300 Guarulhos-SP – CEP 07220-020 Tel. (11) 3545-8600 e Fax (11) 2412-5375

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Apresentação

Caro aluno, Em sua busca por conhecimento, os seres humanos sempre observaram os céus, o horizonte e o solo. Tudo isso para compreender o lugar a que pertencem e se adaptar a ele. Esse conhecimento permitiu que a humanidade prosseguisse com a exploração de novas fronteiras, sejam elas no Universo, na superfície terrestre ou nas camadas mais profundas do planeta Terra. Essas observações dos seres humanos levaram à conclusão, em diferentes momentos e contextos históricos e sociais, de que o mundo está em constante mudança. A superfície terrestre, por exemplo, passou por muitas modificações físicas ao longo dos milhões de anos de sua constituição, causadas tanto por fatores naturais quanto por fatores humanos. Além disso, nos últimos séculos, os seres humanos têm vivido conflitos e acordos de paz; guerras de grandes proporções que levaram milhões à morte, mas também esforços de ajuda humanitária; devastação e preservação. Como os seres humanos se relacionam com o espaço onde vivem? De que forma o planeta chegou à situação em que está atualmente? Nesta coleção, você descobrirá que essas e muitas outras indagações são universais, comuns a homens e mulheres de todos os tempos. Espera-se que, com essa obra, você possa se apropriar de conhecimentos geográficos para ler e interpretar o mundo criticamente e posicionar-se ativamente ante a questões do contexto contemporâneo. Bons estudos! Os autores

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Conheça seu livro Este volume é dividido em 12 capítulos. Seus conteúdos estão distribuídos nestas diferentes seções.

INDICAÇÕES

As montanhas no sul

As bacias sedimentares da região central

Me de Gr ridiano eenw ich

Sônia Vaz

Me de Gr ridiano eenw ich

Europa: geologia

Mer de G idiano reen wic h

Pola r

Mar Mediterrâneo

Mar Mediterrâneo

Tipos predominantes de rochas

Sedimentar (antiga)Sedimentar

0

455

Movimentos da crosta terrestre

Tipos predominantes de rochas

Sedimentar (recente)

As maiores bacias sedimentares da Europa estão concentradas na região central do continente. Nessas localidades, durante as glaciações e as mudanças no clima e no relevo do planeta, muitas florestas morreram e foram soterradas por espessas camadas de sedimentos durante milhões de anos. A lenta decomposição da matéria orgânica soterrada – árvores mortas e sedimentos marinhos incorporados por deslocamentos dos terrenos – deu origem a ricas jazidas de carvão mineral. Alguns dos mais importantes rios europeus cortam essa região. Como o terreno é baixo e relativamente plano,0 muitos455deles são navegáveis em grande parte de seu curso.

Dobramento antigo

Movimentos da crosta terrestre

(recente) Dobramento recente

Metamórfica

Fossa tectônica Sedimentar (antiga)

Magmática

Metamórfica

Vulcões ativos

Magmática

Dobramento antigo Dobramento recente Fossa tectônica Vulcões ativos

Fonte: GIRARDI, G.; ROSA, J. V. Atlas geográfico do estudante. São Paulo: FTD, 2011. p. 104.

Na parte central da Europa, o relevo é baixo e plano. As bacias sedimentares recentes abrigam grandes jazidas de carvão.

Rio Reno NO MAPA 1. Qual é a estrutura geológica predominante na Europa? 2. Em que locais do continente podem ser encontrados vulcões ativos?

Michal Szymanski/Shutterstock.com

os Alpes e os Cárpatos.

O rio Reno nasce nos Alpes suíços e percorre mais de 1 300 quilômetros pelo território da Suíça, França, Alemanha e Holanda, desaguando no Mar do Norte. Às suas margens, perto da foz, encontra-se o porto de Roterdã, na Holanda, um dos mais movimentados do mundo. Portanto, as águas do Reno são via de transporte importante dos produtos produzidos e exportados pela Europa, principalmente pela Alemanha. Kenneth Ip/Shutterstock.com

Cír culo

Allmaps

Europa: principais estreitos

Ártico Os territórios situados na parte centro-sul da Europa são caracterizados por montanhas muito altas. São dobramentos modernos, como os Andes e as Montanhas RochoOCEANO ATLÂNTICO sas, na América. Essas elevações surgiram em decorrência do choque Mar do das placas tectônicas Euro-asiática e Africana, que deslizava Norte para o norte e pressionava as terras da Europa. A Placa EuroEstreito de -asiática, então, começou a se enrugar, dobrando e elevando EUROPA Bósforo Estreito de uma parte dos terrenos localizados ao sul. Estreito de Dardanelos Gibraltar Mar Negro Esses intensos movimentos tectônicos separaram muitas terras e acabaram abrindo canais marinhos, conhecidos M a r ÁSIA M como estreitos. Os mais importantes estreitos nessa região e 40ºN 40ºN d i t 0 645 e r são Gibraltar, Bósforo e Dardanelos. r â n e o ÁFRICA Na região sul da Europa, também são encontrados imFonte: CALDINI, Vera; ÍSOLA, Leda. Atlas geográfico Saraiva. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 117/121. portantes rios. O rio Ródano, por exemplo, nasce nos Alpes suíços e segue para o sul da Europa. Ele recebe águas do derretimento de gelo das Imax – Os Alpes: altas montanhas e, nesse trecho, seus desníveis formam grandes quedas-d’água, a escalada da sua vida muitas delas aproveitadas para a geração de energia. Nesse rio foram realizadas Direção: Stephen Judson. Estados Unidos: Flashtar obras que o tornaram navegável em boa parte dos seus mais de 800 quilômetros. Filmes, 2008 (75 min). O rio Ródano é importante para a economia da França, pois permite o escoaNos Alpes Suíços, um montanhista estadunidense embarca mento de muitos produtos fabricados na região de Lyon, uma cidade industrial. Ele em uma aventura para escalar deságua no mar Mediterrâneo, próximo a Marselha, formando um grande delta. uma montanha. O rio Pó também se situa ao sul da Europa, cruzando o norte da Itália. Ele nasce nas montanhas, na divisa com a França, e corre no sentido leste, desaguando São comuns as cadeias de montanhas originárias de no mar Adriático. É o maior rio italiano, com mais de 650 quilômetros de extensão. dobramentos nas bordas Seu curso estende-se entre os Alpes e os Apeninos. Dessas montanhas descem os das placas tectônicas. principais afluentes, cujas cachoeiras e quedas-d’água permitiram a construção de Na Europa se destacam os Pireneus (foto abaixo, várias hidrelétricas. na Espanha, em 2012),

Indicações de livros, filmes e sites relacionados ao conteúdo proposto no capítulo.

Rio Reno em Frankfurt (Alemanha), em 2014. O Reno atravessa algumas das principais regiões econômicas da Europa.

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Singlish, o inglês das ruas de Cingapura Desde que o imperialismo britânico e, posteriormente, a ascensão dos Estados Unidos levaram à disseminação mundial da língua inglesa, transformando-a em uma espécie de “língua franca” global, inúmeros dialetos e versões adaptadas do inglês (geralmente misturas do inglês a línguas locais) emergiram em vários continentes, como na África e na Ásia. Cingapura, que esteve sob o domínio britânico por mais de um século, tem no inglês um de seus quatro idiomas oficiais, junto do mandarim (principal idioma falado na China), do malaio e do tâmil. A língua popularmente mais utilizada, porém, é o singlish, o inglês de Cingapura, composto de elementos de idiomas chineses e palavras derivadas da língua malaia e de dialetos indianos. O singlish, embora não seja considerado oficialmente um idioma, pois é uma variedade do inglês com influências diversas, é um exemplo do multiculturalismo de Cingapura, onde grande parte da população é de origem estrangeira.

NO MAPA 1. Qual é a estrutura geológica predominante na Europa? 2. Em que locais do continente podem ser encontrados vulcões ativos?

Além de facilitar a comunicação entre indivíduos de diferentes origens, o singlish também é considerado uma expressão da cultura urbana de Cingapura, como língua falada nas ruas, principalmente pela população das classes média e baixa. Da mesma forma, constitui um reflexo do processo histórico de formação do país, que no início do século XIX recebeu inúmeros imigrantes chineses, malaios e indianos, além dos colonizadores britânicos. Ao longo do tempo, o singlish foi se transformando cada vez mais. Atualmente, sua estrutura gramatical apresenta notável influência chinesa e o significado e uso de palavras da língua inglesa foi bastante alterado, o que torna difícil a compreensão do singlish mesmo por parte dos turistas e estrangeiros que dominam o inglês. Em um país cuja identidade nacional ocorre em função das diversas origens da população, o singlish está se tornando cada vez mais um símbolo do povo de Cingapura e construindo a base de uma cultura local, que se orgulha de sua origem e busca sua afirmação. Matthew Williams-Ellis/Robert Harding World

VISÃO INTEGRADA: GEOGRAFIA E HISTÓRIA

Visão integrada: Geografia e...

Pessoas caminham em rua da Chinatown, o bairro chinês de Cingapura. O multiculturalismo da cidade foi um dos fatores que deram origem ao singlish. Fotografia de 2011.

Atividades 1. De que forma o singlish representa a formação multicultural de Cingapura? 2. Apesar de ser um exemplo do multiculturalismo, de que forma o singlish pode representar um aspecto da identidade nacional da população de Cingapura?

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Seção que propõe a observação mais atenta de determinado aspecto presente em imagens, gráficos e mapas.

Seção que destaca temas que se relacionam com outras áreas do conhecimento, como Ciências, História e Língua Portuguesa.

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Olhar cartográfico OLHAR CARTOGRÁFICO Keren Su/Corbis/Latinstock

Anamorfose geográfica

Brasil: distribuição da população Esses mapas são bastante utilizados para realização de estudos específicos, pois não há um nível alto de detalhamento ou precisão de localização. São bons exemplos de utilização da técnica de anamorfose mapas da população ou do PIB mundiais, dados socioeconômicos como IDH, entre outros.

Anamorfose geográfica é uma técnica de mapas esquemáticos na qual as áreas representadas são deformadas conforme valores preestabelecidos, isto é, a superfície da área é transformada na mesma proporção do valor da informação que se deseja destacar. O tamanho desses mapas varia de acordo com a quantidade que representa cada fenômeno. Eles não apresentam escalas e indicações de norte geográfico (rosa dos ventos). No mapa a seguir, referente às emissões de carbono no planeta, países que já se destacam por sua grande extensão em mapas sem anamorfose, também se destacam aqui, como Estados Unidos e China. No entanto, alguns países menores em extensão se distinguem mais dos outros por sua grande emissão de CO2, como Reino Unido, Alemanha e Japão. Já no mapa da página seguinte, que mostra a distribuição da população do Brasil no território, estados do Sudeste, como São Paulo e Rio de Janeiro, se sobressaem mais do que outros de grande extensão, como Pará e Amazonas. Mapas de anamorfose são um importante instrumento de análises comparativas, que podem apresentar grandes distorções e desequilíbrios entre regiões, países e continentes.

PIB Sigla de Produto Interno Bruto, ou seja, a soma de todas as riquezas (bens e serviços) produzidas por um país.

Área da Unidade da Federação proporcional à população 41.262.199 10.000.000

Fonte: IBGE. Sinopse do Censo IBGE 2010. In: FONSECA, Fernanda Padovesi; OLIVA, Jaime. Cartografia. São Paulo: Melhoramentos, 2013. p. 78.

1.000.000

África: população e idiomas

RÚSSIA REINO UNIDO

CHINA

ALEMANHA

1. De acordo com o mapa da página anterior, que mostra a proporção de emissões de carbono no mundo, que países se destacam como maiores emissores? Por que você acha que isso acontece?

ÁSIA ARGÉLIA MARROCOS

JAPÃO

FRA

ITA

ESP

Atividades

Mapas: Dacosta Mapas

Dacosta Mapas

Planisfério: emissões de carbono (CO2)

ESTADOS UNIDOS

IRÃ

EGITO CABO VERDE

2. Cite três países africanos e três estados brasileiros que se destacam quanto à população, segundo os respectivos mapas desta página.

SUDÃO

ÍNDIA

ETIÓPIA

ARS

MÉXICO

QUÊNIA

NIGÉRIA

UGANDA

3. De acordo com o mapa de distribuição da população brasileira, em qual região do país há maior concentração?

RAS BRASIL REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO

2,5 milhões de habitantes Idiomas Emissões de CO2 100 toneladas

Seção que ocorre ao final de alguns capítulos e propõe, por meio de exercícios de leitura, análise e produção cartográfica.

Menos de 0,20

De 2,00 a 5,30

De 0,20 a 0,50

De 19,0 a 20,0

De 0,51 a 1,60

MALAWÍ MADAGASCAR MOÇAMBIQUE

Francês Português Árabe

Fonte: FERREIRA, Graça Maria Lemos. Atlas geográfico: espaço mundial. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2013. p. 14.

4. Elabore um pequeno texto que indique os aspectos positivos de ilustrar informações a partir de anamorfoses geográficas.

ANGOLA

ZIMBÁBUE

Inglês

Parte do total mundial (%)

TANZÂNIA

Outros idiomas oficiais

ÁFRICA DO SUL

Fonte: FERREIRA, Graça Maria Lemos. Atlas geográfico: espaço mundial. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2013. p. 14.

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O Baiu

Cotidiano em um país de terremotos Muitas vezes, os meios de comunicação noticiam que os japoneses estão acostumados com os terremotos. Diferentemente de tempestades, que podem ser previstas e acompanhadas por computadores, os terremotos são de difícil previsibilidade. Na maior parte das vezes, eles são de pequena intensidade e criam somente uma LO vibração, como quando se está sentado U OCEANO ATLÂNTICO em um automóvel. Os mais fortes formam, Trópico de Câncer primeiro, uma onda quase imperceptível no OCEANO solo e, depois, chacoalham o chão. PACÍFICO Equador O Japão frequentemente faz campanhas educativas para prevenir acidentes maiores. As propagandas recomendam que os móveis sejam presos às paredes, que válvulas de gás fiquem fechadas, que não sejam colocados objetos pesados nas partes altas da casa, para não machucar ninguém se caírem, entre outras medidas. 0 2 360 Atualmente, as cidades japonesas preocupam-se com as residências e os prédios Fonte: CALDINI, Vera; ÍSOLA, Leda. Atlas geográfico Saraiva. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 169. mais antigos, que dificilmente resistiriam a um abalo forte, diferentemente dos prédios mais novos, projetados para isso. Existe uma escala japonesa para terremotos chamada Shindo, que difere um pouco da escala Richter. Observe-a na tabela abaixo.

Círculo de Fogo do Pacífico Atividade sísmica moderada

As chuvas Baiu provocam enchentes e deslizamentos, especialmente no centro-sul do país. Abaixo, região inundada em Obama (Japão), em 2013.

Atividade sísmica intensa

Círculo Polar Ártico

CÍR OCEANO ÍNDICO

Círculo Polar Antártico

No fundo do oceano Pacífico, centenas de vulcões estão em atividade, podendo formar novas ilhas.

O FO G

Trópico de Capricórnio

170º O

DO

C

Nos meses de maio e junho, o centro e o sul do Japão são atingidos por uma temporada de chuvas chamada de Baiu. Elas começam como pequenos chuviscos e, depois, transformam-se em grandes temporais que duram algumas semanas. Essas chuvas abrem o verão japonês, que é muito quente entre junho e julho. O verão, que ocorre na sequência do período do Baiu, também é extremamente chuvoso, uma vez que as massas de ar quente trazem toda a umidade do oceano para as ilhas japonesas.

Allmaps

Textos complementares

Textos que complementam os assuntos abordados nos capítulos. Podem conter atividades, imagens e textos veiculados em diferentes meios.

Escala Shindo 0

Não se sente o tremor.

Tufões

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Em ambientes fechados sente-se um leve tremor.

Os tufões surgem ao sul do Japão, nas regiões tropicais, formando tempestades com ventos muito fortes. Entre junho e outubro, o país pode ser atingido por três ou quatro grandes tufões. Quando isso ocorre, principalmente no sul do país, o mar fica totalmente revolto e, durante vários dias, os barcos não podem sair para pescar ou navegar.

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Em ambientes fechados sente-se um tremor.

3

Em ambientes fechados o tremor assusta.

4

Algumas pessoas tentam se proteger.

5

Muitas pessoas tentam se proteger, e algumas têm dificuldade de se mover.

5+

Tumultos, e muitas pessoas têm dificuldade de se locomover.

6

É muito difícil ficar em pé.

6+

Pessoas rastejam para se locomover.

7

Impossível se locomover voluntariamente.

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Ondas provocadas por tufão em Shikoku (Japão), em 2009. Os tufões provocam muitos estragos no sul desse país.

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Destruição causada por tsunami e terremoto ocorridos em março de 2011, na cidade de Jesennuma, em Miyagi (Japão).

Gallo Images/Getty Images

Fonte: Prefeitura de Nagoya. Disponível em: <www.city.nagoya.jp>. Acesso em: nov. 2015.

Jili Press/AFP/Getty Images

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Perspectivas Esta seção, presente em alguns capítulos, aborda temas transversais relacionados aos conteúdos propostos, abordando questões relevantes para a sociedade e a preservação ambiental.

PERSPECTIVAS Money Sharma/AFP/Getty Images

Os intocáveis e o sistema de castas na Índia Índia: distribuição da população por religião 0,4% 0,4% 0,7% 0,7%

13,4% 13,4%

Hinduísmo Hinduísmo Islamismo Islamismo Cristianismo Cristianismo Sikhísmo Sikhísmo Budismo Budismo Jainismo Jainismo Outros Outros

80,5% 80,5%

• os brâmanes, que vieram da cabeça do criador Brahma. São os sacerdotes, filósofos e estudiosos; • os xátrias, que vieram de seus braços, e exercem as funções de governantes e militares; • os vaixás, comerciantes e mercadores, vieram das pernas de Brahma; • os sudras, últimos na escala das castas, originalmente eram escravos, mas hoje abrangem trabalhadores e camponeses. Vieram dos pés de Brahma. Abaixo das quatro categorias encontram-se os dalits, chamados também de intocáveis, que, por infringirem a regra social do sistema de castas, foram punidos e excluídos da hierarquia a qual pertenciam. Os dalits não são considerados seres humanos puros e, portanto, lhes são atribuídas as atividades tidas como mais degradantes, como limpar esgotos, coletar os resíduos e manipular os mortos. Por fim, há também os jatis, pessoas que não se enquadram em nenhuma das características das castas, mas que tentam, de alguma forma, penetrar nos níveis mais elevados. Geralmente, os jatis exercem tarefas intermediárias na sociedade, como, por exemplo, comerciantes, vendedores, entre outras, muitas vezes herdadas de suas famílias. O Estado Indiano, por sua vez, rejeita a divisão por castas desde 1947, quando se tornou independente da Inglaterra, adotando uma constituição laica, isto é, não pautada pela religião. Desde então, o governo se posiciona de maneira neutra sobre a religião, dando liberdade aos cidadãos para exercê-la de acordo com as próprias crenças. Considerando que 82% dos mais de 1 bilhão de habitantes da Índia adota o hinduísmo como religião e que o sistema de castas tem praticamente 3 mil anos de existência, é muito difícil imaginar seu abandono no curto prazo. Essa dificulda-

Daniel Berehulak/Getty Images

0,8% 0,8% 1,9% 1,9% 2,3% 2,3%

Editoria de Arte

Em alguns países, a divisão social é estabelecida por meio da religião. Na Índia, país de população predominantemente hindu, a sociedade é fragmentada em castas. Esse sistema parte da crença de que a sociedade é composta de quatro categorias, relacionadas a diferentes partes do corpo de Brahma (Deus criador para os hindus), que determinam as condições de vida dos indivíduos de maneira hereditária. Assim, segundo as regras do sistema de castas, é praticamente impossível sair do círculo de relações determinado pela casta, uma vez que ela é transmitida de pai para filho. As quatro categorias das castas são:

de impede a solução de vários problemas sociais que atingem, sobretudo, os dalits, como o preconceito, a insalubridade, a pobreza e a exclusão social. A Índia é um país emergente do grupo Brics em processo de acelerado crescimento econômico. Mesmo que convicções religiosas sejam respeitadas, é preciso estender o acesso à cidadania sem distinção por religião, classe social, raça ou etnia. Os dalits representam cerca de 20% da população, ou seja, aproximadamente 240 milhões de pessoas que, em um sistema democrático com condições adequadas de vida, poderiam contribuir para o desenvolvimento socioeconômico do país, beneficiando toda a sociedade indiana.

Fonte: GOVERNMENT OF INDIA MINISTRY OF HOME AFFAIRS. 2001 Census Data – Religion. Disponível em: <http:// censusindia.gov.in/Census_And_You/ religion.aspx>. Acesso em: nov. 2015.

Trabalhadores indianos carregam sacos com material reciclável para vender em Délhi (Índia), em 2010.

Pelas cores da Índia: os intocáveis; os jainistas; os marajás Laurence Quentin. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2011. Tradução de Rosa Freire d’Aguiar. A leitura deste livro permite conhecer não só as paisagens da Índia como também compreender sua sociedade formada por castas.

Atividades 1. De acordo com o texto, como os indivíduos se tornam dalits (intocáveis)? 2. De que forma o sistema de castas pode prejudicar os avanços sociais na Índia, já que, atualmente, esse país se configura como uma das maiores economias mundiais? 3. Em sua opinião, o Estado deveria utilizar mandamentos religiosos como forma de governar um país?

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Atividades 5. A imagem abaixo mostra uma etapa do processo produtivo de uma empresa japonesa. Com base nessa foto, explique por que o país é mundialmente conhecido por seu elevado desenvolvimento tecnológico aplicado à indústria. Shizuo Kambayash/AP/Glow Images

Atividades Frederic Soltan/Corbis/Latinstock

1. Leia a reportagem.

Kyodo/Reuters/Latinstock

Forte terremoto atinge o Japão

Robôs em linha de montagem em Yamaguchi (Japão), 2013.

6. Analise estes gráficos e responda às questões.

Homens

“Não recebemos relatórios de danos materiais até o momento”, disse o porta-voz da polícia de Hokkaido, que também informou que não há registro de feridos.

FORTE terremoto atinge o Japão. G1, 19 abr. 2013. Disponível em: <http://g1.globo.com/mundo/noticia/ 2013/04/terremoto-de-magnitude-7-atinge-o-japao.html>. Acesso em: nov. 2015. 5

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3

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0

População (em milhões)

a) Por que os terremotos são frequentes no Japão? b) O tremor foi de alta intensidade e, segundo a reportagem, não houve relato de danos no país. Como isso é possível?

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População (em milhões)

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População (em milhões)

a) Explique as mudanças na estrutura da população japonesa ao longo dos anos nos três períodos apresentados. b) Quais são as consequências dessas mudanças para a economia do Japão?

100+ 95 a 99 90 a 94 85 a 89 80 a 84 75 a 79 70 a 74 65 a 69 60 a 64 55 a 59 50 a 54 45 a 49 40 a 44 35 a 39 30 a 34 25 a 29 20 a 24 15 a 19 10 a 14 5a9 0a4

3. Onde se localiza a megalópole Tokaido? Qual é sua importância para o Japão?

210

Mulheres 100+ 95 a 99 90 a 94 85 a 89 80 a 84 75 a 79 70 a 74 65 a 69 60 a 64 55 a 59 50 a 54 45 a 49 40 a 44 35 a 39 30 a 34 25 a 29 20 a 24 15 a 19 10 a 14 5a9 0a4

Japão: evolução da pirâmide etária (2050)

2. O “Milagre Japonês” pode ser entendido como o rápido crescimento econômico desse país, mesmo após ter sido destruído durante a Segunda Guerra. Quais fatores resultaram nesse “milagre”? 4. De acordo com o texto da página 204, “somente cerca de 15% do território japonês é constituído de planícies que podem ser cultivadas. Do restante, mais de 70% são [...] montanhas e terrenos íngremes, que dificultam o aproveitamento agrícola”. • Como o Japão consegue alimentar sua população com um espaço agricultável tão pequeno? Utilize exemplos do texto para explicar sua resposta.

Homens

100+ 95 a 99 90 a 94 85 a 89 80 a 84 75 a 79 70 a 74 65 a 69 60 a 64 55 a 59 50 a 54 45 a 49 40 a 44 35 a 39 30 a 34 25 a 29 20 a 24 15 a 19 10 a 14 5a9 0a4

Casas destruídas após terremoto em Hakuba (Japão), em 2014.

Um terremoto de magnitude 7,2 atingiu a faixa ocidental da ilha de Hokkaido, no norte do Japão, informou o Instituto Geológico dos Estados Unidos. [...]

Japão: evolução da pirâmide etária (2015) Mulheres

Gráficos: Dacosta Mapas

Japão: evolução da pirâmide etária (1990)

5

População (em milhões)

Fonte dos gráficos: UNITED STATES CENSUS BUREAU. International Programs: Population. Disponível em: <www.census.gov/population/ international/data/idb/region.php? N=%20Results%20&T=12&A= separate&RT=0&Y=1990&R= -1&C=JA>. Acesso em: nov. 2015.

211

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São apresentadas atividades ao final de cada capítulo, trazendo propostas que exploram diversas habilidades. Há questões de revisão e sistematização do conteúdo estudado, atividades de pesquisa e sugestões de entrevistas, propostas de interpretação de imagens, além de atividades práticas que envolvem a elaboração e/ou apresentação de produto final.

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Sumário Capítulo 1

Globalização e organismos internacionais ............................. 12

A globalização neoliberal ......................................... 12 A Terceira Revolução Industrial estimula a globalização ........................................... 14 A Revolução técnico-científico-informacional ...... 16 A globalização no cotidiano ..................................... 17 A fábrica global muda o espaço geográfico mundial ............................................... 18 A globalização e a sociedade da informação ......................................................... 18 A rede imaterial e o mercado de capitais ............... 18 As redes são comandadas pelas cidades globais 19 A outra face da globalização ................................... 20 Organismos internacionais ..................................... 21 O fim do padrão dólar-ouro e o G8 ................... 21

FMI e Bird ............................................................ 23 A OCDE ................................................................ 23 A OMC e o G20 .................................................... 24 A ONU na Nova Ordem Mundial ........................ 25 Visão integrada: Geografia e História As missões de paz da ONU ...................................... 26 Os blocos econômicos e as organizações de cooperação internacional ........................................ 28 As contradições do mundo globalizado: norte sul ................................................................. 29 Fórum Econômico Mundial e Fórum Social Mundial ...................................... 30 Efeitos negativos da globalização nos países desenvolvidos ........................................................... 31 Atividades .................................................................. 32 Perspectivas Cidades globais e multiculturalismo .................................................... 34 JF DIORIO/AE/dpa/Corbis/Latinstock

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Capítulo 2

Europa: aspectos físicos, população e nacionalismos........ 36

A Europa faz parte da Eurásia ............................... 36 A formação geológica da Europa ........................... 36 As terras do norte da Europa ............................ 37 As montanhas no sul ....................................... 38 As bacias sedimentares da região central ..... 39 Rio Reno ...................................................... 39 Rio Volga .................................................... 40 Rio Danúbio ............................................... 40

Capítulo 3

União Europeia ............................ 64

A Europa após a Segunda Guerra Mundial ............. 64 Os Estados Unidos financiam a Europa Ocidental ....................................................... 65 A Europa Ocidental busca retomar sua soberania ................................................................... 66 O Benelux ................................................................... 67 A Comunidade Econômica Europeia ....................... 67 A expansão da CEE ............................................ 68 A União Europeia ....................................................... 69 Países que aderiram à União Europeia após sua formação ..................................................... 70 Órgãos importantes da União Europeia .......... 71 As divergências na União Europeia ................. 72 Os imigrantes na União Europeia .................... 73 Países europeus que não fazem parte da União Europeia ................................................... 74 A situação da Turquia ................................ 75 Atividades ............................................................... 76 Perspectivas Cidadania e ciclovias na Europa ................................................................ 78

Capítulo 4

A Rússia e a Comunidade dos Estados Independentes ............. 80

Extensão do território russo ................................. 80 O relevo da Rússia ................................................. 82 Os climas e as vegetações da Rússia ................... 83 In Green/Shutterstock.com

A interação entre vegetação e clima ...................... 41 A taiga na Europa ............................................... 41 A Europa subpolar – tundra ............................. 42 A Europa mediterrânea ..................................... 43 A Europa temperada ......................................... 44 Estepes ............................................................... 45 Vegetação de altitude ...................................... 46 Visão integrada: Geografia, Ciências e História Florestas e áreas protegidas na Europa................. 47 População e nacionalismos .................................... 48 Mudanças de comportamento ......................... 49 O povoamento do território ............................. 50 O envelhecimento da população europeia ..... 51 Os imigrantes ............................................................. 52 Muro e violência ................................................ 53 O desenvolvimento humano na Europa .................. 54 Alguns conflitos na Europa ...................................... 55 O País Basco ...................................................... 56 Itália separatista ............................................... 56 A Irlanda do Norte .............................................. 57 A Espanha reivindica Gibraltar ......................... 57

A divisão da Bélgica .......................................... 58 Conflitos na antiga Iugoslávia .......................... 58 Visão integrada: Geografia e História A fragmentação da União Soviética e os conflitos na Europa Oriental ..................................................... 60 Atividades ................................................................... 62

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Visão integrada: Geografia, História e Ciências A chegada do verão na Rússia ................................ 85 A Rússia e sua área de influência geopolítica .............................................................. 86 A população da Rússia e da CEI ............................ 88 Genocídio armênio ........................................... 90 As nacionalidades na CEI e na Rússia .................. 91 A tensão na Ossétia .......................................... 91 O conflito na Chechênia ................................... 92 Petróleo na Rússia e na CEI .................................. 93 A nova agricultura da Rússia e da CEI .................. 94 Acordo entre China e Rússia ................................. 95 Atividades .............................................................. 96 Olhar cartográfico Anamorfose geográfica ..... 98

Capítulo 5

O continente asiático ...............100

Mudanças no espaço geográfico da Ásia produzidas pela expansão europeia ................... 100 Natureza asiática ................................................ 102 População asiática .............................................. 105 Principais fluxos migratórios da Ásia ............................................................. 107 Atividades ............................................................ 108

Capítulo 6

Oriente Médio ............................. 110

Posição geográfica .............................................. 110 O Oriente Médio a partir do século XIX ............... 111 O petróleo ......................................................... 111 A Opep ............................................................... 112 Os povos e os conflitos do Oriente Médio .......... 114 Origens da ocupação ....................................... 114 Judaísmo e islamismo ................................... 115

Visão integrada: Geografia, Matemática e História O Islã e suas contribuições à Matemática .............................................................. 116 As disputas por territórios .................................. 117 O agravamento das disputas ......................... 119 Guerra também pela água .............................. 121 Guerras entre guerras .................................... 122 Mudanças no conflito entre palestinos e israelenses ................................ 123 Mais um muro .................................................. 124 A Guerra do Afeganistão ...................................... 126 A nova Guerra do Golfo ........................................ 128 Outros grupos étnicos e religiosos que habitam o Iraque ............................................. 129 Os muçulmanos sunitas ......................... 129 Os curdos .................................................. 129 O grupo Estado Islâmico ..................................... 130 Mudanças nos territórios de alguns países do Oriente Médio .................................................. 131 Agricultura no Oriente Médio: a carência de água ................................................................ 132 Mudanças nos territórios do mundo árabe: revoltas populares .............................................. 135 Visão integrada: Geografia e Ciências O gás de xisto ...................................................... 137 Atividades ............................................................ 138 Olhar cartográfico Sensoriamento remoto e imagens de satélite ............................................. 140

Capítulo 7

China ...................................... 142

Principais regiões chinesas ............................... 142 Manchúria ........................................................ 143 Mongólia Interior ............................................. 144 Sin Kiang ........................................................... 145

Mamoun Wazwaz/Anadolu Agency/Getty Images

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Planícies Orientais .......................................... 146 Hidrografia, energia e transporte ....................... 146 O relevo do território chinês .......................... 148 Transformações do país ...................................... 148 No passado, um país dominado por estrangeiros .................................................... 148 As revoltas ....................................................... 150 A China maoísta .............................................. 150 A Era Deng ....................................................... 152 O declínio das Comunas Populares .............. 152 As consequências da modernização rural para os chineses ................................................. 154 O crescimento da população chinesa ................ 155 Questões geopolíticas da China contemporânea .................................................... 156 O Massacre da Praça da Paz Celestial .......... 156 A devolução de Hong Kong ............................. 157 A devolução de Macau .................................... 158 A questão de Taiwan ...................................... 158 A questão do Tibete ......................................... 159 A globalização e a economia chinesa ................ 160 A China na OMC ............................................... 160 A China no Brics .............................................. 160 Atividades ............................................................ 162 Perspectivas Crescimento econômico e problemas ambientais na China .......................... 164

Capítulo 8

Sudeste Asiático .................... 166

O Cordão Sanitário ............................................... 167 Os Tigres Asiáticos .............................................. 168 Hong Kong ....................................................... 169 Taiwan ............................................................... 170 Coreia do Sul ..................................................... 172 Cingapura ......................................................... 174 Visão integrada: Geografia e História Singlish, o inglês das ruas de Cingapura ............. 175 Os novos Tigres Asiáticos ................................... 176 Malásia ............................................................. 176 Indonésia ......................................................... 178 Tailândia ............................................................ 181 Vietnã ............................................................... 182 Filipinas ........................................................... 183 Os blocos econômicos que envolvem a Ásia ...... 184

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Atividades ............................................................ 186 Olhar cartográfico Mapa síntese .................... 188

Capítulo 9

Japão ..................................... 190

Características naturais do Japão ..................... 190 O relevo e os rios ............................................. 191 Clima e vegetação .......................................... 192 Conhecer o passado para entender o presente ............................................................... 196 O xogunato ...................................................... 196 Mudanças ocorridas no século XIX ................ 197 Expansionismo japonês ................................ 198 Expansão militar .................................... 199 A recuperação do Japão após a Segunda Guerra ............................................... 200 O espaço industrial japonês após a Segunda Guerra Mundial ..................................................... 202 O espaço agrário japonês ................................... 204 A questão da energia ........................................... 206 A população do Japão ......................................... 207 O envelhecimento da população japonesa .......................................................... 209 Atividades ............................................................. 210

Capítulo 10

Índia ...................................... 212

Aspectos naturais da Índia .................................. 213 As planícies indianas ...................................... 214 Cordilheira do Himalaia ................................... 215 Os maciços cristalinos do planalto do Decã ............................................................. 216 Das antigas civilizações à colonização estrangeira ........................................................... 217 A chegada dos arianos .................................... 217 A chegada do Islã ............................................. 218 A chegada dos ingleses .................................. 219 A independência da Índia .................................... 220 A partilha do território indiano ....................... 221 Visão integrada: Geografia e História O Movimento Paquistanês .................................. 223 A disputa da Caxemira ................................... 224 A construção do espaço geográfico indiano ..... 225 A industrialização ........................................... 225 Mudanças recentes no espaço geográfico da Índia ................................................................ 226

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Potência nuclear ............................................. 227 Tentativas de mudanças na agricultura ....... 228 Problemas sociais ............................................... 229 A população indiana ............................................ 230 Atividades ............................................................ 232 Perspectivas Os intocáveis e o sistema de castas na Índia .................................................... 234

Capítulo 11

Energia e transporte ........... 236

A questão da energia ........................................... 236 Fontes de energia ................................................ 236 As fontes de energia primárias ..................... 238 Energia termonuclear .................................... 238 O petróleo e as fontes de energia secundárias .................................................... 240 Fontes de energia alternativas ...................... 241 A questão dos transportes ................................. 244 O transporte terrestre .................................... 245 O transporte aéreo ......................................... 245 O transporte aquaviário ................................. 245 Impactos ambientais causados por combustíveis fósseis .......................................... 246 Poluição atmosférica ..................................... 246 Visão integrada: Geografia, História e Ciências Chumbo na atmosfera: consequência da era dos automóveis ..................................................... 248

Ilhas de calor ................................................... 249 Chuva ácida ..................................................... 250 Inversão térmica ............................................ 251 Atividades ............................................................ 252

Capítulo 12

Questões ambientais .......... 254

A questão da água ............................................... 254 A poluição dos rios e aquíferos ..................... 254 A escassez de água ........................................ 256 A questão dos resíduos sólidos .......................... 257 Compostagem e incineração ........................ 258 A degradação dos solos ...................................... 259 A devastação das florestas ................................. 260 O buraco na camada de ozônio ........................... 262 As conferências internacionais relacionadas ao ambiente ......................................................... 263 A Agenda 21 ..................................................... 264 As Metas do Milênio ....................................... 265 A Rio + 20 ......................................................... 265 Atividades ............................................................ 266 Olhar cartográfico Geotecnologias e Sistema de Posicionamento Global (GPS) ........................ 268 Bibliografia .............................................................. 270 Planisfério: político ................................................. 272 Konrad Fiedler/Bloomberg/Getty Images

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C APÍTULO

1

Globalização e organismos internacionais

“Um mundo sem fronteiras” é uma afirmação que pode caracterizar bem o século XXI: conectadas ao ambiente virtual, as pessoas acessam informações de praticamente todo o planeta. As experiências reais não ficam de fora e também são cada vez mais possibilitadas, por exemplo, pela diversidade de horários e rotas de viagens aéreas, que permitem ultrapassar longas distâncias em pouco tempo. As melhorias técnicas nos setores de comunicação, transportes e produção, além da integração cada vez maior entre as economias nacionais estão relacionadas ao processo de globalização.

JF DIORIO/AE/dpa/Corbis/Latinstock

Olga Miltsova/Shutterstock.com

Participantes de evento tecnológico em São Paulo (SP), em 2012, que costuma atrair mais de cem mil visitantes anualmente.

A globalização neoliberal A concorrência comercial entre os países capitalistas cresceu muito na década de 1980. Para enfrentá-la, os Estados Unidos e o Reino Unido diminuíram sensivelmente o investimento de recursos nas áreas sociais. As empresas estatais foram privatizadas e o poder dos sindicatos foi reduzido. Os governantes desses países (Ronald Reagan e Margaret Thatcher, respectivamente) acreditavam que essas medidas aumentariam a produção de toda a economia. O conjunto das medidas adotadas por esses governantes recebeu o nome de neoliberalismo, pois tinha o intuito de restringir e minimizar a participação do Estado nas atividades econômicas, como pregava o liberalismo econômico, teoria elaborada pelo economista inglês Adam Smith no século XVIII. Na década de 1980, Reagan e Thatcher propuseram uma série de medidas neoliberais que ficaram conhecidas como Consenso de Washington, um conjunto de recomendações para que os países endividados melhorassem suas condições socioeconômicas. As principais propostas eram: • reduzir os gastos governamentais; • diminuir os impostos pagos pelos cidadãos e pelas empresas; • promover a abertura econômica, permitindo a entrada de produtos estrangeiros; • eliminar as restrições à entrada de capital estrangeiro; • privatizar empresas estatais; • desregulamentar a economia, por exemplo, eliminando as leis trabalhistas.

NA IMAGEM • Como a afirmação “um mundo sem fronteiras” pode ser relacionada à imagem acima?

Globalização: o que é isso, afinal? Cristina Strazzacappa e Valdir Montanari. São Paulo: Moderna, 2003. Aprenda mais sobre o processo de globalização por meio deste livro, que responde a perguntas básicas sobre o assunto e aborda a globalização tanto do ponto de vista econômico quanto cultural.

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No caso brasileiro, essas leis trabalhistas, segundo alguns economistas, favoreceriam demais os trabalhadores e gerariam maiores custos para os empresários. Outra política neoliberal se tornou comum: a “abertura da economia”. Pressionados pelas grandes potências capitalistas, muitos países deixaram de cobrar as taxas alfandegárias de produtos importados e passaram a permitir a entrada de mercadorias estrangeiras similares às fabricadas em seu território, ou seja, seus governos abandonaram o protecionismo.

Privatizações tos dessas empresas; ao mesmo tempo, há um incremento nas receitas com arrecadação dos tributos gerados quando se tornam privadas. Além disso, a empresa pode vir a ser mais competitiva no mercado, em função de sua desburocratização, o que provoca mais rapidez na produtividade e maior eficiência da gestão. Outros analistas, no entanto, indicam que as privatizações podem reduzir o número de postos de trabalho, bem como a autonomia do país em setores estratégicos do seu desenvolvimento. Na medida em que se desfaz de suas empresas, pode comprometer sua capacidade de gestão em qualquer aspecto da economia, tanto na definição dos limites dos empreendimentos econômicos quanto na capacidade de interferir no setor quando necessário. Brasil: privatizações por setor (1990-2011) Petróleo e Gás

Editoria de arte

Também denominada desestatização, as privatizações são a transferência de empresas, grupos de investimentos ou multinacionais estatais (pertencentes ao Estado) para o domínio da iniciativa privada por meio de leilões públicos. A ideia é que a privatização ocorra quando uma estatal não está mais gerando os lucros exigidos para competir no mercado com outras empresas do mesmo ramo ou quando ela passa por grandes dificuldades financeiras. As privatizações ocorreram de forma intensa nos Estados Unidos e na Inglaterra entre 1970 e 1990. Como esses países exerciam grande influência na economia mundial, as privatizações se tornaram corriqueiras no mundo todo, inclusive na América Latina. Sob a justificativa de que estimulariam o crescimento econômico, elas foram amplamente recomendadas pelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), instituições financeiras internacionais que seguiam as orientações do Consenso de Washington. No Brasil, foi durante os anos 1990 que as principais privatizações ocorreram. Foram vendidas cerca de 100 empresas públicas dos mais diversos setores para a iniciativa privada, dentre os quais se destacam os setores das telecomunicações, energia, mineração e siderurgia (veja o gráfico ao lado). De uma maneira geral, a privatização de empresas públicas é um tema controverso e que divide opiniões. Especialistas do setor econômico avaliam que o poder público ganha na medida em que evita os gastos destinados aos investimen-

Financeiro

5% 16%

Portuário

17%

15%

1%

Mineração Ferroviário

9%

17%

13% 6%

Energia Elétrica Fertilizantes

1%

Petroquímica Siderurgia Outros

Fonte: BNDES. Programa Nacional de Desestatização. Relatório de atividades 2011. Rio de Janeiro, 2012. p. 8. Disponível em: <https:// web.bndes.gov.br/bib/jspui/bitstream/1408/4464/1/Relat%C3%B3 rio%20PND%202011_versao_definitiva_P.pdf>. Acesso em: mar. 2016.

Atividade

• Faça uma pesquisa para levantar as principais empresas públicas que foram privatizadas no Brasil. Procure pessoas que vivenciaram esse processo e pergunte a elas quais os aspectos que consideram positivos e negativos em relação a isso. Apresente as respostas aos colegas e ao professor.

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A Terceira Revolução Industrial estimula a globalização

Apic/Hulton Archive/Getty Images

aluxum/ Shutterstock.com

O processo de industrialização costuma ser dividido em três etapas. A primeira, chamada de Primeira Revolução Industrial, ocorreu em meados do século XVIII. Para impulsionar as máquinas a vapor baseou-se no uso, em larga escala, do carvão como fonte de energia. A segunda, conhecida como Segunda Revolução Industrial, deu-se no final do século XIX. As principais fontes de energia, em larga escala, eram o petróleo e a eletricidade, que forneciam energia para máquinas mais eficientes e versáteis, como o motor elétrico e o motor a explosão. A terceira, chamada de Terceira Revolução Industrial, ocorre desde a década de 1970. Destaca-se pelo uso de várias fontes de energia, como os combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás), a energia solar, a eólica, a nuclear etc. Entre as atividades industriais típicas dessa nova revolução tecnológica, estão a química fina, a microinformática, a microeletrônica, a robótica, as telecomunicações e a biotecnologia. Na segunda metade do século XX, muitos pesquisadores aperfeiçoaram ou recriaram produtos e equipamentos que haviam surgido para aplicação na área militar, especialmente na Segunda Grande Guerra. Esses avanços tecnológicos deram origem a novas mercadorias, que passaram a ser amplamente consumidas pela população em geral. É o caso do náilon, obtido a partir de derivados do petróleo. Trata-se de uma fibra sintética altamente resistente que foi utilizada inicialmente em paraquedas militares. Logo se tornou comum a utilização do náilon como matéria-prima nas tecelagens e em diversos outros ramos industriais. om .c ck As matérias-primas sintéticas começaram a se tornar to s r te ut Sh comuns no século XIX, quando foram produzidos os primeia/ k ik Ev ros materiais sintéticos, à base de celulose, que, em muitos casos, substituíram a borracha e o marfim. No começo do século XX, o empresário belga Leo Baekeland criou, a partir do petróleo, a baquelita. Esse produto, uma resina sintética, foi o primeiro tipo de plástico. E em 1946, logo após a Segunda Guerra Mundial, foi criado o Eniac (Calculadora Integral Numérica Eletrônica), primeiro tipo de computador eletrônico.

Mulheres utilizando o Eniac, primeira espécie de computador eletrônico, nos Estados Unidos, em 1946.

Acima, blusa de náilon e, ao lado, telefone feito de baquelita. Este material inaugurou a “era do plástico”, que significou uma revolução nesse ramo da indústria.

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Chip utilizado em computador. Graças a componentes menores e mais eficientes que as válvulas, foi possível desenvolver o microcomputador.

Olga Miltsova/Shutterstock.com

Na década de 1960 surgiu o transistor: componente eletrônico cujas funções principais são amplificar e controlar sinais elétricos. Na década de 1970, graças ao transistor, foram desenvolvidos os circuitos integrados, chamados chips – dispositivo microeletrônico constituído de muitos transistores e outros componentes interligados, capaz de desempenhar muitas funções. Esses novos materiais produziram mudanças grandes num período de tempo tão curto que foi inevitável pensar em revolução. Pouco a Deny s Do lniko v/Sh utters pouco, essas mudanças interferiram no processo de tock.c om produção das fábricas, a tal ponto que nesse período teve início a Terceira Revolução Industrial. Dos novos materiais descobertos, a fibra ótica é o que oferece maiores possibilidades. Ela foi criada pelo físico indiano Narinder Singh Kapany na década de 1950. Trata-se de um filamento de vidro ou material sintético que conduz feixes de luz. Essa descoberta permitiu, em plena Guerra Fria, a criação de uma rede de comunicação entre departamentos de pesquisa e o governo estadunidense. Essa rede de comunicação recebeu o nome de ARPANet e permitia transmitir dados com maior segurança, evitando, assim, que eventuais espiões soviéticos pudessem interceptá-los. Já na década de 1970, na União Soviética militares permitiram que a rede fosse usada também por universidades e, depois, por usuários comuns. Desde essa época houve um grande crescimento do número de usuários da ARPANet, que passou a se chamar internet. Em 2014, cerca de 3 bilhões de pessoas acessavam diariamente essa rede. O surgimento da internet exemplifica e intensifica um fato marcante dos nossos tempos: em todo o mundo, as informações circulam com rapidez. A velocidade crescente da informação resulta de novas descobertas, que se multiplicam a cada dia. São novos chips, robôs, supercondutores, satélites de alta precisão, softwares de automação, hardwares, biotecnologias etc. Algumas dessas inovações tecnológicas surgem em cidades especializadas, conhecidas como “tecnopolos”, criados inicialmente na Califórnia (Estados Unidos), onde indústrias passaram a aproveitar a mão de obra formada nos centros de pesquisa e universidades locais. Todas essas novas tecnologias reforçam a ideia de que o mundo atravessa a Terceira Revolução Industrial, que foi chamada pelo geógrafo Milton Santos (1926-2001) de Revolução Técnico-científico-informacional. A fibra ótica permite a transmissão de dados em alta velocidade.

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Chen Jianli/Xinhua/Zumapress.com/Glow Images

Nas últimas décadas, inúmeros países têm promovido forte abertura econômica, permitindo que mercadorias estrangeiras ingressem mais livremente em seus mercados consumidores. Isso propiciou também a difusão das empresas transnacionais, que passaram a implantar filiais em lugares cada vez mais distantes. Essa expansão mundial do capitalismo foi facilitada por tecnologias mais modernas. O avanço das tecnologias da informação, como a internet, reduziu o tempo necessário para que mercadorias, capitais, pessoas e serviços circulassem pelo espaço geográfico. As mudanças proporcionadas pela Revolução Técnico-científico-informacional permitiram que a velocidade da movimentação de pessoas e mercadorias crescesse vertiginosamente e o tempo de locomoção entre diferentes locais do planeta ficasse cada vez menor, em decorrência do grande avanço no setor de transportes. Aviões, trens e navios tornaram-se maiores e mais velozes, transportando grande volume de mercadorias em tempo reduzido e com menores custos. Assim, as empresas têm a possibilidade de apresentar seus produtos a mercados cada vez mais distantes, ampliando seus negócios. A globalização já estava presente no período das Grandes Navegações, pois já existiam uma interligação e uma interdependência entre esses lugares. Mas há atualmente algumas diferenças em relação a esse período: • hoje, muitos países exportam diversas mercadorias para várias partes do mundo; • os países têm grande autonomia na escolha de seus dirigentes. Apesar de pressões externas em favor de um ou de outro, a disputa fica dentro de cada país; • mercadorias podem chegar a diversas partes do globo em pouco tempo; • em poucos segundos, informações são transmitidas aos locais mais distantes do planeta. A globalização pode ser entendida como ampliação e intensificação das trocas comerciais.

Fábrica estadunidense de refrigerante em Shijiazhuang (China), em 2013.

Evolução mundial dos transportes Sônia Vaz

A Revolução Técnico-científico-informacional

1500 - 1840 Velocidade das carruagens e dos barcos a vela: 16 km/h

1850 - 1930 Velocidade das locomotivas a vapor: 100 km/h; barcos a vapor: 57 km/h

Anos 1950 Aviões a propulsão: 480-640 km/h

Anos 1960 Jatos de passageiros: 800-1100 km/h

Fonte: HARVEY, David. Condição pós-moderna. São Paulo: Loyola, 2005.

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A globalização no cotidiano Rocketclips, Inc./Shutterstock.com

A videoconferência permite que pessoas em diferentes lugares do mundo possam se conectar ao vivo onde quer que estejam.

Com o avanço das telecomunicações, as trocas de informações foram agilizadas. Por causa dos sistemas de comunicação sofisticados, como a internet, as informações podem ser transferidas instantaneamente de um lugar para outro do planeta. Muitas empresas, instituições e corporações têm acesso instantâneo a uma grande quantidade de dados importantes para suas operações. Atualmente, é possível trocar ideias, controlar vendas e dar ritmo à produção a distância, sem se deslocar. Estamos diante de uma rede de informações (parecida com uma teia de aranha) complexa e invisível. Por essa razão, recebe o nome de rede imaterial (virtual). Mesmo invisível, essa rede pode ser mapeada, o que permite conhecer a origem e o destino das informações que por ela circulam. A rede imaterial é resultado de avanços tecnológicos, sobretudo daqueles verificados a partir da década de 1970, quando teve início a Terceira Revolução Industrial. Seu surgimento transformou sensivelmente o cotidiano das pessoas e das empresas. Essa foi apenas a primeira de uma série de grandes mudanças. Atualmente, muitas grandes empresas transnacionais não têm mais fábricas que produzam todas as suas mercadorias em um mesmo lugar. Elas se encontram pulverizadas e divididas, ou seja, possuem diversas unidades fabris distribuídas pelo mundo todo. A dispersão das fábricas tem uma finalidade básica: reduzir os custos de produção para aumentar os lucros das corporações empresariais. Para definir a distribuição das indústrias de uma grande empresa, é usada a expressão “fábrica global”. Uma das ideias desse termo é reiterar que a industrialização, uma vez dispersa pelo espaço geográfico mundial, interliga os diversos locais do planeta.

Os NICs Os países capitalistas tornaram-se mais integrados na década de 1950, quando empresas transnacionais começaram a implantar filiais nos países em desenvolvimento, como o Brasil. A integração internacional do capitalismo foi aprofundada nas décadas de 1960 e 1970, quando empresas japonesas transferiram parte da produção de alguns componentes de suas mercadorias, geralmente os mais simples, para outros países da Ásia (Coreia do Sul, Taiwan, Hong Kong e Cingapura). Esses países, que iniciaram sua industrialização na segunda metade do século XX, ficaram conhecidos como New Industrialized Countries (NICs – Novos Países Industrializados). Um importante fator de produção dos NICs era a mão de obra mais barata, porém qualificada.

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A fábrica global muda o espaço geográfico mundial Como a produção de muitas mercadorias, como aviões, tênis, celulares, entre outras, é mundial, ela depende da circulação de diversos produtos, matérias-primas, capitais, pessoas e serviços. Afinal, as mercadorias contêm componentes que foram feitos em vários lugares do planeta. Se mapearmos os caminhos que os componentes dessas mercadorias percorreram até chegar ao seu destino final, constataremos que circularam por uma rede tão complexa quanto a rede imaterial, pois é formada pela circulação de mercadorias e pessoas, a qual costuma-se denominar rede material.

A globalização e a sociedade da informação O impacto da tecnologia é tão amplo e intenso que afeta também o comportamento da sociedade. Compras, estudos, pesquisas particulares, noticiários passam a ser instantâneos. Com a informação circulando velozmente pelo globo, podemos acessar o preço de um produto em vários lugares, mesmo que distantes. A maior parte da população mundial já interage por meio das redes material e imaterial, compondo a assim chamada sociedade da informação e tornando o espaço geográfico mundial ainda mais dinâmico.

A rede social Direção: David Fincher. Estados Unidos: Sony Pictures, 2010 (120 min). Filme que conta a história de criação de uma rede social da qual hoje participam mais de um bilhão de pessoas ao redor do mundo.

A rede imaterial e o mercado de capitais Um dos setores mais favorecidos pelo surgimento da rede imaterial foi o financeiro. A globalização e os avanços tecnológicos, especialmente na área da informação, permitiram que grandes volumes de dinheiro pudessem ser transferidos entre localidades distantes em fração de segundo. Em todo o mundo, investidores têm muitas opções para aplicar seus recursos – por exemplo, na compra de ações de empresas, visando sua valorização futura. Um investidor japonês pode comprar as ações de uma empresa brasileira e vendê-las, minutos depois, apenas usando o telefone ou acessando a internet. As bolsas de valores são os locais onde as ações das empresas são vendidas e compradas. Elas indicam a capacidade de uma nação ou região para atrair investimentos. São pontos em que grandes quantias de dinheiro mudam de mãos. Além disso, fazem a conexão de muitos países com o resto do mundo. Nova York, por exemplo, é considerada a “capital do mundo” porque sua bolsa de valores é procurada por investidores de todo o planeta. Assim, o capital circula pelo mundo em alta velocidade.

Bolsa de Valores de Nova York (Estados Unidos), em 2015. As bolsas de valores movimentam todos os dias grande volume de dinheiro.

Victor J. Blue/Bloomberg/Getty Images

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As redes são comandadas pelas cidades globais Determinadas bolsas de valores têm um peso maior na economia mundial. Geralmente são aquelas que movimentam as ações das maiores transnacionais. Chamadas de cidades globais, esses grandes centros financeiros influenciam todo o sistema capitalista: concentram as sedes administrativas dos grandes trustes e as matrizes de poderosos bancos, além de manterem uma vida sociocultural repleta de novidades e lançamentos. Esses centros urbanos são os nós das redes e funcionam como polos que atraem e irradiam informações, dinheiro, tendências da moda e cultura. Quando uma das grandes companhias sediadas nas cidades globais lança um novo produto, como um automóvel ou um xampu, pode afetar o cotidiano de praticamente todo o mundo, pois propõe novos comportamentos e hábitos de consumo nas mais distantes localidades e países. Vejamos, por exemplo, o que pode ocorrer a partir do lançamento de um novo motor automobilístico: a região que fornece o minério para a metalúrgica que vai fazer a caixa do motor precisa extrair e transportar maior quantidade de minério e, portanto, mais empregos serão criados. O local que abriga uma fábrica dessa montadora pode ter novas oportunidades de negócios, como a aquisição de um terreno para a ampliação dessa fábrica. A oferta de serviços pessoais, como restaurantes e academias, ou a criação de novas linhas de ônibus para atender aos novos funcionários, também vai ser estimulada. Os investidores que confiam no projeto compram mais ações dessa empresa e mais informações são enviadas, mais dinheiro circula, mais profissionais viajam. Ou seja, o lançamento de um motor pode intensificar as redes material e imaterial. O espaço geográfico de muitas regiões do mundo altera-se quando novas decisões são tomadas nas cidades globais.

Truste Controle total do mercado por uma única empresa ou corporação (desde a matéria-prima até a venda). Assim, as empresas podem aumentar o preço de suas mercadorias por conta própria, já que não há a regulação do mercado.

NO MAPA • Onde se concentra a maior parte das cidades globais: em países desenvolvidos ou em desenvolvimento?

Allmaps

Planisfério: cidades globais Munique Frankfurt AMSTERDÃ BRUXELAS

Círculo Polar Ártico

Toronto

San Francisco Los Angeles

Boston Nova York WASHINGTON (D.C.) Houston Atlanta Chicago

LONDRES PARIS Genebra Zurique MADRI Barcelona

BERLIM VIENA ROMA

MOSCOU

BEIJING (Pequim)

Istambul

SEUL

TÓQUIO

Shangai

Miami

Trópico de Câncer

ESTOCOLMO

Dubai

CIDADE DO MÉXICO

Hong Kong

Mumbai

TAIPÉ

OCEANO PACÍFICO

BANGCOC Equador

CINGAPURA

OCEANO PACÍFICO

OCEANO ATLÂNTICO

OCEANO ÍNDICO

São Paulo

Trópico de Capricórnio

BUENOS AIRES

Círculo Polar Antártico

Meridiano de Greenwich

Sydney Melbourne

Capital federal Cidade

0

2 500

Fonte: ATKEARNEY. 2014 Global Cities Index and Emerging Cities Outlook: Global Cities, Present and Future. Disponível em: <www.atkearney.com/ documents/10192/4461492/Global+Cities+Present+and+Future-GCI+2014.pdf/3628fd7d-70be-41bf-99d6-4c8eaf984cd5>. Acesso em: nov. 2015.

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A outra face da globalização Com a expansão mundial do capitalismo, notou-se que o futuro da humanidade é comum, ou seja, o que ocorre em um país afeta direta ou indiretamente a vida da população do mundo. Essa afirmação é válida não só para a economia e a sociedade, mas também para o ambiente. A poluição do ar é um exemplo dessas questões ambientais. Embora o ar seja mais contaminado em alguns locais do que em outros, o mundo todo sofre com as consequências, como o agravamento do aquecimento global. Nas últimas décadas, os líderes mundiais, cientes desse problema, têm assumido compromissos cada vez maiores de preservar a vida no planeta, uma vez que ela é um patrimônio comum a todos. A exclusão digital também é um tema que aparece associado à globalização na atualidade. Apesar de a internet crescer dia a dia, muitas pessoas ainda não têm acesso à rede mundial de computadores. Isso ocorre por causa das grandes diferenças socioeconômicas mundiais. Muitos jovens têm acesso limitado à informação e menos contato com tecnologias atuais, ficando prejudicados, por exemplo, na hora de concorrer por empregos em igualdade de condições. Há atualmente a globalização do consumo, mas o mesmo não ocorre na globalização da educação, da saúde e do trabalho. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a parcela da população mundial considerada extremamente pobre passou de 47%, em 1990, para 22%, em 2013. Porém, esse percentual correspondia a um total de mais de 1,2 bilhão de pessoas, em 2013.

Encontro com Milton Santos: o mundo global visto do lado de cá Direção: Sílvio Tendler. Brasil: Caliban, 2006 (89 min). Documentário que apresenta uma entrevista com o geógrafo brasileiro Milton Santos e aborda vários aspectos do processo da globalização.

Vista aérea de complexo siderúrgico em Cubatão (SP). Fotografia de 2013.

Delfim Martins/Pulsar

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Organismos internacionais O fim do padrão dólar-ouro e o G8

Bettmann/Corbis/Latinstock

Antes mesmo do encerramento da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos estavam preocupados em recuperar a economia mundial. Para agilizar as trocas comerciais, o país promoveu, em 1944, a Conferência de Bretton Woods. Nessa reunião, que contou também com a participação dos principais países europeus, estabeleceu-se uma equivalência entre o ouro e o dólar para orientar as transações comerciais e os negócios internacionais. Por esse acordo, a compra e a venda de mercadorias entre países passariam a ser negociadas em dólar, que, depois, poderia ser trocado por ouro. Logo depois da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos emergiram como líderes do bloco capitalista, oferecendo recursos financeiros para ajudar seus aliados europeus. Porém, não era somente por meio de empréstimos que os Estados Unidos exerciam seu domínio. Muitas de suas empresas passaram a comprar tradicionais companhias europeias, pagando em dólares. Países como a França e o Reino Unido acumularam grandes reservas da moeda estadunidense e, pouco a pouco, começaram a trocá-la por ouro. Por causa dessas trocas, diminuíram muito as reservas estadunidenses do metal, sobretudo na década de 1960, situação que preocupava o governo dos Estados Unidos. Nesse período, o país gastou muitos recursos tentando evitar que o socialismo avançasse no Sudeste Asiático, como na Guerra do Vietnã, que se estendeu de 1962 a 1975. Com esse grande volume de dólares no mercado, a moeda estadunidense perdia valor. Lembre-se de que, quanto maior a oferta de um produto, menor será o seu preço, mesmo se esse produto for uma moeda. Os países europeus perceberam essa perda de valor da moeda e, liderados pela França, começaram a trocar os dólares que possuíam por ouro, conforme estava previsto pelo Acordo de Bretton Woods. Consequentemente, as reservas de ouro dos Estados Unidos baixaram tanto que o presidente Richard Nixon rompeu o acordo em 1971, antes que as reservas do país se esgotassem.

Sessão plenária da Conferência de Bretton Woods, em New Hampshire (Estados Unidos), em 1944. Logo após a Segunda Guerra, uma das maiores preocupações desse país era recuperar o comércio internacional.

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Timothy A. Clary/AFP/Getty Images

Primeira reunião do G8, em Denver (Estados Unidos), em 1997. Os países desenvolvidos do G7 passaram a contar com um novo parceiro: a Rússia. Desenvolvimento sustentável Forma de crescimento que atende às necessidades atuais sem comprometer a capacidade de atendimento das necessidades das gerações futuras. É fundamental para garantir o sustento da humanidade no futuro.

© Mike Kemp/In Pictures/Corbis/Latinstock

Muitos especialistas afirmam que a decisão de acabar com o padrão dólar-ouro está ligada também à Guerra Fria, pois um dos países que mais produziam ouro na época era a União Soviética, superpotência rival dos Estados Unidos. O fato é que essa decisão criou um clima de forte tensão entre os Estados Unidos e os países capitalistas europeus. Para tentar solucionar o problema, foram iniciadas conversações informais entre a França, o Reino Unido, a Alemanha Ocidental e os Estados Unidos. Essas reuniões tornaram-se periódicas e passaram a contar com a presença de um quinto país, o Japão. Por isso, a reunião desses países ficou conhecida como reunião do G5 (Grupo dos Cinco). Em 1975, Canadá e Itália participaram também de uma reunião oficial do G5. Desde então, o grupo ficou conhecido como G7 e se reúne anualmente. Nesses encontros são discutidos os principais assuntos de interesse mundial, como a questão do emprego, o desenvolvimento sustentável, o sistema bancário internacional, as dívidas externas dos países etc. Na década de 1990, os países do G7 passaram a convidar a Rússia – que estava se reestruturando após o colapso do sistema socialista, além de ser um país desenvolvido e promissor mercado – para participar das reuniões na condição de país observador. Pretendiam, assim, que os novos líderes russos entendessem o funcionamento da economia mundial, segundo a visão dos países capitalistas. Em 1997, a Rússia foi oficialmente convidada a ingressar no grupo. Nascia, assim, o G8. Um representante da União Europeia também participa das reuniões do G8. Em 2014, a Rússia foi expulsa do G8 por causa da controversa anexação da região da Crimeia. As reuniões do G8 são muito criticadas por intelectuais, ONGs e partidos políticos do mundo todo. Esses grupos afirmam que o G8 se preocupa apenas em manter sua hegemonia, isto é, seu domínio, em vez de promover o desenvolvimento socioeconômico geral e o fim da pobreza. Mas há também os que lembram que o G8 não tem mais o mesmo poder da época em que foi criado. De fato, países como a China, a Índia, o Brasil e a Coreia do Sul não integram esse grupo, apesar de apresentarem economias cada vez maiores e mais dinâmicas, como veremos adiante.

Manifestantes marcham em protesto contra uma reunião da cúpula do G8 em Londres (Inglaterra), em 2013.

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FMI e Bird

Jonathan Ernst/Reuters/Latinstock

Sede do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Washington (Estados Unidos), em 2015.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (Bird) foram criados ainda em 1944, na Conferência de Bretton Woods. Pouco depois, em 1947, surgiu o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT), com a finalidade de organizar melhor o comércio internacional. Até o início da década de 1980, muitos desses organismos tinham pouca importância em escala mundial, já que as relações internacionais ainda eram ditadas pelas duas superpotências da Guerra Fria. Além disso, as economias de quase todos os países do mundo eram muito fechadas, ou seja, protecionistas. Nesse contexto, as trocas comerciais e os negócios internacionais cresciam num ritmo bastante lento, se comparados com a atualidade. Começaram a surgir mudanças significativas no anos 1970, com o crescimento do comércio internacional. Países como o Japão e a Alemanha exportavam cada vez mais, e o bloco de países socialistas já se mostrava esgotado. Conforme o comércio mundial ganhava impulso, os países em desenvolvimento passaram a ser convidados a participar dos organismos internacionais, nos quais se tornaram constantes as discussões sobre os rumos da economia. Em consequência, as resoluções e as decisões tomadas pelos organismos internacionais passaram a ser apresentadas, nesse período, como um consenso, que deveria ser acatado pelos outros países. O FMI passou a incentivar a adoção de medidas neoliberais em diversos países, inclusive no Brasil: privatização e abertura da economia estão entre as expressões mais mencionadas pelos meios de comunicação desses países quando noticiavam temas relacionados à economia nas décadas de 1980 e 1990.

A OCDE A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é um órgão internacional que congrega os países capitalistas mais industrializados e surgiu logo depois da Segunda Guerra Mundial para gerenciar os recursos do Plano Marshall (saiba mais na página 65). No início, somente países europeus integravam essa organização, que se chamava Organização para a Cooperação Econômica Europeia (OCEE). Na época, a entidade pesquisava e apresentava soluções para recuperar rapidamente a economia do continente europeu. Em 1961, esse organismo recebeu o nome de OCDE, dedicando-se a impulsionar as relações Europa-América. Em 2015, a OCDE já tinha 34 países-membros que, juntos, produziam mais da metade de toda a riqueza mundial. Uma de suas metas é apresentar estudos que estimulem e viabilizem investimentos em países em desenvolvimento.

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A OMC e o G20

O presidente francês François Hollande visita Brisbane (Austrália) durante reunião do G20, em 2014. Pool/Getty Images

Em 1947, para regular as tarifas de importação e exportação cobradas nas transações comerciais entre os países capitalistas, foi criado o GATT (sigla em inglês que significa Acordo Geral de Tarifas e Comércio). Esse organismo internacional realizava reuniões periódicas para negociar reduções de tarifas. Com o avanço da globalização, foi realizado um longo período de negociações, conhecido como “Rodada Uruguai”. Os membros do GATT decidiram, então, criar um novo órgão para regular o comércio mundial. Assim, em 1995 nasceu a Organização Mundial do Comércio (OMC). A OMC atua na área de comércio exterior. Sua principal função é auxiliar o fechamento de acordos comerciais entre os países, além de servir como “mesa de negociações” internacional. Atualmente, o comércio mundial cada vez mais intenso e competitivo gera grandes disputas entre os países, que passaram a praticar abusos protecionistas. Para resolver essas disputas comerciais, a OMC possui um departamento de solução de controvérsias. Nele, os conflitos comerciais são resolvidos entre os próprios países-membros, que indicam especialistas para julgar se ocorre protecionismo ou não. Países como o Brasil e a Índia têm recorrido frequentemente a esse organismo para denunciar os protecionismos dos países desenvolvidos. O G20, grupo das 20 maiores economias mundiais (Brasil, Argentina, México, Canadá, Estados Unidos, China, Japão, Coreia do Sul, África do Sul, Índia, Indonésia, Arábia Saudita, Turquia, Alemanha, França, Itália, Rússia, Reino Unido, Austrália) mais a União Europeia, tem buscado combater os protecionismos agrícolas do mundo desenvolvido. Os países do G20 correspondem a 60% da população mundial e a 70% da população rural do planeta. No entanto, eles são responsáveis por somente 25% das exportações de produtos agrícolas no mundo. Isso se deve ao protecionismo que os governos dos países desenvolvidos praticam ao oferecer subsídios agrícolas aos seus produtores rurais, que se livram da concorrência com as mercadorias importadas do G20, vendendo seus produtos abaixo do preço de custo. Os preços dos produtos agrícolas desses países, portanto, são artificialmente baixos: se não houvesse subsídios, seriam muito mais caros – em seus próprios territórios – do que os produtos importados de outros países. Essa situação tem sido combatida pelo G20 a fim de promover maiores exportações de produtos agrícolas dos países em desenvolvimento.

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A ONU na Nova Ordem Mundial

Jewel Samao/AFP/Getty Images

Com o encerramento da Segunda Guerra Mundial, as principais potências mundiais perceberam a necessidade de evitar novos conflitos daquela dimensão. Visando à manutenção de uma paz duradoura, em 1945, a maioria dos países do mundo assinou o tratado que deu origem à Organização das Nações Unidas (ONU), cuja função inicial era resolver problemas diplomáticos. Para resolver possíveis enfrentamentos militares, o estatuto da ONU criou o Conselho de Segurança, órgão que tem o poder de autorizar ou vetar a intervenção militar de um país em outro. Quase todas as crises internacionais após a Segunda Guerra foram analisadas por esse conselho, composto de cinco países-membros com poder de veto (Estados Unidos, Rússia, França, Reino Unido e China, os países considerados vencedores na guerra). O poder de veto (ou voto negativo, como consta da Carta da ONU) representa a possibilidade de qualquer um desses cinco países impedir a adoção de uma resolução. O Conselho de Segurança é composto também de mais 10 países-membros, que ocupam essa posição de forma rotativa, ou seja, alternam-se na ocupação desse posto, mas sem poder de veto. Desde a década de 1990, a ONU passa por uma reformulação, que busca transformá-la numa instituição mais eficaz para solucionar problemas. De fato, na Nova Ordem Mundial, o Conselho de Segurança da ONU não representa o pensamento da maioria das nações nem as novas relações internacionais. Nos últimos anos, foram propostas várias reformas do Conselho de Segurança, como a ampliação para 25 membros, dos quais 10 teriam poder de veto. Essa questão ainda não foi solucionada, pois candidatos ao Conselho de Segurança – como Alemanha, Brasil, Japão e Índia –, apesar de contarem com o apoio de dezenas de países, enfrentam resistências em suas próprias regiões. Em 2003, o Conselho de Segurança recusou-se a autorizar a invasão estadunidense ao Iraque, porém o governo dos Estados Unidos desconsiderou a ONU e enviou soldados para invadir o território iraquiano.

Reunião do Conselho de Segurança em Nova York (Estados Unidos), em 2015. Os prédios da ONU são considerados território internacional.

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As operações de paz da Organização das Nações Unidas, também chamadas de missões de paz, são desenvolvidas para ajudar no processo de condução à paz (e sua manutenção) em países devastados por conflitos. A primeira dessas operações aconteceu em 1948, quando o Conselho de Segurança da ONU autorizou o envio de soldados para o Oriente Médio com a finalidade de monitorar um acordo de paz entre Israel e seus vizinhos árabes. Desde então, 67 missões já foram realizadas ao redor do mundo. Em 1956, foi criada a primeira Força de Emergência das Nações Unidas (UNEF) pela Assembleia Geral da ONU, para garantir o fim de uma crise na região do Canal de Suez. A partir de então, os soldados envolvidos nas missões de paz passaram a usar as conhecidas “boinas azuis”. Como a ONU não possui tropas próprias, as operações dependem de contribuições dos países-membros, que fornecem soldados de seus exércitos para trabalhar temporariamente para a entidade. Mais de 130 países já contribuíram com soldados

para operações de paz, sendo que muitas delas são gerenciadas pelo Departamento de Operações de Paz das Nações Unidas (DPKO) em conjunto com países e organizações internacionais, como a União Africana (UA) e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Os soldados que formam tropas de paz atuam somente conforme as deliberações do Conselho de Segurança e raramente efetuam ações militares, agindo em geral como observadores e proporcionando apoio e segurança a pessoas em zonas de conflito. Em 1994, durante o genocídio de Ruanda, a ONU chegou a ser bastante criticada pelo fato de que suas tropas não podiam interferir no conflito e garantiram somente a evacuação de estrangeiros do país. É importante considerar que as operações da ONU não podem substituir o processo de paz. Portanto, quando é considerada cumprida, a operação é cancelada. A organização já contabilizou diversas missões encerradas, como em Moçambique (1992 a 1994) e no Camboja (1991 a 1993), e atualmente há 16 missões de paz sendo conduzidas – uma delas com o Brasil no comando, a Minustah, no Haiti.

Jacques Langevin/Sygma/Corbis/Latinstock

VISÃO INTEGRADA: GEOGRAFIA E HISTÓRIA

As missões de paz da ONU

Soldados uruguaios participam de missão de paz da ONU conduzida no Camboja, em 1992.

Atividades 1. Quem determina as ações das tropas da ONU em zonas de conflito? Por que, em casos como o de Ruanda, os soldados da ONU não puderam intervir diretamente, realizando ações militares? 2. Pesquise na internet, em jornais ou revistas alguma notícia sobre operações de paz da ONU em andamento e cite suas características principais, como localização, objetivos e os países que contribuem com tropas.

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Novas formas de avaliar o desenvolvimento humano Nos anos de 1950, os relatórios e os estudos feitos pela ONU sobre pobreza e desenvolvimento analisavam meramente os aspectos econômicos. Com o passar do tempo, esses dados começaram a ser questionados, pois muitas vezes não refletiam a real dimensão do que ocorria nos países. Um exemplo é a renda per capita, que se trata de um cálculo baseado na divisão da renda nacional pelo total de habitantes. Esse resultado, no entanto, não mostra como está distribuída a riqueza gerada num país. Levando esse fato em consideração e preocupada com a baixa qualidade de vida de grande parte da população do planeta, a ONU buscou uma nova forma de medir o desenvolvimento: o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), criado pelos economistas Mahbub Ul Haq, paquistanês, e Amartya Sen, indiano. O IDH considera o poder de compra da população, a expectativa de vida e o nível educacional. Embora seja um cálculo que também estabelece uma média, está muito mais próximo da realidade da população. Além disso, o índice também mede o nível de educação de um país por meio de um cálculo que leva em conta o índice de analfabetismo e o número de pessoas matriculadas em instituições de ensino. O poder de compra é medido estabelecendo-se uma equivalência do poder de compra (de bens e serviços) entre o dólar e a moeda do país estudado. Todos esses dados são transformados em notas que vão de 0 a 1, por meio de cálculos matemáticos. Quanto melhor for a qualidade de vida de um país, mais próxima de 1 será sua nota. Se existirem muitos problemas sociais no país, a nota será mais próxima de zero. Vale lembrar que a ONU divulga anualmente um Relatório do Desenvolvimento Humano com o ranking do IDH, ou seja, com notas para as condições de vida das populações de quase todos os países do mundo. Quando o IDH de um país está entre 0,00 e 0,54, é considerado baixo; entre 0,55 e 0,69, médio; e, quando está entre 0,70 e 1,00, é considerado alto e muito alto.

Planisfério: IDH (2013) Allmaps

0º Círculo Polar Ártico

Trópico de Câncer

OCEANO ATLÂNTICO

Trópico de Capricórnio

Índice baixo (de 0,00 até 0,54) Índice médio (de 0,55 até 0,69) Índice alto (de 0,70 até 0,79) Índice muito alto (de 0,80 até 100) Sem dados

Círculo Polar Antártico

Meridiano de Greenwich

Equador

OCEANO PACÍFICO

OCEANO PACÍFICO OCEANO ÍNDICO

0

2 760

Fonte: PNUD. Relatório do Desenvolvimento Humano 2014. Sustentando o progresso humano: redução da vulnerabilidade e construção da resiliência. Nova York: ONU, 2014. Disponível em: <http://hdr.undp.org/sites/default/ files/hdr2014_pt_web.pdf>. Acesso em: nov. 2015.

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Os blocos econômicos e as organizações de cooperação internacional No fim da década de 1980, a economia mundial passou por uma grande mudança: a expansão do capitalismo foi acelerada pela queda de barreiras alfandegárias, o que gerou maior concorrência entre as mercadorias fabricadas por países diferentes. À medida que a concorrência internacional crescia, muitas empresas notavam a necessidade de se preparar para sobreviver a essa disputa comercial. Muitos países também começaram a dar importância maior à economia-mundo, conceito usado para indicar que, nas últimas décadas, a economia capitalista tem funcionado como um sistema mundial, criando interdependência entre todos os lugares do mundo. Para se proteger dessas grandes concorrências, muitos países assinaram acordos comerciais com seus vizinhos. Começaram a surgir, assim, os blocos regionais, formados a partir de associações ou acordos entre países de uma região, que passaram a estabelecer entre si relações comerciais privilegiadas. Uma das metas da globalização era a formação de um mercado mundial que permitisse trocas de mercadorias sem nenhum tipo de obstáculo. Assim, os blocos regionais funcionam como uma miniglobalização, isto é, ao mesmo tempo que oferecem resistência à globalização imediata, preparam a economia dos países-membros para o futuro, quando poderão participar de uma disputa comercial em escala mundial. Existem também as organizações internacionais de cooperação econômica, em que os territórios dos países-membros são muitas vezes descontínuos, como é o caso do Brics, organização de países emergentes que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e da Opep, que, além dos países exportadores de petróleo do Oriente Médio, possui membros na África e na América do Sul, como a Nigéria e a Venezuela. Planisfério: blocos e organizações econômicas

União Aduaneira Área de livre-comércio com tarifa externa e política comercial externa comuns.

Fonte: CALDINI, Vera; ÍSOLA, Leda. Atlas geográfico Saraiva. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 188.

Dacosta Mapas

0º Círculo Polar Ártico

Trópico de Câncer

OCEANO PACÍFICO

OCEANO ATLÂNTICO Equador

OCEANO PACÍFICO Trópico de Capricórnio

Círculo Polar Antártico

OCEANO ÍNDICO Meridiano de Greenwich

0

2 755

Nafta - Tratado Norte-Americano de Livre Comércio

Cemac - Comunidade Econômica e Monetária da África Central - 1969

Mercosul - Mercado Comum do Cone Sul - 1991

UMA - União dos países do Magreb - 1989

MCCA - Mercado Comum Centro-Americano - 1961

UAAA - União Aduaneira da África Austral - 1910

CAN - Comunidade Andina - 1969

Cedeao - Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental - 1975

CCG - Conselho de Cooperação do Golfo - 1981

Anzcerta - Acordo Comercial sobre Relações Econômicas entre Austrália e Nova Zelândia - 1983

UE - União Europeia - 1993

SADC - Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral - 1980

AELC - Associação Europeia de Livre Comércio - 1960

Apec - Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico - 1989

CEI - Comunidade dos Estados Independentes - 1991

Caricom - Comunidade do Caribe - 1973

Asean - Associação dos Países do Sudeste Asiático - 1967

Opep - Organização dos Países Exportadores de Petróleo - 1960

Brics - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul

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As contradições do mundo globalizado: norte × sul Após a Segunda Guerra Mundial, estudos da ONU demonstraram que grande parte da população de todos os países colonizados tinha um padrão de vida muito baixo. Além disso, a economia desses países era frágil e não alcançava o mesmo nível de produtividade da economia de suas antigas metrópoles. A esse cenário foi dado o nome de subdesenvolvimento, utilizado até a década de 1970. Depois desse período, muitos economistas deixaram de usar o termo, pois acreditavam que ele não dava conta das mudanças que poderiam ocorrer nesses países. Em função disso, foi criada a expressão países em desenvolvimento, para evidenciar a noção de que esses países se encontravam em diferentes estágios de desenvolvimento e que poderiam melhorar de situação. No início da década de 1980, foi sugerido que esses países fossem chamados de emergentes, pois tinham potencial para captar grande parte dos recursos do mercado internacional e, assim, desenvolver-se. Segundo o Banco Mundial, existem hoje diversos níveis de países emergentes, conforme sua riqueza e a capacidade de atrair e gerar novos negócios. Embora o mundo seja cada vez mais globalizado economicamente, ainda existem fortes diferenças entre os países. É possível estudá-las estabelecendo a divisão geopolítica entre o norte e o sul, a partir de critério exclusivamente socioeconômico. Os países do sul enfrentam grandes problemas sociais, como epidemias, miséria extrema etc. Pode-se destacar também que essa divisão separa grupos de países que têm grandes recursos financeiros (norte geopolítico) dos que dispõem de grandes reservas naturais (sul geopolítico). Mas a pobreza e o desenvolvimento não são atributos apenas de países diferentes. Num mesmo país, parte dos habitantes pode viver em situação socioeconômica precária e parte não. Atualmente, o grupo dos países em desenvolvimento está fragmentado. Existem diversos níveis de participação dos países na economia mundial. Alguns exportam somente produtos primários; outros, como Brasil, Rússia, Índia e China, possuem recursos naturais e grandes parques industriais (por isso são considerados emergentes).

Trópico de Câncer

Norte Sul OCEANO PACÍFICO

Países do Norte (desenvolvidos) Divisão Norte-Sul Divisão socioeconômica do mundo Divisão geográfica do mundo

Hemisfério Sul

OCEANO ATLÂNTICO Divisão do mundo por um critério socioeconômico

OCEANO PACÍFICO

Hemisfério Norte

Equador

Países do Sul (subdesenvolvidos)

Fonte: GIRARDI, Gisele; ROSA, Jussara Vaz. Atlas geográfico do estudante. São Paulo: FTD, 2011. p. 135.

OCEANO GLACIAL ÁRTICO

Círculo Polar Ártico

OCEANO ÍNDICO Meridiano de Greenwich

Note que a linha que separa o norte e o sul geopolíticos não coincide com a linha do equador, pois a Austrália e a Nova Zelândia, apesar de estarem localizadas no Hemisfério Sul, são consideradas países desenvolvidos.

Allmaps

Planisfério: divisão Norte-Sul

OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO

Trópico de Capricórnio

Círculo Polar Antártico 0

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Fórum Econômico Mundial e Fórum Social Mundial O Fórum Econômico Mundial é uma fundação suíça financiada por mais de mil empresas transnacionais. Surgiu em 1970, quando um professor de economia, o suíço Klaus Schwab, convidou governantes europeus para uma reunião na qual foram discutidas grandes questões econômicas da época. Esse encontro – que ocorre na cidade suíça de Davos, e, por isso, também é chamado de Fórum de Davos – passou a ser realizado anualmente e cresceu, atraindo importantes personalidades da Europa e dos Estados Unidos, como empresários, intelectuais e líderes políticos influentes, que apresentam suas ideias sobre o mundo capitalista. Alguns críticos desse fórum, representados por diversos movimentos sociais, afirmam que seus participantes, defensores de um mercado global, dariam mais importância ao comércio internacional do que aos problemas sociais. Em 2001, alguns movimentos sociais – compostos de pequenos agricultores, sindicatos, minorias e grupos oprimidos (como indígenas, homossexuais, mulheres etc.), ONGs, grupos ambientalistas, jornalistas independentes, intelectuais, estudantes, membros de organizações religiosas e grupos defensores dos direitos humanos – decidiram então criar um fórum que tratasse do desemprego, da destruição ambiental, da miséria, do consumismo etc. Esse encontro, apoiado por diversas personalidades internacionais, recebeu o nome de Fórum Social Mundial e congrega todos aqueles que combatem a globalização. Seus organizadores tomaram como lema a afirmação “um outro mundo é possível”, com a meta de lutar por causas sociais, em especial moradia, emprego, escola, alimentação, hospitais, diversidade cultural, tolerância e paz. Acima, governantes do Marrocos, da Tunísia e do Egito em sessão do Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça), em 2012. Ao lado, manifestantes durante abertura do Fórum Mundial Social em Tunis (Tunísia), em 2013.

Fabrice Coffrini/AFP Photo/Getty Images

Godong/Alamy/Latinstock

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Efeitos negativos da globalização nos países desenvolvidos

Thomas Coex/AFP/Getty Images

Policiais franceses em patrulha contra motim em subúrbio de Paris (França), em 2005.

Nas últimas décadas, o acirramento da concorrência em escala mundial trouxe certo desconforto para as populações dos países desenvolvidos, que anteriormente gozavam de muitos privilégios, como pleno emprego, aposentadoria integral, educação e saúde públicas de boa qualidade, infraestrutura urbana etc. Nos Estados Unidos, por exemplo, cresce o número da população carente. Em grande parte, são trabalhadores que perderam seus empregos e, em muitos casos, eram operários em fábricas que foram transferidas para países cuja mão de obra tinha menor custo. Essa situação amplia a exclusão social que frequentemente se manifestou nos bairros pobres das grandes cidades estadunidenses (guetos). Outra parte dessa população é constituída de imigrantes, que muitas vezes não se enquadram nos padrões socioeconômicos do país que escolheram, vivendo de baixos salários e subemprego. Esse tipo de situação esporadicamente dá origem a surtos de violência e vandalismo, como ocorreu na França em 2005, quando jovens filhos de imigrantes promoveram grandes manifestações, revoltando-se contra a exclusão a que são submetidos na sociedade francesa. A exclusão e o empobrecimento já são considerados problemas mundiais, e não apenas dos países em desenvolvimento. Alguns observadores otimistas afirmam que se trata de uma fase de adaptação da sociedade à onda de globalização. Já outros afirmam que esses problemas sociais resultam do monopólio mundial exercido pelas grandes empresas. As grandes companhias transnacionais concentram porções crescentes da riqueza mundial, controlando recursos financeiros que deixam de ser investidos nas áreas sociais, o que certamente contribui para agravar as precárias condições de vida de bilhões de pessoas em todo o mundo.

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Atividades Olga Miltsova/Shutterstock.com

1. Qual o preceito básico de uma política neoliberal? Cite três recomendações feitas no Consenso de Washington para que os países em desenvolvimento pudessem seguir o neoliberalismo. 2. Por que o processo de globalização é também conhecido como “encolhimento do mundo”? 3. Leia esta frase do geógrafo Milton Santos sobre o processo de globalização: A globalização mata a noção de solidariedade, devolve o homem à condição primitiva do cada um por si e, como se voltássemos a ser animais da selva, reduz as noções de moralidade pública e particular a um quase nada. SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2000. p. 65.

• Essa frase traz um aspecto positivo ou negativo do processo de globalização? Que aspecto seria esse? Explique. 4. Por que Nova York, Tóquio e Londres são consideradas cidades globais? 5. Leia o texto a seguir e atente para o significado dos termos utilizados. Degradação ambiental ameaça progresso em países emergentes, diz ONU Se persistirem as atuais tendências globais de degradação ambiental, a progressiva melhora nos índices sociais dos países emergentes será interrompida antes de 2050, segundo o Relatório de Desenvolvimento de 2011 do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) [...]. No entanto, o órgão diz que a melhora dos pa-

drões de renda tem estado associado à deterioração em indicadores ambientais fundamentais, como as emissões de dióxido de carbono, a qualidade do solo e da água e a cobertura florestal. Como resultado, o Pnud prevê que, em 2050, o IDH global será 8% inferior ao [...] esperado caso não houvesse graves problemas ambientais. [...]

FELLET, João. Degradação ambiental ameaça progresso em países emergentes, diz ONU. BBC Brasil, Brasília, 2 nov. 2011. Disponível em: <www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/11/111102_pnud_ambiente_jf.shtml>. Acesso em: dez. 2015.

a) Relacione degradação ambiental ao processo de globalização. b) Defina “país emergente”. c) O que é a ONU? Qual a sua função? 6. Escolha um dos blocos econômicos representados no mapa da página 28 e faça uma breve pesquisa a respeito dele, respondendo às questões a seguir. a) Esse bloco engloba os países de qual continente ou continentes? Que países são esses? b) Quais as suas principais características econômicas? Qual a influência desse bloco no cenário geopolítico internacional? c) Com que países ou blocos econômicos ele mantém relações comerciais ou políticas?

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Luigi Rocco

7. Observe esta charge.

a) O que é o FMI? Qual a sua função? b) Por que o personagem aparece “enforcado”? 8. Leia esta reportagem, que apresenta uma pesquisa feita pela OCDE. OCDE diz que educação é a saída para o crescimento da economia latina O crescimento econômico da América Latina em 2014 foi o menor dos últimos cinco anos e a solução para essa desaceleração está no incentivo à educação e à formação de mão de obra. A conclusão é do relatório [...] divulgado [...] pelo Centro de Desenvolvimento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em parceria com a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF).

De acordo com as previsões do relatório, a economia da região [...] [cresceria] entre 1% e 1,5% em 2014, bem menos do que em 2013 (2,5%) e 2012 (2,9%). Para os especialistas da OCDE, a desaceleração aponta uma década de baixo crescimento na América Latina, que precisa ser revertida por meio da “melhoria do padrão de educação, ampliação da formação de mão de obra e do incentivo à inovação”.

GARCIA, Giselle. OCDE diz que educação é a saída para o crescimento da economia latina. Agência Brasil, 9 dez. 2014. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2014-12/ocde-diz-que-educacaoe-saida-para-o-crescimento-da-economia-latina>. Acesso em: dez. 2015.

a) O que é esse organismo? b) Os resultados apresentados relacionam-se aos atuais objetivos desse organismo? Justifique sua resposta. 9. No dia a dia, muitas pessoas fazem uso de produtos fabricados por empresas estrangeiras. Faça uma lista de todos os objetos que você utilizou/usou ao longo de um dia e aponte quais deles foram fabricados por transnacionais.

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PERSPECTIVAS Fabrice Coffrini/AFP Photo/Getty Images

Cidades globais e multiculturalismo De acordo com estimativas da ONU, as cidades de todo o mundo terão mais de 6 bilhões de pessoas em 2050. Isso significa que quase 70% da população viverá em áreas urbanas. Parte das cidades que irão abrigar essas pessoas são cidades globais. Para entender melhor a dinâmica dessas cidades, pesquisadores criaram um ranking com 12 níveis de classificação, dos quais apresentamos os 5 principais.

Classificação das cidades globais (2012) Alfa++*

Londres; Nova York

Alfa+**

Hong Kong; Paris; Cingapura; Shangai; Tóquio; Beijing (Pequim); Sydney; Dubai

Alfa***

Chicago; Mumbai; Milão; Moscou; São Paulo; Frankfurt; Toronto; Los Angeles; Madri; Cidade do México; Amsterdã; Kuala Lumpur; Bruxelas

Alfa-***

Seul; Joanesburgo; Buenos Aires; Viena; São Francisco; Istambul; Jacarta; Zurique; Varsóvia; Washington; Melbourne; Nova Délhi; Miami; Barcelona; Bangcoc; Boston; Dublin; Taipé; Estocolmo; Praga; Atlanta

Beta+****

Lisboa; Copenhagen; Santiago; Guangzhou; Roma; Cairo; Dalas; Hamburgo; Dusseldorf; Atenas; Manila; Montreal; Filadélfia; Tel Aviv; Lima; Budapeste; Berlim; Cidade do Cabo; Luxemburgo; Houston; Kiev; Bucareste; Beirute

*Cidades que estabelecem seu próprio nível de integração: local, regional, nacional e internacional. Em todas as análises, Londres e Nova York surgem como as únicas dotadas desse nível de influência. **Demais cidades com alto nível de integração e influência, mas que complementam Londres e Nova York, abastecendo, sobretudo, os sistemas de serviços para os países da Ásia e do Pacífico. ***Cidades globais que conectam grandes regiões econômicas e/ou países de sua área de influência na economia internacional. ****Cidades que são pontos de acesso de sua região ou estado na economia internacional.

Feira livre reúne bolivianos em São Paulo (SP), em 2004.

Alexandre Tokitaka/Pulsar

Essas cidades, além de concentrarem as sedes das grandes empresas, as principais bolsas de valores, os principais bancos e empresas que operam no mercado financeiro, são espaços dotados de infraestrutura e serviços de transporte e telecomunicações que podem atender ao fluxo mundial de pessoas, de informações e de capitais. Abrigam, portanto, enormes comunidades de imigrantes de todas as partes do planeta. As comunidades imigrantes trazem consigo suas particularidades, hábitos, religiosidade e práticas culturais. A mistura de culturas e de grupos étnicos é uma característica bastante evidente das grandes cidades globais. São Paulo, a maior cidade do Brasil, aparece no terceiro grupo do ranking em função da sua grande atividade econômica e financeira, da sua importância para o país e para o continente, além do tamanho de sua população. É a cidade com a maior comunidade de japoneses fora do Japão, tem uma das maiores comunidades de descendentes de italianos do mundo e abriga judeus, árabes, portugueses, espanhóis, bolivianos, peruanos, estadunidenses etc.

Fonte: GLOBALIZATION AND WORLD CITIES RESEARCH NETWORK (GAWC). The World According to GaWC, 2012. Disponível em: <www.lboro.ac.uk/gawc/world2012t.html>. Acesso em: nov. 2015.

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Spencer Platt/Getty Images

Nas duas principais cidades globais, Londres (Inglaterra) e Nova York (Estados Unidos), que aparecem sozinhas no primeiro grupo, a comunidade de residentes nascidos fora do país é parecida: 36,6% em Londres e 37% em Nova York. Em Londres, somente os indianos compõem quase 10% de sua população total. Em Nova York são dominicanos e chineses que predominam como as maiores comunidades de imigrantes. Nem sempre a convivência nessas cidades é pacífica. Rivalidades antigas, conflitos religiosos, discriminação e preconceito racial, de gênero e de classe social são alguns exemplos de problemas encontrados. As cidades globais são multiculturais, mas a prática da tolerância ainda precisa ser mais presente para que haja convivência pacífica, com respeito e aceitação das diferenças.

Judeus ortodoxos em Nova York (Estados Unidos), em 2012. Essa cidade abriga comunidades de diferentes nacionalidades e culturas.

Nova York: principais nacionalidades dos imigrantes (2011) 22%

5% 6% 8% 8%

10 9 8 População (%)

4% 5%

Gráficos: Dacosta Mapas

Londres: principais nacionalidades dos imigrantes (2013)

7 6 5 4 3 2

21%

10%

11% República Dominicana China

1 0

ia

Índ

México Guiana Haiti Trinidad e Tobago Índia Rússia

Fonte: NYC PLANNING. The newest New Yorkers: Characteristics of the City’s Foreign-born Population (2013). Disponível em: <www.nyc.gov/html/ dcp/pdf/census/nny2013/chapter 2.pdf>. Acesso em: nov. 2015.

ão

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Fonte: THE MIGRATION OBSERVATORY. Migrants in the UK: An Overview. Disponível em: <www.migrationobservatory.ox.ac.uk/sites/files/migobs/Migrants%20 in%20the%20UK-Overview_0.pdf>. Acesso em: nov. 2015.

Jamaica Equador

ia

lôn

Po

Atividades 1. O que você entende por cidade global? 2. Observe a classificação das cidades e responda: a) qual é o continente que tem mais cidades globais nos grupos Alfa ++, Alfa + e Alfa? b) analise a linha Alfa- e indique quais são as cidades dos países desenvolvidos e quais pertencem ao grupo dos países em desenvolvimento. 3. Quais os tipos de preconceitos e de intolerância que os grupos de imigrantes, habitantes das cidades globais, podem sofrer? 4. A cidade em que você mora pode ser considerada multicultural? Pesquise se nela há grupos de imigrantes ou comunidades com diferentes hábitos culturais.

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