Somos a voz da terra - Degustação

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Telma Guimarães

Estúdio Rebimboca ilustrações

Telma Guimarães

ilustrações

Estúdio Rebimboca

Copyright © Telma Guimarães, 2024

Copyright © Ilustrações de Estúdio Rebimboca, 2024

Reprodução proibida: Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Todos os direitos reservados à

EDITORA FTD

Rua Rui Barbosa, 156 – Bela Vista – São Paulo – SP CEP 01326-010 – Tel. 0800 772 2300 www.ftd.com.br | central.relacionamento@ftd.com.br

DIRETOR-GERAL

Ricardo Tavares de Oliveira

DIRETOR DE CONTEÚDO E NEGÓCIOS

Cayube Galas

GERENTE EDITORIAL

Isabel Lopes Coelho

EDITOR

Estevão Azevedo

EDITORA-ASSISTENTE

Carla Bettelli

ANALISTA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Tassia R. S. de Oliveira

COORDENADOR DE PRODUÇÃO EDITORIAL

Leandro Hiroshi Kanno

PREPARADORA

Marina Nogueira

REVISORAS

Lívia Perran e Kandy Saraiva

EDITORA DE ARTE Camila Catto

PROJETO GRÁFICO

Estúdio Rebimboca

DIRETOR DE OPERAÇÕES E PRODUÇÃO GRÁFICA

Reginaldo Soares Damasceno

Telma Guimarães nasceu em Marília (SP), mas vive em Campinas (SP) há muitos anos. É formada em Letras Vernáculas e Inglês pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Em 1989, recebeu da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) o título de Melhor Autora em Literatura Infantil pelo livro Mago Bitu Fadolento. Pela FTD, já publicou muitos títulos, entre eles, Cadê o livro que estava aqui? (2019), ganhador do prêmio Jabuti de Melhor Ilustração e traduzido para vários idiomas. Telma tem mais de duzentos livros infantis e juvenis publicados por diversas editoras, em português, inglês e espanhol.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) 24-208052

Guimarães, Telma

Somos a voz da Terra / Telma Guimarães; ilustrações de Estúdio Rebimboca. — 1. ed. — São Paulo: FTD, 2024.

ISBN 978-85-96-04445-5

1. Literatura infantojuvenil I. Estúdio Rebimboca. II. Título.

CDD-028.5

Índices para catálogo sistemático:

1. Literatura infantil 028.5

2. Literatura infantojuvenil 028.5

Cibele Maria Dias – Bibliotecária – CRB-8/9427

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Uma tempestade inesperada

De novo! O dia seguinte

É chegada a hora Primeira página O impacto de uma ação 9 7 10

Apresentação, por Fernando Carraro 30 32

Epílogo Sobre a autora Sobre os ilustradores 13 15 16

Uma mudança de clima A investigação E agora? 18 20 21 A união faz a força O primeiro encontro Parem! 23 26 28

“… Porque a terra Me pertence, e vocês são apenas estrangeiros e meus hóspedes.”

Levítico 25,23

“Começa-se a fazer o que é necessário, depois o que é possível e, de repente, se faz o impossível.”

Autoria desconhecida

“Ensina a criança no caminho em que deve andar e, quando mais velha, não se desviará dele.”

Provérbios 22,6

Apresentação

Querida leitora, querido leitor,

Livros são caminhos a serem percorridos. Amigos que nos acompanham, que conversam com a gente e nos aconselham. Mensageiros que nos abrem os olhos. Acima de tudo, são alimento para a alma.

Algumas histórias apresentam ainda algo a mais, o que as torna particularmente especiais. É o caso dos livros da Campanha da Fraternidade, como este que você tem em mãos. Isso porque eles trazem um diferencial: além de ensinar, divertir, fazer sonhar, esses livros nos ajudam a refletir sobre temas muito pertinentes à realidade brasileira e à vida no planeta. Escolhidos a dedo pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), tais temas têm o objetivo de buscar uma sociedade mais justa, mais fraterna e solidária, mais humana, menos egoísta e individualista, visando a um mundo melhor para todos.

Assim, os livros da Campanha da Fraternidade são janelas pelas quais podemos ver o que acontece no mundo à nossa volta, convidando-nos a nos engajar de corpo e alma no tema destacado para o ano — sempre tão urgente e fundamental.

Grande abraço,

Fernando Carraro

De novo!

Manhã de sábado. Os irmãos Paulinho e Clarice costumam acordar mais tarde aos fins de semana. Gostam de ficar na cama, sossegados, já que não precisam levantar cedo para ir à escola. Mas naquela manhã foi diferente.

TUM! CRÁS! PAM! CREC!

— Nossa, que barulheira! — reclamou Clarice para os pais.

— Está muito barulho mesmo! — concordou a mãe, dona Ana.

Seu Marcelo, o pai, confirmou com a cabeça.

Fazia um ano que tinham se livrado dos sons incômodos de uma construção perto da casa deles.

— Mas essa obra já não tinha terminado? — Paulinho quis saber.

— Disseram que estava tudo pronto, mas pelo visto… — a mãe franziu a testa.

— Estranho, não? A gente podia ir até lá e ver o que está acontecendo… É pertinho! — sugeriu Clarice.

— Sim, e aproveitamos pra fazer um pouco de exercício neste sábado tão bonito! — complementou o pai.

Assim, depois do café da manhã, pai, mãe e os dois filhos saíram para caminhar.

Em poucos minutos, alcançaram o local da construção. Havia muitas caçambas em frente a tapumes recém-instalados e uma placa onde se podia ler:

— Mãe! Pai! Olhem, tem até trator lá dentro! — exclamou Clarice ao espiar por uma fresta entre os tapumes.

— Parece que vão expandir a fábrica — observou dona Ana.

Não demorou muito para que outras pessoas se aproximassem, atraídas pelo ruído alto da obra. E demorou menos ainda para que um debate se instalasse entre os vizinhos ali reunidos.

— Será que essa obra vai invadir aquela área verde? — preocupou-se uma antiga moradora da região.

— E será que precisamos mesmo de mais uma construção aqui em Nova Esperança? — disse um rapaz.

— Mas é claro que sim! Obras como essa são sinal de progresso, geram empregos. E isso é bom pra nossa cidade — afirmou um vizinho.

— Pai, o que vai acontecer com os animais da mata? Lembra a família de tatu-bola que tem aqui? — Paulinho estava aflito.

— E as árvores?! Será que eles vão cortar? — Clarice sentiu um aperto no peito.

— Parece que vão sacrificar a área verde do bairro. Tem tapume pra todo lado! — comentou Jorge, que veio acompanhado da esposa, Marilene.

— Não acredito nisso… — Paulinho lamentou.

— Que tristeza! — Clarice soltou um suspiro.

— Pior é que não tem nada que possamos fazer — disse seu Marcelo, resignado.

Uma tempestade inesperada

No dia seguinte, a família de Paulinho e Clarice se reuniu com a dos vizinhos para um almoço de domingo.

O papo do dia foi o calor insuportável que vinha fazendo. Por mais ventiladores que ligassem, roupas leves que vestissem e muita água para matar a sede, parecia que a cada ano o verão ficava mais quente.

Logo depois que a família voltou para casa, uma tempestade desabou. No início, ficaram felizes, porque o temporal refrescou aquele fim de tarde abafado. Mas depois a chuva foi engrossando, e raios e trovões começaram a estourar no céu. Em seguida, ouviram o barulho de um transformador explodindo e ficaram sem energia elétrica.

Foram duas horas de chuva ininterrupta. Uma enxurrada invadiu a rua. O córrego encheu rapidamente e transbordou.

A noite chegou e a energia não voltou. À luz de velas, Clarice, Paulinho e os pais decidiram se recolher mais cedo. Então sopraram as chamas e foram se deitar.

O dia seguinte

Ao acordar, na segunda-feira, a família percebeu que a energia havia voltado. Felizmente não houve nenhum dano na casa, e até os alimentos da geladeira e do freezer seguiam intactos. Na segurança do lar, nem imaginavam o que a chuva tinha provocado na cidade.

Ao sair, porém, viram o resultado da tempestade. No caminho da escola, dona Ana e seu Marcelo iam apontando os estragos para as crianças: uma massa de lama cobria o asfalto, havia lixo espalhado por toda parte, poças d’água escondiam perigosos buracos. Havia também árvores tombadas bloqueando ruas, carros amassados, casas destelhadas.

— Que tragédia! — o pai exclamou.

As crianças nunca tinham visto nada parecido com aquilo na cidade.

Na escola Paulo Freire, onde Clarice e Paulinho estudavam, não se falava de outra coisa.

Quando a professora Cidinha entrou na sala de aula de Paulinho, compartilhou uma triste notícia com a turma:

— O André não vem hoje. O bairro onde ele mora ficou debaixo d’água com a tempestade. A família dele teve que ir às pressas pra casa dos avós. Perderam móveis e roupas, quase tudo o que tinham. Isso aconteceu com várias outras famílias de lá.

— Que tristeza! — lamentou uma colega.

— Sim, muito triste… — Embora muito chateada, a professora decidiu iniciar a aula. — Bem, turma, hoje vamos começar uma pesquisa sobre a crise climática. Todos na escola vão preparar apresentações sobre esse assunto para a Feira de Ciências, que será daqui a dois meses. O ponto de partida será este texto, produzido pela Organização das Nações Unidas, a ONU:

As mudanças climáticas são transformações a longo prazo nos padrões de temperatura e clima.

Essas mudanças podem ser naturais, como por meio de variações no ciclo solar. Mas, desde 1800, as atividades humanas têm sido o principal impulsionador das mudanças climáticas, principalmente devido à queima de combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás.

[…]

Muitas pessoas pensam que as mudanças climáticas significam principalmente temperaturas mais altas. Mas o aumento da temperatura é apenas o começo da história.

Como a Terra é um sistema, onde tudo está conectado, mudanças em uma área podem influenciar mudanças em todas as outras.

O desmatamento de terras e florestas também pode liberar dióxido de carbono.

Aterros para lixo são uma das principais fontes de emissões de metano. Energia, indústria, transporte, edificações, agricultura e uso da terra estão entre os principais emissores.

As consequências das mudanças climáticas agora incluem, entre outras, secas intensas, escassez de água, incêndios severos, aumento do nível do mar, inundações, derretimento do gelo polar, tempestades catastróficas e declínio da biodiversidade. […]

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. O que são as mudanças climáticas?

Disponível em: https://s.ftd.li/9ib6eo. Acesso em: 27 mar. 2024.

— Com isso em mente — prosseguiu a professora —, peço que tragam amanhã reportagens, imagens e pequenos textos sobre o tema, para darmos início aos trabalhos.

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