Um dia que eramos a
Copyright © Ricardo Mariz, 2024
Copyright © Ilustrações de Estúdio Rebimboca, 2024
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Estúdio Rebimboca
diretor de operações e produção gráfica Reginaldo Soares Damasceno
Ricardo Mariz sempre trabalhou com educação. Tudo começou quando, aos 26 anos, participou de projetos de educação popular no Norte e Nordeste do país. É graduado em Pedagogia, mestre em Educação e doutor em Sociologia, autor de artigos e ensaios sobre educação. Este é seu primeiro livro de ficção.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Mariz, Ricardo
Um dia sonhei que éramos a Terra / Ricardo Mariz; ilustrações Estúdio Rebimboca. — 1. ed. — São Paulo: FTD, 2024.
ISBN 978-85-96-04369-4
1. Literatura infantojuvenil I. Estúdio Rebimboca. II. Título.
24-209364
Índices para catálogo sistemático:
1. Literatura infantil 028.5
2. Literatura infantojuvenil 028.5
Cibele Maria Dias — Bibliotecária — CRB-8/9427
CDD-028.5
Um dia que eramos a
Apresentação,
Apresentação
Querida leitora, querido leitor,
Livros são caminhos a serem percorridos. Amigos que nos acompanham, que conversam com a gente e nos aconselham. Mensageiros que nos abrem os olhos. Acima de tudo, são alimento para a alma.
Algumas histórias apresentam ainda algo a mais, o que as torna particularmente especiais. É o caso dos livros da Campanha da Fraternidade, como este que você tem em mãos. Isso porque eles trazem um diferencial: além de ensinar, divertir, fazer sonhar, esses livros nos ajudam a refletir sobre temas muito pertinentes à realidade brasileira e à vida no planeta. Escolhidos a dedo pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), tais temas têm o objetivo de buscar uma sociedade mais justa, mais fraterna e solidária, mais humana, menos egoísta e individualista, visando a um mundo melhor para todos.
Assim, os livros da Campanha da Fraternidade são janelas pelas quais podemos ver o que acontece no mundo à nossa volta, convidando-nos a nos engajar de corpo e alma no tema destacado para o ano — sempre tão urgente e fundamental. Grande abraço, Fernando Carraro
Caos
Meu quarto é inundado pela luz. Ouço a voz de minha mãe, que em meu sono parece distante. Quase sempre é assim que começam meus dias de semana.
— Pedro! Bom dia, meu filho. Choveu a noite toda e a cidade está um caos, então levanta logo para não se atrasar para a escola — diz minha mãe, já saindo do quarto.
Viro para o lado para dormir só mais um pouquinho, como sempre faço, mas não demora um minuto e ela aparece de novo, insistindo para que eu me arrume depressa.
Não sei como é na sua família, mas meus pais parecem estar sempre apressados. Neste momento não é diferente, porém o tom que minha mãe emprega, um pouco mais firme que o de costume, chama minha atenção.
— Já estou levantando, mãe!
Visto o uniforme, tomo o café da manhã com eles: meu pai, minha mãe e meu irmão. Escovo os dentes e confiro a mochila, para ver se não estou esquecendo nada. Então entramos todos no carro.
Logo no início do percurso, minha mãe liga o rádio, e começamos a ouvir o noticiário:
— A cidade está sofrendo com os estragos provocados pela chuva — diz o jornalista. — Alguns bairros alagaram, muitas famílias perderam tudo na enchente. Em várias ruas, árvores mais antigas não resistiram e caíram, causando acidentes. Pessoas da cidade toda enfrentam dificuldades para chegar ao trabalho, e muitas escolas suspenderam as aulas de hoje.
O que vemos pelas janelas do carro ilustra bem os danos noticiados na rádio. Nem preciso dizer que o percurso até a escola é um transtorno, né? Geralmente, meu irmão e eu vamos em silêncio, ainda sonolentos, mas desta vez estamos atentos, tamanho o estrago que observamos nas ruas.
Quase todo mundo chega atrasado à escola. A direção prolongou o horário de entrada, inclusive porque alguns professores também não conseguiram chegar a tempo. Quando entrei na sala, meu amigo Fred falava para um grupo reunido à sua volta; o que é uma cena bastante comum, porque ele é tão bom em contar histórias que todo mundo adora escutá-lo. Desta vez, Fred estava relatando o que tinha visto pelo caminho:
— Vocês não vão acreditar! Vindo para cá, eu vi uma árvore caindo num carro! Na verdade, não vi exatamente caindo, mas tinha acabado de cair. Por sorte, ninguém se machucou.
— Nossa, Fred! Vocês perceberam que as chuvas têm ficado mais fortes? — pergunta Bia, ajustando os óculos.
Nós olhamos com uma cara de interrogação para ela, mas logo voltamos a atenção para Fred, que dava detalhes da história do carro e da árvore. Sua narrativa é tão envolvente que parece que ele próprio estava dentro do carro atingido pela árvore.
Os demais colegas foram chegando; cada um contava o que havia visto naquela manhã, as tragédias e os acidentes.
Estamos envolvidos nesse papo quando a professora Fabi, de Ciências, entra na sala. Tomamos um susto: ela está encharcada dos pés à cabeça, visivelmente agitada e com uma expressão muito diferente no rosto.