Histรณria Componente curricular Histรณria
ISBN 978-85-20-00195-0
9
788520 001950
Componente curricular Histรณria Anos finais do Ensino Fundamental
7ยบ ano
Histรณria
Marco Pellegrini Adriana Dias Keila Grinberg
Componente curricular História Anos finais do Ensino Fundamental
7º ano
Professor graduado em História pela Universidade Estadual de Londrina (UEL-PR). Autor de livros didáticos de História para o Ensino Fundamental e Ensino Médio. Editor de livros na área de ensino de História. Atuou como professor de História em escolas da rede particular de ensino.
Adriana Machado Dias Professora graduada em História pela Universidade Estadual de Londrina (UEL-PR). Especialista em História Social e Ensino de História pela Universidade Estadual de Londrina (UEL-PR). Autora de livros didáticos de História para o Ensino Fundamental e Ensino Médio. Atuou como professora de História em escolas da rede particular de ensino.
Keila Grinberg
História
Marco César Pellegrini
Professora graduada em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Doutora em História Social pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Professora do Departamento de História da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO-RJ).
3a edição São Paulo 2015
Copyright © Marco César Pellegrini, Adriana Machado Dias, Keila Grinberg, 2015 Diretor editorial Lauri Cericato Gerente editorial Silvana Rossi Júlio Editora Natalia Taccetti Editores assistentes Nubia de Cassia de M. A. e Silva e Gabriel Careta de Souza Assessoria Carolina Leite de Souza e Leonardo de Sousa Klein Gerente de produção editorial Mariana Milani Coordenadora de produção Marcia Berne Coordenadora de arte Daniela Di Creddo Máximo Coordenadora de preparação e revisão Lilian Semenichin Revisão Viviam Moreira (líder); Revisores: Adriana Perico, Cristiane Casseb, Eliana A. R. S. Medina, Fátima Cavallaro, Iracema Fantaguci e Regina Barrozo Supervisora de iconografia Célia Maria Rosa de Oliveira Iconografia Erika Nascimento e Priscila Massei Diretor de operações e produção gráfica Reginaldo Soares Damasceno Produção editorial Scriba Projetos Editoriais Edição Ana Flávia Dias Zammataro Assistência editorial Alexandre de Paula Gomes e Ana Beatriz A. Thomson Projeto gráfico Marcela Pialarissi, Laís Garbelini e Dayane Barbieri Capa Marcela Pialarissi Imagem de capa Fotomontagem de José Vitor E. C. formada pelas imagens Renato Soares/ Pulsar (fundo) e José Vitor Elorza/ASC Images (perfil) Edição de imagens Bruno Beneduce Amancio Edição de ilustrações Ana Elisa, Camila Ferreira e Maryane Vioto Silva Diagramação Daniela Cordeiro de Oliveira Tratamento de imagens José Vitor Elorza Costa Ilustrações André L. Silva, Art Capri, Camila Ferreira, Estudio Meraki , José Vitor E. C., N. Akira, Paula Diazzi, Renan Fonseca Cartografia E. Cavalcante Assistência de produção Daiana Melo, Denise A. Santos e Tamires Azevedo Autorização de recursos Erick L. Almeida Pesquisa iconográfica Alaíde França, André Silva Rodrigues, Soraya Pires Momi e Tulio Sanches Editoração eletrônica Luiz Roberto L. Correa (Beto)
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Pellegrini, Marco César Vontade de saber história, 7o ano / Marco César Pellegrini, Adriana Machado Dias, Keila Grinberg. – 3. ed. – São Paulo : FTD, 2015. Bibliografia ISBN 978-85-20-00195-0 (aluno) ISBN 978-85-20-00196-7 (professor) 1. História (Ensino fundamental) I. Dias, Adriana Machado. II. Grinberg, Keila. III. Título.
15-03784 CDD-372.89 Índices para catálogo sistemático: 1. História : Ensino fundamental 372.89 Em respeito ao meio ambiente, as folhas deste livro foram produzidas com fibras obtidas de árvores de florestas plantadas, com origem certificada.
Reprodução proibida: Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Todos os direitos reservados à Editora ftd S.A. Rua Rui Barbosa, 156 – Bela Vista – São Paulo-SP CEP 01326-010 – Tel. (11) 3598-6000 Caixa Postal 65149 – CEP da Caixa Postal 01390-970 www.ftd.com.br E-mail: ensino.fundamental2@ftd.com.br
Impresso no Parque Gráfico da Editora FTD S.A. CNPJ 61.186.490/0016-33 Avenida Antonio Bardella, 300 Guarulhos-SP – CEP 07220-020 Tel. (11) 3545-8600 e Fax (11) 2412-5375
Apresentação
Monumento a Cuauhtémoc. Museu La Ventra, Villahermosa (México) Foto: Oronoz/Album/akg-images/Latinstock
Para você, o que é História? Algumas pessoas pensam que História é o estudo do passado. Outras, porém, afirmam que ela serve para entender melhor o presente. Nós acreditamos que História é tudo isso e muito mais! O estudo da História nos ajuda a perceber as ligações existentes entre o passado e o presente. A escrita, a música, o cinema, as construções magníficas, os aviões, os foguetes... Tudo aquilo de que dispomos hoje, desde os produtos fabricados com tecnologia avançada até a liberdade de expressão, devemos às pessoas que trabalharam e lutaram, enfim, que viveram antes de nós. A História nos permite conhecer o cotidiano dessas pessoas e perceber como a ação delas foi importante para construir o mundo como ele é hoje. A História nos auxilia a conhecer os grupos que formam as sociedades, os conflitos que ocorrem entre eles e os motivos de tais conflitos. Ela nos ajuda a tomar consciência da importância de nossa atuação política e a desenvolver um olhar mais crítico sobre o mundo. Assim, nos tornamos mais capazes de analisar desde uma afirmação feita por um colega até uma notícia veiculada pela televisão. Ao estudarmos História, percebemos a importância do respeito à diversidade cultural e ao direito de cada um ser o que é, e entendemos como esse respeito é indispensável para o exercício da cidadania e para construirmos um mundo melhor. Bem-vindo ao fascinante estudo da História! Os autores.
Conheça
Abertura de capítulo
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ada de Cuzco
A tom 1535, ele a capital do império. Em dou a tomada de Cuzco, ol, assuminEm seguida, Pizarro coman a sede do governo espanh no litoral, e instalou ali fundou a cidade de Lima, o Inca. do o controle do Impéri
capítulo 10
Nas páginas de abertura dos capítulos, você encontrará imagens e um pequeno texto que despertarão seu interesse pelos assuntos que serão estudados. Há também algumas questões que propiciam a troca de ideias com os colegas e o professor, tornando o estudo mais interessante.
O Real Caçador do Sol
Images ostill/Shutterstock/Glow
Direção de Irving Lerner. 1969. (121 min).
Filme que aborda a is relação entre espanhó a e indígenas, trazendo figura de Francisco Pizarro no contexto da Inca. conquista do Império
Ruínas da cidade inca de Cuzco, no Peru. Fotografia de 2013.
o de São Vicente, 1900. Benedito Calixto. Fundaçã
A Contrarreforma
Enquanto isso...
215
capítulo 9
Explorando a imagem
no Brasil
porsta do Império Inca, os iniciou as guerras de conqui Na época em que Pizarro hoje fica o Brasil. ação do território onde por Martim tugueses iniciavam a coloniz colonizadora comandada ção expedi uma e ira. No ano de 1532, durant e, a primeira vila brasile ueses fundaram São Vicent de muitos Afonso de Souza, os portug ola, provocou a morte assim como a espanh povos. A colonização portuguesa, a tomada das terras desses am a região e significou habitav que as indígen
385 cm x 192 cm. Óleo sobre tela (detalhe). São Paulo (SP) Benedito Calixto. 1900. Museu Paulista da USP,
Enquanto isso...
Para tentar conter o avanç o do protestantismo, líderes organizaram um movim da Igreja Católica ento que ficou conhecido como Contrarreforma.
A reação católica
Essa seção vai ajudá-lo a perceber que acontecimentos diferentes ocorrem ao mesmo tempo em diversos lugares e que sociedade A Compacada nhia de Jesus tem sua própria história.
Inconformados com a grande aceitação das ideias de Lutero na Europa, a Igreja Católic a iniciou uma reação , que ficou conhecida Contrarreforma. Assim como , as principais autorid ades católicas participaram de reuniões, entre 1545 e 1563, para discutir forma s de combater o movimento protestante e reavaliar a conduta dos líderes do catolicismo. Esses encontros ocorre ram na cidade italian a de Trento, por isso ficaram conhecidos como Concílio de Trento.
São questões de análise de fontes históricas, que propiciam o desenvolvimento da habilidade de ler imagens.
Concílio: assembleia de autoridades da Igreja Católica para tratar de assuntos doutrinários, dogmáticos e disciplin ares. Mártir: pessoa que, por não renunciar a uma crença, é submetida à tortura, ou à pena de morte.
Fundada pelo espanho l Inácio de Loyola, em 1540, a Companhia de reuniões do Concílio de Jesus participou ativame Trento e se tornou uma nte das das principais represen Contrarreforma. tantes do movimento da Os jesuítas, como eram chamados seus membro s, fundaram vários colégios ensinar a fé católica e se tornaram os principa com o objetivo de is propagadores do catolicis mo no mundo.
O Tribunal da Inquisiçã o
O sujeito na história
O sujeito na história Você conhecerá pessoas que participaram ativamente do processo histórico. Vai perceber que a ação de todos os sujeitos históricos, inclusive você, pode transformar a sociedade.
Giordano Bruno
Nascido em 1548 na cidade italiana de Nola, Giorda no Bruno se tornou padre em 1572. Pouco depois, no entanto, foi acusado de heresia por causa de suas ideias, entre elas a de que o Universo é infinito e a de que Deus está em todos os seres vivos, cada planta, cada animal. Em 1592, foi preso pelo Tribunal da Inquisição e, mesmo sofrendo com a tortura, não negou suas ideias. Ele foi então condenado à morte na foguei ra e executado em 1600. Giordano Bruno é consid erado por muitos um mártir samento científico. Suas do penideias marcaram o início das discussões entre a fé e a razão.
Campo de Fiori, Roma (Itália). Foto: Akg/Science Photo Library/Latinstock
Órgão da Igreja Católic a criado no século XIII, a Inquisição ganhou força movimento da Contra rreforma. Desde então, durante o em várias regiões da chamado Tribunal da Europa, os juízes do Inquisição torturaram e condenaram à morte e mulheres cristãos acusad milhares de homens os de heresia.
Giordano Bruno. Estátua de 1889 localizada onde ele foi executado. Fotografia tirada em Roma, na Itália, 2012.
193
Explorando o tema Nessa seção, um dos temas do capítulo é apresentado em páginas especiais, que o ajudarão a entender melhor as relações entre o passado e o presente.
Investigando na prática Nessa seção, são apresentados diferentes tipos de fontes históricas, algumas com explicações sobre seu significado e outras para você analisar. Você vai observar, comparar, elaborar hipóteses e aprender muito.
Livros Nas seções com esse ícone, você encontrará sugestões de livros interessantes relacionados aos assuntos estudados.
Encontro com... Nessa seção, os temas de História são articulados com assuntos de outras áreas do conhecimento, enriquecendo ainda mais o seu aprendizado.
Filmes Quando encontrar esse ícone, haverá uma sugestão de filme que enriquecerá o seu conhecimento sobre algum assunto do capítulo.
Sites As sugestões de sites da internet para você consultar são acompanhadas desse ícone.
Consciência e atitude cidadã Existem assuntos que nos levam a refletir sobre nosso cotidiano, influenciando nossas ações e nos ajudando a perceber como podemos melhorar o mundo em que vivemos. Nesta coleção, alguns deles são destacados pelos ícones apresentados a seguir.
Meio ambiente O planeta Terra é a nossa casa e, portanto, somos responsáveis por ele! Por isso, precisamos ter uma postura consciente e crítica em relação às atitudes que prejudicam o nosso planeta. Sejam ações realizadas na escola, no bairro ou na cidade, não importa, precisamos fazer tudo o que pudermos para conservar o nosso lar.
Esse tema propicia a reflexão sobre os cuidados que devemos ter com nosso corpo, a importância de respeitarmos e sermos respeitados em nossas relações afetivas e de vivenciarmos a sexualidade com segurança.
Sexualidade e gênero
Saúde Pense em um dia comum de sua vida e avalie se seus hábitos fazem bem à saúde. Os cuidados médicos, a prática de esportes, as rotinas de higiene e uma alimentação adequada são atitudes simples que contribuem para o nosso bem-estar. Esse assunto faz parte do tema Saúde, um conteúdo que vai chamar a sua atenção para simples procedimentos que colaboram com a qualidade de vida.
História em construção Atividades Localizada ao final de cada capítulo, essa seção é composta por diferentes tipos de atividades. Nela, você poderá checar o seu aprendizado, exercitar diferentes habilidades e aprofundar os conhecimentos adquiridos no estudo do capítulo.
Você verá que na disciplina de História não existem verdades definitivas e que novos estudos podem modificar nossa compreensão sobre acontecimentos do passado.
Atividades Exercícios de compreensão
3. Escreva no caderno um texto que con tenha as palavras do quadro abaixo. humanistas pecadores
Antiguidade
valores
antropocentrismo
4. Cite algumas conquis tas científicas da época do Renascimento.
5. O que é heliocentrismo? 6. Explique por que arte e ciência caminha ram juntas durante o Renasci mento. 7. Quais as principais características da pintura renascentista?
mercadores e aventur eiros rústicos. Mostrou que se dedicavam à agricult subsistência e à captura ura de de [indígenas] pelo interior. Nesse estudo pioneiro bruçou-se sobre o cotidian , deo da sociedade paulista para contestar a historio tradicional, destinada grafia a erguer o mito dos bandeir antes.
8. Que pessoas geralme nte frequentavam as escolas durante o Renascimento? O que elas aprendiam nas escolas? 9. Em que outras regiões da Europa, além da Itália, houve manifes tações do Renascimento? Descrev a as caracte rísticas do Renascimento em uma dessas regiões.
Ronaldo Vainfas (Dir.). Dicionário do Brasil Colonial (1500-1808). Rio de Janeiro: Objetiva, 2000. p. 64-5.
a ) Quais historiadores contribuíram para a criação do mito do herói bandeir ante? Quais argumentos eles utilizara m para transformar os bandeirantes em heróis? b ) Qual a visão de Capistra no de Abreu sobre os bandeirantes? c ) E qual é a visão de Viana Moog? d ) Como Alcântara Machad o definiu os bandeirantes? Quais fontes histórica s ele usou para estudar os bandeirantes? e ) Na pintura ao lado, como foi representado o bandeirante? Essa represe ntação contribui com o mito do herói bandeir ante? Justifique sua resposta.
Expandindo o conteúdo 10. Leia o texto a seguir.
Andreas Cellarius. Séc. XVII. Em: Harmonia Macrocosmica. Foto: Veneranda Biblioteca Biblioteca Ambrosiana, Ambrosiana/DeAgostini Milão (Itália). Picture Library/Scala, Florence/Glow Images
Os modelos de Ptolom eu e Copérn
ico Cláudio Ptolomeu foi um astrônomo e geógrafo grego que viveu [...] provave mente entre os anos de l90 e 168. Ptolomeu propôs um modelo para explicar movimento que observa mos todos os dias: o nascer o e o pôr do sol.
Gravura de Andreas Cellarius, feita no século XVII, represent o modelo geocêntrico, ando de Ptolomeu.
164
Ele também procurou elucidar o movimento dos planetas e das estrelas. Em seu modelo a Terra era o centro do Universo. Tudo girava ao seu redor. Cada astro circundava a Terra em sua órbita. Em volta da Terra estariam, primeiro, a Lua; depois, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno. [...] Esse modelo, baseado na física de Aristóteles, foi assumid o como verdadeiro pela Igreja ao longo da Idade Média. [...] No século XVI, [...] aproximadamente 1 500 anos após Ptolome u, um cônego polonês chamado Nicolau Copérnico (1473-1543), ao estudar o movimento dos planetas, achou que o modelo geocênt rico de Ptolomeu era muito complicado. [...] Copérnico pensou que o Sol, sendo o único astro com luz própria
Chefe Bandeirante, pintura de Henrique Bernardelli representando Fernão Dias Paes Leme, bandeirante paulista, cerca de 1929.
Refletindo sobre o capítulo Essa seção apresenta uma síntese das principais ideias de cada capítulo e contribuirá para que você avalie como está o seu aprendizado.
Refletindo sobre o capítu lo Agora que você finalizou o estudo deste capítulo , faça uma autoavaliação Verifique se você compre de seu aprendizado. ende as afirmações a seguir. • As bandeiras eram expedições promovidas pelos paulista nar indígenas e de encontr s que tinham o objetivo de aprisioar ouro e pedras preciosa s. • Tropeiros e monçoeiros auxiliara m no fornecimento de mercadorias para a região • A mineração provocou a migraçã das minas. o de muitas pessoas para a expansão territorial a região das minas, promov e a interligação de várias endo regiões do Brasil. • O barroco mineiro é considerado a primeira forma de brasileira. expressão artística genuina mente • Importantes revoltas ocorridas no Brasil no século XVIII iluministas e pelas revoluçõ foram influenciadas pelas es Americana e Frances ideias a. Após refletir sobre essas afirmações, converse com os colegas e o professo de que todos compreenderam r para certificar-se o conteúdo trabalhado neste capítulo.
285
Ética e Cidadania Esse tema está ligado, principalmente, à seguinte pergunta: Como devemos agir? Em nosso cotidiano, é comum vivenciarmos situações e conflitos que nos deixam em dúvida sobre que atitude tomar. Ao discutirmos essas questões, estamos refletindo sobre nossas ações, além de despertar a nossa consciência para a cidadania.
capítulo 12
2. Explique por que os filósofos do sé culo XVI chamavam de Renascimento a época em que estavam vivendo.
Henrique Bernardelli. 1923-1929. Óleo sobre tela. Museu Mariano Procópio, Juiz de Fora (MG)
1. O que é um mecena s? Qual sua im portância no Renascimento?
Trabalhar e consumir: dois atos que dizem respeito à vida em sociedade. Qual é a importância do trabalho? Que profissão você gostaria de ter? O que é consumo? Será que estamos consumindo de forma consciente? Essas e outras questões fazem parte do tema Trabalho e Consumo, um assunto muito importante que influencia o estilo e a qualidade de vida.
Trabalho e Consumo
Pluralidade cultural
Existem inúmeras formas de viver e de se relacionar com os outros e com o ambiente. Cada povo tem sua cultura, sua identidade, sua maneira de se manifestar no mundo. Inclusive, em um único país, como no Brasil, existem várias culturas convivendo e interagindo no mesmo espaço. O tema Pluralidade cultural trata justamente dos aspectos pertinentes a esse assunto, como o respeito e a valorização dessa diversidade cultural.
capítulo
sumário
1
Construindo a História ........................................................... 14 Por que estudar História? .................... 16 • O que é História? • Para que serve a História?
O tempo e a História ................................. 17 • O que é o tempo? • O tempo histórico • Permanências e rupturas • A representação do tempo histórico na linha do tempo • A simultaneidade e as durações do tempo histórico
Conceitos importantes para os estudos históricos ..................................20
capítulo
• Sociedade
2
• Cultura • Trabalho • Política • Economia
Os historiadores............................................ 23 • O passado e o presente
Explorando o tema .................................... 24 • A diversidade das fontes históricas
Analisando uma fonte histórica ........................................................... 26 • Os elementos de uma fonte
Atividades .........................................................28
A formação da Europa medieval ............................... 32 O que é a Idade Média?.........................34 • Mil anos de história • Períodos da Idade Média
O declínio do Império Romano ...........................................................36 • O Estado romano • Motivos da crise • A divisão do Império Romano • Roma é conquistada
Os povos germânicos ................................38 • As atividades do dia a dia • A organização social • As crenças religiosas • Os reinos germânicos
O Império Romano do Oriente......................................................42 • Os bizantinos • A cidade de Constantinopla • A mistura cultural e religiosa • A arte bizantina • O governo de Justiniano
O sujeito na história
Teodora ............................................................. 44
O Direito.............................................................. 46 • Leis para todos • Justiniano e o Corpo do Direito Civil
Atividades ........................................................ 48
Explorando o tema ................................... 40
capítulo
• Os vikings
3
A época medieval na Europa ......................................... 52 A formação do Império Carolíngio .......................................................54 • Reinos germânicos • O Reino Franco • O Império Carolíngio • Condes, marqueses e duques
Os feudos............................................................56
• Os camponeses • A “criação” das três ordens
Os castelos medievais.............................59 • A proteção do castelo • O cavaleiro • O dia a dia no castelo
• Características do feudalismo • Combinação de tradições romanas e germânicas
Explorando o tema ................................... 60
A sociedade feudal .................................... 57
A economia feudal ..................................... 62
• A nobreza • O clero
• Projeto Guédelon: construindo um castelo medieval • Um feudo medieval
O sujeito na história
São Francisco de Assis ...........................65
As iluminuras medievais ..................... 66 • Imagens que iluminam o manuscrito • As funções das iluminuras • Produzindo uma iluminura
Transformações na Europa feudal ................................................................ 68 • O crescimento da população • Outras inovações técnicas
As Cruzadas .....................................................69 • Os motivos das Cruzadas • As consequências das Cruzadas
As cidades medievais ..............................70 • O crescimento do comércio e das cidades • As corporações de ofício • Burgos e burgueses • Cambistas e banqueiros
Investigando na prática ........................ 72 • As transformações sociais e a arquitetura das igrejas
As primeiras universidades ............... 74 • O surgimento das universidades • A organização • A função social e a importância cultural
A Guerra dos Cem Anos ....................... 75 • As justificativas para a guerra • As consequências da guerra
Atividades ......................................................... 76
A expansão do Islã ....................................................................80 O nascimento do Islã ...............................82 • Os povos do deserto • O início da pregação de Maomé • A formação do mundo islâmico
A expansão dos domínios islâmicos ........................................................ 84 • As conquistas territoriais • A sucessão de Maomé
A presença muçulmana na península Ibérica .................................... 86 • A conquista da península Ibérica • Os muçulmanos em Al-Andalus • O legado técnico e cultural
Centros de conhecimento pelo mundo ................................................. 88 • Casa da Sabedoria
• Uma diversidade de povos • Algumas civilizações da América • Civilizações andinas e mesoamericanas
Os maias........................................................... 104 • Os povos de Yucatán • As cidades-Estado
A cultura maia............................................. 105
5
• Universidade de Al-Azhar • Mesquitas • Observatório de Maragha
O sujeito na história
Avicena ............................................................. 89
Encontro com... ........................................... 90 • Matemática - Os algarismos
Princípios do islamismo ......................... 91 • Os cinco pilares
A peregrinação à Meca .......................... 92 • A grande Mesquita
Explorando o tema ....................................94 • A cultura islâmica
Atividades .........................................................96
A América antes da chegada dos europeus ............................................................................................. 100 Os povos da América ........................... 102
4
capítulo
• Poder espiritual e material • Problemas internos • As manifestações heréticas
capítulo
O poder da Igreja Católica .................. 64
• A escrita • O sistema de numeração • O calendário maia
Os astecas ....................................................... 106 • Um povo guerreiro • A importância da religião • O poder militar dos astecas • O comércio
O sujeito na história
Zanatzin...........................................................107
Os incas............................................................. 108 • Os conquistadores incas • O domínio inca • A organização social • As grandes obras dos incas
capítulo
Os primeiros habitantes do Brasil ......................................................... 110
6
• A diversidade cultural dos povos indígenas • As formas de organização das aldeias
Explorando o tema ................................... 112 • Os povos indígenas no Brasil atual
História em construção
Caminho do Peabiru................................. 114
Atividades ........................................................ 116
Reinos e impérios africanos .........................................120 O continente africano ............................ 122 • Os povos africanos • Reinos e impérios africanos • Uma sucessão de reinos e impérios • O Saara
O islamismo na África ..........................125 • A difusão do islamismo • A escravidão nas sociedades islâmicas
O Reino de Gana ........................................126 • A importância dos súditos • Os servidores
O Império Mali ..............................................128 • Uma mistura de povos • A importância do comércio
O sujeito na história
Ibn Battuta .....................................................129
História em construção
Os griôs e a história de Mali ............ 130
O Império Songai ........................................ 131
Os reinos iorubás ...................................... 132 •O •A •O •A
oni e os obás arte em Ifé Reino de Benin arte do Benin
Encontro com..............................................134 • Antropologia – A religião tradicional iorubá
Máscaras africanas...................................136 • A natureza como inspiração • Artefatos sagrados • A diversidade
O Reino do Congo.....................................138 • O mani Congo • O cristianismo no Reino do Congo • A escravidão no Reino do Congo
Explorando o tema ................................. 140 • A metalurgia nas sociedades africanas
Atividades .......................................................142
capítulo
• Os songais
7
A Europa moderna: o Renascimento ..................146 A Itália renascentista............................. 148 • Aspectos políticos • O mecenato • O que é Renascimento? • Períodos do Renascimento italiano
O humanismo................................................ 150 • A valorização da Antiguidade clássica • A valorização do ser humano
O Renascimento científico.................. 151 • Um período de transformações
A arte renascentista ................................ 152
•A •A •A •A •A
arte e a ciência escultura música e a literatura pintura técnica da perspectiva
Investigando na prática ..................... 154 • A arte medieval e a arte do Renascimento
Encontro com..............................................156 • Literatura – William Shakespeare
O cotidiano nas cidades italianas ........................................................ 158
• Do campo para a cidade • A educação nas cidades italianas • As atividades de lazer • As cidades de Veneza e Florença
Explorando o tema ................................. 160 • Leonardo da Vinci: um gênio renascentista
• Flandres • França • Espanha • Portugal • Alemanha
Atividades ...................................................... 164
Aventura nos mares................................170 • O que foram as Grandes Navegações? • As rotas das navegações
As cobiçadas especiarias .................... 171 • O comércio de especiarias
A formação dos Estados modernos...................................................... 172 • O desenvolvimento comercial e urbano • Mais poder ao rei • O Estado moderno português
História em construção
Reconquista?................................................ 173
•A •A •O •A •A
8
capítulo
A Europa moderna: as Grandes Navegações .....................................................168
9
capítulo
O Renascimento em outras regiões da Europa ................................162
chegada ao sul da África chegada à América Tratado de Tordesilhas chegada às Índias chegada ao Brasil
Encontro com... .......................................... 176 • Literatura - A Grandes Navegações na literatura
Explorando o tema .................................. 178 • O cotidiano em alto-mar
Investigando na prática ..................... 180 • O desenvolvimento da Cartografia
Atividades .......................................................182
O caminho marítimo para as Índias........................................... 174
A Europa moderna: reformas religiosas e Absolutismo ....................................................................................186 A Europa nos séculos XVI e XVII ................................................... 188 • O contexto histórico • Críticas à Igreja Católica • Reformas religiosas e mudanças políticas
A Reforma....................................................... 190 • Martinho Lutero • As teses de Lutero • Outros movimentos reformistas
História em construção
Protestantismo e capitalismo ............ 191
A Contrarreforma ......................................193 • A reação católica • O Tribunal da Inquisição
O sujeito na história
Giordano Bruno ..........................................193
Explorando o tema ................................. 194 • A Inquisição
A formação dos Estados absolutistas ............................................... 196 • Os efeitos das reformas religiosas • O mercantilismo • Os Estados absolutistas europeus • O Absolutismo francês
Encontro com............................................. 198 • Sociologia – Consequências do Tratado de Vestfália
A prensa móvel de Gutenberg .................................................. 200 • Imprimindo um livro
Encontro com............................................ 202 • Arte – O barroco europeu
Atividades ..................................................... 204
capítulo
10
A colonização na América espanhola .............. 208 O choque entre dois mundos ......................................................... 210 • Conquista e destruição • A América entre os séculos XV e XVII
A conquista do Império Asteca ............................................................. 212 • A chegada de Cortez • A prisão de Montezuma • A tomada da capital asteca
A administração das colônias .......................................................... 217 • A colonização espanhola • Os vice-reinos
A organização da economia ............218 • A mineração • O trabalho nas colônias espanholas
A sociedade colonial...............................219 • Os grupos sociais
O sujeito na história
A mineração em Potosí ..................... 222
A conquista do Império Inca ....................................................................214
Explorando o tema ................................ 224
Malinche .......................................................... 213
• A chegada de Pizarro • A execução de Atahualpa • A tomada de Cuzco
• Extraindo a prata • Os indígenas na América Latina atual
Atividades ..................................................... 226
História em construção
capítulo
Por que os espanhóis venceram? .....................................................216
11
A colonização na América portuguesa ...................................................................................... 230 A chegada dos europeus.................. 232 • Os primeiros contatos • Os indígenas • Primeiras décadas de colonização
As primeiras formas de exploração ................................................. 234 • As feitorias • O pau-brasil • O escambo
A colonização .............................................. 236 • A presença de outros europeus • As capitanias hereditárias • O Governo-geral
História em construção
Capitanias hereditárias .........................237
Os jesuítas e os indígenas .............. 238 • A escravização de indígenas • As missões jesuíticas
O sujeito na história
José de Anchieta ..................................... 239
A mão de obra africana ..................... 240 • A longa trajetória
• Na África • Nos navios • Nos mercados
O sujeito na história
Jinga Mbande .............................................. 241
História em construção
A escravização de africanos ............ 242
O engenho de açúcar ........................... 244 • O trabalho no engenho
A produção do açúcar ......................... 246 • Fazendo um engenho funcionar
Holandeses no Brasil ........................... 247 • A situação política • As invasões no Nordeste • A administração de Maurício de Nassau • O desenvolvimento das artes e da ciência
Explorando o tema ................................ 250 • A resistência africana
Atividades ..................................................... 252
Um período de crise ............................. 258 • A situação de Portugal com o fim da União Ibérica • Retomando o controle da Colônia • As companhias de comércio • A expulsão dos holandeses
O bandeirantismo .................................... 260 • Os bandeirantes • As bandeiras de preação • A procura por minerais preciosos • As bandeiras de prospecção • A exploração do interior
A mineração .....................................262 • A grande migração • O controle de Portugal • O contrabando • Novas descobertas
Conflitos e revoltas no período Colonial ........................................................ 264 • Motivações • A Guerra dos Emboabas • A Guerra dos Mascates • A Revolta de Felipe dos Santos
A mina de ouro ......................................... 266 • A extração do ouro
Bibliografia .................................286
O abastecimento das minas ............................................................. 268 • Os tropeiros • Os monçoeiros
A formação de vilas e cidades ......................................................... 270 • A formação de vilas e cidades • A delimitação das fronteiras Investigando na prática .....................272 • O território brasileiro nos séculos XVII e XVIII
Encontro com... ......................................... 274 • Arte – A arte barroca no Brasil
Iluminismo e revolução no século XVIII ...............................................276 • O Iluminismo
A Conjuração Mineira ....................278 • A situação da capitania de Minas Gerais às vésperas da conjuração • Os planos dos revoltosos
História em construção
A figura de Tiradentes ........................ 280
Atividades ..................................................... 282
12
capítulo
A expansão das fronteiras da Colônia portuguesa ...................................................................................... 256
cap铆tulo
1
Construindo a Hist贸ria
Roda de capoeira na cidade de Ruy Barbosa (BA), 2014.
14
As fontes históricas fornecem elementos para estudarmos as ações humanas no tempo e no espaço. Assim, elas são essenciais para a compreensão das transformações e das permanências que se verificam nos lugares e no modo de vida das pessoas.
Cesar Diniz/Pulsar
Frans Post. 1650-1675. Óleo sobre tela. Museu de Arte do Condado de Los Angeles (EUA)
Observe as imagens apresentadas nestas páginas e converse com os colegas sobre as questões a seguir.
Paisagem brasileira com casa de trabalhadores, pintura de Frans Post, cerca de 1655.
A A roda de capoeira é considerada um patrimônio da cultura imaterial no
Brasil. Você já ouviu falar no conceito de cultura imaterial? Comente. B Ao analisar a pintura apresentada acima, o que é possível saber
sobre o modo de vida no Brasil, no século XVII? C Qual é o seu conhecimento sobre fontes históricas? Em sua opinião,
por que elas são importantes para os estudos da História?
15
Por que estudar História? O conhecimento histórico nos permite entender melhor o passado e agir para transformar o presente.
O que é História? História é a ciência que estuda as ações dos seres humanos no tempo e no espaço. Esse estudo procura conhecer as transformações que acontecem ao longo do tempo nas socieda des e também os aspectos que, mesmo com o passar do tempo, permanecem semelhantes.
Para que serve a História? A História contribui para a compreensão das sociedades: suas transformações e perma nências, além das semelhanças e das diferenças que existem entre elas. A História também procura entender as relações que os seres humanos estabelecem entre si em diferentes épocas. Ela nos auxilia a conhecer o passado e, assim, compreender melhor o presente. Por meio do estudo de História, podemos analisar os acontecimentos e perceber a ação transformadora das pessoas em sua cidade, estado ou país. É com base no estudo de His tória que aprendemos como as pessoas que viveram em outras épocas e lugares lutavam para tentar melhorar seu dia a dia.
Em: Revista A Cigarra. 26/07/1917. Arquivo do Estado de São Paulo, São Paulo (SP). Foto: Neoimagem
Conhecendo melhor o nosso passado histórico, podemos perceber com mais clareza qual é o nosso papel na transformação da sociedade em que vivemos e a importância da nossa luta por um mundo melhor e mais justo.
Passeata de grevistas na cidade de São Paulo (SP), 1917. A greve é um importante recurso utilizado pelos trabalhadores na luta por melhores condições de trabalho.
16
capítulo 1
O tempo e a História O tempo é essencial para o estudo da História.
O que é o tempo? Nós podemos perceber e medir o tempo de várias maneiras. Existe o tempo da natureza, que não depende da vontade humana e pode ser percebido, por exemplo, pelo crescimento das árvores ou então pelo envelhecimento das pessoas. Artur_Em/Shutterstock/Glow Images
Há também o tempo cronológico, que é mensurável e pode ser dividido em diferentes unidades de medida: segundo, minuto, hora, dia, mês, ano, entre outras. O tempo cronológico obedece a regras humanas e, por is so, é um produto cultural, podendo variar de uma sociedade para outra.
O tempo cronológico é importante em diferentes atividades humanas. Para assar uma torta, por exemplo, o cozinheiro geralmente marca no relógio o tempo que o alimento precisa ficar no forno.
O tempo histórico As transformações sociais não ocorrem sempre no mesmo ritmo: há mudanças que ocorrem depressa e outras que demoram mais tempo para acontecer. O tempo histórico permite que o historiador analise essas transformações e também as permanências que ocorrem na vida social, ou seja, aquelas mudanças que são mais difíceis de serem notadas. Para facilitar o entendimento das transformações e permanências sociais, o historia dor francês Fernand Braudel propôs três diferentes durações do tempo histórico. Veja. [...] O estudo dos fenômenos históricos inclui três níveis: o tempo dos acontecimentos, de breve duração; o tempo das conjunturas, um período médio de 10, 20 ou 50 anos no qual um determinado conjunto de acontecimentos se prolonga; e o tempo da longa duração, que abrange séculos e se caracteriza pela estabilidade. Para tornar sua teoria mais clara, Braudel compara o tempo histórico às águas do oceano. O tempo dos acontecimentos é breve e móvel como a água que fica na superfície, agitada pelo vento e pela chuva. O tempo das conjunturas é a camada que fica logo abaixo, onde as águas são mais calmas e servem de apoio para a água da superfície. Por fim, o tempo da longa duração é representado pelo fundo do oceano, onde as águas são praticamente imóveis e sustentam as outras duas camadas. Como o oceano, o tempo é um só, mas inclui camadas temporais da mesma forma que o oceano inclui camadas de água. Nos dois casos, as camadas são sobrepostas e simultâneas. Caio César Boschi. Por que estudar história? São Paulo: Ática, 2007. p. 42.
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Permanências e rupturas
Ricardo Siqueira
Autor desconhecido. c. 1900. Coleção particular
Os estudos históricos nos permitem afirmar que as coisas nem sempre foram do jei to que são e, também, que elas não permanecerão iguais para sempre. Pela análise de fotografias, por exemplo, podemos observar as transformações que ocorrem ao longo de um determinado período de tempo e também aquilo que permaneceu semelhante. Esse é o caso das fotografias a seguir, que retratam a praça José de Alencar, no Rio de Janeiro, em dois momentos: no início e no final do século XX.
Praça José de Alencar, Rio de Janeiro (RJ), 1900.
Praça José de Alencar, Rio de Janeiro (RJ), final do século XX.
As diferentes durações do tempo histórico, quando comparadas umas com as outras, permitem ao historiador perceber as permanências e as rupturas que ocorrem nos pro cessos históricos.
Juca Martins/Olhar Imagem
Os fatos que se transformam lentamente no decorrer de séculos dão a impressão de não se alterar e, por isso, podem ser considerados permanências. A escravidão, que du rante cerca de 350 anos foi a principal forma de exploração do trabalho no Brasil, é um exemplo de permanência. Já as rupturas representam as mudanças bruscas que ocorrem no processo histórico. Geralmente são acontecimentos breves, como uma revolução, uma catástrofe natural ou a assinatura de uma lei, que causam transformações repentinas em uma sociedade.
O golpe militar de 1964 é um exemplo de ruptura no processo histórico brasileiro: no dia 1o de abril, os militares tomaram o poder e implantaram uma ditadura no Brasil, que durou cerca de 20 anos. Na fotografia ao lado, militares reprimem uma manifestação de estudantes em São Paulo (SP), 1977. Instituto Moreira Salles Site que conserva e divulga um acervo com mais de 800 mil fotografias, muitas delas dos séculos XIX e XX, que nos permitem analisar as transformações e permanências em nosso país. Veja em: <http://eba.im/r9sq7w>. Acesso em: 8 out. 2014.
18
capítulo 1
A representação do tempo histórico na linha do tempo As diferentes durações do tempo histórico podem ser representadas em uma mesma linha do tempo. Na linha do tempo a seguir, por exemplo, estão representados fatos de curta, média e longa duração relacionados à história do Brasil. Observe. 1530 a 1888
1840 a 1889
Escravidão O sistema escravista, em que havia a exploração do trabalho escravo de africanos e indígenas, durou cerca de 350 anos no Brasil.
Governo de D. Pedro II O segundo imperador do Brasil governou o país durante quase 50 anos.
1500
1550
1600
1650
1700
Morte de Zumbi
Conjuração Baiana
Zumbi, o líder do quilombo dos Palmares, morreu em 1695 lutando contra as tropas destinadas pelo governo para destruir o quilombo.
Em 1798, na cidade de Salvador, artesãos, soldados e ex-escravos organizaram uma revolta. Eles pretendiam abolir a escravidão e implantar uma República na Bahia.
1750
1800
1850
1900
Lei Euzébio de Queiroz
Assinatura da Lei Áurea
Aprovada no dia 4 de setembro de 1850, proibiu o tráfico de escravos da África para o Brasil.
Lei assinada no dia 13 de maio de 1888 pela princesa Isabel, filha de D. Pedro II. Essa lei aboliu oficialmente a escravidão no Brasil.
A simultaneidade e as durações do tempo histórico É importante reconhecer na linha do tempo apresentada que, em uma mesma socie dade, ocorrem fatos diversos com durações diferentes. Além disso, existem fatos que acontecem simultaneamente. Observe que uma parte do período da escravidão ocorreu ao mesmo tempo em que o governo de D. Pedro II, ou seja, esses são fatos simultâneos. No entanto, eles possuem durações diferentes: o governo de D. Pedro II é um fato de média duração; já a escravidão é um fato de longa duração. Johann Moritz Rugendas. 1835. Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro (RJ)
Outro fato simultâneo ao governo de D. Pedro II é a assinatura da Lei Áurea. No entanto, esse acontecimento, que ocorreu no dia 13 de maio de 1888, pode ser con siderado um fato de curta duração.
Colheita de café na Tijuca, litografia do artista alemão Johann Moritz Rugendas, feita por volta de 1835, que representa escravos trabalhando no cultivo de café no Brasil. As últimas décadas do reinado de D. Pedro II foram simultâneas à crise do regime escravista no Brasil.
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Conceitos importantes para os estudos históricos Existem conceitos indispensáveis para a realização de estudos históricos.
Sociedade Os historiadores estudam as permanências e as transformações que ocorrem nas so ciedades humanas ao longo do tempo. Por isso, o conceito de sociedade é fundamental para os estudos históricos.
Valores: conjunto de princípios culturais que permeia uma determinada sociedade.
Quando falamos em sociedade, estamos nos referindo a um conjunto de pessoas que convivem em um determinado espaço, que seguem as mesmas regras e que compartilham valores, costumes, língua etc. Os relacionamentos que as pessoas de uma sociedade estabelecem entre si são chamados de relações sociais. A sociedade é formada por grupos sociais, como a família, a escola, entre outros. Esses grupos sociais integram o indivíduo à sociedade ao mesmo tempo que influenciam a formação de seus valores e de sua visão de mundo.
Em uma sociedade existem diversos grupos sociais. Uma mesma pessoa pode fazer parte de vários grupos sociais.
Ilustrações: Estudio Meraki
Felipe, por exemplo, participa de diferentes grupos sociais. Além de conviver com sua família, ele passa boa parte do dia com os colegas do escritório onde trabalha. Uma vez por mês, participa da reunião do condomínio onde mora. Nos momentos de folga, participa, ainda, de outro grupo social, formado pelos músicos de sua banda.
A sociedade e seus conflitos As relações estabelecidas entre os grupos de uma mesma sociedade muitas vezes são conflituosas. Os conflitos sociais podem ser percebidos, por exemplo, nas relações entre patrões e empregados. Enquanto os patrões buscam o aumento de seus lucros, geralmente por meio da maior exploração do trabalho dos empregados, estes, por sua vez, têm interesses muitas vezes opostos: aumento dos salários, redução da carga horária, melhoria das condições de trabalho etc. Assim, a divergência entre os interesses desses grupos pode gerar conflitos sociais.
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Dizemos que os indivíduos de um grupo possuem uma mesma cultura quando compartilham ideias semelhantes ou quando pos suem um modo parecido de agir e de perceber o mundo. A arte, a língua, os costumes e as leis de um país são exemplos de expres sões de uma cultura. Porém, mesmo no interior de uma sociedade existem diferenças que indicam a variedade da produção cultural de cada grupo que compõe essa sociedade.
Transmissão cultural Além da família, da escola, do nosso grupo de amizades etc. a transmissão cultural pode ser feita por outros meios, como a televisão, o computador, o rádio, os jornais. Através desses meios de comunicação, podemos inclusive ter contato com culturas de outras sociedades e ser influenciados por elas.
Luiz Claúdio Marigo/Opção Brasil Imagens
Luiz Claúdio Marigo/Opção Brasil Imagens
A cultura é transmitida de geração em geração por meio dos grupos sociais aos quais estamos ligados. Geralmente é a família que nos transmite os primeiros valores culturais, depois a escola, em seguida nossos círculos de amizade, trabalho e assim por dian te. Desse modo, a cultura é adquirida por meio de um processo de construção e transmissão social.
capítulo 1
Cultura
O modo de vestir das pessoas é um exemplo de diversidade cultural dentro de uma mesma sociedade. Todas as pessoas que nascem no Brasil são brasileiras, porém, em cada região do país, as maneiras de se vestir podem variar bastante. Nas fotografias acima, percebemos a diferença entre os trajes tradicionais de um gaúcho do Rio Grande do Sul (à esquerda, retratado em 2012) e de um vaqueiro do Sertão Nordestino (à direita, retratado em 2010), ambos pertencentes à sociedade brasileira. Emídio Bastos/Opção Brasil Imagens
Trabalho O trabalho é a atividade que o ser humano rea liza para transformar a natureza e, assim, atender às suas próprias necessidades. Todos os bens de que dispomos são frutos do trabalho, desde uma música até um par de sapatos. O trabalho assume formas diferentes de acor do com as características e as necessidades das diversas sociedades, porém, de qualquer ma neira, ele é fundamental para a sobrevivência humana. O conceito de trabalho está intimamente rela cionado ao de cultura, pois as formas de trabalho são determinadas pelos padrões culturais que envolvem, por exemplo, as técnicas que uma de terminada sociedade dispõe ou aquilo que seus membros consideram mais importante produzir.
Se você olhar ao seu redor, vai perceber que a maioria dos elementos que fazem parte de sua vida é resultado do trabalho humano. Acima, fotografia de trabalhadores da construção civil na cidade de Salvador (BA), 2013. Para entender o mundo Odile Gandon. São Paulo: Edições SM, 2007.
Nesse livro você vai encontrar textos e ilustrações sobre diversos assuntos envolvendo a sociedade, como economia, cultura, sustentabilidade, conflitos políticos, entre outros.
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Política A política pode ser entendida como a ação de organizar e de administrar uma socie dade, ou seja, é a capacidade humana de estabelecer um governo. Na atualidade, a atividade política geralmente é realizada com base em uma Constituição, que é um conjunto de leis que definem os principais direitos e deveres das pessoas de uma sociedade e garantem o funcionamento das instituições de um país. São considerados democráticos os países onde a Constituição garante o direito da população de participar das decisões políticas e esse direito é respeitado.
Luciana Whitaker/Pulsar
Democracia: sistema de governo caracterizado pela participação da população na eleição de seus governantes.
Nas sociedades democráticas, a população tem o direito de votar para escolher seus governantes. Por meio do voto consciente, a população de um país democrático pode escolher políticos comprometidos com a promoção de mudanças fundamentais para a sociedade. Fotografia de 2010, Rio de Janeiro (RJ).
Economia A economia é o estudo das formas de produção, distribuição e consumo de bens. Essa área do conhecimento tem como objetivo compreender as maneiras como as socie dades se organizam para produzir os bens que atendem às necessidades humanas.
Cesar Diniz/Pulsar
Paulo Fridman/Pulsar
Dessa forma, os conhecimentos de economia são utilizados no gerenciamento das atividades econômicas que determinam a produção e o consumo de bens, tais como: os usos da terra, as formas de trabalho, as tecnologias disponíveis, a comercialização dos bens produzidos, a distribuição da riqueza, os preços das mercadorias, entre outros.
Plantação de soja em Balsas (MA). Essa atividade econômica é realizada na área rural em diversas regiões do Brasil. Fotografia de 2014.
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Fábrica de máquinas agrícolas localizada na cidade de Sorocaba (SP). As fábricas geralmente desenvolvem suas atividades econômicas no espaço urbano. Fotografia de 2013.
capítulo 1
Os historiadores O conhecimento sobre o passado pode ser modificado por novas pesquisas.
O passado e o presente O conhecimento histórico produzido pelos historiadores é chamado de historiografia e busca estabelecer sentidos para as relações entre o pas sado e a realidade presente. Apesar de produzir conhecimento a respeito do passado, a historiogra fia não pode reconstruí-lo tal como aconteceu. Isso se deve ao fato de não podermos recuperar os acontecimentos exatamente como eles ocorreram. Assim, os historiadores buscam conhecer o passado por meio da aná lise dos vestígios que perduraram até o presente. Esses vestígios, chama dos de fontes históricas, podem ser interpretados de maneiras diferentes e, por isso, existe uma grande diversidade de produções historiográficas a respeito de um mesmo tema. Leia o texto.
Detetives do passado Site com várias oficinas em que você pode analisar diversas fontes históricas, como fotografias e cartas, atuando de modo semelhante a um historiador e descobrindo eventos ocorridos no Brasil Colonial. Veja em: <http://eba.im/nheko9>. Acesso em: 8 out. 2014.
Se nossa perspectiva de História se altera constantemente [...] e se a História admite diferentes enfoques e versões, tudo o que conhecemos a respeito de um fato é uma verdade atual. Em outras palavras, novos estudos e informações podem alterar [...] essa verdade. [...] A verdade histórica está sempre sendo revisitada, revista e refeita. Não é algo pronto e acabado à nossa espera. Ela se transforma porque mudam a época, a maneira como elaboramos nossos questionamentos e, em decorrência, nossas motivações para estudá-la. [...]
O historiador francês Charles Seignobos (1854-1942) foi um dos principais nomes da corrente historiográfica tradicional, que privilegiava a produção da história política. Fotografia de 1910.
O historiador inglês Edward Palmer Thompson (1924-1993) foi um dos fundadores da corrente historiográfica Nova Esquerda Inglesa, que procurou valorizar os aspectos culturais dentro dos estudos socioeconômicos. Fotografia de 1983.
Adi Leite/Folhapress
Albert Harlingue/Roger-Viollet/Glow Images
Photoshot/Getty Images
Caio César Boschi. Por que estudar história? São Paulo: Ática, 2007. p. 29.
O francês Roger Chartier (1945-) é um dos historiadores vinculados à corrente historiográfica Nova História Cultural, que procura partir dos aspectos culturais de uma sociedade para entender seus diversos âmbitos. Fotografia de 1993.
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