Guazzelli
Guazzelli
Texto e ilustrações: Eloar Guazzelli Diagramação: Ana Muriel e José Rodolfo Arantes de Seixas Revisão: Tácia Soares Copyright © 2012 Editora Gato Preto 1a edição
Edição e Vendas:
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Guazzelli Diรกrio ilustrado de uma viagem ao altiplano boliviano.
E
m maio de 2009, tive a sorte de ser um dos convidados de honra do VII Viñetas con Altura, um evento anual de HQ realizado em La Paz. Organizado desde 2002 pelo coletivo homônimo, este ano o festival contou com os trabalhos e a presença de Liniers (Argentina), Javier Olivares (Espanha), Jesus Cossio (Peru), Mike Diana (EUA), David Galliquio (Peru), além da minha ilustre figura, é claro. O evento ocupa distintos espaços culturais da capital boliviana, tendo o belo Museu Nacional de Arte por epicentro. Abrange ainda outros importantes locais como o Museu de San Francisco, “El Tambo Quirquincho”, o Espaço Patiño, a Aliança Francesa, o Prado e a praça Abaroa. Quem já foi convidado sabe como é bom La Paz, e devo confessar que tinha uma inveja bárbara dos meus amigos e antecessores nas alturas: Fabio Zimbres, Samuel Casal, Daniel Bueno e João Lin. Agora estou curado. Minha curta temporada em La Paz rendeu um sketchbook de 40 desenhos, que apresento aqui junto a trechos de uma HQ (também sobre essa viagem), feita para a revista Ragú, de Pernambuco.
E
ste desenho tenta – ainda que precariamente – traduzir minha primeira visão de La Paz. Já era noite e, como toda a função da viagem tinha sido uma agitação desde cedo, eu acompanhava a pai sagem meio adormecido. Passamos por uma mancha de luzes – Cochabamba – e pouco depois a tripulação anunciou o pouso em La Paz. E foi ali, meio sonolento, que percebi umas manchas bem claras e fiquei admirado com a brancura daquelas nuvens no meio da noite escura. Mas foi só por um segundo, porque logo entendi meu engano: ali, bem perto da asa, surgiu uma montanha linda, magnífica e terrível. Foi um êxtase e um pavor: o avião passava muito perto! E ela ali, enorme, gelada e solitária, presidindo a chegada a La Paz, a montanha nevada, o velho vulcão extinto, a marca de La Paz: o Ilimani.
Viva a Bolívia!
A
ndar por La Paz é uma aventura fascinante: pessoas e veículos disputando ruas estreitas (bem íngremes) e muito sonoras. Eu adorei, ando farto desse nosso cotidiano cada dia mais bermudinha-tênis-família-shopping center...
H
á vinte e seis anos eu tinha visitado La Paz. Era outra cidade, impressionante na sua geografia (como sempre), mas bem triste sob uma daquelas ditaduras que nos assolaram tantas vezes. Então foi muito bom voltar ali para ver aquela linda cidade sob o saudável império do caos democrático. Fascistas gostam de ordem, eu não! Senti uma grande alegria ao ver centenas de indígenas ocuparem a avenida principal reivindicando mais verbas para computadores nas escolas públicas.