10 minute read
ABAIXO A VELHOFOBIA
Apesar de ainda ser alvo de preconceito, a turma 60+ está mais ativa do que nunca, provando que idade não é empecilho no universo corporativo – e na vida
POR CARLA JULIEN STAGNI
Advertisement
Mesmo com o número crescente de empresas que investem em diversidade e inclusão, o etarismo ainda é uma questão urgente no Brasil. Em um país em que o medo de envelhecer é cultural, ultrapassar a barreira dos 60 anos deixa qualquer um, no mínimo, preocupado.
Fato é que os tempos mudaram. As pessoas estão vivendo mais e melhor, e o envelhecimento está em ascensão em todo o planeta. Mas a sociedade tem pressa e a tecnologia avança a passos largos, fazendo com que as gerações mais antigas sejam, muitas vezes, rotuladas como incapazes de acompanhar essa evolução. Ledo engano. Derrubando rótulos e preconceitos, foi cunhado recentemente um novo termo, “perennials”, ou, “aqueles que não têm idade”, que são perenes. Essa palavra se encaixa bem no que se vê por aí: pessoas de 50, 60, 70 anos, com muito pique e combustível para queimar.
Esses indivíduos atemporais têm um estilo de vida que une gostos e hábitos de diversas faixas etárias e, para lidar consigo mesmo, com os outros e com o ambiente, não se baseiam em aspectos geracionais, e sim na forma como percebem a si próprios, isto é, de acordo com sua identidade social. São pessoas curiosas, abertas ao aprendizado, à mudança de carreira, ao desenvolvimento de novas habilidades e conhecimentos, e entendem que cada um tem suas próprias experiências, propósitos e objetivos. Para os perennials, a idade não importa. Então, para que rotular uma pessoa de acordo com o ano de nascimento?
Com esse tema em pauta, convocamos Mirian Goldenberg, uma das maiores conhecedoras do assunto. Antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, autora do livro A Bela Velhice (ed. Record), há mais de 20 anos atua na área da gerontologia, estudando o envelhecimento e o que ela chama de “velhofobia”.
PODER: VOCÊ PREFERE CHAMAR DE “VELHOFOBIA” O QUE TEM SIDO DISCUTIDO AMPLAMENTE COMO ETARISMO OU AGEÍSMO. POR QUÊ?
MIRIAN GOLDENBERG: Outros autores usam termos como ageísmo, etarismo... Gosto de chamar de velhofobia, porque assim todo mundo entende do que estou falando, que é a violência física, verbal e psicológica contra os mais velhos, tudo o que estamos vendo, mais do que nunca agora na pandemia, mas que sempre existiu por aqui. Esse preconceito é muito forte no país porque vivemos em uma cultura que sempre se considerou jovem, que até pouquíssimo tempo era realmente uma pirâmide que tinha muitos jovens em sua base e poucos velhos no topo. Só que já não é mais assim, e muita gente não se deu conta disso. Não temos mais essa pirâmide. Pelo contrário. Em poucos anos teremos uma inversão, porque os brasileiros estão vivendo mais. A média da expectativa de vida quase dobrou dos anos 1960 para os dias de hoje. E, enquanto naquela época nascia 6,3 crianças em média por casal, atualmente esse número caiu para menos de 2. Só que os valores não acompanham a nova realidade. Continuamos achando que
vivemos em um país jovem, em que só existe beleza e produtividade na juventude, e essa visão de que os mais velhos são um peso, são inúteis, que podem morrer a qualquer momento é o que chamo de discurso velhofóbico. Os brasileiros não conseguem enxergar que envelhecer não é algo negativo. Pelo contrário, é uma conquista da sociedade, da ciência. Podemos viver mais e melhor. Esses discursos devem ser combatidos diariamente, dentro de casa, nas empresas.
PODER: DE ONDE VEIO ESSE MEDO QUE OS BRASILEIROS TÊM DE ENVELHECER?
MG: Acabei de lançar o livro A Invenção de uma Bela Velhice (ed. Record), com uma pesquisa com 5 mil homens e mulheres de diferentes faixas etárias, mostrando que todos, especialmente as mulheres, têm pânico de envelhecer. Justamente porque vivemos em uma sociedade em que a juventude é hipervalorizada, associada à beleza, produtividade, sensualidade. Só que os medos são diferentes. Enquanto os homens expressam o medo da aposentadoria, da dependência física, da impotência, as mulheres falam mais de invisibilidade social e perda da aparência física. Homens costumam sofrer calados e não é à toa que, quando se aposentam, bebem mais, têm mais problemas de saúde e morrem mais cedo. É um baque muito grande.
PODER: COMO A VELHOFOBIA ATUA EM AMBIENTES COMPETITIVOS COMO OS CORPORATIVOS?
MG: Falo que existem diferentes velhofobias. Tem a geral, essa representação de que o velho é feio, doente, inútil, que não vai fazer falta, absurdos que ouvimos diariamente, inclusive em discursos de autoridades políticas, e tem a velhofobia no mercado de trabalho. As empresas não aproveitam bem os profissionais seniores, não contratam pessoas mais velhas, não valorizam a experiência e até a disponibilidade que elas têm de trabalhar. Uma coisa interessante que descobri escrevendo o livro é como as pessoas mais velhas querem continuar sendo úteis, ter um propósito de vida. Muitas voltam a estudar para empreender e buscar colocações em novas áreas. Alguns já são aposentados, têm renda para viver bem, mas querem seguir ativos, porque o trabalho se torna um propósito de vida. A
dedicação e a paixão são maiores até mesmo que a dos jovens. As empresas não costumam enxergar isso, mas acredito que, em breve, irão valorizar esses profissionais, porque esses veteranos têm tesão e comprometimento no que fazem.
PODER: A BUSCA POR PROFISSIONAIS CADA VEZ MAIS JOVENS TEM A VER COM O SURGIMENTO DAS EMPRESAS DIGITAIS NA ÚLTIMA DÉCADA?
MG: É um mito essa ideia de que só os jovens dominam a tecnologia. Pesquiso homens e mulheres de mais de 60 anos há três décadas e a grande maioria está totalmente conectada, informada e atualizada. Aí não é uma questão de idade, e sim de oportunidade, de conhecimento, de escolaridade e até de classe social. Pessoas mais pobres de todas as idades têm menos acesso às novas tecnologias.
PODER: COMO AS EMPRESAS PODEM COMBATER A VELHOFOBIA?
MG: A velhofobia deve ser combatida no dia a dia. Em casa, nas empresas, na universidade e dentro de nós. Muitas pessoas, que estão em sua plenitude funcional e física, acreditam que estão velhas demais para estudar, para procurar emprego, para namorar, para fazer sexo... temos que entender que hoje a velhice é a fase mais longa da vida. Somos crianças durante dez anos, adolescentes por uma década e adultos por 30 anos. A partir dos 60, somos considerados velhos e podemos viver bem até quase os 100. São 40 anos de atividade, paixão, propósito. Os velhofóbicos deveriam sempre lembrar que daqui a muito pouco tempo eles também serão velhos. Esse é o melhor exercício a ser feito. Quando as empresas e os brasileiros tiverem consciência disso e incorporarem a ideia de que também são velhos, hoje ou amanhã, muitas mudanças poderão vir. E o tratamento e comportamento em relação à velhice dos outros e à própria velhice vão sofrer transformações positivas.
PODER: QUAIS OS PRÓS E CONTRAS DE UMA EQUIPE FORMADA POR PROFISSIONAIS JOVENS E SENIORES?
MG: Nenhum contra. Só vejo vantagens. O aprendizado é constante, porque a troca é muito maior entre pessoas que não têm a mesma experiência de vida. Como um jovem que está começando na profissão enxerga seu futuro? E uma pessoa mais velha, como pode aprender coisas novas com os colegas mais jovens? Essa troca é um ganha ganha para todos. Só sai perdendo quem exclui, quem não respeita, quem não aprende com pessoas que têm muito a ensinar. n
PAPO DE ESPECIALISTA
PODER
INDICA
Dra. Carla Vidal, dermatologista (esq.), e a diretora da LBT Lasers Odete Manor
As imperfeições de pele relacionadas à idade, incluindo rugas, linhas finas, danos relacionados à exposição ao sol, manchas e flacidez podem ser significativamente melhoradas com a evolução dos tratamentos estéticos. Nesse sentido a LBT LASERS, uma das mais conceituadas distribuidoras de equipamentos médico-estéticos do país, tem provocado uma verdadeira revolução no mercado com aparelhos de alta tecnologia. A novidade é o Harmony XL Pro Special Edition, uma multiplataforma completa e versátil com mais de 70 aplicações diversas aprovadas pelo FDA para tratamentos na pele facial e corporal – cuja tecnologia ClearLift [Elektra no Brasil] foi eleita recentemente, pela premiação MyFaceMyBody Awards na Europa, a melhor do mundo para tratamentos antienvelhecimento. Batemos um papo com a doutora Carla Vidal, dermatologista em São Paulo, para saber mais sobre o equipamento favorito nas clínicas do país.
FOTOS DIVULGAÇÃO
QUAIS AS VANTAGENS DE TER UM HARMONY NA SUA CLÍNICA?
É uma máquina completa, com várias tecnologias, capaz de trabalhar em todos os tipos de pele. Desde a pele branca até a pele negra, há tecnologia para todas as tonalidades e múltiplas necessidades estéticas. Além de oferecer total segurança – o que é o mais importante. Digo para os meus colegas que é uma máquina que traz excelentes resultados não apenas para alguns pacientes, mas para todos. Sou apaixonada pelo equipamento, desde que abri a minha clínica trabalho com o Harmony. Nesse sentido, a LBT Lasers foi fundamental como parceira, oferecendo sempre um excelente suporte pós-venda, seja na área técnica, seja na manutenção. Eu jamais tive interrupção nos atendimentos de pacientes por qualquer problema com o equipamento.
PODERIA CITAR ALGUM CASO DE SUCESSO QUE TEVE COM O USO DO HARMONY?
Tenho vários casos marcantes. Certa vez, uma paciente disse que eu era culpada por um episódio que tinha acontecido com ela. É que ela foi parada na alfândega porque o policial responsável na ocasião não acreditava que a pessoa da foto no passaporte era a mesma que estava desembarcando. Ela já tinha mudado bastante desde a foto do documento e então ficou um tempo detida. Nós rimos disso juntas depois, apesar da grande dor de cabeça que ela teve.
+LBTLASERS.COM.BR +CLINICACARLAVIDAL.COM.BR
MUNDO AFORA
Realizada desde a década de 1960, o Salone del Mobile, maior feira de design de móveis do mundo, voltou a acontecer este mês em Milão, na Itália, após o hiato causado pela pandemia, e atraindo profissionais referência em seus países. E, como de costume, com presença brasileira de excelência. ORNARE, uma das mais sofisticadas marcas internacionais de mobiliário sob medida de alto padrão, apresentou a sua linha Little Luxuries, tida como “objeto de desejo” por sua elegância e versatilidade.
No evento, em seu estande, Ornare levou a versão Beauty, focada em penteadeiras. A linha é inspirada no tradicional sistema de armários Ikigai da marca, mas com um olhar para os modelos menores. Desenvolvida pelo designer Ricardo Bello Dias, a Beauty tem independência e versatilidade, podendo ser usada para compor o closet ou ser montada de forma individual, totalmente personalizada. Além disso, os móveis possuem luz integrada nas prateleiras e portas
Esther Schattan, sóciadiretora da Ornare
PODER
INDICA
Ornare apresentou a linha Little Luxuries no Salone del Mobile 2021, em Milão
Negócio em família: Murillo, Esther, Stefan e Pitter Schattan
equipadas para exibir com destaque os objetos mais preciosos.
“Ficamos muito felizes com a autorização do governo italiano para a realização desse evento que é um dos mais importantes do mundo. Nossa marca sempre esteve presente e neste momento de retomada em que o mercado de arquitetura e decoração está mais aquecido, nossa participação é ainda mais importante. Escolhemos a Little Luxuries para compor o espaço de 2,5 m2 com bastante elegância”, afirma Esther Schattan, sócia-diretora da Ornare, que já tem presença confirmada para a edição especial de 60 anos do Salone del Mobile, que será em abril do ano que vem.
Em julho, a Ornare comemorou seus 35 anos de história com o lançamento da coleção Square Round em um evento no showroom da alameda Gabriel Monteiro da Silva, em São Paulo. Criada em parceria com as arquitetas Patricia Martinez e Vivian Coser, o diretor de arte da marca Ricardo Bello Dias, e sob coordenação do CEO Murillo Schattan, a coleção remete à perfeita harmonia entre homem e natureza e nasceu de um processo de produção minimalista, com pesquisa de desenvolvimento e estudo profundo de referências que misturam formas geométricas como quadrados e círculos. O resultado deslumbrante e cheio de estilo de 35 anos de sucesso.