Revista J.P | Edição 166

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R$ 19,50 9

J.P

771980

N OV EMBRO 2020 N. 166

ISSN 1980-3206

320006 00166

CHARME E PROPÓSITO

AFINAL, O QUE É O AMOR? A PSICANALISTA REGINA NAVARRO LINS E O FILÓSOFO RENATO NOGUERA DISCUTEM A RELAÇÃO

DESORDEM GERAL OS ÍCONES DA CONTRACULTURA QUE ABALARAM AS ESTRUTURAS ESSENCIAL

MARJORIE ESTIANO NUM MUNDO EM ISOLAMENTO

E MAIS: O ESPÍRITO DA GERAÇÃO Z, O AFROFUNK DE TAÍSA MACHADO, A ELEGÂNCIA DA FIGURINISTA MILENA CANONERO, O VERÃO DO SOSSEGO, INSÔNIA (ESSA DESGRAÇADA!), ESPECIALISTAS QUE INDICAM O CAMINHO PARA O BEM-ESTAR E O QUE PENSA A BLOGUEIRINHA DO FIM DO MUNDO



chega ao

fortaleza

ilha do sol

feriasderockstar.com

CONC EPT STOR E 4000 1215

Av. Brasil, 1964 SP

brasi l

sรฃo paulo

foz do iguaรงu

natal

recife


66 56

J.P

62

CHARME E PROPÓSITO

Com natureza reservada, Marjorie Estiano se firma como um das melhores atrizes do momento 24

OS SUBVERSIVOS

Da geração beat à tropicália, veja quem causou desordem 30

ATÉ O CHÃO

Taísa Machado e a potência do rebolado 32

OS HIPERCONECTADOS

Quem são os nativos da geração Z, que nasceram na era da internet

64 MARJORIE ESTIANO Foto Jorge Bispo, styling Felipe Veloso, beleza Vini Kilesse. Camisa Lenny Niemeyer

O conteúdo desta revista na versão digital está disponível no SITE +glamurama.com.br/ revista-jp

NA REDE: facebook.com/revistajp @revistajp @revistajp

FOTOS GETTY IMAGES; DIVULGAÇÃO

NESTE NÚMERO 5 EDITORIAL 6 J.P ENTREGA 10 MÊS BOM PARA 11 RADIOGRAFIA 12 J.P ADORA 14 DISCRETAMENTE


72 24

38

OUTRAS FORMAS DE AMOR

A monogamia pode estar com os dias contados 43

POR AÍ

44

GURUS CONTEMPORÂNEOS

Por Kiki Garavaglia

Os profissionais que nos ajudam a entender quem somos 48 52

CORPO E ALMA DE OLHOS BEM ABERTOS

A insônia como efeito colateral desses tempos 54 56

FERNANDO TORQUATTO A DAMA DO FIGURINO

Os trajes marcantes de Milena Canonero 60

62 64 66

MEU FEED J.P DE OLHO NO TAMANHO DA PAZ

O refúgio da designer Paula Ferber no interior 70 72

J.P VIAJA VERÃO DO SOSSEGO

Quatro destinos nacionais à beira-mar 74 76 77

HORÓSCOPO CORREIOS CABALA

78

ENTRE LENÇÓIS

Por Shmuel Lemle

32

Por Roberta Sendacz 79 80

AGRADECIMENTOS ÚLTIMA PÁGINA

A ironia da atriz Maria Bopp, a Blogueirinha do Fim do Mundo

UM OLHAR CRÍTICO

Os temas urgentes que movem a diretora Estela Renner 61

TRÊS PONTINHOS

Por Rodrigo Penna

12


J.P CHARME E PROPÓSITO

DIRETORA-GERAL JOYCE PASCOWITCH joyce@glamurama.com EDITORA-EXECUTIVA Carol Sganzerla carol@glamurama.com EDITORA Luciana Franca luciana@glamurama.com EDITORA DE ESTILO Ana Elisa Meyer anaemeyer@glamurama.com EDITORES DE ARTE David Nefussi davidn@glamurama.com Jefferson Gonçalves Leal jeffersonleal@glamurama.com FOTOGRAFIA Carla Uchôa Bernal carlauchoa@glamurama.com Claudia Fidelis (tratamento de imagem) PRODUÇÃO Meire Marino (gestora) meiremarino@glamurama.com Wildi Celia Melhem (produtora gráfica) celia@glamurama.com Inácio Silva (revisão) Luciana Maria Sanches (checagem) COLABORADORES Adriana Nazarian, Denise Meira do Amaral, Felipe Veloso, Fernanda Grilo, Fernando Torquatto, Fernando Torres, Giovanna Loss, Jorge Bispo, Kiki Garavaglia, Mona Sung, Morgana Bressiani, Nina Rahe, Paulo Freitas, Paulo von Poser, Pedro Alexandre Sanches, Pegge, Roberta Sendacz, Rodrigo Penna, Shmuel Lemle, Vini Kilesse, Zô Guimarães

PUBLICIDADE MULTIPLATAFORMA GERENTES MULTIPLATAFORMA Laura Santoro laura.santoro@glamurama.com Maria Luisa Kanadani marialuisa@glamurama.com Roberta Bozian robertab@glamurama.com

publicidade@glamurama.com tel. (11) 3087-0200 MARKETING

Aline Belonha aline@glamurama.com Juliana Carvalho juliana@glamurama.com Tânia Belluci tania@glamurama.com

assinaturas@glamurama.com tel. (11) 3087-0250 ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS Carlos Melo (Diretor) carlosmelo@glamurama.com Clayton Menezes clayton@glamurama.com Heberton Gonçalves heberton@glamurama.com Hércules Gomes hercules@glamurama.com Renato Vaz renato@glamurama.com DISTRIBUIÇÃO EM BANCAS: Distribuída pela Dinap Ltda. – Distribuidora Nacional de Publicações, Av. Tenente Marques, 1410 – Cajamar – SP CTP, IMPRESSÃO E ACABAMENTO: Coan Indústria Gráfica. REPRESENTANTES DE PUBLICIDADE Belo Horizonte: Norma Catão - tel. (31) 99604-2940 Fortaleza: Aurileide Veras - tel. (85) 99981-4764 GLAMURAMA EDITORA LTDA. Rua Cônego Eugênio Leite, 282, Jardim América, São Paulo, SP CEP 05414-000. Tel. (11) 3087-0200


J.P EDITORIAL

M

esmo que a gente já esteja há muitos meses de quarentena por causa da pandemia, todo cuidado é pouco quando se trata de escolher uma capa de revista. Neste mês não foi diferente, mas tenho que confessar que Marjorie Estiano se encaixa perfeitamente em tudo aquilo que pensamos para esta edição. Uma das atrizes mais talentosas de sua geração, ela esteve no ar como uma médica do SUS no seriado Sob Pressão e fez mais uma vez muito bonito na temporada que falava da Covid-19: um papel emocionante e muito sensível em razão do momento que estamos passando. Alheia à exposição, principalmente nas redes sociais, Marjorie Estiano tem uma postura bem diferente da maioria de suas colegas de profissão, com sua natureza reservada e discurso sensível. Jorge Bispo fez lindamente as fotos da capa no Rio, onde Marjorie mora e está recolhida, e Felipe Veloso assinou o styling. Trabalhos de mestres. Mestres, aliás, também eram aqueles que pintaram e bordaram nos tempos da contracultura. Tipo subversivos, criaram os movimentos mais fervidos dos anos 1960: da geração beat à tropicália, eles causaram desordem e chacoalharam as estruturas, conforme o repórter Pedro Alexandre Sanches relata. Que saudades dessa turma… Por falar em turma, o que dizer da geração Z, esses jovens que captam o espírito do tempo, entendem o novo e transformam tudo. Eles estão aqui, assim como no Glamurama, causando uma revolução de ideias, costumes, de jeito de ser. Revolução também é o que a carioca Taísa Machado, atriz e produtora, criou: o projeto Afrofunk Rio, que, por meio do movimento dos quadris femininos e do rebolado, empodera as mulheres ao vivo e on-line. Tempos modernos estes, não? Modernos e maravilhosos. Nesta edição, trouxemos também alguns gurus contemporâneos que nos ajudam a entender e viver nestes tempos tão desafiadores. Um viva para eles! A psicanalista Regina Navarro Lins e o filósofo Renato Noguera falam de amor, explicam por que a ideia de conto de fadas pode ser tóxica e concluem: sim, a monogamia possivelmente está com os dias contados. Seria essa a volta do amor livre? Nossa editora de estilo Ana Elisa Meyer foi atrás da vida e obra da figurinista italiana Milena Canonero, responsável por muitos trajes e caracterizações marcantes da cinematografia mundial. Que mulher é essa? Também falamos de insônia, essa desgraçada que tanto atrapalha a nossa vida, da casa refúgio da designer Paula Ferber e, é claro, do verão que está chegando: o verão do sossego… Ai ai ai… na última página, Maria Bopp, a Blogueirinha do Fim do Mundo. Como eu sempre digo: como não amar – no caso, esta superedição de novembro?

glamurama.com


J.P ENTR EG A JOYCE PASCOWITCH

Novos moradores em São Paulo, papelaria brasileira pelo mundo, chef estrelado agora com o pé na areia e mais lei a m a is descoberta s em gl a mur a m a .com/nota s

JOSÉ MAURÍCIO MACHLINE

do para São Paulo. Empresário criador do mais famoso prêmio de música do Brasil, ele morava há muito tempo no Rio. Sua volta inclui um apartamento nos Jardins, que está sendo reformado por João Carrascosa. A única exigência do novo proprietário? Que fosse pertinho da Casa Santa Luzia.

Ponte aérea Quem também trocou o Rio de

Janeiro por São Paulo foi LUCIANA CARAVELLO, que fechou sua galeria de arte contemporânea em Ipanema e reabriu no Itaim Bibi, no meio da pandemia. O novo espaço pode ser visitado com hora marcada e, em breve, terá um e-commerce para chamar de seu.

REFRESCO

Uma nova bebida está fazendo sucesso entre a turma mais sofisticada nestes dias de calor. A receita? LIMONCELLO, gim, água tônica e uma rodela de limãosiciliano. E muito gelo, claro.

ESPREGUIÇADEIRA

FRANCIS MALLMANN agora em versão pé na

areia. O chef celebridade argentino abre, em dezembro, um bar de praia em José Ignacio, no Uruguai – mais precisamente em frente do exclusivíssimo empreendimento de casas Costa Garzón. No cardápio do Chiringuito Francis Mallmann, vegetais, carnes e peixes locais, tudo na brasa, especialidade do cozinheiro.

6 J.P NOVEMBRO 2020

FOTOS PAULO FREITAS; FILIPE BERNDT/DIVULGAÇÃO; REPRODUÇÃO INSTAGRAM PESSOAL; REPRODUÇÃO FACEBOOK PESSOAL; DIVULGAÇÃO

ABASTECIDO está voltan-


Morta-viva

Sucesso no Instagram e no Twitter, o perfil

@ESTARMORTA , que retrata com ironia e tra-

ços mal-acabados crenças sobre corpo, mente, trabalho e relacionamentos, virou livro. Em Parece que Piorou, a autora Bruna Maia reúne o melhor das redes sociais e histórias inéditas. A ideia do alter ego surgiu em 2017, quando estava deprimida. “Eu queria passar um tempinho hibernando e só acordar quando os níveis de serotonina do meu cérebro estivessem equilibrados novamente; como não era possível, comecei a desenhar”, conta ela.

PARA POUCOS

Com a ausência de grandes festas em TRANCOSO, os anfitriões que vão passar o Réveillon por lá estão animados, agendando todo o tipo de encontro. O movimento nas casas será intenso. Esperase que sejam seguidos todos os protocolos de segurança.

CORRENTE

Temperança, solidariedade, amor, resiliência e generosidade. Essas palavras tão importantes para os tempos atuais estão gravadas nos braceletes de cobre, símbolo do projeto solidário que Glamurama fez em parceria com a Credipaz e a joalheira Léia Sgro. Todo o lucro obtido com a venda da peça desenhada por Léia será revertido à Credipaz, ONG que há dez anos apoia empreendedores com pequenos empréstimos a juros muito baixos e faz a diferença na vida de milhares de pessoas. O bracelete pode ser encontrado em três tamanhos (R$ 150, R$ 250 e R$ 300) e é edição limitada. @CREDIPAZ @LEIASGROJOIAS

CARIMBO

Os álbuns artesanais de MARIA HELENA PESSÔA DE QUEIROZ,

quem diria, chegaram ao Moda Operandi, e-commerce mais sofisticado do mundo. Foi a própria Lauren Santo Domingo, fundadora do site, quem descobriu a papelaria de luxo do MH STUDIOS e chamou Maria Helena para uma reunião em Nova York, em fevereiro. A brasileira foi batizada de “rainha dos presentes” pela poderosa.

PARAÍSO

A aguardada livraria do Copan, a Megafauna, abre na segunda quinzena deste mês. Apesar de ser pensada como um espaço de encontro, de atividades e ciclos de curadoria, a inauguração será sem festa, como pede o momento. A programação presencial começará assim que for possível. A Megafauna é codirigida por Fernanda Diamant e Irene de Hollanda, e conta com a colaboração de um grupo de profissionais ligados ao meio editorial e literário.

NOVEMBRO 2020 J.P 7


J.P ENTREGA

CICATRIZES

Alguém aí já ouviu falar de kintsugi? Arquiteto há mais de 40 anos e restaurador, PAULO HATANAKA é o único brasileiro que domina a técnica centenária japonesa que repara peças quebradas de cerâmica unindo fragmentos e finalizando as emendas com pó de ouro. Por que isso? A ideia é deixar bem clara a beleza das cicatrizes. Essa é a filosofia do trabalho que Paulo aprendeu sozinho, há dois anos e meio, quando decidiu “remendar” as fissuras dos vasos que a mãe fazia para abrigar seus arranjos de ikebana. Ele desenvolveu sua própria técnica, também em porcelana e cristal, porque não tinha quem o ensinasse no Brasil. Tradicionalmente, o acabamento é mais discreto, o dele é mais saltado; não é para camuflar, esconder, é como queloide.

J.P INDICA

DUPLA DE SUCESSO

O G&T Gin Bar, hotspot da rua Oscar Freire para os amantes de gin, se une à marca Bombay Sapphire em uma parceria que vai render 7 dry martinis exclusivos para a carta da casa até a chegada do verão. O que provar por lá? O Gin Super Premium Star of Bombay, excepcionalmente suave, é o tipo para ser apreciado puro, em um martini ou dar aquele toque aos drinks contemporâneos. Como complementos para os drinks, o Vermouth Noilly Prat Extra Dry e o Licor Saint Gernain. Cheers! @GTBAR_JARDINS @BACARDIBRASIL WWW.GTGINBAR.COM

Como parte do Clube dos Colecionadores de Pratos da Boa Lembrança, a VINHERIA PERCUSSI , em São Paulo, presenteia com um prato decorativo e autografado pela chef Silvia Percussi o cliente que pedir o Tonnarelli al Cacio & Pepe, massa seca com molho de queijo pecorino e pimentado-reino. Um clássico italiano para ficar sempre na memória. +PERCUSSI.COM.BR @VINHERIA_ PERCUSSI

+twitter.com/joycepascowitch | @joycepascowitch com luciana franca 8 J.P NOVEMBRO 2020

FOTOS ARQUIVO PESSOAL; DIVULGAÇÃO

Souvenir


West East Collection

crystal case

RICARDO BELLO DIAS + STUDIO ORNARE

São Paulo . Rio de Janeiro . Brasília . Nova York . Dallas . Houston

@ornare_official | www.ornare.com


NOVEMBRO

Ficar de olho na linha de casa, cheia de poesia, que Verena Smit criou para a Westwing. As peças voltarão à venda no e-commerce no fim do mês

é mês bom para ... Se apaixonar por Emiliano, personagem do ator e modelo argentino David Chocarro na série 100 Días Para Enamorarnos, da Netflix Assistir a American Utopia, na HBO, o inusitado espetáculo da Broadway de David Byrne que virou filme pelas mãos do Spike Lee Ouvir no Spotify a nova versão de “Under Pressure”, clássico de Queen e David Bowie, desta vez na voz de Karen O & Willie Nelson Colocar na mala os vestidos longos da Le Soleil D’Été, prefeitos para o pós-praia Se deliciar com o Pequeno Dicionário Erótico Ilustrado Japonês Português Japonês, com desenhos de Gal Oppido e poemas de Celina Ishikawa, lançado pela Galeria Lume Ter sempre na bolsa o Brigadeiro Flormel, adoçado com taumatina, que é natural, para quando sentir vontade de um docinho no meio da tarde Se refrescar com o sorvete de limonada de morango da Pine Co., que fica no reduto hipster de Pinheiros, em São Paulo Devorar a recém-lançada biografia de Nelson Motta: De Cu pra Lua: Dramas, Comédias e Mistérios de um Rapaz de Sorte, da editora Estação Brasil

Encher a geladeira com os sucos saudáveis e 100% naturais da Villa Piva, comandada por Maria Rudge Piva de Albuquerque

Preparar a cintura e o quadril para o verão dançando ao som de “Amor de Que”, de Pabllo Vittar

Encomendar para o fim de semana as tortas e massas congeladas da lojinha Fome de Quê, de Aninha Gonzalez, em São Paulo

Acender a vela com o sugestivo nome Turn Me On, da Lubs, para ativar todos os sentidos

Presentear com o maiô neon de estampa felina (R$ 229,90) da marca infantil L’été +lete.com.br

FOTOS ARQUIVO PESSOAL; DIVULGAÇÃO

Desfilar por aí com as bolsas de franja de palha de buriti da coleção High Summer Okeanos, da Nannacay. A marca carioca prega um futuro mais sustentável e chama a atenção para os efeitos negativos que o plástico causa no oceano


RADIOGRAFIA

FOTO DIVULGAÇÃO

PEGGE

Quando era menino, Pegge desenhava tanto que sua mãe precisou fazer um acordo de que só lhe daria mais papel caso ele jogasse fora parte dos que estavam acumulados. Acostumado a desenhar desde os 3 anos, o artista só passou a explorar outras possibilidades em 2018, ao pintar uma tela que encontrou em casa utilizando os pincéis de maquiagem da irmã e guache – a pintura desta página, inclusive, de nome Epifania, foi uma das primeiras em que Pegge utilizou tinta a óleo. “Sempre tive contato com essa produção lo-fi [baixa fidelidade] e comecei a pensar sobre esse termo, de quando você não tem muito, mas faz muito com esse pouco”, diz. “Quando penso nesse começo, vejo que minha maior ferramenta é minha vontade de fazer.” Hoje, aos 23, depois de perceber que não ficou com nenhuma das pinturas que realizou nos últimos dois anos, o artista está trabalhando em obras sob encomenda, mas quer, contrariando os ensinamentos da mãe, manter em acervo todas as pinturas que realiza por iniciativa própria. (Nina Rahe) NOVEMBRO 2020 J.P 11


CONSUMO por ana elisa meyer

EM NOVEMBRO

J.P ADORA

BRINCO

Julio Okubo R$ 1.546

BIQUÍNI

Pantys preço sob consulta

ODETE LARA

Musa do cinema novo, Odete Lara (19292015) atuou em mais de 40 filmes, como O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro, de Glauber Rocha, e o clássico Bonitinha, mas Ordinária, dirigido por J.P. Carvalho. A bela loira de olhos verdes, que começou a carreira como modelo, foi cantora, escritora e feminista ativa, quebrou tabus e venceu barreiras.

LUMINÁRIA

Lumini R$ 3.298

BOLSA

Bottega Veneta R$ 7.860

PUFE

Ále Alvarenga R$ 1.900

SANDÁLIA

Andrea Muller R$ 968

12 J.P NOVEMBRO 2020


CAMISA

ANEL

Tommy Hilfiger, preço sob consulta

Antonio Bernardo R$ 18.250

CALÇA

Chloé R$ 8 mil

ÓCULOS

Salvatore Ferragamo preço sob consulta

MESA DE CENTRO

FAS Iluminação preço sob consulta

SET DE DUAS XÍCARAS CAPA DE ALMOFADA

Le Creuset R$ 221

FOTOS REPRODUÇÃO; DIVULGAÇÃO

Trousseau R$ 530

CHAISE

Dpot, preço sob consulta

NOVEMBRO 2020 J.P 13


Vestido Haight


C A PA

DISCRETA MENTE MARJORIE ESTIANO Alheia à exposição, principalmente nas redes sociais, Marjorie Estiano conquista o posto de uma das melhores atrizes do momento com talento, natureza reservada e discurso sensível

por luci a na fr a nca fotos jorge bispo st y ling felipe v eloso belez a v ini kilesse


C A PA ance como se ninguém estivesse olhando. Prazer esse que a atriz e cantora Marjorie Estiano conhece desde criança, ainda em Curitiba, quando passava horas inventando passos e ecoando refrões. “Meus pais trabalhavam fora, minha irmã tinha muitas atividades extracurriculares e meu irmão estudava de tarde. Então, eu tinha a casa inteira só para mim. Colocava o vinil e ficava dançando e cantando na sala até alguém chegar. É uma sensação maravilhosa”, recorda. Assim ela continua, dançando sempre – “coloco tudo para dançar comigo, quem estiver perto, o espaço, os objetos. Inclusive, na quarentena, esse era um recurso para soltar tudo que conseguia, tudo que essa pressão condensava em mim” – e levando a vida sem muitas testemunhas. Marjorie não é do tipo que se expõe nas redes sociais, não é natural dela. “Mesmo entre os meus amigos pessoais, são poucos os com quem divido alguns aspectos da minha vida íntima”, diz. Respeitar seu temperamento reservado, sua personalidade e sua liberdade não a deixa menos em evidência no que realmente importa: o trabalho como artista. A atriz que ganhou fama instantânea em sua estreia na TV Globo, em 2004 (quem não lembra da Vagabanda de Malhação?) e causou comoção como a doutora Carolina no especial sobre Covid-19 na atual série Sob Pressão, coleciona prêmios no teatro, no cinema, na música e na TV – em 2019, foi indicada ao Emmy internacional como melhor atriz. Também conquistou o posto de ter levado a melhor cantada em rede nacional. Justo ela, tão discreta. Mas tirou de letra quando Selton Mello contou no palco do programa Altas Horas que havia se apaixonado pela parceira de cena na série Ligações Perigosas (2017). “Selton foi muito lindo e sensível como ele é, e inconsequente também, coisa que eu não sabia que era, porque essa história vai render por toda a eternidade”, conta, aos risos. “Ele vai estar casado há anos, com filhos e ainda vai ter gente falando: ‘Mas ele ama mesmo é a Marjorie’. Ou se ele tinha consciência desse desdobramento, o admiro ainda mais, muito embora eu não soubesse que ele tinha se apaixonado até o programa.”

Não foi só o ator que viveu uma paixão não correspondida. Marjorie relembra que 100% de seus amores na adolescência eram platônicos e gostava assim. Na vida adulta, já não se encanta por alguém facilmente. “Adoraria me apaixonar em cada esquina, mas não acontece comigo. Quando me apaixono é perdidamente, mas até hoje posso contar duas vezes na vida, o que não me frustra de maneira alguma. A gente pode passar a vida inteira sem um grande amor e eu já tive, isso me faz sentir muito privilegiada.” A discrição volta a aparecer quando ela silencia sobre o status atual. Aos 38 anos, a atriz não desconsidera a maternidade, embora não aguarde por esse momento com a ansiedade que vê em muitas pessoas. “Tenho curiosidade sobre a gestação, a criança, alguém metade você, metade o pai... Esse fenômeno da natureza sempre me impressionou muito e a criação é uma coisa que me preocupa bastante”, pondera. “Acho que é uma decisão importante e eu sinto falta do impulso interno, por enquanto.” Conta que já pensou em congelar os óvulos, mas ainda não fez, e se a vontade aparecer e não puder gerar, cogita a adoção. Marjorie reflete sobre a chegada de uma nova vida, mas também discorre com profundidade a respeito da morte, principalmente por causa da perda repentina do pai após uma cirurgia, em 2018, e da experiência com médicos na realidade e na ficção. “Morrer é um caminho exclusivamente solitário, e penso muito em como seria. O fato de, inevitavelmente, não ter ninguém para ir comigo, de não saber o que vou encontrar do outro lado, se há outro lado, se vou sentir dor, qual vai ser a sensação… Tudo passa pela cabeça sobre essa experiência que todos nós vamos enfrentar, mas ninguém pode nos descrever”, reflete. “E nessa solidão, independentemente de ter família e amigos por perto, os médicos são as pessoas que, em parceria, vão nos orientar até o último passo que poderemos dar. Entre tantos outros pontos sublimes que permeiam essa profissão, essa troca é o que mais me emociona.” Marjorie tem sabido traduzir muito bem essa emoção para as telas. n


Camisa Lenny Niemeyer, regata Vert, calça Le Soleil D’Été, sandália Manufact


C A PA

“Coloco tudo para dançar comigo, quem estiver perto, o espaço, os objetos. Na quarentena, esse era um recurso para soltar tudo que conseguia, tudo que essa pressão condensava”


Blusa Le Soleil D’Été


C A PA

RAIO X UMA MANIA De organização UM LIVRO Tenho um de todos os contos do Gabriel García Márquez que amo e leio como quem aprecia uma caixa de chocolate e quer fazer durar pra sempre OUÇO SEM PARAR Sob Pressão, de Gilberto Gil e Chico Buarque. Sou tão admiradora dos dois. E foi uma música que eles fizeram especialmente para a série. Tem me acompanhado MAIOR CONSELHO QUE RECEBI Em uma conversa na adolescência com meu tio Miguel, dentro de um contexto importante e específico, ele falou uma vez para eu fazer o que queria independentemente da vontade da minha mãe. Na época, nem vi com bons olhos o conselho, mas até hoje ele ressoa. E acho que meu tio nem sabe disso ou imaginou que ocuparia um espaço tão reflexivo dentro de mim. Fazer as minhas escolhas de forma autêntica e legítima, mesmo que isso não esteja de acordo com o que alguém que amo e confio pensa, mesmo em um lugar de ascendência sobre mim, é um exercício para a vida. Ainda me volto para esse conselho PAISAGEM INESQUECÍVEL Da vida aquática de Fernando de Noronha. Se Walt Disney tivesse passado lá, teria a maior das inspirações ÚLTIMO PRESENTE QUE DEI Um vídeo de aniversário cantando algumas músicas para uma pessoa que adora me ouvir cantar

Macacão Andrea Marques; na pág. seguinte, camisa Lenny Niemeyer Arte: Jeff Leal Produção executiva: Ana Elisa Meyer Produção de moda: Anna Duarte e Rafael Ourives Assistentes de fotografia: Gabriela Perez e João Pedro Orban

ÚLTIMO PRESENTE QUE GANHEI Debora, que trabalha no mercado da minha rua, disse que gostava muito do jeito que eu falava. Fiquei imaginando o que isso poderia significar. E o que eu imagino pode até não ser o que ela quis dizer, mas fiquei tão feliz, me senti tão agraciada pelo comentário NÃO VIVO SEM Lenço de papel, tenho rinite alérgica



Vitoria Falcão, nutricionista

FOTOS DIVULGAÇÃO

HORA DO LANCHE

Uma alimentação equilibrada e saudável é essencial para manter o pique o dia todo. E ter boas opções por perto, que sejam fáceis de carregar para qualquer lugar, evitam armadilhas do dia a dia: lanchinhos calóricos e nada nutritivos. “Ter um SNACK SAUDÁVEL sempre à mão é uma forma de não cair em tentação com alimentos ultraprocessados que encontramos pelo caminho e acabam prejudicando a saúde. Nuts, frutas, lascas de coco e produtos fáceis, que não estraguem e nem ocupem muito espaço, garantem aquele up que precisamos”, diz a nutricionista Vitoria Falcão, uma das fundadoras do Instituto Takassi Falcão. A FLORMEL é especialista no assunto e propõe uma alimentação mais consciente, sem deixar de lado o prazer. A marca tem snacks práticos e deliciosos, em porções individuais, para repor a energia ao longo do


J.P INDICA O crispy de grão-de-bico, cúrcuma, cebola e salsa é um snack vegano temperado com alho e sal rosa, com um toque de azeite extravirgem

dia, como barrinhas de castanhas, chips de coco e crispy de grão-de-bico ou ervilha, perfeitos para carregar por aí. “O mais importante é ter bons hábitos e seguir assim a vida inteira, por isso essas opções são uma supermão na roda”, indica a nutricionista. A FLORMEL está presente em todo o Brasil com uma linha de produtos saudáveis cada vez mais diversificada, capaz de atender a diferentes necessidades e estilos de vida. E o melhor: as delícias podem ser encontradas em supermercados, farmácias e no e-commerce próprio. +FLORMEL.COM.BR

Chips de coco é um snack saudável e prático para levar para qualquer lugar. Quando acompanhado de iogurte ou frutas, ele acrescenta gorduras boas e promove saciedade por tempo prolongado


REBELDES COM CAUSA

OS SUBVERSIVOS A força dos movimentos dos anos 1960 virou sinônimo da contracultura. Da geração beat à tropicália, veja quem causou desordem e chacoalhou as estruturas POR PEDRO A LE X A N DR E SA NCH E S

A

contracultura é o underground, o subterrâneo, em confronto com o mainstream, o convencional. Acontece quando um grupo de intelectuais e/ou artistas se une e passa a expressar valores divergentes da sociedade dominante do momento. Toda época concebe sua contracultura. Mas a força dos movimentos dos anos 1960 faz com que aquela década seja intimamente associada ao nome contracultura, e vice-versa. Os anos 1950 já haviam conhecido movimentos dissidentes importantes, como o avanço da geração beat na literatura e o rock’n’roll na música. No início dos anos 1960, eles abriram alas para a subversão pilotada por Bob Dylan, nos Estados Unidos, aos Beatles e Rolling Stones, na Inglaterra. Ainda era o começo, e Beatles e Stones pareceriam comportados em comparação com

24 J.P NOVEMBRO 2020


FOTOS GETTY IMAGES; PAULO SALOMÃO/CORTESIA COSAC NAIFY; DIVULGAÇÃO

James Dean

o que vinha adiante. Nos Estados Unidos, na segunda metade da década, o clamor pelo fim da Guerra do Vietnã foi solo fértil para o nascimento da geração hippie, que fez explodir a contracultura a bordo de pacifismo, sexo, drogas psicodélicas e o rock’n’roll de Jimi Hendrix, Jim Morrison (dos Doors) e Janis Joplin. Com foco inicial em São Francisco, estavam decretados o verão do amor (o de 1967) e o flower power, elementos cruciais para a explosão da contracultura da década de 1960. Progressivamente domesticada a partir dos anos 1970, essa panaceia originou aquilo tudo que hoje costumamos chamar de pop. Ironicamente, vários dos ícones contraculturais se tornaram famosos e ricos, mudaram-se para o mainstream e lá estão até hoje. Fermentado majoritariamente nos Estados Unidos, o movimento multifacetado ecoou em muitos países, inclusive no Brasil, onde irromperam levantes como o cinema novo, a tropicália e o cinema marginal. Nomes como Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil, Tom Zé (na música), Hélio Oiticica (nas artes plásticas), Rogério Sganzerla (no cinema), Zé Celso Martinez Corrêa (no teatro) e outros fizeram a contracultura brasileira. A seguir, uma lista de artistas e intelectuais que integraram o movimento ou tiveram influência nele.

Morto num acidente de carro em 1955, aos 24 anos, o ator hollywoodiano é uma espécie de patrono da contracultura. Sua morte ajudou a tornar mitológico o filme póstumo Juventude Transviada, de Nicholas Ray, em que Dean interpreta um jovem suburbano às voltas com conflitos geracionais e com uma gangue de delinquentes.

Jack Kerouac

Em 1957, publicou o romance On the Road – Pé na Estrada, que se tornou modelo para todo mundo que sonhasse viver feito nômade, vagando longe das convenções e perto das drogas e da liberdade. Fez-se precursor da contracultura ao participar da gênese do movimento beat, com William S. Burroughs, Allen Ginsberg, Neal Cassady, Lucien Carr e outros. Boêmios e hedonistas, escritores beat como Burroughs e Ginsberg enfrentaram processos judiciais por obscenidade.

Timothy Leary

Psicólogo, militou a favor das drogas e defendeu os benefícios terapêuticos e espirituais do LSD. Como professor em Harvard, entre 1960 e 1962, conduziu estudos com LSD e psilocibina, que ainda não eram proibidas, e foi demitido em 1963. Alguns anos depois, o LSD tornou-se a droga predileta da geração hippie, que adotou Leary como uma espécie de guru. O presidente conservador Richard Nixon (1969-1974) o classificou como “o homem mais perigoso da América”.

NOVEMBRO 2020 J.P 25


REBELDES COM CAUSA

Bob Dylan

The Beatles

O sucesso da banda formada por John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr começou em 1963 e moveu multidões enlouquecidas (era a beatlemania), com canções simples de puro rock’n’roll. A influência das drogas psicodélicas e da cultura hippie se fez notar a partir de Revolver (1966) e se estendeu para Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (1967), Magical Mystery Tour (1967) e o Álbum Branco (1968). Com o fim do grupo em 1970, Lennon se tornou o maior propagandista da contracultura, em performances com a esposa, Yoko Ono, e em canções como “Imagine” (1970) e “Woman” (1980).

Malcolm X

Pastor e ativista dos direitos humanos, foi contracultural em sua defesa aberta de valores como supremacia negra e empoderamento negro. Em tempo de perseguição ideológica, foi vigiado pelo FBI por supostas ligações com o comunismo. Malcolm era crítico aos princípios de não violência advogados pelo movimento negro e foi assassinado em 1965.

Lenny Bruce

O comediante de stand-up falava livremente sobre sexo, o que foi a razão de várias prisões e, em 1964, da condenação em um julgamento por obscenidade, ato que virou um marco na luta pela liberdade de expressão nos Estados Unidos. Morto por overdose em 1966, não teve tempo de conhecer e viver o flower power que ajudou a consolidar.

26 J.P NOVEMBRO 2020

Jane Fonda

A atriz integrou a contracultura principalmente como ativista política contra a Guerra do Vietnã. Entre uma passeata e outra, atuava em longas como o futurista e psicodélico Barbarella (1968), de Roger Vadim. Os chamados filmes B proliferaram nesse período, com o florescimento, nos anos 1970, da vertente negra batizada blaxploitation.

FOTOS GETTY IMAGES; REPRODUÇÃO; ANDRÉ BRANDÃO; DIVULGAÇÃO

Revelado em 1962 como cantor folk, revolucionou a música americana em 1965, ao adicionar guitarras àquele estilo musical tradicional e se aproximar do irado rock’n’roll. Daí nasceu a persona de Dylan, autor e intérprete de hinos beat como “Mr. Tambourine Man” (1965) e “Like a Rolling Stone” (1965). Tornou-se profética a canção “The Times They Are a-Changin” (1963), uma anunciadora das mudanças e revoluções culturais que estavam a caminho.


Gal Costa

Pink Floyd

A banda britânica iniciou sua história como uma das fundadoras do rock psicodélico, influenciada pelo integrante Syd Barrett, que foi expulso do Pink Floyd em 1968, em meio a boatos sobre abuso de drogas psicodélicas e transtornos mentais. Sem ele, a banda guinou para o nascente rock progressivo, com o qual faria imenso sucesso nos anos 1970.

No momento histórico da tropicália, despontou como uma Janis Joplin à brasileira, cantando “Divino, Maravilhoso” (1968), dos parceiros Caetano Veloso e Gilberto Gil. Grande parte da contracultura nacional esteve dentro da tropicália, que divergia do patriarcado local pelos fronts feminino, negro e gay. Gal, em especial, levou adiante a fase hippie depois do exílio de Caetano e Gil, em 1969. Quando a juventude alternativa do Rio de Janeiro começou a povoar a praia de Ipanema, o ponto de encontro foi batizado de Dunas da Gal.

Mick Jagger e Keith Richards

A vida louca da dupla que é o coração dos Rolling Stones ocupou parte importante da carreira inicial da banda, dentro e fora da música. O rock “Sympathy for the Devil” (1968) recebeu acusações de satanismo, e Jagger desenvolveu uma persona de palco que elevou a novos níveis a sexualidade exposta na década anterior pelo roqueiro pioneiro Elvis Presley. Em dupla, Jagger & Richards são compositores de alguns dos maiores clássicos do rock, como “Satisfaction” (1965), “Under My Thumb” (1966), “Let’s Spend the Night Together” (1967) e “You Can’t Always Get What You Want” (1969).

Muhammad Ali

Zé Celso Martinez Corrêa

Encenador de peças teatrais controversas dos anos 1960, como O Rei da Vela (1967) e Roda Viva (1968), foi antecipador e inspirador da tropicália. Criou um espaço contracultural por excelência no Teatro Oficina, em São Paulo, ativo até hoje.

Boxeador, tornou-se um ícone para a geração da contracultura, principalmente por seus posicionamentos públicos contra a Guerra do Vietnã e pela forte militância em favor da integração racial e do orgulho negro. Nascido Cassius Clay, adotou o codinome Muhammad Ali em 1961, ao se converter ao islã, por influência de um de seus mentores, o ativista Malcolm X.


REBELDES COM CAUSA

Jack Nicholson

Se a cara masculina da contracultura fosse um ator, seria Nicholson. Ele vinha filmando desde 1958. E, em 1967, participou de Viagem ao Mundo da Alucinação, de Roger Corman, que inclui longas cenas de uso de drogas psicodélicas.

Jimi Hendrix

Deus negro do rock’n’roll e da guitarra, teve uma carreira musical de apenas quatro anos e incendiou festivais do auge da era hippie, como Monterey (1967), Woodstock (1969) e Isle of Wight (1970). Causou espécie com sua guitarra, fosse destroçando-a e atirando para o público, fosse tocando com a língua numa simulação de sexo oral. Seu três discos, lançados entre 1967 e 1968, são pontos culminantes da psicodelia, da cultura hippie e da contracultura dos 1960. Hendrix morreu em 1970, pouco antes de Janis Joplin, por asfixia pelo uso excessivo de barbitúricos. Ambos tinham 27 anos.

Yoko Ono Mutantes

A banda de Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias foi o que houve de mais contracultural no Brasil de 1968 adiante. Personagens colaterais da tropicália, a contracultura defendida por Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e Tom Zé, entre outros, os Mutantes viveram as fases psicodélica e progressiva (já sem Rita). Moraram em comunidade na Serra da Cantareira, em São Paulo, formando com os Novos Baianos as duas principais experiências musicais brasileiras de vida hippie comunitária.

28 J.P NOVEMBRO 2020

A artista plástica, cantora e compositora ficou conhecida como a suposta responsável pela separação dos Beatles. Muito diferente disso, ao se casar com John Lennon, Yoko levou-o para uma trajetória ainda mais próxima à contracultura. Praticou diversos ativismos, especialmente o feminista. Juntos, ela compuseram canções emblemáticas como “Woman Is the Nigger of the World” (1972) e “Angela” (1972), dedicada à ativista negra Angela Davis.

Rogério Sganzerla

Em resposta ao compenetrado cinema novo de Glauber Rocha – também um artista da contracultura, sob muitos pontos de vista –, foi um dos criadores do chamado cinema marginal, que se desenvolveu em filmes como O Bandido da Luz Vermelha (1968).


Jim Morrison

FOTOS GETTY IMAGES; PAULO SALOMÃO/CORTESIA COSAC NAIFY; DIVULGAÇÃO EBC; DIVULGAÇÃO

Grace Slick

É tida como a primeira mulher a pisar num palco à frente de uma banda na história do rock, a Jefferson Airplane. Integrante da cena psicodélica de São Francisco, Grace terminou um show em 1968 fazendo com o punho o gesto dos Panteras Negras. A união entre as ditas minorias era um programa à parte na contracultura e rendeu eventos como a rebelião homossexual em Stonewall, em 1969.

Os rocks mirabolantes da banda The Doors, como “Light My Fire” (1967), “The End” (1967), “People Are Strange” (1967) e “Waiting for the Sun” (1970), transformaram seu líder, cantor e compositor em outro dos mitos da geração hippie. Como Janis Joplin e Jimi Hendrix, Jim morreu aos 27 anos, em 1971, provavelmente por overdose de heroína (não foi feita autópsia). A morte dos três ídolos, mais a do rolling stone Brian Jones, colaboraram para obscurecer o clima ensolarado da era hippie – parecia, agora, que a contracultura era perigosa e letal.

Janis Joplin

A outra mulher à frente do jogo, junto com Grace Slick, se chamava Janis Joplin e era uma garota interiorana vinda do Texas. Consolidou-se como grande cantora a partir da cena de São Francisco e brilhou nos festivais hippies da época com interpretações peculiares de “Summertime” (1968) e “Piece of My Heart” (1968) e composições próprias como “Mercedes Benz” e “Kozmic Blues” (1969). Morreu em 1970, aos 27 anos, por overdose de heroína e álcool.

Angela Davis

Filósofa, acadêmica e ativista política, integrou os Panteras Negras, agrupamento de orientação socialista e focado na autodefesa da comunidade negra contra a brutalidade policial. O grupo fundado em 1966 concentrou em si muitos dos significados da contracultura negra, como o black power que explodiria logo depois, paralelamente ao flower power dos hippies. Em 1969, Angela entrou no (clandestino) Partido Comunista dos Estados Unidos. Como consequência de seu ativismo, foi colocada pelo FBI na lista dos dez fugitivos mais procurados do país. Acabou presa, passou por julgamentos emblemáticos e se tornou um símbolo da contracultura nos anos 1970.

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DANÇA

ATÉ O CHÃO

A atriz e escritora carioca Taísa Machado criou o projeto Afrofunk Rio para ganhar algum dinheiro, mas descobriu nas aulas de dança a potência do rebolado como forma de empoderar as mulheres POR NINA RAHE FOTO ZÔ GUIMARÃES

Em uma quinta-feira de outubro, Taísa Machado voltou da quiropraxia ainda com dor e precisando descansar. A coluna travada, motivo pelo qual procurou atendimento, no entanto, não a impediu de seguir com uma programação que incluía dar duas aulas seguidas de dança no Afrofunk Rio, projeto que toca há seis anos e no qual desenvolveu um método próprio de ensino que pensa o corpo de maneira afrocentrada e com foco nas danças de quadril. Quando começou, no fim de 2014, a ideia de ensinar mulheres a dançar era apenas uma alternativa para ganhar algum dinheiro. O que Taísa não imaginava, porém, era que sua primeira aula, divulgada por meio de um único flyer, já iria reunir um grupo de 35 mulheres – hoje, os encontros on-line reúnem mais de 100. Foi só com o tempo, também, que a atriz e escritora – que aprendeu a dançar em casa, junto com a mãe e as tias, e nos rituais de umbanda –, começou a entender a dimensão do que estava fazendo. “Não tinha experiência dando aulas, mas fui vendo a transformação das pessoas, que chegavam desconectadas ritmicamente e saíam dali conhecendo mais sobre seu corpo” – não à toa, Taísa acabou assumindo a alcunha de “chefona”, que é, segundo ela, quem escolhe seus próprios passos. As aulas, que duravam inicialmente quase três horas, foram, aos poucos, aperfeiçoando-se com técnicas de teatro e se tornando parte do que Taísa hoje intitula como “ciência do rebolado”. O termo, de acordo com ela, veio quando percebeu que muitas culturas africanas realizavam rituais de música e dança em diversos momentos, como, por exemplo, na preparação para a vida sexual. “Quando uma mulher menstrua pela primeira vez, as mais velhas a ensinam a dançar e mexer os quadris como forma de preparar o corpo para ter e proporcionar prazer”, explica. “A dança do ventre, as danças polinésias, são danças de quadril que têm a ver com uma série de coisas. São movimentos que, ao longo da história, trabalharam o corpo das mulheres, a funcionalidade dele e por isso acredito que seja uma ciência sim.” Com um livro recém-lançado pela editora Cobogó (O Afrofunk e a Ciência do Rebolado), no qual conta sua trajetória, da passagem pelo grupo de teatro Tá na Rua, de Amir Haddad, à criação do Afrofunk Rio, Taísa percebeu que quer, cada vez mais, dedicar-se a contar histórias. Tanto que, entre o ano passado e este, escreveu e encenou a peça A Mulher que Inventou a Dança, assinou o roteiro do documentário Quadro Negro, de Bruno Duarte e Silvana Bahia, e também de um novo longa de Heitor Dhalia. “Fiquei com essa coisa na cabeça, quero escrever mais, tocar outros projetos como roteirista”, diz. As novas ambições, somadas à coluna machucada, no entanto, estão distantes de afastar Taísa do Afrofunk. A percepção de que seu “corpo está cada vez mais cansado” só reanimou uma vontade que ela já vinha alimentando há tempos, que é desenvolver um curso de formação para dar continuidade ao protagonismo das mulheres pretas na dança. “Quero ajudar outras mulheres a terem seus próprios projetos de dança autoral e fazer a máquina girar dentro dessa comunidade”, conta. n

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Os hiperconectados ALMANAQUE

Quem são os nativos da geração Z, jovens de até 25 anos que não vivenciaram o mundo sem internet POR LUCI A NA FR A NC A

32 J.P NOVEMBRO 2020


Você é da geração Z se:

Eles são jovens que captam o espírito do tempo, entendem o novo e transformam tudo. Os nativos da geração Z, que têm até 25 anos de idade, são os primeiros indivíduos que nasceram na era digital, conectados e móveis – e que nunca experimentaram o mundo sem internet. O impacto dessa turma tem transformado a maneira como todos nós nos compor tamos e consumimos.

• Não se define de um único jeito e se sente mais livre para ser o que quiser • Não julga e respeita as diferenças • Se comunica e se conecta com todos, de maneira inclusiva • Tem menos confrontos e está mais aberto a diálogos – é avesso à polarização • Vive de forma mais prática • Tem senso de coletividade e defende causas importantes • Vê notícias pelas redes sociais e não tem hábito de ler livro, principalmente impresso • Faz selfies reais: é mais autêntico e espontâneo nas redes sociais do que a geração anterior • Recorre sempre a memes e emojis para se comunicar com humor e leveza • Exige transparência das empresas que consome, tanto em relação à cadeia produtiva quanto ao discurso que adotam

FOTOS GETTY IMAGES

As diferenças de comportamento e consumo de cada geração, que vieram embaladas em contextos políticos e sociais bem distintos Baby Boomer 1940 - 1959

Geração X 1960 - 1979

Geração Y (Millennial) 1980 - 1994

Geração Z 1995 - 2010

Comportamento: Idealista Revolucionário Coletivismo

Comportamento: Materialista Competitivo Individualista

Comportamento: Globalista Questionador Focado em si

Comportamento: Identidade indefinida Dialogador Realista

Consumo: Ideologia Disco e filmes

Consumo: Status Marcas e carros Artigos de luxo

Consumo: Experiência Festivais e viagens Grandes marcas

Consumo: Exclusividade Ilimitado Ético *

Fonte: Mckinsey

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ALMANAQUE

Conheça o time de colunistas da geração Z do Glamurama: AUDINO VILÃO

19 anos Filosofia e educação sem tabus @audinovilao

Conteúdo que compartilho: Meme educativo, que faça uma crítica construtiva ou que tenha algum impacto positivo nas pessoas. Também sou apaixonado por arqueologia, principalmente na egiptologia, e estou sempre compartilhando alguma descoberta. Conteúdo que consumo: Documentários históricos, coisas relacionadas a filosofia e história e as aulas do professor Clóvis de Barros Filho, Luiz Felipe Pondé, Leandro Karnal, Mario Sergio Cortella. Para relaxar, jogo World of Warcraft. Quem me inspira: Paulo Freire na pedagogia. Na filosofia, Nietzsche, que foi muito corajoso no que fez e, atualmente, Clóvis de Barros Filho. Mas a maior inspiração de todas é meu santo Ogum, sou do candomblé, sou do axé, ele que me inspira a acordar todos os dias e lutar. Onde quero chegar: Quero seguir os passos de Paulo Freire, ajudar na pedagogia, na educação brasileira, ter a minha produção intelectual e filosófica Quando não estou conectado: Estou sempre conectado ou estou no terreiro ou com meus amigos na praça, em Paulínia (SP), onde nasci e moro até hoje. Com o que gasto dinheiro e tempo: Com comida, gosto muito de doce, de açaí... Aprendi a tocar teclado e piano e faço isso no meu tempo livre.

CESCA CIVITA

23 anos Comportamento, viagens e terceiro setor @cescacivita

Conteúdo que compartilho: Dicas inusitadas e “secretas”, em especial de viagens, lojas, restaurantes e achadinhos de novos negócios Conteúdo que consumo: Acompanho as dicas de influenciadoras que têm o mesmo perfil que o meu ao redor do mundo, além de me inspirar, gosto de dividir com meus seguidores e receber feedback do que acham das tendências por aí. Para descontrair, também poderia passar horas olhando perfis de memes engraçados no Instagram.

34 J.P NOVEMBRO 2020


JULIA XAVIER

FOTOS GETTY IMAGES; ARQUIVO PESSOAL; CHICO MAX/DIVULGAÇÃO; DIVULGAÇÃO ; REPRODUÇÃO INSTAGRAM PESSOAL; BOB WOLFENSON

18 anos Inovação, tecnologia e empreendedorismo @juxavier3

Conteúdo que compartilho: Amo o mundo do empreendedorismo e inovação. Adoro compartilhar conhecimento, principalmente depois de ter visitado o Vale do Silício, em 2019. Conteúdo que consumo: Um pouco de tudo: empreendedorismo, inovação, marketing, moda, lifestyle e notícias. Quem me inspira: Além de admirar meus pais, figuras como Elon Musk e Bill Gates e mulheres fortes que mostram que um dia posso chegar lá, como Luiza Helena Trajano, Malala Yousafzai e Djamila Ribeiro. Onde quero chegar: Sou bem sonhadora. Quero morar fora, abrir minha própria empresa, ser palestrante, ter um projeto social, constituir uma família. Quando não estou conectada: Valorizo muito o contato humano, o afeto. Gosto de ficar um bom tempo conversando nas refeições, assistir futebol e novela em boa companhia. Também gosto de acender uma vela, meditar, de vez em quando ler poemas. Uso o tempo off para descansar já que costumo ser bem agitada. Com o que gasto dinheiro e tempo: Costumo gastar com viagens, restaurantes e festas. Gasto meu tempo com um pouco de tudo, nas aulas, trabalhando na empresa júnior da faculdade, me atualizando sobre os assuntos que gosto, fazendo aula de francês, dando aula no cursinho da faculdade, criando conteúdo para o Glamurama e para o meu Instagram.

Quem me inspira: Mira Mikati no mundo da moda, The Gstaad Guy (@gstaadguy) para ilustrar a minha geração de forma irônica e engraçada, Edu Lyra no setor social e Martha Graeff como influenciadora. Onde quero chegar: Não tenho planos definidos, quero fazer benfeito tudo que estiver realizando naquele momento. Acredito muito em destino, que nada é coincidência, então, me deixo levar. Quando não estou conectada: Gosto desta cena: sofá com meu namorado, meus cachorros, pipoca e Netflix! Com o que gasta dinheiro e tempo: Se eu pudesse, gastaria todo meu tempo e dinheiro conhecendo o mundo, cada cantinho dele!

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ALMANAQUE

CATHY BURMAIAN

17 anos | Moda e beleza | @cathyburmaian

PIETRO MARMONTI

20 Anos | Insights de comunicação | @pietromarmonti

Conteúdo que compartilho: Gosto de compartilhar conteúdo quando vejo que foi criado com esforço, tento ajudar quem tem talento a crescer. Conteúdo que consumo: Que me conecta aos meus hobbies: esportes, fotografia, videogame, filmes, música e carros. Quem me inspira: Acredito que se espelhar em uma só pessoa te limita a ser, no máximo, o que ela é/faz, por isso tenho várias inspirações. Entre elas, minha família (pela educação e princípios morais que me passaram), meus amigos (pela simplicidade e alegria que me trazem), Ayrton Senna (pela sua ética de trabalho) e Walt Disney (pela sua criatividade e pelo fato que ele “criou” milhares de infâncias). Onde quer chegar: Meu maior sonho profissional é empreender e ser referência na área em que escolher atuar. Pessoalmente é impactar o mundo de forma positiva, pois acredito que a única coisa que nunca morre é seu legado. Quando não estou conectado: Passo boa parte do meu tempo conectado no YouTube ou em plataformas de streaming, como Netflix, vendo vídeos. Também uso bastante WhatsApp, Instagram e TikTok. Com o que gasto dinheiro e tempo: A coisa que mais gosto de fazer é criar boas memórias com pessoas que amo. Então, gasto dinheiro com restaurantes e festas.Também amo ficar de boa em casa assistindo filmes e escutando música.

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FOTOS GETTY IMAGES; ARQUIVO PESSOAL; REPRODUÇÃO INSTAGRAM PESSOAL

Conteúdo que compartilho: Tudo a ver com beleza, moda, lifestyle e música Conteúdo que consumo: Gosto, principalmente, de conteúdo de maquiagem, beleza, dia a dia, moda, saúde e bem-estar Quem me inspira: Coco Chanel e Chiara Ferragni Onde quero chegar: Quero ter uma marca de produtos de beleza Quando não estou conectada: Passamos muito tempo conectados principalmente neste momento de pandemia. Quando não estou, faço academia, jogo tênis, vou para praia (amo o mar), gosto de estar perto da natureza, medito, saio com amigas. Com o que gasto dinheiro e tempo: Uso muito do meu tempo cuidando da minha saúde e bem-estar. Gasto dinheiro comprando maquiagem e roupa.


J.P INDICA

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TANQUINHO DOS SONHOS

Já imaginou fazer 20 mil abdominais em meia hora? Se você acha que é impossível é porque ainda não conhece o EMSCULPT, que leva a assinatura da BTL AESTHETICS. O aparelho usa a revolucionária tecnologia High-Intensity Focused Electromagnetic (Hifem), que interage com o nervo motor enquanto a pele permanece intacta, emitindo um campo eletromagnético que provoca contrações musculares no maior nível que o músculo consegue atingir, chamadas de contrações supramáximas e que não podem ser produzidas de forma voluntária pelo nosso corpo. Isso faz com que

o tecido muscular se adapte às contrações, provocando construção muscular e morte da célula da gordura, promovendo a queima de até 19% do tecido adiposo, um aumento de 16% no músculo e diminuição da diástase em 11%. O Emsculpt veio para quebrar o paradigma da estética corporal. É o primeiro aparelho com a tecnologia de campo eletromagnético mais estudado no mundo, que comprova cientificamente resultados de hipertrofia muscular com segurança para o paciente; ele traz resultados corporais inacreditáveis no campo dos tratamentos não cirúrgicos. “Tratar o abdome com a ação de campo eletromagnético de alta intensidade – Hifem –, além de ter uma contração infinitamente mais expressiva, permite tratar todo o sistema cardiovascular, cerebral, motor e metabólico. Músculo é sinal de vida saudável e longínqua”, diz o endocrinologista Alexandre Ferreira. Os resultados de um corpo mais delineado e atlético já começam a aparecer após a primeira sessão. +BTLAESTHETICS.COM


ENTR E V ISTA

Outras formas de

amor

A psicanalista Regina Navarro Lins e o filósofo Renato Noguera falam por que a relação de conto de fadas pode ser tóxica e que a monogamia possivelmente está com os dias contados por denise meira do amaral

ós sempre teremos Paris.” É remetendo a uma paixão arrebatadora, mas sem futuro possível, que Rick, personagem de Humphrey Bogart, se despede de sua amada, Ilsa, interpretada por Ingrid Bergman, à beira de um avião que os separariam para sempre. Um dos filmes mais clássicos de Hollywood, Casablanca é uma típica história de amor romântico. Idealizado e sustentado na ideia de alma gêmea, a paixão só permanece porque é impossível. Assim como o filme, as novelas, os romances, os clássicos da Disney e os contos de fadas são produtos desse tipo de construção social do amor ocidental. Dois livros recém-lançados aprofundam essas questões. Por que Amamos – O que os Mi-

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tos e a Filosofia Têm a Dizer Sobre o Amor, do doutor em filosofia Renato Noguera, e Amor na Vitrine – Um Olhar Sobre as Relações Amorosas Contemporâneas, da psicanalista e escritora Regina Navarro Lins, traçam um panorama de como a definição de amor é construída de acordo com a época e como o machismo e o patriarcado afetam as relações amorosas.


FOTOS CAIUÁ FRANCO/DIVULGAÇÃO; ARQUIVO PESSOAL; FREEPIK; GETTY IMAGES

J.P: Por que as pessoas amam? REGINA NAVARRO LINS: Porque o ser humano é gregário. A gente ama e deseja ser amado. A criança pequena precisa dos cuidados físicos e emocionais da mãe, senão ela morre. Amar é um sentimento. Mas o comportamento amoroso é aprendido. RENATO NOGUERA: O ato de amar está vinculado a nossa sobrevivência. Sem amor a gente não teria energia suficiente para se manter vivo. Afeto é essencial. J.P: O que é o amor romântico? REGINA: O amor é uma construção social, em cada época se apresenta de uma forma. A partir do surgimento do cristianismo até o século 12, o amor só podia ser dirigido a Deus. Foi então que nasceu o amor romântico, que não podia entrar no casamento. Casamento era considerado muito sério para se misturar com amor. As pessoas se casavam por escolha da família. No século 19, o amor romântico no casamento passou a ser uma possibilidade, mas só se popularizou a partir de 1940, incentivado pelos filmes de Hollywood. Nesse tipo de amor, você conhece uma pessoa e atribui a ela características de personalidade que ela não possui. Com a convivência, a idealização se torna impossível de ser mantida e você acaba percebendo aspectos no outro que não lhe agradam. Você se sente enganado e passa o resto da vida tentando enquadrar o outro naquilo que idealizou. O amor romântico traz expectativas que não se cumprem, como a ideia de que os dois vão se transformar em um só, nada mais lhes faltando, de que a vida só tem graça se o amado estiver junto, que quem ama não sente tesão por mais ninguém... São mentiras horrorosas e que geram sofrimento; o que é muito prejudicial. Mas veja bem: não tem nada a ver com mandar flores, com jantar à luz de velas, com ser carinhoso... Isso tudo é uma delícia, mas trago uma boa notícia: o amor romântico está dando sinais de sair

de cena. A busca pela individualidade vem crescendo, e não por egoísmo, mas como uma grande viagem para dentro de nós mesmos. Já o amor romântico propõe o oposto disso: a ideia de fusão entre os dois. Ao sair de cena está levando a sua característica básica: a exigência de exclusividade. Por isso estão surgindo novas formas de amar como o poliamor, as relações livres, o amor a três... RENATO: O amor romântico é cultuado pelo cristianismo e pela classe média burguesa. É a ideia de que a nossa felicidade depende de estarmos apaixonados – e que somente uma pessoa é capaz de suprir isso. Mas é importante lembrar que é um projeto criado na Europa ocidental. A pessoa nunca vai ser como você quer porque ela é humana e cheia de medos. A decepção é grande. Em culturas africanas ou indígenas, por exemplo, o amor surge como a possibilidade de um encontro mais genuíno com a gente mesmo. Não é uma relação de poder ou de posse. O cerne da felicidade não é o outro, mas, sim, o autoconhecimento. J.P: A monogamia está com os dias contados? REGINA: Acredito que sim. Cada vez mais as pessoas estão questionando se a monogamia realmente é melhor que a não monogamia. Acredito que, daqui a algumas décadas, menos pesso-

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as vão querer se fechar numa relação a dois e mais gente vai optar por relações múltiplas. Não tenho nada contra a monogamia, desde que ela seja espontânea e não um imperativo. Muitos pensam que se houve uma relação extraconjugal é porque o casamento vai mal. Mas a maioria das pessoas tem relacionamentos fora do casamento por um único motivo: variar é bom. Em torno de 70% a 80% das pessoas têm relações extraconjugais ao logo da vida. Mas se você pergunta, todo mundo finge que é monogâmico. RENATO: A tendência é coexistir diferentes formas de modelos afetivos. Cada um pode decidir o que quer num determinado período da vida. A monogamia pode ser, sim, uma prática mais fácil de gerenciar, mas, ao mesmo tempo, não podemos esquecer que temos desejos. De acordo com Morning Glory ZellRavenheart [autora que cunhou o termo poliamor], as pessoas não são naturalmente monogâmicas. A inclinação do ser humano seria amar várias pessoas. Com um você pode ter mais afinidade sexual, com outro, um relacionamento de cuidado, com outro, um projeto de vida, ou de criar filhos. Você não precisa encontrar tudo em uma única pessoa. Assim como uma mãe ou um pai pode amar vários filhos e filhas da mesma forma e com o mesmo cuidado. Nem por isso, a monogamia está com os dias contados, algumas pessoas ficam mais confortáveis em um relacionamento monogâmico, outras, não.

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J.P: Que tipo de amor as pessoas buscam nos dias de hoje? REGINA: O condicionamento cultural é tão forte e o amor romântico tão entranhado, que chegamos à idade adulta e não sabemos o que desejamos realmente e o que aprendemos a desejar. Mas estamos no meio de um processo de profunda mudança das mentalidades, que é lenta e gradual. Cresce cada vez mais o número de homens e mulheres que desejam partir para uma relação não monogâmica. Nas minhas lives, as duas perguntas que mais recebo são: “Como digo para o meu par que quero abrir a relação?” e “Amo meu marido, não quero me separar, mas não tenho mais vontade de fazer sexo com ele”. O sexo no casamento é a grande tragédia vivida pelos casais. E não é problema de um casal específico, mas do modelo de casamento da nossa cultura, calcado no controle, na possessividade, no ciúme, no desrespeito da individualidade do outro. RENATO: Penso que a gente está em um momento de transição. Sem dúvida, muitos jovens ainda estão imersos na cultura dos mangás e têm nos dramas de amor asiáticos um modelo afetivo romantizado. O amor romântico integra a sociedade patriarcal. Nosso formato de amor ainda é branco, hétero e cisgênero. Os homens precisam ser machões e as mulheres, bonecas. A mulher preta é a última a ser escolhida. O homem preto não é o modelo do príncipe encantado. Acredito que o tipo de amor que as pessoas buscam hoje, ontem e, talvez, amanhã, seja o amor como uma força que humaniza. Pode parecer simplista, mas elas procuram amor para se sentirem mais humanas. O formato vai depender de suas experiências e suas condições de amar, seus medos e suas dores. J.P: Quais as consequências do machismo nas relações amorosas? REGINA: Antes de 5 mil anos atrás, não ha-

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ENTR E V ISTA


via uma sociedade de dominação do homem sobre a mulher, havia uma sociedade de parceria. A mulher era reverenciada; só existiam deusas mulheres. Não se sabia que os homens participavam da procriação. A ideia de casal era desconhecida, e todos os homens transavam com todas as mulheres e vice-versa. Quando começaram a domesticar os animais, perceberam que a ovelha desgarrada não tinha filhote e logo caiu a ficha de que era necessário um macho para a procriação. Surgiu a propriedade privada: meu rebanho, minha terra. As mulheres foram aprisionadas porque os homens queriam ter certeza da paternidade para não deixar a herança para o filho de outro. O sistema patriarcal definiu com muita clareza o ideal masculino – força, sucesso, poder, coragem, ousadia – e o feminino, de submissão e obediência. Hoje, percebemos que o machismo também prejudica os homens. Um exemplo é um paciente de 26 anos que atendi no consultório que estava pensando em suicídio porque brochou três vezes. Mas já existem homens que estão se libertando desse mito da masculinidade. Eles estão mais aptos a estabelecerem uma parceria com as mulheres, inclusive no sexo. A fronteira entre o masculino e o feminino está se dissolvendo. Isso é ótimo; é uma precondição para uma sociedade de parceria. RENATO: Os homens não sabem. Somos treinados para sermos ecos nos afetos, a nossa consciência afetiva é reduzida, de modo que vencer e ter sucesso significa não chorar, não ser frágil e não ter medo. E esse homem pode virar um monstro. Criamos homens controladores e violentos que não sabem lidar com as frustrações. Não à toa temos números altíssimos de feminicídio. O suicídio acomete

muito mais os homens. Os meninos guaranis, por outro lado, passam por um ritual para que se tornem equilibrados. Você não vai vê-los atirando em coleguinhas, como nas culturas ocidentais. Assim como os guaranis e outros povos originários da América, em várias culturas africanas tradicionais, encontramos esse fenômeno de homens aprendendo a lidar com suas emoções como um ritual obrigatório. Em algumas culturas, um homem não pode ficar restrito à fantasia do guerreiro. J.P: Amor e ciúme caminham juntos? REGINA: Ciúme sempre foi valorizado. Já atendi muita paciente que não se sentia amada porque o namorado não manifestava ciúme. Não tem nada a ver. Ciúme é aprendido. Criança pequena é possessiva e ciumenta porque se a mãe sumir, ela morre. Quando as pessoas entram em uma relação, reeditam inconscientemente essas necessidades infantis. Aí, o controle, a possessividade e o ciúme passam a fazer parte da relação e são encarados como naturais. Isso também pode gerar a violência doméstica. RENATO: Depende da atmosfera ou do modelo de amor. No amor romântico, o ciúme faz parte da relação porque existe um pacto de exclusividade afetiva. Nesse modelo, aquela pessoa é fundamental para a minha felicidade. Mas ele pode ter vantagens, como, a partir dele, gerar vontade de se tornar uma pessoa mais admirável para a pessoa amada. No poliamor é diferente, não existe lugar para o ciúme. Haveria outra expressão que é a compersão, ou seja, um sentimento de felicidade por saber que a pessoa que a gente ama está feliz, mesmo com outros parceiros.

“Me sinto amado? Me sinto desejado? Se a resposta for sim, está ótimo. O que a outra pessoa faz quando não está comigo não é da minha conta”, Regina Navarro Lins NOVEMBRO 2020 J.P 41


ENTR E V ISTA J.P: O que a pandemia está fazendo com as relações amorosas? REGINA: Imagina um marido e mulher que só se encontravam de noite, jantavam e iam dormir e agora passam 24 horas por dia juntos, sete dias por semana? Se antes da pandemia já não existia respeito à individualidade do outro, imagina agora.... Uma moça me escreveu dizendo que não aguenta mais o marido querendo o tempo todo saber com quem ela está falando ao celular, o que ela está fazendo no computador. A falta de res-

ver um par amoroso. Por isso tem tanta mulher desesperada para achar alguém. É possível viver muito bem sozinho se houver amigos, uma vida social interessante, hobbies, projetos.... É fundamental que todos desenvolvam essa capacidade de viver bem sozinho. Não é grave desejar um par amoroso, o grave é acreditar que só é possível viver bem se houver um par amoroso. RENATO: Sim. Depende do ideal de vida da pessoa, de seu projeto. Obviamente, uma companhia nos ajuda. Quando tudo desmonta, ter alguém para contar é bom porque não temos repertório para lidar com todas nossas angústias. Uma companhia pode oferecer uma presença, uma outra humanidade. Ficar só também pode cansar.

peito pela individualidade do outro, que já não havia, agora é exacerbada. RENATO: A pandemia faz com que se perca a fronteira entre público e privado. Casais que estão em home office não estão sabendo lidar com os novos territórios. É como se a gente fosse almoçar no banheiro. Nossa casa, que antes era um lugar privado, se torna público com as lives e reuniões. Viver sem limites é um problema. J.P: É possível ser feliz sozinho? REGINA: Não tenho a menor dúvida. Basta a pessoa se libertar dos padrões impostos, que pregam que só é possível ser feliz se hou-

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J.P: Existe uma forma certa de nos relacionarmos? REGINA: Acredito que a única forma satisfatória é haver total respeito ao outro, seu jeito de ser, de pensar, de se comportar, ter liberdade para ir e vir, ter programas separados, amigos independentes, e não haver controle. Muita gente é obcecada pela ideia de exclusividade, mas ninguém consegue controlar o outro. Ninguém deveria se preocupar se o amado transa com outra pessoa. Você precisa responder a duas perguntas a si próprio: Me sinto amado? Me sinto desejado? Se a resposta for sim, está ótimo. O que a outra pessoa faz quando não está comigo não é da minha conta. É uma maneira muito mais inteligente de viver. As relações amorosas podem ser vividas de várias formas diferentes. Claro que sempre vai ter algum conservador dizendo: “Ah, mas aí as relações são superficiais”. Isso não é verdade. Você pode ter vários amigos e ter relações muito profundas com todos eles. Não tem lógica. RENATO: A primeira questão é a gente conhecer nossa subjetividade. Saber o que a gente gosta, quem somos e o que a gente precisa. Se a gente não sabe o que quer, pode estar levando gato por lebre em um relacionamento. Algumas condições são chaves: a pessoa tem a ver com sua trajetória? Sintonia total não terá nunca, mas o amor floresce melhor onde existe um certo encaixe. n

FOTOS GETTY IMAGES

“Somos ensinados a não chorar, a não ser frágil, a não ter medo. E esse cara pode virar um monstro”, Renato Noguera


POR AÍ POR KIKI GARAVAGLIA

FESTIVAL ERÓTICO EM 581 A.C.

FOTO ARQUIVO PESSOAL

Em honra a Deméter, deusa da fertilidade, mulheres nobres e casadas passavam três dias em templo para estimularem a sexualidade Faz uns anos que fui conhecer a cidade de Agrigento, na Sicília, Itália, e escrevi um texto sobre os restos da magnífica cidade grega de milênios atrás... Ela foi uma potência comercial entre a África e a Europa durante séculos antes de Cristo. Fora do centro da cidade atual, em um local chamado Vale dos Templos, existem os restos espalhados da antiga Agrigento, com enormes templos, estátuas gigantescas de deuses gregos, anfiteatros, palácios, mansões etc. Porém, na época, não escrevi sobre a peculiaridade de um dos templos chamado Tesmoforio, onde se celebrava um festival em honra a Deméter, deusa suprema da fertilidade e padroeira dos casamentos, que acontecia todos os anos, em outubro. A festa era reservada apenas a senhoras de famílias nobres, casadas, respeitadas, chamadas de Tesmoforiàzuse. Durante três dias, eram obrigadas a se abster de todo tipo de sexo, reclusas dentro do templo e, se algum marido ou homem tentasse entrar ou olhar por alguma fresta, tinha pena de morte imediata! Outra prescrição que elas deveriam cumprir durante o festival era de se estimularem sexualmente, sentadas no chão do jardim do templo, totalmente nuas, e se esfregando em pequenas plantas variadas para aumentar a sexualidade, mas proibidas de se satisfazerem até encontrarem seus esposos. No último dia, a assembleia e a tribuna da cidade, que haviam ficado fechadas em honra ao festival, ofereciam um enorme banquete a Deméter e Plutão. À deusa, sacrificavam animais prolíficos e faziam pães e doces em forma da genitália feminina e masculina que iam comendo e pedindo fertilidade para as mulheres e para os campos. Não eram considerados hábitos obscenos pois estavam “honrando” a deusa para que lhes concedesse a graça da fertilidade, inclusive dos campos, pois davam o sustento da cidade. Em seguida, havia danças sensuais/sacras que culminavam em jogar, dentro de um poço localizado no centro do templo, serpentes e porquinhos do sexo feminino, junto com os pães e figuras de cera na forma de falos para se juntarem em harmonia. Nesse dia, as mulheres saíam do Tesmoforio e percorriam a cidade, desfilando alegremente com mais pães eróticos e objetos sexuais, seduzindo os homens por onde passavam... Ao fim do festival, retornavam a suas casas, aos ansiosos esposos. E nós nos achando modernos e avançados em termos de sexo nos dias de hoje! n

viajante insaciável, KIKI GARAVAGLIA já correu o mundo, mas ainda tem muito lugar para conhecer. só tem medo de morrer sem antes conhecer dubai

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NOVOS C A MINHOS

GURUS

CONTEMPORÂNEOS Da neurociência à alimentação, da astrologia aos conselhos amorosos. Conheça quem são os profissionais que ajudam a entender os mistérios da mente e o funcionamento do corpo para, de quebra, melhorar a relação com nós mesmos e com os outros POR NINA RAHE

Amor

FABRICIO CARPINEJAR, escritor. Comanda a live Procon do Amor – Consultório Sentimental, em seu Instagram, e responde semanalmente nas redes sociais a perguntas de seus seguidores na seção Querida Leitora “Sei que as pessoas procuram confirmar suas expectativas. E nem sempre isso acontece. Posso acabar dizendo o que elas não querem ver ou aceitar. A diferença é o modo como falo, sem perder a ternura, explicando com paciência. O óbvio é o mais difícil de ser enfrentado porque aquele que sofre está intoxicado de sua dor e não tem distanciamento emocional para a autocrítica. Meu maior ensinamento é não supor que a mudança é fácil. Reconhecer que aquilo que é natural para mim pode ser extremamente árduo para o outro. Para sair de uma relação triste, temos que encontrar antes o amor-próprio, que já foi sugado pela relação.”

FERNANDA SCHEER, pós-graduada em nutrição clínica funcional e prevenção de doenças ligadas ao envelhecimento, atua há mais de 15 anos com atendimento focado no tratamento de doenças e desequilíbrio alimentar “Busco trazer uma visão simplificada da alimentação e da saúde porque hoje há muita informação e as pessoas andam confusas. Comer bem, dormir bem, praticar exercícios, meditar, respirar, estar com a natureza... tudo isso é o que sustenta uma vida saudável e é mais simples do que parece. Vejo o meu papel como uma pessoa que instrui nessa direção. A busca por saúde com leveza e autoamor. Não por obrigação, mas por escolha. Cada um no seu ritmo, com mudanças graduais.”

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Saúde


Alimentação

CAMILA ESPINOSA, coach de saúde e bem-estar pelo Institute for Integrative Nutrition de Nova York em 2015, promove consultorias individuais, palestras e workshops sobre alimentação consciente e mudança de comportamentos “As pessoas que me procuram vêm em busca de orientação para um estilo de vida mais saudável e meu maior ensinamento é fazer com que elas aprendam a escutar os sinais e a sabedoria do próprio corpo. Quando conseguimos construir um elo entre o ato de se alimentar e a otimização da saúde a médio e longo prazo, paramos de focar no prazer imediato e passamos a fazer escolhas mais saudáveis e equilibradas. É muito gratificante saber que estou plantando uma sementinha de saúde e bem-estar para que as pessoas possam viver mais e melhor. Essa é minha missão.”

FOTOS RODRIGO ROCHA/DIVULGAÇÃO; THERESA PEREIRA GALLIAN/DIVULGAÇÃO; ARQUIVO PESSOAL; FREEPIK; DIVULGAÇÃO

Meditação SATYANÃTHA, mestre em meditação pelo monastério de Kauai e autor do aplicativo Vivo Meditação “O maior presente que costumo dar para as pessoas que me procuram, por meio de várias técnicas, principalmente a meditação, é elas ganharem elas mesmas. As pessoas costumam encher a própria vida e a consciência de assuntos e aí se perdem no meio de tanta coisa e a verdade é que a gente, como consciência, não é uma coisa, mas a essência, sua alma e o núcleo de energia e de luz. Então, quando me procuram com queixas de que não dormem bem ou estão cansadas de repetir os mesmos erros, a resposta é a mesma: a falta de si. E a beleza do meu trabalho é que não preciso acender a luz de ninguém, porque todo mundo já tem uma luz interna, o que a gente faz é ir tirando as camadas que a obscurecem.”

Literatura

DANTE GALLIAN, professor e diretor do Centro de História e Filosofia das Ciências da Saúde da Escola Paulista de Medicina, onde criou o Laboratório de Leitura, atividade fundamentada na discussão dos clássicos da literatura “A literatura é uma forma de conhecimento do humano e de si mesmo. Há uma intuição de que a gente só pode se realizar e encontrar mais felicidade e plenitude se conhecermos quem somos e o que estamos fazendo aqui e meu maior ensinamento é para que as pessoas se abram porque, como dizia Fernando Pessoa, tudo vale a pena se a alma não é pequena. Quero que as pessoas descubram que têm uma alma dentro delas e que essa alma exige uma ampliação. ”

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NOVOS C A MINHOS Ar i e s P

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“Alguns benefícios que eu mesma pratico e tento divulgar aos outros são: que não se deve esperar de alguém aquilo que ele não pode dar, pois não faz parte de sua natureza nem de sua essência; que a vida é movimento, mudança, que tudo tem um fim e pode se transformar em outra experiência; que podemos usar o tempo a nosso favor, ressaltar nossas potencialidades, burilar nossos pontos fracos, diminuir o impacto de épocas mais difíceis com mudanças modestas e prevenção até certo ponto; que há mistérios na vida que estão além de nossa consciência e que somente em momentos especiais nos são revelados.”

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BARBARA ABRAMO, estuda e trabalha i s c com astrologia desde os anos 1980. P Atualmente escreve o horóscopo mensal e diário do Portal Uol

“Um tempo atrás as pessoas procuravam astrólogas somente quando estavam em momentos difíceis da vida porque queriam respostas. Claro que ainda há esse tipo de situação, mas cada vez mais elas buscam o auxílio dos astros para se conhecer melhor. Na minha opinião, a astrologia é uma Ar i e s das ferramentas mais potentes de Ta autoconhecimento e de entendimento ur do momento que estamos vivendo,u es normalmente as pessoas se identificam com a minha forma de abordá-la, que é mais humanista, filosófica e psicológica, ou seja, nada determinista.”

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ISABELLA HEINE, estuda astrologia há mais de 20 anos e escreve o horóscopo mensal do site Hysteria

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Desenvolvimento pessoal DÉBORA TABACOF, psicóloga e formadora de instrutores no Instituto Rio Abierto, em Buenos Aires. Trabalhou em diversos reality shows e se especializou no atendimento de artistas e celebridades “Onde pulsa o seu desejar? Como ativar de fato seu poder criador e se sentir mais plenamente vivo? O pensamento convencional, a zona de conforto, o desejo de aceitação social e a aprovação do outro não servem aos propósitos da realização do ser único que somos, singular. O maior aprendizado do trabalho sobre si é esvaziar o que já não serve mais para se ocupar de ser uma usina de energia reciclável e se responsabilizar por ser um agente de transformação do mundo. O trabalho de desenvolvimento pessoal, o processo de lapidação de um diamante, só vem do investimento de tempo, recursos e interesse da pessoa em si mesmo e de suas relações.”

Cabala

SHMUEL LEMLE, professor de cabala desde 2000, dá aulas no Brasil e nos Estados Unidos. Também traduziu diversos livros de cabala para o português, entre eles, O Caminho e Torne-se como Deus

FOTOS ARQUIVO PESSOAL; REPRODUÇÃO FACEBOOK PESSOAL; FREEPIK

“Estamos neste mundo para nos transformar. Não basta ser bom, precisamos estar em constante evolução. Posso dizer que minha própria vida se divide em “antes da cabala” e “depois da cabala”. Depois, tudo muda para melhor. Vejo isso direto com meus alunos. A cabala nos ensina as regras do jogo da vida. Quando aprendemos a viver em sintonia com o propósito maior atraímos bênçãos. A palavra cabala (kabbalah) significa receber. Seu estudo e sua prática nos ajudam a receber luz e energia positiva.”

CLAUDIA FEITOSA-SANTANA, neurocientista com pós-doutoramento pela Universidade de Chicago, desenvolve pesquisas científicas em colaboração com a USP e o Hospital Israelita Albert Einstein, entre outros

Felicidade

“A neurociência é uma ciência muito dura e acho que consigo trazer estudos complexos e difíceis com uma linguagem acessível para quem procura entender como a nossa mente e cérebro funcionam. As pessoas estão percebendo, cada vez mais, que, para viver melhor, é preciso entender com mais profundidade nossa mente, que é tão maravilhosa. Nós somos muito mais seres em movimento do que estáveis e eternos e, quando nós temos essa consciência, conseguimos entender as transformações do presente sem perder de vista o que queremos construir no futuro.”

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COR PO E A LM A Escovação ayurveda, alimento para a pele, perfumes de bolso e outras belezinhas P O R LU CI A N A F R A N C A

ENERGIA QUE FLUI A escova de madeira com cerdas naturais

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RASTRO

Sua fragrância favorita sempre ao alcance – na bolsa da academia, do balé, da ioga e no nécessaire do dia a dia e da viagem – sem risco de quebrar ou vazar. Esta é a proposta do BOTICÁRIO, que traz versão miniatura de seus sucessos consagrados, entre eles Egeo, Quasar, Arbo e Floratta. Os pequenos frascos, de 30 ml (R$ 39,90, cada), também são ótima opção para presentear. +BOTICARIO.COM.BR Já a novidade de CAROLINA HERRERA é o (212 VIP) ROSÉ RED EAU DE PARFUM (R$ 509), para uma mulher sensual – e engajada. A versão limitada do perfume, criada em parceria com a (RED), tem renda revertida para a organização idealizada por Bono e Bobby Shriver para arrecadar fundos e conscientizar sobre a luta contra a Aids.

PARA BRILHAR Quem foi adolescente no começo dos anos 2000

com certeza se lembra da febre do Juicy Tubes. A LANCÔME traz de volta seu icônico gloss com aplicador na embalagem, que proporciona efeito de lábios mais preenchidos e é enriquecido com vitamina E. JUICY TUBES (R$ 139) está disponível em dez cores, incluindo algumas das favoritas da primeira versão. @LANCOMEOFFICIAL

FOTOS DIVULGAÇÃO

tem ocupado cada vez mais as bancadas dos banheiros – e os feeds do Instagram. A escovação a seco do corpo virou mesmo tendência e vai além de retirar as células mortas e melhorar a circulação. Mas não é para ficar esfregando a pele de qualquer jeito. “Tem que fazer com calma, com tempo. A ideia é mudar o nosso estado vibracional, se desligar de tudo e cuidar da pele, que é a fronteira do nosso mundo interior com o mundo que nos cerca”, diz a fisioterapeuta, terapeuta ayurveda e aromaterapeuta Marta Magalhães. A especialista indica fazer um ritual relaxante após a escovação, que pode incluir um banho mais demorado, passar óleo corporal de boa qualidade no corpo, ouvir música e descansar. “A escovação e diferentes formas de esfoliação fazem parte dos conceitos de limpeza dos canais sutis do corpo por onde passam os fluxos energéticos”, explica Marta sobre a técnica milenar. É bom prestar atenção quanto à frequência. Recomenda-se uma vez por semana com a escova; já com uma bucha vegetal molhada, que tem ação mais suave, pode ser feita mais vezes.


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RESULTADOS OBTIDOS EM ESTUDO REALIZADO COM VOLUNTÁRIAS EM UM INSTITUTO INDEPENDENTE.

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ROSTO BEM CUIDADO

Se você é adepto da rotina de skincare, vai adorar BOTIK, linha de cuidados faciais do Boticário, novidade que traz texturas ultraleves e de rápida absorção, adequadas para todos os tipos de pele. São dez produtos veganos e cruelty free com ativos dermatológicos potentes, como ácido hialurônico, vitamina C, ácido kójico, cafeína, peptídeos, vitamina B5, prebióticos e argila branca, que garantem o melhor desempenho nos cuidados com a pele do rosto, da limpeza à hidratação. O segredo está na união dos ativos mais poderosos com uma exclusiva tecnologia suíça que faz a reprodução da alga Coenochloris signiensis e, combinada aos demais ingredientes, resulta em um efeito antioxidante muito eficiente, aumentando a hidratação, diminuindo a profundidade de rugas e melhorando a barreira cutânea. Ativo queridinho do momento, o ácido hialurônico está presente em três opções de textura: a versão creme, mais aveludada, atende à pele seca; gel-creme, com textura refrescante, é ideal para pele mista e oleosa; e sérum de alta potência, que conta com o ácido hialurônico duplo – presente na fórmula em dois pesos moleculares que agem tanto na superfície da pele como nas camadas mais profundas. O ativo superconcentrado tem o poder de trazer firmeza e preenchimento da pele, com alto potencial de hidratação. +BOTICARIO.COM.BR/BOTIK

Um dos itens mais desejados da linha, o Ácido Hialurônico Sérum de Alta Potência


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CARA AO SOL

Protetor solar levinho e com alta proteção? Temos! ISDIN FUSION WATER FPS 60 (R$ 93,90), à base de água, com toque seco e absorção imediata, traz novidades: pode ser aplicado no rosto molhado e a maioria dos ingredientes de sua fórmula não prejudica a água do mar. Já o PHOTODERM NUDE TOUCH FPS 50+, da BIODERMA (R$ 104,90), é o primeiro protetor solar bifásico com alta fotoproteção a partir de filtros e pigmentos 100% físicos e minerais. Com cobertura leve e natural, está disponível em três tons. Para quem pratica esporte ao ar livre, a boa nova é o Shield FPS 60/FPUVA 50, da PINK CHEEKS (R$ 89,90), filtro solar corporal em bastão, que não escorre com o suor e é resistente à água por mais de quatro horas. @ISDIN.BRASIL | @BIODERMABRASIL @PINKCHEEKSBRASIL

Boas vibrações

Alegria instantânea? Inspiração após algumas borrifadas? Aromaterapia de forma prática é a proposta da ALKHEMYLAB by JOEL ALEIXO, que criou uma linha com quatro sprays para ambientes. À base de óleos essenciais de erva-cidreira, laranja e lavanda, o Alegria revigora e proporciona bem-estar. Já os óleos de alecrim e artemísia estimulam a criatividade; o mix capim-cidreira, lavanda e laranja tranquiliza, e a combinação de cravo, lavanda e melaleuca promete afastar tristeza, ansiedade e medo – e “limpar” ambientes pesados. O kit com minisprays (R$ 99 ) está à venda no e-commerce da marca. +ALKHEMYLAB.COM

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Novas versões do creme SKIN FOOD, da suíça WELEDA , chegam ao Brasil: Skin Food Light e Skin Food Manteiga Corporal. Com ingredientes 100% naturais, como extratos de camomila, calêndula e amor-perfeito, o “alimento” multifuncional para a pele do rosto e do corpo é queridinho de Rihanna, Victoria Beckham e Julia Roberts. Com textura mais leve do que o original e de fácil aplicação, o Skin Food Light proporciona hidratação imediata no rosto, mãos, braços e cotovelos – R$ 42,90 (30 ML) e R$ 80,90 (75 ML). Já o Skin Food Manteiga Corporal, formulado com manteiga de karité e de cacau, oferece nutrição intensa e prolongada – R$ 149,90. 149,90.


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FOTOS FLÁVIO BATTAIOLA/DIVULGAÇÃO; FREEPIK

TOQUE DE SEDA

Conhecida por revolucionar o universo da massagem com sua famosa MIRACLE TOUCH e modelar o corpo de várias celebridades, RENATA FRANÇA lançou uma linha de hidratantes corporais. Os produtos, segundo a esteticista, foram desenvolvidos para suprir uma lacuna que ela via no mercado: hidratação de qualidade, rápida absorção e baixo custo. A novidade reúne ativos como óleos de amêndoa e de jojoba; agentes altamente emolientes, que permitem hidratação efetiva da pele; elastina, que potencializa a formação de novas fibras, e colágeno. O resultado é uma pele macia e, ao mesmo tempo, mais segura quanto ao envelhecimento. O hidratante corporal Lavanda + Patchouli é ideal para quem quer equilíbrio entre o doce e o intenso. A lavanda promove frescor e se soma à erva medicinal patchouli, da família da hortelã, que tem um aroma almiscarado e propriedades calmantes com ação que melhora a aparência da pele. Para os que preferem notas amadeiradas, o hidratante de Baunilha + Sândalo pode ser a melhor escolha, já que une elegância e sensualidade. Mas não é só: o aroma cítrico também faz parte da família olfativa dos hidratantes corporais Spa Renata França e pode ser encontrado na versão Verbena + Petitgrain. A linha está à venda no e-commerce da marca e, em breve, nas melhores farmácias do país. (R$ 49,90, cada) +SPARENATAFRANCA.COM |@RENATAFRANCAA


DE OLHOS BEM ABERTOS

A insônia na pandemia ou coronasomnia, como os americanos estão chamando, é um dos efeitos colaterais desses tempos. Veja como minimizar o distúrbio e o que fazer quando o sono não dá mesmo as caras

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uas horas da manhã e você ainda continua encarando o teto do quarto. Possivelmente seu comportamento à noite mudou nos últimos meses. O do vizinho, do melhor amigo e dos colegas de Zoom também. A insônia tem sido apontada como um dos efeitos colaterais da pandemia do coronavírus que demorou mais tempo para se manifestar em uma grande parcela da população. Os americanos a batizaram de “coronasomnia”. “Situações que geram isolamento social, estresse, medo e incertezas, como a pandemia que estamos vivendo, são potenciais desencadeadoras de insônia”, explica a médica Erika Cristine Treptow, especialista em medicina do sono e pesquisadora do Instituto do Sono. “Ela se caracteriza por uma dificuldade em iniciar o sono, um aumento do número de despertares durante a noite ou um despertar precoce, acompanhados de consequências no período diurno como cansaço e sonolência.” Recentemente, um estudo que incluiu participantes de 49 países – entre eles o Brasil – e mais de 2.500 pessoas mostrou que 58% estão insatisfeitas com seu padrão de sono após o início da pandemia, sendo a insônia o problema mais frequente. Um dado alarmante que esta pesquisa demons-

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trou foi o aumento de 20% no consumo de medicações para dormir. Mesmo pessoas previamente saudáveis manifestaram sintomas de insônia. “Houve um aumento expressivo de doenças com impacto na nossa saúde mental, como depressão, ansiedade e crises de pânico, e frequentemente essas doenças podem ocorrer associadas com a insônia”, diz a médica. As preocupações com o risco de adoecer, a distância de pessoas queridas, a insegurança financeira e a impossibilidade de prever o fim dessa situação estão entre os motivos que fizeram muitos pacientes que já sofriam de insônia crônica apresentarem piora. Além disso, muitas pessoas que estavam com o distúrbio controlado tiveram recidiva do problema necessitando de novo acompanhamento. A longo prazo, a falta de uma boa noite de sono pode resultar em muitos prejuízos para a saúde física e mental, como diminuição da concentração, perda de memória, redução da produtividade e mudanças do humor. Quando o problema se torna rotineiro, pode também acarretar doenças como depressão e ansiedade. Além disso, diz a médica, a falta de sono também está associada com um aumento de risco de desenvolver doenças cardiovasculares e diabetes. n

ILUSTRAÇÃO GETTY IMAGES

POR LUCI A NA FR A NC A


REPOUSO

BONS SONHOS

Para garantir um sono mais tranquilo, especialmente neste período da pandemia, é necessário prestar atenção em alguns comportamentos. Veja as orientações médicas:

• Estabeleça horários regulares para dormir e acordar • Nosso organismo precisa de pistas para entender que é dia ou noite e quando se aproxima o horário de dormir. Pela manhã, o contato com a luz natural sinaliza que estamos iniciando o dia, por isso é tão importante abrir as janelas de casa e deixar a luz natural entrar • Regularidade do horário das refeições • Prática de exercícios físicos • Manutenção de uma rede de apoio para conversas com amigos e familiares que tra-

zem sensações mais agradáveis durante o dia • Evitar o consumo de bebidas estimulantes, como café e chás, que contêm cafeína, e refrigerantes, após o período da tarde • Já no período noturno, reduzir o contato com telas como a do celular, televisão e computador uma hora antes de iniciar o sono • Tentar diminuir os pensamentos ruminantes sobre as preocupações antes de dormir. Vale anotar em um caderno todos seus medos e motivos de ansiedade no fim do dia, é como esvaziar a mente para permitir um bom descanso.

O QUE NOSSO TIME FAZ ENQUANTO NÃO DORME? DESCUBRA AQUI • Pratica abdominais na cama • Entra em um aplicativo de compras, enche o carrinho e não finaliza. Ou finaliza e adquire tudo o que não precisa • Escreve pensamentos aleatórios em um caderninho, adaptando para a madrugada a técnica das morning pages, que faz uma espécie de drenagem mental e estimula a criatividade • Maratona uma série leve, como Emily in Paris, do mesmo criador de Sex and the City, na Netflix • Tenta relaxar com brinquedinhos eróticos • Abre um livro de poesia

• Joga no celular versões do icônico joguinho Candy Crush • Assiste a receitas rápidas de drinques no TikTok, mesmo sabendo que nunca vai prepará-los • Vê o programa, de gosto duvidoso, Dra. Sandra Lee, a Rainha dos Cravos, no Discovery H&H • Pensa no almoço do dia seguinte • Senta na varanda para ver as janelas acesas e percebe que há muitos outros insones por aí • Dá mais uma chance à meditação • Ataca a geladeira sem culpa • Arruma a gaveta da mesinha de cabeceira

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fernando torquatto BEAUTY ARTIST

Isabel Fillardis

Enquanto aguarda o início das filmagens de uma série e de um longa-metragem, a atriz e cantora tem soltado a voz. Isabel estreou como narradora de um audiobook e acaba de gravar um EP, com uma levada R&B e afrobeat, que será lançado em breve. Por aqui, ela mostra o estilo e a beleza exuberante que quer imprimir com o novo trabalho musical. 54 J.P NOVEMBRO 2020


FERNANDO TORQUATTO já transformou todo mundo que importa – aqui e lá fora. só vai sossegar depois de clicar madonna

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A DAMA DO FIGURINO Queridinha de uma legião de cineastas famosos, a italiana Milena Canonero é responsável por muitos trajes e caracterizações marcantes por ana elisa meyer

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ma coisa é certa quando estamos diante de uma obra cinematográfica: o figurino não é um aspecto secundário. Seja para narrar uma história ou definir uma determinada época e, mais que tudo, para criar e traduzir a essência dos personagens. Milena Canonero compreendeu essa importância do vestuário e realiza seus trabalhos com maestria. Nascida em Turim, na Itália, em 1946, a futura figurinista formou-se na cidade de Gênova em arte, história do design e figurino. Mas sua carreira começou mesmo em Londres, para onde se mudou na metade da década de 1960. Trabalhando em pequenas peças de teatro, produções cinematográficas e publicidade, teve oportunidade de conhecer diversos diretores de cinema, entre eles Stanley Kubrick (1928-1999). O primeiro encontro da italiana com o já aclamado diretor americano aconteceu numa manhã de 1970, como contou o produtor alemão Jan Harlan, cunhado de Kubrick, durante o Festival de Berlim de 2017, ano que Milena foi homenageada com um Urso de Ouro pelo conjunto de sua obra. Cansado da 56 J.P NOVEMBRO 2020

FOTOS GETTY IMAGES; DIVULGAÇÃO

CAMARIM


dieta de hambúrgueres que o casal, Kubrick e Christiane, ofereciam em sua casa em Londres, o jornalista e crítico italiano Riccardo Aragno ligou dizendo que levaria alguém para preparar o almoço seguinte. Chegou com a jovem, bela e estilosa figurinista, que preparou uma massa acompanhada de uma salada de tomate e muçarela, descrita pelos anfitriões como uma obra de arte. A partir daquela primeira e deliciosa experiência com a cozinha italiana, Milena retornou muitas vezes para presentear os novos amigos, Kubrick e Christiane, com seus quitutes. E foi justamente durante um desses prazerosos encontros que a esposa do diretor sugeriu que ela fizesse o figurino de Laranja Mecânica (1971). Ali nasceu uma das colaborações mais importantes do cinema do período. Com total liberdade para criar, podendo fugir das descrições futuristas de Anthony Burgess, autor do romance homônimo que inspirou o filme, Milena recriou o memorável visual de Alex e seu bando a partir da estética skinhead das ruas de Londres no fim dos anos 1960. O resultado foi tão marcante que, até hoje, quase

Acima, o ator Malcolm McDowell como Alex em Laranja Mecânica (1971); abaixo, cena de O Iluminado (1980). Na pág. anterior, cena de Barry Lyndon (1975); e a figurinista Milena Canonero no Festival de Berlim de 2017

50 anos depois, a caracterização dos personagens criada por Milena sintetiza e marca o espírito da época, e as pessoas continuam reproduzindo suas roupas em festas à fantasia. Em seu segundo trabalho com Kubrick, no drama Barry Lyndon (1975), a figurinista foi aconselhada pelo diretor a se preocupar com a fidelidade histórica apenas no final, depois de capturar a essência pictórica e visual dos trajes. O trabalho espetacular das recriações de época lhe rendeu seu primeiro Oscar. Cinco anos depois, trabalharam juntos novamente em O Iluminado, obra-prima do suspense contemporâneo, última parceria dos dois. Prosseguindo com sua criativa e promissora carreira, no ano seguinte, em 1981, ela foi responsável pelo figurino de Carruagens de Fogo, do diretor Hugh Hudson, que lhe trouxe o segundo Oscar. Em 2006, foi incumbida de recriar um dos guarda-roupas mais festejados do cinema: o de Maria Antonieta no filme de Sofia Coppola, no qual se inspirou nas cores dos sofisticaNOVEMBRO 2020 J.P 57


Acima, Tilda Swinton em cena do O Grande Hotel Budapeste (2014) de Wes Anderson; Catherine Deneuve e David Bowie no filme Fome de Viver (1983). Abaixo, Kirsten Dunst em Maria Antonieta ( 2006 ) de Sofia Coppola

dos docinhos franceses, os macarons Ladurée, para criar as roupas da infeliz rainha da França, cuja cabeça acabou na cesta da guilhotina. Oito anos mais tarde, levou mais uma vez a cobiçada estatueta do Oscar para casa, e um Bafta, pelo trabalho em O Grande Hotel Budapeste, de Wes Anderson, no qual, atendendo o propósito do diretor, transformou a atriz Tilda Swinton, envelhecendo-a com o uso de próteses e maquiagens, em uma mulher de cerca de 90 anos, rica, excêntrica e colecionadora de arte. Além da consagração no meio cinematográfico, Milena ganhou o reconhecimento que mais a entusiasmava, a admiração e o respeito profundo de Kubrick, considerado uma das personalidades mais exigentes e difíceis da sétima arte. Sua gratidão ao apreço do diretor é eterna. Segundo ela, foi ele quem lhe ensinou não apenas a arte de criar um figurino, mas, sobretudo, a buscar a singularidade necessária para cada uma das obras de forma a escapar do convencional e do repetitivo. Como se não bastasse, suas criações para o cinema já influenciaram consagrados estilistas como Alexander McQueen e Ralph Lauren.

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CAMARIM

AS BRASILEIRAS

FOTOS DIVULGAÇÃO; ANNA FISCHER; REPRODUÇÃO INSTAGRAM PESSOAL; ARQUIVO PESSOAL

Conheça algumas das figurinistas por trás de grandes produções nacionais do cinema, teatro e televisão

CLAUDIA KOPKE Sua trajetória teve início na década de 1980, vestindo bandas de rock. Logo começou a atuar em publicidade, televisão e cinema, criando figurinos premiados como dos filmes Que Horas Ela Volta? e Cazuza – O Tempo Não Pára. Na TV assinou, junto com Sabrina Moreira, o visual da novela A Dona do Pedaço. Pelo trabalho no espetáculo Chacrinha – O Musical levou o prêmio de melhor figurino no 27° Prêmio Shell de Teatro, em 2015.

KIKA LOPES Nascida em Portugal, Kika Lopes começou como figurinista no cinema brasileiro em grande estilo com o diretor Julio Bressane no longa Brás Cubas, em 1985. Trabalhando tanto em filmes de época quanto em tramas contemporâneas, muitas obras do cinema da retomada levam sua assinatura, como Amores Possíveis, de Sandra Werneck, e O Palhaço, de Selton Mello. Também atua como cenógrafa e diretora.

NATÁLIA DURAN Ela fez cinema nos anos 1980 e foi para a TV Globo em 1993, onde está até hoje. Na emissora, assinou figurinos de novelas como Sinhá Moça, Paraíso Tropical e A Força do Querer, e as minisséries aclamadas O Canto da Sereia, Amores Roubados e Todas as Mulheres do Mundo, nas quais trabalhou em parceria com o figurinista Cao Albuquerque. Ela soma mais de 40 trabalhos realizados na emissora carioca.

VERÔNICA JULIAN Figurinista desde a década de 1990, Verônica começou no cinema independente, fez publicidade e, em 1999, assinou seu primeiro longa-metragem, Castelo RáTim-Bum. Entre seus trabalhos, destaque para as séries Felizes Para Sempre, da Globo, e Coisa Mais Linda, da Netflix; os filmes Bingo, o Rei das Manhãs; Xingu, de Cao Hamburger, e Marighella, de Wagner Moura, e o musical Lazarus, dirigido por Felipe Hirsch.

MARINA FRANCO Figurinista, stylist e apresentadora de TV – do programa Se Essa Roupa Fosse Minha, do GNT –, Marina Franco ganhou recentemente o troféu Grande Otelo, do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, na categoria de melhor figurino pelo filme A Vida Invisível, do diretor Karim Aïnouz. Atuou na área de editorial de moda, retratos, publicidade, teatro, séries e cinema. É dela o figurino da série Bom Dia, Verônica, da Netflix.

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PERFIL

UM OLHAR CRÍTICO

Nome de destaque do cinema documental, a diretora e roteirista Estela Renner leva temas urgentes para seus filmes

É

impossível sair de um filme assinado por Estela Renner sem questionar algumas certezas e rever certas atitudes. A diretora, roteirista e produtora paulistana é um dos maiores nomes do cinema documental hoje e responsável por levar às telas causas urgentes. Em Criança, a Alma do Negócio (2008), por exemplo, ela discute os efeitos negativos da publicidade focada no público mirim; em Muito Além do Peso (2012), joga luz na epidemia de obesidade infantil. Foi quatro anos atrás, porém, com O Começo da Vida, feito em parceria com o Instituto Alana e sua produtora, a Maria Farinha Filmes, que Estela ganhou mais notoriedade. O documentário faz um retrato profundo dos primeiros mil dias da criança e mostra a relevância desse período para seu desenvolvimento, assim como a importância do cuidado com as relações humanas e com o meio ao qual estamos inseridos. Agora, a sequência do filme, O Começo da Vida 2: Lá Fora, que estreia neste mês, na Netflix, com produção sua e direção de Renata Terra, investiga a relação das crianças com o meio ambiente e a necessidade do contato com o verde. “A pandemia escancarou a falta de natureza e a desigualdade social. Uma coisa que falo é: nós somos a natureza, não existe uma natureza lá fora. Quando privamos as crianças desse contato, privamos elas do próprio corpo. Espero que o filme ajude a deixar isso claro. Para muitos, a natureza é uma coisa distante.” A questão ambiental também foi retratada por Estela em Aruanas, série de ficção exibida na Globo em 2019 que mostra a luta de quatro ativistas pela preservação de uma área de reserva na

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Amazônia ameaçada pelo garimpo ilegal. Quando menina, a diretora cresceu vendo a avó paterna com uma filmadora à mão, registrando seus passos no sítio onde dona Cilú morava, no Taboão da Serra (SP). “Ela tinha o poder da história, da escuta, do olhar”, conta Estela, que foi bandeirante na infância. Já mais velha, percorreu de mochilão o Brasil que não se vê nos cartões-postais e encontrou diferentes realidades. Essas experiências somadas ao mestrado em cinema nos EUA, onde fazia filmes sobre a igualdade de gênero, racismo e o antissemitismo, culminou na diretora que é hoje. “Todo mundo deve exercer o ativismo de onde está. É um processo que acontece no coletivo.” n

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POR CAROL SGANZERL A


TRÊS PONTINHOS POR RODRIGO PENNA

BARULHO

ARTE ARQUIVO PESSOAL

Somos governados pelo absurdo. E quando palavras já não dão conta de tanto horror, precisamos desenhar?

RODRIGO PENNA É ATOR, DIRETOR, PRODUTOR, DJ, CRONISTA. O CARA VIVE DAS IDEIAS. A FESTA BAILINHO FOI SÓ UMA DELAS. DEVOTO DA POESIA, ELE ACREDITA NA ARTE, COMO OS ROMÂNTICOS, PORQUE SÓ A VIDA NÃO BASTA

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MEU FEED

PONTO DE BALA É de um ateliê em Bushwick, no Brooklyn, que saem os novos projetos de pintura, neon, vídeo e performance da paulistana Regina Parra. “Tenho trabalhado em vários ao mesmo tempo”, conta. A moradora do East Village compartilha aqui suas inspirações e seu modo de viver durante a produtiva temporada nova-iorquina POR LUCIANA FRANCA

O POSSÍVEL NO IMPOSSÍVEL: realidade O IMPOSSÍVEL NO POSSÍVEL: desejo HÁBITO QUE CULTIVEI NA QUARENTENA: tentei manter os rituais, rotinas e hábitos mesmo quando parecia que o chão não estava mais aqui. Tenho tomado muito vinho também SINTO FALTA… da minha família, dos amigos, dos

vernissages em São Paulo e, claro, do Carnaval

NÃO ME CANSO DE OLHAR PARA… Pope Innocent X, de

[Diego] Velázquez

PARA PREENCHER A ALMA: banho de mar MELHOR LIVRO DOS ÚLTIMOS MESES: Never Let Me Go,

de Kazuo Ishiguro

MEU APLICATIVO FAVORITO É: Star Chart, que

mapeia as estrelas em tempo real. Excelente para ver o céu e estrelas

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NÃO PERCO UM EPISÓDIO DE… a nova série

de Twin Peaks, de David Lynch; assisti inteira. Estou completamente obcecada por ele, revendo todos seus filmes, desde Eraserhead até os curtas que ele coloca no YouTube

NO MEU ESTILO PESSOAL NÃO PODEM FALTAR… lenços e scarfs ÚLTIMO ITEM QUE COMPREI E AMEI: polainas LUGAR INESQUECÍVEL QUE VISITEI: estive

recentemente em uma floresta de pinheiros brancos em uma ilha pequenininha que só se chega de caiaque, em Stonington, no Maine. Foi realmente mágico

A PRÓXIMA VIAGEM QUE GOSTARIA DE FAZER: Brasil, Brasil, Brasil UM OBJETO QUE TROUXE DE UMA VIAGEM: pedras vermelhas, de uma das

ilhas que visitei no Maine

UMA MULHER INSPIRADORA: minha mãe, Gloria PODCAST QUE ESTOU OUVINDO É: A Brush

With…, do The Art Newspaper

O MELHOR PRESENTE QUE DEI RECENTEMENTE: fantoches de bichos selvagens

para minha irmãzinha, Nic

TRATAMENTO DE BELEZA FAVORITO:

noites bem dormidas

FOTOS JOANA CARDOZO/DIVULGAÇÃO; REPRODUÇÃO INSTAGRAM PESSOAL; ARQUIVO PESSOAL; REPRODUÇÃO; GETTY IMAGES; DIVULGAÇÃO

MÚSICA QUE ESTOU OUVINDO NO REPEAT: “Combustível”, de MEU ÍCONE NO CINEMA É: [Andrei] Tarkovsky FILME QUE REVI RECENTEMENTE: Wings of

Desire (Asas do Desejo), de Wim Wenders

OBJETO QUE NUNCA VOU ME DESFAZER:

um pequeno cristal do Tunga que ganhei do [galerista] André Millan e virou um amuleto para mim LUGAR ONDE MAIS GOSTO DE ESTAR: ateliê

UM “ACHADO” RECENTE: a câmera analógica Olympus Stylus, é leve, tem flash e a lente é excelente. Muito boa e fácil para levar para todo lugar

Arto Lindsay

TENHO UMA COLEÇÃO DE:

pedras, de conchas, de bilhetes de amigos, de vinis e de pincéis antigos

SE NÃO FOSSE ARTISTA EU… talvez trabalhasse

com cinema

A ÚLTIMA REFEIÇÃO QUE ME IMPRESSIONOU:

mexilhões muito frescos cozidos com vinho branco e capim-limão, que o Michael [Dudding, meu namorado] preparou nessa nossa última viagem ao Maine

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J.P DE OLHO Produtos feitos à mão, com cuidado e afeto, únicos e cheios de charme P O R A N A EL I S A M E Y ER

JOIAS COM AFETO

Natural de Rondônia e moradora de Belém desde pequena, Barbara Müller, 31 anos, traz em suas criações com design contemporâneo a força do Norte e da Amazônia. Formada em design de produtos pela Universidade do Estado do Pará (Uepa) – onde teve uma experiência no Polo Joalheiro do Pará e no Igama (Instituto de Gemas e Joias da Amazônia), que a fez se envolver com o mundo da joalheria –, gostava, desde criança, de colecionar coisas que encontrava na natureza e na rua, e dar um significado para elas. Barbara quer que as pessoas se sintam bem e sejam livres para criar suas próprias histórias com suas peças, produzidas artesanalmente e com afeto. “Para mim, a joia é uma das formas de arte mais potente que existe porque se conecta diretamente com o corpo.” @B.MULLER_

PONTOS DE AVÓ

Depois que a filha nasceu, Raphaela Jordão, 42 anos, decidiu sair da empresa em que trabalhava como estilista havia seis anos para passar mais tempo com ela. Mas ser só mãe não foi suficiente e decidiu resgatar o hábito de sua avó materna de fazer tapetes. Depois de pesquisar e praticar bastante, a carioca lançou sua marca homônima, na qual cria séries de desenhos geométricos, utilizando simetrias e listras inclusive nos bichos, tudo com uma combinação de cores vibrantes e que podem ser alteradas conforme o desejo do cliente. @RAPHAELA_JORDAO

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BELEZA NA MESA

A chilena Valéria Croxatto queria recomeçar com um novo ofício – de preferência na sua área de desenho industrial –, quando se casou com um brasileiro e mudou para São Paulo, deixando toda a vida para trás. Em 2018, teve seu primeiro contato com a cerâmica e se apaixonou. Inspirada pelo processo em si, suas peças possuem um design contemporâneo e podem ser encomendadas conforme o gosto e a necessidade do cliente que, se quiser, pode participar de toda a manufatura. A próxima etapa é achar tempo para criar uma linha de peças básicas, com cores limitadas, para poder ter um estoque de pronta entrega.

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@VALI_CERAMICAS

PARA TODES

A vontade de continuar trabalhado com algo que ama, mas de uma forma menos acelerada, pensando nas reais necessidades do consumidor e com menos impacto ambiental, foi o mote para a estilista Rafaela Oliveira, 26 anos, começar a pensar em ter sua própria marca no fim do ano passado. Lançada há três meses, a Publik quer levar conforto e representavidade por meio de peças agêneros, multifuncionais, com cores contrastantes e vibrantes, e que se adaptam a quem as vestem. Feitas com matérias-primas de qualidade e sustentáveis, a ideia não é o descarte e sim que durem por muito tempo. @PUBLIKSTORE

BAHIA NOS PÉS

Foi em uma viagem para Salvador que a paulistana Nathalia Grossi, 35 anos, conheceu o trabalho dos artesãos do interior da Bahia e pensou: por que essas peças não estão nos pés de todo mundo? Pensando nisso criou, há dois anos, a Nanag. De maneira totalmente artesanal e sustentável, utilizando essencialmente o couro caprino – animais naturalmente consumidos na indústria alimentícia local –, a marca, além de usar alguns modelos já existentes, desenvolve peças que mesclam a expertise do artesão com seu olhar mais urbano. Atemporais, com poucos modelos e cores lançados no ano, a Nanag é a pedida para quem procura peças únicas com qualidade e história. @NANAG_

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MODO DE V IDA

NO TAMANHO

DA PAZ

A designer de sapatos Paula Ferber busca mais simplicidade, como cozinhar a dois e nadar no lago, no pequeno refĂşgio que escolheu no interior de SĂŁo Paulo por denise meira do amaral


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A

o saber que a conversa seria por chamada de vídeo, Paula Ferber pediu 15 minutos para se arrumar e borrifar uma colônia de verbena pelo corpo. “É psicológico, mas esse cheiro me faz sentir bem”, explica a designer de sapatos. Além de perfumar, essa pequena florzinha lilás, que, inclusive, ameniza a ansiedade e o estresse, também traduz a atmosfera do novo refúgio de Paula durante a quarentena. Ela resgatou seu espírito hippie da adolescência e alugou uma casa de campo dentro da fazenda do arquiteto René Fernandes, no interior de São Paulo – com direito a fogão a lenha, muitas redes e verde a perder de vista. A “casinha de duende”, como Paula define, é pequena e exemplifica bem o conceito de luxo do momento: simples e minimalista. “Tenho meia dúzia de talheres, meia dúzia de pratos e um jogo de panelas. Quis ter essa experiência de viver com menos em meio à natureza”, explica. De cor vermelho barro por fora, portas verdes e madeiras de demolição reaproveitadas do próprio local, que era um antigo haras, a propriedade conta com dois quartos – um da filha Júlia, de 25 anos –, uma sala integrada com a cozinha e um lago na área externa, onde Paula costuma

Acima, uma grande mesa de madeira para refeições ao ar livre e cadeiras diferentes para compor o mesmo ambiente. Abaixo, a designer Paula Ferber na “casinha de duende”, como chama o lugar que alugou

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Detalhes da decoração com objetos de artistas brasileiros, como a cadeira de balanço artesanal trazida do sertão de Alagoas. Abaixo, fogão a lenha

“Tenho meia dúzia de talheres, meia dúzia de pratos e um jogo de panelas. Quis ter essa experiência de viver com menos em meio à natureza”, Paula Ferber

nadar com o namorado, o empresário Paulo Veloso. “É um clássico nadar no lago, virou nossa superpiscina”, conta. Ela ainda lista outras atividades preferidas na casa: cozinhar a quatro mãos com Paulo, beber vinho na lareira, pedalar pela fazenda e jogar beach tennis no campinho. Apesar de rústica, a casa tem muito charme graças à decoração escolhida a dedo: um banco do artista alagoano André da Marinheira, cadeira de balanço artesanal trazida da Ilha do

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Acima, redes para dois, banco do artista alagoano André da Marinheira e escultura de mulher com frutas na cabeça do sergipano Véio

limite como sociedade, beirando uma grande depressão coletiva. É muito importante repensarmos nosso modo de vida”, analisa. A escolha do campo para passar parte da semana reflete um modus operandi que já é constante em sua marca de sapatos e em sua linha casa, que levam o seu nome. “Acredito na sustentabilidade não só como sobrevivência, mas como uma condição para o futuro”, diz. Vale lembrar que seus sapatos ficaram conhecidos por utilizar matérias-primas de diversas regiões do Brasil, com um mix benfeito entre sofisticação e técnicas artesanais. n

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Ferro, sertão de Alagoas, escultura de uma mulher com frutas na cabeça do sergipano Véio, uma escrivaninha antiga herdada da avó e um lustre de vitrais bem anos 1970, que pertencia à mãe de Paulo. Uma lagoa de lótus, um pouco mais à frente da casa, é o grande eixo espiritual da fazenda. É lá que Paula medita no mais absoluto silêncio. “A pandemia foi muito difícil para todos, principalmente para quem é do varejo, como eu. Mas acho também que ela veio para fazer as pessoas pararem. A gente estava chegando no

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J.P V I A JA

Um cantinho escondido no México, Paraty com novidades e glampling no Marrocos POR ADRIANA NAZARIAN

COLEÇÃO

Algumas experiências são tão marcantes que precisam de meses de planejamento, então que tal já organizar o calendário de 2021? O grupo ZANNIER, que tem hotéis especiais em destinos únicos, planeja abrir, em breve, um refúgio à beira-mar no Vietnã. Batizado de BÃI SAN HÔ, o novo endereço fica em uma península cercada por plantações de arroz, montanhas verdinhas e praias paradisíacas. Dá para passar o dia entre aulas de ioga, partidas de tênis e uma série de atividades pé na areia ou aquáticas, da raquetinha aos passeios de catamarã. Mas quem quiser deixar o paraíso pode conhecer os vilarejos de pescadores, fazendas dedicadas às ostras. templos e ruínas da região. +ZANNIERHOTELS.COM

fotos divulgação

SOL E ÁGUA FRESCA

Para os fãs da Bahia em busca de opções além-Trancoso, a dica é uma casa com serviço de hotel na região da Península de Maraú. A KA BRU SUNSET é a vila privativa mais nova do grupo KA BRU, que conta com um hotel-butique e outras propriedades na região. Com um jardim à beira-mar, a casa tem uma suíte, piscina e um pequeno píer para quem gosta de embarcar em passeios pelas águas baianas. Para casais em busca de privacidade total. +KABRUBRAZIL.COM


NOVA VERSÃO A Pousada do Sandi, uma das mais

conhecidas de Paraty, completa 30 anos em grande estilo. Depois de uma ampla reforma, a propriedade que ocupa um casarão histórico do século 18 – lá já foi a Casa da Moeda e a primeira escola do local - reabre suas portas com novidades. Para começar, o café da manhã ganhou opções especiais como kombucha e cold brew coffee. A pousada agora tem uma agência interna para oferecer aos hóspedes experiências únicas, incluindo um tour de corrida e roteiros temáticos. Além da reforma das suítes, outro destaque é a sala que guarda uma pequena mostra de Carmen Miranda, com objetos comprados em leilão pelos proprietários, grandes entusiastas do cinema.

NO MEIO DO NADA Depois de tanto tempo sem

viajar, nada melhor do que retomar os planos com uma temporada no deserto do Marrocos – noites sob o céu estrelado, isolamento social e muito ar livre. A 35 quilômetros de Marrakesh, o SCARABEO é um glamping na menos conhecida região de Agafay, com vista de 360 graus para um deserto de pedras e a cordilheira do Atlas. São 15 cabanas, um restaurante à luz de velas especializado nas delícias marroquinas e uma série de atividades pela região como observação de estrelas ao lado de um astrônomo, trekking e aula de ioga. +SCARABEOCAMP.COM

+POUSADADOSANDI.COM.BR

VIVA LA VIDA!

Se for ao México, inclua no roteiro alguns dias na fervilhante OAXACA . A cidade é conhecida por honrar a cultura e as tradições do país, da comida ao artesanato, passando pelo mezcal – espere por uma sucessão de barzinhos especializados na bebida. O hotel ESCONDIDO, nova empreitada do grupo HABITA , é daqueles cantinhos imperdíveis: bar, restaurante e piscina ocupam um antigo prédio restaurado. Entre os restaurantes, o CASA CRIOLLO faz mágica com ingredientes locais. E para conhecer o rico trabalho das artesãs, a dica são passeios feitos pela Fundação En Vía, que oferece programas educacionais para mulheres das comunidades da região. +CRIOLLO.MX, ENVIA. ORG, ESCONDIDOOAXACA.COM

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PAUS A

O D O Ã R E V O G E S S O S Quatro destinos nacionais à beira-mar que estão na mira nesta temporada de sol e calor LU CI A N A F R A N C A

O desejo de estar em uma paisagem paradisíaca para descansar a mente e salgar o corpo em águas transparentes, somado ao fato de muitas fronteiras internacionais ainda estarem fechadas, faz as atenções se voltarem aos destinos brasileiros. Barra Grande, no Piauí, é um deles. Mais especificamente o povoado de Barrinha, a 2 km de lá, em frente à lagoa do Santana, que enche com a maré do mar. É onde fica a Casa Rio da Barra, um refúgio especial com quatro suítes e que faz parte do projeto Chão Piauí, idealização de uma comunidade sustentável que vai além do turismo, por meio de vivências e saberes ancestrais. Para quem quiser se aventurar no kitesurfe, é possível contratar um professor local. E há restaurantes rústicos e gostosos em Barra Grande.

MORERÉ • Bahia A pequena vila de pescadores ainda mantém seu aspecto preservado e muito tranquilo apesar do vaivém de turistas na Ilha de Boipeba, onde está localizada. As piscinas naturais são o maior atrativo da região, perfeitas para a prática de snorkeling. Passeio de canoa pelo manguezal, caminhadas por faixas de areia vazias e restaurantes de frutos do mar ocupam os dias de sossego garantido.

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FOTOS GETTY IMAGES; DIVULGAÇÃO CASA CHÃO; DIVULGAÇÃO

BARRINHA • Piauí


PRAIA DO PATACHO • Alagoas Na Costa dos Corais, pertinho de São Miguel dos Milagres, fica um destino bem menos manjado e explorado – e tão lindo quanto: a praia do Patacho, que pertence ao município de Porto de Pedras. Praias quase desertas com areia fina, água transparente, muitos coqueiros e piscinas naturais compõem o cenário perfeito para dias de descanso total. Com a crescente procura por hospedagem em casa exclusiva, cheia de charme, com todas as mordomias à disposição e jardim que chega até a praia, a Casa Patacho virou hotspot.

SANTO AMARO DO MARANHÃO • Maranhão Não há lugar no mundo que tenha uma paisagem parecida com a dos Lençóis Maranhenses, onde dunas de areia branca, lagoas de água doce, proveniente da chuva, e vento constante se replicam por mais de 1.500 metros quadrados, à beira do mar. Para ter uma ideia, o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses tem quatro vezes o tamanho da Suíça. Menos óbvio que Atins e Barreirinhas, Santo Amaro do Maranhão virou destino de gente bacana para chegar às lagoas com mais tranquilidade. O município é bem simples, com algumas opções de restaurantes e pousadas espalhadas, não há um centrinho turístico e muito menos agito noturno. Santo Amaro é para quem busca um lugar mais selvagem e ganha como recompensa lagoas praticamente desertas.

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HORÓSCOPO POR GIOVANNA LOSS ILUSTRAÇÕES PAULO VON POSER

Energia do mês O tarô nos pede paciência. Nossa mente busca sentimentos renovados e novidades excitantes, mas nem sempre é o que conseguimos. A consequência quando não realizamos nossos desejos é impaciência e sensação de que estamos fazendo algo errado ou até carregando um peso nas costas. Novembro vem com a mensagem de que precisamos ter calma. Para alcançarmos nossas expectativas, precisamos primeiro trabalhar para resgatar a força que habita dentro de nós e confiar no caminho que a vida trará, pois há muito fora de nosso alcance. Antes de desejar o mundo, como o tarô nos aconselha, vamos por partes: precisamos, primeiro de tudo, olhar para nós mesmos e deixar para trás nossa bagagem, traumas, medos e inseguranças.

amor, a dificuldade de encontrar o que deseja o incomodará. Não se entregue para a ansiedade que essa fase traz. Em vez de focar na negatividade deste momento, entenda que é apenas um período de transformações.

ÁRIES (21/3 a 20/4) Situações do passado reaparecem este mês para que o ariano possa resolvê-las. É hora de seguir em frente com maior foco e controle das ações. Em novembro, aquilo que o deixava confuso não terá mais espaço em sua vida e você encontrará seu equilíbrio próprio. Assim, poderá recomeçar deixando de lado discussões e ansiedade. TOURO (21/4 a 20/5) A perspectiva sobre a vida amorosa do taurino é motivo de apreensão este mês. Ao mesmo tempo em que está buscando novidades no

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GÊMEOS (21/5 a 20/6) Algo não resolvido pode ser motivo da tristeza a que você tenta não dar ouvidos. Mesmo que sinta que não pode lidar com o que o machuca, é preciso entender que quanto mais esse problema é ignorado, maior confusão é criada em sua mente. O tarô de novembro mostra que você tem meios para melhorar essa questão se tomar a atitude que vem sendo prorrogada. Ouça sua intuição. CÂNCER (21/6 a 22/7) Este mês o canceriano terá vontade de buscar aquilo que falta em sua vida. Porém, em razão de seu lado racional falar mais alto que sua vontade, você não saberá agir, e, provavelmente, duvidará de suas ações ao pensar demais. A vida, por outro lado, trará equilíbrio entre os desejos e a necessidade de segurança pessoal. Dessa forma, é possível que você seja surpreendido por sentimentos e novidades emocionantes.

LEÃO (23/7 a 22/8) Pode ser que você esteja ligado a alguém que faça com que se sinta preso. A falta de encantamento e de afeto na vida amorosa, mesmo que traga uma sensação de vazio, fará com que você busque novos horizontes e trabalhe em sua própria transformação e crescimento. Tome cuidado, após lidar com essa energia, para não se fechar às novas pessoas que poderão surgir rapidamente em sua vida. VIRGEM (23/8 a 22/9) Parcerias positivas aparecerão para o virginiano em novembro. Por meio dessas relações é possível que, ao longo do tempo, você encontre estabilidade para sua vida. Há possibilidade, porém, que um bloqueio apareça e não deixe que essa relação se firme neste momento, o que o deixará desapontado. Não ouça suas inseguranças e trabalhe mais com sua intuição. LIBRA (23/9 a 21/10) Este mês o libriano estará um pouco impaciente. Você não quer mais enfrentar uma situação que há tempos o incomoda provavelmente em sua vida amorosa. Há um certo cansaço em lidar com isso e você não quer mais esperar que esse


problema seja resolvido por si só. Em novembro, estará decido a tirar todo o peso das costas para trabalhar apenas em si mesmo, sem dar espaço a outras pessoas.

ESCORPIÃO (22/10 a 21/11) Mês positivo para o escorpiano. Oportunidades sentimentais aparecerão e trarão harmonia. Alguém poderá voltar a sua vida neste momento, deixando para trás problemas que o afetavam. Há, porém, um bloqueio que fará com que ainda sinta dificuldade de recomeçar sozinho ou com esta pessoa. Mesmo que esse retorno seja positivo, tome cuidado para não se prender muito ao passado. SAGITÁRIO (22/11 a 21/12) Ainda com foco nos relacionamentos, é possível que você se sinta bem este mês ao encontrar alguém que o deixará um pouco balançado. A dificuldade, porém, é que mesmo que você tenha várias opções batendo à porta, nenhuma delas o deixa realmente interessado e isso pode ser um ciclo que acontece há algum tempo. Apesar deste período o deixar desanimado, saiba que a vida intencionalmente o coloca nessa posição para aprender a acalmar sua intensidade.

CAPRICÓRNIO (22/12 a 20/1) Há barreiras que o impedem de seguir sua felicidade, pois você vem procrastinando lidar com problemas que precisam ser resolvidos. Como a vida está um pouco tediosa, é possível que você busque mudanças sem pensar muito nas consequências e, por conta disso, parcerias significativas podem se romper. As rupturas, no entanto, tirarão

o senso de estagnação e com o tempo você evoluirá.

AQUÁRIO (21/1 a 19/2) O que te impulsiona este mês é a vontade de deixar as mágoas para trás. Há situações na vida que parecem intermináveis e que o deixa desconfiado – como uma falsa amizade ou a sensação de que alguém não está sendo honesto. Novembro trará justiça e você tentará finalizar este ciclo buscando paz para suas relações e novos inícios.

PEIXES (20/2 a 20/3) Cuidado para não se tornar escravo de seus desejos este mês. Você estará impaciente e querendo lutar para receber justamente aquilo que merece, e isso pode ser cansativo. Seu foco será tirar tudo o que não cabe mais em sua vida e que não tem solidez para você. Mesmo que esteja ansioso por mudanças, aguarde antes de agir para refletir melhor e trabalhe para que um novo ciclo se inicie.

LEIA AS PREVISÕES SEMANAIS EM GL AMURAMA.COM

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J.P NAS REDES CARTAS@GLAMURAMA.COM

A VOZ DO BRASIL @anacarolinagoncalves5 O maior pensador... E pensa com arte! Isso é foda!

P

MARCAS DO MÊS Alê Alvarenga + ALEALVARENGA.COM

@caroolline_s E dar outro sentido pra frase: Tinha que ser preto!

Andrea Marques + ANDREAMARQUES.COM

@viajapedro Muita luz para combater o ódio diário que vivemos! Muita luz

Chloé + CHLOE.COM

Andrea Muller + ANDREA-MULLER.COM Antonio Bernardo + ANTONIOBERNARDO.COM.BR Bottega Veneta + BOTTEGAVENETA.COM.BR Dpot + DPOT.COM.BR FAS Iluminação + FASILUMINAÇÃO.COM.BR Haight + HAIGHT.COM.BR Julio Okubo + JULIOOKUBO.COM.BR Le Soleil D’été + LESOLEILDETE.COM Le Creuset + LECREUSET.COM.BR Lenny Niemeyer + LENNYNIEMEYER.COM.BR Lumini + LUMINI.COM.BR Manufact + MANUFACT.COM.BR Pantys + PANTYS.COM.BR Salvatore Ferragamo + FERRAGAMO.COM Tommy Hilfiger + BR.TOMMY.COM Trousseau + TROSSEAU.COM.BR

AMOR E ARTE @luisaarraes Uma matéria dessas que não faço há anos, com direito a retrospectiva e tudo. A gente conversou sobre tanta coisa, desde o início dessa vida até hoje e como isso tem aparecido nos trabalhos que tenho feito durante a pandemia. Normalmente fico apavorada de falar da vida, mas contaria tudo de novo. facebook.com/revistajp

76 J.P NOVEMBRO 2020

Obtenha os endereços e telefones das marcas aqui listadas através do aplicativo gratuito Siter. No aplicativo, basta escanear este código de barras: ISSN 1980-3206 00166

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FOTOS MAURÍCIO NAHAS; JORGE BISPO

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CABALA POR SHMUEL LEMLE shmuel@casadakabbalah.com.br

BÊNÇÃO É CONTINUIDADE A Torá é dividida em porções semanais. A cada semana do ano se estuda uma das porções, num ciclo anual. A última se chama “E Esta é a Bênção”. Depois dessa leitura, imediatamente se lê o começo da primeira porção, Gênesis. Não deixamos chegar ao fim. Assim que termina, já começa de novo. O fim é um novo início. Para ter bênçãos em nossa vida precisamos saber criar uma continuidade e não nos contentar com objetivos finitos. Costumamos ficar tristes quando enfrentamos algum fim, seja de uma relação, de uma amizade ou de um trabalho. Sentimos medo e somos tomados pela dúvida: “Como vai ser?”. Nessa hora, precisamos confiar no sistema. Sempre que alcançamos aquilo que parece ser um fim, é logo antes de um novo começo. O que parece um beco sem saída acaba se transformando numa bênção. Não caia na consciência da finitude. O fim é um novo começo. Em outras ocasiões, temos sucesso e realizações, e por isso nos acomodamos, achamos que já basta. Não se acomode. Eu tenho uma palavra mágica: next. Próximo. Cruzou uma ponte, alcançou um objetivo, next, qual a próxima meta. Não é bom ter objetivos finitos. Em tudo que você coloca energia procure ver crescimento contínuo, infinito. Por exemplo, se você está investindo em um relacionamento, você vê como esse relacionamento pode ter crescimento contínuo para sempre? Tem potencial para isso? Ou você diz: “Tudo bem, é o que tenho agora, não vai crescer muito, mas também nem tenho essa expectativa”. Esse pensamento não vem da Luz. Para vir da Luz precisa gerar frutos e continuidade.

REALIZAÇÃO

hei

bet

mem

visualizar da direita para a esquerda

NOVEMBRO 2020 J.P 77


ENTRE LENÇÓIS POR ROBERTA SENDACZ

Catou brinquedo de criança para falar de adulto. E mais, entrou no universo do lúdico vislumbrando a guerra. Este é Hans Bellmer, artista vanguardista europeu, nascido em 1902, em Berlim. Toda parafernália de sua produção era para ir contra a ideologia mainstream, rejeitando, assim, a autoridade do país envolto com problemas políticos em 1933. Não era de direita ou de esquerda, porém era contra a ascensão do então desconhecido nazismo na Alemanha. Sua grande obsessão era criar um ser artificial, a boneca, no qual investia suas esperanças e desejos em meio ao cenário da guerra, como mostra Hans Bellmer, livro editado por Michael Semff e Anthony Spira (editora Hatje Cantz). Era um entusiasta do ensino: além de seu interesse pela psicanálise, Bellmer também estudou geometria e linguística. Usando corpos mutilados e experimentando com a linguagem, criou a série de bonecas esquartejadas. Era tido como um “alienígena” na época da guerra. Parece não ter habitado o seu lugar na sociedade. Não se colocava sob as leis. Do lado do amigo Max Ernst, dadaísta e surrealista, era considerado também um estrangeiro alienado, descreve o livro. “Em 1933, Bellmer abandona definitivamente a profissão de de-

senhista industrial para se dedicar aos ‘jogos indeterminados da boneca’”, conta Eliane Robert Moraes, estudiosa de literatura e arte. “Ao obscurantismo e à violência do nazismo, Bellmer opõe o espetáculo escandaloso da menina desarticulada, com seu corpo dócil e todas as transformações, dotado de uma liberdade sem limites”, continua Eliane. Bellmer começou a pensar na boneca no começo da década de 1930, em Berlim. O ano de 1934 foi o auge da produção; começou explorando os limites dos modelos convencionais de “poupée” em desenhos. Depois, toda energia do artista migrou para o próprio objeto. Em uma aproximação de Freud, suas bonecas representam a angústia por temor à castração. Diferentes umas das outras, influenciaram muitos artistas plásticos. Hans Bellmer é contra a atividade social, contra o instituído. Assim se nivela aos colegas de surrealismo que já haviam passado pelo dadaísmo. Trazer para dentro o que está fora é a interiorização da guerra. O MoMA, Museu de Arte Moderna de Nova York, dispõe de 26 trabalhos de Bellmer. Cindy Sherman, grande artista americana contemporânea, se baseou no alemão para fotografar suas personagens femininas. Anos de pesquisa. Parece fácil, porém exige ler o livro e a realidade. “Nessa qualidade (de objeto da guerra), os brinquedos desmontáveis de Bellmer subvertem a própria natureza da máquina: eles não são réplicas do funcionamento sem sentido de uma sociedade perversa, mas, antes, funcionam como um barômetro de descrença e de revolta”, diz Eliane. E o erotismo? Reside na materialidade do trabalho de Bellmer, nas próprias bonecas dilaceradas. n

ROBERTA SENDACZ É JORNALISTA, MAS SE ENCONTROU NA FILOSOFIA. GOSTA DE EXPERIMENTAR TUDO O QUE FICA VELADO

78 J.P NOVEMBRO 2020

FOTOS FERNANDO TORRES; REPRODUÇÃO

As bonecas rebeldes de Hans Bellmer


AGRADECIMENTOS VINI KILESSE Em sua primeira capa para a J.P, o maquiador realçou a beleza de Marjorie Estiano

FOTOS REPRODUÇÃO; ARQUIVO PESSOAL; DIVULGAÇÃO; RODRIGO FONSECA /ARQUIVO PESSOAL; BENTO GUIMARÃES/ARQUIVO PESSOAL

FELIPE VELOSO O stylist traduziu a personalidade da atriz curitibana na escolha de um visual clean

MONA SUNG A designer emprestou seu talento e ajudou a diagramar esta edição

NINA RAHE escreveu sobre Taísa Machado, do Afrofunk Rio, e a potência do seu rebolado

PEDRO ALEXANDRE SANCHES relembrou os ícones da contracultura que chacoalharam as estruturas

ZÔ GUIMARÃES fotografou Taísa Machado no Largo dos Guimarães, no Rio

JORGE BISPO clicou nosso ensaio de capa ao ar livre, no Jardim Botânico, bairro onde vive

NOVEMBRO 2020 J.P 79


Ú LT I M A PÁ G I N A

MARIA BOPP, Blogueirinha do Fim do Mundo A atriz e cineasta de 29 anos tem como alter ego a Blogueirinha do Fim do

Mundo, um fenômeno no Instagram que explodiu na pandemia. Com crítica social e muita ironia, a paulistana Maria Bopp explica, por exemplo, a atual situação política do país com um tutorial de maquiagem. Debochando das influenciadoras digitais, ela se tornou uma, com quase meio milhão de seguidores. “O tiro saiu pela culatra, né?”, diz, com bom humor. por fernanda grilo

Turma da Mônica em 13 segundos. J.P: QUANDO MENTE? MB: Na análise. Brincadeira... J.P: RIR É O MELHOR NEGÓCIO OU RIR PARA NÃO CHORAR? MB: Rir para não chorar. Descobri no

riso uma boia em que me seguro. J.P: VOCÊ IRONIZA AS INFLUENCIADORAS DIGITAIS, MAS FAZ SUCESSO COMO INFLUENCIADORA. COMO LIDAR COM ISSO? MB: O tiro saiu pela culatra, né? J.P: SENTE O PESO DA RESPONSABILIDADE? MB: Como falo de política, agora,

com as eleições, vi minha responsabilidade aumentar. Tenho medo do cancelamento, então evito ser invasiva ou falar daquilo que não sei . J.P: POR QUE TEM RECEIO DE SER CANCELADA? MB: Sei dos privilégios que tenho até

por ser loira, de classe média alta, mas não quero ser uma sem noção e me descuidar por algum motivo que não está no meu radar. J.P: QUEM GOSTARIA DE CANCELAR? MB: Sara Winter, os MBLs... Imagina

se pudesse apertar um botão de ‘mute’ nessas pessoas equivocadas e perigosas? J.P: O MUNDO ACABOU E A GENTE NÃO PERCEBEU? MB: Está em processo. J.P: O QUE É O FIM DO MUNDO PARA VOCÊ? MB: Um governo com falta de

liderança no meio de uma pandemia sem precedentes, sem saber o que

80 J.P NOVEMBRO 2020

é certo e errado, que normaliza a morte. J.P: A PRIMEIRA COISA QUE VAI FAZER QUANDO A PANDEMIA ACABAR? MB: Uma festa com o tema: trin-

tou e vacinou. Tenho até medo de tanta festa que vai ter. Pretendo ir ao posto de gasolina com roupa de Carnaval, mesmo sem gostar de Carnaval e nunca mais vou negar um rolê. J.P: O QUE DIRIA PARA O CORONAVÍRUS? MB: Vai tomar no meio do c*. Já

entendemos o recado, recolha-se. J.P: VÍDEO DOS SONHOS? MB: Me infiltrar em uma mani-

festação a favor do Bolsonaro para mostrar como as pessoas se comportam, mas tenho medo de me esculacharem. J.P: FAKE NEWS QUE AJUDARIA A ESPALHAR? MB: Bolsonaro mandando todo

mundo usar a máscara e também que ele é de esquerda. J.P: O QUE NÃO SAI DA SUA CABEÇA? MB: Bolsonaro vai ser reeleito? J.P: COMO ANDA SUA CRIATIVIDADE NA QUARENTENA? MB: No início, achei que tinha que

ser muito produtiva para surfar essa onda. Na “segunda temporada” da quarentena, entendi que é um momento atípico e não preciso me forçar a nada. Rola uma cobrança do bem, mas às vezes quero ser a Maria e não a Blogueirinha. J.P: APRENDEU ALGUMA COISA DURANTE O ISOLAMENTO? MB: Cozinhar. Detesto e sempre foi

só para sobreviver. Prova o quanto

somos adaptáveis. J.P: MANIA? MB: Roer unha. J.P: VÍCIO? MB: Sou chocólatra. Inclusive estou

em uma fase de abstinência porque preciso emagrecer por causa de um papel... J.P: SE PUDESSE MUDAR ALGUMA COISA EM VOCÊ, O QUE SERIA? MB: O vício em celular. Sou mais

desconcentrada agora. J.P: UMA EXTRAVAGÂNCIA? MB: Em 2018, me chamaram para

fazer um trabalho na Europa por três dias. Aproveitei que a passagem estava paga e fiquei 20. Riqueza total. J.P: UMA FRASE? MB: “O que ela (a vida) quer da gente é

coragem.” Frase final de um texto de Guimarães Rosa. J.P: O QUE UMA MULHER FAZ QUE O HOMEM NÃO FAZ DE JEITO NENHUM? MB: Acho muito “de jeito nenhum”. J.P: UMA PESSOA? MB: Gosto de gente. J.P: COMO GOSTARIA DE MORRER? MB: Rápido, velha e dormindo. J.P: DO QUE SENTE SAUDADE? MB: Da minha avó, Maria Elvira, que

morreu no meio da pandemia. É uma saudade recente. J.P: QUEM É O INFLUENCER DOS INFLUENCERS? MB: As pessoas que eu gosto não vi-

vem disso, mas me influenciam pelo conteúdo: Djamila Ribeiro, Gabriela Prioli e mais.

FOTO MARIANA CALDAS/DIVULGAÇÃO

J.P: UM TALENTO QUE NINGUÉM CONHECE? MARIA BOPP: Sei desenhar o Bidu da


Política, economia e negócios. A principal fonte de informação de grandes líderes e formadores de opinião em um novo site

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