Revista J.P | Edição 167

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J.P DE DZEEEZZM M B RO RO2 02220002200| J||AJJN ENIEERO N.1 6 76677 D EEM BBRO AAN IIRO RO2 02220012211N.1 N.1

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CHARME CHARMEE EPROPÓSITO PROPÓSITO

ELA ELA TEM FORÇA ELATEM TEMAA AFORÇA FORÇA

XUXA XUXA

AA REINVENÇÃO DE UM MITO AREINVENÇÃO REINVENÇÃODE DEUM UMMITO MITO N. 167

COMO COMO UMA ONDA NO MAR COMOUMA UMAONDA ONDANO NOMAR MAR UM UM GUIA DO QUE VER, OUVIR UMGUIA GUIADO DOQUE QUEVER, VER,OUVIR OUVIR EEECONSUMIR CONSUMIR PARA DEIXAR CONSUMIRPARA PARADEIXAR DEIXAR AAAALMA ALMA MAIS MAIS LEVE LEVE ALMA MAIS LEVEEEEOO O ESPÍRITO ESPÍRITO MAIS LIVRE ESPÍRITOMAIS MAISLIVRE LIVRE EEEOO AMANHÃ? OAMANHÃ? AMANHÃ? TÁ TÁ DURO, HEIN? TÁDURO, DURO,HEIN? HEIN? OO PSICANALISTA PSICANALISTA O PSICANALISTA CHRISTIAN CHRISTIAN DUNKER CHRISTIANDUNKER DUNKER PREVÊ PREVÊ UM 2021 PREVÊUM UM2021 2021 DRAMÁTICO DRAMÁTICO DRAMÁTICO EEEDIZ DIZ QUE DIZQUE QUEAAA SOLIDARIEDADE SOLIDARIEDADE SOLIDARIEDADE ÉÉÉOO INÍCIO DA OINÍCIO INÍCIODA DA TRANSFORMAÇÃO TRANSFORMAÇÃO TRANSFORMAÇÃO

EEEMAIS: MAIS: UM OLHAR DIFERENTE SOBRE ÂNGELA DINIZ; MAIS:UM UMOLHAR OLHARDIFERENTE DIFERENTESOBRE SOBREÂNGELA ÂNGELADINIZ; DINIZ; OO SURFE, SURFE, ESSA ESSA VONTADE VONTADE ETERNA ETERNA QUANDO QUANDO CHEGA CHEGA O O VERÃO; VERÃO; O SURFE, ESSA VONTADE ETERNA QUANDO CHEGA O VERÃO; OO ESTILO DE MARIA LUIZA JOBIM; OS AVANÇOS DA LUTA OESTILO ESTILODE DEMARIA MARIALUIZA LUIZAJOBIM; JOBIM;OS OSAVANÇOS AVANÇOSDA DALUTA LUTA ANTIRRACISTA ANTIRRACISTA EM 2020 ALTO-ASTRAL DE AILTON GRAÇA ANTIRRACISTAEM EM2020 2020EEEOO OALTO-ASTRAL ALTO-ASTRALDE DEAILTON AILTONGRAÇA GRAÇA

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O novo shopping do s Jardins. Mais em: w w w.cjfashion.c om

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OVO >N > Rua Haddo ck L ob o, 1.6 2 6

J S HO P

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J.P CHARME E PROPÓSITO

DIRETORA-GERAL JOYCE PASCOWITCH joyce@glamurama.com EDITORA-EXECUTIVA Carol Sganzerla carol@glamurama.com EDITORA Luciana Franca luciana@glamurama.com EDITORA DE ESTILO Ana Elisa Meyer anaemeyer@glamurama.com EDITORES DE ARTE David Nefussi davidn@glamurama.com Jefferson Gonçalves Leal jeffersonleal@glamurama.com FOTOGRAFIA Carla Uchôa Bernal carlauchoa@glamurama.com Claudia Fidelis (tratamento de imagem) PRODUÇÃO Meire Marino (gestora) meiremarino@glamurama.com Wildi Celia Melhem (produtora gráfica) celia@glamurama.com Inácio Silva (revisão) Luciana Maria Sanches (checagem) COLABORADORES Adriana Nazarian, Aruan Viola, Dalton Costa, Daniela Arrais, Denise Meira do Amaral, Edduh Moraes, Fabio Bartelt, Fernanda Grilo, Fernando Torquatto, Fernando Torres, Giovanna Loss, Isabelle Tuchband, Julia Vargas, Kiki Garavaglia, Luisa Matsushita, Marcelo Cavalcante, Marina Linhares, Mona Sung, Nina Rahe, Paulo Freitas, Paulo von Poser, Roberta Sendacz, Rodrigo Penna, Ruy Teixeira, Shmuel Lemle

PUBLICIDADE MULTIPLATAFORMA GERENTES MULTIPLATAFORMA Laura Santoro laura.santoro@glamurama.com Maria Luisa Kanadani marialuisa@glamurama.com Roberta Bozian robertab@glamurama.com

publicidade@glamurama.com tel. (11) 3087-0200 MARKETING

Aline Belonha aline@glamurama.com Juliana Carvalho juliana@glamurama.com Tânia Belluci tania@glamurama.com

assinaturas@glamurama.com tel. (11) 3087-0250 ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS Carlos Melo (Diretor) carlosmelo@glamurama.com Clayton Menezes clayton@glamurama.com Heberton Gonçalves heberton@glamurama.com Hércules Gomes hercules@glamurama.com Renato Vaz renato@glamurama.com

DISTRIBUIÇÃO EM BANCAS: Distribuída por RAC Mídia Editora Ltda. ME – 11-98145-7822 CTP, IMPRESSÃO E ACABAMENTO: Coan Indústria Gráfica. REPRESENTANTES DE PUBLICIDADE Belo Horizonte: Norma Catão - tel. (31) 99604-2940 Fortaleza: Aurileide Veras - tel. (85) 99981-4764 Porto Alegre: Lucas Pontes - tel. (51) 99309-1626 GLAMURAMA EDITORA LTDA. Rua Cônego Eugênio Leite, 282, Jardim América, São Paulo, SP CEP 05414-000. Tel. (11) 3087-0200


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J.P

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Em um veleiro, o casal Raíssa Teles e Christof Brockhoff promove residências artísticas

FOTOS ACERVO PESSOAL KIKI GARAVAGLIA; JULIA VARGAS; RUY TEIXEIRA; REPRODUÇÃO INSTAGRAM PESSOAL; DIVULGAÇÃO

CHARME E PROPÓSITO

NESTE NÚMERO 6 RADIOGRAFIA 7 EDITORIAL 10 J.P ENTREGA 12 MÊS BOM PARA 13 FINA ESTAMPA

Raiana Pires encontrou em um estágio no Centro de Atenção Psicossocial a potência para criar a marca Psicotrópica 14 16

J.P ADORA SUAVE NA NAVE

Xuxa ganha os holofotes antes de realizar o desejo de morar no mato 24

GUERRA E PAZ

O psicanalista Christian Dunker discorre sobre os efeitos da pandemia 28

UM OUTRO OLHAR SOBRE A PANTERA ÂNGELA DINIZ

ALMA LEVE

Inspirações para deixar o espírito livre 43

TRÊS PONTINHOS

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J.P DE OLHO J.P VIAJA HORÓSCOPO CABALA

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AGRADECIMENTOS ÚLTIMA PÁGINA

Por Shmuel Lemle

O bom humor de Ailton Graça

Por Rodrigo Penna 46

DEU ONDA

Mais do que um esporte, o surfe é um estilo de vida 50 54 58 60

MEU FEED CORPO E ALMA FERNANDO TORQUATTO ENTRE LENÇÓIS

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NOTAS SOBRE O ENCANTAMENTO

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A PERDER DE VISTA

Por Roberta Sendacz

Por Daniela Arrais Como Marina Linhares transformou a casa de família meio abandonada na Serra da Bocaina

AVANTE!

Nivia Luz, Jaqueline Conceição e Liliane Rocha falam dos avanços na luta antirracista 32

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urbana por uma casinha em Garopaba

A CÉU ABERTO

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JARDIM OSTENTAÇÃO

Seis it-plantas que fazem do lar uma selva particular 70

BARRACO PARA UM

Luisa Matsushita conta por que trocou a vida

Kiki Garavaglia conta as facetas da socialite cujo assassinato, em 1976, foi tema do podcast do ano

XUXA Foto Fabio Bartelt, styling Marcelo Cavalcante, beleza Edduh Moraes. Body e escarpim Le Lis Blanc, joias Miranda Castro

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NA REDE: facebook.com/revistajp @revistajp

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@revistajp


A P R E S E N TA :

VISITE A LOJA NO IGUATEMI SÃO PAULO.

PISO FARIA LIMA


I G U AT E M I


RADIOGRAFIA

6 J.P DEZEMBRO 2020 | JANEIRO 2021

FOTOS DIVULGAÇÃO

DALTON COSTA

Acumulador assumido, o artista Dalton Costa reúne há mais de 20 anos objetos que encontra na calha do rio São Francisco ou em suas viagens dentro e fora do país, nas comunidades ribeirinhas do Nordeste ou mesmo no Peru. São mais de 2 mil peças divididas em três ateliês – dois na cidade de Maceió e um em Ilha do Ferro, no sertão alagoano –, que variam de pequenos exemplares, como pedras preciosas, a partes desmontadas de uma velha embarcação. Muitos desses achados são o ponto de partida para a criação de obras de arte, como os ex-votos trazidos de Garanhuns (PE) e Juazeiro do Norte (CE), que culminaram na série Fé. “Comecei a coletar objetos sem valor comercial, coisas que as pessoas acham que é lixo, mas, para mim, são material de trabalho”, explica Dalton. “Às vezes, olho para um objeto e não me desperta nada, mas, de repente, vejo que funciona para algo que estou desenvolvendo”, diz o artista. Pelo tamanho de seu acervo, não faltará material para produzir. (por Nina Rahe)


J.P

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EDITORIAL

um ano tão complicado e desafiador, foi difícil escolher um tema para desanuviar tudo que a gente estava sentindo. Daí, chegar ao free spirit foi um passo. Nunca escondemos o quanto a gente ama esse espírito livre, solto, pronto para enfrentar tudo e todos – tanto que fizemos um almanaque especial, uma espécie de guia do que ver, ouvir, ler, consumir esse “gênero”, e pessoas que traduzem esses novos tempos. E justamente nessa onda é que entra em cena a capa desta edição especial dezembro/janeiro: Xuxa, ela mesma. Depois de tantas fases e jeitos, a apresentadora conseguiu se reinventar justamente neste ano tão complicado. Ganhar novamente os holofotes, mas, desta vez, com as causas urgentes que defende, como abuso infantil e homofobia. Com a filha, Sasha, crescida e autônoma, e um companheiro ao lado, ela está cada vez mais autêntica e dona de si. E é exatamente essa Xuxa que surge aqui, livre e solta, posando pela primeira vez para o fotógrafo Fábio Bartelt. Ele, por sua vez, saiu de Balneário Camboriú (SC), onde mora com a mulher, a top Carol Trentini, e dois filhos, direto para o Rio, feliz da vida com essa missão. Agora, missão de verdade teve o psicanalista Christian Dunker, a quem convocamos para tentar nos explicar um pouco sobre tudo isso que está acontecendo. Para ele, o ano de 2021 será dramático do ponto de vista econômico e com consequências imprevisíveis em nossa saúde mental e nos afetos. Mas, ufa, ele nos lembra também que os momentos de peste prolongados podem, sim, gerar reinvenções da alegria. É nisso que temos de nos apegar, certo? Eu, por exemplo, concordo e também com estas mulheres negras e empreendedoras, Nivia Luz, Jaqueline Conceição e Liliane Rocha: elas muito fizeram para que os avanços necessários acontecessem em suas áreas de atuação neste 2020, ano apontado como divisor de águas na luta antirracista. De volta ao surfe – sim, porque a gente vai e volta sem o menor problema – a editora de estilo Ana Elisa Meyer mostra essa cultura que, mais do que um esporte, é um estilo de vida, uma ideologia, uma maneira de estar no mundo e de ter como princípios o prazer do contato com o mar e o respeito pela força da natureza. Estamos juntos nessa. Enquanto isso, nossa colunista Kiki Garavaglia escreve sobre um lado desconhecido de sua amiga Ângela Diniz, a famosa Pantera de Minas, morta a tiros pelo namorado Doca Street em Búzios, no verão de 1976. Humanidade é o sentimento. A jovem musa Maria Luiza Jobim é mais uma cereja desta edição: ela estreia como produtora musical e releva sua paixão pelos astros e pelos pássaros. E mais: conta que guarda até hoje, com carinho, os suéteres do pai, Tom Jobim. Nossa colunista especial Dani Arrais traz histórias e projetos de três mulheres que vão da arte à educação financeira. E as plantas-ostentação, disputadas e com direito até a lista de espera, também dão as caras neste mês: selva chic! Para fechar, o alto-astral do ator Ailton Graça. No mais, bom fim de ano – dificil, né? –, bom início de 2021. E a luta continua!

glamurama.com




J.P ENTR EG A JOYCE PASCOWITCH

Esotéricos que anunciam divórcios milionários, turma nova no sul da Bahia, uma joia para se hospedar no Joá e mais lei a outr a s descoberta s em gl a mur a m a .com/nota s

BOLA DE CRISTAL

Muitos ricos que trabalham na famosa City de Londres estão apelando para uma nova estratégia na hora de separar de suas respectivas, sem ter que dividir as enormes fortunas. Ao pedir o DIVÓRCIO, ou melhor, até mesmo antes, eles contratam algum especialista em esoterismo, como curandeiros, leitores de cristais e gurus do momento, para dar a notícia à coitada da esposa. Esses “bruxos” usam como estratégia dizer que o casamento não está indo bem, que estão sentindo sinais de que as coisas devem chegar ao fim e ainda preveem um novo romance ainda mais feliz para a incauta, que cai nessa história. O pior é que a tática está virando moda.

NOVO TEMPO Antes um reduto totalmente

alternativo, a cidadezinha de SANTO ANDRÉ , também no sul da Bahia, está começando a tomar ares um pouco mais sofisticados. Entre a turma que está construindo por lá está PHILIPPE REICHSTUL e sua mulher, Maria Augusta Gomes. Os dois, mais filhos e agregados, estão fazendo várias casas no mesmo terreno. Para quem não lembra, Reichstul foi presidente da Petrobras no governo de Fernando Henrique Cardoso.

PORTEIRA ABERTA Uma das terras mais valorizadas do entorno

de CARAÍVA , paraíso dos hipsters, vai mudar de mãos. A paulista EDILAH BIAGI, que se instalou há bastante tempo nesse pedaço encantado do sul da Bahia, está pensando em se desfazer de uma fazenda enorme que tem por lá. Ela é conhecida na região por circular sempre a bordo de seu próprio helicóptero. 10 J.P DEZEMBRO 2020 | JANEIRO 2021


PEGUE E PAGUE

A marca IL CASALINGO, de utensílios de cozinha e outras coisinhas tão charmosas quanto, que já era um sucesso nas pequenas feiras e também no Instagram e e-commerce, ganhou agora uma loja própria em São Paulo. Está instalada num cantinho cool de Pinheiros.

Noite feliz

Descomplicadas e elegantes. Assim foram batizadas as ceias de Natal e AnoNovo criadas pela chef SILVIA PERCUSSI, da VINHERIA PERCUSSI, em São Paulo. No menu de fim de ano, que pode ser encomendado com antecedência para levar para casa, há antipastos, pastas, pernil, bacalhau, filé-mignon, acompanhamentos e algumas opções de sobremesas, entre elas cheesecake al profumo d’arancia e pane di frutta secca. Na foto, arrosto di maialino al forno(pernil de leitãozinho assado com mel, cebolinhas e castanhas). +PERCUSSI.COM.BR @VINHERIA_ PERCUSSI TEL. (11) 3062-8684

FOTOS CARLA STAGNI; FLAVIO MELGAREJO/DIVULGAÇÃO; DIVULGAÇÃO; FREEPIK

NINHO CHEIO

A estilista carioca JACQUELINE DE BIASE , que criou e depois vendeu a marca Salinas, decidiu transformar sua casa quando seus dois filhos cresceram e resolveram sair do Rio de Janeiro. Seu château na Joatinga virou um mini-hotel-butique, o JOIE JOÁ . Para isso, contou com a ajuda do marido, o arquiteto Tunico De Biase, que construiu um tipo de loft no mesmo terreno que é onde o casal se instalou agora. A casa principal tem três suítes e hospeda uma família grande ou um grupo de amigos de cada vez, por conta dos protocolos de saúde. O local é tão charmoso que virou cenário de filmes e publicidade.

DO CLOSET À DESPENSA Depois de se dedicar por dez anos à moda, GIOVANNA MENEGHEL resolveu se transformar e criou uma marca sustentável de alimentos, a NUDE . É tudo à base de aveia orgânica e inclui o primeiro leite vegetal carbono neutro do mercado. Ela pesquisou sobre esse novo tema entre Paris e Berlim, onde morou. E também virou cliente do moinho de aveia que pertence a sua própria família, no Paraná.

+twitter.com/joycepascowitch | @joycepascowitch com luciana franca DEZEMBRO 2020 | JANEIRO 2021 J.P 11


DEZEMBRO E JANEIRO são meses bons para ...

Se divertir com a série Betty em Nova York, uma releitura moderna de Betty, a Feia, disponível na Netflix e produzida pela mexicana Telemundo

Combinar estilo e causa social com uma bolsa da marca colombiana Chila Bags, feitas por mulheres artesãs da tribo wayuu, à venda na loja Casa Cipó, novidade bem-vinda nos Jardins, em São Paulo Exorcizar o ano complicado com incensos e mantras pela casa toda Se deliciar com uma bacia cheia de lichias, uma das top frutas da estação Tentar aplicar no dia a dia tudo o que aprendeu nesses meses difíceis nas aulas de meditação e mindfulness Não se esquecer de respeitar todos os protocolos de saúde nesta temporada de verão: o clima pede relaxamento, mas o momento, não Treinar e ficar craque na coreografia de “Girl Like Me”, hit chiclete dos Black Eyed Peas e Shakira

Pedir em casa as deliciosas pizzas com massa de fermentação natural da Iza Padaria Artesanal, da ex-modelo Izabela Tavares, em São Paulo

Inventar misturas de chás, cascas de frutas, ervas e especiarias, tão necessárias para se sentir bem durante este período. Se preferir comprar pronto, os da marca MeiMei são criados com métodos de reiki Rezar para que a horta caseira cultivada durante a pandemia sobreviva ao novo ano – reza forte Tomar todos os cuidados necessários se for à praia: distanciamento, máscaras, protocolos

Realçar o bronzeado com a hot pants prateada do Studio Pade D – uau!

Escolher com o coração um dos pratos de cerâmica, palha e lã de carneiro feitos por Teresa Fittipaldi, à venda na Pinga, com palavras ou frases espirituosas escritas em ouro Pendurar na parede o calendário do Ateliê Ciranda, que, a cada mês, traz a energia do signo regente representada por uma figura feminina. À venda pelo site da marca Abastecer a leitura das férias com livros e revistas selecionados da Banca Higienópolis, que virou uma minilivraria charmosa na esquina da avenida Higienópolis com a rua Martim Francisco

Entrar no embalo do reggaeton de Honduras com a música “Mariposa”, de Isabella Lovestory, que promete ser um dos sons do verão

Fazer compras no novíssimo CJ Shops Jardins, em São Paulo, que tem entre suas lojas Isabel Marant, Ines de La Fressange e a inovadora CJ Fashion Store. A loja-conceito proporciona interação high-tech entre o cliente e o produto físico, e as compras são entregues em casa

FOTOS REPRODUÇÃO INSTAGRAM PESSOAL; DIVULGAÇÃO

Relaxar com o vinho rosé bem geladinho produzido pela siciliana Donnafugata, em parceria com a marca Dolce & Gabbana, lançamento da World Wine


TENDÊNCIA

FINA ESTAMPA Com olhar apurado para garimpar padronagens, a estilista Raiana Pires encontrou em sua experiência de estágio no Centro de Atenção Psicossocial, em Florianópolis, a potência para criar a marca Psicotrópica, na qual desenvolve coleções em conjunto com pacientes

FOTOS REPRODUÇÃO INSTAGRAM PESSOAL

POR NINA RAHE

Antes de inaugurar sua primeira loja em São Paulo, a estilista Raiana Pires, de 26 anos, percorreu uma infinidade de feiras a bordo de uma Kombi, carregou muitas caixas e diz ter divulgado a marca Psicotrópica a partir de um intenso boca a boca. A decisão por investir em um endereço fixo foi, durante muito tempo, um questionamento. “Tive uma resistência grande antes de abrir um espaço porque ficava pensando se teria que ir a Pinheiros ou ao centro para fazer isso”, diz Raiana – ela transformou, no mês de novembro, a garagem desocupada de sua casa, na Praça da Árvore, em ponto comercial da Psicotrópica. “Havia essa vontade de ir na contramão das grandes lojas em grandes centros e também de incentivar o comércio local, buscar novas rotas na cidade.” Andar na contramão, de certa forma, é uma constante na vida da estilista que começou a desenhar o conceito de sua marca ainda quando cursava serviço social na Universidade Federal de Santa Catarina. Na época, sentindo-se “fora da caixa”, Raiana pediu conselho a um professor pouco ortodoxo – que dava aulas em cima da mesa e era taxado como louco – e acabou levada por ele para um estágio dentro do Centro de Atenção Psicossocial. Ali, além de se sentir pela primeira vez acolhida, a estudante também encontrou sua vocação. Desde pequena, ela tinha o hábito de cortar peças de jeans e descolorir roupas com água sanitária, mas o grande diferencial, de acordo com suas amigas, era o faro para garimpar

boas estampas. “Meu talento é o olhar para as estamparias”, diz Raiana, que procurou cursos na área depois de ter se formado em serviço social. Foram as estampas, também, que ela identificou no Centro de Atenção Psicossocial e em visitas ao Museu Bispo do Rosário, no Rio, que expunha obras de artistas da rede de saúde mental, onde vislumbrou nos quadros multicoloridos de Pedro Motta o potencial para a moda. Desde que começou o projeto, Raiana já lançou coleções de três pacientescriadores, em processos que duram cerca de um ano e são elaborados de forma conjunta – além de Pedro, participaram Maria Alice Amorim e Diogo Kuriyama. “É um trabalho para criar vínculos e não só mercadorias”, explica a estilista. “Quando entrei no Centro, praticamente enlouqueci ao sentir a dor daquelas pessoas, mas transformei esse sofrimento em potência. A loucura é não aceitar o outro.” n

SETEMBRO 2020 J.P 13


CONSUMO por ana elisa meyer ANEL

SAIA

Antonio Bernardo R$ 15.900

Chloé R$ 9.100

EM DEZEMBRO | JANEIRO

J.P ADORA

SLIM AARONS ABAJUR

Flavia Del Pra na Amoreira preço sob consulta

Nenhum outro fotógrafo capturou o lifestyle das celebridades e das personalidades do high society americano e europeu como Slim Aarons. E é esse seu olhar, da década de 1970, do icônico Hotel Il Pellicano - refúgio na região da Toscana para os habitués da realeza, artistas e jet setters que querem praticar o dolce far niente -, que inspira o consumo da edição.

BLUSA

Farm R$ 229

ALMOFADA

Paula Ferber para Dpot Objeto R$ 1.062

14 J.P DEZEMBRO 2020 | JANEIRO 2021

SANDÁLIA

Bottega Veneta R$ 3.850


BRINCO

ÓCULOS

Arqvo R$ 668 CHAPÉU

Dior preço sob consulta

Lenny Niemeyer R$ 568

PANNEAU

Triya no Shop2gether R$ 498 BOLSA

Akra no Shop2gether R$ 917

BIQUÍNI

Salinas R$ 346

FOTOS REPRODUÇÃO; DIVULGAÇÃO

ESPREGUIÇADEIRA

Breton R$ 9.024 COLAR TAPETE

Luhome R$ 2.924

Prasi preço sob consulta

DEZEMBRO 2020 | JANEIRO 2021 J.P 15


C A PA

SUAVE NA NAVE Não é que Xuxa voltou a ganhar os holofotes com as causas urgentes que defende, como abuso infantil, veganismo e homofobia, quando pensava em desacelerar? Antes de realizar o desejo de morar no meio mato, ela lançou autobiografia e terá sua trajetória retratada em documentário e série por luci a na fr a nca fotos fa bio ba rtelt st y ling m a rcelo cava lca nte belez a edduh mor a es



X

C A PA

uxa já vislumbra seu futuro próximo em um sítio ou em uma fazendinha ao lado do seu “véio”, como ela se refere ao namorado, o músico Junno Andrade, esperando a filha Sasha levar seus netos. A vida pacata é uma escolha da apresentadora que faz sucesso por quase quatro décadas. “Tudo tem começo, meio e fim. É totalmente natural meu trabalho estar diminuindo e eu querendo me afastar disso tudo. É uma escolha muito adequada para a minha idade e por tudo o que vivi. Ninguém pode querer estar no topo a vida toda, é insano, não existe, a pessoa que procura isso acaba se matando”, diz ela. Mas no ano mais difícil dos últimos tempos, quando a pandemia colocou luz sobre quem está fazendo a diferença, Xuxa reaparece com mais força pelas causas que abraça. Na esteira dessa exposição, começaram a surgir convites de novos projetos para a apresentadora que levanta bandeira contra o abuso sexual e físico sofrido por crianças, contra a homofobia e a favor do veganismo. Aos 57 anos, ela também luta contra o ageismo, o preconceito da idade que sente na pele diariamente, basta publicar uma foto em suas redes sociais sem filtro e sem maquiagem. “As pessoas estão me buscando para fazer documentário e série (biográfica) porque têm interesse no que tenho para falar agora, porque abracei essas causas que eu acredito”, conta ela, contratada da Record até o fim de 2020. A vida de Xuxa é um livro aberto. Agora, literalmente – lançou recentemente uma autobiografia, Memórias (Globo Livros), em que relata suas dores e seus amores. E reconhece que foi ficando cada vez mais autêntica e dona de si com o passar dos anos. Em 2012, tomou coragem de contar, pela primeira vez, em rede nacional, os abusos na infância e na adolescência. Mas a transformação pessoal começou antes, em 1998, quando tornou-se mãe. “Eu tinha que ser um ser humano melhor, que errasse menos, que minha filha se orgulhasse de mim. Comecei a me ver e a me sentir diferente.

Queria falar do abuso para proteger minha filha. Profissionalmente, comecei a dar um chega pra lá em pessoas que me tratavam como uma marionete porque não queria isso para a Sasha”, revela. “Não foi da noite para o dia, fui me transformando, como uma lagarta que vira borboleta.” O veganismo, que entrou de vez em sua vida há três anos, faz parte dessa busca em ser uma pessoa melhor. Ela tem na ponta da língua dicas dos melhores documentários para quem pensa em aderir a esse estilo de vida e um discurso afiado sobre todos os males que o consumo de carne acarreta para a saúde e para o meio ambiente. A alimentação à base de vegetais também trouxe à tona outro prazer: cozinhar. “Eu só sabia fazer omelete e sanduíche. Hoje, faço arroz integral, macarrão, saladas, um sopão maravilhoso e estou aprendendo muita coisa. Fui tentar me lembrar por que eu não cozinhava antes e é porque eu não gostava de mexer com bicho morto, e nem de ficar na cozinha por causa do cheiro.” Outros prazeres triviais não são sempre possíveis para a mulher mais famosa do Brasil, reconhecida por fãs de todas as gerações e de vários países. Ela conta que se tivesse o poder de ser anônima por um dia, deixaria Junno escolher onde levá-la, já que há tantos lugares em que ele gostaria de ir com a namorada, mas evita porque sabe que causa tumulto. Antes da pandemia, vez ou outra o casal se arriscava a sair para jantar ou ir ao cinema – sempre uma missão difícil. A dupla gosta mesmo é de se divertir em casa, obedecendo o fuso horário de Xuxa, que acorda depois do meio-dia e vai dormir por volta das 4h30, 5h, com o dia já amanhecendo. Sasha, quando não está em São Paulo com o namorado, o cantor João Figueiredo, também troca a noite pelo dia para maratonar séries, documentários e filmes menos óbvios com a mãe. Quando a aposentadoria acontecer, a apresentadora talvez precise rever seu relógio biológico, pois a vida no campo começa bem cedo. Mas, até lá, tem muito trabalho pela frente e tempo para se ajustar. n


“Tudo tem começo, meio e fim. Ninguém pode querer estar no topo a vida toda, é insano, a pessoa que procura isso acaba se matando”

Camisa Ralph Lauren, biquíni Inti Brand, escarpim Le Lis Blanc e joias Miranda Castro


C A PA

“Antes de namorar o Junno, foi a primeira época da minha vida em que eu estava ‘pegando’. Nunca fui de ficar com alguém, mas me dei o direito de ‘pegar’”

Body e escarpim Le Lis Blanc; joias Miranda Castro



C A PA

RAIO X ALÔ, PAIXÃO Me apaixonei pelo Junno quando liguei pela primeira vez e ele disse que não podia falar porque estava com a filha. Pensei: “Caraca, esse cara é legal, botou a filha em primeiro lugar, vai me entender quando eu fizer o mesmo com a Sasha” . VIDA LOUCA Antes de namorar o Junno (em 2012), foi a primeira época da minha vida em que eu estava “pegando”. Nunca fui de ficar com alguém, mas me dei o direito de “pegar”, eu “pegava” um cara e soltava, “pegava” outro... Devo ter pego uns três caras diferentes em um ano, o que era “uau” para mim. MANIA Antes de comer, tenho que cheirar a comida, é mais forte do que eu, parece coisa de bicho. Tenho uma relação forte com cheiro. Lembro do cheiro do trem que eu pegava; o cheiro de manga me remete ao Ano-Novo, que era quando minha mãe podia comprar pra gente outras frutas além de laranja, banana e maçã. DNA ARTÍSTICO Minha mãe era professora de artes manuais, eu sei desenhar e pintar um pouco. Mas minha filha pegou todo esse talento e ainda toca piano. Estou convencendo Sasha a ilustrar um dos livros infantis que vou lançar, Vovó Passarinho, sobre o amor dela pela minha mãe. FÃ NO SEX SHOP Estava em uma loja em Nova York que vende coisas de cabelo e lá dentro tem um sex shop. Entrei e peguei um “pau” na mão quando um cara me pediu um autógrafo. Ele me deu um papel e dei o autógrafo em cima do “pau” (risos). Depois perguntou se podia tirar uma foto. Não deixei. XUXA NA FICÇÃO Ainda estão buscando uma atriz, mas tem que ser alguém que tenha a minha energia, a energia do Xou da Xuxa, porque a cor do cabelo, a cor do olho e o dente podem mudar. E como eu não morri, estou por aí, as pessoas vão comparar.

Camiseta Hering, cueca Calvin Klein, joias Miranda Castro, bota e relógio de seu acervo pessoal. Na pág. ao lado, camisa Carolina Herrera, hot pants Inti Brand, joias Miranda Castro e sapato Valeria Costa


C A PA

“Após o nascimento da minha filha, eu tinha que ser um ser humano melhor. Comecei a dar um chega pra lá em pessoas que me tratavam como uma marionete”

Blusa Le Soleil D’Été

Arte: Jeff Leal Produção executiva: Ana Elisa Meyer Assistente de styling: Arlete Cavalcante Assistentes de fotografia: Diego Lima, Marcio Marcolino e Marina Scanavez Tratamento de imagem: Edson Guberovich


ENTR E V ISTA

Guerra e paz

Para o psicanalista Christian Dunker, o ano de 2021 será dramático do ponto de vista econômico e com consequências imprevisíveis na saúde mental e nos afetos. Ele nos lembra, porém, que os momentos de peste prolongados também podem gerar reinvenções da alegria

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por denise meira do amaral

morte, tema tabu que sempre tentamos encobrir com o véu do silêncio, invadiu os lares com a chegada da pandemia de Covid-19 e deixou sequelas ainda desconhecidas. Para Christian Dunker, psicanalista e professor titular em psicanálise e psicopatologia do Instituto de Psicologia da USP, estamos sofrendo de ansiedade expectante, que é o medo por conta de algo que não controlamos. “Basta tocar o telefone e você acha que alguém morreu”, resume Dunker, que, assim como muitos, também perdeu pessoas próximas nesta pandemia. Autor do livro A Arte da Quarentena para Principiantes, manual de sobrevivência disponível em e-book, ele conta que a chegada de uma vacina no país não trará alento absoluto. Por outro lado, lembra que o término da gripe espanhola deu início ao Carnaval como a gente conhece hoje. Dunker espera de 2021 um ano de indefinições: a situação econômica será dramática e de proporções incalculáveis. Ele alfineta o governo e explica o conceito de necropolítica – escolher quem vai sobreviver e quem vai morrer por meio de um conjunto de políticas de controle social –, do filósofo camaronês Achille Mbembe. “A pandemia chega na mesma hora em que o discurso do governo brasileiro é: vamos deixar morrer mesmo. Não custa nem bala, é só deixar sem água, sem cuidados, sem hospital.”

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J.P: Quais são os efeitos psicológicos da pandemia? CHRISTIAN DUNKER: O primeiro é o luto. Luto da vida que a gente tinha, dos lugares que deixamos de habitar, assim como das pessoas que perdemos. O segundo envolve eventos de trauma, como os cortes nas empresas, falências, o aumento da pauperização de modo geral e os cortes nas relações humanas. Você pode estar privado de encontrar seu neto, por exemplo. Isso tem um efeito traumático que vamos entender mais para frente. A terceira questão é o sofrimento em razão da indeterminação do futuro. Há pessoas que precisam ter uma rota, um planejamento, e ficam com essa função psíquica abalada. Um conjunto de sintomas que pode vir à tona é o aumento do consumo de álcool, café, substâncias psicotrópicas e antidepressivos. Para muitas pessoas a compulsividade também aumenta, seja por compras, trabalho ou sexo. Uma quarta questão é decidir a partir de qual momento termina a quarentena para cada um. Qual a equação entre a prudência e o risco? Todo esse universo de apostas e tomadas de decisões está em um lugar completamente nebuloso. J.P: Por que é tão difícil ficar confinado? CD: Se a gente não sai de casa, é porque está de castigo, fez alguma coisa errada e foi para o quarto pensar. A quarentena é um desafio psíquico. Ela joga com a capacidade que cada um tem de aguentar a privação e a frustação. Os sacrifícios têm dois vetores: “em nome de que” e “até quando”. E aí entra a infelicidade no caso brasileiro de o “em nome de que” remeter a autoridades que se desincumbiram de suas funções de criar ações e orientações. O “até quando” também é muito desgastante, porque a gente não o tem até agora. Ao lado disso, há o negacionismo, de natureza psicótica. Um negacionismo das artes, das ciências, das recomendações sanitárias. J.P: Estamos lidando com a iminência constante da morte? CD: Sim, isso é chamado de ansiedade expectan-

te. Basta tocar o telefone e você acha que alguém morreu. Diante de algo que não controlamos, o desafio é aumentar nossa ligação com o mundo, que é o estado de prontidão para a ação. Fujo ou vou para o ataque? O medo é saudável para se informar, mas na condição de atitude básica, evolui para angústia. Vira um medo não só do vírus, mas do que vem dentro dele, das fantasias. J.P: Como fica a dinâmica das relações familiares? CD: Tem uma experiência interessante com ratos da década de 1950, 1960. Se você os coloca em situação de compressão territorial, ou vão atacar uns aos outros, ou copulam. Muita gente usa o sexo como espécie de ansiolítico. Por isso, na pandemia, tem acontecido muitas separações, mas muitos casos de gravidez. No dia a dia de um casal pré-pandemia, o casamento muitas vezes é apenas uma unidade administrativa para a criação dos filhos e da casa. As demandas são tantas que o casal em si passa a ter o último

“O Carnaval tal qual a gente conhece foi uma resposta ao fim da guerra e da gripe espanhola. Os momentos de peste prolongados geram reinvenções da alegria” DEZEMBRO 2020 | JANEIRO 2021 J.P 25


ENTR E V ISTA

“A solidariedade tem um efeito protetivo do ponto de vista da saúde mental, faz bem se preocupar com o sofrimento dos outros” lugar na história. Na pandemia, as relações humanas passaram a ser mais importantes de forma geral. E aí você tem que se deparar com essa pessoa que você já não encontrava tão frequentemente. Tem uma piada que ilustra isso. Uma mulher fala para a outra: “Descobri que amo meu marido”. E a outra: “Como assim? É síndrome de Estocolmo?”. A possibilidade de olhar e não gostar do que está vendo em uma situação de frustração e cansaço também é muito grande. Antes, a gente trazia para a mesa de jantar histórias incríveis do mundo lá de fora. Agora que o mundo de fora ficou escasso, a gente precisa trazer notícias incríveis do mundo de dentro. J.P: O machismo dentro de casa se tornou mais visível? CD: Sim. Nossos preconceitos foram todos colocados em uma lente de aumento. A vida compartilhada acentua o que as feministas chamam de carga mental na mulher. Muitos homens

resistem a participar das tarefas da casa. Agora, quem vai levar o lixo para fora se transforma em uma batalha campal. Vale lembrar que a pandemia acarretou também em um aumento das agressões a crianças, mulheres e feminicídios. Você pode achar sua casa ótima e segura, mas ela não é parâmetro. Tem outras casas em que isso não acontece. J.P: Como o luto está sendo vivenciado, com a impossibilidade de se cumprir os rituais? CD: O luto fica comprometido. É um processo extremamente individualizante, de recolhimento e introversão, onde a pessoa precisa de três atos psíquicos para realizar a morte. Primeiro acreditar na realidade da perda. Para isso a gente tem os rituais, o velório, a missa de sétimo dia. A gente precisa que o outro acredite para acreditar junto. Às vezes, isso acontece vendo o corpo, o que também foi muito prejudicado. O segundo ato psíquico são os trabalhos de lembranças. Recordar as histórias, os bons e os maus momentos. E a memória a gente só faz com o outro. Como na pandemia falta esse outro, o processo de luto vai exigir mais. Em terceiro, o tempo do luto, que é quando você incorpora o outro em si. Tudo o que vocês viveram vai sendo colocado em uma espécie de cápsula que você pode colocar no bolso e seguir viagem. E quando isso acontece, a dor vira saudade e a pessoa passa a estar ainda mais com você do que quando estava viva. Ela passa a fazer parte de você. Como a gente faz isso? Com a integração daquela pessoa no mundo. Um exemplo é quando você coloca uma placa de rua com nome dessa pessoa. Ela entra para a história. O luto é privado, mas é também público. J.P: O presidente disse: “Alguns vão morrer? Vão morrer. Lamento, é a vida”. É a necropolítica em prática? CD: Michel Foucault chamou de biopolítica a

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ideia de que a administração dos corpos são formas de poder. A biopolítica é um ramo do capitalismo. Como o capitalismo usa os corpos, valoriza e desvaloriza. Uma das variantes da biopolítica é a necropolítica. São técnicas que o Estado utiliza para se deixar morrer. São vidas que são matáveis, que não valem tanto. A pandemia chega na mesma hora em que o discurso do governo brasileiro é: “Vamos deixar morrer mesmo”. Não custa nem bala, é só deixar sem água, sem cuidados, sem hospital. E quase se tornou um massacre ainda maior se não fosse a Câmara [dos Deputados] ter aumentado o auxílio emergencial de R$ 200 para R$ 600. É um pensamento de que tem gente demais no Brasil e que se perdemos parte de nossas pessoas, será mais fácil para todo mundo. O que explica, em parte, o negacionismo, a desativação de hospitais antes da hora, a batalha das vacinas. J.P: Acredita que, após a vacina, vamos querer nos abraçar ainda mais ou vamos nos manter reticentes com o contato do outro? CD: Infelizmente, vamos ter um ano de 2021 com uma situação econômica muito dramática no país, de proporções incalculáveis. E não sei como isso vai se reverter na saúde mental e nos afetos. Acho que muita gente vai entrar na onda do acabou, acabou, mas vamos ter também pessoas trancadas em casa como nos filmes dos japoneses que, mesmo após o fim da guerra, continuam se defendendo em nome do império, em uma ilha afastada. Vamos ter muitas pessoas com síndrome da cabana – fenômeno observado no século 19, quando colonos americanos foram para florestas na fronteira do Canadá e passaram longos períodos dentro da cabana por conta da neve. E alguns, mesmo depois do fim da neve, com a porta aberta, não conseguiam sair. J.P: A pandemia vai fazer a gente rever os valores neoliberais? CD: Por um lado, sim. Tenho visto muitas pessoas mudando de casa, indo para o interior, morando na praia. As pessoas se deram conta que podem ter uma qualidade de vida melhor

do que tinham. As pessoas também estão se preocupando mais com o meio ambiente. Muita gente reformulou sua relação com as plantas, com os vegetais, puderam acompanhar em casa uma flor crescendo... Isso fica. J.P: Há algum saldo positivo para este ano? CD: Sou um otimista. Vi brotar muitos efeitos de solidariedade e de descobertas. No fundo, a pandemia vai acabar quando a gente puder contar a história do que a gente fez em 2020. Enquanto um ficou debaixo do cobertor vendo séries, o outro estava distribuindo quentinhas. Além disso, vale lembrar que a solidariedade tem um efeito protetivo do ponto de vista da saúde mental. Faz bem para sua cabecinha se preocupar com o sofrimento dos outros e iniciar um processo de transformação. A solidariedade faz você relativizar seu próprio narcisismo. J.P: Estávamos aguardando o fim do ano com a esperança de que haveria vacina e essa espera vai se prolongar. Como enfrentaremos 2021? CD: É preciso olhar para trás e ver o que aconteceu na história das epidemias como varíola, sarampo, e como elas foram enfrentadas. Por isso, mesmo após a vacina, acho que a Covid-19 vai continuar crônica nos bolsões de pobreza e poderá ser erradicada para quem puder pagar, como acontece com a dengue hoje. Por outro lado, o Carnaval tal qual a gente conhece foi redesenhado em 1919. Foi uma resposta ao fim da guerra e da gripe espanhola. Os momentos de peste prolongados geram reinvenções da alegria. n

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LUG A R DE FA L A

AVANTE!

Mulheres negras e empreendedoras, Nivia Luz, Jaqueline Conceição e Liliane Rocha falam dos avanços em suas áreas de atuação em 2020, ano apontado como divisor de águas na luta antirracista, com manifestações e debates que ganharam o Brasil e o mundo E M D EP O I M EN TO A N I N A R A H E

NIVIA LUZ

“Durante séculos, ser de candomblé era viver parcialmente na clandestinidade. Houve um período na história do Brasil que a polícia perseguia os terreiros e era preciso autorização para poder celebrar e viver abertamente nosso culto religioso sacro-africano. Então, hoje, não precisar se esconder e poder falar abertamente sobre pautas de combate ao racismo é, sim, um avanço que merece ser reconhecido. O ano de 2020 foi um divisor de águas e nos empurrou para pautas intensas que ganharam o mundo, sobretudo no contexto internacional, como o Black

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Ialorixá do terreiro Ilè Asè Oyá, de Salvador, e CEO do Instituto Oyá, centro de arte, cultura e lazer com aulas de percussão, teatro e dança, que prepara os alunos para o uso da tecnologia e faz acompanhamento do desempenho escolar


Lives Matter, que serviu para acender uma luz para algo que nós, negros, já estamos falando há muito tempo. Vivemos uma pandemia chamada Covid-19, que está matando, mas o racismo é uma pandemia que vem matando por muito tempo. Muita gente pode pensar que essa comparação é bobagem, mas não, não mesmo. Quantos africanos escravizados o Brasil recebeu em suas terras? Mais de 4 milhões. Qual o saldo disso? Pobreza, violência e morte. A visibilização e atenção dada pela sociedade deve ser considerada uma mudança de hábitos, daí a importância das mídias sociais e da imprensa, mas também do engajamento de brancos nesta luta, uma maior conscientização de que, para rompermos com o ciclo da pobreza e da fome, precisamos entender as mazelas que a má gestão do Brasil causou desde sua colonização e nos acomete. As transformações estão vindo da mudança de mentalidade da sociedade, ainda lenta, mas possível. Sinto, como sempre, na pele e na alma, pois a pauta me afeta das mais diversas maneiras, na minha condução religiosa, social, cultural... No Instituto Oyá, organização que foi fundada em 1998, nós redesenhamos este ano todo nosso trabalho e entendemos a importância de uma ação social que tenha relevância para nossa comunidade, mas que seja abraçada por outras pessoas. Realinhamos o projeto pedagógico do Instituto Oyá ampliando o acompanhamento dos nossos jovens, entendendo o poder de educação transformadora, inclusiva. Nós queremos equidade racial, direitos assegurados e contemplar a diversidade que existe em nosso país. Estamos, sim, avançando, de forma tardia e um pouco lenta diante de séculos de opressão, mas não estamos inertes.”


LUG A R DE FA L A

JAQUELINE CONCEIÇÃO

“Trabalho com educação desde os anos 2000 e hoje percebo que há uma intensificação das discussões em torno da questão racial dentro do espaço escolar. Há uma necessidade maior das pessoas buscarem informação e também a formação de uma alfabetização racial. À frente do coletivo Di Jejê, que oferta cursos e programas de formação sobre feminismo negro, estudos afro-brasileiros, alfabetização racial para professores, pesquisadores e empresas, percebo também que, cada vez mais, os negócios empreendidos pela comunidade negra têm se fortalecido. A questão da luta antirracista potencializou a discussão em torno do black money e também a necessidade do fortalecimento desses negócios, mas o maior gargalo é o apoio dos empresários e dos fundos de investimento. Houve um aumento desse olhar e observamos alguns incentivos, mas ainda é pouco em relação à demanda. O movimento Vidas Negras Importam, desencadeado nos Estados Unidos, foi uma vitrine mundial para várias questões e colocou uma lanterna enorme no Brasil, mostrando a necessidade de fortalecer e ampliar o debate racial em várias frentes. Se comparamos com os anos anteriores, é um salto gigantesco, mas para que a gente tenha resultados concretos em 10, 20 anos, e isso saia do espaço da representatividade e entre no espaço da participação cotidiana, as pessoas precisam aprender sobre o racismo no Brasil. Ser mulher negra nos faz ser múltiplas coisas. Sou professora, pesquisadora, psicanalista, estudante de doutorado, empresária. No âmbito pessoal, esses debates intensificaram o meu lugar de intelectual na esfera pública, em uma discussão com a sociedade de formas diferentes de produção de vida. No coletivo Di Jejê, a gente notou um aumento significativo da procura de serviços. Trabalhamos com quatro empresas, oito escolas

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FOTOS MÁRIO DUARTE/DIVULGAÇÃO; DIVULGAÇÃO; ILUSTRAÇÕES FREEPIK

Psicanalista, doutoranda em antropologia social e criadora do coletivo Di Jejê, instituto de pesquisa que desenvolve ações que abordam a pauta antirracial. Em 2020, iniciou o projeto para criação de uma faculdade que vai oferecer cursos de graduação e pós-graduação para formar profissionais focados na questão racial

“A questão da luta antirracista potencializou a discussão em torno do black money e a necessidade do fortalecimento desses negócios, mas o maior gargalo é o apoio dos empresários e dos fundos de investimento” e oferecemos formação para 1.575 pessoas desde o início da pandemia. Já na clínica, houve um salto expressivo de pessoas negras à procura de cuidados de saúde mental, que chegam dizendo que querem um acompanhamento porque o racismo adoece. Quando o debate da questão racial vai para o espaço público através dos meios de comunicação, há uma luz que clareia a necessidade de se pensar e falar sobre isso não só no âmbito político, mas também no âmbito pessoal.”


LILIANE ROCHA CEO e fundadora da Gestão Kairós, consultoria de sustentabilidade e diversidade. É autora do livro Como Ser um Líder Inclusivo e foi a única brasileira na lista deste ano do prêmio 101 Top Global Diversity and Inclusion Leaders

“Executivos do mundo corporativo cederam sua página do LinkedIn para vozes negras e isso é um avanço”

“Na primeira empresa na qual trabalhei, em 2005, no setor de eletrônicos, já havia inclusão e a questão de equidade racial. Até brinco que só entrei nela, inclusive, sendo uma mulher negra, de origem periférica, com inglês ‘marromenos’ porque ela tinha políticas de ações afirmativas. Acho que alguns líderes inspiradores, negros e brancos, já vêm refletindo a questão da diversidade há muitos anos e o que temos agora é uma ampliação desse movimento. Há mais líderes se engajando nesse assunto, mais mídias, mais intelectualidade negra, mas o ponto que a gente precisa avançar é a melhoria dos indicadores. Se nas 500 maiores empresas, segundo o Perfil Social, Racial e de Gênero, do Instituto Ethos, em 2016, havia 4,7% de negros na liderança e 0,4% de mulheres negras na liderança, aí existe um ponto. 2020 foi o ano que a morte de um homem negro pela polícia repercutiu no mundo inteiro, no qual empresários escreveram para seus CEOs dizendo que era preciso tomar uma atitude. 2020

foi um ano todo diferente, todo pautado por conversas de diversidade e de inclusão. Temos alguns exemplos notáveis, como a abertura de novos espaços para a vocalização e potência da intelectualidade negra. Executivos do mundo corporativo cederam sua página do LinkedIn para vozes negras e isso é um avanço. Eu, por exemplo, ocupei o perfil do Gustavo Werneck, CEO da Gerdau, por uma semana, postando sobre a temática racial, sobre o empreendedorismo negro, a periferia negra e sua potência. Tivemos casos de empresas como Ambev, que lançou um manifesto público e que constituiu um comitê racial. Sou uma das conselheiras e nos reunimos uma vez por mês para falar sobre diversidade racial na empresa e reeditar o Representa, por exemplo, que é o programa de estágio focado em negros, além de lançar um programa de trainee que exclui o inglês como requisito indispensável e estabelece um percentual obrigatório de negros que irão entrar no processo seletivo. Acredito que avançamos de forma expressiva e as empresas mantiveram o foco nesse debate, com a intelectualidade negra passando a ocupar novos espaços ao longo deste ano. 2020 foi muito efervescente para a temática racial e é essa efervescência que não pode se perder nos próximos anos. Esse é o maior desafio, fazer com que os avanços não sejam esquecidos e se tornem uma mudança concreta na estrutura da sociedade brasileira.”

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MEMÓRI A

Um outro olhar sobre

A PANTERA Um dos podcasts mais comentados de 2020, Praia dos Ossos, faz uma investigação minuciosa do assassinato da socialite Ângela Diniz, morta a tiros pelo namorado, Doca Street, em Búzios, no verão de 1976. Os episódios relembram personagens envolvidos nessa trama, detalhes que foram esquecidos e trazem depoimentos de quem viu a história de perto. Amiga carioca da Pantera de Minas, nossa colunista viveu pouco menos de um ano ao lado de Ângela, mas tempo suficiente para descobrir todas as suas facetas, como conta nas páginas a seguir por kiki garavaglia

FOTOS ACERVO PESSOAL KIKI GARAVAGLIA

Ângela Diniz


Abaixo, o colunista social Ibrahim Sued, Kiki Garavaglia e Ângela Diniz na boate Regine’s, no Rio de Janeiro, em 1976. Na página anterior, a Pantera de Minas

FOTOS ACERVO PESSOAL KIKI GARAVAGLIA

E

m abril de 1976, estava indo para Paris com algumas amigas, entre elas Marialice Celidônio e, já no avião, vejo Ângela Diniz, a famosa Pantera de Minas, entrando... “Xiii, Marialice, olha quem entrou no avião!” “Caramba, é a Pantera de Minas.” “Bom, o importante é não darmos papo, chegando em Paris, não vamos mais encontrá-la.” Paris na primavera, flores e alta estação, toda a mondanité chegando para os desfiles de altacostura, festas todos os dias, exposições... Estava louca para ir almoçar no Bar du Théâtre, comer o famoso steak tartare com endívias fresquinhas, no fim do dia tomar um café no Flore olhando os parisienses ou ir ao bar do Plaza encontrar alguns amigos... Estava ansiosa para fazer tudo ao mesmo tempo! No primeiro dia, demos umas voltas pela Rive Droite e retornamos para o hotel para encontrar Ionita Guinle, que viria nos visitar e contar as novidades. Qual não foi minha surpresa quando lá estava Ionita conversando com a Pantera! Tivemos que nos sentar na maior cerimônia, sem saber o que falar, o que fazer com aquela mulher “envolvida em assassinato” [na época, ela havia confessado um crime que não cometeu]. Fiquei fazendo sala e depois de certo tempo me levanto, pergunto a Marialice se estava de pé a nossa ida a Galeries Lafayette no dia seguinte. Ela disse que ainda estava cansada do voo, então, perguntei a Bia se queria ir. “Nem morta”, respondeu. Ionita logo disse: “Fala sério, Kiki, tá me vendo lá?”. Então, Ângela vira-se para mim e diz que adoraria ir comigo, estava louca por companhia. Fim do primeiro ato.

o hotel com aquele “trambolho” e, ainda por cima, a corrida seria curta! Naquela época, os taxistas parisienses eram famosos pelo mau humor... Desistimos depois de uma hora, e lá fomos nós tentando carregar o elefante da Ângela, quando para um carro grande, o motorista rindo, simpático e bonito, e oferece carona. Na mesma hora agradeci (imagina se iria pegar carona de um desconhecido!). “Tá louca, Kiki? Não vamos conseguir chegar ao hotel sem estragar meu elefante, sempre quis um”, respondeu Ângela, já tentando “enfiar” o elefante no banco de trás... Resumindo, foi o primeiro dia de uma curta, mas intensa amizade com uma pessoa maravilhosa, cheia de qualidades, amiga das amigas, excelente mãe, excelente filha, companheirona para todas as horas. Fim do segundo ato.

No dia seguinte, entramos nós duas, às 11 da manhã, nas Galeries e, às 18h30 estávamos às gargalhadas, procurando um táxi, já que Ângela tinha comprado um enorme elefante de pano hindu e nenhum taxista queria nos levar para

Voltamos ao Rio, depois das férias, cada uma retornou para sua vida cotidiana. Eu era mãe dedicada de duas filhas pequenas e Ângela fazia os programas dela com pessoas que eu não conhecia, mas nos falávamos sempre!


MEMÓRI A

Na verdade, nossa vida era bem diferente, ela conhecia muitos homens, era linda e cobiçada, nunca me interessei ou perguntei o que tinha feito e com quem. Ela chorava muito pela perda da guarda dos filhos após o escândalo do assassinato do caseiro/ jardineiro da casa dela. Ângela tinha confessado a autoria do crime, para não prejudicar a vida do amante... Assim era a Ângela! Morria de saudades da filha, Cristiana, com quem falava, escondida do ex-marido, várias vezes ao dia. Cristiana queria porque queria vir para o Rio e ficar com a mãe, por quem era apaixonada, até que um dia fugiu de casa e foi ao encontro dela. Ângela, em vez de informar ao pai, ex-marido, ou a mãe dela, dona Maria, não contou para ninguém... Logo, a polícia foi bater em sua porta e a filha foi devolvida. Era o segundo processo policial contra ela e Ângela começou a fumar maconha para ficar fora da realidade e não pensar nos filhos... Quando estávamos juntas, era uma pessoa doce, meiga, engraçada, cheia de vida. Quando saía e encontrava “homens interessantes”, como dizia, ela se tornava realmente uma pantera, atacava a presa, usava e depois descartava. Ela vivia desafiando a sorte, queria deixar para trás a vida de debutante de sucesso mineira, de mãe dedicada, de filha obediente, e gostava de desafiar e chocar. Um dia, alguém no prédio dela denunciou

que Ângela usava “tóxicos”. Novamente, bateram na porta perguntando pela Ângela à empregada. Qualquer outra pessoa, em sã consciência, já toda enrolada com a Justiça, iria pegar a “trouxinha” de maconha (ela só fumava maconha, tinha horror a cocaína...) e jogaria fora. Sem discutir, pegou a maconha e simplesmente entregou ao policial. Claro, pediram para ela acompanhá-los à delegacia e mais um processo foi aberto. Perguntaram por que ela usava tóxico e Ângela respondeu que tinha perdido a guarda dos filhos, vivia deprimida e, em vez de tomar remédios, fumava para não pensar na saudade das crianças. Ela tinha um lado bem “deslumbrada” e se encantou quando conheceu o famoso colunista social Ibrahim Sued, que, por sua vez, ficou encantado por ela. Mas, como bom árabe, o “turco”, como o chamava, era ciumentíssimo e Ângela adorava provocar. As brigas começaram, ela desprezava os ciúmes dele, o “ turco” ficava louco de raiva e várias vezes dizia que ia matá-la e sacava o revólver a ameaçando... Uma vez, numa festa, começaram a brigar, ele bateu nela, disse que a mataria e ela simplesmente se levantou, foi até a sacada do apartamento no décimo andar, botou as pernas para fora e disse: “Quer me matar, mata, mas não vai me machucar e marcar”. Acabou a festa, todos os convidados foram embora, apavorados. Ângela era muito generosa, protegia as amigas, dava dinheiro, pagava matrículas dos fi-


FOTOS ACERVO PESSOAL KIKI GARAVAGLIA; REPRODUÇÃO PRAIA DOS OSSOS

Na foto ao lado, Ângela (de chapéu), a amiga Gabriele Dyer (à esq.), Ângela Teixeira (à dir.) e, em pé, Doca Street, em Búzios. Abaixo, com a amiga Marly de Fátima, em Paris. Na pág. anterior, na mesma viagem, Marly, Ângela, Kiki Garavaglia e Marialice Celidônio, encantadas com as cabines fotográficas da capital francesa

lhos dos outros, sempre ajudando quem podia. Tínhamos uma amiga, muito doce e meiga, supercareta, mãe de um casal e muito apaixonada pelo marido. Quando esse se apaixonou por outra mulher e foi embora, ela ficou desesperada, começou a beber, a cheirar cocaína, perdeu a guarda dos filhos e, para bancar o vício, foi vendendo tudo que tinha em casa: tapetes, pratas, objetos de valor, joias etc... Ângela pediu para Ibrahim descobrir quem era o traficante, foi na casa dele e comprou de volta todas as peças que sabia que a amiga gostava, pagando o dobro, o triplo, o que o traficante pedia. Internou nossa amiga na melhor clínica de desintoxicação, ela ficou bem e Ângela devolveu seus pertences. Assim era a Ângela Diniz, a famosa Pantera de Minas. Em dezembro de 1976, alugou uma casa em Búzios e nos convidou para passar o Réveillon; estávamos meio reticentes pois sabíamos que ela e o Doca, por quem estivera perdidamente apaixonada, brigavam muito por ciúmes. Búzios no verão já estava cheio e todos os dias iam à praia e começavam a beber e cheirar com amigos aproveitadores... Ela me ligou dizendo que eu não precisava levar roupa para a festa do Réveillon pois

tinha comprado um lindo vestido com uma fenda nas pernas e o Doca a tinha proibido de usar! Avisei que eu e meu marido, Renato, só iríamos na véspera, tinha surgido um problema... “Vem logo, estou com muitas saudades e o Renato vai distrair o Doca.” No dia seguinte, estou num jantar delicioso, já tinha bebido de tudo, quando alguém me liga de Búzios dizendo que o Doca tinha matado Ângela, ela estava toda ensanguentada, meio nua e me diziam que eu deveria ir até lá para vesti-la e organizar o translado do corpo. Avisei que não estava em condições e pediria a uma outra amiga para ir. Fui para casa, fiquei catatônica, sem conseguir falar, sem conseguir chorar, em total estado de choque. Só pensava que nunca mais iria ver minha nova e querida amiga, que finalmente tinha encontrado a paz. n


À D E R I VA

A CÉU ABERTO

Já pensou em embarcar em um veleiro e experimentar a liberdade de viver no mar? Há um ano navegando pela costa brasileira, o casal Raíssa Teles e Christof Brockhoff promove residências artísticas e encontros para quem busca autoconhecimento POR CAROL SGANZERL A FOTOS JULIA VARGAS

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RAÍSSA

C H R IS TO F

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ia 25 de dezembro de 2019, Raíssa Teles embarcava na maior aventura da sua vida. Ao lado do companheiro, Christof Brockhoff, partia para uma viagem pela costa brasileira, saindo do Guarujá, no litoral paulista, passando por Ubatuba, Paraty, Búzios, Vitória, Ilhéus, Itacaré e Baía de Camamu, na Bahia. Era um sonho se tornando realidade. Um ano antes, o casal havia escolhido a vida no mar. Entre a decisão de comprar um veleiro e fechar negócio em um modelo Peterson 33 – o qual batizaram de Mintaka – passaram-se duas semanas. Chris já tinha familiaridade no assunto, pois cresceu velejando com o pai, em Liechtenstein, uma micronação encravada entre a Suíça e a Áustria. Para ela, no entanto, um mundo novo se abria. “Desde que nos apaixonamos, oito anos atrás, já falávamos em ter uma vida nômade, em viajar o mundo a serviço de algo que causasse impacto”, diz Raíssa, que trabalha como facilitadora de grupos e desenvolvimento humano, assim como Chris, ele mais focado no social. Aprenderam tudo sobre a embarcação – mecânica, elétrica, infraestrutura e afins –, tiraram as autorizações necessárias para navegação costeira e se mandaram para Ilhabela, onde ficaram por um ano e meio. Lá, começaram a desenvolver o projeto Sea Beyond, que

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AMOR E ARTE NO VELEIRO JULIA VARGAS

“A residência no Piratas do Amor foi uma experiência mágica, de abertura do coração, conexão com a natureza e expansão da criatividade. Durante duas semanas, vivi em comunidade, em uma casa flutuante: a veleira Mintaka. Éramos seis artistas, criando em meio à imensidão azul. Seguindo nosso próprio ritmo interno, deixando a arte transbordar. Comecei a desenvolver uma série de postais Semente de Sonhos. Eles serão impressos em um papel que vem com sementinhas na fibra e pode ser plantado. Terão ilustrações na frente e espaço em branco no verso, a ser preenchido com intenções e rezas. Quero incentivar as pessoas a sonhar realidades mais férteis para sua vida e para o mundo. Plantarem seus sonhos na terra, para que cresçam fortes como árvores! A vida no barco tinha gostinho de plenitude. Vivíamos em harmonia com a natureza, nos nutrindo de alimentos cheios de vida, tomando banho de mar e acordando com o nascer do sol. Éramos uma tribo. E resolvíamos qualquer conflito em roda. Com eles, sentia que podia ser eu mesma. Despida de tabus e máscaras, era livre para andar pelada, deixar meus pelos crescerem, inventar histórias fantásticas e levar a minha criança interior para brincar. Encontrei no mar uma família. Sinto que estávamos ali reunidos para curar uns aos outros, nos nutrir e potencializar nossas missões pessoais e coletivas. Nossa missão é espalhar sementinhas de consciência através da arte e do amor!”

FOTO ÁGUA VIVA

depois ganharia o nome de Pirates of Love, espaço de aprendizagem para se reconectar com a natureza e criar novas formas de viver na terra. “O mar tem o poder de ensinar valores e qualidades que achamos fundamentais para o novo mundo, seja como indivíduo ou sociedade”, diz Raíssa. “A natureza humana e selvagem é capaz de tirar nossos padrões domesticados. Com Chris, vi a oportunidade muito rica de processos de cura desses padrões.” Para ajudá-los a comunicar seus sonhos, Raíssa e Chris criaram residências e convidaram artistas para embarcar com eles no projeto. Lançaram a ideia no Instagram e 50 pessoas se interessaram. Com capacidade para, no máximo, sete tripulantes, um dos grupos foi formado pelos artistas Julia Vargas (leia box ao lado), Água Viva e Elena Landinez, que criaram produtos relacionados aos valores dos piratas. Estes e outros estão sendo colocados à venda na loja on-line recém-lançada do grupo, com o intuito de angariar fundos para o próximo grande veleiro. Na vida que escolheram levar, onde a natureza dita as regras, Raíssa, 30 anos, e Chris, 35, pregam o que chamam de “raw life”, a vida nua e crua. “É sobre viver de verdade essa conexão, entendendo a alimentação, caçando os alimentos, sabendo limpar o peixe, fazendo nosso xampu, provocando com nudez, amor e liberdade”, pontua. Sobre os relacionamentos com as pessoas que chegam no barco, ela diz ser um caminho que experimentam. “Temos essa abertura e criamos um campo para isso. Muito além do poliamor, do amor livre, acreditamos num amor sem fronteiras, mas com acordos. Um rio precisa de margem para fluir, a gente estende as nossas margens. Temos uma parceria bonita nesse aspecto. É uma busca para entender nossa sexualidade. Trabalhamos esse lugar do corpo, de entender quando é desejo, quando é ego, o espaço de cada um”, diz. Avistando maiores travessias e destinos que ultrapassam as fronteiras do Brasil, Raíssa conta o que mais aprendeu no mar. “A ter paciência, resiliência e coragem, a seguir um passo de cada vez, mesmo que não enxergue para onde estamos indo.” n


“O mar tem o poder de ensinar valores e qualidades que achamos fundamentais para o novo mundo, seja como indivíduo ou sociedade”, Raíssa

Os artistas residentes Elena Landinez, Julia Vargas e Água Viva (acima) e cenas da rotina de Raíssa na cozinha e Chris em alto-mar

DEZEMBRO 2020 | JANEIRO 2021 J.P 39


ALMANAQUE

Alma Leve Quando todo mundo está mais trancado em casa, a ideia é que o espírito continue livre. Equilibre corpo e mente com coisas que fazem bem. Aqui, uma seleção solar para iluminar a temporada DA R EDAÇ ÃO

NO SOL E NA LUA

RAICA OLIVEIRA E SEAN DE SOUZA

Iogues, adeptos de meditação e alimentação saudável: tudo isso com a Chapada dos Veadeiros como cenário. Não tem casal que traduza melhor o espírito livre do que Raica Oliveira e Sean Gabriel de Souza. O filho de Cacá de Souza – embaixador da marca Valentino – e afilhado do estilista Valentino foi criado em meio ao jet set europeu, mas mudou seu propósito após uma temporada na Índia. Há dez anos, ele escolheu viver em Alto Paraíso e viaja para fazer trabalhos pontuais como modelo e DJ.

SOM PARA EMBALAR • VOU FESTEJAR Beth Carvalho • LOS CAMINOS DE LA VIDA Vicentico • IN YOUR EYES Kylie Minogue • GEMA Teresa Cristina e Caetano Veloso • YOU CAN GET IT IF YOU REALLY WANT Jimmy Cliff • OMBRIM Rosa Neon • TEXAS SUN Khruangbin e Leon Bridges • THE BAY Metronomy • STANDING IN THE WAY OF CONTROL Gossip • VOLTA POR CIMA Elza Soares • ESTRELAR Marcos Valle • FREE AS A BIRD The Beatles • COULD YOU BE LOVED Bob Marley & The Wailers • TENHA FÉ, POIS AMANHÃ UM LINDO DIA VAI NASCER Os Originais do Samba • EMORIÔ / DIA DA CAÇA Gilberto Gil e BaianaSystem • THIS MUST BE THE PLACE David Byrne

Raica também tem conciliado a carreira internacional na moda com temporadas na Chapada. “Sempre busquei um estilo de vida mais saudável e sustentável, nunca comi carne vermelha e há três anos tenho uma alimentação plant based”, conta a modelo, que lança, em breve, uma plataforma on-line, a iTree, sobre alimentação holística, florais alquímicos e ioga, além de uma linha de produtos naturais. “O intuito é auxiliar as pessoas em seu desenvolvimento pessoal e espiritual com ferramentas poderosas”, explica.

40 J.P DEZEMBRO 2020 | JANEIRO 2021


PEGADA HIPPIE Isabela e Chica Capeto são pura inspiração. O estilo colorido, ousado e sem a pretensão de se levar muito a sério de mãe e filha é totalmente free spirit. Siga os passos delas com a bolsa Tô de Olho em Você (R$ 364), à venda no site da marca Isabela Capeto. +isabelacapeto.com.br

MARINA SANVICENTE

Stylist e figurinista Eterna gata de praia, Marina se considera uma mulher sempre em busca da liberdade, em todos os sentidos. “Faço um exercício diário para desconstruir algumas crenças que me limitam, que foram impostas pela sociedade e não pelo que acredito, e isso nem sempre é fácil”, diz ela. “Ser livre, para mim, passa pelo autoconhecimento, por aceitar a si próprio e ser mais empática.” Com o radar ligado em moda e preocupação com a sustentabilidade, ela revela seus desejos para 2021: abrir um brechó que tenha também novas marcas, além de second hand, e promover encontros.

1.

2.

VEM, 2021!

Para começar o ano com uma nova vibração, a astróloga e taróloga Claudia Letti preparou um banho que promete limpar os medos e as limitações de 2020 e trazer mais liberdade e sonhos coletivos. Entre os ingredientes do banho da virada, um mix de ervas, pitada de noz- moscada, energia boa e benzimento (R$ 36). @banhoastral 3.

FOTOS REPRODUÇÃO INSTAGRAM PESSOAL; ARQUIVO PESSOAL; FREEPIK; DIVULGAÇÃO

5.

L E I T U R A

1. A incensada poeta indiana Rupi Kaur lança Meu Corpo Minha Casa (Planeta), em que nos leva a uma jornada de reflexão, visitando o passado, o presente e o potencial que existe em nós. 2. Em Taísa Machado, o Afrofunk e a Ciência do Rebolado (Cobogó), a dançarina e escritora, também conhecida como Chefona Mermo, mostra como desenvolveu suas concorridas aulas de funk 3. Solo para Vialejo (Cepe Editora) é o livro de poesia de Cida Pedrosa que acompanha uma viagem do litoral ao sertão e resgata o folclore e a musicalidade pernambucana 4. Para quem procura uma leitura leve e bemhumorada pode apostar nas obras de Beth O’Leary. A Troca (Intrínseca), ela conta a saga de uma avó e uma neta que passar a viver a vida da outra.

5. I Love Dick, da Amazon Prime, é uma série para se deliciar em uma única tarde. Inspirada no livro homônimo de autoficção (Eu Amo Dick, da Todavia), tem Kevin Bacon como Dick, um artista misterioso e caubói, do tipo do comercial de Malboro, que vira objeto de obsessão de Cris (Kathryn Hahn), uma cineasta desiludida com trabalho e casada. Em vez de uma crise no relacionamento, a paixão platônica reacende a vida sexual do casal. A trama se passa em Marfa, no Texas, e traz muitas referências artísticas. Imperdível!

4.

DEZEMBRO 2020 | JANEIRO 2021 J.P 41


ALMANAQUE

ONDA HIPPIE RAFAELA VERAS Jornalista e RP

Vai curtir o verão em Fortaleza? Rafaela dá dicas insider:

Praia da Malhada (entre Jeri e Preá) “Quando penso em paraíso na Terra e naquele mergulho de temperatura ideal é nessa faixa de praia que lavo a minha alma. E ainda é um pouco deserta.”

Há lugares que traduzem o espírito livre como nenhum outro. A energia, o clima, as pessoas, a praia, o mar, as montanhas, a força da natureza, os horizontes a perder de vista. Nesses destinos, é verão o ano todo. Sonhe com sua próxima parada

Machu Picchu Goa

• Machu Picchu (Peru) • Alter do Chão (PA) • Arembepe (BA) • Alto Paraíso (GO) • Puerto Escondido (México) • Deserto do Atacama (Chile) • Goa (Índia) • Costa Rica Alter do Chão

Yamor da Ethel “A loja é o lugar para quem ama bordado em richelieu. É um verdadeiro tesouro. O trabalho da Ethel Whitehurst é um primor.”

CORPO ENFEITADO Para adornar todos os tipos de corpos e para homenagear o Rio e Salvador. Este é o mote da nova coleção de Julia Gastin, batizada de Onde o Rio É Mais Baiano. A designer traz guias, correntes para eles e para elas, e peças inspiradas nos azulejos de Carybé, que decoram a casa de Jorge Amado. Nós amamos as joias de corpo e o mix de materiais, entre búzios, semente de açaí, madeira e abalone. @jugastin

J.P INDICA

BRINDE EM CASA

Para fazer bonito em família ou presentar, o G&T Gin Bar, templo do gim em São Paulo, lança o Kit Bartender com sua assinatura. Uma caixa de madeira que acomoda uma garrafa de gim, especiarias, uma colher bailarina e duas taças da grife, criação de Hans Scheller, sócio do G&T. “Nossa ideia foi criar um kit diferenciado e especial, para que nosso público possa fazer seu drinque em sua residência, com o mesmo estilo dos que provam em nosso bar”, diz Hans. O Kit Bartender pode ser comprado no G&T Gin Bar (rua Oscar Freire, 604) e também em seu novo e-commerce: +GTGINBAR.COM @GTBAR_ JARDINS

42 J.P DEZEMBRO 2020 | JANEIRO 2021

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AKI Asian Kitchen “É um restaurante charmoso e o Rock Shrimp e o Smash Burguer são imperdíveis.”


TRÊS PONTINHOS POR RODRIGO PENNA

STOP THE COUNT! Voto antecipado, voto ideológico, voto cronológico, voto dupla face, voto primavera/verão, voto cego, voto válido, voto justo, voto démodé, voto nulo, voto sujo, voto caviar, voto se pagar, voto útil, voto aberto, voto em branco, voto pretinho básico, voto gourmet, voto com a razão, voto-canção, voto roda de samba, voto rodo a baiana, voto na legenda, voto de minerva, voto mas que merda, voto majoritário, voto delegado, voto delegando, voto proporcional, voto nominal, indolor e intransferível!

Coisa mar linda é votar. E vou morrer votando na esquerda. Muito mais do que uma questão de princípios. É sobre o gozo de exercê-los!

Resumo da ópera: “Se eu ganhar vale, se eu perder não vale” O difícil aprendizado; que se enfrenta aos cinco anos.

“Troco meu dia de consciência negra por um ano de bom senso branco” (Kaya Matheus)

FOTO ARQUIVO PESSOAL

Quando tudo isso passar Nem sei... Tanto!

RODRIGO PENNA É ATOR, DIRETOR, PRODUTOR, DJ, CRONISTA. O CARA VIVE DAS IDEIAS. A FESTA BAILINHO FOI SÓ UMA DELAS. DEVOTO DA POESIA, ELE ACREDITA NA ARTE, COMO OS ROMÂNTICOS, PORQUE SÓ A VIDA NÃO BASTA

DEZEMBRO 2020 | JANEIRO 2021 J.P 43


VERÃO SALGADO

Calor pede comidinhas saudáveis, leves e nutritivas. E nisso a FLORMEL, marca que oferece uma alimentação consciente há 30 anos, é especialista. Seus snacks e biscoitos saborosos, das linhas Parô e Oooba, produzidos com ingredientes naturais, sem corantes e conservantes, são ótimos aliados no dia a dia e vêm em embalagens práticas, na medida certa da fome.

PARA TODA HORA

Produzidos com farinha de grão-de-bico, azeite extra virgem e temperos naturais, os snacks salgados da linha Parô são escolha certa para quem não abre mão de cuidar do corpo com ingredientes cheios de nutrientes. Nas versões Multigrãos, Tomate & Manjericão e Parmesão & Gorgonzola, podem ser levados para o trabalho ou oferecidos como entradinhas acompanhadas de patês. O melhor é que uma única porção traz satisfação e saciedade para a hora do lanche.

BOLINHAS DIVERTIDAS

Com vegetais presentes nos seus ingredientes, o Oooba é um biscoito de polvilho em bolinhas, ideal para deixar a hora do lanche mais saudável e divertida. Prático de levar na bolsa, lancheira, mochila, e perfeito para qualquer momento do dia, o snack está disponível em dois sabores: Cenoura, Espinafre & Beterraba e Queijo. Assados, crocantes e coloridos naturalmente com os vegetais em pó, sua fórmula ainda apresenta azeite extra virgem, mandioquinha e salsa, o que garante um biscoito de polvilho nutritivo.


J.P INDICA

SEM AÇÚCAR, COM AFETO

Um dos maiores desafios deste ano foi ficar longe dos amigos, da família e das pessoas de que mais gostamos. Comemorações a distância e abraços virtuais foram as maneiras que encontramos para atravessar esse período da melhor forma. Agora que as festas de fim de ano se aproximam, é hora de participar de amigos secretos e trocar presentes, afetos. E quem não gosta de ganhar chocolates? A FLORMEL tem opções de doces deliciosos e sem açúcar para agradar qualquer paladar. Bombons, Minibombons, Yow, todos são escolhas certeiras e podem ser oferecidos como sobremesa, docinho da tarde ou aquela companhia boa de todas as horas. +FLORMEL.COM.BR

RECHEIO DE SOBRA

Os minibombons são excelentes presentes para quem gosta de chocolate com muito recheio. Sem glúten, sem adição de açúcares ou adoçantes artificiais, podem ser levados na bolsa para a hora que bater a vontade de comer um docinho. As opções são muitas: Crocante com Caramelo, Banana, Coco e Amendoim. Os pacotinhos são a companhia perfeita para um cinema em casa.

FOTOS DIVULGAÇÃO

CADA MORDIDA, UMA SURPRESA

Castanha-de-caju, Avelã Crocante, Cranberry, Extra Cacau, Chocolate Branco Cookies n’cream: diferentes sabores não faltam no recheio dos bombons Flormel. Zero adição de açúcares e sem adoçantes artificiais, essas maravilhas são feitas com chocolate ao leite, cheias de sabor e para todos os gostos. Além da linha ao leite, há opções veganas, produzidas com ingredientes de origem vegetal e certificados pela SVB. Disponíveis em dois sabores, Chocolate Amargo, feito com 72% cacau, e Chocolate Branco com Cranberry, feito com leite de coco, a linha de bombons veganos é sem adição de açúcares, sem glúten e sem adoçantes artificiais.

EXPLOSÃO DE SABOR

O Yow foi criado para saciar aquela vontade de chocolate que aparece no meio do dia. Supersaboroso, é do tamanho da sua vontade e perfeito para te acompanhar aonde for, levar na bolsa e ter um lanchinho delicioso sempre por perto. Sem adição de açúcares ou adoçantes artificiais, estão disponíveis em três sabores: chocolate ao leite com Crispie de Quinoa, chocolate ao leite com Amendoim, chocolate 72% cacau com Cranberry, sendo que este último ainda contém 2,5 g de fibras por porção e não tem lactose. Na dúvida, experimente os três, você vai amar!


PA R A F I N A

DEU ONDA Mais do que um esporte, o surfe é um estilo de vida, uma ideologia, uma liberdade, uma maneira de estar no mundo e de ter como princípios o prazer do contato com o mar e o respeito à força da natureza P O R A N A EL I S A M E Y ER

uando pensamos no mundo do surfe – sobretudo quem não faz parte dele –, logo vem à cabeça as praias do Havaí e da Califórnia. É inevitável. Imagens do estilo de vida dos surfistas exibidas pelo cinema os mostram determinados, sempre atrás da onda perfeita. As fotos que passam pelos nossos olhos e prendem nossa atenção dão conta da grande comunhão que desfrutam com o mar. Mas o que realmente sabemos desse mundo paradisíaco?

46 DEZEMBRO 2020 | JANEIRO 2021 J.P


FOTOS REPRODUÇÃO; FREEPIK

Origem O surgimento do surfe remete aos povos peruanos e polinésios, das ilhas do Pacífico. Estudos mostram que pescadores que habitavam a região do Peru, há mais de 4 mil anos, utilizavam uma espécie de prancha, chamada “caballito de totora”, confeccionada de junco, para pescar caranguejos e peixes que ficavam próximos à arrebentação e, assim, acabavam pescando e deslizando sobre as ondas. Mas a origem da arte de surfar é atribuída aos polinésios, principalmente da região do Havaí. Para eles, que foram criados à beira-mar, tal prática fazia parte da cultura e era considerada um esporte nobre. Os chefes, isto é, os reis das comunidades, eram sempre os mais habilidosos, tinham as melhores pranchas, feitas de árvores adequadas, e acesso às melhores praias, enquanto os “plebeus” não tinham tais regalias e possuíam pranchas menores, confeccionadas de forma mais simples, com menos qualidade. O primeiro relato que chegou ao mundo ocidental sobre o esporte foi em 1779, por meio do diários do navegador inglês James King – que estava na região da Polinésia a bordo de uma expedição britânica liderada pelo capitão James Cook, mais conhecido como o “pai da Oceania” , que se referia à prática como um “exótico passatempo” dos locais.

Imagem de havaiano na praia de Waikiki, O’ahu, no fim do século 19, segurando sua alaia - prancha de madeira sem quilhas -, é considerada a primeira fotografia de um surfista da história

Em foto

Foi na década de 1930, no Havaí – local onde os surfistas tornariam o esporte uma mania mundial –, que a prática foi registrada em imagens. Primeiro a documentar os corajosos aventureiros que deslizavam nas ondas sobre pesadas pranchas de madeira, Tom Blake (1902-1994), além de revolucionar o modo de registrar o esporte ajudando a disseminar ainda mais a cultura do surfe, foi responsável também por transformar a própria fabricação das pranchas. Já na Califórnia – a terra do sol, surfe e possibilidades infinitas –, LeRoy Grannis (1917-2011) é considerado um dos principais fotógrafos da cultura sobre as ondas dos anos 1960 e 1970. Surfista desde os 14, Grannis foi se afastando da prática por conta do trabalho, até o dia que foi diagnosticado com uma úlcera causada por estresse. Naquele momento, percebeu que precisava mudar de vida e, seguindo a indicação de seu médico – de buscar atividades mais relaxantes – voltou ao mar, mas apenas como fotógrafo da prática. Seus primeiros cliques foram em 1959, aos 42 anos, época em que o surfe começava a se popularizar nos Estados Unidos.

DEZEMBRO 2020 | JANEIRO 2021 J.P 47


PA R A F I N A

Surf Movies

Parte de um pequeno e seleto grupo de cineastas que percorreu a Califórnia no começo da década de 1960, fazendo filmes de baixo orçamento sobre o surfe e o estilo de vida praiano, Bruce Brown (1937-2017) foi o responsável por criar o “surf movie”. Nascido em São Francisco, começou a surfar aos 10 anos quando se mudou para Long Beach. Oito anos depois, enquanto servia a Marinha dos Estados Unidos, fez seu primeiro curta-metragem sobre o esporte. Em 1966, quando lançou o clássico The Endless Summer, apresentou o mágico universo ao mundo. O filme, que conta a história de dois amigos californianos que viajam por países diversos como Austrália, Nova Zelândia e Havaí, em busca da onda perfeita, é obra fundamental quando o assunto é filmes de surfe. O sucesso do longa foi tão grande que acabou ganhando uma continuação décadas mais tarde, em 1994, com The Endless Summer 2, onde dois jovens surfistas refazem os passos dos anteriores, mostrando o crescimento e evolução do esporte desde a primeira filmagem. Outro nome importante, e que elevou o padrão estético dos filmes sobre o tema, é o diretor californiano Taylor Steele, de 48 anos. Há mais de duas décadas no ramo, Steele é considerado parte da “geração Momentum” formada por nomes como Kelly Slater e Shane Dorian, surfistas americanos que revolucionaram o esporte na década de 1990 não só pelo alto nível técnico, mas também pela forma como o surfe era mostrado ao mundo. Diretor de Momentum (1992), documentário que se tornou praticamente obrigatório entre surfistas da época, Steele criou um novo estilo de filmar ao juntar o esporte com a música, mais especificamente o punk rock – estilo muito próximo do surfe em San Diego, na Califórnia, nos anos 1990 –, realçando a ação e a energia do esporte.

Brasil no mar

• Por aqui, o surfe começou a ganhar visibilidade em 1938, ano em que foi feita a primeira prancha brasileira • Na década de 1970, o esporte explodiu no Brasil e se tornou uma febre nacional. Os primeiros campeonatos aconteceram em 1975, em Ubatuba (SP) e no Rio de Janeiro • Atualmente, os surfistas Gabriel Medina, Adriano de Souza e Ítalo Ferreira, campeões mundiais, fazem parte do top 22 do ranking mundial entre a elite do surfe e encabeçam a geração Brazilian Storm • Maya Gabeira detém o atual recorde mundial de maior onda surfada por mulheres. Feito que ela conseguiu ao surfar uma onda de 22,4 metros em fevereiro deste ano, na praia do Norte, em Nazaré, Portugal

48 DEZEMBRO 2020 | JANEIRO 2021 J.P


ALMANAQUE

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ESTILO • Aviator Nation (Venice, CA) • O’Neill (Santa Cruz, CA) • Outerknown (marca sustentável do Kelly Slater) • The Elder Statesman (Los Angeles, CA) • Aerofish (SP) – pranchas customizadas

O QUE OUVIR • Dick Dale • Jack Johnson • Ben Harper • Sublime • The Beach Boys

O QUE ASSISTIR • Caçadores de Emoção (1991) • Tudo Por um Sonho (2012) • Coragem de Viver (2011) • Tá Dando Onda (2007) • Novela Top Model (1989), disponível na Globoplay

O QUE LER • Blue Mind, de Wallace J. Nichols • Pop Surf Culture: Music, Design, Film, and Fashion from the Bohemian Surf Boom, Brian Chidester • A Onda - Susan Casey • Dias Bárbaros – Uma Vida no Surfe, William Finnegan • Pipe Dreams, biografia de Kelly Slater


MEU FEED

VOANDO ALTO Se não fosse o talento – e o DNA – na música, Maria Luiza Jobim talvez trabalhasse com uma de suas outras paixões: astros e pássaros. Ela até coleciona sons de passarinhos! Filha de Tom Jobim e mãe de Antonia, de 2 anos, a cantora conta que guarda com carinho os suéteres do pai e diz que o melhor do verão é a sensação de recomeço. Tanto que, nesta temporada, faz sua estreia como produtora musical POR LUCIANA FRANCA

O MELHOR DO VERÃO É... a sensação

de recomeço

NÃO ME CANSO DE... ficar na rede do sítio, de cara para a mata PARA PREENCHER A ALMA: troca real com as mulheres que escolho conviver. Quem tem “amigues”, tem tudo MÚSICA QUE ESTOU OUVINDO SEM PARAR: tenho escutado muitas trilhas,

como Philip Glass, Ryuichi Sakamoto, Jon Brion e Harold Budd

MÚSICA QUE GOSTO DE CANTAR:

meu mood quarentena foi nostalgia romântica e hits dançantes; uma coisa meio Ara Ketu, meio João Gilberto

50 J.P DEZEMBRO 2020 | JANEIRO 2021


LUGAR INESQUECÍVEL QUE VISITEI:

Japão, sozinha

A PRÓXIMA VIAGEM QUE GOSTARIA DE FAZER:

mostrar o Brasil para minha filha

AS PESSOAS SE SURPREENDEM COMIGO QUANDO... me meto a produzir música; um

universo ainda predominantemente masculino MEU APP FAVORITO É: Star Chart ou qualquer outro para observar o céu ME PAREÇO COM O MEU PAI... com as caretinhas que faço quando toco violão MINHA FILHA SE PARECE COMIGO QUANDO...

Antonia tem um jeito muito dela, é mistura fina

FILME QUE VI RECENTEMENTE: Her, foi tocante

rever um retrato tão atual entre a conexão e a solidão. Sempre vejo e revejo filmes de [Charlie] Kaufman e David Lynch .

MEU SEGREDO DE BELEZA É... não ter medo

de envelhecer

MELHOR LIVRO DOS ÚLTIMOS MESES:

comecei The Hidden Life of Trees - What They Feel, How They Communicate [A Vida Secreta das Árvores, em português] NÃO PERCO UM EPISÓDIO DE:

High Fidelity e The Undoing

OBJETOS QUE NUNCA VOU ME DESFAZER:

os suéteres do meu pai

UMA MULHER INSPIRADORA: minha avó

paterna. Separou em 1927, criou meu pai e minha tia e fundou uma escola TENHO UMA COLEÇÃO DE: pios de passarinho

FOTOS ARQUIVO PESSOAL; REPRODUÇÃO INSTAGRAM PESSOAL; REPRODUÇÃO; GETTY IMAGES; DIVULGAÇÃO

SE NÃO FOSSE CANTORA, EU... talvez cederia à minha paixão pelos pássaros ou astros, seria ornitóloga ou astrônoma A ÚLTIMA REFEIÇÃO QUE ME IMPRESSIONOU:

[o chef] Yotam Ottolenghi me inspira no fogão LUGAR ONDE MAIS GOSTO DE ESTAR:

no presente

UM “ACHADO” RECENTE: Mubi, canal sob

demanda focado em filmes independentes e fora do mainstream

PRÓXIMO PASSO: estou lançando um curta/ NO MEU ESTILO PESSOAL NÃO PODEM FALTAR... roupas que sirvam da padaria ao

jantar. E repito roupas sem medo

clipe com duas músicas minhas, sendo que uma delas é uma trilha inédita e produzida por mim. É a primeira vez que lanço uma música como produtora

DEZEMBRO 2020 | JANEIRO 2021 J.P 51


SINTA-SE EM CASA

Em tempos em que o planeta deu uma pausa e ressignificamos a nossa casa, que deixou de ser muitas vezes um espaço só de passagem e dormitório para se transformar no mundo todo, a FLORENSE se fez ainda mais presente na vida de seus clientes. Teve quem descobriu sua paixão pela culinária e decidiu fazer uma nova cozinha mais funcional, moderna e confortável para preparar receitas para quem ama; outros reformaram salas e quartos para que a família aproveitasse melhor os ambientes. Mas além de fazer móveis com finíssimo acabamento unindo tecnologia de ponta com trabalho artesanal, a marca brasileira com design internacional também proporciona experiência e faz com que seus clientes e parceiros se sintam em casa em sua flagship na alameda Gabriel Monteiro da Silva, em São Paulo, inaugurada em agosto de 2019. A casa conceito, que é um oásis na cidade criado pelo designer israelense Dror Benshetrit e já foi cenário de uma apresentação do DJ Alok, agora celebra a temporada mais desejada do ano com o projeto Vai Ter Verão, que traz vivências para todos os sentidos.

Acima, Camila Nunes Carneiro recebe Mariana Rios. Simaria esteve no lançamento do projeto Vai Ter Verão e Alok tocou na flagship em 2019


FOTOS DENILSON MACHADO/DIVULGAÇÃO; DENISE ANDRADE/DIVULGAÇÃO

J.P INDICA

“Estamos passando por momentos atípicos, mas temos a certeza de que teremos o verão. Por isso, lançamos este projeto que tem o objetivo de trazer experiências, com afeto, acolhimento e segurança”, diz Camila Nunes Carneiro, diretora das lojas Florense Gabriel, D&D Shopping e Salvador. A estreia do projeto foi marcada com um pocket show de Mariana Rios no rooftop para poucos convidados, como manda o protocolo atual. A cantora Simaria, cliente da Florense e uma das convidadas, deu uma palinha na noite. Na ocasião, também foi apresentado o novo cardápio de verão do bistrô – exclusivo para clientes da loja – com receitas refrescantes criadas pelo designer de festas Renato Aguiar e shots funcionais assinados pelo doutor Guilherme Corradi, médico especialista do esporte. Entre as atividades do Vai Ter Verão, para os profissionais do mercado de

arquitetura e decoração, estão workshop de arranjos florais com Flávia Chicarelli, aula de ballet fitness com Betina Dantas e palestras sobre saúde e cuidados para o corpo com o doutor Eduardo Fakiani. “Não vendemos só móveis, mas também a experiência de bem-estar, de se cuidar”, resume Camila. +FLORENSE.COM.BR


COR PO E A LM A Quanto mais natural, melhor: treino facial, desodorantes de cristal e de ervas, e novas marcas para ficar de olho P O R LU CI A N A F R A N C A

o invasivo botox pelas massagens de Camila Junqueira. Após 15 anos dando treinamento para grandes marcas de beleza, ela criou seu próprio método, o Face Lifting. “Minha técnica fortalece o músculo do rosto, ao contrário do botox, que o enfraquece. Aplicar botox é como deixar uma perna engessada por um ano”, compara. Suas sessões são chamadas de treinos e, como na ginástica, os resultados dependem da assiduidade. Quem faz uma vez por mês não terá o mesmo resultado de quem faz uma ou duas vezes por semana. Cada treino de 1h30, em domicílio, custa R$ 320 e são feitos com produtos naturais da Saboaria Brasil.

ESSA É MINHA COR Com base em uma pesquisa profunda feita com mais de

mil mulheres negras brasileiras, a AVON criou novos tons desenvolvidos especialmente para elas, traduzindo em uma única paleta a maior gama possível de tons e subtons. “Um tom de base para pele negra, sem precisar misturar dois tons. Este é o nosso objetivo”, diz Dani da Mata, maquiadora especialista em pele negra que colaborou com todo processo de criação das cores. Em novembro, foram lançadas novas cores de base líquida, base compacta, pó compacto, corretivo, blush e iluminador em gotas. Até o fim do ano serão lançados 28 itens de maquiagem que são resultado desse trabalho. +AVON.COM.BR/ESSAEMINHACOR

@CAMILAJUNQUEIRAOFICIAL

FRESCOR ECO Do mesmo criador da icônica

CK ONE , desembarca por aqui a nova fragrância CK EVERYONE . Como a anterior, é também sem gênero, mas, desta vez, vegana, feita com ingredientes naturais e com frasco e embalagem criados a partir de materiais reciclados. (R$ 399/100 ML)

54 J.P DEZEMBRO 2020 | JANEIRO 2021

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TREINO FACIAL Tem gente em São Paulo trocando


J.P INDICA

SOFISTICAÇÃO ATEMPORAL

A GRANADO festeja seus 150 anos com uma deliciosa viagem sensorial no tempo. A botica mais tradicional do Brasil lança três perfumes comemorativos, que fazem uma ode ao Rio de Janeiro e a sua história: ELIXIR 1870, IMPERIAL e BOEMIA.

FOTO DIVULGAÇÃO

ELIXIR 1870 é

uma criação contemporânea, que evoca elegância e o escape à natureza. As notas cítricas, aromáticas e amadeiradas nos transportam às montanhas da serra de Teresópolis, onde José Antônio Coxito Granado, fundador da marca, cultivava ervas e flores usadas nas fórmulas dos produtos.

IMPERIAL nos leva de volta ao Rio de Janeiro do fim do século 19, com uma fragrância fresca, leve e elegante, que resulta em uma dualidade intrigante entre a brasilidade e a influência portuguesa. Já a atmosfera fervilhante da Lapa no início do século 20 foi o ponto de partida para o BOEMIA. Oriental, marcante e extremamente elegante, a fragrância representa toda a sensualidade e ousadia do bairro mais boêmio do Rio de Janeiro. Cada perfume custa R$ 180. GRANADO CJ SHOPS JARDINS: RUA HADDOCK LOBO, 1626 – 2º ANDAR – SÃO PAULO +GRANADO.COM.BR


CORPO E ALMA

Cinco estrelas A tem um perfume para chamar de seu. Ou melhor, AMAN RESORTS

cinco. A rede lança uma coleção de fragrâncias que promete uma viagem sensorial capaz de nos transportar para alguns de seus destinos, entre eles Tailândia, Marrocos e Nova York, que ganhará um resort em 2021. O frasco de 50 ml (US$ 286) pode ser comprado pelo perfil @THEAMANSHOP. Por aqui, a marca SANTAPELE, que começou como uma linha exclusiva de amenities do hotel Emiliano e está sob o comando de Carolina Filgueiras, ampliou a linha, ganhou loja física e está também em pequenos hotéis-butique. A novidade é a vela feita em collab com a WAIWAI RIO, em dois tamanhos (R$ 950 e R$ 1.350). @SANTAPELEOFICIAL

Ervas finas

FARO FINO

A nova loja de CARINA DUEK, a CASA CIPÓ, em São Paulo, vai além da moda. Ela faz uma curadoria afiada de design, acessórios, brinquedos e produtos de beauty clean, entrelaçando marcas sustentáveis e com propósito. Na seção de beleza, destaque para o desodorante Stick Kristall Sensitive, da Alva, formulado com cristal de alúmen de potássio, mineral com propriedades antibacterianas, e para o Sérum Facial Óleo Botox Regeneração Celular You&Oil, com óleo de marula.

Desenvolvido com ingredientes naturais, o desodorante de sálvia da WELEDA neutraliza odores com o aroma dos óleos essenciais de alecrim e tomilho. Sem sais de alumínio e substâncias sintéticas, o produto vem em frasco feito de vidro reciclável e não obstrui os poros como os desodorantes comuns. (R$ 69,90/100 ML)

• A paulistana AHOALOE , presente na Europa desde 2019, traz uma linha completa à base de aloe vera orgânica de cultivo próprio. @AHOALOE

• Focada em saboaria e perfumaria, os produtos da AIK BODY&SOUL promovem efeito energizante, relaxante ou purificante.

• O próprio nome diz a que veio: a cruelty-free VEGANA tem entre os lançamentos o Sérum Facial Pura Hidratação, com óleos essenciais de gerânio e palmarosa.

@AIKBODYSOUL

@VEGANAOFICIAL.

FOTOS LUCIANA PREZIA/DIVULGAÇÃO; DIVULGAÇÃO

Prateleira

Três marcas de cosméticos naturais para ficar de olho:


MASSAGEM E MEDICINA POR RENATA FRANÇA

Em entrevista a Renata França, criadora da massagem mais desejada pelos famosos, médicos falam de suas especialidades e dos benefícios da massagem para a saúde DR. RODRIGO MANGARAVITE

Especialista em cirurgia plástica, membro titular da SBCP e Isaps, autor do livro O Que a Cirurgia Plástica Pode Fazer Por Você CRM-SP 168271 RENATA FRANÇA

RENATA FRANÇA: O que o levou à expertise em rinoplastia? RODRIGO MANGARAVITE:

FOTOS JOSEMAR ALVES/DIVULGAÇÃO; DIVULGAÇÃO

Ela é, sem dúvida, a mais complexa das cirurgias. Sempre me encantou pela alta complexidade da estrutura anatômica nasal e porque poucos milímetros mudam completamente o rosto de uma pessoa. Assim, investi profundamente em conhecimento nas técnicas de rinoplastia. São mais de dois mil narizes operados, e busco aperfeiçoar minha técnica cada vez mais. RF: Qual é a importância da

massagem no pós-operatório de uma cirurgia plástica? RM: Quando benfeita, a massagem realizada no pós-operatório traz um alívio muito grande para o paciente, pois reduz o edema e as equimoses (manchas roxas). Eu diria que ela é fundamental para o bom resultado de uma cirurgia.

RF: Como a drenagem linfática

contribui para que uma cirurgia plástica seja bem-sucedida? RM: Auxilia muito em uma rápida recuperação. O paciente consegue ver o resultado com menos tempo, além de ter um retorno mais precoce para as atividades diárias. RF: Em sua opinião, em que pro-

cesso pós-cirúrgico a massagem é fundamental? RM: Para evitar a formação de fibrose, uma das maiores “inimigas” da cirurgia plástica. Ela pode distorcer as estruturas, causar retração da pele e, em alguns casos, formar nódulos que atrapalham o resultado de uma cirurgia. RF: Em que casos ela entra no

No caso da rinoplastia, não recomendo manipular diretamente o local operado. A manipulação e a drenagem das áreas próximas do sistema linfático da região ajudam muito a dar maior conforto ao paciente. Em uma cirurgia de lipoaspiração, o local aspirado fica sensível, mas a manipulação dos gânglios linfáticos da região ajuda muito na regressão do edema e das equimoses. RF: Quando não é indicada? RM: Em cirurgia plástica, não

vejo contraindicação. O mais importante é que a paciente receba a massagem das mãos de um profissional capacitado, pois, quando bem realizada, a massagem e drenagem são fundamentais no pós-operatório.

pós-operatório imediato? RM: Pode ser feita no dia se-

guinte à cirurgia, se realizada com uma técnica adequada.

Para a versão completa da entrevista, acesse +sparenatafranca.com


fernando torquatto

Vera Fischer

Como Miss Brasil em 1969, na reprise da novela de duas décadas atrás e, atualmente, aos 69 anos: a beleza da atriz é atemporal. Clichê, mas inegável. Os olhos delineados nesta produção evocam esse glamour que não se perde com o passar do tempo e fazem o contraponto perfeito com a pele superleve em tons de pêssego. FERNANDO TORQUATTO já transformou todo mundo que importa – aqui e lá fora. só vai sossegar depois de clicar madonna

58 J.P DEZEMBRO 2020 | JANEIRO 2021

JOIAS CARLOS RODEIRO E ROUPÃO PARADISE. AGRADECIMENTO: HOTEL FAIRMONT RIO

BEAUTY ARTIST


J.P INDICA

PARA TODAS

A luta pela diversidade e o empoderamento feminino faze parte do DNA da AVON, que celebra seus novos passos com a campanha ESSA É MINHA COR, cocriada por Larissa Luz e estrelada por Cris Vianna, Daniele Da Mata, Ana Paula Xongani, Magá Moura, Geovana Ribeiro, Glória Abreu, Lub Big Queen, Odara, Onika Bibiano e Vilma Caetano, apresenta os novos tons e subtons desenvolvidos especialmente para as peles negras brasileiras. A criação da paleta foi resultado do trabalho colaborativo entre a maquiadora Daniele Da Mata, uma das maiores experts em pele negra no Brasil, e a cientista americana Candice DeLeo Novack, chefe de desenvolvimento de produtos para olhos, rosto e design técnico de produtos da Avon. A marca ainda assume o compromisso de reparar injustiças históricas com importantes metas internas, como contratação de 50% de pessoas negras nos cargos de entrada (estágio e trainee) a partir de 2021 e 30% de mulheres negras em cargos de liderança até 2030. E assim a Avon vai construindo sua história. +AVON.COM.BR

FOTOS DIVULGAÇÃO

MANIFESTO, POR LARISSA LUZ

Ser mulher negra é nascer com uma missão: sobreviver. Porque parece que estamos sempre no risco, senão de morrer, ao menos de enlouquecer. Mas mesmo com tudo, quando estamos juntas, deixamos de ser mulheres de guerra e passamos a ser mulheres de amor. Na mistura das nossas tintas mora o tom do abraço, e ele é reluzente, é consistente. O tom ideal vem da nossa união. E mergulhando nessa paleta, buscamos achar o nosso lugar. Poder assumir a nossa verdade, na pele crua, é acessar a liberdade. Seguir com a segurança e a convicção de que o mundo é nosso e somos a revolução. Bater no peito e dizer com vontade: Eu sou preta, eu sou negra, essa é minha cor!


ENTRE LENÇÓIS POR ROBERTA SENDACZ

Quando pensamos que esta coluna fala apenas de erotismo e se dedica somente a pornografias espalhadas pelo mundo, nos chega a obra de Antonin Artaud, dramaturgo, ator e poeta francês que nega a presença da sensualidade em sua vida e trabalho. “Há algo que enfastia: é tudo o que se esconde subconsciente no erotismo e que é dever de todos nós destruir em vez de incentivá-lo”, Artaud já escreveu. Segundo Cassiano Sydow Quilici, estudioso de sua obra, o erotismo era tido por ele como “dimensão superficial da experiência”. Tanto é que o próprio diz ter decidido voltar à religião de seus pais, o catolicismo, “com toda sensibilidade”. “Abandonei todo o pensamento erótico e minha consciência encontrou a paz”, relatou em 1943. Dedicando-se ao teatro, cinema, literatura e amizades, Artaud é um metafísico derivado do surrealismo, travando uma briga contínua entre a lucidez e o delírio. André Breton, o pai desta vanguarda, recrutava pensamentos a favor e contra o seu idealismo. Por outro lado, Artaud e Georges Bataille, outro surrealista dissidente, pouco se falavam. Recluso, o dramaturgo sempre foi um louco à margem da sociedade, internado inúmeras vezes entre a década de 1920 e a data de sua morte, em 1948. Se formos ver, é uma espécie de Chet Baker do teatro, olhando o dentro e o fora. O dentro, neste caso, não é o encontro de si, mas o desencontro de tudo. Já o erotismo, para ele, são “espantosos venenos corporais” que “paralisam todo esforço da vontade e da sensibilidade”.

O esquisito não é o erotismo, mas sua ausência. Acostumado com sua loucura, Artaud se transforma no melhor amigo do psiquiatra que o interna, senhor Ferdière, a quem envia muitas correspondências. Em outra oportunidade, no livro Cartas de Rodez, fala mal de todo mundo: até do papa e do reitor da universidade – e muita gente mais. Suas citações estão por toda parte na internet, como esta: “E o que é um autêntico louco? É um homem que preferiu ficar louco, no sentido socialmente aceito, em vez de trair uma determinada ideia superior de honra humana. Pois o louco é o homem que a sociedade não quer ouvir e que é impedido de enunciar certas verdades intoleráveis”. A loucura de Artaud o faz se movimentar conforme a música. Não à toa, ele aceita um papel em Joana D’Arc, o filme, tratando dessa personagem assexuada, assim como ele. Na cabeça dos dois, isso não é uma grande questão, apenas nas nossas pairam a estranheza. Mas se adiciona ao bloqueio do dramaturgo francês uma vida em que religião é regra. É a negação da sexualidade como profundeza, diz o texto de Quilici. Retornando a Bataille, pensador da transgressão, que foi influenciado pelos escritos de Marquês de Sade, o que se pode dizer é que seu olho e o de Artaud não viram para o mesmo lado. No caso do dramaturgo, o erótico se transforma em uma forma mítica cuja ideia é refutada, não pelo misticismo, mas pelo próprio erotismo em caráter de ritual. O ritual do erotismo então se desfaz, torna-se o da religião. A própria saga do Artaud dentro da casa de reclusão é, por si só, um ritual. Tem-se a ideia de que ele transitava em um universo infantil, mas quem deseja beber na fonte das vanguardas europeias (dos anos 1920) vai encontrar de tudo um pouco: do não ao sim ao erotismo. Do não da alma ao sim da alma. Do não do corpo ao bem do corpo n

ROBERTA SENDACZ É JORNALISTA, MAS SE ENCONTROU NA FILOSOFIA. GOSTA DE EXPERIMENTAR TUDO O QUE FICA VELADO

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FOTOS FERNANDO TORRES; ARTE ISABELLE TUCHBAND

Antonin Artaud, destruidor do erotismo


J.P INDICA

A partir da esq., dra. Alexandra Raffaini, dr. Ricardo Luba e dra. Heloisa Brudniewski: sócios da Ilumini Clinic

FOTO PAULO FREITAS

CUIDADO E CONFORTO

Para confortar, acolher e tratar. Com esses princípios, a ILUMINI CLINIC, que acaba de ser inaugurada no Jardim América, em São Paulo, oferece uma experiência diferente para o paciente, que vai muito além da altíssima qualificação dos três médicos que estão à frente do projeto: DR. RICARDO LUBA, ginecologista e obstetra especializado em reprodução humana, DRA. HELOISA F. BRUDNIEWSKI, ginecologista e obstetra, e DRA. ALEXANDRA RAFFAINI, médica especializada no tratamento da dor. “Era um sonho ter uma clínica como essa, que pudesse oferecer além do compromisso notório do médico como profissional. A experiência em um ambiente acolhedor e, ao mesmo tempo, moderno, inspirado na hotelaria, faz toda a diferença no tratamento do paciente”, diz Dr. Ricardo. “Cuido de mulheres em diferentes fases da vida: na adolescência, a mulher adulta, na maternidade, que é um momento desafiador e especial, e na menopausa; são muitas transformações e situações vulneráveis. Elas precisam ser olhadas com cuidado, ouvidas e valorizadas. Não é apenas uma consulta de rotina”, reforça Dra. Heloisa. Com

projeto assinado pelo escritório de arquitetura Anastassiadis, que tem entre seus clientes alguns dos melhores hotéis do mundo, a clínica foi inaugurada com um coquetel a distância, como pedem os novos tempos: um tour virtual pelos ambientes e um brinde através da tela com amigos e clientes marcaram a nova fase. Especialista em ginecologia e reprodução humana, a Ilumini Clinic joga luz também sobre seu outro pilar, o tratamento da dor, fundamental para ter melhor qualidade de vida, especialmente ao envelhecer. “Não existe mais tratar todas as dores da mesma maneira. Vou fazer um comparativo com a febre: ninguém trata a febre sem saber a origem; com a dor é a mesma coisa, é preciso investigar o motivo específico para ter um tratamento de sucesso”, explica Dra. Alexandra. O nome da clínica foi escolhido para mostrar a que veio: iluminar a vida de quem tem dificuldade de engravidar, para a gestante que vai dar à luz e para que o paciente que sofre de dor crônica encontre uma luz de esperança em seu tratamento. +ILUMINICLINIC.COM.BR | @ILUMINICLINIC


NOTAS SOBRE O ENCANTAMENTO POR DANIELA ARRAIS

ILUSTRAÇÃO

Torto Arado, de Itamar Vieira Júnior (Editora Todavia), é um dos melhores livros que li este ano. A experiência tem início já na capa, com uma ilustração preciosa de Linoca Souza. É com ela que fui conversar para entender mais de seu universo de cores e saberes ancestrais. Ilustradora e artista visual, Linoca conta que seu trabalho nasce da necessidade de encontrar um lugar no mundo. “Ele começa quando tento me encontrar numa sociedade em que uma parcela das pessoas não me vê como negra, mas também não me vê como branca, e eu não consigo encontrar um local onde possa me inserir. Me vejo num espaço de du-

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alidade, onde circulo nos centros e nas periferias e, ao mesmo tempo que pertenço em totalidade a eles, não pertenço a nenhum.” Apesar do nó, foi por meio de falas de Grada Kilomba e Djamila Ribeiro que ela entendeu que possibilidades são múltiplas mesmo. No início do seu processo, Linoca queria trazer para a superfície as dúvidas que a atravessavam. “Isso envolvia questões étnicas, de gênero e questões sociais. Queria compreender as desigualdades que me faziam ir ao centro para estudar determinados cursos, porque não havia acesso a eles no bairro, ou porque é que eu recebia determinado tratamento em alguns locais e tratamentos diferentes em outros, e isso variava com o gênero ou com a posição social. Eram muitas coisas na minha cabeça e eu queria falar e trocar, especialmente quando observei que outras pessoas sentiam o mesmo.” Uma arte cheia de história, de força, cujos traços nos convidam para refletir ainda mais. Para seguir: @LINOCASOUZA

FOTOS ARQUIVO PESSOAL; REPRODUÇÃO INSTAGRAM PESSOAL; LEO AVERSA/DIVULGAÇÃO; DIVULGAÇÃO

Um giro pelas histórias e projetos de três mulheres para lá de interessantes, que vão da arte com afeto à educação financeira


ARTE

Criar imagens para não esquecer sensações. Neste mote, a artista visual Laura Berbert inunda o Instagram com posts que nos fazem parar, pausar, respirar e nos encantar. “Apegada à memória, quero lembrar do que é necessário. Anotar, escrever e desenhar para organizar o que o corpo é capaz de guardar. Tenho a sensação de que, no fundo, o que faço é elaborar lembretes”, diz ela. “Com essa atenção ao tempo, ao seu transcorrer dentro e fora do corpo, realizo meu trabalho a partir do desejo de deixar o tempo fluir, amorosamente. Estar à altura do acontecimento. Responder à necessidade de afastar o medo de sentir-se viva, à necessidade de criar formas para chamar a alegria. Persisto na prática artística e, hoje, também na prática astrológica como forma de criar e movimentar afetos que sejam como clarões, focos de luz na vida e no pensamento, anunciando a coragem do corpo diante do medo.” Perguntei a ela que tipo de resposta costuma receber quando mostra seus trabalhos, seja na internet, seja em galerias. “Muitas vezes o que escuto é que as pessoas se sentem acolhidas. De todas as respostas que já tive, uma em especial me marcou muito, quando expus Vir a Céu, uma instalação de desenhos e vídeos sobre o fluxo da

água no cotidiano em relação à imagem do arcano maior A Temperança. Sol, que trabalhava na instituição onde a instalação estava exposta, me chamou perto dos desenhos e disse: ‘É da alma que você está falando aqui, não é?’. Nunca esqueci.” Para alimentar sua criatividade, Laura lê poesia, conhece os projetos de outras artistas e ouve pessoas. “Além disso, me alimento do trabalho com a infância. Convivo em ateliê com crianças e isso me ajuda a exercitar o espírito de aprendizado, a permanecer aberta ao que desconheço. Elas sempre me lembram que tudo pode ser matéria de criação, basta estar atenta e disposta.” Fiquemos atentos: @LAURABERBERT.

LIVRO

Tem gente que tem o dom de passar informação e ainda faz isso de forma leve, acessível e inclusiva. É o caso de Nathália Rodrigues, que ficou conhecida na internet e além pelo codinome @nathfinancas. Administradora e consultora financeira, ela cria conteúdo sobre dinheiro e finanças e reúne milhares de seguidores nas redes sociais (mais de 280 mil só no Instagram). Em janeiro, seus ensinamentos ganham ainda mais corpo no livro Orçamento Sem Falhas, que sai pela Intrínseca, falando sobre nossa relação com cartão de crédito, taxa de juros, lista de compras, planejamento, metas, a diferença entre desejo e necessidade, entre outros assuntos. Um livro para ajudar quem se enrolou nas dívidas ou só vive para pagar boleto. Leitura boa para começar o ano cuidando desse aspecto fundamental da vida. DANIELA ARRAIS É JORNALISTA E SÓCIA DA @CONTENTE.VC, UM MÉTODO DE CRIAÇÃO DE CONTEÚDO PARA UMA VIDA COM MAIS SIGNIFICADO – QUE TAMBÉM CRIA COLETIVAMENTE #AINTERNETQUEAGENTEQUER .

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MODO DE V IDA

A PERDER DE VISTA A decoradora Marina Linhares transformou a casa meio abandonada e cheia de memórias da família, na Serra da Bocaina, em um lugar de aconchego, dosando simplicidade com peças-desejo por luciana franca fotos ruy teixeira

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À esq., a vista da Serra da Bocaina rouba a cena. Na cozinha e na sala, objetos-desejo garimpados por Marina Linhares compõem a decoração com peças que já estavam por lá

A

costumada a deixar sua “quase ausência” de marca nas casas que decora, afinal é o morador e seu estilo de vida que dão o tom a cada uma das residências, Marina Linhares teve de mergulhar em seu universo particular para o novo projeto. Resgatou memórias da infância e novas sensações para reformar um lugar tão familiar – e semiabandonado – na Serra da Bocaina, que fica entre São Paulo e Rio de Janeiro. “É a casa de um primo querido, íamos com sede de aventura e acampávamos na sala perto da lareira”, relembra ela. “A distância [quase 300 km de São Paulo] foi um grande desafio e a responsabilidade de não perder sua originalidade também”, conta. A vista deslumbrante sempre foi a protagonista da casa de 130 metros quadrados – e continua sendo, claro. O deque que debruça sobre a serra é o canto preferido da decoradora. Ela manteve a lareira da infância original, assim como a grande e pesada porta de vidro, que conta a história de lá, e a piscina, que é “longe da casa, quase escondida”, mas que agora ganhou a companhia de uma escultura de Edgard de Souza. Muitos objetos também permaneceram, como cadei-

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“A distância foi um grande desafio e a responsabilidade de não perder sua originalidade também”, diz Marina Linhares ras consertadas por ela, um cabideiro de galho e a mesa que era de jantar. Outros se juntaram. Apesar da simplicidade dar o tom, alguns excessos foram bem-vindos. “A casa foi feita com vários dos meus sonhos de consumo. Eu queria a mesa Jean Prouvé e foi a primeira vez que encontrei essa mesa em uma feira de design”, conta ela em seu mais recente livro, Alguém Passa Por Aqui e Deixa Alguma Coisa. A obra, com fotos de Ruy Teixeira e texto de Noemi Jaffe, registra a reforma da casa da Bocaina e concretiza o desejo de Marina refletir sobre seu processo criativo. Na frente da lareira, a decoradora colocou duas cadeiras Cuíca, de Carlos Motta, objetos que namorava havia 20 anos, porque gosta da sensação de sentar-se perto do chão. Cadeiras de Geraldo de Barros também decoram a sala, assim como o sofá de couro Chesterfield e um tapete de pelo de carneiro encomendado no sul. Outra novidade é o conservatório vermelho, em uma caixinha de vidro entre as árvores. “Adoro ler um livro e aproveitar para cochilar por lá. Meu nirvana”, revela. São pequenas extravagâncias à altura do visual espetacular. n

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Acima, o conservatório vermelho, em uma caixinha de vidro entre as árvores, e a fachada de tijolos. Abaixo, cabideiro original de galho e cadeiras de Geraldo de Barros


FOTO ARQUIVO PESSOAL

À dir., um par de cadeiras Cuíca, de Carlos Motta, ao lado da lareira original. No detalhe, a decoradora na casa antes da reforma

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DEDO VERDE

JARDIM OSTENTAÇÃO Concorridas e com direito à lista de espera, essas seis itplantas transformam o lar em uma selva particular e são dignas para se vangloriar nas redes sociais POR LUCI A NA FR A NC A

As casas e, principalmente, os apartamentos estão cada vez mais verdes. Mas não basta colocar qualquer planta em cima da mesa ou no canto da sala. Nessa aventura de transformar o lar em uma selva particular, os neojardineiros estão indo atrás de preciosidades. Algumas espécies são tão concorridas que há lista de espera e preço nas alturas. Pegamos carona nesse frenesi tropical e selecionamos seis it-plantas do momento:

Begonia maculata Toda pintada com bolinhas brancas, a planta caiu nas graças de muita gente nos últimos tempos. Impossível não compará-la à arte da japonesa Yayoi Kusama. Um vasinho com esta pequena obra de arte da natureza pode custar até R$ 500.

@floatelierbotanico

Monstera deliciosa variegata Ela é uma versão 2020 da manjada Monstera deliciosa, popularmente conhecida como costela-de-adão. Com parte de suas folhas brancas, esta espécie é rara e virou praticamente item de colecionador.

Ficus lyrata Quem procura uma única planta para dar destaque na decoração, a figueira-lira é a preferida. Imponente com suas folhas grandes e brilhantes, que lembram o instrumento musical lira, é nativa da África Ocidental e se adaptou perfeitamente ao clima brasileiro. @floatelierbotanico

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@floatelierbotanico

Pilea peperomioides Também conhecida como planta-chinesa-do-dinheiro ou planta da amizade, é originária da China, mas foi na Europa que ganhou popularidade sendo cultivada como planta ornamental. Virou hit no Pinterest de quem curte o estilo de decoração nórdico.

FOTOS REPRODUÇÃO INSTAGRAM PESSOAL; DIVULGAÇÃO

@verdeirojosephina

Calathea orbifolia Uma explosão tropical até nos mais urbanos dos apartamentos. Este é o efeito de uma Calathea orbifolia no meio da sala. A planta, originária da Bolívia, faz sucesso por aqui pela beleza exuberante e porque se desenvolve muito bem em climas mais quentes. Philodendron pink princess Essa trepadeira (que não cresce com tanto empenho) é pura beleza. O desenho rosado ou mesclado é único, não se repete. Uma surpresa a cada nova folha, que parece ter sido colorida com tinta e pincel. @verdeirojosephina

Horta urbana

Uma horta funcional – e que prospera. Esta é a promessa de Lu Delatore, da Santo Broto. Ela vende uma horta dentro de um caixote de madeira com até sete ingredientes e seu grande diferencial é o pós-venda: ensina como cuidar, fazer a colheita, utilizar as ervas na cozinha, controlar pragas e faz reposição de muda. Quem já teve vasinho com temperos dentro de casa sabe como é difícil fazer vingar. “É preciso colher as flores e sementes do manjericão, por exemplo. Além de terem óleos essenciais e vitaminas para usar na preparação de alimentos, a colheita precisa ser contínua para a planta ficar mais forte e não morrer. Quando a flor murcha, a planta entende que seu ciclo chegou ao fim”, ensina Lu. Criada na roça em Alta Floresta, no Mato Grosso, e formada em gastronomia, com passagens pelos restaurantes de chefs como Alex Atala e Jefferson Rueda, ela começou a se dedicar ao cultivo de brotos usados nas finalizações de pratos da alta gastronomia há cinco anos. A ideia da horta funcional em caixote, que custa entre R$ 129 e R$ 179, surgiu na pandemia e já é um sucesso nos apartamentos paulistanos. Outra dica dela é como molhar as ervas: não basta regar só a terra, é preciso molhar a planta toda para tirar ovos de insetos e até pragas. “Ninguém vai tomar banho e molha só os pés, né?”, compara Lu. @santobroto


S U S T E N T ÁV E L

BARRACO PARA UM

A multiartista Luisa Matsushita, mais conhecida como Lovefoxxx da banda Cansei de Ser Sexy, conta por que trocou a vida urbana por uma casinha autossuficiente de 12 m² em Garopaba EM DEPOIMENTO A LUCIANA FRANCA FOTOS ARUAN VIOLA

Com o Cansei de Ser Sexy, ficamos na estrada de 2004 a 2014 quase sem parar [depois de uma pausa, o grupo se apresentou em 2019 no Popload Festival]. As toalhas do camarim e do hotel, as garrafas de plástico, tudo o que eu consumia e deixava para trás ficava na minha memória como a cauda de um vestido que estava cada vez mais pesado. Em 2008, quando morava em Londres, passava as tardes de folga na [loja] Liberty’s, almoçava no estrelado The Square, minhas calcinhas eram Stella McCartney. Se naquela época eu pudesse me enxergar dez anos depois, em um domingo, às 6h da manhã, coletando garrafa na praia em Florianópolis para fazer “tijolo de vidro”, ficaria aterrorizada com meu futuro. A mudança começou em 2014, quando estava tocando na Austrália e fiz inscrição no Earthship Biotecture Academy, programa de educação para construir uma casa sustentável com materiais recicláveis, nos Estados Unidos. No último dia do curso, tive uma crise de choro e percebi que não poderia voltar a viver do jeito que até então me serviu. Foi um choro de despedida. Novos começos são bonitos, cheios de possibilidades, mas renascer aos 30 anos é desafiador. Neste caminho de mudanças, que começou há três anos, quase morri de solidão e apatia. Passei meses sozinha com meu gato, Fabinho, em Florianó-

“Se há dez anos eu pudesse me enxergar em um domingo, às 6h da manhã, coletando garrafa na praia para fazer ‘tijolo de vidro’, ficaria aterrorizada com meu futuro”

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ILUSTRAÇÕES FREEPIK

A casa autossuficiente de 12 m², que Luisa chama de barraco, tem deque e chuveiro externo, e ela planta muita coisa que vai ao prato, como cúrcuma, inhame, rúcula, rabanete, milho e cana

polis, minha residência intermediária antes desta casa em Garopaba. Quase morri! Dormia às 19h e acordava às 5h, estava com ódio de tudo e não sabia por quê. Estava com a faca e o queijo na mão para viver a vida dos meus sonhos, tinha vendido bem o meu apartamento em São Paulo, tinha dinheiro e tempo para achar o terreno perfeito e começar minha vida de construtora natural, de agrofloresteira, de permacultora. Mas não conhecia ninguém, não tinha ninguém para dividir, para ajudar. A ioga e o voluntariado me ajudaram a fazer amizades. Da vida urbana, sinto saudade de comprar com facilidade um pincel, das amigas, do humor das pessoas que moram em São Paulo, de certos restaurantes e de ver drag queen. Meu sonho é desenvolver um programa de educação que dê oportunidades para a comunidade LGBTQIA+, especialmente trans, fazer transição para uma vida em área rural. n


J.P DE OLHO Produtos feitos à mão, com cuidado e afeto, únicos e cheios de charme P O R A N A EL I S A M E Y ER

RESPIRO

Foi durante o período em que morou na Índia que a empresária, jornalista e multiartista Nara Bianconi, 38 anos, decidiu que iria se mudar de São Paulo para a Chapada dos Veadeiros e lançar uma marca que pudesse conectar mulheres de todas as cores, tamanhos e credos. Como uma nova forma de expressão criativa, nasceu, em 2019, a HOLI. Influenciada pelo Oriente e pelo cerrado, Nara cria peças amplas, fluidas e atemporais. Feitas com fibras naturais, permitem que a pele respire e valorizam o corpo sem abrir mão do conforto e elegância. “O corpo é um instrumento sagrado que merece respeito, que deve ser honrado e cuidado.” @HOLI_SLOWFASHION

JOIAS ECO

Depois de trabalhar com prata, acrílico, resina e pedras preciosas, Adriana Valente chegou na madeira, material que descobriu ser sua paixão. Formada em design de moda e com especialização em joalheria, a designer criou sua marca homônima no fim de 2016. Com peças em formas escultóricas e de grandes dimensões, Adriana evita seguir tendências e quer que suas clientes se sintam tão únicas quanto sua arte para vestir. “Quero que não tenham medo de ousar e chamar atenção por sua autenticidade e que se sintam mais poderosas do que já são.” Esculpidas à mão e feitas com tiragem limitada a partir de materiais de descarte, as peças são charmosas e com elementos diferentes do que vemos por aí, como caju, um dos ícone da marca. @STUDIOADRIANAVALENTE


DA FAZENDA

Tendo como princípios a sustentabilidade, a responsabilidade ambietal e o bem-estar animal, a agropecuária tico-tico, localizada na Fazenda Santo Antonio, em Amparo (SP), tem como uma de suas principais atividades a criação de cabras, uma paixão da artista, curadora e colecionadora Adriana Moura Penteado. Moradora da fazenda desde 2004, onde também realiza o projeto de experiência e residência artística no meio rural, o galpões santo antonio, Adriana desenvolveu diversos produtos que vão direto da fazenda para sua casa. Tem doce de leite de cabra, mel puro silvestre, geleias orgânicas sazonais e ovos caipiras. Boa pedida para quem é fã de produtos naturais, sem conservantes e agrotóxicos. @AGRO.TICO_TICO

PAUSA PARA O CHÁ

FOTOS REPRODUÇÃO INSTAGRAM PESSOAL; LUCIANA MELO/DIVULGAÇÃO; PEDRO NERIS/DIVULGAÇÃO; DIVULGAÇÃO

MULHERES REAIS

Para usar na praia, piscina ou pendurar na parede como um quadro! Os lenços e pareôs da designer Jamile Sayão são verdadeiras “bandeiras”. Extensão do trabalho que já fazia na série de quadros Minhas Meninas, as peças com cores vibrantes trazem frases inspiradoras que falam sobre amor-próprio, escolhas e como se divertir com suas próprias imperfeições. “Durante a pandemia, tive vontade de levar a minha arte para peças que pudessem ser usadas no corpo.” Os lenços e pareôs podem ser encomendados diretamente com a artista em sua conta no Instagram. @JAMILESAYAO

Uma ferramenta potente para aquele momento de pausa no dia a dia para olhar para dentro, se (re)conectar e praticar o autocuidado a partir da medicina ancestral e preventiva das ervas. É essa a experiência que Flávia Barbosa, 30 anos, quer proporcionar com seus chás artesanais e banhos energéticos. Criada em 2018, a Capins da Terra tem atualmente 11 blends criados por Flávia, que se inspirou em suas necessidades, nas de pessoas próximas e nas de clientes. Além dessas bases, ela tem focado suas criações nas mulheres negras, como ela, para estreitar laços com o continente mãe, trazendo opções que estabeleçam suas ligações como povo preto. Mas o primordial em seus blends é que a funcionalidade, sabor, beleza e espiritualidade estejam sempre alinhados. @CAPINSDATERRA

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J.P V I A JA

Uma seleção de lugares e experiências inspirada em quem tem o espírito livre POR ADRIANA NAZARIAN

PURA VIDA

A COSTA RICA está aberta para os brasileiros e é a melhor e mais consciente representante do estilo de viagem à natureza que o mundo pede hoje. Entre os lugares para embarcar já está o NAYARA TENTED CAMP, um refúgio dos sonhos com cabanas erguidas no meio da floresta e iniciativas importantes de conservação. Para passar o dia entre aulas de ioga, experiências com guias naturalistas e sessões de relax no spa com tratamentos à base de café, chocolate e argila. As noites são embaladas pelos sons da mata, no alto de um bangalô que tem sua própria piscina de água termal. +NAYARATENTEDCAMP.COM

SELVA Esqueça o wi-fi ou qual-

SOSSEGO O cenário é um terreno à beira-mar e ao lado

de um parque de preservação natural na praia de SIBAÚMA (RN). É ali, a poucos quilômetros do agito da praia da Pipa, mas em uma faixa litorânea praticamente deserta, que está o KILOMBO VILLAS . São poucas vilas e suítes, algumas com sua própria piscina, um restaurante que valoriza os sabores locais e um gramadão que termina no mar. É a melhor desculpa para esquecer da vida. +KILOMBOVILLAS.COM

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quer sinal da civilização: a NGALA TREEHOUSE é uma imersão na vida selvagem da África do Sul – o destino está aberto para os brasileiros. Organizada pelo grupo &Beyond, a experiência inclui uma casa na árvore totalmente isolada no meio de uma reserva privada perto do Parque Nacional Kruger. Piqueniques ao som dos animais e drinques sob o céu estrelado no último andar do refúgio fazem parte da programação. +ANDBEYOND.COM


CHEIO DE BOSSA Entre o mar, a montanha e o deserto da

BAJA CALIFORNIA , a cidadezinha de Todos Santos tem aquele clima meio zen, meio gipsy do México que a gente adora – e tanto tem precisado. Bom saber, então, que um hotel cheio de bossa está prestes a inaugurar no local. Construído entre duas montanhas, o PARADERO TODOS SANTOS segue a vibe despretensiosa do pueblo e valoriza ao máximo seu entorno. Entre os destaques, a piscina com vista para uma coleção de cactus, as suítes com redes e chuveiro ao ar livre, o spa com terapias milenares à base de água e o jardim botânico com espécies da região. +PARADEROHOTELS.COM

fotos divulgação

À DERIVA

Experiência imperdível para o próximo ano: navegar pela AMAZÔNIA peruana a bordo do novo AQUA NERA – a melhor época é entre fevereiro e maio. São poucas cabines e uma série de experiências mágicas como cinema ao ar livre sob o céu estrelado, salas de massagem e passeios com guias naturalistas para quem gosta de viver grandes aventuras sem abrir mão do conforto. A cozinha está sob o comando de um chef aclamado, que faz maravilhas com os ingredientes locais. +AQUAEXPEDITIONS.COM

LIVRE, LEVE E SOLTO

Em sua próxima visita ao MARROCOS , inclua na agenda uma visita a MARRAKSHI LIFE , marca de roupas que tem tudo a ver com o espírito livre desta edição. Fundada pelo fotógrafo nova-iorquino Randall Bachner, a etiqueta propõe versões contemporâneas para as vestes tradicionais do país. Todas feitas sob medida por artesãos, usando técnicas antigas e que impactam o mínimo possível o meio ambiente. E o melhor, mesmo, vai ser usá-las em uma temporada no Dar Ahlam, refúgio paradisíaco aos pés da Cordilheira do Atlas. +MARRAKSHILIFE.COM

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HORÓSCOPO POR GIOVANNA LOSS ILUSTRAÇÕES PAULO VON POSER

Energia de 2021

Se 2020 foi um ano estagnado, de modo geral, por conta do isolamento social, 2021 será movimentado. Como o tarô nos mostra e a astrologia também explica, o ciclo que se inicia trará a necessidade de buscar o novo. As energias dos últimos anos vieram para nos ajudar a enxergar o que era necessário mudar em nossa vida, e o universo vem nos dando um empurrão para que as transformações aconteçam: em 2021, elas virão! Agora que nós já aprendemos as lições que precisávamos, haverá vontade de lutar, debater e buscar o que é justo de acordo com nossos sonhos. Ficaremos mais analíticos com a sociedade, mas, ainda assim, olharemos para o outro e estenderemos a mão. Em uma visão geral, é possível que as mudanças que ocorrerão deem início a novos hábitos, tendências e até tecnologia. Sejam bem-vindos ao ano de Aquário!

ÁRIES (21/3 a 20/4) Será um ano de transformações e recomeços para você, ariano. Há feridas do passado que ainda podem estar expostas e formam uma barreira que o impossibilita de seguir em frente. Para que possa caminhar, é preciso encerrar esses bloqueios – e é isso que este ano pede. É possível que você fique mais introspectivo para olhar para dentro de si e encontre sucesso se seguir sua intuição.

GÊMEOS (21/5 a 20/6) Este será um ano importante em sua vida. É possível que você tenha construído o hábito de priorizar os outros em vez de si mesmo e se sinta preso pelos seus sentimentos. Durante este período, sua espiritualidade o guiará a caminho de seu próprio crescimento. Você vai aprender a confiar em si e a tirar de sua vida relações que não fazem bem. Em 2021, nascerá um geminiano mais forte e maduro, então mantenha a cabeça erguida e siga em frente.

LEÃO (23/7 a 22/8) Leonino, por mais que pareça que sua vida esteja parada por enquanto, este ano trará ótimas novidades. Durante o início de 2021, tire um tempo para refletir sobre e se prepare para a boa colheita que virá. Será um ano em que você iniciará a busca pela felicidade emocional e pela estabilidade. Você se sentirá muito feliz com suas relações e realizações. Não tenha medo de ousar e de se jogar no novo.

TOURO (21/4 a 20/5)

CÂNCER (21/6 a 22/7)

VIRGEM (23/8 a 22/9) Este ano dependerá de sua autoconfiança. Em 2021, você terá que enfrentar caminhos para conquistar seus desejos e relações saudáveis, e estará disposto a começar atividades que o farão muito bem. É necessário, porém, que você não se deixe levar por insegurança e ansiedade para alcançar seus objetivos. Confie em sua força interior, ela será sua maior aliada.

Em 2021, você não irá querer olhar para questões do passado e buscará tudo o que é novo. Serão meses de muito movimento e novidades em sua vida. Pode ser que você tenha alguma ideia diferente e queira iniciar alguma atividade nunca feita antes. Você também terá muitos motivos para comemorar. Confie em suas relações, elas o ajudarão a conquistar o que deseja.

O tema deste ano será seu crescimento profissional. Em 2021, você não dará tanto espaço para o lado sentimental, como de praxe. Estará com garra para fazer o que for para encontrar sua estabilidade, mesmo que, às vezes, ache que não é o caminho. Essa força de vontade trará grandes expectativas e você aprenderá a se amar mais. Não faça nada por impulso neste período. Aprenda a se dar um tempo para pensar quando for preciso.

76 J.P DEZEMBRO 2020 | JANEIRO 2021


LIBRA (23/9 a 21/10) Para que novos ciclos se iniciem, é preciso que você se desligue do passado, libriano. Este ano pedirá que você resolva as questões ainda abertas que existem em você e que não te permitem seguir em frente. Há algo que te prende toda vez que deseja pular em novas experiências e esse padrão causa conflitos internos. As experiências passadas estão aqui para te ensinar e não para te controlar. Deixe se levar pelo novo em 2021 e não tenha medo. ESCORPIÃO (22/10 a 21/11) Em 2021 você estará com garra. Terá apenas olhos para suas conquistas e fará de tudo para alcançá-las. Novos projetos podem aparecer em sua vida e você poderá se jogar sem temor. É claro que, com seus planos para alcançar o sucesso, ficará racional e exigente consigo, então se lembre de descansar. Aproveite as celebrações da vida enquanto trabalha pelo seu bem-estar.

acontecendo rapidamente em sua vida, pois o ano, para você, versará sobre trabalho. É essencial que analise bem as possibilidades que aparecerem para escolher apenas aquelas que irão fazer bem.

AQUÁRIO (21/1 a 19/2) Novos caminhos profissionais se abrirão para você. Se nos últimos meses de 2020 você ficou ansioso pela vontade de buscar algo novo profissionalmente, agora é hora de colocar em prática. Ao iniciar esta jornada, você irá se reinventar e encontrar o sucesso, que trará felicidade emocional. Cuidado para não agir em demasia e acabar se cansando com o excesso de atividades. Invista na criatividade para explorar ideias inovadoras.

PEIXES (20/2 a 20/3) Este será um ano muito ativo para o pisciano. Os contatos e relações farão muito bem e você terá momentos sedutores, regados a emoções fortes. Com a vida social ativa, 2021 atrairá pessoas interessadas em seu magnetismo, mas tome cuidado para não se deixar levar por discussões e fofocas. Divirta-se com consciência.

SAGITÁRIO (22/11 a 21/12) Neste ano, você ficará em sua própria energia. Como um bom signo de fogo, estará ativo, carismático e focado. A base que te dará suporte para passar pelas dificuldades deste período será sua família e amigos. Eles te ajudarão a calibrar as forças. Em 2021, você terá muitas portas se abrindo e oportunidades de romance que o ajudarão a curar feridas emocionais. É importante se apegar à intuição para evitar se machucar e não desanimar. CAPRICÓRNIO (22/12 a 20/1) A chegada do novo ano trará novos ares ao capricorniano. Como 2020 não foi um período fácil para você, o ciclo que se inicia deixará para trás todas as dificuldades e mágoas que carrega. 2021 será movimentado e com muitas oportunidades profissionais LEIA AS PREVISÕES SEMANAIS EM GL AMURAMA.COM

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CABALA POR SHMUEL LEMLE shmuel@casadakabbalah.com.br

AURORA A Era de Aquário chegou! E não era como pensávamos... Adoro uma parábola do Talmude em que um galo e um morcego estão conversando de noite, e o morcego diz: “Estou louco para ver o sol raiar”. O galo responde: “Estou esperando o sol raiar, e isto eu entendo. Afinal, sou o galo que canta na aurora, é meu grande momento no dia. Mas você, morcego, por que quer ver o sol raiar?”. O novo degrau da evolução humana está trazendo uma era de total iluminação. A questão é: será que você já se transformou o suficiente para perceber mais luz como luz e não como escuridão? Só existe luz. A luz que percebemos como satisfação e prazer é a luz que já estamos preparados para receber. O que ainda não estamos preparados percebemos como escuridão. Nunca na vida há falta de luz. Os momentos que sentimos como escuridão têm grande luz em potencial. Em geral, gostamos dos dias em que tudo dá certo e acontece conforme queremos. Saiba que as bênçãos máximas vêm da luz maior, aquela que ainda não sentimos como luz, sentimos como escuridão. 2020 foi desafiador, um ano de aprendizado e de encarar verdades. Em 2021, a jornada continua. A hora é de buscar uma consciência mais elevada, uma consciência de pensar nos outros e não somente em si mesmo. Menos eu e mais nós. Para quem se transformou, o raiar do sol será maravilhoso.

PROTEÇÃO CONTRA ENERGIA NEGATIVA

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visualizar da direita para a esquerda

78 J.P DEZEMBRO2020 | JANEIRO 2021


AGRADECIMENTOS

ARUAN VIOLA O fotógrafo retratou Luisa Matsushita no seu “barraco” em Garopaba

DENISE MEIRA DO AMARAL A jornalista conversou com o psicanalista Christian Dunker sobre as consequências drásticas da pandemia

FABIO BARTELT Indicado por Sasha, o fotógrafo viajou de Santa Catarina ao Rio para clicar Xuxa pela primeira vez

J.P NAS REDES

FERNANDA GRILO A editora-assistente do Glamurama bateu um papo com o ator Ailton Graça

P

MARCAS DO MÊS Amoreira + AMOREIRA.COM.BR Antonio Bernardo + ANTONIOBERNARDO.COM.BR Arqvo + ARQVO.COM Bottega Veneta + BOTTEGAVENETA.COM Breton + BRETON.COM.BR Calvin Klein + CALVINKLEIN.COM.BR Carolina Herrera + CAROLINAHERRERA.COM Chloé + CHLOE.COM Dior + DIOR.COM Dpot Objeto + DPOTOBJETO.COM.BR Farm + FARMRIO.COM.BR Hering + HERING.COM.BR Inti Brand + INTIBRAND.COM Le Lis Blanc + LELIS.COM.BR Lenny Niemeyer + LENNYNIEMEYER.COM.BR Luhome + LUHOME.COM.BR Prasi + PRASIOFFICIAL.COM Ralph Lauren + RALPHLAUREN.COM Salinas + SALINAS-RIO.COM.BR Shop2gether + SHOP2GETHER.COM.BR Valeria Costa + @ATELIERVC

CARTAS@GLAMURAMA.COM

DISCRETAMENTE @ana.sales.9250 A melhor atriz brasileira dos últimos tempos!!! Completa sob todos os aspectos!!! Fantástica!!! Sou fã número um!!! FOTOS ARQUIVO PESSOAL; PAULO FREITAS; JORGE BISPO

KIKI GARAVAGLIA Nossa colunista relembra o ano em que conviveu com Ângela Diniz, a Pantera de Minas

Obtenha os endereços e telefones das marcas aqui listadas através do aplicativo gratuito Siter. No aplicativo, basta escanear este código de barras: ISSN 1980-3206 00167

@glow.estiano Uma capa é uma capa né mores! 9

@manufeatmarjorie A perfeição em forma de capa! facebook.com/revistajp

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@revistajp

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Ú LT I M A PÁ G I N A

AILTON GRAÇA Ele até era um bom malabarista, mas ser palhaço não estava no destino de

Ailton Graça, que começou a carreira no circo, ainda criança. O picadeiro ficou pequeno para o seu talento, que é a habilidade em fazer rir. Com currículo recheado de papéis cômicos, ele conta que viver o travesti Xana Summer, personagem da novela Império, foi desafiador justamente pela dificuldade de transitar entre a comédia e a tragédia. O ator pareceu tirar de letra, no entanto, a tarefa de interpretar o geógrafo e ativista Milton Santos no especial Falas Negras, da Globo. No papo com a J.P, ele conta que viu tantos programas de gastronomia na quarentena que quase virou master chef e que luta há 20 anos para convencer sua mulher de que é um cara legal. por fernanda grilo geladeira. Era tanto programa de gastronomia que achei que ia virar o próximo master chef.

J.P: UMA EXTRAVAGÂNCIA? AILTON GRAÇA: Sair de São Paulo

J.P: COM O QUE VOCÊ DÁ RISADA? AG: Esquetes. Recentemente, o

uma hora da manhã para comer a coxinha da padaria Real, em Sorocaba. É comer e voltar, uma loucura, mas sou apaixonado.

Embrulha pra Viagem fez uma dizendo à população que se sente fortalecido porque ninguém está se distanciando. É o vírus conversando com as pessoas (risos).

J.P: O QUE TE FAZ QUEBRAR A DIETA? AG: Panceta, barriga e joelho de

J.P: MELHOR PIADA QUE JÁ OUVIU? AG: O Yuri Marçal comentando as

J.P: VÍCIO? AG: Samba, Carnaval, estar envol-

canções da Alcione. Hilário!

vido, aprender tudo, viver isso o tempo todo. Sofro de abstinência.

do convencer minha esposa de que sou uma pessoa legal.

porco...oh meu Deus do céu.

J.P: PARA QUEM FARIA UMA APRESENTAÇÃO PARTICULAR? AG: Se o Spike Lee aparecer na

J.P: O QUE ESPERAR DE 2021? AG: “Respirar”, como pediu Geor-

ge Floyd.

J.P: SONHO A SER REALIZADO? AG: No macro quero que parem de

minha frente, não faço nem a peça, desmaio. Pronto, caiu.

J.P: QUAL A FALA NEGRA MAIS IMPORTANTE NESTE MOMENTO? AG: Parem de nos matar. J.P: O QUE ESCREVERIA NA SUA MÁSCARA? AG: “Vamos cuidar uns dos outros

nos matar, que toda essa questão ligada ao racismo seja resolvida. O micro é levar a escola de samba Lavapés Pirata Negro para desfilar no grupo especial do Carnaval de SP, no Anhembi.

como se fosse uma só tribo”, do filme Pantera Negra.

J.P: UM TALENTO QUE NINGUÉM CONHECE? AG: Gostava muito do circo e acha-

J.P: PAPEL DA VIDA? AG: O mais desafiador foi a Xana

Summer, de Império, que variava do trágico ao cômico. J.P: QUEM GOSTARIA DE INTERPRETAR? AG: O Mussum, genuinamente

brasileiro. Ele tem traços no modo de ser que mexem muito comigo, a paixão pela Mangueira, o samba, o “se vira nos 30”. J.P: QUEM TE REPRESENTA? AG: Como a pergunta não me

permite falar das 200 mil pessoas que amo, e para não parecer injusto, vou citar o professor Silvio de Almeida. J.P: RIR OU FAZER RIR? AG: Meu trabalho é focado no

palhaço que ri de si mesmo, mas como ultimamente a gente tem enfrentado uma balança política, tenho preferido rir da piada alheia.

J.P: QUAL VACINA O MUNDO ESTÁ PRECISANDO? AG: A do amor! Para que seja

transformador, é preciso estar no lugar do outro. J.P: O MELHOR E O PIOR DA QUARENTENA? AG: O melhor foi ficar em casa e

arrumar todos os livros e recortes direitinho. O pior foi perder tanta gente bacana, mestres que foram embora e vão fazer falta. J.P: APRENDEU ALGUMA COISA DURANTE O ISOLAMENTO? AG: Que a janela é um bom lugar

para observar, além de ficar mais próximo do armário, fogão e

80 J.P DEZEMBRO 2020 | JANEIRO 2021

va que era um bom trapezista, mas o ator ganhou tanta força depois... J.P: O QUE NUNCA DIZER PARA OUTRA PESSOA? AG: Que ela não é capaz. J.P: MOMENTO MAIS BRILHANTE... AG: Posso ser o contrarregra, mas

quero sempre estar no palco. J.P: QUANDO MENTE? AG: Quando estou atuando. A gen-

te dá a alma, se rasga, mas é ficção. Amo ser mentiroso nesse sentido. J.P: COMO GOSTARIA DE MORRER? AG: Em uma cena no estilo grand

finale em que me despeço da vida para viver na eternidade.

FOTO JOÃO COTTA/TV GLOBO

J.P: MAIOR LOUCURA DE AMOR? AG: Faz 20 anos que estou tentan-


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