2 minute read

Ao contrário do que se imagina, não há aumento de transtornos psíquicos

POR KIKI GARAVAGLIA

MIANMAR, PARA NUNCA DEIXAR DE SONHAR

Advertisement

Apesar do tenso momento político que o país tem atravessado, sua beleza e história permanecem quase intocadas

Socorro... Se não viajar, enlouqueço e perco meu emprego! Meus sonhos de viagens são tão completos, estudo tudo o que posso dos lugares para contar a vocês. Por exemplo, Mianmar, antiga Birmânia, que passa por um triste momento – em fevereiro, o país sofreu um golpe de Estado e milhares de pessoas foram às ruas em manifestos a favor da democracia –, mas me marcou para sempre com sua beleza e história. Assistir a um deslumbrante amanhecer ou ao mágico pôr do sol com as douradas cúpulas dos templos, as estátuas dos budas douradas, as flores também douradas dos campos e da cidade e os sorrisos iluminados das pessoas já valem a longa viagem.

A Birmânia ficou fechada ao turismo durante séculos se mantendo medieval com seus hábitos do passado, como pastores atravessando as ruas com suas cabras, bois e vacas perambulando pela antiga cidade real de Bagan, onde o povo ainda pega água nos poços e carrega com varas de bambu nos ombros... Mas, infelizmente, como aconteceu na vizinha Bangcoc, enormes hotéis começam a surgir ao redor das famosas pagodas [templos] de Yangon, ruas sendo pavimentadas dividindo as partes sagradas de Bagan... Triste, pois era o país que se mantinha intacto desde as eras dos mongóis.

Ao chegar em Mandalay, surpreende a cidade ainda com pequenas casas de madeira envoltas de flores coloridas das árvores de buganvilias e frangipanis, tendo como fundo as cúpulas brancas e douradas de centenas de pagodas. As ruas são cheias de monges budistas com cabeças raspadas e túnicas de cor vinho, pessoas em bicicletas, antigas carroças de madeira, alguns caminhões da época da guerra misturados a várias estátuas de budas e aquelas esculturas de leões místicos como guardiões da cidade, esculpidos em alabastro e mármore centenários. Encantadoras são as crianças acenando com alegres sorrisos querendo mostrar sua cidade aos turistas.

Imperdível: conhecer a antiga capital do reinado de Shan do século 14, Sagaing, ver a pagoda Soon U Ponya Shin, em cor pistache e rosa, e o enorme buda branco e dourado ao lado de um gigantesco coelho (símbolo de paz) e uns sapos de bronze. Incríveis! Também ver a cúpula do templo Kaunghmudaw, no formato do formoso peito de uma antiga rainha... Estas são apenas duas das 600 edificações religiosas do que eles consideram o maior centro do budismo do mundo!

Pegar um barco e ir até Mingun, observando nas margens as lindas mulheres se banhando no rio com flores nos cabelos e vestidas, é encantador, e se chega na pagoda do rei Bodawpaya, que começou a ser erguida em 1790 para guardar uma relíquia de buda, mas seu construtor morreu no meio do processo. Mesmo inacabada, continua sendo grande centro de devoção, onde sapatos e meias devem ser removidos, como em todos os locais sagrados. Não deixem de subir os 162 degraus para ver a vista dessa impressionante ruína que tem o maior sino, intacto, do mundo! Único problema de se chegar até lá é o calor infernal que faz em Mianmar... Único defeito. n

VIAJANTE INSACIÁVEL, KIKI GARAVAGLIA JÁ CORREU O MUNDO, MAS AINDA TEM MUITO LUGAR PARA CONHECER. SÓ TEM MEDO DE MORRER SEM ANTES IR A DUBAI

FOTO ARQUIVO PESSOAL

This article is from: